regis tadeu - roberto carlos guia...falecido paulo cesar barros, do renato e seus blue caps), dois...
TRANSCRIPT
Guia de Audição – Roberto Carlos
ROBERTO CARLOS (1969)
É o meu álbum favorito na discografia dele. Muita gente o intitula “o disco da praia”, mas eu o chamado de “álbum soul, pois é nele que Roberto abraça uma grande influência da soul music oriunda daquilo que se ouvia nas lendárias gravadoras Motown e Stax, ao mesmo tempo em que abandonou qualquer resquício da já então falecida Jovem Guarda. Isso fica muito evidente nas maravilhosas “Não Vou Ficar” (composta por Tim Maia!) e
“Nada Vai Me Convencer” (composta pelo recentemente falecido Paulo Cesar Barros, do Renato e Seus Blue Caps), dois funks de verdade absurdamente espetaculares! E dá para perceber tal influência no balanço suingado de “As Curvas da Estrada de Santos”.
A linda e tristíssima letra de “As Flores do Jardim da Nossa Casa” foi realçada por um arranjo de cordas e, de certa forma, junto com a bela “Sua Estupidez”, deram o tom daquilo que ele gravaria nos álbuns posteriores ao falar de amor de modo tão lírico e poético. Por outro lado, o disco tem um samba rock delicioso (“Do Outro Lado da Cidade”) e até mesmo uma valsa, “Oh! Meu Imenso Amor”!
Preste atenção em “Não Adianta”, pois todos os cantores “bregas” da década posterior se basearam na sonoridade da canção e na interpretação de Roberto. Além disso, o disco traz a única vez que uma faixa instrumental foi incluída na discografia dele: “O Diamante Cor de Rosa”, que traz o próprio tocando – e bem – uma gaita claramente influenciada em seu timbre pela abordagem do instrumento nos faroestes de Sergio Leone.
O disco inteiro é um clássico!
https://www.youtube.com/watch?v=LD8ziPu6k-Q
https://www.youtube.com/watch?v=MxRjT-5mBdg
https://www.youtube.com/watch?v=jZ19CelONfQ
https://www.youtube.com/watch?v=eQTRTsi2yfs
ROBERTO CARLOS (1966)
Lançado depois do estrondoso sucesso da Jovem Guarda, é um daqueles álbuns que parecem uma coletânea, tamanha é a concentração de hits avassaladores: “Namoradinha de Um Amigo Meu”, “Negro Gato”, “Eu Te Darei o Céu”, “É Papo Firme”, “O Gênio”, “Querem Acabar Comigo”, “Esqueça” (versão em português de um dos grandes sucessos do cantor Bobby Rydell, “Forget Him”), “Nossa Canção”... Incrível!
A capa é uma óbvia referência ao álbum With the Beatles, do mitológico quarteto de Liverpool e Roberto – que na época estava brigado com Erasmo Carlos - teve como banda de apoio não mais o costumeiro The Jet Blacks, mas um time que reuniu integrantes do The Fevers, Renato e Seus Blues Caps, The Youngsters e, claro, o lendário tecladista Lafayette. Discaço!
https://www.youtube.com/watch?v=RyRuKFkgCB8
https://www.youtube.com/watch?v=_Klhe8R1QJ4
https://www.youtube.com/watch?v=68vMXLsbJLk
https://www.youtube.com/watch?v=lqQqLlkNxAM
ROBERTO CARLOS (1971)
Outro disco que mais parece uma coletânea, só que por um viés bem mais romântico. Não dá para não se sensibilizar e sentir um aperto no coração com a letra e o arranjo de cordas da clássica “Detalhes”. Ainda há a influência explícita da soul music da Stax na espetacular “Todos Estão Surdos” e, mais disfarçadamente, nas baladas “Como Dois e Dois” e “A Namorada”. Uma pitada inglesa implícita surge em “Amada Amante” e, mais descaradamente, na homenagem a Caetano Veloso na linda “Debaixo dos Caracóis de Seus Cabelos” e no roquinho safado – no melhor sentido do termo! – intitulado “Você Não Sabe o que Vai Perder”.
Embora seja um álbum majoritariamente melancólico, é daqueles álbuns para se ouvir com certo sorriso no rosto.
https://www.youtube.com/watch?v=267_8xyXu8g
https://www.youtube.com/watch?v=rzrH-bSSD2M
https://www.youtube.com/watch?v=EVX_UgRxjtg
https://www.youtube.com/watch?v=dV0DuGia2lE
https://www.youtube.com/watch?v=GHt7uUFm55I
ROBERTO CARLOS EM RITMO DE AVENTURA (1967)
O absurdo sucesso dele o levou a fazer filmes claramente copiados daquelas produções cinematográficas estreladas pelos Beatles e Elvis Presley. O que unia todo mundo no mesmo barco é o fato de que as trilhas eram muito melhores que as películas. Por isso, esse álbum – o primeiro lançado em estéreo - é igualmente sensacional, com verdadeiras pauladas como “Eu Sou Terrível”, “Você Não Serve Pra Mim”, “O Sósia” e a espetacular “Quando”. Os momentos românticos não ficavam atrás em termos de qualidade: “Como é Grande o Meu Amor por Você”, "De Que Vale Tudo Isso", a quase britânica “É Por Isso que Estou Aqui” e “Por Isso Corro Demais”.
https://www.youtube.com/watch?v=FXBfoFrqc3s
https://www.youtube.com/watch?v=Ni-C8iAbEL4
https://www.youtube.com/watch?v=pl4UOq0fyeM
https://www.youtube.com/watch?v=hqsEYLWpcu8
ROBERTO CARLOS (1977)
O último álbum realmente legal que Roberto lançou. Foi o início de “fase motel” – vide a inclusão de “Cavalgada” -, um período que se tornou terrível no álbum lançado no seguinte. Canções como “Amigo”, as versões soul para duas canções de repertório alheio - “Muito Romântico”, de Caetano Veloso, e “Pra Ser Só Minha Mulher”, do Ronnie Von – e a elegante “Nosso Amor” disfarçavam a guinada que estava por vir, cujos sinais estavam em baladas ainda que interessantes, como “Outra Vez”, “Jovens Tardes de Domingo” e “Falando Sério”. Desse álbum em diante, foi ladeira abaixo...
https://www.youtube.com/watch?v=J7Dlb5gi06g
https://www.youtube.com/watch?v=tExaVNSjQdo
https://www.youtube.com/watch?v=_wtpyMw0MRs
https://www.youtube.com/watch?v=jnfXkYWMBs8
https://www.youtube.com/watch?v=TBk9E63UlMQ
Por isso, se no vídeo você reparou que eu colocaria aqui o pior disco de Roberto Carlos, pode escolher você mesmo: qualquer álbum lançado de 1978 em diante é um amontoado de canções ruins e arranjos mais pasteurizados que leite em caixinha.