regresso ao postulado concepção física da sífilisntese ai... · que o soro (densidade do soro:...

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tam-se agora para que deles resulte um ser mais denso (mais jovem). As nossas secreções são menos densas que o soro (densidade do soro: 1028 a 1029; densidade das secreções: entre 1005 e 1018). Regresso ao postulado A mulher expulsa dois líquidos que o homem não expulsa: leite e mênstruos; portanto, a sua perda em substância menos densa é maior que no homem, e a mulher deve, por isso, ser mais densa do que êle. Donde um terceiro termo para o postulado : «O adulto tem uma densidade mais fraca que a criança, e pelo contrário uma tensão superficial mais forte; a mulher tem uma den- sidade maior que a do homem.» De facto : a) a densidade do sangue nos recém-nas- cidos é de 1070 e 1080 (Brindeau) e no adulto é de 1058 a 1061 (Gley); b) a densidade do sangue é uma das causas que condicionam o ritmo cardíaco ; ora, na criança, o pulso é superior a 100; no adulto 70, e na mulher mais rápido que no homem; c) um rato velho tem a densidade 1010 e um rato recém-nascido 1330; na cobaia, a tensão superficial do sangue é maior na mãi que no feto (Grimard-Pichard). A infecção e a defesa Do princípio das densidades resulta que um germe vivo mais denso que o organismo não pode ser patógeno, pois que, introdu- zido nele seria dissolvido, e tanto mais depressa quanto a sua natureza fosse mais próxima da do organismo. Portanto, um germe patogénico deve ser menos denso que o organismo que invade, ou de densidade equivalente. Os meios físicos de defesa do organismo, pelo princípio das densidades, são a expul- são e a Use. Se o germe é menos denso pode ser expulso ; se tem a mesma densi- dade, pode ser lisado. O terceiro termo do postulado diz-nos que a defesa na criança deve ser a expulsão (a criança ó mais densa) e no adulto a lise. De facto, na infância, sobretudo febres eruptivas ; eczema, sífilis exuberante, ente- rites, asma infantil, etc.; no adulto, predo- mina a lise (afecções locais): pneumonia e broncopneumonia, tuberculose ulceroca- seosa (na criança é miliar), gota. Notemos ainda que o nosso organismo expulsa falhas de madeira e tolera (enquista) balas, por exemplo. Concepção física da sífilis Sabemos da física coloidal, que as mice- las são agregados moleculares cuja camada periférica funciona à maneira de membrana, que se deixa atravessar pelos electrólitos. Suponhamos uma micela em suspensão num sol; tomará aproximadamente a forma esfé- rica ; a sua superfície será S —4uR 2 e o 4 7r R 3 d' seu peso P = K -• Deixando-se pene- ó trar pelo sol, o raio da esfera aumenta, e consequentemente a sua superfície e o seu peso, mas este mais depressa que aquele. Haverá uma tendência à precipitação. Os soros sifilíticos submetidos à reacção de Meinicke M. O. R. precipitam; esta pre- cipitação pode interpretar-se por um au- mento de volume das micelas sifilíticas, mais rápido que o das micelas normais; isto indica que a superfície das micelas sifilíticas é mais pequena do que a dasnor- mais. Uma diminuição de raio das micelas significa que o seu poder suspensivo au- menta, e como o soro sifilítico no corpo humano, está em equilíbrio, é porque o seu poder de sustentação diminúe; isto é: a sua densidade diminuiu. Portanto, o soro sifilítico tem uma densidade inferior à do soro normal, o que se traduz por uma retracção das suas micelas em suspensão. Imagina o autor que esta retracção bem como a diminuição de densidade do soro são devidas a uma lise dos treponemas, e se estes são lisados é porque são menos densos que o soro normal; pelo princípio das densidades, o treponema será expulso pelo soro e devemos portanto encontrá-lo à periferia do corpo do doente, pelo menos em certos períodos de crise. E', de facto o que se verifica. Além disso, os negros fazem uma sífilis mais exuberante, mais expulsiva que os brancos, e se as deduções trazidas até aqui estão certas, os negros devem ter um soro mais denso que os europeus. O autor en- controu, para os europeus, uma densidade média de 1029,4; para os negros 1032,9.

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Page 1: Regresso ao postulado Concepção física da sífilisntese AI... · que o soro (densidade do soro: 1028 a 1029; densidade das secreções: entre 1005 e 1018). Regresso ao postulado

t am-se agora p a r a que deles r e su l t e um ser mais denso (mais j ovem) .

A s nossas secreções são menos densas que o soro (dens idade do s o r o : 1028 a 1029; dens idade das secreções : en t re 1005 e 1018).

Regresso ao postulado A mulhe r expulsa dois l íquidos que o

homem não e x p u l s a : lei te e m ê n s t r u o s ; p o r t a n t o , a sua p e r d a em subs tânc ia menos densa é maior que n o h o m e m , e a m u l h e r deve , p o r i sso , ser mais densa do que êle . D o n d e u m tercei ro t e r m o p a r a o pos tu l ado :

«O adulto tem uma densidade mais fraca que a criança, e pelo contrário uma tensão superficial mais forte; a mulher tem uma den­sidade maior que a do homem.»

D e facto : a) a dens idade do s a n g u e nos recém-nas-

cidos é de 1070 e 1080 (Br indeau ) e no adu l to é de 1058 a 1061 ( G l e y ) ;

b) a dens idade do sangue é u m a das causas que condic ionam o r i tmo cardíaco ; o ra , n a cr iança, o pulso é super ior a 100 ; n o adul to 70, e n a mulher mais r áp ido que no h o m e m ;

c ) u m r a t o velho t em a densidade 1010 e um r a t o recém-nascido 1 3 3 0 ; na cobaia , a t ensão superficial do sangue é maior n a mã i que no feto ( G r i m a r d - P i c h a r d ) .

A infecção e a defesa

D o pr inc íp io das dens idades r e su l t a que u m g e r m e vivo mais denso que o o rgan i smo não p o d e ser p a t ó g e n o , pois que, in t rodu­zido nele seria d issolvido, e t a n t o mais dep re s sa q u a n t o a sua n a t u r e z a fosse mais p r ó x i m a da do o rgan i smo.

P o r t a n t o , u m germe pa togén ico deve ser m e n o s denso que o o rgan i smo que i n v ad e , ou de dens idade equiva len te .

Os meios físicos de defesa do o rgan i smo , pelo pr incípio das dens idades , são a expul­são e a Use. Se o ge rme é menos denso p o d e ser expulso ; se t em a m e s m a densi­dade , pode ser l i sado .

O terce i ro t e r m o do pos tu l ado diz-nos j á que a defesa na cr iança deve ser a expulsão (a cr iança ó mais densa) e no adul to a l i se .

D e facto, na infância, h á sobre tudo febres e rup t ivas ; eczema, sífilis e x u b e r a n t e , ente­r i t e s , asma infanti l , e t c . ; no adu l to , p redo­

mina a lise (afecções l o c a i s ) : pneumon ia e b r o n c o p n e u m o n i a , tubercu lose ulceroca-seosa (na cr iança é miliar), go ta .

No temos a inda que o nosso o rgan i smo expulsa falhas de made i ra e to lera (enquis ta) ba l a s , po r exemplo .

Concepção física da sífilis Sabemos da física coloidal, que as mice­

las são a g r e g a d o s moleculares cuja c a m a d a periférica funciona à m a n e i r a de m e m b r a n a , que se deixa a t r a v e s s a r pelos e lectról i tos . S u p o n h a m o s u m a micela em suspensão n u m sol ; t o m a r á a p r o x i m a d a m e n t e a forma esfé­rica ; a sua superfície será S — 4 u R 2 e o

4 7r R 3 d' seu peso P = K -• Deixando-se pene -

• ó t r a r pelo sol, o raio da esfera aumen ta , e c o n s e q u e n t e m e n t e a sua superfície e o seu peso , m a s es te mais depressa que aquele . H a v e r á u m a tendênc ia à p rec ip i tação .

Os soros sifilíticos submet idos à reacção de Meinicke M. O. R. p r e c i p i t a m ; es ta p re ­cipitação pode in t e rp re t a r - se p o r u m au­mento de vo lume das micelas sifilíticas, mais r áp ido que o das micelas n o r m a i s ; i s to indica que a superfície das micelas sifilíticas é mais p e q u e n a do que a dasnor -mais . U m a diminuição de ra io das micelas significa que o seu pode r suspensivo au­m e n t a , e como o soro sifilítico no corpo h u m a n o , e s t á em equi l íbr io , é p o r q u e o seu pode r de sus t en t ação d i m i n ú e ; is to é: a sua dens idade diminuiu . P o r t a n t o , o soro sifilítico t e m u m a dens idade inferior à do soro no rma l , o que se t r a d u z p o r u m a re t r acção das suas micelas em suspensão .

I m a g i n a o au to r que es ta r e t r acção b e m como a diminuição de dens idade do soro são dev idas a u m a lise dos t r e p o n e m a s , e se es tes são l isados é p o r q u e são m e n o s densos que o soro n o r m a l ; pelo princípio das dens idades , o t r e p o n e m a será expulso pelo soro e devemos p o r t a n t o encontrá- lo à per ifer ia do corpo do doen te , pelo menos em cer tos per íodos de cr ise . E ' , de facto o que se verif ica.

Além disso, os neg ros fazem u m a sífilis mais e x u b e r a n t e , mais expuls iva que os b rancos , e se as deduções t r az idas a té aqui es tão cer tas , os negros devem t e r u m soro mais denso que os eu ropeus . O au to r en­con t rou , p a r a os eu ropeus , u m a dens idade méd ia de 1029 ,4 ; p a r a os neg ros 1032,9.