regionais esquentam clima de reflexão e despertam ... · “quando soprarem os ventos da mudança,...

8
Agência Nacional de Vigilância Sanitária boletim informativo boletim informativo ANVISA 12 ISSN 1518-6377 n o 12 - setembro de 2001 Usuários e setor regulado apóiam iniciativa pág. 7 Teleconferência tem ampla participação pág. 3 Mobilização supera expectativas pág. 6 “Quando soprarem os ventos da mudança, não construa abrigos, construa cataventos” Regionais esquentam clima de reflexão e despertam interesse para I Conferência págs 4 e 5

Upload: voxuyen

Post on 17-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Agência Nacional de Vigi lância Sani tár iaboletim informativoboletim informativoANVISA 12ISSN 1518-6377no 12 - setembro de 2001

Usuários esetor reguladoapóiam iniciativapág. 7

Teleconferênciatem amplaparticipaçãopág. 3

Mobilizaçãosuperaexpectativaspág. 6

“Quando soprarem os ventos da mudança,não construa abrigos, construa cataventos”

Regionais esquentam clima de reflexão edespertam interesse para I Conferência

págs 4 e 5

2

ANVISA Boletim Informativo

EnsaioEditorial

Expediente

Anvisa Boletim Informativo é uma publicação mensal daAgência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)-Ministé-rio da Saúde

Conselho Editorial: Gonzalo Vecina Neto, Luiz Milton Veloso Costa,Luís Carlos Wanderley Lima, Luiz Felipe Moreira Lima e Ricardo OlivaEdição: Carlos Dias Lopes, registro MTb 7476/34/14/DFTextos: Simone Rodrigues, Nara Anchises e Laila MunizColaboração: Graça Guimarães, José Saad Neto e Melissa FreitasProjeto e Design Gráfico: Gerência de Comunicação MultimídiaEditoração: Julien GorovitzCapa: Daniel FerreiraFotos: Arquivos pessoaisApoio: Oralda Betânia Diniz e Juvenal da SilvaImpressão: Coordenação de Processo Editorial/MSTiragem: 16.000 exemplaresEndereço: SEPN Quadra 515, Bloco B, Ed. ÔmegaBrasília (DF) CEP 70770-502Telefones: (61) 448-1022 ou 448-1301Fax: (61) 448-1252E-mail: [email protected]

ISSN: 1518-6377

Entre os objetivos da esperada e desejada ConferênciaNacional de Vigilância Sanitária, torcemos intensamente paraque se produza um significativo avanço na consciência sanitáriada população, visando impulsionar a procura pelos serviços deVigilância em Saúde e debater nos conselhos de saúde, de formapermanente, oferta e demanda desses serviços.

Todos os riscos crescem em número de pessoas expostas eem intensidade, em função do baixo nível socioeconômico damaioria da população brasileira, atingindo, na forma de verda-deira guerra declarada, legiões de desempregados, trabalhadoresinfantis, jovens das periferias urbanas e idosos. No entanto, to-dos os riscos são passíveis de serem atenuados e, algumas vezes,eliminados. Seu controle encontra-se na efetivação simultâneade duas atividades imprescindíveis.

A primeira são as intervenções específicas dos serviços desaúde, que protegem os grupos populacionais expostos a cadatipo de risco. Alguns exemplos dessas ações são as vacinas, aretirada do mercado de produtos nocivos, a correção de ambien-tes insalubres (inclusive o de trabalho), a informação e comuni-cação direcionadas aos grupos humanos expostos a cada risco,além de exames periódicos de saúde, que detectam precocemen-te a perda da saúde.

A outra ação fundamental é a construção de um conjuntode informações e posturas que, socializadas com a população esuas representações, visem à conjugação e ao sinergismo dos gru-pos populacionais expostos aos riscos com os conhecimentos eações do SUS na área de vigilância epidemiológica e sanitária. Aidentificação dos grupos de risco em cada cidade, bairro ou áreacoberta por unidade básica de saúde deveria ser atividadeprioritária e permanente, realizada pelos técnicos do SUS e comefetiva participação dos conselhos de saúde e da população.

A Vigilância em Saúde, mapeando os fatores de risco eintervindo na proteção específica da saúde, somente será efetivae benéfica quando compartilhada igualmente pelas entidadesda sociedade organizada, tanto na sua agenda de atuações per-manentes, como nos conselhos de saúde, nos órgãos dirigentes ecom a participação dos profissionais do SUS.

Não vemos outro campo de funcionamento do SUS tãocarente e premente de elevação do nível da oferta e da procuradesses serviços. Outros interesses, legítimos da população masilegítimos dos financiadores e organizadores dos sistemas de saú-de, elevaram somente a oferta dos serviços assistenciais às pessoasjá adoecidas. A população foi condicionada a exigir apenas essesserviços, deixando para trás a proteção a sua saúde e o controledos riscos.

O Modelo de Atenção à Saúde do SUS ressalta as garantiasdos Direitos de Cidadania à Saúde, por meio da proteção daspessoas e grupos humanos dos riscos a que sua saúde está expos-ta. Os riscos podem ser decorrentes das faixas etárias, das condi-ções de trabalho, do consumo de certos produtos e também domeio ambiente. Podem estar relacionados ainda a hábitos ou àhereditariedade, que geram predisposição a certas doenças, comocâncer e doenças cardíacas.

Nelson Rodrigues dos SantosCoordenador Geral do Conselho Nacional de Saúde

Teleconferência I

No dia 1º de outubro, foi realizada, no auditórioda Embratel, no Rio de Janeiro, a segundateleconferência para estimular a participação dasoc iedade na I Conferênc ia . Com o tema“Construção do Sistema Nacional de VigilânciaSanitár ia” o públ ico de todo o Bras i l queacompanhou a teleconferência esquentou odebate com muitas perguntas. Participaram doencontro, o diretor da Anvisa, Luis Carlos CarlosWanderley Lima, a coordenadora de vigilânciasanitária da Bahia, Maria Conceição Riccio, opresidente da Associação de Laboratór iosFarmacêuticos Nacionais (Alanac), José FernandoLeme Magalhães e o presidente da AssociaçãoNacional de Servidores de Vigilância Sanitária doMinistério da Saúde (Ansevs).

Teleconferência II

Já a terceira teleconferência, que aconteceu dia8 de outubro teve a participação do coordenadorgeral de Supervisão e Controle do Departamentode Proteção e Defesa do Consumidor do Ministérioda Justiça, Amarildo Baesso, o diretor da Anvisa,Luiz Felipe Moreira Lima, o deputado estadual (PT/SP), Roberto Gouveia e a presidente daAssociação Franco Basaglia de Usuários deServiços de Saúde Mental. Vigilância Sanitária,Saúde e Cidadania foi o tema discutido nestaú l t ima te leconferênc ia . Quem não teve aoportunidade de acompanhar os três encontrospode assisti-los na íntegra acessando o sitew w w . c a n a l s a u d e n a w e b . f i o c r u z . b r .As teleconferências ficam disponíveis na interneta té o d ia 25 de novembro , véspera da IConferência Nacional de Vigilância Sanitária.

3

setembro de 2001

Dia cheio para participantes da I Conferência

Teleconferência tem boaparticipação da audiência

No final de setembro tiveram início as teleconferências orga-nizadas para mobilizar profissionais de saúde e população em tor-no dos temas a serem discutidos na I Conferência. No auditórioda Embratel, no dia 24, foi debatido o assunto “Vigilância Sani-tária: proteção e promoção da saúde”, que teve expressiva participa-ção da população na forma de envio de perguntas aos participan-tes. Entre os convidados estavam Gonzalo Vecina Neto, diretor-presidente da Anvisa; Carlos Gross, presidente do Sindicato dasIndústrias Farmacêuticas do Rio de Janeiro; Sirlei Famer, coorde-nadora da Vigilância Sanitária do Rio Grande do Sul; e LuziaFranco, do Conselho Estadual de Saúde do Rio de Janeiro.

Vecina lembrou que pelo controle da Vigilância Sanitáriapassam hoje produtos que representam 25% da taxa de ProdutoInterno Bruto (PIB) do país, o que exige respaldo da populaçãopara que o sistema resista às pressões e consiga focar seu trabalho nagarantia da qualidade de produtos e serviços. Sirlei disse que asações de baixa complexidade das vigilâncias municipais precisamser aperfeiçoadas e citou o caso do Rio Grande do Sul, onde hágrande produção caseira de alimentos sem que, no entanto, aVigilância Sanitária consiga garantir que esses produtos sejam in-seridos no mercado com garantia de qualidade. Gross, que repre-sentava o setor regulado, adiantou que a indústria está disposta aampliar o acesso da população a medicamentos, desde que isso sejafeito com a colaboração do governo. Luzia, que representou osusuários, afirmou que os conselhos regionais de Saúde não devemdeixar de participar da conferência, pois são espaços privilegiadosde discussão dos problemas do setor. 50%

dos delegadosda conferênciarepresentarão

usuários do SNVS

Lançamento da Reblasocorrerá durante o encontro

Durante a I Conferência, será lançada oficialmente a RedeBrasileira de Laboratórios Analíticos em Saúde (Reblas). Os la-boratórios que fizerem parte da Reblas serão os realizadores ofici-ais de análises solicitadas por órgãos de Vigilância Sanitária. Paraintegrar essa rede, os laboratórios devem obedecer procedimen-tos operacionais próprios, baseados em normas internacionais dequalidade e serem habilitados pela Anvisa.

Segundo a Gerência-Geral de Laboratórios de Saúde daAgência, a criação da Reblas traz contribuições importantes paraa saúde pública, pois garante a qualidade das análises feitas peloslaboratórios habilitados. Além disso, significa avanços do pontode vista econômico, facilitando a exportação de produtos comselo de qualidade. Até agora, existem 31 instituições credenciadaspela Reblas: um laboratório analítico em alimentos; um prove-dor em ensaios de proficiência (testa a eficiência técnica de ou-tros laboratórios); e 29 de equivalência farmacêutica. Quinzeoutras estão com suas solicitações de habilitação em análise. Opróximo passo é credenciar laboratórios de análise de saneantes ede água para hemodiálise. Os procedimentos recomendados pelaReblas e outras informações podem ser encontrados no sitewww.anvisa.gov.br

De 26 a 30 de novembro, a I Con-ferência Nacional de Vigilância Sanitáriavai tomar conta do Centro de Conven-ções Ulysses Guimarães em Brasília. Serãomais de mil pessoas circulando entre me-sas-redondas, grupos de trabalho e pai-néis específicos. A abertura do evento serána noite do dia 26. Nos três dias seguin-tes, a rotina dos trabalhos será de mesas-redondas pela manhã, contemplando ostrês eixos temáticos principais, grupos detrabalho no início da tarde - paraaprofundar as discussões das mesas - e 12painéis sobre assuntos específicos no finalda tarde. Embora os temas dos painéis nãoestejam ainda definidos, a assessora de Pro-gramação da Conferência, Vera Bacelar,adianta que a seleção obedecerá a quatrocritérios principais. Primeiro, os painéisdevem contemplar questões políticas im-portantes identificadas na sociedade, paraque não seja um encontro estritamentetécnico. Em segundo lugar, devem apre-sentar experiências em vigilância sanitáriaque indiquem caminhos para superar en-

traves do setor. Além disso, os painéis con-tribuirão para definir a função de cadaesfera do governo - federal, estadual e mu-nicipal - e para ajustar e aprofundar asquestões debatidas nas mesas-redondas.O último dia da Conferência está reserva-do para a plenária final.

PublicaçõesA I Conferência deve ser um mo-

mento de reflexão sobre o setor. Não po-deriam faltar, então, publicações que trou-xessem estudos, análises e experiênciasdessa área tão complexa. A revista Divul-gação em Saúde para Debate , do CentroBrasileiro de Estudos da Saúde, por exem-plo, aproveitará a Conferência para lançarum número especial com relatos sobre ex-periências relevantes em vigilância sanitá-ria em estados e municípios brasileiros. Arevista é editada pela professora EdináAlves Costa, do Instituto de Saúde Cole-tiva da Universidade Federal da Bahia, epor José Rubem de Alcântara Bonfim, co-ordenador-executivo da Sociedade Brasi-

leira de Vigilância de Medicamentos(Sobravime). A professora Ediná adiantaque o número especial trará artigos comexperiências de Goiás, Minas Gerais, Bahiae São Paulo, além dos municípios de Riodas Ostras (RJ), Paraisópolis (MG), Vitó-ria da Conquista (BA) e Santo André (SP).A revista publicará também um texto so-bre trabalhos realizados pela Anvisa e ain-da dois artigos produzidos pela Oficina deTrabalho de Formação de Recursos Hu-manos em Vigilância Sanitária, promovi-da durante o Congresso de Saúde Coleti-va da Associação Brasileira de Pós-Gradu-ação em Saúde Coletiva (Abrasco). “Oobjetivo da revista é estimular o debatesobre vigilância sanitária e contribuir paraa construção do Sistema Nacional de Vigi-lância Sanitária”, resume Ediná. As novi-dades não param por aí. Dois livros serãolançados durante a Conferência: a segun-da edição de Vigilância Sanitária: prote-ção e defesa da saúde, de Ediná; e Saúde ePolítica: a Vigilância Sanitária no Brasil,de Ana Cristina Souto.

4

ANVISA Boletim Informativo

Pré-conferências refletem mobilização para etapa nacional

900delegados

vão ser eleitosnas etapasestaduais

Pela primeira vez, a sociedade se reú-ne para discutir Vigilância Sanitária. Du-rante os meses de setembro e outubro,gestores, profissionais de saúde, usuários esetor regulado participaram das Conferên-cias Regionais de Vigilância Sanitária, umaprévia das etapas estadual e nacional doencontro.

Cada estado promoveu as pré-con-ferências em suas macro ou micro-regiõescom o objetivo de eleger seus delegados,promover ampla participação na I Confe-rência Nacional de Vigilância Sanitária eelaborar propostas para a construção dossistemas municipal e estadual de Vigilân-cia Sanitária.

“Estamos cumprindo uma determi-nação constitucional que é debater o Sis-tema Único de Saúde com a comunida-de”, afirmou a coordenadora de Vigilân-cia Sanitária de Goiás, Maria Cecília BritoMartins, durante a Pré-Conferência deFormosa.

Nos encontros regionais foi possí-vel também discutir a função da Vigilân-cia Sanitária e demonstrar, principalmen-te à população, a amplitude do trabalhorealizado no setor. Para isso, os participan-tes assistiram palestras que abordaram aestrutura do Sistema Nacional de Vigilân-cia Sanitária e integraram grupos de dis-cussão para confecção de propostas queserão levadas às conferências estaduais.

Para se ter uma idéia da mobilizaçãodas pré-conferências, em apenas três regi-onais - Formosa (GO), Juiz de Fora (MG)e Canindé (CE) - 600 pessoas estiverampresentes, respectivamente nos dias 20, 22e 25 de setembro. A opinião dos participantes

“A população tem poder de transformar eprecisa ter essa consciência. Divulgar a vigilânciasanitária é a forma de demonstrar esse poder.”Fernando Fernandes, Secretário de Saúde de Ca-ridade (CE).

“A Anvisa está de parabéns por promoveresse momento tão sonhado pelos profissionais devigilância sanitária” Robson Cavalcante, sanita-rista em Canindé (CE).

“Estamos aqui para apresentar a VigilânciaSanitária à população”. Maria Cecília Brito Martins,coordenadora de Vigilância Sanitária de Goiás.

“Esse encontro servirá como uma porta parao conhecimento da função e importância da Vigi-lância Sanitária para a proteção da saúde”. MariaGorete Fernandes Nogueira, Conselheira Estadu-al de Saúde do Ceará.

“Vigilância Sanitária é o conjunto dasações capaz de eliminar, diminuir ouprevenir riscos à saúde nos problemassanitários decorrentes do meio ambien-te, da produção e circulação de bens eda prestação de serviços de interesseda saúde”. parágrafo 1º do art. 5º daLei Orgânica da Saúde (8.080/90)

Juiz de Fora reuniu representantesde 180 municípios sediados pela sua Di-retoria Regional de Saúde. O destaquedessa pré-conferência foi a presença do ad-vogado do Procon da cidade, EduardoBraga. O advogado enfatizou a importân-cia da participação da população atuandotambém como um fiscal. “O governo nãopode estar em todos o lugares o tempotodo, por isso, a sociedade deve agir comoum vigilante permanente. Estamos aquipara exercer um direito de cidadão e es-treitar o laços da sociedade com a

Procon estimula participação de usuários

Vigilância Sanitária.”, disse Eduardo. Já o presidente da Associação dos

Hospitais de Minas Gerais, Agenor Laval,estimulou a atuação do setor regulado noprocesso de construção do Sistema Nacio-nal de Vigilância Sanitária. “Nós, do setorregulado, não temos direitos especiais por-que geramos emprego. Devemos garantirprodutos e serviços de qualidade para apopulação que está cada vez mais exigentee não quer comprar uma carne exposta enem uma medicação com o prazo de vali-dade vencido”, explica Agenor.

Participantes durante a regional de Formosa: reflexão e empenho

5

setembro de 2001

Pré-conferências refletem mobilização para etapa nacionalDatas dos encontros nos estados

1.040delegados vão

estar presentesno encontro

nacional

Técnico da Anvisa fala daimportância do encontro

Na Pré-Conferência de Formosa, o técnico da gerência dePortos, Aeroportos e Fronteiras da Anvisa, Alfredo Benatto, res-saltou a relevância da realização desses eventos. “A possibilidadedesses encontros revela a capacidade de se respeitar a verdade decada um para a construção de uma nova verdade. É precisodiscutir o que a Vigilância Sanitária propõe e o que é feito atual-mente. Compartilhar verdades é fazer saúde, é Vigilância Sani-tária”, destaca Alfredo. O veterinário disse ainda que o inspetorsanitário é um educador, pois ele atua no dia-a-dia das pessoasque vivem em um processo permanente de risco à saúde.

A participação de Alfredo foi um momento de reflexãopara as 250 pessoas que estiveram na regional de Formosa, umdos municípios sede das cinco macro-regiões de Goiás. Logoapós a palestra, um amplo debate foi aberto, no qual todos ospresentes demonstraram interesse em dar sua contribuição parao sucesso da I Conferência. O sanitarista Wellington Miranda,por exemplo, acredita que a criação de um símbolo para Vigilân-cia Sanitária, como o Zé Gotinha é para as Campanhas de Vaci-nação, seria um instrumento educacional, principalmente parajovens e crianças.

Além de Alfredo Benatto, participaram dessa Pré-Confe-rência, as coordenadoras de Vigilância Sanitária de Goiás e Bahia,Maria Cecília Brito Martins e Conceição Risso, e secretários mu-nicipais de saúde.

Ceará realiza conferência nasmicro-regionais

Ao contrário de Minas Gerais e Goiás, no Ceará optou-sepor organizar pré-conferências nas 21 micro-regiões do estado.Canindé é uma delas e reúne seis municípios (Itatira, Paramoti,Boa Viagem, Madalena e Caridade, além de Canindé) dentrode um universo de 187 mil habitantes. “Decidimos realizar emtodas micro-regionais porque concluímos que a participação se-ria muito mais ampla”, afirmou Ângela Maria Gomes Leite, ge-rente da Célula de Vigilância de Produtos Relacionados à Saúdedo Núcleo de Vigilância Sanitária do estado.

Para Ângela, a I Conferência Nacional de Vigilância Santáriaserá uma marco para o setor, pois a partir daí haverá um estímuloà conscientização da sociedade e a Vigilância Sanitária ganharáparceiros na construção de um sistema efetivo.

No encontro, além das palestras e do debate, houve umavotação para a escolha dos delegados que irão à etapa estadual.Os candidatos tiveram a oportunidade de expor suas propostase todos demonstraram muito empenho em participar. Ao todo,seis delegados e mais seis suplentes foram eleitos pelos partici-pantes desta pré-conferência. “É fundamental que todos se es-forcem nesse processo, afinal estamos aqui para zelar por nossosinteresses”, disse Ângela Leite.

Região NorteAmazonas: 23 a 25 de outubro

Acre: 24 a 26 de outubro

Amapá: 29 a 31 de outubro

Rondônia: 17 a 19 de outubro

Roraima: 17 e 19 de outubro

Pará: 7 e 9 de outubro

Tocantins: 29 a 31 de outubro

Região NordesteCeará: 23 de outubro

Piauí: 15 e 16 de outubro

Maranhão: 23 a 26 de outubro

Rio Grande do Norte: 29 a 31 de outubro

Sergipe: 22 de outubro

Paraíba: 25 a 27 de outubro

Alagoas: 25 a 27 de outubro

Bahia: 7 e 8 de novembro

Pernambuco: 26 a 28 de outubro

Região Centro-OesteGoiás: 29 a 31 de outubro

Distrito Federal: 7 a 9 de outubro

Mato Grosso: 29 e 30 de outubro

Mato Grosso do Sul: 30 e 31 de outubro

Região SudesteMinas Gerais: 22 a 24 de outubro

Rio de Janeiro: 29 a 31 de outubro

Espírito Santo: 6 a 8 de novembro

São Paulo: 16 a 18 de novembro

Região SulParaná: 24 a 25 de outubro

Santa Catarina: 25 a 26 de outubro

Rio Grande do Sul:14 e 17 de novembro

6

ANVISA Boletim Informativo

A coordenadora da I Conferência,Ana Maria Figueiredo, enfatiza que a rea-lização das pré-conferências regionais e es-taduais está sendo responsável pelamobilização de milhares de pessoas emtorno do tema Vigilância Sanitária. “Po-demos dizer que a conferência está indoalém de qualquer expectativa positiva. Issograças ao esforço das coordenações esta-duais que com a mobilização dos conse-lhos e dos secretários de saúde estão conse-guindo promover movimentadas confe-rências locais, apesar da escassez de tem-po”, diz Ana.

Por conta desta mobilização, ela acre-dita que a história da Vigilância Sanitáriano Brasil nunca mais será a mesma. “Den-tro dos estados as áreas de vigilância estãoconseguindo sair da obscuridade, assu-mindo visibilidade. O fundamental é queestão se expondo e dizendo ao que vieramao explicitar discussões, por meio dos ei-xos temáticos, sobre o que será avaliado nacondução da política de Vigilância Sani-tária a ser adotada.”

Coordenadora fala em milhares de pessoas mobilizadas

80pessoas estãotrabalhando naorganização daetapa nacional

A partir de novembro, serão distri-buídos os cadernos com os temas a seremdiscutidos na etapa nacional, que estavam

resumidos nos Termos de referência. Analembra que é hora de os delegados estadu-ais se prepararem lendo esses documentose, a partir deles, formularem propostas esugestões ao grande encontro de novem-bro. “A responsabilidade dos delegados é

grande, pois eles não representam a si mes-mos, mas um conjunto de pessoas que osindicaram em processos anteriores, numgrande incentivo à constituição da cida-dania participativa”, completa ela.

PolêmicasAna Figueiredo já antevê possíveis

pontos polêmicos que surgirão nos deba-tes da Conferência. Pelo menos três temasvão gerar acaloradas discussões. Um delesé sobre a concepção de agência como al-ternativa de organização às esferas estadu-ais e municipais de vigilâncias. Outro, dizrespeito a um modelo de vigilância à saú-de que aglutine as vigilâncias sanitárias,ambiental e epidemiológica. O terceiroassunto envolve o diagnóstico, sustenta-do por alguns profissinais de saúde, deque a Vigilância Sanitária teria se tornadouma área auto-centrada dentro do sistemade saúde. Nesse debate estará em foco omodo como poderia ser reinserida a dis-cussão da função da Vigilância Sanitáriadentro da política de Saúde.

Cartilha para conselheiros abrecaminho para controle social

Buscar alternativas para ampliar a participação do cidadãono Sistema Único de Saúde é um dos pontos fortes da Confe-rência Nacional de Vigilância Sanitária. Um instrumento quepoderá contribuir para alcançar esse objetivo é a cartilha que serálançada durante o evento. O público-alvo são os conselheiros desaúde, que atuam como porta-vozes da sociedade nos conselhosmunicipais e estaduais, assim como na esfera nacional. A meta édistribuir 45 mil exemplares num projeto do Ministério da Saú-de de capacitação de conselheiros para fortalecimento do con-trole social no SUS. O projeto é coordenado por quatro institui-ções: Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp), UniversidadeFederal de Minas Gerais (UFMG), Universidade de Brasília(UnB) e Universidade de Campinas (Unicamp). De acordocom a professora Ana Costa, do Núcleo de Estudos de SaúdePública da UnB, a cartilha abordará de forma simples e direta asprincipais questões de vigilância sanitária no Brasil, colaborandopara que sua prática seja mais efetiva. “A cartilha vai ajudar ainstruir os conselheiros, fornecendo-lhes fundamentos para in-serir a discussão das questões de vigilância sanitária nos conse-lhos de saúde”, explica Ana. Distribuída em quatro capítulos, apublicação vai esclarecer o que é vigilância sanitária, como atua ede que maneiras a sociedade pode colaborar para a eficácia desuas ações, além de trazer um resumo da legislação do setor. Acartilha conta com o apoio financeiro da Anvisa e está inseridano Projeto de Desenvolvimento de Parcerias e Mobilização Soci-al do Comitê de Política de Recursos Humanos da Agência.

Ana: Delegados vão ter muito trabalho

Enquete avalia percepção sobreatividades de vigilância sanitária

Uma enquete disponível no site da Anvisa está avaliando apercepção dos usuários sobre as atividades dos órgãos de vigilân-cia sanitária. Até o dia 20 de outubro, 12.320 pessoas já haviamrespondido a pergunta “Qual das opções você acha que é a princi-pal atividade dos órgãos de vigilância sanitária?”, que está dispo-nível desde 25 de julho. A maioria das respostas, 37,9%, rela-cionam a atividade de vigilância sanitária com a proteção e apromoção da saúde. A segunda opção mais escolhida foi a quedestaca as instituições de vigilância sanitária como principaisresponsáveis pela fiscalização de bares, restaurantes e hospitais.Mais de 2.800 pessoas, correspondentes a 22,7%, escolheramesta opção. A percepção de que os órgãos de vigilância sanitáriatêm como principal atividade a inspeção de produtos de limpe-za, cosméticos, medicamentos e alimentos também é grande.Cerca de 21% dos usuários da enquete optaram por esta respos-ta. A alternativa menos escolhida foi a que relaciona a vigilânciasanitária com a elaboração de normas de fabricação,armazenamento e comercialização de produtos. A enquete estádisponível no site da Anvisa, na seção da I Conferência:http://www.anvisa.gov.br/conavisa/index.htm.

7

setembro de 2001

Grupo temático da Abrascoacompanha e dá apoio

O Grupo Temático em Vigilância Sanitária da AssociaçãoBrasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco) estáacompanhando e apoiando a I Conferência. O grupo foi insta-lado em 30 de agosto e será um espaço para discussão de temasrelacionados ao ensino, pesquisa e prática em vigilância sanitária.O diretor da Anvisa, Luis Carlos Wanderley Lima, diz que ogrupo poderá cumprir a função de acelerar iniciativas de refle-xão, estudo pesquisa e ensino, capazes de ampliar a base deestruturação técnica, metodológica e instrumental para as açõesde vigilância sanitária. “Mas a contribuição mais expressiva quepode ser oferecida por essa agregação de profissionais, docentes,pesquisadores e trabalhadores em saúde coletiva relacionados àárea de vigilância sanitária é a apreciação crítica às políticas dosetor”, completa Wanderley.

Fórum preparatóriopara a 1ª Conferência

Nos dias 9 e 10 de novembro, acontece o Fórum Prepara-tório da Anvisa para a 1ª Conferência Nacional de VigilânciaSanitária, em Brasília. Os diretores, gerentes e funcionários daAgência participam do evento.

Além de mobilizar a Instituição frente à relevância históri-ca e política da 1ª Conferência, o Fórum visa aprofundar odebate sobre o tema da Conferência ,“Efetivar o Sistema Nacio-nal de Vigilância Sanitária: proteger e promover a saúde cons-truindo cidadania”, além de eleger os delegados da ConferênciaNacional.

São 300 vagas e as inscrições acontecem de 15 a 19 deoutubro. Do total de vagas, 27 são destinadas aos coordenado-res estaduais de PAFs e outras 33 vagas aos funcionários dascoordenações. Os gestores da Anvisa têm 60 vagas disponíveis eos funcionários da Agência podem ocupar 180 vagas.

A abertura do Fórum será realizada pelo diretor-presidenteda Agência, Gonzalo Vecina Neto, abordando o tema “Anvisa, oSistema Nacional de Vigilância Sanitária e a sociedade”. Aindaserão realizadas três mesas redondas relacionando vigilância sani-tária, cidadania e promoção da saúde.

Setores envolvidos têm boas expectativasIntegrar todos os setores da soci-

edade de forma que haja participaçãoefetiva na construção de um Sistemade Vigilância Sanitária eficaz. Esse éum dos principais objetivos da I Con-ferência. Por isso, a importância deunir setor regulado, comunidade,gestores e profissionais de saúde emum encontro para debater qual avigilância sanitária que todos que-rem para o país.

O setor regulado, como aque-le que sofre a atuação da vigilânciasanitária, e o usuário, como quemusufrui dessas ações, estão apoian-do a iniciativa e a consideram fun-damental para consolidar um vín-culo permanente de comunicaçãoentre profissionais de vigilância sa-nitária e a população.

As entidades que representa-rão o setor regulado na delegaçãonacional já foram selecionadas peloConselho Consultivo da Anvisa. En-tre os escolhidos, estão a AssociaçãoBrasileira da Indústria Farmoquímica(Abiquif) e a Associação Nacional deFarmácias Magistrais (Anfarmag).

“Neste momento de ascensão dasatribuições e responsabilidades do sis-

tema de Vigilância Sanitária, conside-ro de imensa importância a realizaçãoda Conferência como fórum de refle-xão sobre os avanços no setor dos últi-mos cinco anos”, avalia o presidentedo Conselho Diretor da Abiquif, José

Correia da Silva. Ele considera tam-bém que o encontro será uma oportu-nidade para analisar propostas e avali-ar o papel das organizações privadasdentro desse sistema.

Já o presidente da Anfarmag,Evandro Tokarski, acredita que seráuma grande oportunidade para a

Anvisa ouvir o cidadão e todos os se-tores envolvidos nesse processo deconstrução do Sistema de VigilânciaSanitária. “É uma iniciativa de extre-ma importância para abrir um canalde comunicação com a sociedade e

buscar melhorias para a regulamen-tação de vigilância sanitária já exis-tente. Não se trata de flexibilizar es im de aper f e i çoar” , ana l i s aEvandro.

IdecO Instituto de Defesa do Con-

sumidor (Idec), que faz parte deuma das comissões organizadorasdo evento, também representará osusuários na delegação nacional. ParaLynn Silver, que representa a enti-dade na organização da conferên-cia, a realização desse evento é muitopositiva, pois existem demandas

para o setor que devem ser discutidase efetivadas. Lynn disse ainda que aconferência representa um avanço parao estreitamento das relações da socie-dade com os Conselhos Estaduais eMunicipais de Saúde, importantes ins-trumentos de defesa dos interesses dapopulação.

“Consideramos deimensa importância arealização da Confe-rência como fórum dereflexão sobre osavanços no setor dosúltimos cinco anos”

José Correia da Silva, presiden-te do Conselho Diretor da As-sociação Brasileira da IndústriaFarmoquímica (Abiquif).

80 milcartazes de

divulgação foramdistribuídos para

todo o País

8

ANVISA Boletim Informativo

Entrevista

A Conferência será um espaço de construção

Gonzalo Vecina Neto

Desde que chegou ao Mi-nistério da Saúde, em agosto de1998, o diretor-presidente daAgência Nacional de VigilânciaSanitária, Gonzalo Vecina Neto,tem se confrontado com desafiosinéditos e de grande responsabi-lidade.

Primeiro, precisou conduziruma grande transição adminis-trativa, transformando a antigaSecretaria de Vigilância Sanitá-ria na atual Agência. Agora, tempela frente a missão de transfor-mar a I Conferência num espaçode partic ipação organizado eestruturado para ouvir a socie-dade. “O debate deve ser amploe democrático a fim de possibili-tar uma visão sistêmica da áreade atuação do Sistema Nacionalde Vigilância Sanitária”, diz odiretor-presidente.

Especialista em adminis-tração hospitalar, ex-diretor doHospital das Clínicas paulista, osorocabano de 48 anos, além dasatribuições em Brasília, tambémdá aulas na Faculdade de SaúdePública da Universidade de SãoPaulo (USP). Ultimamente, temestado em contato direto com acomissão executiva da Conferên-cia acompanhando de perto a or-ganização do primeiro encontronacional do setor.

1. Qual a importância da Con-ferência?Gonzalo: O lema “Efetivar o Sis-tema Nacional de Vigilância Sa-nitária: proteger e promover asaúde construindo cidadania”nos coloca diante da possibilida-

de de transformarmos o encon-tro num espaço conseqüente deconstrução da Vigilância Sanitá-r ia enquanto movimentoestruturado na busca daintegralidade da ação sanitária.

2. Qual a importância da Con-ferência em termos de construçãoda relação entre saúde e cidada-nia?Gonzalo: A Vigilância Sanitáriadeve garantir a segurança sanitá-ria quando do consumo dos pro-dutos e serviços à disposição nomercado e, por isso, na medidaem que funcione, é um movi-mento que constrói cidadania. AI Conferência, como representa

um momento de discussão e degeração de novas propostas e te-ses para viabilizar o Sistema Na-cional de Vigilância Sanitária,dará sinergia a essa construção.

3. Como espera que as discussõesda Conferência possam contri-

Vecina: Debate será amplo e democrático

buir para um modelo de Vigilân-cia Sanitária mais compatível como Sistema Único de Saúde (SUS)?Gonzalo: Isso será conseguido namedida em que os três eixos dediscussão tenham boas respostas:

o pr imeiro, que trata daintegralidade; o segundo, quecuida da descentra l i zação naconstrução da rede, o que estáembutido na visão de futuro daAnvisa; e o terceiro, que se refereao controle social. É bom lem-brar que tanto a equidade quan-to a universalidade estão dentrodo projeto de Vigilância Sanitá-

ria que já está sendo construído.

4. Do ponto de vista das compe-tências das esferas federal, esta-dual e municipal, como esperaque as discussões contribuam paraesclarecê-las?Gonzalo: Propondo ou definin-do as ações e os espaços de atua-ção de cada uma delas e até dis-

cutindo quais os instrumentosque serão usados.

5. Que tipo de contribuição es-pera de cada um dos setores queenviarão delegados à Conferên-cia?Gonzalo: Espero que os usuáriostenham visão crítica, particular-

mente com relação ao controlesocial. Dos regulados espero quenos ajudem nas formulações dascondições de funcionamento dasvigilâncias sanitárias. Os gestoresdeverão ajudar a aperfeiçoar omodelo de funcionamento dosistema.