regina andreia torres malgueiro desenvolvimento de fibras...
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Dissertação de Mestrado
Mestrado Integrado em Engenharia Biológica
Ramo Tecnologia do Ambiente
Trabalho efetuado sob a orientação do
Professor Doutor João Monteiro Peixoto
Regina Andreia Torres Malgueiro
Outubro de 2015
Universidade do Minho
Escola de Engenharia
Desenvolvimento de Fibras
Biocompatíveis para Libertação
Controlada de Agentes Ativos
DECLARAÇÃO
Nome
Regina Andreia Torres Malgueiro_________________________________________________________
Título dissertação □/tese □
_Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos___________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
Orientador(es):
_Professor Doutor João Monteiro Peixoto_______________________________________________________
____________________________________________________ Ano de conclusão: __2015_____
Designação do Mestrado ou do Ramo de Conhecimento do Doutoramento:
_Mestrado Integrado em Engenharia Biológica – Ramo Tecnologia do Ambiente__________________________
É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA TESE/TRABALHO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;
Universidade do Minho, ___/___/______
Assinatura: ________________________________________________
Agradecimentos MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | v
Agradecimentos
A elaboração da presente dissertação esteve envolta em várias surpresas, tentativas
fracassadas e bem-sucedidas até ter chegado ao presente documento, o qual representa o meu
esforço, mas também o de todos que me acompanharam ao longo desta etapa.
Ao meu orientador, Professor Doutor João Monteiro Peixoto, pelo encorajamento,
disponibilidade, confiança em mim depositada e por todo o conhecimento que me transmitiu.
Muito obrigado por me mostrar que um engenheiro não se encontra limitado pela área em que
se especializou, desde que esteja disposto a enfrentar os desafios que a vida lhe apresenta.
Ao CeNTI - Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes,
pela oportunidade de realizar o meu estágio académico, em ambiente empresarial e pelo
subsídio fornecido que ajudou a custear as minhas deslocações para a empresa.
Aos meus supervisores, Engenheiro Nelson Durães e Engenheiro Nelson Cardoso, pela
orientação, disponibilidade, conhecimentos transmitidos, brainstormings, comentários e
sugestões, e pela confiança depositada em mim e no meu trabalho ao longo do meu estágio no
CeNTI.
Aos restantes trabalhadores e estagiários do CeNTI, em especial à Anabela Carvalho e à
Bruna Moura por me terem ensinado a trabalhar com um novo equipamento e confiarem em
mim para trabalhar autonomamente, e ao Ricardo Neto pela ajuda no laboratório, na discussão
de métodos para as várias etapas da prática experimental, e pela instigação ao meu pensamento
crítico e autonomia em relação aos métodos adotados e à comprovação de teorias.
Aos meus pais pelo apoio incondicional e sacrifícios que fizeram ao longo destes cinco
anos para me permitirem atingir os meus sonhos e os meus objetivos, porque sei que sem eles
não teria chegado onde cheguei, nem seria quem sou hoje.
À minha irmã, cunhado e sobrinho, por me apoiarem e me fazerem sorrir nos momentos
de maior tensão e por me ajudarem a ver os meus obstáculos por uma nova perspetiva.
Ao Tiago Pereira, por todo o apoio, coragem e carinho que me deu, por ter sido a luz
que muitas vezes me guiou quando pensava que não conseguia superar os obstáculos no meu
caminho. Obrigado por teres sempre acreditado em mim.
Agradecimentos MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | vi
Às minhas amigas e aos meus colegas, pelo companheirismo ao longo desta etapa.
Resumo MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | vii
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada
de Agentes Ativos
Resumo
Nos dias de hoje existem várias tecnologias associadas à libertação de agentes ativos,
sendo as que promovem uma libertação de forma pré-definida as mais atrativas para os mais
diversos setores de atividade económica. De entre os vários sistemas tem-se destacado
recentemente o grande potencial dos polímeros biodegradáveis como matriz de aprisionamento
de agentes ativos, devido a características como a biocompatibilidade, bioestabilidade e
biodisponibilidade.
O objetivo desta dissertação consistiu no desenvolvimento de sistemas de libertação
controlada de agentes ativos na forma de fibras poliméricas que pudessem ser aplicadas em
suturas, pensos ou compressas. Inicialmente estudaram-se cinco polímeros, dois solúveis em
meios aquosos (óxido de polietileno e ácido polivinílico), dois com capacidade de resposta à
humidade (expansão/contração) e um pH-responsivo (polímeros derivados de ácido acrílico e
metacrílico). Contudo, o processamento de fibras por técnicas de extrusão de polímeros só foi
possível para apenas um polímero solúvel, um polímero com capacidade expansão e um
polímero pH-responsivo. As três fibras desenvolvidas possuíam geometria de secção transversal
core-sheath, sendo a camada externa composta por cada um dos polímeros referidos carregados
com o agente ativo (ibuprofeno).
A fibra com maior capacidade de libertação de agente ativo (73.044 mg h-1) foi a
constituída pelo polímero solúvel em água, seguindo-se as fibras contendo o polímero
pH-responsivo (0.870 mg h-1) e o polímero sensível à humidade (0.186 mg h-1). O alongamento
de (57.19±8.14) %, (42.97±4.51) % e de (38.99±5.50) %, e a tenacidade de
(1.75±0.10) cN dtex-1, (1.97±0.08) cN dtex-1 e de (1.76±0.13) cN dtex-1 das fibras contendo o
polímero solúvel, o polímero sensível à humidade e o polímero pH-responsivo, respetivamente,
permitiram concluir que estas fibras se adequam ao processamento têxtil, como em
compressas, pensos e a ligaduras, sendo a primeira fibra apropriada a tratamentos de ação
rápida e as restantes a tratamentos prolongados.
Resumo MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | viii
Pelo estudo de mercado efetuado, concluiu-se que os produtos derivados das fibras
desenvolvidas seriam um bom concorrente para o único produto do género existente no
mercado, dado que são capazes de providenciar quantidades de agente ativo a velocidades
semelhantes e superiores às apresentadas por esse produto.
Abstract MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | ix
Development of Biocompatible Fibers for Controlled Release of Active
Agents
Abstract
Nowadays there are many technologies for drug delivery systems. The ones that promote
a controlled releasing rate are the most attractive in what commercial value concerns. Within the
existing systems it has recently been highlighted the great potential of bio-polymers as matrix for
active agents encapsulation.
The objective of this dissertation was the development of polymeric fibers with controlled
release of active agents. Such fibers could be applied in sutures and dressings. Initially, five
different polymers were studied, two of them were soluble in aqueous solutions (polyethylene
oxide and polyvinyl acid), two were humidity responsive and one was pH-responsive (polymers
derivated from acrylic and metacrylic acid). However the extrusion process was only possible for
one soluble polymer, one responsive to humidity polymer and for the pH-responsive polymer. The
three different fibers produced had a core-sheath cross section geometry, where the responsive
polymer filled with the active agent (ibuprofen) was placed in the external layer.
The fiber with the higher releasing rate (73.044 mg h-1) was the one produced with the
soluble polymer, followed by the fiber with the pH-responsive polymer (0.870 mg h-1) and finally
the fiber with the humidity responsive polymer (0.186 mg h-1). The elongation values
(57.19±8.14) %, (42.97±4.51) % and (38.99±5.50) %, and the tenacity values of
(1.75±0.10) cN dtex-1, (1.97±0.08) cN dtex-1 and (1.76±0.13) cN dtex-1 for the soluble polymer,
the humidity sensitive polymer and to the pH-responsive polymer, respectively, allows to
conclude that the fibers are able to be submitted to textiles processes. The fiber produced using
a soluble polymer, due to its high release rate is appropriate for rapid action treatments and the
ones pH-responsive and moisture responsive are most suited for prolonged treatments.
As benchmark it was used a commercial available product, the produced fibres shows
great potential once they are capable of provide quantities of active agent at least to the same
delivery rates of a commercial product.
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Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | x
Índice MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xi
Índice
Agradecimentos ......................................................................................................................... v
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos......... vii
Resumo ................................................................................................................................... vii
Development of Biocompatible Fibers for Controlled Release of Active Agents ............................ ix
Abstract .................................................................................................................................... ix
Índice ....................................................................................................................................... xi
Índice de Figuras ..................................................................................................................... xv
Índice de Tabelas ................................................................................................................... xxv
Lista de Abreviaturas e Siglas ................................................................................................. xxix
Lista de Variáveis ................................................................................................................... xxxi
1. Introdução ........................................................................................................................ 1
1.1. Enquadramento ........................................................................................................ 1
1.2. Motivação ................................................................................................................. 2
1.3. Objetivos ................................................................................................................... 2
1.3.1. Abordagem ........................................................................................................ 3
1.4. Metodologias ............................................................................................................. 4
1.4.1. Análise Termogravimétrica ................................................................................. 4
1.4.2. Composição de Polímeros por Extrusão ............................................................. 5
1.4.3. Melt Spinning .................................................................................................... 6
1.4.4. Espectroscopia Ultravioleta-Visível ...................................................................... 8
1.4.5. Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier ........................... 8
1.4.6. Microscopia Ótica .............................................................................................. 9
1.4.7. Ensaios Mecânicos .......................................................................................... 11
2. Sistemas de Libertação de Agentes Ativos ....................................................................... 13
2.1. Agente Ativo: IBU .................................................................................................... 16
Índice MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xii
2.2. Mecanismos de Libertação Controlada..................................................................... 18
2.2.1. Difusão ............................................................................................................ 18
2.2.2. Erosão do Polímero ......................................................................................... 19
2.2.3. Sistema de Expansão Seguida de Difusão ........................................................ 20
2.2.4. Degradação ..................................................................................................... 20
2.3. Sistema de Libertação Transdérmico ....................................................................... 21
3. Polímeros para Sistemas de Libertação Controlada de Agentes Ativos .............................. 23
3.1. Fatores que Influenciam a Degradação dos Polímeros .............................................. 23
3.1.1. Vantagens e Desvantagens da Utilização de Polímeros Biodegradáveis ............. 24
3.2. Polímeros Sensíveis a Estímulos Ambientais ............................................................ 25
3.2.1. Polímeros pH-responsivos ................................................................................ 26
3.3. Polímeros Biocompatíveis ........................................................................................ 27
3.3.1. PEO................................................................................................................. 27
3.3.2. PVA ................................................................................................................. 28
3.3.3. Copolímeros Derivados de Ácido Acrílico e Metacrílico ...................................... 29
3.3.4. LDPE ............................................................................................................... 35
4. Fibras como Sistema de Libertação Controlada ............................................................... 37
4.1. Fibras pH-responsivas ............................................................................................. 38
4.2. Características e propriedades das fibras ................................................................. 39
4.3. Fibras bicomponentes ............................................................................................. 41
4.3.1. Fibras core-sheath ........................................................................................... 42
5. Materiais e Métodos ........................................................................................................ 43
5.1. Materiais ................................................................................................................. 43
5.2. TGA ........................................................................................................................ 44
5.3. Estudo Preliminar de Extrusão de Polímeros Aditivados ............................................ 44
5.4. Composição de Polímeros por Extrusão ................................................................... 45
Índice MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xiii
5.5. Melt Spinning .......................................................................................................... 46
5.6. Ensaios de Libertação ............................................................................................. 47
4.8.1. UV/VIS ................................................................................................................. 48
5.7. FTIR ........................................................................................................................ 48
5.8. Ensaios de Expansão de Compostos Poliméricos ..................................................... 48
5.9. Microscopia ótica .................................................................................................... 49
5.10. Ensaios Mecânicos .................................................................................................. 49
6. Resultados e Discussão ................................................................................................... 51
6.1. Estudo Preliminar de Extrusão de Polímeros Aditivados ............................................ 51
6.1.1. TGA ................................................................................................................. 51
6.1.2. Ensaios de Libertação ...................................................................................... 59
6.1.3. Ensaios de Expansão ....................................................................................... 68
6.2. Composição de Polímeros por Extrusão ................................................................... 73
6.2.1. TGA ................................................................................................................. 73
6.3. Fibras Processadas por Melt Spinning ..................................................................... 79
6.3.1. Ensaios de libertação ....................................................................................... 79
6.3.2. FTIR ................................................................................................................ 85
6.3.3. Ensaios de Expansão e Degradação ................................................................. 88
6.3.4. Ensaios mecânicos .......................................................................................... 96
7. Conclusão ....................................................................................................................... 97
7.1. Recomendações para Trabalhos Futuros ................................................................. 98
Bibliografia ............................................................................................................................. 99
Anexos ................................................................................................................................. 119
A. Tabelas e Figuras ...................................................................................................... 120
A.1. Estado da Arte dos Sistemas de Libertação Controlada ........................................... 120
A.2. TGA ....................................................................................................................... 133
Índice MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xiv
A.3. UV/VIS .................................................................................................................. 135
A.4. Ensaios Mecânicos ................................................................................................ 138
Índice de Figuras MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xv
Índice de Figuras
Figura 1 – Fotografias dos diferentes constituintes do equipamento de TGA. Na imagem a)
encontra-se representado um exemplo de equipamento no qual decorre a análise. Em b)
encontra-se o acessório denominado autosampler, o qual permite a realização de várias análises
de TGA seguindo uma ordem pré-definida. Em c) é possível visualizar o cadinho de porcelana
onde é colocada a amostra e em d) a termobalança. Na fotografia e) pode-se observar o forno no
compartimento de arrefecimento por ventilação com ar frio. A fotografia em f) representa o
momento em que o forno, devido à elevada temperatura, torna-se incandescente. [12]–[15] ............. 4
Figura 2 – Fotografias de um duplo fuso utilizado na técnica de composição de polímeros por
extrusão. Nesta fotografia visualizam-se as diferentes geometrias do sistema, as quais são
responsáveis pelo transporte e diferentes graus de mistura do objeto de estudo desde a
alimentação até à fieira. [16], [19], [20] ................................................................................................. 5
Figura 3 – Fotografias de uma extrusora tri-componente de melt spinning (a), dos seus
componentes (c), d) e e), e representação esquemática do processamento de materiais
poliméricos em fibras numa extrusora tri-componente (b)). O esquema em b) permite visualizar
que, após alimentação em cada uma das extrusoras de fusos, o material polimérico fundido é
conduzido pelos fusos até à fieira, de onde sai sob a forma de fibra e é arrefecido numa coluna
de ar frio. A partir deste ponto, a fibra polimérica é estirada num conjunto de rolos e bobinada. A
saída das fibras a partir da fieira é visível na fotografia c). Em d) e em e) pode-se observar um
rolo e uma bobine constituintes da linha de estiramento e bobinagem das fibras processadas. [23]–
[27] ............................................................................................................................................. 7
Figura 4 – Representação esquemática de um microscópio ótico e legenda da sua constituição.
[36] ........................................................................................................................................... 10
Figura 5 – Representação gráfica do perfil de libertação de agentes ativos num sistema de
libertação tradicional (curva com linha a cheio) e sua evolução após a administração de outras
dosagens (curvas com linha pontilhada), perfil de libertação mais comum dos sistemas de
libertação recentes (curva com linha tracejada e pontilhada) e limites de concentração mínima
tóxica (MTC) e de concentração mínima efetiva (MEC). [57] ........................................................ 14
Figura 6 – Representação esquemática dos diferentes perfis de libertação de agentes ativos em
função do tempo, sendo que o perfil de tipo I corresponde a uma libertação decrescente ao
longo do tempo, o perfil de tipo II a uma libertação constante com cinética de ordem zero, o
Índice de Figuras MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xvi
perfil de tipo III a uma libertação com cinética de ordem zero e com um atraso substancial, o
perfil de tipo IV a uma libertação por pulsos com atraso e o perfil de tipo V a uma libertação
constante por pulsos múltiplos com atraso entre eles. [55] ......................................................... 15
Figura 7 – Estrutura química de uma molécula de IBU. [60] ....................................................... 16
Figura 8 – Representação esquemática da libertação de agentes ativos ao longo do tempo a
partir de um sistema monolítico de libertação controlada por difusão. O gradiente de
concentração do agente ativo está representado por uma gradação de cor, sendo que a cor
cinzento-escuro indica uma maior concentração e a cor branca uma concentração muito menor
do mesmo. Com o avançar do tempo as moléculas de agente ativo que se encontram na zona
mais concentrada do sistema têm de percorrer distâncias maiores para saírem do mesmo. [5] . 18
Figura 9 – Representação esquemática da libertação de agentes ativos a partir de um sistema de
libertação controlada por difusão na forma de reservatório. O gradiente de concentração do
agente ativo encontra-se representado por uma gradação da cor, sendo que a cor cinzento-
escuro indica uma maior concentração do agente ativo e a cor branca uma concentração muito
menor do mesmo. Com o avançar do tempo verifica-se que as moléculas de agente ativo que se
encontram no núcleo do sistema, apesar de em menor concentração, percorrem sempre a
mesma distância para saírem do mesmo. [5] ............................................................................. 19
Figura 10 – Representação esquemática da libertação de agentes ativos aprisionados num
sistema de libertação controlado por expansão de um polímero sensível a estímulos seguida de
difusão. O esquema (a) representa um sistema de reservatório no qual o agente ativo se
encontra no núcleo e o polímero expansível na membrana. O esquema (b) representa um
sistema monolítico no qual o polímero expansível e o agente ativo encontram-se
homogeneamente misturados. Em ambos os casos, a libertação do agente ativo apenas se inicia
após a expansão do polímero. [5] .............................................................................................. 20
Figura 11 – Representação esquemática da libertação de agentes ativos a partir de um sistema
de libertação controlada por degradação do volume do sistema, em (a), e por degradação da
superfície do sistema, em (b). [5] .............................................................................................. 21
Figura 12 – Fórmula química do PEO, onde n representa o número de repetições da unidade
estrutural presente entre parêntesis retos. [86] ........................................................................... 27
Figura 13 – Fórmula química do polímero PVA, na qual n refere-se ao número de repetições da
unidade estrutural presente entre parêntesis retos. [94] .............................................................. 28
Índice de Figuras MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xvii
Figura 14 – Fórmula química do copolímero metacrílico. [101] ..................................................... 30
Figura 15 – Representação da reação de hidrólise ácida do copolímero metacrílico, catalisada
por moléculas de ácido clorídrico, da qual resulta o copolímero protonado e a formação de
moléculas de etanol. ............................................................................................................... 30
Figura 16 – Representação da reação de hidrólise básica do copolímero metacrílico, catalisada
por NaOH, da qual resulta o polímero ionizado e moléculas de etanol. .................................... 31
Figura 17 – Fórmula química do polímero poli (etilacrilato-co-metil metacrilato-co-
trimetilamonioetil cloreto de metacrilato). [105] ........................................................................... 32
Figura 18 – Fórmula química do polímero poli (butilmetacrilato-co-(2-dimetilaminoetil)
metacrilato-co-metil metacrilato). [110] ........................................................................................ 33
Figura 19 – Representação da reação de hidrólise ácida do polímero poli (butilmetacrilato-co-(2-
dimetilaminoetil) metacrilato-co-metil metacrilato), catalisada por ácido clorídrico, da qual resulta
o polímero protonado e três álcoois. ....................................................................................... 34
Figura 20 – Representação da hidrólise básica do polímero poli (butilmetacrilato-co-(2-
dimetilaminoetil) metacrilato-co-metil metacrilato), catalisada por NaOH, da qual resulta o
polímero ionizado e três álcoois. ............................................................................................. 34
Figura 21 – Fórmula química do LDPE, na qual n representa o número de repetições da
estrutura química entre parêntesis retos. [114] ............................................................................ 35
Figura 22 – Fotografias de uma fibra contendo um polímero pH-responsivo. Na fotografia da
esquerda, a fibra encontra-se no estado anterior à sua exposição ao estímulo. Na fotografia
central é notável a resposta do polímero na fibra ao aumento do pH, o que resultou numa
expansão do polímero que é melhor visualizada na fotografia à direita. [122] ............................... 39
Figura 23 – Representação esquemática das diferentes geometrias de secção transversal
possíveis para uma fibra. [122] ................................................................................................... 42
Figura 24 – Representação esquemática de alguns exemplos de geometrias de seção transversal
core-sheath. [39] ........................................................................................................................ 42
Figura 25 – Representação gráfica da variação da massa (xm) de vários compostos em função do
aumento de temperatura (T). Neste gráfico, o perfil a (-- --) pertence ao polímero E_PO, o perfil a
(. . .) pertence ao polímero L100-55, o perfil a (----) corresponde ao polímero RL, o perfil a (----)
corresponde ao polímero RS, o perfil a (-- --) pertence ao polímero LDPE, o perfil a (-- . --)
corresponde ao polímero PEO, o perfil a (. . .) pertence ao polímero PVA, o perfil a (---- ----)
pertence ao agente ativo IBU e o perfil a (---- . . ----) pertence ao Br200. ....................................... 51
Índice de Figuras MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xviii
Figura 26 – Representação gráfica dos perfis de degradação térmica do polímero RL, do agente
ativo IBU e do composto constituído por 70 % de RL e 30 % de IBU, nos quais se verifica a
variação da sua massa (xm) em função do aumento de temperatura (T). A curva a (----) diz
respeito ao perfil do polímero RL, a curva a (-- . --) corresponde ao perfil do IBU e a curva a (-- --
) corresponde ao perfil do composto. O perfil a (-------) diz respeito à derivada do perfil de
degradação do composto, cujos pontos de inflexão indicam as temperaturas às quais ocorrem
perdas de massa no perfil do composto. ................................................................................. 54
Figura 27 – Representação gráfica da variação da massa (xm), em função da temperatura (T), do
agente ativo IBU, do polímero RS e do composto constituído por 30 % deste agente ativo e por
70 % deste polímero. A curva a (-- --) é representativa do perfil de degradação do composto, a
curva a (----) representa o perfil de degradação do polímero e a curva a (-- . --) representa o perfil
de degradação do agente ativo. O perfil a (-------) diz respeito à derivada do perfil de degradação
do composto, cujos pontos de inflexão indicam as temperaturas às quais ocorrem perdas de
massa no perfil do composto. ................................................................................................. 55
Figura 28 – Representação gráfica da variação da massa (xm), em função da temperatura (T), do
polímero E_PO, do agente ativo IBU e do filamento constituído por 70 % de E_PO e por 30 % de
IBU. O perfil a (-- --) pertence ao filamento, o perfil a (----) pertence ao polímero virgem e o perfil a
(-- . --) pertence ao agente ativo. O perfil a (-------) diz respeito à derivada do perfil de degradação
do composto, cujos pontos de inflexão indicam as temperaturas às quais ocorrem perdas de
massa no perfil do composto. ................................................................................................. 57
Figura 29 – Representação gráfica variação da massa de agente presente no meio de libertação
(mIBU) ao longo do tempo (t), sendo que a curva a (-------) corresponde ao sistema constituído por
99.34 % de PVA e 0.66 % de IBU e a curva a (--------) ao sistema composto por 99.34 % de PEO e
0.66 % de IBU. ....................................................................................................................... 59
Figura 30 – Representação gráfica da massa de IBU presente no meio de libertação (mIBU) ao
longo do tempo (t). A curva a (-----) referente à libertação de IBU a partir de uma matriz de L100-
55 em meio constituído pela mistura de soluções de NaOH e HCl, ambas a 0.1 mol dm -3, a
pH=4.5, e a curva a (-------) diz respeito à libertação de IBU a partir da mesma matriz num meio
constituído pela mistura das mesmas soluções, mas a pH=7.2. Neste composto, 0.66 % de
massa é constituída por IBU, 49.67 % por L100-55 e 49.67 % por PEG. .................................. 60
Figura 31 – Fotografia do sistema de libertação constituído por 0.66 % de IBU, 49.67 % de L100-
55 e por 49.67 % de PEG (à esquerda) e do respetivo controlo constituído por 50 % de L100-55
Índice de Figuras MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xix
e 50 % de PEG (à direita). O presente sistema caracteriza-se por possuir um toque muito viscoso
e por possuir uma forma inconsistente, a qual tornava-se mais rígida quando em contacto com o
meio de libertação. ................................................................................................................. 62
Figura 32 – Representação gráfica da variação da massa de IBU presente no meio de libertação
(mIBU) ao longo do tempo (t), resultate da sua libertação de sistemas constituídos por 0.66 % de
agente ativo e 99.34 % de polímero. A curva a (---------) corresponde ao sistema contendo RL como
matriz polimérica e a curva a (----------) ao sistema constituído por uma matriz de RS. ................ 62
Figura 33 – Fotografias de um composto do sistema de libertação constituído por 99.34 % de RS
e 0.66 % de IBU. Em a) é possível observar a aparência do composto após a sua composição
por extrusão. Em b) pode-se observar o polímero seco após ter sido submetido a um ensaio de
libertação. Em c) é possível observar uma ampliação da fotografia b) onde é claramente visível
uma lasca do composto, causada por degradação física do mesmo durante o ensaio de
libertação. .............................................................................................................................. 63
Figura 34 – Representação gráfica da variação da massa de IBU presente no meio de libertação
(mIBU) ao longo do tempo (t) a partir de um sistema constituído em 0.66 % por agente ativo e em
99.34 % pelo polímero E_PO. A curva a (---------) diz respeito à libertação de IBU num meio de
libertação de pH=6.8 obtido por mistura de soluções de NaOH e de HCl, ambas a 0.1 mol dm -3.
A curva a (---------) corresponde à libertação de IBU num meio de libertação de pH=9.47, o qual foi
obtido por mistura das mesmas soluções................................................................................ 64
Figura 35 – Representação gráfica da variação da massa de IBU (mIBU) presente no meio de
libertação em função do tempo (t) a partir de sistemas constituídos por 30 % de agente ativo e
70 % de polímero. A curva a (---------) diz respeito ao sistema à base de RL e a curva a (---------) ao
sistema à base de RS, os quais foram introduzidos em água para libertação do agente ativo. A
libertação do agente ativo a partir do sistema constituído por E_PO, curva a (--------), foi realizada
em água com o pH ajustado para 6.8. .................................................................................... 65
Figura 36 – Fotografias do sistema de libertação constituído por 70 % de RL e por 30 % de IBU
em vários momentos de análise. Em a), os compostos deste sistema encontram-se num estado
expandido devido ao contacto com o meio de libertação. Em b), após 8158 min em expansão, os
compostos encontram-se muito mais expandidos e muito mais frágeis devido ao desgaste físico
sofrido. Em c) encontra-se uma fotografia dos compostos deste sistema após a sua composição
por extrusão e em c) encontra-se a fotografia dos mesmos compostos após o ensaio de
Índice de Figuras MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xx
expansão, na qual é visível o desgaste físico sofrido pelos mesmos, principalmente após
comparação com c). ............................................................................................................... 66
Figura 37 – Fotografias dos grânulos de mistura de polímero com agente ativo por fundir
presentes nos compostos dos sistemas constituídos por 70 % de RL e 30 % de IBU (a), por 70 %
de RS e 30 % de IBU (b), e por 70 % de E_PO e 30 % de IBU (c). ............................................ 67
Figura 38 – Representação gráfica do aumento do diâmetro dos compostos (xdp) em função do
tempo (t) dos sistemas de libertação constituídos por 99.34 % de RL e 0.66 % de IBU (---------) e
por 70 % de RL e 30 % de IBU (---------), e perfis de expansão dos controlos dos ensaios referidos
(curvas a --------- e a -------- respetivamente). Os controlos dos sistemas de libertação de agente ativo
consistem em compostos de RL puro que foram extrudidos nas mesmas condições que os
respetivos sistemas. Nestes sistemas o valor zero representa o diâmetro dos compostos anterior
à sua introdução em água. ..................................................................................................... 69
Figura 39 – Representação gráfica do aumento do diâmetro dos compostos (xdp) em função do
tempo (t) dos sistemas de libertação constituídos por 70 % de RS e 30 % de IBU (curva a --------) e
por 99.34 % de RS e 0.66 % de IBU (curva a --------), e perfis de expansão dos controlos dos
ensaios referidos (curvas a -------- e a ---------- respetivamente), constituídos por RS virgem. Nestes
sistemas o valor zero representa o diâmetro dos compostos antes da sua introdução em água. 70
Figura 40 – Representação gráfica do aumento do diâmetro dos compostos (xdp) em função do
tempo (t) dos sistemas de libertação à base de E_PO a pH=6.8. Os compostos constituídos por
99.34 % de polímero e 0.66 % de IBU (curva a ---------) e por 70 % de polímero e 30 % de IBU
(curva a --------), e os controlos dos ensaios referidos (curvas a -------- e a --------- respetivamente)
foram introduzidos numa mistura de soluções de NaOH e de HCl, ambas a 0.1 mol dm -3. Os
compostos constituídos por 70 % de polímero e 30 % de IBU (curva a --------) e o respetivo controlo
(curva a --------, sobreposta à curva verde) foram introduzidos em água com pH ajustado para 6.8.
Nestes sistemas, o valor zero é representativo do diâmetro dos compostos antes da sua
introdução em água. ............................................................................................................... 71
Figura 41 – Representação gráfica da variação da fração mássica (xm) de várias amostras em
função da temperatura (T). O perfil a (- - - -) representa a degradação térmica do Br200, o perfil a (--
-- --) representa a degradação térmica do PEO e os perfis a (-------) e a (-------) dizem respeito à
degradação térmica de compostos à base de PEO, sendo que o primeiro incorporou uma menor
fração mássica de Br200 do que o segundo. O perfil a (- - - -) diz respeito à derivada do perfil de
Índice de Figuras MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xxi
degradação do composto com maior fração de agente ativo, cujos pontos de inflexão indicam as
temperaturas às quais ocorrem perdas de massa no perfil do composto. ................................ 74
Figura 42 – Representação gráfica da variação da fração mássica (xm) de várias amostras em
função da temperatura (T). O perfil a (-- --) representa a degradação térmica do Br200, o perfil a (----
--) representa a degradação térmica do PVA e o perfil a (-------) diz respeito à degradação térmica
do composto à base de PVA. O perfil a (- - - -) diz respeito à derivada do perfil de degradação do
composto, cujos pontos de inflexão indicam as temperaturas às quais ocorrem perdas de massa
no perfil do composto. ............................................................................................................ 75
Figura 43 – Representação gráfica da variação da fração mássica (xm) de várias amostras em
função da temperatura (T). O perfil a (-- -- --) representa a degradação térmica do Br200, o perfil a (-
------) representa a degradação térmica do RL e o perfil a (------) diz respeito à degradação térmica
do composto à base de RL. O perfil a (- - - -) diz respeito à derivada do perfil de degradação do
composto, cujos pontos de inflexão indicam as temperaturas às quais ocorrem perdas de massa
no perfil do composto. ............................................................................................................ 76
Figura 44 – Representação gráfica da variação da fração mássica (xm) de várias amostras em
função da temperatura (T). O perfil a (-------) representa a degradação térmica do Br200, o perfil a (--
-- --) representa a degradação térmica do RS e o perfil a (------) diz respeito à degradação térmica
do composto à base de RS. O perfil a (- - - -) diz respeito à derivada do perfil de degradação do
composto, cujos pontos de inflexão indicam as temperaturas às quais ocorrem perdas de massa
no perfil do composto. ............................................................................................................ 77
Figura 45 – Representação gráfica da variação da fração mássica (xm) de várias amostras em
função da temperatura (T). O perfil a (------) representa a degradação térmica do Br200, o perfil a (--
--) representa a degradação térmica do E_PO e o perfil a (-----) diz respeito à degradação térmica
do composto à base de E_PO. O perfil a (- - - -) diz respeito à derivada do perfil de degradação do
composto, cujos pontos de inflexão indicam as temperaturas às quais ocorrem perdas de massa
no perfil do composto. ............................................................................................................ 78
Figura 46 – Variação da massa de Br200 (mBr) libertada a partir da fibra
OS_2015_10_01_10PEO+Br200_ 90LDPE ao longo do tempo (t). ............................................ 80
Figura 47 – Representação gráfica da variação da absorvância (A) do meio de libertação da fibra
OS_2015_10_01_10PVA+Br200_90LDPE, perfil a (---------), e da fibra
OS_2015_09_30_10PVA_90LDPE, perfil a (----------) em função do tempo (t). .......................... 81
Índice de Figuras MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xxii
Figura 48 – Representação gráfica da variação da massa de Br200 no meio de libertação (mBr) ao
longo do tempo (t), libertada a partir dos sistemas OS_2015_10_01_10RL+Br200_90LDPE, perfil
a (------------), OS_2015_10_01_10RS+Br200_90LDPE, perfil a (------------), e
OS_2015_10_01_10E_PO+Br200_90LDPE, perfil a (------------), tendo-se utilizado como controlos
dos ensaios as fibras OS_2015_09_30_10RL+Br200_90LDPE,
OS_2015_09_30_10RS+Br200_90LDPE e OS_2015_09_30_10E_PO+Br200_90LDPE,
respetivamente. ...................................................................................................................... 82
Figura 49 – Fotografias das fibras OS_2015_09_30_10RL_90LDPE e
OS_2015_10_01_10RL+Br200_90LDPE, fotografias a) e b) respetivamente, nas quais de
verificam irregularidades ocorridas durante o seu processamento. Em a) pode-se visualizar a
textura rugosa dos filamentos e em b) distribuição irregular da camada externa pelos filamentos
que constituem a fibra, existindo filamentos que, pela sua cor branca, aparentam não possuir
camada externa. ..................................................................................................................... 84
Figura 50 – Representação gráfica dos perfis de transmitância (Tr) da água (perfil a ------), do PEO
(perfil a ------), do Br200 (perfil a ------) e do meio de libertação no final do ensaio de libertação com a
fibra OS_2015_10_01_10PEO+Br200_90LDPE (perfil a ------) em função do número de onda. ... 86
Figura 51 – Representação gráfica dos perfis de transmitância (Tr) da água (perfil a ------), do PVA
(perfil a ------), do Br200 (perfil a ------) e do meio de libertação no final do ensaio de libertação com a
fibra OS_2015_10_01_10PVA+Br200_90LDPE (perfil a ------) em função do número de onda. .... 87
Figura 52 – Representação gráfica dos perfis de transmitância (Tr) da água (perfil a ------), do Br200
(perfil a ------) e dos meios de libertação no final dos ensaios de libertação com as fibras
OS_2015_10_01_10RL+Br200_90LDPE (perfil a ------), OS_2015_10_01_10RS+Br200_90LDPE
(perfil a - - - -), e OS_2015_10_01_10RE_PO+Br200_90LDPE (perfil a - - - -), em função do
número de onda. .................................................................................................................... 88
Figura 53 – Representação gráfica do aumento do diâmetro dos compostos (xdp) em função do
tempo (t) da fibra de controlo OS_2015_09_30_10RL_90LDPE, perfil a (----------), e da fibra
OS_2015_10_01_10RL+Br200_90LDPE, perfil a (-----------). ........................................................ 89
Figura 54 – Fotografias da expansão da camada externa da fibra
OS_2015_09_30_10RL_90LDPE (fotografias a), b) e c)), e da fibra
OS_2015_10_01_10RL+Br200_90LDPE (filamento de maior dimensão nas fotografias d), e) e f)),
aos 0 min, 120 min e 180 min do ensaio de expansão. .......................................................... 89
Índice de Figuras MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xxiii
Figura 55 – Representação gráfica do aumento do diâmetro dos compostos (xdp) em função do
tempo (t) da fibra de controlo OS_2015_09_30_10RS_90LDPE, perfil a (----------), e da fibra
OS_2015_10_01_10RS+Br200_90LDPE, perfil a (-----------). ........................................................ 90
Figura 56 – Fotografias da expansão da camada externa da fibra
OS_2015_09_30_10Rs_90LDPE (fotografias a), b) e c)), e da fibra
OS_2015_10_01_10Rs+Br200_90LDPE (fotografias d), e) e f)), aos 0 min, 60 min e 120 min do
ensaio de expansão. ............................................................................................................... 91
Figura 57 – Representação gráfica do aumento do diâmetro dos compostos (xdp) em função do
tempo (t) da fibra de controlo OS_2015_09_30_10E_PO_90LDPE, perfil a (----------), e da fibra
OS_2015_10_01_10E_PO+Br200_90LDPE, perfil a (-----------). .................................................... 92
Figura 58 – Fotografias da expansão da camada externa da fibra
OS_2015_09_30_10RL_90LDPE (filamento rodeado nas fotografias a), b) e c)), e da fibra
OS_2015_10_01_10RL+Br200_90LDPE (filamento de maior dimensão nas fotografias d), e) e f)),
aos 0 min, 60 min e 120 min do ensaio de expansão. ............................................................ 92
Figura 59 – Fotografias da degradação da camada externa da fibra
OS_2015_09_30_10PEO_90LDPE (fotografias a) e b)), e da fibra
OS_2015_10_01_10PEO+Br200_90LDPE (fotografias c) e d)), nos momentos inicial e final do
ensaio de degradação. ............................................................................................................ 94
Figura 60 – Fotografias da degradação da camada externa da fibra
OS_2015_09_30_10PVA_90LDPE (fotografias a), b) e c)), e da fibra
OS_2015_10_01_10PVA+Br200_90LDPE (fotografias d) e e)), nos momentos que antecederam e
precederam o ensaio de degradação. ...................................................................................... 95
Figura A.2. 1 – Representação gráfica da variação da fração mássica (xm/m) de várias amostras
em função da temperatura (T). O perfil a (---------) representa a degradação térmica do Br200, o
perfil a (----------) representa a degradação térmica do PEO e o perfil a (-------) diz respeito à
degradação térmica do composto à base de PEO aditivado com Br200.....................................134
Figura A.3. 1 – Representação gráfica da curva de calibração do IBU dissolvido em água, na qual
a relação da absorvância (A) com a concentração deste agente ativo ([IBU]) é definida pela
equação A=(0.0515±0.0070)[IBU]+(0.0022±0.0491), com R2=0.9906……………………………135
Figura A.3. 2 – Representação gráfica da curva de calibração do Br200 dissolvido em água, sendo
a relação absorvância (A) em função da concentração deste agente ativo ([B]) definida por
A=(0.0403±0.0093)[B]+(0.0013±0.0011), com R2=0.9996. ............................................... 135
Índice de Figuras MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xxiv
Figura A.3.3 – Representação gráfica da variação da absorvância (A) do meio de libertação da
fibra OS_2015_10_01_10PEO+Br200_90LDPE, perfil a (---------), e da fibra
OS_2015_09_30_10PEO_90LDPE, perfil a (----------) em função do tempo (t). ....................... 137
Figura A.3. 4 – Variação da massa de Br200 (mBr) libertada a partir da fibra
OS_2015_10_01_10PEO+Br200_90LDPE ao longo do tempo (t). ......................................... 137
Índice de Tabelas MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xxv
Índice de Tabelas
Tabela 1 – Valores das temperaturas do fuso (Tfuso) e da fieira (Tfieira) utilizadas para a composição
por extrusão dos diferentes filamentos com a fração mássica de polímero (xm) e de agente ativo
(xa) pretendidas .................................................................................................................. 45
Tabela 2 – Valores das temperaturas estabelecidas para as diferentes zonas do fuso (Tfuso) e para
a fieira (Tfieira), para as diferentes composições dos grânulos desenvolvidos em polímero (xm) e em
agente ativo (xa) ................................................................................................................. 46
Tabela 3 – Valores das velocidades das bombas de débito, respetivas capacidades e caudais
mássicos e fração mássica de material debitado para cada secção das fibras produzidas (sheath
e core). ............................................................................................................................. 47
Tabela 4 – Valores de temperatura inicial (Ti) e final (Tf) de cada fase e respetivos valores fração
de massa perdida (mp) e de massa residual (mr) identificados para os polímeros E_PO, L100-55,
RL, RS, LDPE, PEO e PVA e para o agente ativo IBU na forma pura (IBU) e em formulação de
administração oral (Br200) .................................................................................................... 52
Tabela 5 – Valores referentes às frações mássicas de agente ativo (xIBU), de polímero (xpl) e de
agente ativo perdido (xpIBU) no processo de composição de cada um dos compostos analisados
por TGA ............................................................................................................................ 58
Tabela 6 – Valores velocidades de libertação de agente ativo (va) e velocidade de degradação da
matriz polimérica (vd), para as diferentes formulações dos compostos desenvolvidos em polímero
(xm) e em agente ativo (xa) ................................................................................................... 68
Tabela 7 – Valores referentes às frações mássicas de agente ativo (xIBU), de polímero (xpl) e de
agente ativo perdido ou ganho (xpIBU) no processo de composição de cada um dos compostos
analisados por TGA em relação à fração mássica expectada para o agente ativo, pelo que os
valores acompanhados por um sinal positivo são indicativos de um incremento na fração
mássica e os valores acompanhados por um sinal negativo são indicativos de uma diminuição da
mesma ............................................................................................................................. 79
Tabela 8 – Valores das velocidades de libertação de agente ativo (va) e velocidade de degradação
da camada externa das fibras (vd), para as suas diferentes formulações em polímero (xm) e em
agente ativo (xa) ................................................................................................................. 83
Tabela 9 – Valores de alongamento (Al) e de tenacidade (Te) para cada uma das fibras
processadas ...................................................................................................................... 96
Índice de Tabelas MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xxvi
Tabela A.1. 1 – Sistemas de libertação controlada de agentes ativos formulados em laboratório,
recorrendo à técnica de composição de polímeros por extrusão, sendo P.B. o polímero base da
formulação, Tp a temperatura utilizada para o processamento do sistema e Rf a referência
bibliográfica de onde foi extraída a informação.......................................................................120
Tabela A.1. 2 – Sistemas de libertação controlada de agentes ativos disponíveis comercialmente,
recorrendo à técnica de composição de polímeros por extrusão, sendo P.B. o polímero base da
formulação, Tp a temperatura utilizada para o processamento do sistema e Rf a referência
bibliográfica de onde foi extraída a informação ................................................................... 125
Tabela A.1. 3 – Sistemas de libertação controlada de agentes ativos patenteados, recorrendo à
técnica de composição de polímeros por extrusão, sendo P.B. o polímero base da formulação,
Tp a temperatura utilizada para o processamento do sistema e Rf a referência bibliográfica de
onde foi extraída a informação .......................................................................................... 127
Tabela A.2. 1 – Valores referentes às frações mássicas de agente ativo (xIBU), de polímero (xpl) e
de massa de amostra (ma) no processo de composição de cada um dos compostos analisados
por TGA................................................................................................................................133
Tabela A.2. 2 – Valores referentes às frações mássicas de agente ativo (xIBU), de polímero (xpl) e
de massa de amostra (ma) no processo de composição de cada um dos compostos analisados
por TGA .......................................................................................................................... 134
Tabela A.3. 1 – Valores do limite de deteção e do limite de quantificação do equipamento
relativamente ao IBU ........................................................................................................ 135
Tabela A.3. 2 – Valores do limite de deteção e do limite de quantificação do equipamento em
relação ao Br200 ................................................................................................................ 136
Tabela A.3. 3 – Valores das massas das amostras iniciais e finais dos compostos aditivados com
Br200 (mia e mfa) e das massas das amostras iniciais e finais dos compostos utilizados como
controlo (mic e mfc), para as suas diferentes formulações em polímero (xm) e em agente ativo (xa)
...................................................................................................................................... 136
Tabela A.3. 4 – Valores das massas das amostras iniciais e finais dos compostos aditivados com
Br200 (mia e mfa) e das massas das amostras iniciais e finais dos compostos utilizados como
controlo (mic e mfc), para as suas diferentes formulações em polímero (xm) e em agente ativo (xa)
na camada externa .......................................................................................................... 138
Tabela A.4. 1 – Valores de massa linear (mL) e de força de rotura (FR) de cada uma das fibras
processadas e estiradas ................................................................................................... 138
Índice de Tabelas MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xxvii
Tabela A.4. 2 – Valores das massas volúmicas dos polímeros e do agente ativo constituintes das
fibras com sistemas de libertação à base de PEO, RS e E_PO ............................................. 139
MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xxviii
Lista de Abreviaturas e Siglas MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xxix
Lista de Abreviaturas e Siglas
BCS – Biopharmaceutical Classification System;
Br200 – Brufen® 200 mg, fármaco constituído essencialmente por ibuprofeno;
DSC – Calorimetria diferencial de varrimento;
E_PO – Eudragit E PO;
FDA – Food and Drug Administration;
FTIR – Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier (do inglês Fourier
Transform Infrared Spectroscopy);
IBU – Ibuprofeno;
L100-55 – Eudragit L100-55;
LDPE – Polietileno de baixa densidade;
MEC – Concentração mínima efetiva;
MTC – Concentração mínima tóxica;
PEG – Polietilenoglicol;
PEO – Óxido de polietileno;
PLA – Ácido polilático;
PLGA – Poli (ácido lático-co-glicólico);
PP – Polipropileno;
PVA – Álcool polivinílico;
RL – Eudragit RL PO;
RPCEV – Repulsão dos Pares Eletrónicos da Camada de Valência;
RS – Eudragit RS PO;
Lista de Abreviaturas e Siglas MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xxx
TGA – Análise termogravimétrica (do inglês Thermogravimetric Analysis);
UV/VIS – Espectroscopia ultravioleta-visível.
Lista de Variáveis MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xxxi
Lista de Variáveis
Ø – Diâmetro dos orifícios da fieira do equipamento de extrusão multicomponente por melt
spinning da Hills Inc.;
A – Absorvância de uma solução lida no equipamento UV/Vis;
Al – Alongamento de uma fibra, dada como a fração correspondente à diferença entre o
comprimento da fibra após e pré estiramento;
Alt – Área lateral de uma determinada fibra;
As – Área de secção transversal de uma fibra;
[B] – Concentração de Brufen® 200 mg numa solução padronizada;
Deq – Diâmetro equivalente de uma fibra;
DTGA – Derivada da fração mássica da amostra colocada no TGA, determinada ao longo do tempo;
FR – Força aplicada a uma fibra no momento da sua rotura;
[IBU] – Concentração de ibuprofeno numa solução padronizada;
ma – Massa de amostra recolhida para uma determinada análise;
mBr – Massa de Brufen® 200 mg quantificada durante um ensaio de libertação;
mBr real – Massa de Brufen® 200 mg efetivamente presente numa amostra;
mBr t – Massa de Brufen® 200 mg correspondente à fração mássica de agente ativo pretendida
numa amostra;
mfa – Massa final de uma amostra, de ensaio de libertação, de um composto ou fibra aditivada
com agente ativo;
mfc – Massa final de uma amostra de um composto ou fibra utilizada como controlo num ensaio
de libertação;
Lista de Variáveis MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xxxii
mia – Massa inicial de uma amostra, para ensaio de libertação, de um composto ou fibra
aditivada com agente ativo;
mic – Massa inicial de uma amostra de um composto ou fibra utilizada como controlo num
ensaio de libertação;
mIBU – Massa de IBU libertada quantificada durante um ensaio de libertação;
mL – Massa linear de 100 m de uma fibra;
mp – Fração mássica referente à massa perdida por um material num determinado intervalo de
temperaturas do ensaio de TGA;
mr – Fração mássica correspondente à massa de resíduo de um material no final de um ensaio
de TGA;
Pe – Perímetro da secção transversal de uma fibra;
t – Tempo;
Te – Tenacidade de uma fibra;
Tf – Temperatura no final de uma fase de degradação térmica do perfil de uma amostra após
TGA;
Tfieira – Temperatura a que se encontra a fieira da extrusora de composição ou a extrusora de melt
spinning;
Tfuso – Temperatura a que se encontra uma determinada zona do fuso da extrusora de
composição ou da extrusora de melt spinning;
Tg – Temperatura de transição vítrea de um dado composto;
Ti – Temperatura de início de uma fase de degradação térmica do perfil de uma amostra após
TGA;
Tr – Transmitância de uma amostra lida no FTIR;
va – Velocidade de libertação de agente ativo a partir de um composto polimérico ou de uma
fibra;
Lista de Variáveis MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xxxiii
vd – Velocidade de degradação da matriz polimérica de um composto polimérico ou fibra;
Xa – Fração mássica de agente ativo presente na camada externa de uma fibra ou num
composto polimérico;
xIBU – Fração mássica do agente ativo ibuprofeno num filamento ou numa fibra, sendo esta dada
pela razão entre a massa de ibuprofeno e massa total do filamento ou fibra;
xm – Fração mássica de um material, sendo esta dada pela razão entre a massa do mesmo a
uma determinada temperatura e a sua massa no início do TGA;
xpBr – Fração mássica de Brufen® 200 mg perdida relativamente à fração mássica deste agente
ativo pretendida para a amostra;
xpIBU – Fração mássica referente às perdas de agente ativo durante a etapa de composição de
polímeros por extrusão ou durante a etapa de melt spinning, resultando esta da diferença entre a
fração mássica de ibuprofeno pretendida e a fração mássica de ibuprofeno presente no filamento
ou fibra;
xpl – Fração mássica de um polímero presente num filamento ou fibra, sendo esta obtida pelo
quociente entre a massa do polímero e a massa total do filamento ou fibra.
MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | xxxiv
Introdução MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 1
1. Introdução
Atualmente existem várias tecnologias de libertação de agentes ativos, os quais podem
ser fármacos, pesticidas, corantes, entre outros exemplos, sendo os sistemas que têm por base
matrizes poliméricas os mais utilizados. De entre as tecnologias existentes, as que permitem
controlar a libertação dos agentes ativos de uma forma pré-determinada são as mais apelativas
para os mais diversos setores de atividade económica.
1.1. Enquadramento
Os sistemas de libertação projetados para o controlo da frequência de administração de
dosagem baseiam-se essencialmente na alteração da taxa de absorção do agente ativo. Apesar
deste tipo de produto estar disponível comercialmente há vários anos, atualmente têm sido
desenvolvidos sistemas que promovem a libertação localizada, o que normalmente não acontece
com as técnicas de dosagem mais convencionais. A libertação controlada dos agentes ativos por
estes sistemas é mais eficiente, aumentando consequentemente os benefícios terapêuticos e
minimizando os efeitos secundários. [1]–[5]
De entre os polímeros utilizados como constituintes deste tipo de sistemas, os polímeros
biodegradáveis têm demonstrado um grande potencial como matriz de aprisionamento do
agente ativo, pois permitem a marcação dos locais onde devem atuar. Um grande número de
polímeros biodegradáveis possui características que lhes conferem biocompatibilidade e que
contribuem para o aumento da estabilidade dos agentes ativos. Para além disso, os polímeros
são aplicados em vários sistemas de distribuição de fármacos por possuírem propriedades
únicas como, por exemplo, a bioestabilidade e a biodisponibilidade, para além das acima
referidas, que ainda não foram alcançadas por qualquer outro material. [1]–[5]
Nos últimos anos, as investigações realizadas sobre sistemas de libertação controlada,
entre outras aplicações, têm sido direcionadas também para a produção de fibras à base de
polímeros com agentes ativos incorporados para aplicações como suturas, compressas, pensos
ou suportes para cultura celular. Neste tipo de abordagem, os agentes ativos libertam-se de
acordo com o tipo de controlo implementado nas fibras e, após a sua depleção, o polímero é
bioabsorvido. Deste modo, é eliminada a dificuldade de sincronização da libertação dos agentes
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ativos com a bioerosão da matriz polimérica, atingindo-se uma taxa de distribuição
específica. [2], [6]
1.2. Motivação
O tema surge da necessidade de desenvolver fibras com potencial de aplicação em
suturas, pensos e compressas ou sistemas de suporte a cultura celular, que sejam capazes de
libertar agentes ativos quando submetidas a um dado estímulo, podendo desta forma realizar
um tratamento mais localizado e mais eficiente em termos de dosagem. O recurso a polímeros
biodegradáveis para a formulação destes sistemas permitirá obter uma nova forma mais eficaz
para manter a saúde física. A escolha do polímero com as propriedades de superfície e de
volume apropriadas ao agente ativo selecionado permite otimizar a sua administração,
contribuindo assim para o aumento da eficiência do tratamento e para minimizar a ocorrência de
efeitos secundários. Deste modo, a libertação controlada do agente ativo mantém a
concentração deste na gama terapêutica, constituindo assim uma mais-valia na área médica. [2], [6]
Para além disso, a crescente preocupação ambiental tem conduzido à necessidade de
utilização e desenvolvimento de polímeros biodegradáveis, sendo dada ênfase aos polímeros de
origem biológica devido à mais fácil degradação dos produtos desenvolvidos com os mesmos. Os
subprodutos resultantes dessa degradação não são prejudiciais nem para a pessoa, nem para o
meio ambiente, sendo mineralizados e restituídos aos seus ciclos elementares. O ajustamento
da dosagem administrada conseguido nestes sistemas beneficia o ambiente pela diminuição da
poluição da água e do solo com fármacos. Estes afetam a fauna e a flora locais e contribuem
para o aumento da resistência de organismos patogénicos a fármacos, nomeadamente
antibióticos. Deste modo, os microrganismos são mais dificilmente eliminados em estações de
tratamento e no próprio corpo humano. [7]–[9]
1.3. Objetivos
O objetivo deste trabalho consistiu no desenvolvimento de sistemas de libertação
controlada de agentes ativos à base de fibras poliméricas com potencial de utilização em
suturas, pensos, compressas ou como suporte a sistemas de cultura celular.
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1.3.1. Abordagem
A primeira fase deste trabalho consistiu na identificação, seleção e caracterização dos
materiais e dos sistemas de libertação. Para tal, efetuou-se um levantamento sobre o estado da
arte dos diferentes sistemas de libertação existentes passíveis de incorporação em matrizes
poliméricas por tecnologias de extrusão. Posteriormente, realizou-se um segundo levantamento
para o material base da fibra a desenvolver, tendo sido identificados polímeros biocompatíveis,
que pudessem ser ou não biodegradáveis. Dado o objetivo principal deste trabalho ser o
desenvolvimento de sistemas de libertação, com enfoque na geometria de secção transversal
das fibras, a seleção do agente ativo não foi tão criteriosa. Assim sendo, foi selecionado o
ibuprofeno (IBU) por ser um dos analgésicos e anti-inflamatórios mais utilizados na área médica.
Os materiais selecionados foram caracterizados termicamente, para a determinação dos
intervalos de temperatura de cada uma das suas fases de degradação. Esta caracterização
permitiu também definir a janela de temperaturas de processo para as etapas posteriores de
composição e fiação por extrusão dos compostos poliméricos.
Numa segunda fase foram produzidos compostos poliméricos utilizando os diferentes
sistemas de libertação selecionados, contendo IBU, pelo recurso à técnica de composição por
extrusão, tendo-se obtido no final um composto polimérico com o agente ativo aprisionado. As
composições mássicas de cada um dos componentes no composto polimérico final foram
definidas com base no estado da arte, nas propriedades de cada um dos polímeros, e nas
limitações processuais verificadas. Os compostos poliméricos com as características mais
adequadas a um processo de fiação por extrusão e melhores taxas de libertação do agente ativo
foram depois encaminhados para a produção de fibras.
A terceira fase consistiu no processamento das fibras a partir dos compostos poliméricos
produzidos recorrendo-se a tecnologias de fiação por extrusão. As fibras foram processadas com
a geometria de secção transversal mais utilizada, segundo o levantamento bibliográfico efetuado,
e com diferentes percentagens do composto previamente produzido, com o objetivo de
posteriormente se avaliar as matrizes no que toca à libertação do agente ativo. Para tal, foram
avaliadas as propriedades e as taxas de libertação das estruturas desenvolvidas em função das
condições de processo.
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1.4. Metodologias
As metodologias utilizadas para a realização do trabalho experimental adjacente ao tema
da dissertação serão abordadas ao longo deste tópico, no qual será dada ênfase à utilidade que
cada uma das metodologias teve para a obtenção dos resultados experimentais.
1.4.1. Análise Termogravimétrica
A análise termogravimétrica (do inglês Thermogravimetric Analysis – TGA) é uma técnica
de análise na qual se monitoriza a variação de massa de uma determinada amostra ao longo do
tempo e em função do aumento da temperatura em atmosfera controlada. Esta técnica é
utilizada na análise de vários materiais (metais, cerâmicas, polímeros, materiais compósitos,
entre outros), os quais são submetidos a um aumento de temperatura até sofrerem degradação
térmica. A amostra a ser analisada pode encontrar-se na forma sólida ou líquida. [10], [11]
O equipamento no qual é realizado o TGA é constituído por uma termobalança
(responsável pela pesagem contínua da amostra), um forno, um sensor de temperatura, um
sistema de registo (dos valores de pesagem e de temperatura) e de controlo da atmosfera no
interior do forno. O resultado da análise efetuada é apresentado na forma de um gráfico fração
mássica em função da temperatura ou tempo, conforme se pretenda um ensaio dinâmico ou
isotérmico. [10] Os diferentes componentes do equipamento de TGA podem ser visualizados na
Figura 1.
Figura 1 – Fotografias dos diferentes constituintes do equipamento de TGA. Na imagem a) encontra-se representado um exemplo de equipamento no qual decorre a análise. Em b) encontra-se o acessório denominado autosampler, o qual permite a realização de várias análises de TGA seguindo uma ordem pré-definida. Em c) é possível visualizar o cadinho de porcelana onde é colocada a amostra e em d) a termobalança. Na fotografia e) pode-se observar o forno no compartimento de arrefecimento por ventilação com ar frio. A fotografia em f) representa o momento em que o forno, devido à elevada temperatura, torna-se
incandescente. [12]–[15]
a) b)
c) e)
f)
d)
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Esta técnica teve a maior importância para a caracterização física das amostras, uma
vez que permitiu efetuar uma análise quantitativa à composição das amostras, ao longo do
ensaio. Para além disto, permitiu ainda conhecer a temperatura a partir da qual cada amostra
sofreu maior degradação térmica e determinar as perdas de agente ativo ocorridas nas etapas
de composição de polímeros por extrusão e de processamento de fibras por melt spinning. [11]
1.4.2. Composição de Polímeros por Extrusão
A composição de polímeros é o processo pelo qual um novo composto é obtido pela
passagem de um ou vários materiais no estado fundido por uma extrusora, pela ação de fusos
em rotação. As extrusoras de composição promovem uma intensa agitação e mistura, que
conduzem à desagregação de partículas, originando no final um polímero com dispersão
uniforme. Para a obtenção do produto final com as propriedades pretendidas é necessário que
cada composto seja termicamente estável nas temperaturas de extrusão utilizadas. [16]–[18]
As extrusoras são normalmente constituídas por um sistema de transporte e mistura de
material, uma fieira que modela o extrudido e um equipamento de arrefecimento, corte e recolha
dos grânulos colocado a jusante da fieira. As extrusoras de duplo fuso possuem dois fusos iguais
colocados lado a lado que se podem mover no mesmo sentido (co-rotação) ou em sentidos
opostos (contra-rotação). Comparativamente às extrusoras de fuso simples, estas possuem um
sistema de alimentação com maior capacidade de doseamento e de dispersão. Um exemplo de
um sistema de duplo fuso pode ser observado na Figura 2. [16]–[18]
Figura 2 – Fotografias de um duplo fuso utilizado na técnica de composição de polímeros por extrusão. Nesta fotografia visualizam-se as diferentes geometrias do sistema, as quais são responsáveis pelo transporte e diferentes graus de mistura do
objeto de estudo desde a alimentação até à fieira. [16], [19], [20]
No que diz respeito a formulações para a indústria farmacêutica, é necessário realizar
uma etapa prévia à sua alimentação na extrusora, de mistura dos polímeros, agentes ativos e
excipientes. Para além disso, a temperatura da zona de fusão utilizada é normalmente 15 °C a
60 °C superior à temperatura de fusão de polímeros semi-cristalinos ou à temperatura de
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transição vítrea (Tg) de polímeros amorfos. Vários estudos comprovaram que a técnica
composição de polímeros por extrusão é uma opção viável à produção de sistemas de libertação
de agentes ativos, e que a sua libertação pode ser alterada pela adição de outras substâncias
ativas. [16]–[18]
Por vezes, a temperatura de processamento dos polímeros aproxima-se ou é superior à
temperatura de degradação do agente ativo ou de outros polímeros, constituindo um problema
para a obtenção do composto polimérico pretendido. Contudo, a adição de plastificantes à
formulação resulta na diminuição da temperatura de processo, torna o fundido mais flexível e
menos viscoso, melhorando as condições de processo e as propriedades do produto final. [16]–[18]
1.4.3. Melt Spinning
A técnica de processamento de fibras por melt spinning é a mais simples das técnicas
de fiação existentes, consistindo na formação de filamentos contínuos por extrusão de polímeros
fundidos, transportados por fusos ou bombas de débito apropriadas, através de uma fieira. Os
polímeros utilizados nesta técnica devem ser termicamente estáveis a temperaturas superiores
às da sua fusão. Após a extrusão, as fibras obtidas são arrefecidas, estiradas e bobinadas,
adquirindo a orientação pretendida e resistência mecânica durante o processo de estiramento,
passando por rolos com diferentes velocidades de rotação. As extrusoras de melt spinning
possuem diferentes morfologias consoante as características físicas das fibras a processar. [21], [22]
As fibras multicomponentes são deveras interessantes e representam um grande avanço
no campo do processamento de fibras sintéticas obtidas por melt spinning. Para a obtenção
destas fibras, o equipamento de melt spinning tem de possuir três extrusoras responsáveis pela
alimentação separada dos materiais constituintes das diferentes camadas da fibra final. Para
além disso, a presença destas juntamente com um pack de fiação, permite a obtenção de fibras
mono-, bi- e tri-componente a partir do mesmo equipamento e com diferentes geometrias de
secção transversal. O pack de fiação é responsável pelo direcionamento dos materiais fundidos,
provenientes de cada extrusora, para as respetivas zonas da secção transversal da fibra, através
de condutas discretas existentes no seu interior até à fieira. [23] Na Figura 3 encontra-se
representada uma instalação de melt spinning para obtenção de fibras multicomponentes.
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Figura 3 – Fotografias de uma extrusora tri-componente de melt spinning (a), dos seus componentes (c), d) e e), e representação esquemática do processamento de materiais poliméricos em fibras numa extrusora tri-componente (b)). O esquema em b) permite visualizar que, após alimentação em cada uma das extrusoras de fusos, o material polimérico fundido é conduzido pelos fusos até à fieira, de onde sai sob a forma de fibra e é arrefecido numa coluna de ar frio. A partir deste ponto, a fibra polimérica é estirada num conjunto de rolos e bobinada. A saída das fibras a partir da fieira é visível na fotografia c). Em d)
e em e) pode-se observar um rolo e uma bobine constituintes da linha de estiramento e bobinagem das fibras processadas. [23]–[27]
As fibras obtidas por esta técnica possuem propriedades que estão diretamente ligadas
às condições processuais estabelecidas (por exemplo, temperatura e velocidade axial dos fusos).
Assim, grandes alterações das condições processuais terão impacto à escala visível (ao nível do
diâmetro e da temperatura da fibra) e à escala molecular (ao nível da orientação das cadeias
poliméricas e do grau de cristalinidade do polímero). Para além disto, as condições de
arrefecimento das fibras recém-extrudidas têm uma grande influência nas propriedades
estruturais das fibras, pelo que a variação destas condições ao longo de um conjunto de fibras
conduz à criação de não-uniformidades nas mesmas. A orientação das cadeias do polímero e a
resistência mecânica das fibras extrudidas dependem da velocidade de bobinagem dos rolos, a
qual deverá ser a mais elevada possível sem que ocorra a quebra dos filamentos. [28], [29]
As grandes vantagens desta técnica residem no facto de não serem utilizados solventes,
evitando-se as etapas associadas à purificação e recuperação dos mesmos, bem como poder ser
aplicada a uma vasta gama de polímeros biodegradáveis e biocompatíveis. Contudo, existe
sempre o risco de degradação do polímero durante o processo de fusão pelo que se deverão ter
em conta as condições de processo, nomeadamente temperaturas e tempo de residência do
material na linha de extrusão. [22], [30]
c) a) b)
d)
e)
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1.4.4. Espectroscopia Ultravioleta-Visível
A espectroscopia ultravioleta-visível (UV/VIS) é a técnica que permite determinar a
concentração de compostos que absorvem ou transmitem radiação na gama do visível (380 nm
a 750 nm) e ultravioleta (190 nm a 380 nm) do espectro eletromagnético. As radiações,
ultravioleta e visível, interagem com a amostra ao nível atómico, promovendo transições dos
eletrões ao longo da nuvem eletrónica dos seus átomos. Devido à incidência da radiação, estes
excitam-se, passando do estado fundamental para um estado de energia maior. Quando estes
transitam para um estado de energia inferior, parte ou toda a energia absorvida é libertada. [31]–[33]
O comprimento de onda utilizado na quantificação do composto na amostra corresponde
ao valor para o qual se obtém o máximo de absorvância, possibilitando a deteção de
concentrações menores do mesmo em soluções de concentração desconhecida. A determinação
da concentração dos compostos, é feita por aplicação da lei de Lambert-Beer, Equação 1, na
qual A representa a absorvância da amostra, ε representa o coeficiente de absorção molar, C representa
a concentração do composto na amostra e l representa o comprimento ótico da célula: [31], [33]
� = � − − × − × (Equação 1)
Esta técnica foi de elevada importância, porque permitiu traçar os perfis de libertação de
agente ativo das diferentes formulações de compostos poliméricos e de fibras, através da
determinação da variação da concentração de IBU ao longo dos ensaios de libertação.
1.4.5. Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier
A Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier (do inglês Fourier
Transform Infrared Spectroscopy - FTIR) é a técnica de espectroscopia mais utilizada na
caracterização química de amostras pela sua capacidade de medir simultaneamente todas as
frequências infravermelhas. Esta técnica consiste na passagem de radiação infravermelha
através da amostra a caracterizar, sendo parte da radiação incidente absorvida e a restante
transmitida. No final da análise, é possível observar um espectro de absorvância ou
transmitância cujas bandas são indicativas das frequências de vibração das ligações que
mantêm os átomos da amostra ligados. Dado que cada composto possui uma constituição
química única, é impossível que compostos diferentes consigam produzir espectros de
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infravermelho iguais. Deste modo, o espetro de infravermelho de um dado composto fornece
informação qualitativa dos compostos presentes na amostra, enquanto os tamanhos dos picos
presentes no espectro indicam a quantidade dos mesmos. [34]
O equipamento utilizado possui uma fonte de radiação infravermelha, um interferómetro,
um detetor e um computador. A fonte de radiação infravermelha consiste num corpo negro
brilhante emissor de um feixe de radiação, com comprimento de onda entre 700 nm e
(1106) nm, que atravessa uma abertura que controla a radiação incidente na amostra, e
posteriormente no detetor. O interferómetro é um dispositivo ótico que produz um sinal contendo
todas as frequências do espectro infravermelho e que contém um divisor do feixe de radiação
emitido, dividindo-o em dois feixes óticos refletidos em dois espelhos planos. Um dos espelhos
encontra-se fixo enquanto o outro é móvel, e quando estes refletem os feixes de radiação, estes
são recombinados. O feixe resultante (sinal interferograma), que possui informação sobre todas
as frequências provenientes da fonte emissora, abandona o interferómetro, entra no
compartimento da amostra e é transmitido ou refletido na superfície desta. As frequências
específicas da radiação incidente são absorvidas pela amostra e o sinal interferograma,
transmitido ou refletido por esta, é encaminhado para o detetor onde é medido e depois para um
computador que o converte em sinais digitais por aplicação da transformada de Fourier. [34]
A presente técnica foi importante para o trabalho desenvolvido, uma vez que permitiu
caracterizar quimicamente os meios de libertação após o término dos ensaios de libertação
realizados às fibras desenvolvidas.
1.4.6. Microscopia Ótica
A microscopia ótica é a técnica de microscopia mais simples, consistindo na visualização
ampliada de um objeto invisível a olho nu, com recurso a um conjunto de lentes. Para a
execução desta técnica utiliza-se um microscópio composto que permite ampliar no máximo até
1500 ou 2000 vezes a imagem da amostra a visualizar, sendo este o limite de visualização com
luz visível. O conjunto de lentes responsável pela ampliação da imagem é constituído pela ocular
e pela objetiva, as quais se encontram na extremidade de um tubo ótico com comprimento
padronizado, como se pode observar na Figura 4.[35]
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Figura 4 – Representação esquemática de um microscópio ótico e legenda da sua constituição. [36]
A constituição do microscópio ótico não se alterou muito ao longo dos anos, mas os
mais modernos têm incorporados no interior do tubo elementos como, por exemplo, filtros,
analisadores, espelhos e prismas, que permitem efetuar outras análises às amostras para além
de ampliar a imagem da amostra. A iluminação atualmente mais usada no microscópio para
visualização da amostra é por luz transmitida, a qual pode ser fornecida, por uma lâmpada. [35]
O microscópio ótico possui quatro objetivas com magnitudes de ampliação diferentes
montadas no revólver, a 4, 10, 40 e 100, correspondendo respetivamente a ampliações
de imagem de 4, 10, 40 e 100 vezes, relativamente à visualização a olho nu. Como cada lente
possui um tamanho e distância entre a lente e a amostra característicos, durante a observação
da amostra é necessário ter em atenção a distância utilizada, principalmente com as objetivas
de maior ampliação (mais compridas), para evitar o contacto entre a amostra e a lente, sob o
risco de danificar a amostra e/ou a lente. Apesar de a magnitude de ampliação de um
microscópio ser uma característica importante, esta não consegue ser tão importante quanto a
resolução do mesmo. A resolução de um microscópio entende-se pela distância mínima entre
dois pontos à qual estes ainda são visualizados distintamente, o que se encontra diretamente
dependente do comprimento de onda da luz a ser utilizado, pelo que quanto menor o valor deste
fator, menor e melhor a resolução do microscópio. [37], [38]
A presente técnica foi de maior importância para a análise da geometria de secção
transversal de cada uma das fibras processadas por melt spinning.
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1.4.7. Ensaios Mecânicos
Os ensaios mecânicos realizados consistem na determinação do alongamento e da
tenacidade da fibra pela avaliação da sua resistência à rotura. A resistência da fibra é das
características das fibras mais utilizada para definir a sua qualidade, uma vez que esta depende
diretamente da orientação adotada pela sua estrutura molecular. Normalmente, durante o
estiramento das fibras, a estrutura molecular orienta-se na direção do seu eixo, mas com a sua
torção, o ângulo de inclinação da fibra aumenta, diminuindo a resistência da fibra na direção do
seu eixo. [39]
A resistência da fibra pode ser determinada através de testes a fibras individuais ou a
meadas, sendo que para cada tipo de teste deve ser utilizado um equipamento específico. No
caso do trabalho experimental associado ao presente documento, realizaram-se testes a fibras
individuais. Este teste é realizado num equipamento de teste da força de fibras individuais, o
qual possui dois suportes, alinhados verticalmente, nos quais as fibras são imobilizadas.
Dependendo da capacidade definida para o ensaio, um dos suportes move-se, aplicando uma
força contínua na fibra até que esta quebre. Enquanto ocorre a extensão da fibra, o equipamento
determina em simultâneo o alongamento da fibra pela diferença do comprimento da fibra no
início do ensaio e o seu comprimento durante o ensaio. Para além do valor de resistência da
fibra, é também determinada a sua tenacidade pelo cálculo da razão entre a força aplicada no
momento da rotura da fibra e o seu título, sendo expressa em N tex-1. [39], [40]
O título de uma fibra, com unidade de Sistema Internacional tex, consiste na relação
apresentada na Equação 2, na qual T representa o título da fibra, m a sua massa, l o seu
comprimento e k a sua constante de valor igual a 1000 g m-1. [41], [42]
� = × (Equação 2)
Na indústria têxtil, este parâmetro é determinado através do cálculo da massa linear da
amostra. Para tal, é muito usual utilizar uma meadeira, na qual se define o número de voltas a
ser dada pela fibra (sendo que cada volta tem 1 m de comprimento), e uma balança para pesar
a meada resultante. [39], [43]
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Os presentes ensaios tiveram um impacto importante na determinação da aplicação
mais apropriada para as fibras processadas por melt spinning.
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2. Sistemas de Libertação de Agentes Ativos
Um sistema de libertação de agentes ativos consiste numa matriz formulada para a
libertação localizada de agentes ativos, por tempo determinado, com o objetivo de aumentar a
eficiência do tratamento. Uma libertação controlada de agentes ativos ocorre quando a
combinação do polímero da matriz com o agente ativo resulta na sua libertação de uma forma
pré-projetada. A forma de libertação pode ser constante ou cíclica durante um período de tempo,
ou estimulada por eventos ambientais ou externos. [2]
Existem vários sistemas de libertação controlada, obtidos por extrusão, já testados,
comercializados e patenteados. Por exemplo, Malin Lindén estudaram a incorporação de
Naproxen por extrusão em Eudragit L100-55 e HPMCAS a temperaturas compreendidas entre
120 °C e 165 °C. [17] Mendham et al investigaram o aprisionamento de propanolol HCl e de
diphenhydramine HCl numa matriz pH-responsiva à base de Eudragit L100 ou de Eudragit
L100-55 por extrusão. [44] Young et al aprisionaram guaifenesin numa matriz de óxido de
polietileno (PEO), contendo Ethocel 100 FP (polímero pH-responsivo), por recurso a extrusão. [45]
Crowley et al estudaram a incorporação de maleato de clorfeniramina numa matriz de PEO, por
extrusão de 70 °C a 105 °C, a qual libertou o agente ativo após expansão e dissolução. [46] Pinto
et al investigaram o aprisionamento de nifedipina em Klucel HPC por meio de extrusão a
temperaturas compreendidas entre 80 °C e 180 °C, e a sua libertação da matriz por difusão. [47]
Margetson et al aprisionaram quinina HCl em Eudragit E100, polímero pH-responsivo,
recorrendo a extrusão a temperaturas de 115 °C a 140 °C, e estudou a libertação do agente
ativo por difusão após expansão do polímero por alteração do pH do meio. [48] O medicamento
Zoladex, comercializado pela AstraZeneca para tratamento do cancro da próstata, consiste na
incorporação de goserrelina numa matriz à base de poli (ácido lático-co-glicólico) (PLGA) por
meios de extrusão a 70 °C. [49], [50] O fármaco Gris-PEG, desenvolvido pela Pedinol para aplicação
em condições de onicomicoses, tem a forma de um comprimido à base de polietilenoglicol (PEG)
com griseofulvina aprisionada na sua matriz através de extrusão a 180 °C. [51] A empresa
farmacêutica Mercks’s desenvolveu o medicamento antifúngico Noxafil por incorporação de
posaconazole numa matriz de PEG por extrusão a temperaturas compreendidas entre 170 °C e
172 °C. [52], [53] Estes e outros exemplos podem ser observados em pormenor nas tabelas
presentes no Anexo A.1.
Sistemas de Libertação de Agentes Ativos MIEB – Tecnologia do Ambiente
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O principal objetivo de um sistema de libertação controlada é aumentar a eficiência dos
tratamentos médicos pelo ajuste da dosagem. Os restantes objetivos passam pela minimização
da quantidade de agente ativo degradado ou perdido, diminuir a possibilidade de ocorrência de
efeitos secundários, proteger agentes ativos com período de vida curto, obter taxas de libertação
do agente ativo previsíveis e reprodutíveis durante o período de tempo pretendido, estabilizar o
agente ativo no interior do sistema e aumentar a sua disponibilidade para o tratamento. [2], [3], [54], [55]
Os sistemas de libertação controlada tradicionais pretendiam tentar manter uma elevada
concentração de agente ativo por um grande período de tempo. No entanto, o perfil de libertação
do mesmo aumentava após a administração até atingir um máximo, e decrescia até ser
administrada uma nova dose, como se pode observar na Figura 5. Com os novos sistemas de
libertação controlada, a concentração do agente ativo mantém-se constante durante um grande
período de tempo, devendo estar compreendida entre a concentração máxima, que pode ser
tóxica, e a concentração mínima, que pode ser totalmente ineficiente. Deste modo, é possível
diminuir o número de administrações a efetuar, otimizar a dose administrada e aumentar a
confiança do cliente no tratamento. Contudo, existe a possibilidade de toxicidade ou de
incompatibilidade se os materiais utilizados não forem conhecidos como biocompatíveis,
originando subprodutos da degradação nefastos. Somando a isto, os custos associados a estes
sistemas são superiores aos custos das formulações farmacêuticas tradicionais. [2], [3], [54], [56]
Figura 5 – Representação gráfica do perfil de libertação de agentes ativos num sistema de libertação tradicional (curva com linha a cheio) e sua evolução após a administração de outras dosagens (curvas com linha pontilhada), perfil de libertação mais comum dos sistemas de libertação recentes (curva com linha tracejada e pontilhada) e limites de concentração mínima tóxica
(MTC) e de concentração mínima efetiva (MEC). [57]
Para que um sistema de libertação controlada de agentes ativos esteja próximo da
idealidade este deve ser inerte e biocompatível, confortável para o paciente, possuir força
mecânica, ser capaz de suportar uma elevada carga de agente ativo, de impedir a sua libertação
acidental e ser facilmente fabricado, esterilizado, administrado e removido. O agente ativo pode
Tempo
Sistemas de Libertação de Agentes Ativos MIEB – Tecnologia do Ambiente
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encontrar-se total ou parcialmente dissolvido ou disperso na matriz polimérica, sendo libertado
por difusão e, por vezes, acompanhado pela degradação do polímero. [16, 18]
A libertação do agente ativo do sistema de libertação que o contém pode decorrer
segundo cinco perfis desejáveis, apresentados na Figura 6, consoante a aplicação pretendida
para o sistema. O perfil I corresponde a uma libertação convencional atrasada não constante,
isto é, a quantidade de agente ativo libertado diminui ao longo do tempo. O perfil II consiste
numa libertação constante do agente ativo com uma cinética de ordem zero, na qual polímeros
sintéticos libertam o agente ativo a uma taxa constante, mantendo a sua concentração na
corrente sanguínea no nível ótimo para obtenção da eficiência máxima do tratamento. O perfil III
caracteriza-se por uma libertação atrasada seguida de uma libertação constante do agente ativo,
a qual é útil para a libertação de agentes ativos a partir de um determinado momento da noite. O
perfil tipo IV diz respeito a uma libertação atrasada seguida de um pequeno pulso de libertação
do agente ativo, sendo este adequado a períodos noturnos nos quais deverá ocorrer a libertação
de, por exemplo, uma hormona a ser administrada por pulsos e não por libertação constante. O
perfil V consiste na libertação de múltiplos pulsos em períodos de tempo específicos, como é
caso da administração de estradióis durante três dias por mês, ao longo de vários meses. Destes
cinco perfis de libertação possíveis, os mais utilizados nos sistemas de libertação atualmente
comercializados são os perfis números I e II. [55]
Figura 6 – Representação esquemática dos diferentes perfis de libertação de agentes ativos em função do tempo, sendo que o perfil de tipo I corresponde a uma libertação decrescente ao longo do tempo, o perfil de tipo II a uma libertação constante com cinética de ordem zero, o perfil de tipo III a uma libertação com cinética de ordem zero e com um atraso substancial, o perfil de tipo IV a uma libertação por pulsos com atraso e o perfil de tipo V a uma libertação constante por pulsos múltiplos com atraso
entre eles. [55]
Independentemente do perfil de libertação de agente ativo do sistema, a concentração
deste no sangue depende da massa libertada, da sua solubilidade nos tecidos e da
disponibilidade de sangue no local de absorção. Para além disso, fatores como a atividade física,
Taxa
Tempo
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o stress emocional, a alimentação e o descanso do paciente causarão flutuações de curta
duração nas concentrações de agente ativo que se pretende manter constantes. [55]
Características como a solubilidade e a permeabilidade do agente ativo influenciam o
seu perfil de libertação e a sua biodisponibilidade para o paciente. Assim, um agente ativo pouco
solúvel e pouco permeável poderá não existir na quantidade desejada na corrente sanguínea.
Tendo em conta estas duas características, a Food and Drug Administration (FDA) criou o
Sistema de Classificação Biofarmacêutica (do inglês Biopharmaceutical Classification System –
BCS), o qual divide os fármacos existente em quatro classes, I, II, III e IV, tendo por base a sua
solubilidade em água e a sua permeabilidade gastrointestinal (após ingestão, a sua absorção só
ocorre no intestino). Os agentes ativos pertencentes à Classe I caracterizam-se por serem muito
solúveis em solventes aquosos e por atravessarem rapidamente a membrana intestinal. No que
diz respeito à Classe II, a absorção dos fármacos no intestino é muito mais lenta devido à baixa
solubilidade dos mesmos em solventes aquosos, sendo necessário melhorar a sua dissolução.
Na Classe III, o fator condicionante é a permeabilidade do agente ativo pela membrana
intestinal, apesar da sua boa dissolução em solventes aquosos. A última Classe engloba todos os
fármacos com baixa solubilidade em solventes aquosos e com baixa permeabilidade, sendo
necessário melhorar estes dois fatores antes da sua administração. [58]
2.1. Agente Ativo: IBU
O IBU, ou ácido 2-(4-isobutilfenil)propanoico, Figura 7, é um fármaco de Classe II do
BCS, pertencente ao grupo das drogas anti-inflamatórias não-esteroides, cuja função consiste
principalmente no alívio da dor, atuando sobre uma substância química chamada
prostaglandina. Esta substância é libertada pelas células de uma determinada zona corporal
como resposta a uma doença ou lesão, causando dor, inflamação e inchaço, contribuindo para a
perceção de dor por parte do cérebro. Quando estas são libertadas no cérebro, pelo hipotálamo,
o indivíduo desenvolve um grande aumento de temperatura, ou seja, febre. [58], [59]
Figura 7 – Estrutura química de uma molécula de IBU. [60]
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O efeito analgésico providenciado por este fármaco inicia-se rapidamente após dosagem,
mas o efeito anti-inflamatório é muito mais fraco, demorando muito tempo até que a inflamação
seja completamente tratada. Por este motivo, o IBU não é receitado para o tratamento de
doenças relacionadas unicamente com inflamações. O IBU pode ainda ser utilizado para fins de
diminuição da formação de coágulos no sangue por possuir propriedades anticoagulantes. [58], [59]
Como o IBU é utilizado em várias condições médicas, para cada uma delas a quantidade
a ser administrada varia. No entanto, existem limites mínimos de eficácia e de toxicidade, quer
para adultos, quer para crianças. As crianças até 12 anos devem ser medicadas com doses de
200 mg em intervalos de 6 h a 8 h e não mais do que isso. No caso dos adultos e crianças com
mais de 12 anos, a estes devem ser medicados 400 mg em intervalos de 6 h a 8 h, sem nunca
ultrapassar os 2400 mg diários, resultantes da ingestão de 600 mg de IBU a cada 6 h. [61]
O IBU funde a temperaturas entre os 75 °C e os 77 °C e sofre degradação térmica a
partir dos 110 °C. Para além disso, o IBU é um agente ativo higroscópico e praticamente
hidrofóbico, e pode atuar como plastificante para alguns polímeros de libertação prolongada com
temperaturas de processamento elevadas. A sua classificação como fármaco de Classe II no
BCS deve-se ao facto de este possuir uma solubilidade em água de 21 mg L -1 a 25 °C, tornando
a sua dissolução muito lenta e limitando a sua absorção no intestino. O IBU é também solúvel
em solventes orgânicos como o etanol (25 mg mL-1), éteres (na proporção 1:2), clorofórmio (na
proporção 1:1), acetona (na proporção 1:1.5), metanol (50 mg mL-1), entre outros. [58], [62]–[67]
O caráter praticamente hidrofóbico do IBU deve-se à sua estrutura química. Como se
pode observar na Figura 7, a molécula de IBU é essencialmente constituída por ligações
apolares C–C e C–H, e por um anel aromático, que contribuem para o seu caráter apolar quase
total e privilegiam as interações intermoleculares de natureza dipolo induzido-dipolo induzido
com outras moléculas orgânicas apolares. De acordo com o princípio da solubilidade
(“semelhante dissolve semelhante”), como as interações intermoleculares entre moléculas de
IBU e moléculas de solventes orgânicas possuem intensidades semelhantes, o IBU é muito
solúvel nestes. Contudo, os átomos de oxigénio do grupo carboxilo da molécula de IBU criam um
dipolo na mesma pelo estabelecimento de ligações covalentes polares simples e duplas C–O e
O–H, onde os eletrões envolvidos não se encontram igualmente distribuídos. Como o IBU possui
interações intermoleculares dipolo-dipolo de menor intensidade que as das moléculas de água e
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estabelece poucas pontes de hidrogénio com estas, este é pouco solúvel em solventes aquosos.
Quando solidificado, o grupo carboxilo do IBU estabelece pontes de hidrogénio com as moléculas
de água presentes no ar, conferindo-lhe o caráter higroscópico referido anteriormente. [62], [68]–[72]
2.2. Mecanismos de Libertação Controlada
A libertação controlada de agentes ativos pode ser classificada de acordo com o
mecanismo de libertação: difusão, erosão, expansão seguida de difusão e degradação. [5], [54]
2.2.1. Difusão
A libertação por difusão consiste na passagem do agente ativo através da matriz
polimérica do sistema de libertação controlada. Esta transferência de massa deve-se à presença
de um gradiente de concentração de agente ativo, pelo que este move-se do interior do sistema
(onde existe concentrado) para o seu exterior (onde a sua concentração é nula) até se atingir o
equilíbrio de concentração entre ambos. A difusão do agente ativo pode ocorrer pelos poros da
matriz polimérica (nível macroscópico) ou pelas cadeias poliméricas (nível molecular). [5], [54], [73]
Um sistema de libertação controlada por difusão obtido por mistura homogénea do
agente ativo com o polímero designa-se sistema matricial ou monolítico. À medida que a difusão
ocorre, a concentração no interior da matriz diminui ao mesmo tempo que a concentração
aumenta gradualmente no exterior, diminuindo a taxa de libertação do agente ativo, porque este
tem de percorrer distâncias cada vez maiores, como se pode visualizar na Figura 8. [5], [54], [73]
Figura 8 – Representação esquemática da libertação de agentes ativos ao longo do tempo a partir de um sistema monolítico de libertação controlada por difusão. O gradiente de concentração do agente ativo está representado por uma gradação de cor, sendo que a cor cinzento-escuro indica uma maior concentração e a cor branca uma concentração muito menor do mesmo. Com o avançar do tempo as moléculas de agente ativo que se encontram na zona mais concentrada do sistema têm de
percorrer distâncias maiores para saírem do mesmo. [5]
No caso de o polímero funcionar como um reservatório para o agente ativo, isto é,
rodear o agente ativo com um filme ou membrana para limitar a sua libertação, devendo este
estar saturado no seu núcleo, como se pode observar na Figura 9. Este revestimento uniforme e
Tempo
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de espessura constante permite que a difusão do agente ativo ocorra a uma taxa constante
durante o tempo de vida do sistema de libertação, ou seja, com uma cinética de ordem zero. No
final da libertação, o interior do sistema encontrar-se-á oco. [1], [5], [54], [55], [73]
Figura 9 – Representação esquemática da libertação de agentes ativos a partir de um sistema de libertação controlada por difusão na forma de reservatório. O gradiente de concentração do agente ativo encontra-se representado por uma gradação da cor, sendo que a cor cinzento-escuro indica uma maior concentração do agente ativo e a cor branca uma concentração muito menor do mesmo. Com o avançar do tempo verifica-se que as moléculas de agente ativo que se encontram no núcleo do
sistema, apesar de em menor concentração, percorrem sempre a mesma distância para saírem do mesmo. [5]
2.2.2. Erosão do Polímero
O mecanismo de libertação controlada por erosão do polímero pode ser dividido em três
tipos. [2], [3], [5], [73]
A erosão de tipo I diz respeito aos polímeros solúveis em água, insolubilizados através de
ligações covalentes. Estes polímeros são inapropriados para a produção de fibras porque voltam
a solubilizar quando as ligações ou o seu próprio esqueleto sofrem clivagem hidrolítica. [2], [3], [5]
A erosão de tipo II refere-se a polímeros inicialmente insolúveis em água que solubilizam
após hidrólise, ionização ou protonação de um grupo pendente. Um exemplo de polímeros de
interesse são os que solubilizam por ionização de grupos de ácido carboxílico. [2], [3], [5]
A erosão de tipo III está relacionada com a conversão de polímeros hidrofóbicos em
pequenas moléculas solúveis em água através da clivagem do esqueleto do polímero. [2], [3], [5]
Atualmente existem duas abordagens em desenvolvimento com base neste mecanismo:
o envolvimento do núcleo contendo o agente ativo com uma membrana bioerodível, e a
dispersão do agente ativo no polímero para obtenção de um sistema monolítico bioerodível. [5]
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2.2.3. Sistema de Expansão Seguida de Difusão
Este tipo de sistema de libertação controlada consiste num polímero, inicialmente seco,
que absorve água ou um fluido corporal e incha, sem ocorrer a sua dissolução. Quanto maior o
volume de fluido absorvido, maior o volume atingido durante a expansão do polímero. Deste
modo, com o aumento da porosidade por alargamento da malha polimérica, o agente ativo
aprisionado é libertado para o meio externo por difusão, Figura 10. Estes polímeros, designados
hidrofílicos, conseguem absorver até cerca de 60 % a 90 % de fluido. [5], [56]
Figura 10 – Representação esquemática da libertação de agentes ativos aprisionados num sistema de libertação controlado por expansão de um polímero sensível a estímulos seguida de difusão. O esquema (a) representa um sistema de reservatório no qual o agente ativo se encontra no núcleo e o polímero expansível na membrana. O esquema (b) representa um sistema monolítico no qual o polímero expansível e o agente ativo encontram-se homogeneamente misturados. Em ambos os casos, a libertação do
agente ativo apenas se inicia após a expansão do polímero. [5]
A característica mais importante e útil destes polímeros é o facto de o aumento de
volume ser desencadeado por um estímulo proveniente do ambiente que rodeia o sistema de
libertação (mudança de pH, temperatura, força iónica, luz, campo magnético, entre outros),
sendo este dependente do próprio polímero. Este género de polímeros poderia ser incorporado
numa matriz polimérica resistente, na forma de fibras, para libertação de agentes ativos por
difusão após o desencadeamento da sua expansão por um determinado estímulo ambiental. [5], [56]
2.2.4. Degradação
O mecanismo de degradação está presente quando um polímero biodegradável se
degrada no interior do corpo, eliminando a necessidade de remoção após a completa libertação
do agente ativo. Esta degradação pode ocorrer por hidrólise uniforme da matriz polimérica, mas
alguns polímeros degradam-se apenas à superfície, sendo a velocidade de libertação do agente
ativo proporcional à área superficial do sistema de libertação, Figura 11. [5][
(a)
(b)
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Figura 11 – Representação esquemática da libertação de agentes ativos a partir de um sistema de libertação controlada por
degradação do volume do sistema, em (a), e por degradação da superfície do sistema, em (b). [5]
2.3. Sistema de Libertação Transdérmico
Um sistema de libertação transdérmico consiste na mistura de um ou mais polímeros
com agentes ativos a serem libertados através da pele durante um período de tempo controlado.
A administração transdérmica deverá ser a maior aplicação dos sistemas de libertação
controlada de agentes ativos desenvolvidos neste trabalho, e uma possível solução para os
agentes ativos que não podem ser administrados por via oral, devido à sua baixa solubilidade e
risco de metabolização no fígado. Contudo, a pele constitui uma barreira natural do organismo,
sendo poucos os agentes ativos que a conseguem penetrar por partição e difusão. Para além
disso, sua a permeabilidade difere de paciente para paciente e entre zonas do corpo de um
mesmo paciente, pelo que o conhecimento dos sistemas de libertação e dos polímeros mais
adequados a sistemas de libertação transdérmicos é de grande importância. [5], [57]
Os polímeros a serem utilizados num sistema de libertação transdérmico devem ser
estáveis, inertes, fáceis de fabricar, biodegradáveis, os produtos da sua degradação não devem
ser tóxicos e não se devem degradar na presença de grandes quantidades de agentes ativos.
Assim sendo, os polímeros mais utilizados como matriz polimérica em sistemas de libertação
controlada transdérmicos são o quitosano, o colagénio, o alginato, o amido, a fibroína de seda, a
gelatina, o ácido hialurónico, os polímeros derivados de celulose, o ácido polilático, entre outros.
Contudo, nem todos os polímeros utilizados em vários sistemas de libertação transdérmicos
podem ser utilizados na formulação de fibras, porque não possuem as características
necessárias como, por exemplo, resistência mecânica. [5]
(a)
(b)
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Polímeros para Sistemas de Libertação Controlada de Agentes Ativos MIEB – Tecnologia do Ambiente
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3. Polímeros para Sistemas de Libertação Controlada de Agentes
Ativos
Os polímeros a utilizar em sistemas de libertação de agentes ativos, devem ser
permeáveis, biodegradáveis e biocompatíveis, e devem possuir resistência mecânica adequada
tanto à aplicação final como aos processos de produção têxteis. Estas propriedades dependem
umas das outras, pelo que a modificação de uma terá efeito nas restantes. Para além disto, o
polímero deverá ainda ser processável, esterilizável e estável durante o armazenamento. [6], [7]
Um polímero biocompatível é um polímero que, após contacto com tecidos e fluidos
corporais de um individuo, não desencadeia reações alérgicas, inflamatórias ou tóxicas no
mesmo. Os polímeros biodegradáveis são biocompatíveis se a sua degradação in vivo, por meio
de enzimas ou outros mecanismos, gerar subprodutos biocompatíveis ou não-tóxicos para o
organismo. No entanto, um polímero biocompatível pode não ser biodegradável e vice-versa.
Estes podem ser classificados como naturais, sintéticos ou semissintéticos, de acordo com a sua
origem. No presente trabalho foram apenas utilizados polímeros sintéticos de origem biológica,
os quais são analisados com maior pormenor no ponto 3.3.[2]–[7], [74]
A biodegradação consiste na conversão de compostos orgânicos em compostos mais
simples, que são mineralizados e distribuídos pelos ciclos elementares do carbono, azoto e
enxofre. Este processo de dois passos decorre apenas na biosfera, por ação enzimática e/ou por
deterioração química por parte de organismos vivos. O primeiro passo consiste na clivagem dos
polímeros em subprodutos de menor peso molecular por reações abióticas (oxidação,
foto-degradação ou hidrólise) ou bióticas (degradação por organismos). O segundo passo
consiste na assimilação e mineralização dos fragmentos por parte dos organismos. [3]–[7]
3.1. Fatores que Influenciam a Degradação dos Polímeros
A biodegradabilidade de um determinado polímero depende da sua origem, da estrutura
química, das condições de degradação ambiental a que se encontra exposto e de algumas
propriedades físicas. Por exemplo, a permeabilidade e a solubilidade em água do polímero são
cruciais para a determinação da velocidade de hidrólise. Os polímeros com fase amorfa são mais
propensos a ataques enzimáticos e a permeados. A temperatura de transição vítrea interfere
com a permeabilidade e com a mobilidade da cadeia molecular do polímero, sendo esta última
Polímeros para Sistemas de Libertação Controlada de Agentes Ativos MIEB – Tecnologia do Ambiente
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importante para a determinação da sua suscetibilidade a ataque enzimático. Para além disso,
um polímero vítreo impede que os fragmentos clivados se difundam para o exterior, promovendo
a autocatálise hidrolítica (possível quando resultam grupos ácidos ou básicos da clivagem do
polímero). O tamanho e a razão entre a superfície e o volume do polímero têm maior impacto
quando a biodegradação encontra-se num estado mais avançado, podendo ocorrer fagocitose. [6]
Para além destes fatores, ainda existem outros que afetam a biodegradação dos
polímeros, podendo facilitá-la ou dificultá-la. Estes fatores são a estrutura e a composição
química do polímero, a distribuição de unidades repetidas em multímeros, a presença de grupos
iónicos, a presença de unidades inesperadas ou de cadeias defeituosas, a estrutura de
configuração do polímero, o seu peso molecular e o seu índice de polidispersividade, a
morfologia (amorfa, com microestruturas ou tensões residuais), a presença de compostos de
baixo peso molecular, as condições de processamento, o annealing, o processo de esterilização,
o historial de armazenamento, a forma, o local de implantação, os compostos adsorvidos e
absorvidos no polímero (como, por exemplo, água, lípidos e iões), os fatores físico-químicos
(como a troca de iões, a variação dos coeficientes de difusão e as tensões mecânicas), e o
mecanismo de hidrólise. [3], [5]–[7]
3.1.1. Vantagens e Desvantagens da Utilização de Polímeros Biodegradáveis
Como referido anteriormente, os polímeros biodegradáveis possuem um elevado
potencial para servirem de base em sistemas de libertação controlada de agentes ativos. No
entanto, existem prós e contras associados à sua utilização. [6]
Estes polímeros são vantajosos por fornecerem o agente ativo a velocidade controlada e
constante durante um intervalo de tempo pré-determinado, controlando a sua libertação e
mantendo as suas características até à total depleção do mesmo. Para além disso, os polímeros
são degradados em subunidades não-tóxicas e absorvíveis, biologicamente aceites,
posteriormente removidas do organismo por vias metabólicas normais. A utilização de polímeros
biodegradáveis e biocompatíveis em sistemas de libertação controlada contribui para a
biocompatibilidade dos mesmos. Os polímeros biodegradáveis promovem a libertação localizada
do agente ativo, de forma sustentada e estável, reduzindo-se a frequência de dosagem, o
aparecimento de efeitos secundários e eliminando a necessidade de uma cirurgia para a
remoção do sistema polimérico aquando da depleção do agente ativo. [2], [6]
Polímeros para Sistemas de Libertação Controlada de Agentes Ativos MIEB – Tecnologia do Ambiente
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Por outro lado, a integração de polímeros biodegradáveis em sistemas de libertação
controlada é desvantajosa pela muito comum libertação inicial de grandes massas de agente
ativo logo após a aplicação do sistema. No que toca aos sistemas de libertação controlada por
difusão, apesar de muito eficazes, estes encontram-se limitados pela permeabilidade do
polímero utilizado na matriz e pelo aumento da concentração do agente ativo. [6]
As vantagens e desvantagens expostas aplicam-se à generalidade dos polímeros
biodegradáveis. Entre estes existem polímeros que apresentam maiores vantagens relativamente
a outros de acordo com as suas características. [2], [6]
3.2. Polímeros Sensíveis a Estímulos Ambientais
Os sistemas biológicos utilizam macromoléculas (proteínas, polissacarídeos e ácidos
nucleicos), estáveis em grandes gamas de variáveis externas, como materiais estruturais ou
componentes regulatórios das funções celulares, que sofrem grandes alterações
conformacionais quando uma das variáveis é alterada num dado valor crítico. Estes sistemas
conduziram ao desenvolvimento de estratégias de mimetização dos seus comportamentos, para
os mais variados fins, utilizando polímeros naturais e sintéticos sensíveis a estímulos. [75], [76]
Os polímeros sensíveis a estímulos ambientais, ou polímeros responsivos, definem-se
pela demonstração de uma grande alteração das suas propriedades como resposta a variações
muito pequenas no ambiente que os rodeia. Estas variações ocorrem a nível macroscópico,
resultando em alterações da forma, da solubilidade, das características de superfície, entre
outras, as quais são revertidas por remoção do estímulo. Para além de reconhecerem o
estímulo, estes são capazes de ajustar diretamente a resposta de acordo com a magnitude do
mesmo. O estímulo ambiental em questão depende do polímero, podendo consistir numa
mudança na temperatura, no pH, na força iónica, no campo magnético ou elétrico, a presença
de químicos metabólicos, a adição de um polímero com carga oposta, entre outros. [56], [75]–[82]
Os polímeros responsivos podem ser classificados de acordo com a sua forma física
(dendrímeros, micelas, vesículas ou superfícies inteligentes) ou de acordo com as características
do sistema de libertação (sistema aberto ou fechado). Os dendrímeros são macromoléculas de
estrutura ramificada, utilizadas como recipientes de libertação e transporte de agentes de
imagem e compostos terapeuticamente ativos. As micelas são estruturas esféricas anfifílicas em
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forma de concha, com dimensões compreendidas entre 10 nm e 100 nm, cujo núcleo
hidrofóbico pode incorporar um agente ativo lipofílico, aumentando a sua concentração em
ambiente aquoso pela dissolução das micelas. As vesículas poliméricas são conchas esféricas,
cujo compartimento aquoso é envolvido por uma membrana dupla constituída por copolímeros
anfifílicos. Estas estruturas de grande resistência, estabilidade, com propriedades de membrana
ajustáveis e capacidade de transportar compostos hidrofílicos e hidrofóbicos, são apropriadas
para a libertação controlada de agentes ativos por resposta a estímulos externos. As superfícies
inteligentes são camadas e filmes de base polimérica capazes de interagir com mucos, tecidos e
células marcadas através de estímulos externos. [76], [81]
No que toca à segunda possível classificação, um sistema aberto diz respeito a um
sistema no qual a informação sobre a variável controlada não é utilizada para ajustar as suas
entradas como forma de alteração das variáveis do processo. Em sistemas fechados é realizada
a deteção da variável controlada para regulação da saída do sistema. Assim, pode-se dizer que
os sistemas fechados são autorregulados, enquanto os sistemas abertos são externamente
regulados, libertando o agente ativo de forma pulsada. As variáveis externas que influenciam os
sistemas abertos são alterações no campo magnético, nos ultrassons, na temperatura e no
campo elétrico. No que toca aos sistemas fechados, estes são regulados por alterações de pH,
reações enzima-substrato e hidrólises, sem qualquer intervenção do ambiente externo. [82]
Dadas as aplicações para as fibras do presente projeto, os estímulos apresentados mais
interessantes são a temperatura e o pH. A temperatura média do corpo humano ronda os
37 °C, podendo esta aumentar localmente devido a uma resposta inflamatória causada pela
presença de agentes patogénicos. O pH do corpo humano ronda o valor 7.2, mas em feridas ou
queimaduras, este valor pode alterar-se até 6.5 por desencadeamento de reações inflamatórias
ou de infeções, por exemplo. Deste modo, a alteração do pH ou da temperatura podem servir de
estímulo à libertação dos agentes ativos incorporados nas fibras. Por estas razões os polímeros
alvo de estudo no presente trabalho foram os polímeros pH-responsivos. [55], [56], [80], [83]
3.2.1. Polímeros pH-responsivos
Um polímero pH-responsivo é um polímero com esqueleto hidrofóbico protonado ou
ionizado, como resposta a mudanças de pH, que sofre expansão devido às fortes repulsões
eletrostáticas geradas pela alteração das cargas de grupos amina ou carboxilo presentes na sua
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estrutura. A mudança de fase induzida por pH nestes polímeros ocorre entre 0.2 e 0.3 unidades
de pH, sendo o valor de pH ao qual ocorre designado de pKa. Os polímeros detentores de
muitos grupos ionizáveis, designados de polieletrólitos, podem ser divididos em poliácidos fracos
ou polibases fracas, tendo-se abordado os primeiros no presente documento. [55], [56], [77]–[79]
Os poliácidos fracos são polímeros que aceitam protões a pH ácido, libertando-os a pH
neutro ou básico. Dependendo do poliácido, a pH neutro ou básico este pode sofrer expansão do
seu volume ou dissolver-se, e a pH ácido dissolver-se ou precipitar. Desta forma, a pH superior
ao seu pKa, as alterações na estrutura molecular destes polímeros ocorrem inversamente
quando o pH se torna igual ou inferior ao valor de pKa. A passagem para o estado expandido é
mediada pela pressão osmótica dos contra-iões neutralizados pelas cargas opostas, ou seja,
estes polímeros expandem com o aumento do pH e colapsam quando diminui. [55], [77]–[80], [82], [84], [85]
3.3. Polímeros Biocompatíveis
Os polímeros sintéticos biodegradáveis e/ou biocompatíveis alvos de estudo foram o
PEO, os derivados de ésteres acrílicos, o álcool polivinílico (PVA), o polipropileno (PP) e o
polietileno de baixa densidade (LDPE). [2], [4], [6]
3.3.1. PEO
O PEO é o polímero solúvel em água com a estrutura química mais simples, observável
na Figura 12, sendo a cadeia principal constituída por éteres lineares a cada dois carbonos e por
grupos hidroxilo nas suas extremidades. [86]
Figura 12 – Fórmula química do PEO, onde n representa o número de repetições da unidade estrutural presente entre
parêntesis retos. [86]
Os dois grupos funcionais presentes na estrutura química do PEO conferem-lhe carácter
anfifílico, ou seja, tornam-no solúvel em solventes aquosos e orgânicos. O dipolo existente nas
ligações C–O, causado pela diferença de eletronegatividade entre os átomos envolvidos, desloca
os eletrões da ligação para o átomo mais eletronegativo, oxigénio, criando em si um polo
negativo e no átomo de carbono um polo positivo. Pela Teoria da Repulsão dos Pares Eletrónicos
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da Camada de Valência (RPECV), os compostos adotam a geometria que minimiza a força
repulsiva entre um dado número de pares de eletrões. Neste caso, as ligações polares C–O dos
éteres da cadeia distribuem-se simetricamente, tornando o conjunto apolar (hidrofóbico) como as
ligações C–C, cujos eletrões se distribuem igualmente nas mesmas. Os grupos hidroxilo nas
extremidades do polímero, à semelhança das moléculas de água, constituem zonas polares
devido à diferença de eletronegatividade nas suas ligações O–H, as quais permitem o
estabelecimento de pontes de hidrogénio entre si. Pelo princípio da solubilidade (“semelhante
dissolve semelhante”), o PEO é solúvel em água por possuir zonas hidrofílicas (polares) com
interações intermoleculares dipolo-dipolo de igual intensidade às presentes nas moléculas de
água e é solúvel em solventes orgânicos que possuam interações intermoleculares dipolo
induzido-dipolo induzido de igual intensidade às presentes nas suas zonas hidrofóbicas. [69]–[72], [86]–[88]
O PEO é obtido por polimerização catalítica heterogénea de óxido de etileno. Este é um
polímero biodegradável, biocompatível, termoplástico e semi-cristalino utilizado para melhorar,
por exemplo, a resistência, a flexibilidade e a retenção de água de formulações farmacêuticas,
produtos de limpeza, entre outros. Em termos de características físicas, o PEO possui uma Tg
entre os 57 °C e os 50 °C, e uma temperatura de fusão entre os 62 °C e os 67 °C. [46], [89]–[92]
3.3.2. PVA
O PVA, Figura 13, é uma resina incolor e solúvel em água, muito utilizada no tratamento
de materiais têxteis, obtida por dissolução de acetato de polivinilo num álcool, na presença de
um catalisador alcalino. O acetato de polivinilo é hidrolisado, tendo removidos os grupos acetato
sem a quebra da sua cadeia estrutural. Se a reação de hidrólise for incompleta, a presença de
grupos acetato diminui a solubilidade do polímero em água e aumenta a solubilidade em alguns
solventes orgânicos. Para além disto, quando em contacto com água, o PVA expande o seu
volume e dissolve-se, sendo a velocidade de dissolução tanto maior quanto maior a temperatura
da água. [93]
Figura 13 – Fórmula química do polímero PVA, na qual n refere-se ao número de repetições da unidade estrutural presente
entre parêntesis retos. [94]
Polímeros para Sistemas de Libertação Controlada de Agentes Ativos MIEB – Tecnologia do Ambiente
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A solubilidade do PVA deve-se à presença de um grupo hidroxilo a cada 2 carbonos da
cadeia principal, formando um dipolo nessas ramificações graças à diferença de
eletronegatividade entre os átomos envolvidos nas ligações C–O e O–H. Dada a assimetria na
distribuição destas ligações, as interações intermoleculares prevalecentes são do tipo
dipolo-dipolo, conferindo-lhe polaridade. Para além disso, a presença dos grupos hidroxilo
permite o estabelecimento de pontes de hidrogénio com as moléculas de água. Como as
interações intermoleculares evidenciadas nas moléculas de PVA e nas moléculas de água são de
natureza e intensidade semelhantes, pelo princípio da solubilidade, o PVA é solúvel em água. [68]–
[72], [87], [88]
Este polímero caracteriza-se por ser biocompatível, biodegradável, termoplástico e
amorfo, e por fundir entre os 180 °C e os 190 °C. A sua degradação térmica inicia-se a 150 °C,
com o escurecimento do polímero, decompondo-se rapidamente a partir dos 220 °C, pelo que a
sua temperatura de processamento não deve exceder os 225 °C sob risco de aumento da
pressão de fusão e do esforço de torção. Este material é altamente higroscópico, causando o
aparecimento de bolhas no polímero fundido. Por esta razão, o PVA a processar deve ser
proveniente de uma embalagem aberta no momento ou seco durante 6 h a 8 h numa estufa
com ar circulante a 60 °C ou 80 °C. A solubilidade do PVA em água fria é de 50 mg mL-1, a sua
massa molar varia entre 30 000 g mol-1 e 70 000 g mol-1 e a extensão de hidrólise entre 87 % e
90 %. O PVA é aplicado em fibra, adesivos e emulsificantes, podendo ainda ser utilizado na
formulação de revestimentos e de sistemas de libertação controlada. [93]–[99]
3.3.3. Copolímeros Derivados de Ácido Acrílico e Metacrílico
Os copolímeros derivados de polímeros de ácido acrílico e de ácido metacrílico são
desenvolvidos para aplicações farmacêuticas como a libertação controlada de agentes ativos.
Apesar de biocompatíveis, a sua biodegradação não é possível, e as funcionalidades e
características físico-químicas de cada um são determinadas pelos seus grupos funcionais. [100]
3.3.3.1. Poli (ácido metacrílico-co-etilacrilato)
O polímero poli (ácido metacrílico-co-etilacrilato), Figura 14, também conhecido como
copolímero metacrílico, é um polímero aniónico pH-responsivo que sofre dissolução, com
consequente libertação do agente ativo, a pH>5.5. [101]
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Figura 14 – Fórmula química do copolímero metacrílico. [101]
A pH<5.5, o copolímero metacrílico sofre hidrólise ácida como exemplificado na Figura
15, na qual o oxigénio da dupla ligação a carbono do grupo carboxilo de cada monómero é
protonado enquanto o grupo éster sofre hidrólise catalisada pelo ácido clorídrico utilizado para
diminuir o pH do meio. No primeiro caso, o oxigénio utiliza um par de eletrões não ligantes para
estabelecer uma ligação covalente dativa com o protão resultante da dissociação da molécula de
ácido clorídrico. De seguida, para obter uma configuração mais estável, um par de eletrões da
dupla ligação C–O é doado ao átomo de oxigénio, deslocando o défice de eletrões (carga
positiva) para o átomo de carbono, o qual é estabilizado pelos restantes carbonos da cadeia por
efeito indutivo e pela aproximação do o ião cloreto. No caso do éster, o ácido clorídrico quebra a
ligação entre o oxigénio e o grupo etilo, originando um grupo carboxilo e uma molécula de etanol
por cada éster hidrolisado. Apesar da possibilidade de estabelecimento de pontes de hidrogénio
com moléculas de água, como se trata de um polímero aniónico, este é insolúvel em meios
aquosos catiónicos (pH<5.5), porque possuem forças intermoleculares de intensidades
diferentes, embora de natureza semelhante, não cumprindo o princípio da solubilidade. [68]–[72], [88], [102]
Figura 15 – Representação da reação de hidrólise ácida do copolímero metacrílico, catalisada por moléculas de ácido clorídrico, da qual resulta o copolímero protonado e a formação de moléculas de etanol.
A pH>5.5, este polímero sofre hidrólise básica, como demonstrado na Figura 16. Ao
longo desta, o grupo carboxilo é ionizado por ação do ião hidróxido, proveniente do hidróxido de
sódio dissociado, originando uma molécula de água e conferindo mais um eletrão ao átomo de
oxigénio, o qual atrai o catião de sódio. O grupo éster sofre novamente hidrólise, mas desta vez
catalisada pelo hidróxido de sódio. O ião hidróxido quebra a ligação entre o oxigénio e o grupo
etilo, carregando negativamente o átomo de oxigénio, que atrai o catião de sódio, e
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estabelecendo uma ligação covalente dativa com o grupo etilo deficiente em eletrões, formando
álcool etílico. A maior reatividade dos átomos de oxigénio, devida à sua carga negativa, aumenta
a polaridade do polímero, o qual pode mais facilmente estabelecer pontes de hidrogénio dadoras
com as moléculas de água. Para além disso, dadas as interações intermoleculares de natureza
aniónica e de intensidade semelhante entre o polímero e o meio em que se insere, pelo princípio
da solubilidade, o polímero dissolve-se neste. [68]–[72], [88], [102]
Figura 16 – Representação da reação de hidrólise básica do copolímero metacrílico, catalisada por NaOH, da qual resulta o polímero ionizado e moléculas de etanol.
O copolímero metacrílico pode ser utilizado como matriz de incorporação de agente ativo
ou como revestimento de uma matriz que o contenha. Dependendo da aplicação, este polímero
permite obter diferentes perfis de libertação do agente ativo, diminuir o número de doses a
administrar e otimizar o custo de processamento dos sistemas de libertação. Este polímero
degrada-se a temperaturas perto dos 176 °C e possui uma Tg entre 96 °C e 112.5 °C, a qual
pode ser diminuída até 75 °C quando a formulação do sistema contém 10 % de PEG. [100], [101], [103],
[104]
3.3.3.2. Poli (etilacrilato-co-metil metacrilato-co-trimetilamonioetil cloreto de metacrilato)
O polímero poli (etilacrilato-co-metil metacrilato-co-trimetilamonioetil cloreto de
metacrilato), presente na Figura 17, existe comercialmente com duas composições diferentes, a
1:2:0.1 e a 1:2:0.2, que diferem ao nível das suas características físico-químicas. Ambas as
formulações são utilizadas em sistemas de libertação controlada de agentes ativos pelo
mecanismo de expansão do polímero, quando em contacto com água, seguida de difusão do
agente ativo, sendo a sua libertação controlada pelo tempo e não por um estímulo externo. À
semelhança do anterior, a utilização deste polímero permite também otimizar a dosagem a ser
administrada e o custo do processamento do sistema de libertação controlada. [100], [105]
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Figura 17 – Fórmula química do polímero poli (etilacrilato-co-metil metacrilato-co-trimetilamonioetil cloreto de metacrilato). [105]
Ambos os polímeros são praticamente insolúveis em água e solúveis em metanol, etanol
e álcool isopropílico na proporção de 1 g de polímero para 7 g de solução aquosa a 97 % de
solvente. A expansão do polímero na presença de água deve-se à permeabilidade conferida pelos
sais contendo aminas quaternárias. Apesar de as interações intermoleculares predominantes
serem de cariz apolar, o átomo de azoto da amina quaternária possui carga positiva devido ao
estabelecimento de uma ligação covalente dativa com um grupo metilo, conferindo-lhe
polaridade e reatividade. Para além disso, o átomo de azoto pode também estabelecer pontes de
hidrogénio dadoras com as moléculas de água, o que, pela teoria RPECV, conduz ao rearranjo
da geometria do polímero para minimizar a repulsão entre os pares de eletrões das moléculas,
alargando a malha polimérica e expandindo o polímero. As interações intermoleculares dipolo
induzido-dipolo induzido e a distribuição simétrica das ligações polares dos grupos éster e da
amina quaternária no polímero são diferentes das interações intermoleculares das moléculas de
água, o que desrespeita o princípio da solubilidade. [68]–[72], [87], [88], [105]–[107]
Ambas as formulações se degradam acima dos 325 °C, mas a formulação 1:2:0.1
possui uma Tg de 65 °C e é pouco permeável (menor quantidade de aminas quaternárias), ao
contrário da formulação 1:2:0.2, a qual é muito permeável e possui uma Tg de 63 °C. Assim,
esta última é mais expansível do que a formulação 1:2:0.1 por permear um maior número de
moléculas de água para o seu interior, gerando uma maior repulsão entre os pares de eletrões.
Por vezes estes dois polímeros são misturados para alterar a permeabilidade do sistema e,
assim, conseguir velocidades de libertação do agente ativo específicas para um determinado
fim. [68], [69], [100], [103]–[106], [108], [109]
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3.3.3.3. Poli (butilmetacrilato-co-(2-dimetilaminoetil) metacrilato-co-metil metacrilato)
O poli (butilmetacrilato-co-(2-dimetilaminoetil) metacrilato-co-metil metacrilato), Figura
18, é um copolímero catiónico à base de dimetilaminoetilmetacrilato, butilmetacrilato e
metilmetacrilato, comercializado com a composição 1:2:1. Este é normalmente utilizado em
sistemas de libertação controlada de agentes ativos sensíveis a estímulos por se tratar de um
polímero pH-responsivo expansível e permeável a pH>5 e solúvel a pH<5. [110]
Figura 18 – Fórmula química do polímero poli (butilmetacrilato-co-(2-dimetilaminoetil) metacrilato-co-metil metacrilato). [110]
A pH<5.0, o átomo de azoto da amina terciária de cada monómero do polímero é
protonado ao usar o seu par de eletrões não ligante para estabelecer uma ligação covalente
dativa com o protão resultante da dissociação da molécula de ácido clorídrico. Para além disso,
os grupos éster deste sofrem hidrólise catalisada pelo ácido, quebrando as ramificações, sendo
convertidos em grupos carboxilo e os restantes grupos em álcoois (por ligação covalente dativa
ao ião hidróxido proveniente da dissociação das moléculas de água). Os álcoois recém-formados
estabelecem pontes de hidrogénio e têm interações intermoleculares dipolo-dipolo de
intensidade semelhante às das moléculas de água, dissolvendo nesta. O sal contendo a amina
foi convertido em álcool após a hidrólise e a sua carga positiva torna o átomo de azoto mais
reativo, o que aumenta a sua polaridade e o número de pontes de hidrogénio estabelecidas.
Como as interações intermoleculares existentes entre este e as moléculas de água são
semelhantes, o sal é solúvel em água. Os grupos carboxilo presentes na cadeia principal
aumentam a polaridade do polímero e a quantidade de pontes de hidrogénio estabelecidas.
Como se trata de um polímero catiónico inserido num meio catiónico, as suas interações
intermoleculares são de natureza e intensidade semelhantes, pelo que o polímero dissolve-se em
água. [68]–[72], [88], [102] O resultado das reações referidas pode ser observado na Figura 19.
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Figura 19 – Representação da reação de hidrólise ácida do polímero poli (butilmetacrilato-co-(2-dimetilaminoetil) metacrilato-co-metil metacrilato), catalisada por ácido clorídrico, da qual resulta o polímero protonado e três álcoois.
A pH>5.0, o azoto da amina terciária presente no polímero não sofre alteração da sua
carga elétrica devido ao seu caráter básico, mas os grupos éster sofrem hidrólise catalisada por
hidróxido de sódio, Figura 20. O ião hidróxido quebra as ramificações após os grupos éster,
carregando negativamente o átomo de oxigénio, que atrai o catião de sódio, e estabelecendo
ligações covalentes dativas entre os grupos deficientes em eletrões e os iões hidróxido, formando
álcoois. A carga negativa dos átomos de oxigénio torna-os mais reativos e aumenta a polaridade
do polímero, possibilitando o estabelecimento de pontes de hidrogénio com as moléculas de
água. Segundo o princípio da solubilidade, os álcoois formados são solúveis no meio devido à
natureza e intensidade semelhantes das interações intermoleculares destes e da água. Como o
polímero é catiónico e o meio possui características neutras ou aniónicas, as interações
intermoleculares entre estes são de natureza semelhante, mas de intensidade diferente,
impedindo a solubilização do polímero. Contudo, o polímero possui capacidade de expansão
devido à carga negativa de alguns átomos de oxigénio e ao estabelecimento de pontes de
hidrogénio entre estes e as moléculas de água, porque pela teoria RPECV, o polímero altera a
sua geometria para diminuir a repulsão entre os pares de eletrões. [68]–[72], [88], [102]
Figura 20 – Representação da hidrólise básica do polímero poli (butilmetacrilato-co-(2-dimetilaminoetil) metacrilato-co-metil metacrilato), catalisada por NaOH, da qual resulta o polímero ionizado e três álcoois.
O poli (butilmetacrilato-co-(2-dimetilaminoetil) metacrilato-co-metil metacrilato)
caracteriza-se por ser amorfo, degradar-se a partir dos 200 °C e por possuir uma Tg de
(45±5) °C. Para além disso, este polímero dissolve-se em solventes orgânicos como o metanol,
o etanol, entre outros, e como não se degrada a aquando da libertação do agente ativo, após a
libertação completa do mesmo pode ser novamente recarregado. [110], [111]
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3.3.4. LDPE
O LDPE, Figura 21 é um polímero termoplástico obtido a partir de etileno por
polimerização de radicais livres. Este possui uma massa volúmica compreendida entre
0.910 g cm-3 e 0.940 g cm-3 e uma baixa resistência mecânica provocada pela existência de
forças intermoleculares fracas como, por exemplo, uma menor atração dipolo-dipolo induzido.
Para além disto, o LDPE é semirrígido, transparente, estirável, insolúvel em água, funde a
120 °C e possui uma Tg de 125 °C. [112], [113]
Figura 21 – Fórmula química do LDPE, na qual n representa o número de repetições da estrutura química entre parêntesis
retos. [114]
O LDPE é biocompatível, mas não é biodegradável, constituindo uma fonte de poluição
persistente da água e do solo. No entanto, existem aditivos que, quando misturados com o
LDPE, contribuem para o aumento da sua biodegradabilidade. Graças a isto, este polímero pode
ser integrado em revestimentos, laminados e em sistemas de libertação de agentes ativos. [115]–[118]
A insolubilidade deste polímero em água está relacionada com o facto de na sua
constituição estarem presentes ligações de cariz apolar C–C e C–H, pelo que a diferença de
eletronegatividade das ligações é nula. Desta forma, atendendo ao princípio de solubilidade,
dada a diferente natureza e intensidade entre as interações intermoleculares deste polímero
(dipolo induzido-dipolo induzido) e as da água (dipolo-dipolo), o LDPE não é solúvel em
água. [63]-[67], [82], [83], [97]
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Fibras como Sistemas de Libertação Controlada MIEB – Tecnologia do Ambiente
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4. Fibras como Sistema de Libertação Controlada
As fibras constituem a unidade básica de qualquer produto têxtil, seja um fio ou um
tecido, possuindo um comprimento pelo menos 100 vezes superior ao seu diâmetro. Para além
disto, as fibras podem ser transformadas em fios por processos de fiação ou podem ser
diretamente processadas em diferentes produtos têxteis. O processo de fiação consiste na
extrusão de um fluido polimérico através de um ou mais orifícios pequenos designados de fieira.
Dependendo do tipo de fiação escolhido, este poderá realizar-se por extrusão de polímero
fundido, extrusão por via seca, extrusão por via húmida ou por condutividade elétrica, o processo
pode designar-se melt spinning, dry spinning, wet spinning ou electrospinning, respetivamente.
Após a fiação, as fibras, constituídas por um único ou por vários filamentos, são estiradas para
aumentar o grau de orientação das cadeias poliméricas, a sua cristalinidade e força tênsil. [21], [22],
[41], [119]
As fibras podem ser classificadas em naturais e em manufaturadas, tendo como critério
de diferenciação a forma da matéria-prima que as origina. Assim sendo, as fibras naturais
abrangem toda e qualquer fibra, proveniente de plantas e animais, que exista naturalmente sob
esta forma e possa ser prontamente processada em fios e tecidos. Nesta classe insere-se, por
exemplo, a lã, o algodão, a celulose e a seda. Por fibras manufaturadas entende-se toda e
qualquer fibra obtida por processos de manufatura de materiais que, num momento do seu
processamento, não possua a forma de fibra, mesmo que no seu estado inicial a possuísse. As
fibras manufaturadas podem ser divididas em orgânicas (resultantes do processamento de
polímeros) e inorgânicas (obtidas a partir de metais, vidro e carbono, por exemplo). Nas fibras
orgânicas incluem-se as fibras regeneradas e as fibras sintéticas. As fibras regeneradas dizem
respeito ao processamento em fibra de polímeros que existem naturalmente e não possuem a
forma de fibra, como o acetato e o alginato, por exemplo. As fibras sintéticas resultam do
processamento de polímeros sintetizados por processos petroquímicos, como é o caso dos
polímeros apresentados ao longo do ponto 3.3. do presente trabalho. [22], [41], [119]
Para além da classificação em naturais e manufaturadas, as fibras podem também ser
classificadas em convencionais e não-convencionais com base na finalidade do seu
processamento. As fibras convencionais referem-se às fibras utilizadas nos produtos têxteis do
dia-a-dia como indumentária, têxteis-lar, entre outros, tendo sido processadas para fins estéticos
Fibras como Sistemas de Libertação Controlada MIEB – Tecnologia do Ambiente
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ou decorativos, sendo em grande parte constituídas por fibras de origem natural. As fibras
não-convencionais integram todas as fibras processadas com o objetivo de desempenharem
uma função que não seja apenas estética. Estas fibras, para além de muitas outras aplicações,
são vastamente utilizadas em aplicações biomédicas, como sistemas de libertação controlada
de, por exemplo, fármacos. Devido à sua aplicação biológica específica e pelo seu desempenho
depender da interação com as células e fluídos biológicos (em termos de biocompatibilidade e
bioestabilidade dos polímeros que as constituem), estas fibras designam-se biotêxteis. [22], [120], [121]
As fibras como sistemas de libertação de agentes ativos podem ser utilizadas, por
exemplo, em suturas, o exemplo de utilização de têxteis mais simples e antigo na medicina. O
recurso a polímeros biodegradáveis para a formulação destas fibras contribui para o aumento da
área superficial e da porosidade das mesmas, características que podem ser otimizadas de
acordo com a sua aplicação final. Estas fibras podem ser utilizadas para um vasto número de
aplicações, nomeadamente na reparação de tecidos, formulação de próteses vasculares, suporte
ao crescimento de cartilagens de ossos, entre outros. A principal vantagem da utilização de
fibras biodegradáveis reside no facto de serem ultrapassados vários problemas dos tratamentos
convencionais, como o risco do local de doação. Contudo, o risco de infeção bacteriana ainda
não foi ultrapassado. [22]
A incorporação de polímeros sensíveis a estímulos na matriz polimérica das fibras
confere-lhes características que permitem a sua divisão em fibras com mudança de forma
(reversível ou não, com expansão ou regressão), armazenamento e libertação (de calor, de
agentes ativos, entre outros) e com funções eletrónicas (comunicação e monitorização). [122]
4.1. Fibras pH-responsivas
As fibras pH-responsivas são obtidas pela incorporação de polímeros pH-responsivos na
sua matriz polimérica. Como os polímeros sensíveis a estímulos externos possuem propriedades
mecânicas fracas, estes devem ser utilizados como estruturas finas quando incorporados em
fibras, o que contribui para a melhoria da resposta ao estímulo, que se encontra limitada pela
difusão lenta, e para o aumento da força de tensão. Assim, a fibra contendo o polímero
responsivo possui uma maior resistência mecânica, tornando-a apropriada, por exemplo, para
aplicações musculares. Esta aplicação é possível pelo facto de a expansão e regressão da fibra,
Fibras como Sistemas de Libertação Controlada MIEB – Tecnologia do Ambiente
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ativada por variações de pH, ser semelhante ao movimento do tecido muscular. Na Figura 22
pode-se observar o comportamento de uma fibra contendo um polímero pH-responsivo. [122]
Figura 22 – Fotografias de uma fibra contendo um polímero pH-responsivo. Na fotografia da esquerda, a fibra encontra-se no estado anterior à sua exposição ao estímulo. Na fotografia central é notável a resposta do polímero na fibra ao aumento do pH, o
que resultou numa expansão do polímero que é melhor visualizada na fotografia à direita. [122]
4.2. Características e propriedades das fibras
As fibras processadas para constituírem sistemas de libertação controlada de agentes
ativos, como todos os tipos de fibras, são avaliadas de acordo com as suas características físicas
e químicas, dado existirem muitas variáveis que podem afetar a sua morfologia e dimensões.
Para além disto, o conhecimento destas propriedades num sistema de libertação controlada de
agentes ativos sob a forma de fibras, esteja este implementado numa ligadura, compressa ou
sutura, é de maior importância para a seleção de um produto adaptado à finalidade desejada. As
características físicas das fibras avaliadas são o comprimento e diâmetro, a secção transversal, o
contorno da superfície e a contração do fio (crimp). Em termos químicos, é normal avaliar-se o
grupo genérico presente na fibra, os polímeros que a constituem, o processo e o grau de
polimerização dos mesmos, o arranjo e a orientação molecular durante o estiramento da fibra.
De uma forma geral, pretende-se que as fibras possuam uma razão entre comprimento e
largura, tenacidade (capacidade de resistir a deformação), flexibilidade, coesividade e
uniformidade adequadas às finalidades do produto final ou que influenciem as suas
propriedades. De igual forma, a estética da fibra (lustro, caimento, textura e toque) deve ser
ajustada em conformidade com o pretendido do produto final. Alguns exemplos de propriedades
das fibras que se refletem no produto final são o alongamento, a resistência a abrasão, a dureza,
a resistência ao envelhecimento, a elasticidade e o toque. [56], [82], [119], [123]
O alongamento diz respeito à habilidade de uma fibra ser estirada, a qual depende da
orientação da estrutura molecular da fibra e varia consoante a temperatura aplicada durante o
Fibras como Sistemas de Libertação Controlada MIEB – Tecnologia do Ambiente
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estiramento e com o facto da fibra se encontrar seca ou molhada durante o mesmo. Assim, uma
fibra estirada conferirá uma maior resistência à rotura e menor fragilidade ao produto final. [119]
A resistência à abrasão consiste na capacidade de uma fibra resistir à fricção resultante
da utilização diária do produto final, dependendo da força da camada externa, da fibra e da
flexibilidade das cadeias moleculares, determinando a durabilidade e a resistência à abrasão e
rutura do mesmo. A dureza de uma fibra é uma propriedade inerente da superfície da mesma e
que consiste na resistência à rotura que a mesma, ou do produto final que integra, perante a sua
deformação, oferecendo informação sobre a sua resistência à fricção. Por exemplo, espera-se
que as fibras de uma sutura possuam elevada resistência à abrasão e dureza para eliminar o
risco desta romper durante a suturação ou durante a cicatrização do tecido suturado, como
consequência do movimento do mesmo no dia-a-dia, conduzindo à reabertura da ferida. [119], [124]
A resistência ao envelhecimento da fibra relaciona-se com a sua estrutura química e
permite determinar o tempo e as condições de armazenamento apropriadas ao produto final. No
que respeita às fibras como sistemas de libertação controlada de agentes ativos, esta é uma
propriedade importante, porque os agentes ativos começam a perder a sua atividade após um
determinado intervalo de tempo, comprometendo a sua aplicabilidade. Por esta razão, as
condições de armazenamento deste género de produtos previnem a perda de atividade dos
mesmos antes do término do prazo de validade estipulado. Por exemplo, o IBU deve ser
armazenado no interior da sua embalagem original, a temperaturas inferiores a 25 °C, de forma
a impedir a absorção de humidade da atmosfera envolvente, visto que a temperatura e a
humidade são os fatores que mais afetam a atividade dos fármacos. [61], [119], [125]
A elasticidade de uma fibra consiste na capacidade de, após estiramento, a fibra retomar
imediatamente as suas dimensões iniciais. Desta forma, o produto final poderá possuir a mesma
capacidade, mas com uma velocidade menor de atuação, talvez quase impercetível. No caso de
uma fibra com agente ativo incorporado utilizada como sutura, esta é uma propriedade
importante, porque quando uma ferida suturada incha devido a uma resposta inflamatória, a
fibra deve ser capaz de acompanhar a sua expansão. Contudo, a sutura escolhida deve possuir
um módulo de elasticidade apropriado ao inchaço, porque se esta for esticada acima do seu
ponto de rendimento, a sutura permanecerá deformada após a regressão do tecido da ferida,
deixando-a aberta. Por outro lado, se a sutura possuir um módulo de elasticidade inferior ao do
tecido da ferida, existe o risco de a sutura romper o tecido inchado. [119], [123]
Fibras como Sistemas de Libertação Controlada MIEB – Tecnologia do Ambiente
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O toque é a propriedade que concerne ao modo como a fibra é sentida quando em
contacto com a pele e depende da geometria de secção transversal da fibra, da presença ou
ausência de crimp e das suas dimensões (diâmetro e comprimento). Deste modo, o toque da
fibra influenciará o toque do produto final que integrar, podendo este ser suave, sedoso, seco,
rugoso ou áspero, por exemplo. As fibras que constituem suturas devem possuir propriedades de
toque específicas para o seu fácil manuseamento e para providenciar o menor desconforto
possível ao paciente. Assim, uma sutura demasiado suave possui um coeficiente de fricção
baixo, resultando numa fácil passagem pelo tecido a suturar. No entanto, esta suavidade torna o
seu nó mais fácil de desfazer, podendo conduzir à abertura dos pontos. As fibras mais
adequadas para esta aplicação devem possuir uma elevada maleabilidade, de forma a facilitar a
sua utilização e sem que haja risco de o nó se desfazer. [119], [126]
Relativamente a sistemas de libertação controlada na forma de fibras, uma propriedade
muito importante é a sua velocidade de libertação do agente ativo incorporado. Consoante os
resultados obtidos de ensaios de libertação, o conhecimento da velocidade de libertação da fibra
permite adequar o produto final aos requisitos da aplicação pretendida e/ou otimizar o próprio
sistema de libertação controlada de agente ativo, pela alteração da sua composição, para o
mesmo fim e por questões de asseguração da qualidade do produto perante a sua aplicação. [127]
4.3. Fibras bicomponentes
As fibras bicomponente são filamentos constituídos por dois polímeros diferentes
extrudidos na mesma secção transversal, ou seja, cada filamento possui dois polímeros
diferentes separados por um plano. A combinação de dois polímeros num mesmo filamento
resulta da necessidade de obter um filamento com determinadas propriedades, resultantes da
combinação das propriedades de cada um dos polímeros escolhidos (por exemplo, a elevada
força mecânica de um e a capacidade de resposta a estímulos externos do outro), da
distribuição de cada um ao longo da fibra, a sua composição relativa e a espessura da fibra. [122]
As fibras bicomponentes podem ser classificadas como core-sheath, side by side,
segmented pie ou 64 islands in the sea, entre muitas outras, de acordo com a conformação de
secção transversal pretendida. A representação esquemática de cada uma das secções
transversais referidas pode ser visualizada na Figura 23, contudo, neste trabalho será dada uma
maior ênfase à geometria core-sheath. [122]
Fibras como Sistemas de Libertação Controlada MIEB – Tecnologia do Ambiente
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Figura 23 – Representação esquemática das diferentes geometrias de secção transversal possíveis para uma fibra. [122]
Para o sucesso da fiação de fibras bicomponentes é necessários que ambos os
polímeros possuam viscosidades e índices de fluidez semelhantes para evitar problemas de
escoamento aquando da passagem pela fieira. Os polímeros devem também possuir uma
capacidade de estiramento semelhante para que não se separem depois de passarem nessa
etapa processual. Os polímeros devem ainda ser compatíveis com o processo de fiação. [122]
4.3.1. Fibras core-sheath
As fibras com secção transversal core-sheath são constituídas por um núcleo rodeado
por um segundo polímero. Vários polímeros podem ser utilizados como sheath (camada externa)
ou como core (núcleo). A Figura 24 apresenta vários exemplos de conformação de secção
transversal core-sheath. [122]
Figura 24 – Representação esquemática de alguns exemplos de geometrias de seção transversal core-sheath. [39]
Como é possível observar na Figura 24, os núcleos podem ser centrados ou
descentrados de acordo com as aplicações pretendidas. Por exemplo, as fibras devem possuir
um núcleo centrado se se pretender que a fibra tenha maior resistência mecânica, mas caso se
pretenda que a fibra tenha volume, o núcleo deverá ser descentrado. [39] Como referido
anteriormente, devido à baixa resistência mecânica de polímeros responsivos, estes devem
constituir estruturas finas numa fibra, melhorando até a sua capacidade de resposta ao
estímulo. Desta forma, o núcleo da fibra responsiva deve ser centrado para lhe conferir
resistência mecânica e sua camada externa deve ser composta pelo polímero responsivo. [122]
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5. Materiais e Métodos
Ao longo desta secção serão indicados os materiais utilizados para a obtenção das fibras
finais, e serão expostos os procedimentos adotados para o mesmo fim e para a análise dos
mesmos.
5.1. Materiais
Os polímeros utilizados neste trabalho experimental foram:
Poli (ácido metacrílico-co-etilacrilato), fornecido pela Evonik sob a designação comercial
Eudragit L100-55 (L100-55), o qual se degrada em contacto com soluções com pH>5.5;
Poli (etilacrilato-co-metil metacrilato-co-trimetilamonioetil cloreto de metacrilato),
fornecido pela Evonik sob a designação comercial Eudragit RL PO (RL), que se
caracteriza por expandir quando em contacto com água;
Poli (etilacrilato-co-metil metacrilato-co-trimetilamonioetil cloreto de metacrilato),
fornecido pela Evonik sob a designação comercial Eudragit RS PO (RS), que se
caracteriza por expandir quando em contacto com água;
Poli (butilmetacrilato-co-(2-dimetilaminoetil)metacrilato-co-metil metacrilato), fornecido
pela Evonik sob a designação comercial Eudragit E PO; o qual expande quando em
contacto com soluções com pH>5.0)
Poli (vinil álcool) (PVA) 87 % a 97 % hidrolisado com massa molecular entre
30 000 g mol-1 e 70 000 g mol-1 da Sigma-Aldrich, que se caracteriza por se dissolver
quando em contacto com água;
Óxido de polietileno (PEO), fornecido pela Dow Pharma & Food Solutions, sob a
designação comercial POLIOX WSR N10; que se dissolve quando em contacto com
água;
Polietileno de baixa densidade (LDPE) fornecido pela Dow Chemicals sob a designação
comercial DOWLEX SC 2107G, polímero utilizado para a produção de fibras.
Os fármacos usados como agente ativo foram o IBU puro e o Brufen® 200 mg (Br200) em
comprimidos da Abbott GmbH & Co. KG.
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5.2. TGA
As análises de degradação térmica foram executadas para todos os materiais puros e
para os compostos poliméricos e fibras desenvolvidos, tendo-se recorrido para tal ao
equipamento Perkin-Elmer Pyris 1 TGA. Neste, utilizou-se um cadinho de cerâmica vazio como
referência e amostras de cada um dos materiais com uma massa aproximadamente igual a
5 mg. A degradação térmica das amostras decorreu na presença de ar, tendo-se iniciado aos
22 °C e terminado aos 910 °C, à velocidade de 20 °C min-1.
Após a obtenção das curvas de degradação, calculou-se a derivada de cada um destes
para determinar as abcissas dos seus pontos de inflexão. Nos perfis de degradação, para estas
temperaturas, traçaram-se retas tangentes cujas interseções (onset) permitiram a obtenção das
temperaturas que assinalavam a mudança de velocidade de degradação das amostras.
5.3. Estudo Preliminar de Extrusão de Polímeros Aditivados
A extrusão de compostos com o agente ativo incorporado foi conseguida por recurso a
uma extrusora de mistura laboratorial fornecida pela QUALITEST. Antes de cada ensaio, o fuso e
a fieira da extrusora foram aquecidos à temperatura de processamento do polímero a utilizar,
sendo seguidamente a extrusora purgada com o mesmo. Posteriormente, as misturas a testar
foram colocadas diretamente na extrusora e os filamentos formados foram recolhidos à saída da
fieira, tendo estes arrefecido à temperatura ambiente (cerca de 25 °C). Para cada mistura
extrudiu-se o polímero virgem que serviria de controlo e o composto contendo o agente ativo. As
temperaturas de processo utilizadas, bem como a constituição dos filamentos obtidos por
recurso a esta extrusora podem ser visualizadas na Tabela 1.
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Tabela 1 – Valores das temperaturas do fuso (Tfuso) e da fieira (Tfieira) utilizadas para a composição por extrusão dos diferentes filamentos com a fração mássica de polímero (xm) e de agente ativo (xa) pretendidas
Polímero �%
��% � �°
� � � �°
PEO 99.34 0.66 120 110
PVA 99.34 0.66 191 225
L100-55 99.34 0.66 175 183
RL 99.34 0.66 160 150
RS 99.34 0.66 160 150
E_PO 99.34 0.66 155 145
RL 70 30 175 151
RS 70 30 175 160
E_PO 70 30 150 140
5.4. Composição de Polímeros por Extrusão
Por sua vez, a composição das matrizes poliméricas contendo o agente ativo, para
posterior processamento em fibras, foi realizada numa extrusora Rondol 21mm twin-screw. A
composição teve início com o aquecimento até cerca de 200 °C das quatro zonas dos fusos e
da fieira da extrusora de composição, seguida da alimentação de polipropileno (PP) para a
limpeza dos fusos e da fieira. De seguida, as temperaturas das quatro zonas dos fusos e da fieira
foram alteradas para as temperaturas de processamento de cada uma das misturas
posteriormente alimentadas. O material fundido, após passagem pela fieira, e sob a forma de
monofilamento, foi arrefecido por uma corrente de ar frio, tendo sido depois encaminhado para
um granulador, onde se recolheu o composto resultante sob a forma de grânulos. O composto
resultante serviu de matéria-prima na produção de fibras por melt spinning. Para cada mistura
retirou-se uma amostra do material virgem que constituiria a matriz polimérica dos grânulos para
posteriormente ser incorporado na fibra de controlo. A constituição dos compostos obtidos nesta
etapa do estudo pode ser observada na Tabela 2.
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Tabela 2 – Valores das temperaturas estabelecidas para as diferentes zonas do fuso (Tfuso) e para a fieira (Tfieira), para as diferentes composições dos grânulos desenvolvidos em polímero (xm) e em agente ativo (xa)
Polímero �%
��%
� �° � � � �°
Zona 1 Zona 2 Zona 3 Zona 4
E _PO 80 20 145 150 155 160 160
RS 80 20 150 153 155 160 155
RL 80 20 152 154 155 159 158
PEO 90 10 155 168 163 183 168
PVA 90 10 195 194 192 190 190
5.5. Melt Spinning
O processamento de fibras no equipamento de extrusão multicomponente, fornecido
pela Hills Inc., teve início com a montagem da fieira, a qual é composta por um conjunto de
placas de distribuição justapostas responsáveis pelo direcionamento e distribuição do material
fundido proveniente de cada uma das extrusoras de forma a se obter a geometria de secção
transversal pretendida para as fibras, culminando na fieira com 36 orifícios de Ø=0.6 mm cada,
responsáveis pela forma circular final das fibras.
Procedeu-se depois ao pré-aquecimento da fieira num forno, bem como ao aquecimento
da linha de extrusão até 190 °C. Atingida a temperatura pretendida, procedeu-se à limpeza dos
fusos das extrusoras e da fieira com PP para posterior confirmação da geometria de secção
transversal das fibras extrudidas. Posto isto, deu-se início ao processamento de fibras, ajustando-
se as temperaturas das várias zonas das extrusoras e da fieira. Adicionalmente, como se
pretendia obter uma geometria de secção transversal core-sheath para as fibras, ajustaram-se
também os caudais de alimentação dos materiais de forma a serem obtidas as espessuras de
camada externa e de núcleo pretendidas. De seguida, procedeu-se à alimentação das misturas
contendo o agente ativo e dos polímeros virgens, na extrusora A para constituírem a camada
externa da fibra, e à alimentação de LDPE na extrusora C para a constituição do núcleo das
mesmas. Para todas as fibras produzidas as temperaturas de processo utilizadas em ambas as
extrusoras foram mantidas entre os 165 °C e os 180 °C no fuso; a bomba de débito e a fieira
mantiveram-se a 190 °C.
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As restantes condições de processo como caudais e percentagens de material presente
em cada secção da geometria da fibra foram mantidos de contantes para todas as fibras
produzidas e podem ser visualizadas na Tabela 3.
Tabela 3 – Valores das velocidades das bombas de débito, respetivas capacidades e caudais mássicos e fração mássica de material debitado para cada secção das fibras produzidas (sheath e core).
çã �ad �− � � cm �o�−
�� m�n− ℎ � ℎ% �%
Bomba de fluxo - A (sheath)
Bomba de fluxo – C
(core)
Bomba de fluxo - A (sheath)
Bomba de fluxo – C
(core) sheath Core Total
0.471 0.838 0.6 2.9 2.4 21.0 23.5 10 90
Desta forma foram produzidas 6 fibras nas condições descritas anteriormente. Na
camada mais externa (sheath) foram utilizados os sistemas de libertação aditivados com Br200 e
na camada mais interna (core) foi usado LDPE de forma a conferir melhor resistência mecânica
à fibra. Os sistemas de libertação que melhor estabilidade, a nível de processo de fiação,
demostraram, foram o PEO, o E_PO e o RS, tendo sido apenas obtidas e bobinadas fibras com
estes materiais. Para estas fibras foram produzidas 3 fibras controlo sem a adição de Br200.
5.6. Ensaios de Libertação
Para a obtenção dos perfis de libertação do agente ativo de diferentes matrizes
poliméricas, introduziu-se uma amostra de massa conhecida do sistema num recipiente com
0.1 L de água à temperatura ambiente (aproximadamente 25 °C). O controlo do ensaio consistiu
num segundo recipiente com o volume de água calculado para que ao introduzir uma massa
conhecida do polímero virgem, a concentração deste se mantivesse igual em ambos os
recipientes. Para as amostras cuja libertação do agente ativo se encontrava dependente do pH,
efetuou-se o ajuste do pH do meio de libertação para 4.5 e 7.2 para o sistema à base de
L100-55, e 6.8 e 9.47 para os sistemas à base de E_PO. Os meios de libertação obtidos por
mistura de soluções de NaOH a 0.1 mol L-1 e de HCl a 0.1 mol L-1 foram utlizados para os
sistemas constituídos por 0.66 % de IBU e 99.34 % de L100-55 ou E_PO. No caso do sistema
constituído por 30 % de Br200 e 70 % de polímero, o meio de libertação a pH 6.8 resultou do
ajuste do pH da água com as mesmas soluções. No decorrer do ensaio retiraram-se alíquotas de
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3 mL de cada recipiente e efetuou-se a leitura da sua absorvância a 221 nm num
espectrofotómetro UV/Vis Perkin-Elmer Lambda 35. Este procedimento foi efetuado para os
filamentos obtidos após composição por extrusão e para as fibras processadas por melt
spinning.
4.8.1. UV/VIS
Para a análise dos perfis de libertação de agente ativo a partir das amostras, começou-
se por determinar o espectro de absorvância do agente ativo. Para tal, prepararam-se soluções
aquosas de IBU de concentração 14.4 mg L-1 e de Br200 (após trituração em moinho de bolas) de
concentração 18 mg L-1, às quais se realizaram diluições de 1:2, 1:5, 1:10, 1:15, 1:20. Duas
cuvettes com água desionizada foram utilizadas como branco nos ensaios realizados.
O varrimento do espectro visível e do espectro ultravioleta das soluções acima indicadas
e do branco foi realizado dos 300 nm aos 200 nm, à velocidade de 120 nm min-1. As amostras
foram analisadas da mais diluída para a mais concentrada e os valores de absorvância
registados na banda de absorvância máxima foram utilizados para a posterior construção das
curvas de calibração, as quais são apresentadas no Anexo A.3. Para as amostras dos ensaios de
libertação foram mantidas as mesmas condições de varrimento do espectro.
5.7. FTIR
A caracterização química dos meios de libertação, após a realização dos ensaios
libertação com as fibras desenvolvidas, teve lugar no equipamento Perkin-Elmer Spectrum 100
FTIR. O equipamento encontrava-se programado para ler a transmitância das amostras num
espectro compreendido entre 650 cm-1 e 4000 cm-1 e o branco das amostras consistiu na leitura
do espectro de transmitância do ar. Foram realizadas 16 leituras para cada medição e os valores
de transmitância expressos em percentagem após corrigidos de acordo com a linha de base
obtida previamente.
5.8. Ensaios de Expansão de Compostos Poliméricos
O estudo da expansão dos compostos à base dos polímeros RL, RS e E_PO contendo
diferentes composições em agente ativo consistiu na medição do diâmetro de monofilamentos
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(obtidos a partir de amostras de cada um dos diferentes compostos) ao longo do tempo
enquanto estes permaneciam em frascos individuais contendo o meio de libertação utilizado nos
ensaios de libertação. No caso das matrizes à base de E_PO, para além do meio utilizado no
ensaio de libertação do filamento contendo 0.66 % de IBU, testou-se a sua expansão em água
com o pH ajustado para 6.8 de forma a determinar qual o meio de libertação a utilizar para o
filamento contendo 30 % de Br200. Uma vez atingido o máximo de expansão dos sistemas, estes
foram retirados dos frascos e registou-se a regressão do diâmetro até ao estado inicial. As
medições do diâmetro dos compostos ao longo dos ensaios foi conseguida por recurso a um
paquímetro Digital Caliper da KS TOOLS.
5.9. Microscopia ótica
O estudo da expansão das fibras processadas por melt spinning teve por base o princípio
referido anteriormente, tendo-se recorrido a um microscópio ótico de luz transmitida Leica DM
2500 M para a medição do diâmetro de cada fibra ao longo dos ensaios. Para tal, imobilizou-se
uma amostra de fibra numa lâmina de corte transversal para posterior captura da imagem da
secção transversal da mesma. A medição consistiu na ampliação da imagem transmitida da fibra
por uma ocular e por uma objetiva com poder de ampliação igual a 10 vezes e 20 vezes
respetivamente, e no seu envio para um computador. Neste otimizou-se a resolução da imagem
recorrendo aos parafusos micrométricos do microscópio e efetuou-se o cálculo do diâmetro da
fibra. Posteriormente, a secção de corte foi embebida no meio utilizado nos ensaios de libertação
e retiraram-se imagens da secção transversal ao longo do tempo. No caso das fibras contendo
PEO e PVA, dado o mecanismo de libertação do agente ativo, estudaram-se apenas as
diferenças ao nível da sua secção transversal no início e no final do ensaio.
5.10. Ensaios Mecânicos
Os ensaios mecânicos iniciaram-se com a medição da massa linear das fibras
OS_2015_09_30_10PEO_90LDPE, OS_2015_09_30_10RS_90LDPE, OS_2015_09_30_10E
_PO_90LDPE, OS_2015_10_01_10PEO+Br200_90LDPE, OS_2015_10_01_10RS+Br200_90LDPE
e OS_2015_10_01_10E_PO+Br200_90LDPE,seguindo a norma EN ISO 2060:1995. As
medições foram realizadas em triplicado numa meadeira eletrónica Mesdan, modelo 161M, na
qual se definiu o número de voltas para 50 (sendo que cada volta corresponde a 1 m).
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De seguida, procedeu-se à determinação da resistência mecânica de cada fibra de
acordo com a norma EN ISO 2062:2009. Para tal, as fibras receberam uma torção de 60 voltas
por cada metro e foram colocadas no equipamento Statimat M. Neste definiu-se uma distância
entre agarras de 250 mm e uma velocidade de movimento da garra inferior de 250 mm min-1.
Para cada uma das fibras referidas, os ensaios de resistência mecânica foram repetidos cinco
vezes. Os valores referentes à massa linear e à força exercida no ponto de rutura de cada fibra
podem ser encontrados no Anexo A.4.
Resultados e Discussão MIEB – Tecnologia do Ambiente
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6. Resultados e Discussão
Na presente secção poderão ser encontrados os resultados das análises efetuadas em
cada etapa do trabalho experimental realizado, bem como a discussão dos mesmos.
6.1. Estudo Preliminar de Extrusão de Polímeros Aditivados
Ao longo deste ponto de discussão constam os resultados das análises realizadas antes
de se ter iniciado o processamento das fibras. Este estudo preliminar teve como objetivo estudar:
as propriedades térmicas dos polímeros e do agente ativo; o comportamento de cada polímero,
aditivado ou não com o agente ativo, aquando da extrusão com agente ativo; o mecanismo e o
perfil de libertação do agente ativo a partir das matrizes desenvolvidas.
6.1.1. TGA
A caracterização física de cada um dos polímeros utilizados e do agente ativo é uma
etapa necessária para a determinação da fração mássica correspondente a cada um destes num
determinado filamento. Desta forma, os perfis de degradação dos materiais referidos
anteriormente podem ser observados na Figura 25.
Figura 25 – Representação gráfica da variação da massa (xm) de vários compostos em função do aumento de temperatura (T).
Neste gráfico, o perfil a (-- --) pertence ao polímero E_PO, o perfil a (. . .) pertence ao polímero L100-55, o perfil a (----) corresponde ao polímero RL, o perfil a (----) corresponde ao polímero RS, o perfil a (-- --) pertence ao polímero LDPE, o perfil a
(-- . --) corresponde ao polímero PEO, o perfil a (. . .) pertence ao polímero PVA, o perfil a (---- ----) pertence ao agente ativo IBU e
o perfil a (---- . . ----) pertence ao Br200.
Pela análise da Figura 25 verifica-se que cada polímero possui um perfil de perda de
massa por degradação térmica único e que cada perfil pode ser dividido em diferentes fases de
0
20
40
60
80
100
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Resultados e Discussão MIEB – Tecnologia do Ambiente
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acordo com o seu declive, isto é, de acordo com a velocidade de perda de massa. As diferentes
fases de degradação de cada composto testado por análise termogravimétrica podem ser
encontradas na Tabela 4.
Tabela 4 – Valores de temperatura inicial (Ti) e final (Tf) de cada fase e respetivos valores fração de massa perdida (mp) e de massa residual (mr) identificados para os polímeros E_PO, L100-55, RL, RS, LDPE, PEO e PVA e para o agente ativo IBU na forma pura (IBU) e em formulação de administração oral (Br200)
Polímero
Fase E_PO L100-55 RL RS LDPE PEO PVA IBU Br200
1
�°C 22 22 22 22 22 22 22 22 22 �°C 277.36 328.17 358.66 355.95 431.67 232.91 307.04 193.66 199.71
% 0 12.09 10.619 5.650 1.283 0 3.597 0 0
2
��°C 277.36 328.17 358.66 355.95 431.67 232.91 307.04 193.66 199.71 �°C 388.38 433.51 479.23 424.13 498.86 398.85 378.37 239.93 241.03
% 39.051 79.109 87.377 93.02 96.810 94.42 66.435 96.274 78.013
3
�°C 388.38 433.51 479.23 424.13 -------------- --------------- 378.37 239.93 241.03 �°C 454.18 580.54 583.74 569.40 -------------- --------------- 488.00 311.65 377.30
% 50.35 8.431 2.004 1.270 -------------- --------------- 18.581 3.294 13.276
4
�°C 454.18 --------------- --------------- --------------- -------------- --------------- 488.00 --------------- 377.30 �°C 613.09 --------------- --------------- --------------- -------------- --------------- 630.05 --------------- 510.71
% 9.46 --------------- --------------- --------------- -------------- --------------- 9.865 --------------- 6.783
5
�°C 613.09 580.54 583.74 569.40 498.86 398.85 630.05 311.65 510.71 �°C 900 900 900 900 900 900 900 900 900 % 0.65 0.35 0 0.05 0.37 2.07 0.69 0.11 1.72
Comparando os resultados apresentados na Figura 25 e na Tabela 4 com a literatura
verifica-se que estes são, na sua generalidade, idênticos. O perfil de degradação térmica de
LDPE obtido por V. Parthasarathy e R. Anbarasan apresenta estabilidade térmica até aos
425 °C, perdendo praticamente toda a sua massa até aos 490 °C. [128] Mukhopadhyay et al
obtiveram um perfil de degradação térmica para os polímeros RS e RL estável até aos 350 °C,
tendo-se registado para ambos a perda quase total da sua massa inicial até aos 420 °C. [129]
Dorothea Sauer e James McGinity, após realizarem um TGA ao polímero L100-55, obtiveram um
perfil termicamente estável até aos 210 °C, a partir dos quais ocorreu uma ligeira perda de
massa até aos 320 °C e perdendo de seguida, quase na totalidade, a massa restante de
amostra até aos 475 °C. [130] Suriani Ibrahim e Mohd Johan obtiveram um perfil de degradação
Resultados e Discussão MIEB – Tecnologia do Ambiente
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térmica de PEO estável até à temperatura de 210 °C, com posterior perda degradação quase
total da amostra até aos 400 °C, sensivelmente. [131] O perfil de TGA para PVA obtido por Santos
et al possui várias zonas de degradação térmica, sendo a que regista maior perda de massa de
amostra a compreendida entre os 300 °C e os 380 °C. [132] S. Ramukutty e E. Ramachandran
apresentaram um perfil de degradação de IBU termicamente estável até aos 280 °C, tendo-se
seguido a perda quase total da massa da amostra até aos 250 °C. [133] Hari et al obtiveram um
perfil de degradação térmica de E_PO estável até aos 275 °C, perdendo cerca de 30 % de
massa de amostra até aos 310 °C, aproximadamente mais 7 % até aos 380 °C e praticamente
toda a massa restante até aos 450 °C. [134]
A variação da velocidade de degradação dos compostos analisados ao longo do TGA
depende da estrutura química de cada um destes, uma vez que a sua exposição ao calor na
presença de ar desencadeia reações químicas por vezes complexas. Estas reações envolvem a
formação por oxidação de radicais livres ao longo da estrutura, quebrando ligações covalentes
nas cadeias insaturadas ou nas cadeias saturadas contendo carbonos terciários. Nestes locais
formam-se hidroperóxidos, os quais são rapidamente degradados e promovem a quebra de
ligações C–C. Assim sendo, nas zonas de maior declive ocorre a quebra das cadeias poliméricas
por rutura das ligações menos energéticas, originando-se moléculas de baixo peso molecular que
volatilizam facilmente (por exemplo grupos hidroxilo, carboxilo, entre outros). Este
comportamento deve-se ao facto destas moléculas serem constituídas por ligações simples C–C
e C–O, cujas energias de dissociação são iguais a 346 kJ mol-1 e a 358 kJ mol-1, respetivamente.
O resíduo resultante desta fase é constituído por cadeias longas com ligações simples C–C e
ligações simples e duplas C–O (com energia de dissociação igual a 799 kJ mol-1). Desta forma,
quanto maior o somatório das energias de dissociação das ligações de uma molécula, maior a
energia a ser fornecida para a sua degradação térmica, a qual é conseguida à temperatura cuja
energia equivale ou excede essa mesma soma. [135]–[137]
No que diz respeito ao agente ativo, ao analisar os perfis presentes na Figura 25,
constata-se que o perfil de degradação térmica do Br200 possui um comportamento muito
semelhante ao do IBU. Contudo, a presença de excipientes deste fármaco (celulose
microcristalina, croscarmelose sódica, lactose monohidratada, sílica coloidal anidra, laurilsulfato
de sódio, estearato de magnésio, hipromelose 2910, talco e dióxido de titânio) contribuiu para o
ligeiro prolongamento da estabilidade térmica do polímero até aos 199.71 °C. Para além disso,
Resultados e Discussão MIEB – Tecnologia do Ambiente
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evidenciam-se no perfil do Br200 fases de degradação térmica que se distanciam das
apresentadas no perfil do IBU. Este desvio é também causado pela presença de excipientes no
fármaco que necessitam de uma maior quantidade de energia para volatilizarem do que o IBU.
Por exemplo, segundo Feng-Yuan Huang, a cadeia principal da celulose só é degradada a partir
dos 300 °C e Listiohadi et al determinou que a lactose monohidratada sofria degradação a partir
dos 200 °C. [138], [139]
Por comparação dos perfis apresentados na Figura 25 e das temperaturas de fusão e de
transição vítrea de cada um dos compostos analisados, expostas no ponto 3.3 do presente
documento, foi possível concluir que as temperaturas de processamento destes materiais não
devem ultrapassar os 190 °C sob risco de degradação térmica do agente ativo.
Na Figura 26 pode ser observado o perfil de degradação térmica do composto obtido na
extrusora de composição de escala laboratorial, com composição igual a 70 % de RL e 30 % de
IBU, juntamente com os perfis de degradação dos mesmos compostos no estado puro.
Figura 26 – Representação gráfica dos perfis de degradação térmica do polímero RL, do agente ativo IBU e do composto constituído por 70 % de RL e 30 % de IBU, nos quais se verifica a variação da sua massa (xm) em função do aumento de
temperatura (T). A curva a (----) diz respeito ao perfil do polímero RL, a curva a (-- . --) corresponde ao perfil do IBU e a curva a (-- --) corresponde ao perfil do composto. O perfil a (-------) diz respeito à derivada do perfil de degradação do composto, cujos pontos de inflexão indicam as temperaturas às quais ocorrem perdas de massa no perfil do composto.
Por observação dos perfis de degradação presentes na Figura 26 é visível que o perfil de
degradação do composto difere dos perfis dos materiais que o constituem. Contudo,
comparando os três perfis é possível identificar semelhanças no comportamento de degradação
do composto com os perfis dos restantes. O composto, no início da análise termogravimétrica,
apresenta um comportamento mais próximo do apresentado no perfil do IBU, demonstrando
estabilidade térmica até ao início da sua degradação. No entanto, a presença maioritária de RL
no composto contribuiu para o ligeiro distanciamento da temperatura de início degradação
térmica deste (208.99 °C) relativamente à do IBU, o qual se mantém até à temperatura de
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Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 55
254.06 °C, perdendo 16.58 % da sua massa. A partir desta temperatura verifica-se que a curva
do perfil do composto desloca-se para a direita, em direção ao perfil do RL, uma vez que a
temperatura da amostra começa a aproximar-se da temperatura de início de degradação deste
polímero. No entanto, a presença de IBU na formulação impede a sobreposição desta zona da
curva do composto à do perfil de RL, porque o agente ativo presente no composto não foi
completamente degradado no intervalo de temperaturas referido anteriormente, diminuindo a
temperatura de início da segunda fase de degradação do filamento (354.49 °C). Até se atingir
esta temperatura, o composto perdeu 24.15 % da sua massa inicial, estimando-se que grande
parte desta seria constituída por IBU.
A segunda fase de degradação térmica do composto prolonga-se até aos 408.51 °C,
perdendo-se 69.18 % da massa inicial da amostra. Dada a proximidade desta curva
relativamente à curva de degradação do polímero RL, estima-se que esta seja constituída
maioritariamente por este polímero e não por IBU. Da temperatura de 408.51 °C até à
temperatura de 558.80 °C, o perfil de degradação do composto é intermédio ao perfil de
degradação do IBU e do RL, pelo que durante esta fase, os 5.93 % de massa perdida pelo
composto são constituídos por ambos. A partir desta temperatura, o comportamento do
composto coincide com o do polímero RL até ao final do TGA, restando apenas 0.583 % da
massa inicial da amostra do composto, constituídos por resíduos da matriz polimérica.
Os perfis de degradação térmica do IBU, do polímero RS e do composto constituído por
estes dois materiais na proporção de 30 % de agente ativo para 70 % de polímero são
apresentados na Figura 27.
Figura 27 – Representação gráfica da variação da massa (xm), em função da temperatura (T), do agente ativo IBU, do polímero RS e do composto constituído por 30 % deste agente ativo e por 70 % deste polímero. A curva a (-- --) é representativa do perfil de
degradação do composto, a curva a (----) representa o perfil de degradação do polímero e a curva a (-- . --) representa o perfil de degradação do agente ativo. O perfil a (-------) diz respeito à derivada do perfil de degradação do composto, cujos pontos de inflexão indicam as temperaturas às quais ocorrem perdas de massa no perfil do composto.
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Na Figura 27, à semelhança do observado na Figura 26, verifica-se que apesar das
diferenças entre os três perfis de degradação, estes apresentam semelhanças entre si ao nível
do comportamento de degradação. No início do TGA, o comportamento do composto
aproxima-se mais do comportamento apresentado pelo IBU, devido à estabilidade térmica
apresentada até ao início da sua degradação. Contudo, como o RS encontra-se em maior
quantidade no composto, este contribuiu para o distanciamento da temperatura de início
degradação térmica do filamento (214.50 °C) relativamente à do IBU. Desta temperatura até
aos 362.40 °C, pode-se observar que a curva do perfil do composto aproxima-se gradualmente
do perfil do RS, à medida que a temperatura da amostra se aproxima da temperatura de início
de degradação deste polímero. No entanto, devido à presença de IBU na formulação, esta zona
da curva do composto não se sobrepõe à do perfil do polímero, porque o agente ativo não foi
completamente degradado durante este intervalo de temperaturas. Até ao final deste intervalo, o
composto regista uma perda de 20.15 % da sua massa inicial, estimando-se que grande parte
desta seja constituída por IBU.
A segunda fase de degradação térmica do composto prolonga-se até aos 414.56 °C,
registando-se uma perda de massa do mesmo na ordem dos 75.07 %. Como esta zona do perfil
de degradação do composto encontra-se muito próxima à curva de degradação do polímero,
estima-se que a massa perdida seja constituída quase ou totalmente por este e não por IBU.
Desta temperatura até aos 563.25 °C, o perfil de degradação do composto encontra-se
aproximadamente equidistante aos perfis de degradação do agente ativo e do polímero, pelo que
os 4.14 % de massa perdida pelo composto deverão ser constituídos em igual proporção por
ambos. A partir dos 563.25 °C, o comportamento do composto aproxima-se novamente do
comportamento do polímero RS, mantendo-se até ao final do TGA. Nesse ponto, resta apenas
0.74 % da massa inicial da amostra do composto, a qual se estima ser composta
maioritariamente pelo polímero.
Os perfis de degradação do agente ativo IBU, do polímero E_PO e do composto
contendo 30 % de agente ativo podem ser observados na Figura 28.
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Figura 28 – Representação gráfica da variação da massa (xm), em função da temperatura (T), do polímero E_PO, do agente ativo IBU e do filamento constituído por 70 % de E_PO e por 30 % de IBU. O perfil a (-- --) pertence ao filamento, o perfil a (----)
pertence ao polímero virgem e o perfil a (-- . --) pertence ao agente ativo. O perfil a (-------) diz respeito à derivada do perfil de degradação do composto, cujos pontos de inflexão indicam as temperaturas às quais ocorrem perdas de massa no perfil do composto.
À semelhança das figuras anteriores, os perfis apresentados na Figura 28, para além
das diferenças, possuem comportamentos de degradação térmica semelhantes entre si. No
início da análise, o perfil do composto possui um comportamento idêntico ao do IBU,
apresentando estabilidade térmica até ao início da zona de maior velocidade de perda de massa.
Como o E_PO está persente em maior quantidade no composto, a temperatura de início de
degradação térmica deste distancia-se da do IBU em 32.54 °C. Entre os 232.25 °C e os
375.45 °C, a distância do perfil do composto ao perfil do IBU mantém-se aproximadamente
constante, mas desta temperatura até aos 324.15 °C o perfil do composto aproxima-se do perfil
do E_PO. Isto deve-se ao facto de aos 270.99 °C a temperatura da amostra de composto estar
próxima da temperatura de início de degradação do E_PO e de a 375.45 °C estar próxima da
segunda fase de degradação térmica do mesmo. Porém, a presença de IBU não degradado na
formulação impossibilita a sobreposição desta zona ao perfil do polímero. Assim sendo,
estima-se que no intervalo de 232.25 °C a 270.99 °C os 21.92 % de massa perdida pelo
composto sejam constituídos maioritariamente por IBU e que no intervalo de 270.99 °C a
375.45 °C os 27.01 % de massa perdidos possuam uma percentagem de polímero superior à
do intervalo anterior.
A segunda fase de degradação térmica do composto estende-se até aos 446.50 °C,
durante a qual ocorre a perda de 41.71 % da sua massa. Dado que esta zona do perfil de
degradação encontra-se muito próxima ao perfil do polímero E_PO, estima-se que este constitua
grande parte da massa perdida. A partir dos 446.50 °C a influência do IBU sobre o perfil de
degradação do composto é quase inexistente, pelo que os 8.53 % de massa perdida são
praticamente constituídos pelo polímero. Quando atingidos os 573.65 °C, o perfil de degradação
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do composto coincide com o perfil de degradação do E_PO, mantendo este comportamento até
ao final do TGA. Deste modo é fortemente provável que os 0.73 % de massa residual sejam
constituídos apenas pelo polímero E_PO.
De uma forma geral, pode-se assumir que as fases de degradação térmica dos
compostos analisados nas Figuras 26, 27 e 28 com comportamento semelhante ao perfil do IBU
dizem respeito apenas à degradação deste composto. As frações mássicas referentes ao agente
ativo e ao polímero, presentes nos compostos, bem como a fração mássica referente às perdas
de agente ativo detetadas para cada composto podem ser encontradas na Tabela 5. As frações
mássicas relativas à perda de agente ativo foram calculadas tendo por base a massa de amostra
referente à fração mássica de agente ativo pretendida, como demonstrado no Anexo A.2. As
massas das amostras utilizadas também podem ser observadas no Anexo A.2.
Tabela 5 – Valores referentes às frações mássicas de agente ativo (xIBU), de polímero (xpl) e de agente ativo perdido (xpIBU) no processo de composição de cada um dos compostos analisados por TGA
Composto �� �%
�% � � �%
70 % RL e 30 % IBU 22.516 77.484 24.97
70 % RS e 30 % IBU 22.225 77.775 25.92
70 % E_PO e 30 % IBU 21.915 78.085 26.95
As frações mássicas relativas às perdas de IBU dizem respeito às perdas ocorridas
durante a etapa de composição por extrusão detetadas nas amostras pelo equipamento de TGA.
Apesar dos valores apresentados na Tabela 5, existe uma variação da fração mássica de IBU ao
longo do composto, uma vez que é impossível obter uma mistura homogénea de agente ativo e
de polímero. Para além disto, a diferença de viscosidade dos dois materiais no estado fundido
também conduz a uma distribuição desigual do agente ativo no polímero que o incorpora.
Apesar de terem sido formulados sistemas de libertação constituídos por 99.34 % de
polímero (PVA, PEO, RL, RS, E_PO e L100-55) e 0.66 % de IBU, não foram efetuados TGAs a
estes. Dada a presença vestigial de agente ativo nos compostos, a perda de massa referente ao
IBU não seria detetável durante a análise, prevendo-se que o perfil do composto se iria sobrepor
total ou maioritariamente ao perfil do polímero utilizado para constituir a matriz polimérica.
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6.1.2. Ensaios de Libertação
O estudo da libertação do agente ativo selecionado de um sistema de libertação de base
polimérica foi necessário para a determinação da velocidade de libertação e para a compreensão
do comportamento de libertação do mesmo a partir das diferentes matrizes extrudidas. Os
ensaios de libertação foram realizados à temperatura ambiente (aproximadamente 25 °C) por
uma questão de facilitar a posterior realização dos ensaios de expansão dos compostos e fibras
desenvolvidos. Tal só foi possível porque a diferença entre a presente temperatura e a
temperatura fisiológica não tem um impacto significativo sobre as propriedades dos polímeros ou
do agente ativo. Ao nível dos polímeros, estes são termicamente estáveis às temperaturas
referidas e estas são inferiores às suas Tg (no caso dos polímeros amorfos) e às temperaturas
de fusão (no caso dos polímeros cristalinos), pelo que as propriedades dos polímeros não se
alteram nesta gama. No caso do agente ativo, a sua concentração no meio de libertação
depende, não só do gradiente de concentrações, mas também da solubilidade do mesmo no
meio de libertação. Segundo Luis Garzón e Fleming Martínez (2004), a solubilidade do IBU à
temperatura de 35 °C é aproximadamente igual a 21 mg L-1. [140] Dado que este valor é igual ao
valor de solubilidade a 25 °C apresentado no ponto 2.1, concluiu-se que a realização dos
ensaios de libertação e de expansão a esta temperatura ou à temperatura fisiológica não
deveriam apresentar diferenças significativas. Na Figura 29 encontram-se os perfis de libertação
de IBU a partir de duas matrizes poliméricas, uma constituída por PEO e outra constituída por
PVA.
Figura 29 – Representação gráfica variação da massa de agente presente no meio de libertação (mIBU) ao longo do tempo (t), sendo que a curva a (-------) corresponde ao sistema constituído por 99.34 % de PVA e 0.66 % de IBU e a curva a (--------) ao sistema composto por 99.34 % de PEO e 0.66 % de IBU.
Numa primeira análise da Figura 29 constata-se que ambos os perfis apresentados
podem ser aproximados a uma cinética de ordem zero, dado que após um determinado intervalo
de tempo, à semelhança do referido por Ronald Siegel e Michael Rathbone, a massa de IBU
presente no meio de libertação manteve-se aproximadamente constante. [57] Porém, é também
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Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 60
possível observar que no final dos referidos ensaios de libertação ocorreu um ligeiro aumento da
massa de IBU libertada. Tendo em conta que na realidade não é possível obter uma mistura
100 % homogénea e que o mecanismo de libertação destes dois polímeros baseia-se na
degradação da matriz polimérica por dissolução em água, é possível que os aumentos de massa
de IBU referidos se devam à dissolução de uma massa de filamento que continha uma maior
fração de IBU. Da análise desta figura é ainda possível verificar que as massas de IBU presentes
no meio de libertação são inferiores aos 20 mg que corresponderiam a 0.66 % da massa do
composto, registando-se uma massa de 5 mg para o composto à base de PEO e de 16.4 mg
para o composto à base de PVA. As perdas de massa de IBU podem ser explicadas pelas suas
propriedades electroestáticas, pelo que este pode ter interagido com as paredes metálicas da
tremonha de alimentação e com o fuso da extrusora, ficando retido e diminuindo a sua fração
mássica no composto.
A Figura 30 diz respeito aos perfis de libertação de agente ativo de uma matriz à base de
L100-55 em meios com diferentes valores de pH. Dada a elevada viscosidade e a elevada Tg
(entre 96 °C e 112.5 °C) deste polímero, foi necessário incorporar na composição dos
compostos apresentados na Figura 30 um plastificante (PEG) para possibilitar o seu
processamento.
Figura 30 – Representação gráfica da massa de IBU presente no meio de libertação (mIBU) ao longo do tempo (t). A curva a (-----) referente à libertação de IBU a partir de uma matriz de L100-55 em meio constituído pela mistura de soluções de NaOH e HCl,
ambas a 0.1 mol dm-3
, a pH=4.5, e a curva a (-------) diz respeito à libertação de IBU a partir da mesma matriz num meio constituído pela mistura das mesmas soluções, mas a pH=7.2. Neste composto, 0.66 % de massa é constituída por IBU, 49.67 % por L100-55 e 49.67 % por PEG.
Após a análise da Figura 30 verifica-se que, de uma forma generalizada, a libertação de
IBU a partir da matriz formada pelo polímero L100-55 assemelha-se a uma cinética de libertação
de ordem zero, porque a partir dos 216 min do ensaio a pH=7.2 a massa de IBU no meio de
libertação manteve-se aproximadamente constante, assim como a partir do minuto 35 do ensaio
a pH=4.5. [57] Para além disso, é possível comprovar que a libertação de agente ativo em meios
de libertação a pH<5.5 é vestigial, ocorrendo por difusão das moléculas de IBU à superfície do
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0
0,2
0,4
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0 100 200 300 400 500 600 700 800
Resultados e Discussão MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 61
sistema. Contudo, esperava-se que no ensaio realizado a pH>5.5 fosse possível visualizar a
dissolução do polímero com consequente libertação do agente ativo aprisionado no seu interior.
Na realidade, como se pode observar na Figura 30, o aumento da massa de IBU no meio de
libertação foi ligeiramente superior ao registado para o ensaio realizado a pH=4.5, pelo que a
libertação decorreu a uma velocidade muito baixa e visualmente não se detetou qualquer sinal
de que a matriz do sistema tivesse sofrido qualquer alteração conformacional. O comportamento
observado pode ter sido causado pela ação conjunta do plastificante adicionado e do agente
ativo, que segundo Ozguney et al possui propriedades plastificantes. [63] Estes materiais,
possivelmente pelo estabelecimento de pontes de hidrogénio ou por algum mecanismo de
complexação, poderão ter impossibilitado a dissolução da matriz de L100-55, pelo que a massa
de IBU libertada ao longo do ensaio de libertação foi vestigial. Por outro lado, as ligeiras
variações nestes perfis devem-se ao facto de as massas quantificadas corresponderem a
concentrações de IBU inferiores ao limite de deteção da curva de calibração, apresentado no
Anexo A.3, pelo que a probabilidade de ocorrência de erros de leitura é superior. [141]
A excessiva ação plastificante destes compostos foi também detetada aquando da
composição por extrusão destes sistemas, uma vez que o fundido à saída da fieira da extrusora
se apresentava demasiado fluído e com caudal inconstante. Segundo David Cadogan e
Christopher Howick, as moléculas de plastificantes quebram as interações entre as moléculas de
polímero, tornando a estrutura do polímero mais flexível e menos coesa, tal como verificado. [142]
No entanto, a extrusão de um sistema à base de L100-55 sem o recurso a um plastificante era
impossível. Devido à sua elevada viscosidade, este material apresenta temperaturas de processo
superiores ás da sua degradação térmica. Contudo, a extrusão deste sistema apenas foi possível
numa proporção de 1:1 de L100-55 e PEG. Tomando em consideração a instabilidade
processual deste sistema, decidiu-se não utilizar este polímero na fase de processamento de
fibras pela técnica de melt spinning. Na Figura 31 pode ser observado o estado final deste
sistema de libertação.
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Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 62
Figura 31 – Fotografia do sistema de libertação constituído por 0.66 % de IBU, 49.67 % de L100-55 e por 49.67 % de PEG (à esquerda) e do respetivo controlo constituído por 50 % de L100-55 e 50 % de PEG (à direita). O presente sistema caracteriza-se por possuir um toque muito viscoso e por possuir uma forma inconsistente, a qual tornava-se mais rígida quando em contacto com o meio de libertação.
Os perfis de libertação de IBU a partir de matrizes constituídas em 99.34 % por RS e RL
podem ser observadas na Figura 32.
Figura 32 – Representação gráfica da variação da massa de IBU presente no meio de libertação (mIBU) ao longo do tempo (t), resultate da sua libertação de sistemas constituídos por 0.66 % de agente ativo e 99.34 % de polímero. A curva a (---------) corresponde ao sistema contendo RL como matriz polimérica e a curva a (----------) ao sistema constituído por uma matriz de RS.
Analisando os perfis presentes na Figura 32, verifica-se que, apesar do aumento global
da massa de IBU presente no meio de libertação, existem momentos em que esta diminuiu. A
inconsistência destes valores pode estar relacionada com o facto de as massas registadas
corresponderem a concentrações de agente ativo que se encontram abaixo do limite de deteção
da curva de calibração do IBU, existindo uma maior probabilidade de erro nos valores
medidos. [141]
De acordo com Sultana et al, os polímeros utilizados nestes sistemas podem ser
utilizados para libertação de agentes ativos de duração superior a 3 dias (72 h), tal como se
pode observar pela Figura 32. [143] Posto isto, verifica-se que ao fim de 5910 min (98.5 h)
libertaram-se apenas 0.14 mg de IBU pelo composto à base de RL e que ao fim de 5810 min
(96.8 h) o composto à base de RS libertara apenas 0.57 mg de IBU. Tendo isto em conta,
concluiu-se que a carga de agente ativo incorporada nestes compostos era insuficiente para a
sua deteção com elevado grau de confiança. Como tal, extrudiram-se novos compostos com
-0,2
0
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0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
Resultados e Discussão MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 63
estes polímeros, mas com uma carga de agente ativo que garantisse a sua deteção no meio de
libertação com maior grau de confiança.
Na Figura 32 é ainda possível observar que, apesar das quantidades vestigiais de IBU
libertadas, a maior massa registada do mesmo ocorre no perfil de libertação do composto à base
de RS. Este comportamento não era expectável porque, como referido no ponto 3.3.3.2, o
polímero RL possui uma maior quantidade de aminas quaternárias, que o tornam mais
permeável à água e, por isso, com maior capacidade de expansão relativamente ao polímero RS.
Para além disto, segundo Mohsen et al, o polímero RS é mais eficiente na retardação da
libertação de agente ativo do que o polímero RL. [144] Desta forma, esperava-se que o composto à
base de RL detivesse o perfil com maior libertação de IBU. Por esta razão decidiu-se fazer um
estudo de expansão destes polímeros para verificar qual dos polímeros possuía uma maior
capacidade de expansão do seu volume, encontrando-se os resultados destes ensaios discutidos
no ponto 6.4 do presente documento. Adicionando a isto, as absorvâncias lidas pelo UV/Vis, que
resultaram no perfil do composto à base de RS, poderão ter sido influenciadas por partículas em
suspensão deste polímero. Ao longo do ensaio de libertação deste composto verificou-se que
este oferecia maior resistência à expansão, fragmentando-se, principalmente o composto
contendo IBU, Figura 33, originando partículas que ficaram em suspensão. Estas poderão ter
conduzido a absorvâncias que não correspondiam à massa de IBU realmente libertada, visto
que, em contacto com a água, o polímero adquiria uma tonalidade branca, aumentando a
quantidade de luz absorvida. [145] Deste modo, decidiu-se que em ensaios futuros se procederia à
filtração de cada uma das amostras retiradas ao longo do ensaio com estes polímeros.
Figura 33 – Fotografias de um composto do sistema de libertação constituído por 99.34 % de RS e 0.66 % de IBU. Em a) é possível observar a aparência do composto após a sua composição por extrusão. Em b) pode-se observar o polímero seco após ter sido submetido a um ensaio de libertação. Em c) é possível observar uma ampliação da fotografia b) onde é claramente visível uma lasca do composto, causada por degradação física do mesmo durante o ensaio de libertação.
a) b) c)
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Na Figura 34 podem ser observados os perfis de libertação de IBU de um sistema de
libertação à base de E_PO submetido a meios de libertação com valores de pH iguais a 6.8 e a
9.47.
Figura 34 – Representação gráfica da variação da massa de IBU presente no meio de libertação (mIBU) ao longo do tempo (t) a partir de um sistema constituído em 0.66 % por agente ativo e em 99.34 % pelo polímero E_PO. A curva a (---------) diz respeito à
libertação de IBU num meio de libertação de pH=6.8 obtido por mistura de soluções de NaOH e de HCl, ambas a 0.1 mol dm-3.
A curva a (---------) corresponde à libertação de IBU num meio de libertação de pH=9.47, o qual foi obtido por mistura das mesmas soluções.
Após a análise dos perfis apresentados na Figura 34 constatou-se que as quantidades de
IBU libertadas pelo sistema à base de E_PO foram extremamente baixas, não atingindo os
0.05 mg no ensaio realizado a pH=6.8 e os 0.01 mg no ensaio realizado a pH=9.47. Para além
disso, ambos os perfis exibem um comportamento incoerente, principalmente o perfil do ensaio
realizado a pH=9.47. Isto deve-se ao facto de as massas de IBU em solução corresponderem a
concentrações muito inferiores ao limite de deteção da curva de calibração do agente ativo,
existindo um maior erro associado à sua medição. [141] Também pela análise destes perfis se
verificou que, à semelhança dos perfis apresentados na Figura 32, a carga de IBU efetuada no
presente sistema foi insuficiente, dada a frequente incorporação de E_PO em sistemas de
libertação prolongada. Por esta razão, extrudiram-se novos compostos com uma carga de agente
que garantisse a sua libertação em quantidades detetáveis com maior grau de confiança, isto é,
acima do limite de deteção da sua curva de calibração.
Sabendo da capacidade de expansão do E_PO a valores de pH>5.0, a escolha do
pH=6.8 teve por base o estudo realizado por Moustafine et al, no qual a expansão máxima de
E_PO foi obtida para o presente pH, e o facto de este valor estar compreendido entre o pH
fisiológico (pH=7.2) e o pH de uma ferida (pH=6.5). [80], [146] Desta forma, à medida que a zona alvo
de tratamento se for curando, o seu pH aumentará até ao pH fisiológico, diminuindo a
capacidade de libertação deste polímero, ajustando a quantidade de IBU libertada, dado que a
essa altura não serão necessárias doses tão elevadas como no início do tratamento. No entanto,
-0,01
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0 10 20 30 40 50 60 70
Resultados e Discussão MIEB – Tecnologia do Ambiente
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devido às baixas massas de IBU registadas, realizou-se um ensaio num meio de pH superior,
neste caso 9.47, para verificar se, num meio com pH alcalino, a libertação de IBU por parte
deste sistema seria superior à verificada no ensaio em meio de pH=6.8. Como se pôde verificar
pela análise da Figura 34, tal comportamento não se verificou. Para além disto, em nenhum
destes dois ensaios se constatou visualmente o aumento do volume do filamento, pelo que se
considerou a possibilidade de a força iónica do meio de libertação influenciar a capacidade de
expansão do polímero. [146] Por este motivo, realizou-se um ensaio de expansão com os novos
compostos para apurar o efeito de um meio sem NaCl, resultante da mistura de NaOH e HCl, na
capacidade de expansão deste polímero comparativamente com o meio de libertação utilizado
para obter os perfis apresentados na Figura 34.
Os perfis de libertação dos sistemas constituídos por 70 % de RL, RS ou E_PO e por
30 % de IBU podem ser observados na Figura 35.
Figura 35 – Representação gráfica da variação da massa de IBU (mIBU) presente no meio de libertação em função do tempo (t) a partir de sistemas constituídos por 30 % de agente ativo e 70 % de polímero. A curva a (---------) diz respeito ao sistema à base de RL e a curva a (---------) ao sistema à base de RS, os quais foram introduzidos em água para libertação do agente ativo. A libertação do agente ativo a partir do sistema constituído por E_PO, curva a (--------), foi realizada em água com o pH ajustado para 6.8.
Efetuando uma primeira análise à Figura 35 é possível constatar que, para os três
sistemas testados, as massas de agente ativo presentes no meio de libertação são muito
superiores às apresentadas para os sistemas de igual matriz polimérica nas Figuras 32 e 34
(56.7 mg, 4.2 mg e 8.9 mg de IBU para os sistemas à base de RL, RS e E_PO, respetivamente).
Isto deve-se em parte ao aumento do gradiente de concentrações entre o meio no interior das
matrizes e o meio de libertação nestes sistemas, cuja composição possui mais 29.34 % de
agente ativo do que os sistemas apresentados nas Figuras 32 e 34. Para além disto, as
diferenças entre os perfis das Figuras 32, 34 e 35 poderão estar também relacionadas com
variações na capacidade de expansão dos polímeros, não tão visíveis a olho nu para os sistemas
à base de RS e de E_PO, mas visíveis para os sistemas à base de RL. Devido a este
comportamento, decidiu-se efetuar um ensaio de expansão aos sistemas responsáveis pelos
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Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 66
perfis da Figura 32 para comparação com os resultados dos ensaios de expansão dos sistemas
com apenas 0.66 % de agente ativo e para estudar o efeito da adição de agente ativo na
capacidade de expansão dos polímeros. Os resultados deste estudo estão presentes no ponto de
discussão seguinte.
A análise dos perfis presentes na Figura 35 permitiu ainda verificar que, após o início da
libertação, a massa de IBU presente na água atingiu uma fase estacionária a partir dos
2435 min para o composto à base de RL (19.76 mg de IBU), dos 3265 min para o composto à
base de RS (1.70 mg de IBU) e dos 2575 min para o composto à base de E_PO (8.68 mg de
IBU). Contudo, a partir do minuto 8158 para o sistema à base de RL e do minuto 7745 para o
sistema à base de RS, a massa de IBU presente na água começou a aumentar novamente,
notoriamente no primeiro sistema, dirigindo-se para uma segunda fase estacionária. Este
segundo aumento de massa de agente ativo poderá estar relacionado com o desgaste físico dos
polímeros, causado por inúmeros minutos no estado expandido, tendo tornado os polímeros
mais frágeis, degradando a sua estrutura e libertando maiores quantidades de agente ativo como
consequência. Visualmente, este desgaste físico é muito notório para o sistema à base de RL,
como se pode observar na Figura 36.
Figura 36 – Fotografias do sistema de libertação constituído por 70 % de RL e por 30 % de IBU em vários momentos de análise. Em a), os compostos deste sistema encontram-se num estado expandido devido ao contacto com o meio de libertação. Em b), após 8158 min em expansão, os compostos encontram-se muito mais expandidos e muito mais frágeis devido ao desgaste físico sofrido. Em c) encontra-se uma fotografia dos compostos deste sistema após a sua composição por extrusão e em c) encontra-se a fotografia dos mesmos compostos após o ensaio de expansão, na qual é visível o desgaste físico sofrido pelos mesmos, principalmente após comparação com c).
Para além disto, aquando da composição por extrusão dos compostos em causa, a
mistura em pó de polímero com o agente ativo não se apresentava uniforme, como se pode
observar na Figura 37. Estes, quando libertados, eram responsáveis pelo aumento mais
acentuado da massa de IBU em solução. Dadas as dimensões destes grânulos, a sua libertação
poderá ter ocorrido mais facilmente após o referido desgaste físico dos polímeros. Uma vez
a)
d)
b) c)
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visualizado este comportamento, o ensaio de libertação realizado para o composto à base de
E_PO foi interrompido quando se atingiu a primeira fase estacionária.
Figura 37 – Fotografias dos grânulos de mistura de polímero com agente ativo por fundir presentes nos compostos dos sistemas constituídos por 70 % de RL e 30 % de IBU (a), por 70 % de RS e 30 % de IBU (b), e por 70 % de E_PO e 30 % de IBU (c).
Por comparação dos perfis apresentados na Figura 35, pode-se constatar que o sistema
com maior capacidade de libertação é o constituído por RL, sendo seguido pelo constituído por
E_PO e por último pelo constituído por RS, dado que, por volta dos 2200 min de ensaio, a
massa de agente ativo presente em solução para cada sistema era de 19.1 mg, 6.5 mg e
1.5 mg respetivamente. Como esperado e referido no ponto 3.3.3.2, o composto à base de RL
apresentou uma maior libertação do que o composto à base de RS, por possuir maior
quantidade de aminas quaternárias na sua composição. Dado a possuírem estruturas químicas
semelhantes, seria de interesse misturar estes polímeros para se obterem perfis de libertação
intermédios aos apresentados, à semelhança do estudo realizado por Apu et al para a libertação
de carbamazepina. [109] Assim poder-se-ia adequar a libertação do agente ativo à finalidade do
produto a desenvolver. Para tal, seria necessário caracterizar a libertação de agente ativo a partir
de matrizes poliméricas com diferentes composições destes dois polímeros.
Os ensaios de libertação que deram origem aos perfis presentes na Figura 35 foram
interrompidos antes de se ter alcançado a total libertação da massa incorporada nos compostos,
pois seriam necessários meses para que tal acontecesse. As velocidades de libertação de agente
ativo e de degradação das matrizes poliméricas, para cada um dos compostos desenvolvidos,
podem ser observadas na Tabela 6.
a) b) c)
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Tabela 6 – Valores velocidades de libertação de agente ativo (va) e velocidade de degradação da matriz polimérica (vd), para as diferentes formulações dos compostos desenvolvidos em polímero (xm) e em agente ativo (xa)
Polímero �%
�a% �am� �−
�m� �−
PEO 99.34 0.66 18.516 3.819
PVA 99.34 0.66 13.644 1.146
L100-55 pH 7.2 99.34 0.66 0.096 0
L100-55 pH 4.5 99.34 0.66 0.096 0
RL 99.34 0.66 0.003 1.452 × −
RL 70 30 0.558 2.483 × −
RS 99.34 0.66 0.024 0.010
RS 70 30 0.048 1.720 × −
E_PO 99.34 0.66 0.138 5.538 × −
E_PO 70 30 0.348 1.115 × −
Como se pode perceber pela análise da Tabela 6, os compostos à base de PEO e de
PVA conseguem fornecer agente ativo a velocidades muito superiores às dos compostos à base
de polímeros Eudragit. Estes resultados são indicativos de que tanto o PEO e o PVA serão mais
qualificados para constituírem sistemas de rápida libertação de agente ativo, enquanto os
restantes seriam mais adequados a sistemas de libertação prolongada.
Os resultados apresentados neste ponto de discussão serviram de base para o
processamento das fibras apresentadas na Tabela 3, uma vez que possibilitaram definir a carga
de agente ativo mínima a adicionar no polímero de aprisionamento, de forma a ser datável por
UV/Vis, bem como a carga máxima possível de adicionar de forma a ter um processo de
extrusão estável.
6.1.3. Ensaios de Expansão
A libertação do agente ativo para alguns dos sistemas de libertação desenvolvidos
encontra-se dependente da sua capacidade de expansão, pelo que se estudou esta componente
para cada um dos sistemas à base de RL, RS e E_PO.
Na Figura 38 pode-se observar os perfis de expansão dos filamentos à base de RL
constituídos por 0.66 % e 30 % de IBU, e os perfis de expansão dos respetivos sistemas de
controlo.
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Figura 38 – Representação gráfica do aumento do diâmetro dos compostos (xdp) em função do tempo (t) dos sistemas de libertação constituídos por 70 % de RL e 30 % de IBU (---------) e por 99.34 % de RL e 0.66 % de IBU (---------), e perfis de expansão dos controlos dos ensaios referidos (curvas a --------- e a -------- respetivamente). Os controlos dos sistemas de libertação de agente ativo consistem em compostos de RL puro que foram extrudidos nas mesmas condições que os respetivos sistemas. Nestes sistemas o valor zero representa o diâmetro dos compostos anterior à sua introdução em água.
Pela análise dos perfis presentes na Figura 38 verificou-se a existência da capacidade de
expansão deste polímero na presença de água, referida por Moustafine et al e na folha de
especificação de produto, e a sua capacidade de regredir até às suas dimensões originais após
remoção do estímulo. [105], [146] Desta forma comprovou-se que as aminas quaternárias presentes no
polímero permitiram a permeação de moléculas de água e o estabelecimento de pontes de
hidrogénio com as mesmas, aumentando a repulsão entre as cadeias poliméricas.
Consequentemente, as cadeias poliméricas afastaram-se para diminuir a repulsão gerada,
alargando a malha polimérica, tal como referido no ponto 3.3.3.2.
Comparando os perfis de expansão dos filamentos da Figura 38 pode-se observar que o
ponto de máxima expansão difere entre compostos, sendo este igual a 25.9 % para o composto
contendo 0.66 % de IBU e igual a 122.7 % para o composto contendo 30 % de IBU. Os controlos
destes ensaios, apesar de possuírem a mesma composição, apresentam pontos de dilatação
máxima do seu diâmetro ligeiramente diferentes (20.2 % e 27.9 % de expansão para o controlo
do composto com menor teor em agente ativo e para o controlo do composto com maior teor em
agente ativo, respetivamente).
Analisando ainda a Figura 38 constata-se que o agente ativo incorporado aumentou a
capacidade de expansão do polímero, relativamente aos controlos, tendo esta sido maior para o
composto contendo mais agente ativo. Como referido anteriormente, a introdução de moléculas
de água na estrutura do polímero resulta no aumento da repulsão entre as cadeias,
afastando-as. De forma semelhante, a incorporação de moléculas de IBU na matriz constituída
por RL poderá ter resultado num aumento da repulsão entre as moléculas constituintes do
sistema de libertação após estabelecimento de pontes de hidrogénio com as moléculas de água.
Esta terá sido causada pelos pares de eletrões não ligantes dos átomos de oxigénio provenientes
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do agente ativo, pelo que quanto maior a quantidade de IBU incorporada no sistema, maior a
repulsão gerada e maior a capacidade de expansão, como se verifica na Figura 38. Deste modo,
a maior expansão do sistema permitiu a libertação de uma maior quantidade de moléculas de
IBU do interior da matriz polimérica, facilitando a difusão e aumentando a velocidade de
libertação deste, como verificado por comparação das Figuras 32 e 35. [68]–[71], [88]
A Figura 39 apresenta os perfis de expansão dos sistemas à base de RS, contendo
0.66 % de IBU e 30 % de IBU, e os perfis de expansão dos respetivos sistemas de controlo.
Figura 39 – Representação gráfica do aumento do diâmetro dos compostos (xdp) em função do tempo (t) dos sistemas de libertação constituídos por 70 % de RS e 30 % de IBU (curva a --------) e por 99.34 % de RS e 0.66 % de IBU (curva a --------), e perfis de expansão dos controlos dos ensaios referidos (curvas a -------- e a ---------- respetivamente), constituídos por RS virgem. Nestes sistemas o valor zero representa o diâmetro dos compostos antes da sua introdução em água.
Analisando os perfis apresentados na Figura 39 constatou-se que, na presença de água,
também matrizes de RS possuem capacidade de expansão, regredindo até às dimensões iniciais
quando secas, como referido por Moustafine et al e na folha de especificação de produto. [107], [146]
Comparando estes perfis com os da Figura 38, verificou-se que os compostos à base de RS não
expandem tanto quanto os primeiros (máximos de 9.4 % de expansão para o composto com
0.66 % de IBU, 5.9 % de expansão para o composto com 30 % de IBU, 7.7 % e 3.4 % para os
respetivos controlos). Isto deve-se à presença de uma menor quantidade de aminas quaternárias
no polímero RS, o que resulta na permeação de menos moléculas de água neste do que no
polímero RL, como referido no ponto 3.3.3.2. Assim, o estabelecimento de menos pontes de
hidrogénio com as moléculas de água impede que a malha polimérica destes compostos alargue
tanto como na matriz de RL, dado que a repulsão gerada entre as cadeias das moléculas era
menor na matriz de RS.
Também pela análise da Figura 39 constata-se que a presença do agente ativo
contribuiu para o aumento da capacidade de expansão do polímero, relativamente aos controlos,
contudo não se obteve o mesmo comportamento quando se aumentou a fração mássica de
agente ativo no composto. De uma forma geral, as moléculas de IBU aprisionadas no interior da
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matriz de RS aumentaram o número de pontes de hidrogénio estabelecidas com as moléculas
de água, relativamente aos compostos de controlo contendo apenas polímero. Assim, os pares
de eletrões não ligantes dos átomos de oxigénio do IBU, por lhes conferirem eletronegatividade,
contribuíram para a geração de uma repulsão entre as cadeias das moléculas superior à gerada
entre as cadeias dos compostos dos seus controlos. [63]-[66], [83]
Posto isto, esperava-se que o aumento da carga de agente ativo na matriz de RS
resultasse no aumento da capacidade de expansão da mesma, conferindo assim uma maior
velocidade de libertação de agente ativo ao composto com 30 % de IBU, visto que uma matriz
mais alargada facilitaria a difusão das suas moléculas para o meio externo. Todavia, por
observação da Figura 39, o composto contendo 0.66 % de IBU possui maior capacidade de
expansão do que o composto contendo 30 % de IBU, mas este último possui uma velocidade de
libertação de agente ativo duas vezes superior à do primeiro, como se verifica pela comparação
das Figuras 32 e 35. Para melhor se perceber o sucedido e o comportamento de expansão do
polímero RS com diferentes cargas de agente ativo seria necessário efetuar novos ensaios de
expansão com novos compostos. [68]–[71], [88]
Os perfis de expansão a pH=6.8 dos compostos à base de E_PO, contendo 0.66 % de
IBU e 30 % de IBU, e os perfis de expansão dos respetivos sistemas de controlo, encontram-se
presentes na Figura 40.
Figura 40 – Representação gráfica do aumento do diâmetro dos compostos (xdp) em função do tempo (t) dos sistemas de libertação à base de E_PO a pH=6.8. Os compostos constituídos por 99.34 % de polímero e 0.66 % de IBU (curva a ---------) e por 70 % de polímero e 30 % de IBU (curva a --------), e os controlos dos ensaios referidos (curvas a -------- e a --------- respetivamente) foram introduzidos numa
mistura de soluções de NaOH e de HCl, ambas a 0.1 mol dm -3. Os compostos constituídos por 70 % de polímero e 30 % de IBU (curva a --------) e o respetivo controlo (curva a --------, sobreposta à curva verde) foram introduzidos em água com pH ajustado para 6.8. Nestes sistemas, o valor zero é representativo do diâmetro dos compostos antes da sua introdução em água.
Após análise da Figura 40 constatou-se que na presença de soluções aquosas a pH=6.8,
todos os compostos sofreram expansão do seu diâmetro, tendo este regredido até ao estado
inicial após remoção do estímulo, tal como referido por Moustafine et al e na folha de
especificação de produto. [110], [146] Como resposta ao pH do meio, o polímero foi hidrolisado e
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ionizado, tendo conferido maior eletronegatividade e reatividade aos seus átomos de oxigénio e
promovido o estabelecimento de pontes de hidrogénio com as moléculas de água do meio.
Deste modo, para diminuir a repulsão gerada entre as cadeias, estas afastaram-se, alargando a
malha polimérica do composto, como referido no ponto 3.3.3.3 deste documento. Este
comportamento é visível para todos os pares de compostos com 30 % de IBU e respetivos
compostos de controlo, mas não para o para composto constituído por 0.66 % de IBU e
respetivo controlo.
Comparando os perfis dos compostos contendo 30 % de IBU e dos respetivos controlos
da Figura 40 constata-se que a incorporação do agente ativo resultou no aumento da capacidade
de expansão do polímero em relação aos controlos (65.8 % e 6.1 % de expansão em água a
pH=6.8 para os compostos com agente ativo e seu controlo e 47.9 % e 6.1 % de expansão em
solução aquosa de NaOH e HCl a igual pH para o composto com agente ativo e seu controlo).
Isto deve-se ao facto de a incorporação de IBU na matriz polimérica aumentar o número de
pontes de hidrogénio estabelecidas com as moléculas de água, aumentando a repulsão no
interior do sistema através da eletronegatividade dos pares não ligantes dos átomos de oxigénio
do agente ativo, expandindo-o. [68]–[71], [88] Contudo, o composto com 0.66 % de IBU expandiu menos
do que o seu controlo (10.5 % e 14.1 % de expansão máxima, respetivamente), o que pode ser
devido a perdas de IBU durante a etapa de composição.
Analisando o efeito da força iónica na capacidade de expansão dos compostos contendo
30 % de Br200, por observação da Figura 40 verificou-se que os compostos introduzidos em água
com o pH ajustado para 6.8 apresentavam uma maior capacidade de expansão do que os
compostos introduzidos numa solução aquosa de NaOH e HCl com igual valor de pH. Por
exemplo, às 24.9 h, o aumento do diâmetro era de 59 % e 6.1 % para o composto com agente
ativo e seu controlo introduzidos em água a pH=6.8, e de 47.9 % e 6.1 % para o composto com
agente ativo e seu controlo introduzidos no meio constituído por NaOH e HCl. A diferença
verificada nos comportamentos dos compostos deve-se à diferença na pressão osmótica de
ambos os meios de expansão. Segundo N. Gupta e H. G. Shivakumar (2012), as soluções
salinas são responsáveis pela diminuição da capacidade de expansão de polímeros iónicos,
porque os iões Na+ e Cl- alteram a pressão osmótica entre o interior do polímero e o meio de
expansão. [147] Neste caso, os iões Na+ e Cl- resultantes da mistura de NaOH com HCl diminuíram
a diferença de concentração de aniões e catiões entre o interior do polímero e a água,
Resultados e Discussão MIEB – Tecnologia do Ambiente
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diminuindo a pressão osmótica do meio. No meio com água a pH=6.8, a concentração deste sal
é praticamente nula, existindo um elevado gradiente de concentrações entre o interior do
polímero e o meio externo e, por isso, uma elevada pressão osmótica. Assim, a quantidade de
água permeada para o interior do polímero foi maior neste meio do que no primeiro, tendo
criado maior repulsão no interior do sistema, o que resultou num maior alargamento da malha
polimérica do mesmo. [68]–[71], [88] Por esta razão, a água com pH ajustado para 6.8 foi o meio
escolhido para o ensaio de libertação de agente ativo, visto que a sua maior expansão tornaria a
difusão de agente ativo para o meio de libertação mais fácil e rápida, como se comprovou por
análise da Figura 35 e da Tabela 6.
6.2. Composição de Polímeros por Extrusão
Ao longo do presente tópico são apresentados os resultados dos TGAs efetuados aos
compostos poliméricos, desenvolvidos pela técnica de composição de polímeros por extrusão.
Uma vez que estes compostos constituíram a camada externa das fibras processadas, foi
necessário verificar a presença do agente ativo adicionado a cada polímero em pó nas matrizes
desenvolvidas após a extrusão das misturas.
6.2.1. TGA
A caracterização física das matrizes poliméricas desenvolvidas teve como objetivo
quantificar as perdas de agente ativo ocorridas durante esta etapa processual, bem como
estudar as propriedades térmicas dos compostos desenvolvidos. As frações mássicas de agente
ativo de 10 % para os compostos à base de PEO e PVA, e de 20 % para os compostos à base de
RL, RS e E_PO resultaram de uma distribuição da massa de agente ativo disponível pelos
polímeros a processar baseada na quantidade disponível de cada polímero, no mecanismo e na
velocidade de libertação dos mesmos.
Na Figura 41 podem ser observados os perfis de degradação térmica do composto à
base de PEO aditivado em 10 % com Br200, e os perfis dos materiais virgens que o constituem.
Resultados e Discussão MIEB – Tecnologia do Ambiente
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Figura 41 – Representação gráfica da variação da fração mássica (xm) de várias amostras em função da temperatura (T). O perfil a (- - - -) representa a degradação térmica do Br200, o perfil a (-- -- --) representa a degradação térmica do PEO e os perfis a (-------) e a (-------) dizem respeito à degradação térmica de compostos à base de PEO, sendo que o primeiro incorporou uma menor fração mássica de Br200 do que o segundo. O perfil a (- - - -) diz respeito à derivada do perfil de degradação do composto com maior fração de agente ativo, cujos pontos de inflexão indicam as temperaturas às quais ocorrem perdas de massa no perfil do composto.
Por observação da Figura 41 verifica-se que o comportamento dos perfis dos compostos
desenvolvidos em relação aos perfis dos seus constituintes difere do comportamento verificado
no ponto 6.1.1, dado que o composto em questão oferece maior resistência a degradação
térmica do que o Br200 e o PEO individualmente, distanciando-se do perfil do PEO em direção a
temperaturas superiores a 400 °C. Contudo, para perceber a razão por detrás deste
comportamento seria necessário estudar em detalhe as interações que possam ocorrer entre os
constituintes do Br200 e o PEO que possam conferir uma maior estabilidade térmica à mistura.
Para além disto, também seria de interesse entender como se processa a transferência de calor
na mistura, dado que a disposição do material com menor poder calorífico no fluido poderia
constituir uma resistência à transferência de calor, pelo que a energia necessária para a
degradação da mistura só é conseguida a temperaturas elevadas. No Anexo A.2 pode ser
encontrado um terceiro perfil de degradação do composto desenvolvido, o qual não foi incluído
na Figura 41 porque o comportamento verificado era semelhante ao apresentado pelo perfil a
preto na figura referida.
Analisando ainda a Figura 41 verifica-se que quanto maior a fração de agente ativo na
mistura, maior é esta distância. Esta variação da fração mássica do Br200 no composto deve-se ao
facto de a mistura alimentada à extrusora de composição não se encontrar homogénea e por
ambos os materiais possuírem viscosidades diferentes, conferindo-lhes velocidades de
escoamento ao longo do fuso diferentes e diferente carga de Br200 ao longo do composto
extrudido. No entanto, dos dois perfis de composto apresentados, o que mais se assemelha à
composição pretendida é o perfil a preto, no qual se regista uma perda de amostra de 13.07 %
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entre os 221 °C e os 319.69 °C que deve ser maioritariamente constituída por Br200, porque o
declive desta zona de degradação assemelha-se ao declive do perfil do agente ativo para a
mesma gama de temperaturas.
De um modo geral, o composto apresentado na Figura 41, apesar dos 2.86 % de massa
de amostra perdidos, caracteriza-se por ser termicamente estável até aos 221 °C, uma vez que
a fração mássica perdida corresponde à humidade absorvida pelo composto. A esta fase do
perfil do composto segue-se a degradação da fração mássica de Br200, referida anteriormente, e a
degradação da fração mássica referente ao PEO, a qual se encontra dividida em 3 fases. A
primeira fase de degradação do PEO ocorre entre os 319.69 °C e os 419.66 °C, durante a qual
ocorre a perda de 76.97 % de massa da amostra inicial. Posteriormente, até aos 488.61 °C, o
composto regista uma perda de massa igual a 4.361 %, a qual é seguida por uma perda final de
0.38 % até aos 900 °C.
O perfil de degradação térmica do composto constituído em 10 % por Br200 e em 90 % por
PVA e os perfis de degradação dos seus constituintes podem ser observados na Figura 42.
Figura 42 – Representação gráfica da variação da fração mássica (xm) de várias amostras em função da temperatura (T). O perfil a (-- --) representa a degradação térmica do Br200, o perfil a (------) representa a degradação térmica do PVA e o perfil a (-------) diz respeito à degradação térmica do composto à base de PVA. O perfil a (- - - -) diz respeito à derivada do perfil de degradação do composto, cujos pontos de inflexão indicam as temperaturas às quais ocorrem perdas de massa no perfil do composto.
Pela análise da Figura 42 constata-se que o comportamento do perfil do composto
desenvolvido assemelha-se ao verificado na Figura 41, porque o composto oferece maior
resistência a degradação térmica do que os seus constituintes, distanciando-se ligeiramente do
perfil do PVA. Todavia, para compreender a base deste comportamento seria necessário realizar
um estudo semelhante ao sugerido para o composto à base de PEO contendo 10 % de Br200.
Com base no observado na Figura 42, o composto é termicamente estável até aos
100 °C, temperatura a partir da qual se registou uma perda de 5.70 % da massa inicial de
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amostra até aos 311.48 °C. Visto que esta zona do perfil de degradação do composto possui
um declive semelhante ao apresentado pelo perfil do Br200 para a mesma gama de temperaturas,
é possível afirmar que a massa perdida neste intervalo seria constituída essencialmente pelo
agente ativo. De seguida, seguiu-se a perda de 56.70 % da massa inicial da amostra até aos
385.43 °C, estimando-se que grande parte desta massa fosse constituída por PVA. As três fases
seguintes do perfil de degradação do composto possuem um comportamento semelhante aos
perfis do PVA e do Br200, contudo a proximidade ao perfil do PVA permite afirmar que os 25.60 %
de massa perdida até aos 493.45 °C, os 7.84 % de massa perdidos entre os 493.45 °C e os
666.58 °C e os 0.82 % de massa de amostra perdidos entre 666.58 °C e os 781.39 °C
deverão ser constituídos essencialmente por este polímero. A última fase de degradação do
composto desenvolvido ocorre até aos 900 °C, durante a qual ocorre a perda de 1.21 % da
massa inicial de amostra, constituída neste ponto por PVA.
Na Figura 43 podem ser encontrados os perfis de degradação térmica do RL, do Br200 e
do composto à base de RL contendo 20 % de agente ativo.
Figura 43 – Representação gráfica da variação da fração mássica (xm) de várias amostras em função da temperatura (T). O perfil a (-- -- --) representa a degradação térmica do Br200, o perfil a (-------) representa a degradação térmica do RL e o perfil a (------) diz respeito à degradação térmica do composto à base de RL. O perfil a (- - - -) diz respeito à derivada do perfil de degradação do composto, cujos pontos de inflexão indicam as temperaturas às quais ocorrem perdas de massa no perfil do composto.
Observando a Figura 43 foi possível verificar que o perfil do composto desenvolvido
possui, em grande parte, o mesmo comportamento que o perfil do seu polímero base. A
degradação térmica do composto inicia-se aos 196.51 °C com uma perda de massa inicial de
1.20 % correspondente à humidade absorvida pelo mesmo. A partir desta temperatura até aos
324.651 °C regista-se a degradação de uma fração mássica igual a 16.17 % que deverá ser
maioritariamente constituída por Br200, porque o declive desta zona do perfil do composto é
semelhante ao apresentado pelo perfil do Br200 para a mesma gama de temperaturas. A partir
deste ponto, a variação da massa da amostra em relação à sua massa inicial deve-se
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Resultados e Discussão MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 77
essencialmente à degradação da fração mássica correspondente ao polímero RL, a qual se
divide em várias fases, uma vez que o perfil do composto é muito similar ao do seu polímero
base. Assim sendo, numa primeira fase ocorre a perda de 80.37 % da massa inicial de amostra
até aos 429.76 °C, seguindo-se uma perda de massa igual a 2.1 % até aos 512.74 °C,
mantendo-se uma fração mássica residual igual a 0.16 % até aos 900 °C.
Os perfis de degradação térmica do polímero RS, do agente ativo Br200 e do composto à
base deste polímero, contendo 20 % de Br200 podem ser encontrados na Figura 44.
Figura 44 – Representação gráfica da variação da fração mássica (xm) de várias amostras em função da temperatura (T). O perfil a (-------) representa a degradação térmica do Br200, o perfil a (-- -- --) representa a degradação térmica do RS e o perfil a (------) diz respeito à degradação térmica do composto à base de RS. O perfil a (- - - -) diz respeito à derivada do perfil de degradação do composto, cujos pontos de inflexão indicam as temperaturas às quais ocorrem perdas de massa no perfil do composto.
Após a análise da Figura 44 constatou-se que o comportamento do perfil do composto é,
em grande parte, semelhante ao apresentado pelo perfil do polímero RS. O composto é
termicamente estável até aos 196.65 °C, apesar da perda de massa inicial de 1.18 % devida à
humidade absorvida pelo mesmo. No intervalo entre esta temperatura e os 378.06 °C regista-se
a degradação de uma fração mássica igual a 12.62 %, a qual deverá ser em grande parte
constituída por Br200, dado que esta zona do perfil do composto possui um declive semelhante ao
do perfil do agente ativo para a mesma gama de temperaturas. Deste ponto em diante, à
semelhança do sucedido na Figura 43, a variação da massa da amostra relativamente à sua
massa inicial deve-se fundamentalmente à degradação da fração mássica correspondente ao
polímero RS, dado que o perfil do composto é muito similar ao do seu polímero base. Deste
modo, ocorre a perda inicial de 84.09 % da massa inicial de amostra até aos 431.84 °C,
seguindo-se uma perda de massa igual a 1.90 % até aos 510.69 °C, restando-se uma fração
mássica igual a 0.21 % até aos 900 °C.
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Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 78
Na Figura 45 podem ser visualizados os perfis de degradação térmica do polímero
E_PO, do agente ativo Br200 e do composto à base deste polímero contendo 20 % de agente ativo.
Figura 45 – Representação gráfica da variação da fração mássica (xm) de várias amostras em função da temperatura (T). O perfil a (------) representa a degradação térmica do Br200, o perfil a (-- --) representa a degradação térmica do E_PO e o perfil a (-----) diz respeito à degradação térmica do composto à base de E_PO. O perfil a (- - - -) diz respeito à derivada do perfil de degradação do composto, cujos pontos de inflexão indicam as temperaturas às quais ocorrem perdas de massa no perfil do composto.
Pela análise da Figura 45 foi possível verificar que o perfil de degradação térmica do
composto desenvolvido é idêntico ao perfil de degradação do seu polímero base, uma vez que as
fases de degradação e as perdas de massa registadas em cada uma são idênticas às
apresentadas na Tabela 4 do presente documento. A constatação deste facto leva a considerar a
perda total de agente ativo aquando da composição do polímero por extrusão. Contudo, a
ausência de Br200 na amostra do composto desenvolvido não implica a sua ausência nos
restantes grânulo de composto. Por outras palavras, no momento da recolha da amostra pode
ter sido escolhido um grânulo que não contivesse uma fração de agente ativo significativa para a
sua deteção no TGA. Esta possível variação da fração mássica de Br200 ao longo do composto
deve-se à impossibilidade de obter uma mistura homogénea e à diferença de viscosidade dos
dois materiais no estado fundido, o que conduz a uma distribuição desigual do agente ativo no
polímero que o incorpora. Apesar de a presença de Br200 não ter sido detetada nesta análise, esta
poderá ser confirmada no ensaio de libertação realizado com estas fibras.
Com o objetivo de quantificar as perdas de agente ativo ocorridas durante esta etapa
processual, assumiu-se que as fases de degradação térmica dos compostos com
comportamento semelhante ao perfil do Br200 dizem respeito apenas à degradação deste
composto. Assim sendo, as frações mássicas referentes ao agente ativo e ao polímero, presentes
nos compostos, bem como a fração mássica referente às perdas de agente ativo durante a etapa
de composição por extrusão, podem ser encontradas na Tabela 7.
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Tabela 7 – Valores referentes às frações mássicas de agente ativo (xIBU), de polímero (xpl) e de agente ativo perdido ou ganho (xpIBU) no processo de composição de cada um dos compostos analisados por TGA em relação à fração mássica expectada para o agente ativo, pelo que os valores acompanhados por um sinal positivo são indicativos de um incremento na fração mássica e os valores acompanhados por um sinal negativo são indicativos de uma diminuição da mesma
Composto �� �%
�% � � �%
90% PEO e 10 % Br200 13.07 86.93 +30.26
90% PVA e 10 % Br200 5.70 94.30 -42.86
80 % RL e 20 % Br200 16.17 83.83 -19.01
80 % RS e 20 % Br200 12.62 87.38 -36.69
80 % E_PO e 20 % Br200 0 100 -100
6.3. Fibras Processadas por Melt Spinning
Ao longo do presente ponto de discussão são apresentados os resultados das análises
de caracterização da capacidade de libertação e de expansão dos compostos desenvolvidos e
apresentados no ponto anterior após o seu processamento sob a forma de fibras. Apesar de
serem apresentados os resultados para fibras contendo na camada externa os cinco polímeros
selecionados para a fase de composição, apenas se conseguiu obter fibras estiradas e
bobinadas utilizando na camada externa PEO, RS ou E_PO, sendo que para o PVA e o RL o
processo se apresentou bastante instável não sendo possível obter filamentos bobinados, sendo
apenas possível recolher amostras á saída da fieira para posterior análise.
6.3.1. Ensaios de libertação
O estudo da libertação do agente ativo aprisionado nas fibras processadas teve como
objetivo caracterizar a sua libertação e determinar, nomeadamente no que diz respeito à
velocidade de libertação do mesmo e à velocidade de degradação da matriz.
Na Figura 46 é apresentado o perfil de libertação de libertação de Br200 a partir da fibra
que contém na zona mais periférica da sua geometria de secção transversal 10% do composto
PEO+Br200 (OS_2015_10_01_10PEO+Br200_90LDPE). Como controlo do ensaio foi utilizada a
fibra que contem na zona mais periférica da sua geometria de secção transversal 10% de apenas
PEO (OS_2015_09_30_10PEO_90LDPE).
Resultados e Discussão MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 80
Figura 46 – Variação da massa de Br200 (mBr) libertada a partir da fibra OS_2015_10_01_10PEO+Br200_ 90LDPE ao longo do tempo (t).
Pela análise da Figura 46 verificou-se que a variação da massa de Br200 ao longo do
tempo não se assemelha a uma cinética de ordem zero, na medida em que a massa de agente
ativo após os primeiros 6 min de ensaio começou a diminuir e a estabilizar. Apesar de se ter
realizado outra repetição do presente ensaio, a qual se encontra no Anexo A.3, o comportamento
apresentado nesta figura foi recorrente. Uma possível explicação para o sucedido apoia-se no
facto de a agitação no banho termostático não ser eficaz o suficiente para garantir uma mistura
homogénea durante o intervalo de tempo em que o gradiente de concentração é muito elevado.
Deste modo, são criadas zonas de diferentes concentrações no meio de libertação, pelo que as
amostras retiradas durante os primeiros 6 min de ensaio podem ter sido retiradas de uma zona
muito concentrada. Assim, apenas quando o gradiente de concentrações diminuiu, a agitação do
banho termostático conseguiu homogeneizar o meio de libertação, diminuindo a concentração
dessas zonas e criando no perfil a ilusão de diminuição da massa de Br200 em solução. [148]
Por outro lado, tendo por base que nos ensaios preliminares o composto à base de PEO
se dissolveu completamente em água em 30 min e libertou a totalidade do IBU incorporado para
a água, no final do ensaio de libertação apresentado na Figura 46 foram libertadas 3.61 mg.
Sabendo que a fração mássica de Br200 pretendida para a fibra era de 1 %, verificou-se que
apenas se conseguiu incorporar uma fração mássica de 0.06 %. Por outras palavras, a fibra
processada possui 0.94 % da fração mássica pretendida, o que aponta para uma perda de
agente ativo ao longo das etapas de extrusão na ordem dos 94.01 %. Levando ainda em
consideração o intervalo de tempo até à total dissolução do PEO nos ensaios preliminares, a
reduzida espessura da camada externa após estiramento e a duração do ensaio apresentado na
Figura 46, pode-se estimar que durante os momentos iniciais ocorreu a completa dissolução do
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Resultados e Discussão MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 81
PEO e que durante o resto do ensaio ocorreu a lenta dissolução do agente ativo no meio de
libertação.
Na Figura 47 é apresentado o perfil de libertação de libertação de Br200 a partir da fibra
OS_2015_10_01_10PVA+Br200_90LDPE e os perfis de variação de absorvância desta fibra e da
fibra OS_2015_09_30_10PVA_90LDPE, utilizada como controlo no ensaio.
Figura 47 – Representação gráfica da variação da absorvância (A) do meio de libertação da fibra OS_2015_10_01_10PVA+Br200_90LDPE, perfil a (---------), e da fibra OS_2015_09_30_10PVA_90LDPE, perfil a (----------) em função do tempo (t).
Depois de observar os perfis apresentados na Figura 47 foi possível constatar que a
determinação da massa de Br200 em solução no decorrer do ensaio foi impossível de determinar
devido à absorvância do meio de libertação da fibra de controlo ser superior à absorvância lida
para o meio de libertação da fibra contendo Br200, o que resultaria em valores negativos da
variável em questão. O comportamento verificado para a fibra de controlo pode ser resultado do
facto de o PVA apresentar absorvâncias na mesma gama de deteção do Br200, o que poderá ter
influenciado a leitura das amostras, sendo por isso os resultados nas fibras á base de PVA
inconclusivos no que diz respeito à libertação.
Dada a impossibilidade de determinar a massa de Br200 para o presente ensaio de
libertação, torna-se também impossível estimar a fração mássica correspondente à perda de
agente ativo ao longo dos processos de extrusão. Como tentativa de comprovar a presença de
agente ativo no meio de libertação, decidiu-se recolher amostras deste no momento final do
ensaio e efetuar uma análise de FTIR. Para além disto, decidiu-se repetir este procedimento para
os restantes meios de libertação.
Na Figura 48 podem ser encontrados os perfis de libertação de Br200 a partir das fibras à
base de RL, RS e E_PO (OS_2015_10_01_10RL+Br200_90LDPE,
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Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 82
OS_2015_10_01_10RS+Br200_90LDPE e OS_2015_10_01_10E_PO+Br200_90LDPE), tendo-se
utilizado como controlos as fibras processadas nas mesmas condições, mas sem aditivação de
Br200.
Figura 48 – Representação gráfica da variação da massa de Br200 no meio de libertação (mBr) ao longo do tempo (t), libertada a partir dos sistemas OS_2015_10_01_10RL+Br200_90LDPE, perfil a (------------), OS_2015_10_01_10RS+Br200_90LDPE, perfil a (------------), e OS_2015_10_01_10E_PO+Br200_90LDPE, perfil a (------------), tendo-se utilizado como controlos dos ensaios as fibras OS_2015_09_30_10RL+Br200_90LDPE, OS_2015_09_30_10RS+Br200_90LDPE e OS_2015_09_30_10E_PO+Br200_90LDPE, respetivamente.
Por comparação dos perfis apresentados na Figura 48, constatou-se que os três
sistemas apresentados possuem um comportamento semelhante a uma cinética de ordem zero,
dado que após o aumento quase linear da massa de Br200 em solução nos momentos iniciais,
esta massa tende a estabilizar. No caso da fibra que contém Br200 encapsulado em RL a
estabilização inicia-se aos 150 min, quando se atinge 1.32 mg de Br200 em solução. O perfil da
fibra com o Br200 imobilizado em RS estabilizou aos 20 min ao atingir os 0.08 mg de Br200 no meio
de libertação e o perfil da fibra cujo sistema utilizado foi o E_PO estabilizou aos 20 min quando
se registaram 0.33 mg de agente ativo em solução. Para além disto, verifica-se novamente que o
sistema com maior capacidade de libertação é o constituído por RL, seguindo-se o sistema
contendo E_PO e por último o que contém RS, porque aos 120 min de ensaio, a massa de Br200
presente em solução para cada sistema era de 1.06 mg, 0.32 mg e 0.12 mg respetivamente.
A análise dos perfis presentes na Figura 48 permitiu ainda verificar que, à semelhança
do verificado nos ensaios preliminares, os perfis das fibras com camada externa à base de RL e
de RS iniciam um segundo aumento de massa de Br200 em solução a partir dos 420 min e dos
150 min, respetivamente, mais notório no primeiro sistema, dirigindo-se para uma segunda fase
estacionária. Este segundo aumento de massa de agente ativo poderá estar relacionado com o
desgaste físico dos polímeros, tornado os polímeros mais frágeis ao longo do tempo, degradando
a sua estrutura e libertando maiores quantidades de agente ativo como consequência. Uma
outra explicação reside no facto de as moléculas de água serem gradualmente permeadas para
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0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
Resultados e Discussão MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 83
o interior da matriz destes polímeros, pelo que o aumento da quantidade destas moléculas pode
ter desencadeado um segundo momento de expansão como resposta às forças repulsivas no
interior da matriz. [68]
Os ensaios de libertação que originaram os perfis apresentados na Figura 48 não
decorreram até à libertação da carga total de Br200 efetuada, porque o principal objetivo residia na
obtenção da zona linear destes perfis como forma de simular o gradiente de concentração entre
a fibra e o contínuo fluxo sanguíneo. Assim, a partir da zona linear do perfil seria possível
posterior determinação da velocidade de libertação de agente ativo. Desta forma, não foi possível
determinar posteriormente a fração mássica correspondente à perda de Br200 para estes
polímeros. Na Tabela 8 podem encontram-se contempladas as velocidades de libertação do
agente ativo e a velocidade de degradação dos sistemas de libertação. No caso das fibras
contendo PEO na camada externa, considerou-se que a degradação do polímero estaria
completa no momento em que a absorvância do meio de libertação das fibras de controlo (Anexo
A.3) se tornasse aproximadamente constante.
Tabela 8 – Valores das velocidades de libertação de agente ativo (va) e velocidade de degradação da camada externa das fibras
(vd), para as suas diferentes formulações em polímero (xm) e em agente ativo (xa)
Polímero �%
�a% �am� �−
�m� �−
PEO 90 10 73.044 2.400
RL 80 20 0.480 0.004
RS 80 20 0.186 4.667 × −
E_PO 80 20 0.870 0.010
Pela comparação das velocidades de libertação presentes na Tabela 8 com os perfis
apresentados na Figura 48, constata-se que, apesar de a fibra contendo RL possuir o perfil com
maior libertação de Br200 ao longo do tempo, a fibra contendo E_PO possui a maior velocidade de
libertação inicial. Atendendo à informação da Tabela 8, de entre as fibras estiradas, a fibra à
base de PEO aparenta ser a mais adequada a uma aplicação de libertação rápida de agente
ativo, enquanto a fibra em que se utilizou E_PO seria a mais apropriada a uma aplicação de
libertação prolongada. A impossibilidade de estirar a fibra
OS_2015_10_01_10RL+Br200_90LDPE deveu-se a um defeito de processamento, talvez
provocado pela diferença entre as viscosidades do RL e do LDPE, o que lhe conferiu a
rugosidade e fragilidade visíveis na Figura 49. Contudo, a sua mistura com RS talvez permitisse
Resultados e Discussão MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 84
o estiramento de uma fibra com velocidade de libertação superior a 0.186 mg h-1, devido à
presença de RL, e mais forte que a fibra contendo RL, devido à presença de RS.
Figura 49 – Fotografias das fibras OS_2015_09_30_10RL_90LDPE e OS_2015_10_01_10RL+Br200_90LDPE, fotografias a) e b) respetivamente, nas quais de verificam irregularidades ocorridas durante o seu processamento. Em a) pode-se visualizar a textura rugosa dos filamentos e em b) distribuição irregular da camada externa pelos filamentos que constituem a fibra, existindo filamentos que, pela sua cor branca, aparentam não possuir camada externa.
Dado que se pretende que as fibras processadas sejam utilizadas na composição de, por
exemplo, suturas, compressas e ligaduras, na maior parte dos casos, a libertação do agente
ativo seria transdérmica. Nesse caso, as velocidades de libertação de Br200 seriam muito
diferentes das obtidas pelo método utilizado, uma vez que a pele e os tecidos constituem uma
barreira à difusão do agente ativo até à corrente sanguínea. No entanto, o meio utilizado no
presente trabalho para desencadear a libertação de Br200 a partir das matrizes desenvolvidas
pode ser usado como simulador de fluídos corporais que se encontram presentes em
abundância em certas condições médicas. No caso das suturas, estas podem ser aplicadas para
fechar um corte na pele, no qual o contacto com fluidos seria reduzido, ou para fechar um corte
realizado num tecido no interior do corpo durante uma intervenção cirúrgica, onde a sutura
estaria embebida em fluidos corporais. No que diz respeito a compressas e ligaduras, para que
possam atingir velocidades de libertação próximas das apresentadas na
Tabela 8, também podem ser aplicadas em pacientes com condições médicas que exponham
fluidos corporais, como é o caso das feridas ulcerosas causadas, por exemplo, pela diabetes,
obesidade, hipertensão, doenças coronárias e insuficiência venosa. [149]–[151]
b) a)
Resultados e Discussão MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 85
No mercado de medicamentos para as condições clínicas referidas existe apenas um
produto farmacêutico utilizado exclusivamente para o seu tratamento. O Biatain® é uma gama de
espumas à base de poliuretano absorvente que contém uma carga de IBU de 0.5 mg m -2
homogeneamente dispersos pela sua matriz, sendo capaz de libertar 60 mg durante um
intervalo de tempo superior a 7 dias. [152], [153] Dos diferentes produtos desta gama, a que possui
uma libertação mais lenta caracteriza-se por possuir uma constante de cinética ordem zero igual
a 0.0038 mg m-2 h-1, enquanto a gama mais elevada possui uma constante cinética de ordem
zero igual a 0.0147 mg m-2 h-1. [154] Tomando por base o título da fibra, a massa da amostra e a
massa volúmica de cada um dos materiais constituintes da fibra, converteu-se as velocidades de
libertação de agente ativo, como exemplificado no Anexo A.4, tendo-se obtido os valores de
0.0996 mg m-2 h-1, 0.0002 mg m-2 h-1 e 0.0010 mg m-2 h-1 para as fibras à base de PEO, RS e
E_PO, respetivamente. Comparando estes valores com os do produto de referência, constatou-se
que as fibras OS_2015_10_01_10RS+Br200_90LDPE e
OS_2015_10_01_10E_PO+Br200_90LDPE possuem velocidades de libertação de Br200 inferiores
às dos produtos Biatain®, e a fibra OS_2015_10_01_10PEO+Br200_90LDPE possui uma
velocidade de libertação aproximadamente 6 vezes superior à velocidade de libertação da gama
de produtos Biatain® de elevada libertação. Apesar de as velocidades de libertação das fibras
contendo RS e E_PO serem inferiores à gama de baixa libertação do produto de referência,
pode-se aferir que as fibras processadas poderão ser comercialmente competitivas após a
otimização do seu processo produtivo, isto é, após a diminuição das perdas de agente ativo
ocorridas durante o mesmo. Desta forma, será possível providenciar uma quantidade de agente
ativo igual ou superior à dos produtos Biatain® ao local afetado, consoante se pretenda uma ação
rápida ou prolongada do agente ativo.
6.3.2. FTIR
As análises de FTIR realizadas aos meios de libertação no final do ensaio de cada fibra
tiveram o objetivo de tentar comprovar a libertação de agente ativo a partir das fibras.
Na Figura 50 podem ser observados os resultados da análise de FTIR ao meio de
libertação da fibra OS_2015_10_01_10PEO+Br200_90LDPE, à água, ao agente ativo e ao PEO.
Resultados e Discussão MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 86
Figura 50 – Representação gráfica dos perfis de transmitância (Tr) da água (perfil a ------), do PEO (perfil a ------), do Br200 (perfil a ------) e do meio de libertação no final do ensaio de libertação com a fibra OS_2015_10_01_10PEO+Br200_90LDPE (perfil a ------) em função do número de onda.
Da análise realizada aos perfis de FTIR apresentado na Figura 50, verificou-se que cada
um dos perfis dos compostos puros presentes no meio de libertação possuíam um conjunto de
bandas distintas que permitiam a sua identificação. O perfil de transmitância da água
caracteriza-se pelo aparecimento de duas bandas, uma entre os 3400 cm -1 e os 3200 cm-1 e a
outra aos 1650 cm-1 que, de acordo com John Coates, são causadas pelo alongamento normal
das ligações O–H presentes nas suas moléculas. [155] No caso do Br200, o seu perfil de
transmitância caracteriza-se pelo aparecimento de múltiplas bandas entre os 1500 cm-1 e os
650 cm-1, relacionadas com presença de grupos metilo na sua estrutura molecular e com a
vibração das ligações que o constituem, segundo M. Vueba et al. [156] Para além disto, o Br200
caracteriza-se ainda por possuir uma banda de transmitância aos 1720 cm-1, causada pelo
alongamento da ligação dupla C–O, e três bandas adicionais aos 2992 cm-1, 2874 cm-1 e aos
2869 cm-1 correspondentes a alongamentos nos dois grupos metilo da molécula e no
alongamento das ligações C–H, respetivamente, segundo a mesma fonte. [156] Após a análise do
perfil de transmitância do PEO verificou-se que este também possui várias bandas entre os
1500 cm-1 e os 840 cm-1 representativas de vibrações ao nível de ligações C–H, destacando-se as
bandas de 1294 cm-1 e de 1250 cm-1 que dizem respeito a vibrações de carbonos secundários e
de ligações C–O–C, como referido por Khenfouch et al. [157]
Pela comparação destes três perfis com o perfil de transmitância obtido para o meio de
libertação da fibra OS_2015_10_01_10PEO+Br200_90LDPE foi possível verificar que durante a
análise apenas foi detetada a transmitância das moléculas de água ao longo do varrimento do
5001000150020002500300035004000
Resultados e Discussão MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 87
espectro, tendo resultado um perfil idêntico ao obtido para a água pura. Porém, este
acontecimento não determina a inexistência de agente ativo em solução, dado que o PEO
dissolvido também não foi detetado. Os resultados obtidos apenas permitem afirmar que estes
dois compostos encontram-se dissolvidos em água, mas em concentrações muito baixas.
Na Figura 51 encontram-se os resultados da análise de FTIR ao meio de libertação da
fibra OS_2015_10_01_10PVA+Br200_90LDPE, à água, ao agente ativo e ao PVA.
Figura 51 – Representação gráfica dos perfis de transmitância (Tr) da água (perfil a ------), do PVA (perfil a ------), do Br200 (perfil a ------) e do meio de libertação no final do ensaio de libertação com a fibra OS_2015_10_01_10PVA+Br200_90LDPE (perfil a ------) em função do número de onda.
Pela observação da Figura 51 foi possível constatar que o PVA também possui várias
bandas de transmitância entre 1500 cm-1 e os 650 cm-1, bem como uma banda aos 1720 cm-1,
aos 2900 cm-1 e aos 3348 cm-1. Destas bandas, as de maior relevância, segundo Shaik et al, são
as bandas de transmitância a 1380 cm-1 e a 1030 cm-1, causadas por ligações C–OH, a banda a
1720 cm-1, indicativa de ligações duplas C–O, e a banda a 3348 cm-1, a qual é indicativa da
presença de ligações O–H. [158]
Após a comparação dos perfis dos materiais puros com o perfil de transmitância do
meio de libertação da fibra OS_2015_10_01_10PVA+Br200_90LDPE, verificou-se que durante o
FTIR apenas foi detetada a transmitância das moléculas de água ao longo do varrimento do
espectro, o que resultou na obtenção de um perfil idêntico ao da água pura. Contudo, este
acontecimento por si só não comprova a inexistência de Br200 em solução, porque o PVA
dissolvido também não foi detetado. Os resultados presentes na Figura 51 permitem apenas
afirmar que o PVA e o Br200 encontram-se dissolvidos em água, mas em concentrações muito
baixas.
5001000150020002500300035004000
Resultados e Discussão MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 88
Os resultados da análise de FTIR aos meios de libertação das fibras
OS_2015_10_01_10RL+Br200_90LDPE, OS_2015_10_01_10RS+Br200_90LDPE e
OS_2015_10_01_10E_PO+Br200_90LDPE, à água e ao agente ativo podem ser encontradas na
Figura 52.
Figura 52 – Representação gráfica dos perfis de transmitância (Tr) da água (perfil a ------), do Br200 (perfil a ------) e dos meios de libertação no final dos ensaios de libertação com as fibras OS_2015_10_01_10RL+Br200_90LDPE (perfil a ------), OS_2015_10_01_10RS+Br200_90LDPE (perfil a - - - -), e OS_2015_10_01_10RE_PO+Br200_90LDPE (perfil a - - - -), em função do número de onda.
Pela observação dos perfis apresentados na Figura 52, verificou-se que durante as
análises de FTIR realizadas aos três meios de libertação, à semelhança do sucedido nas Figuras
50 e 51, apenas foi detetado o espectro de transmitância das moléculas de água. Deste modo,
os espectros obtidos para cada um dos meios de libertação são idênticos ao da água pura e
entre si. Todavia, estes resultados não são suficientes para comprovar a ausência de Br200 em
solução, apenas permitem afirmar que este pode encontrar-se dissolvidos em concentrações
muito baixas.
6.3.3. Ensaios de Expansão e Degradação
Os ensaios de expansão realizados às fibras processadas teve como objetivo caracterizar
a resposta da camada externa de cada uma das fibras face ao estímulo que desencadeia o
mecanismo de libertação do agente ativo incorporado na sua matriz.
Na Figura 53 podem ser visualizados os perfis de expansão para as fibras
OS_2015_09_30_10RL_90LDPE e OS_2015_10_01_10RL+Br200_90LDPE.
5001000150020002500300035004000
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Figura 53 – Representação gráfica do aumento do diâmetro dos compostos (xdp) em função do tempo (t) da fibra de controlo OS_2015_09_30_10RL_90LDPE, perfil a (----------), e da fibra OS_2015_10_01_10RL+Br200_90LDPE, perfil a (-----------).
Pela observação da Figura 53, verificou-se que o comportamento evidenciado no ponto
6.1.3 relativo à capacidade de expansão do polímero RL na presença e na ausência de água,
mantém-se após o seu processamento em fibra. Para além disso, a maior capacidade de
expansão da fibra aditivada com Br200 em relação à fibra de controlo, como anteriormente
evidenciado, reforça a explicação de que a incorporação de Br200, juntamente com a introdução
de moléculas de água, na matriz cause um aumento da repulsão entre as cargas presentes no
seu interior, obrigando o polímero a rearranjar a sua geometria para diminuir essa mesma
repulsão. Posto isto, a camada externa da fibra OS_2015_09_30_10RL_90LDPE atinge a
expansão máxima de 24.90 % da sua espessura inicial em 150 min, enquanto a camada externa
da fibra OS_2015_10_01_10RL+Br_90LDPE atinge a expansão máxima de 26.98 % no mesmo
espaço de tempo. A evolução da camada externa destas duas fibras, durante o presente ensaio
de expansão pode ser observada na Figura 54.
Figura 54 – Fotografias da expansão da camada externa da fibra OS_2015_09_30_10RL_90LDPE (fotografias a), b) e c)), e da fibra OS_2015_10_01_10RL+Br200_90LDPE (filamento de maior dimensão nas fotografias d), e) e f)), aos 0 min, 120 min e 180 min do ensaio de expansão.
0
10
20
30
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
a) b) c)
c
c) d) e)
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Pela análise da Figura 54, constatou-se que a expansão da camada externa das duas
fibras em questão não era facilmente percetível devido às dimensões das fibras, resultantes do
facto de estas não se encontrarem estiradas. No entanto, nas fotografias da fibra
OS_2015_10_01_10RL+Br200_90LDPE é visível a discrepância na distribuição da camada
externa contendo Br200 pelos vários filamentos da fibra, como evidenciado na Figura 49. Nesta
fibra, os filamentos contendo camada possuem um diâmetro superior ao dos restantes
filamentos, o que pode também ter contribuído para o aumento da sua fragilidade e para
impossibilitar o seu estiramento.
Os perfis de expansão das fibras OS_2015_09_30_10RS_90LDPE e
OS_2015_10_01_10RS+Br200_90LDPE podem ser observados na Figura 55.
Figura 55 – Representação gráfica do aumento do diâmetro dos compostos (xdp) em função do tempo (t) da fibra de controlo OS_2015_09_30_10RS_90LDPE, perfil a (----------), e da fibra OS_2015_10_01_10RS+Br200_90LDPE, perfil a (-----------).
Após a análise da Figura 55, verifica-se que o comportamento evidenciado no ponto
6.1.3 para o polímero RS na presença e na ausência de água também se manteve após ter sido
processado em fibra. Adicionalmente, verifica-se um ligeiro aumento da capacidade de expansão
para a fibra aditivada com Br200, relativamente à fibra de controlo, como resultado da
incorporação de agente ativo na matriz e da permeação de moléculas de água para o seu
interior, tendo aumentado a repulsão entre as cargas e provocando a alteração da geometria do
polímero para a diminuir. Posto isto, a camada externa da fibra
OS_2015_09_30_10RS_90LDPE expande no máximo até 13.39 % da sua espessura inicial em
60 min, e a camada externa da fibra OS_2015_10_01_10RS+Br200_90LDPE expande no
máximo até 13.83 % no mesmo intervalo de tempo. A evolução da espessura da camada externa
das fibras em questão, durante este ensaio de expansão pode ser observada na Figura 56.
0
5
10
15
0 20 40 60 80 100 120 140 160
c
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Figura 56 – Fotografias da expansão da camada externa da fibra OS_2015_09_30_10Rs_90LDPE (fotografias a), b) e c)), e da fibra OS_2015_10_01_10Rs+Br200_90LDPE (fotografias d), e) e f)), aos 0 min, 60 min e 120 min do ensaio de expansão.
Terminada a observação da Figura 56, foi possível constatar que a expansão da camada
externa das duas fibras em questão não é facilmente detetável, o que se pode explicar pela
reduzida capacidade de expansão deste polímero, causada pela reduzida quantidade de aminas
quaternárias presentes na sua estrutura química. Contudo, prestando maior atenção ao lado
inferior direito do filamento de maior dimensão, consegue-se perceber que as fibras em torno
deste são ligeiramente afastadas à medida que a camada externa expande. Comparando com a
Figura 54, a expansão da camada externa desta fibra é aproximadamente metade da
apresentada pela fibra OS_2015_10_01_10RL+Br200_90LDPE. À semelhança do sucedido na
Figura 54, também para a fibra OS_2015_10_01_10RS+Br200_90LDPE se verifica a existência
de uma discrepância na distribuição da camada externa pelos filamentos da fibra, sendo que os
que possuem camada externa detêm um diâmetro superior ao dos restantes filamentos.
Contudo, para a fibra em questão, tal comportamento não impossibilitou o seu estiramento.
Na Figura 57 podem ser visualizados os perfis de expansão para as fibras
OS_2015_09_30_10E_PO_90LDPE e OS_2015_10_01_10E_PO+Br200_90LDPE.
a) b) c)
d) e) f)
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Figura 57 – Representação gráfica do aumento do diâmetro dos compostos (xdp) em função do tempo (t) da fibra de controlo OS_2015_09_30_10E_PO_90LDPE, perfil a (----------), e da fibra OS_2015_10_01_10E_PO+Br200_90LDPE, perfil a (-----------).
Por comparação dos perfis apresentados na Figura 57 com os perfis apresentados na
Figura 40, verifica-se que o comportamento demonstrado no ponto 6.1.3 na presença e na
ausência do estímulo manteve-se após o seu processamento em fibra. À semelhança do
anteriormente constatado, também na fibra se verifica um pequeno aumento da capacidade de
expansão na fibra OS_2015_10_01_10E_PO+Br200_90LDPE, em relação à fibra de controlo,
causado pela incorporação de agente ativo e pela entrada de moléculas de água no interior da
matriz da camada externa. Desta forma, o sistema teve aumentada a repulsão entre as cargas
no seu interior, o que provocou a alteração da geometria do polímero para a diminuir. Desta
forma, a camada externa da fibra OS_2015_09_30_10E_PO_90LDPE expande no máximo até
16.19 % da sua espessura inicial em 120 min, e a camada externa da fibra
OS_2015_10_01_10E_PO+Br200_90LDPE expande no máximo até 16.98 % no mesmo intervalo
de tempo. A variação da espessura da camada externa destas duas fibras, durante este ensaio
de expansão pode ser observada na Figura 58.
Figura 58 – Fotografias da expansão da camada externa da fibra OS_2015_09_30_10RL_90LDPE (filamento rodeado nas fotografias a), b) e c)), e da fibra OS_2015_10_01_10RL+Br200_90LDPE (filamento de maior dimensão nas fotografias d), e) e f)), aos 0 min, 60 min e 120 min do ensaio de expansão.
0
5
10
15
20
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
a) b) c)
d) e) f)
c
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Depois de analisar a Figura 58, verificou-se que a expansão da camada externa da fibra
utilizada como controlo não era facilmente detetável, a não ser pela ligeira diminuição dos
espaços vazios entre o filamento assinalado e os que o rodeiam. No que diz respeito à fibra
OS_2015_10_01_10RL+Br200_90LDPE, a expansão da sua camada externa é notória, tendo
esta deformado, ocupado o espaço vazio entre filamentos e expandindo para cima de outros
devido à falta de espaço. Comparando com as Figuras 54 e 56, a expansão da camada externa
é intermédia à expansão da camada externa das fibras OS_2015_10_01_10RL+Br200_90LDPE e
OS_2015_10_01_10RS+Br200_90LDPE. Contudo, como verificado nas figuras referidas, nem
todos os filamentos da fibra OS_2015_10_01_10E_PO+Br200_90LDPE possuem camada
externa, e os que possuem camada externa detêm um diâmetro superior ao dos restantes
filamentos. À semelhança da fibra com camada externa à base de RS, a discrepância na
distribuição da camada externa pelos filamentos da fibra em questão não impossibilitou o seu
estiramento.
Comparando a capacidade de expansão das fibras apresentadas nas Figuras 53, 55 e
57, com as capacidades de libertação das mesmas na Figura 48, verifica-se que a libertação de
Br200 a partir da camada externa destas fibras é tanto maior quanto maior for a sua capacidade
de expansão, tal como observado no ponto 6.1.3. Desta forma, a fibra
OS_2015_10_01_10RL+Br200_90LDPE, por possuir maior capacidade de expansão que as
restantes, possui maior capacidade de libertação, sendo seguida pela fibra
OS_2015_10_01_10E_PO+Br200_90LDPE e, por último, pela fibra
OS_2015_10_01_10RS+Br200_90LDPE.
No caso das fibras com camada externa à base de PEO e de PVA, como o seu
mecanismo de libertação de agente ativo baseia-se na degradação da camada externa por
dissolução do polímero base, e dado que estes dois polímeros são altamente solúveis em água,
não foi possível traçar um perfil de degradação das matrizes que constituem a camada externa
destas fibras.
Na Figura 59, podem ser observadas as diferenças entre as fibras
OS_2015_09_30_10PEO_90LDPE e OS_2015_10_01_10PEO+Br200_90LDPE nos momentos
que antecederam e precederam o ensaio de degradação.
Resultados e Discussão MIEB – Tecnologia do Ambiente
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Figura 59 – Fotografias da degradação da camada externa da fibra OS_2015_09_30_10PEO_90LDPE (fotografias a) e b)), e da fibra OS_2015_10_01_10PEO+Br200_90LDPE (fotografias c) e d)), nos momentos inicial e final do ensaio de degradação.
Observando mais de perto a Figura 59, pôde-se verificar que, no momento inicial do
ensaio, todos os filamentos das fibras OS_2015_09_30_10PEO_90LDPE e
OS_2015_10_01_10PEO+Br200_90LDPE possuíam uma camada externa uniformemente
distribuída e de espessura semelhante, ao contrário do verificado para as fibras com camada
externa à base de polímeros Eudragit. Para além disto, pela análise desta figura pode-se ainda
verificar que com a dissolução das camadas externas, os filamentos ficaram reduzidos ao seu
núcleo de LDPE e a dimensão dos espaços vazios entre os filamentos aumentou.
As diferenças entre as fibras OS_2015_09_30_10PVA_90LDPE e
OS_2015_10_01_10PVA+Br200_90LDPE nos momentos inicial e final do ensaio de degradação,
podem ser observadas na Figura 60.
a) b)
c) d)
Resultados e Discussão MIEB – Tecnologia do Ambiente
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Figura 60 – Fotografias da degradação da camada externa da fibra OS_2015_09_30_10PVA_90LDPE (fotografias a), b) e c)), e da fibra OS_2015_10_01_10PVA+Br200_90LDPE (fotografias d) e e)), nos momentos que antecederam e precederam o ensaio de degradação.
As fotografias a) e b) da Figura 60 dizem ambas respeito a filamentos da fibra
OS_2015_09_30_10PVA_90LDPE no momento anterior ao início do ensaio. No entanto, a
fotografia a) justifica a impossibilidade de estiramento desta fibra e a necessidade de introduzir
fibras estiradas de PP na secção de corte da lâmina para esta fibra e para a
OS_2015_10_01_10PVA+Br200_90LDPE. Observando a fotografia a) verifica-se a quase total
inexistência de adesão entre a camada externa da fibra e o seu núcleo, o que conferiu
instabilidade à fibra durante o estiramento, quebrando muito facilmente. Para além disto, esta
fata de adesão impossibilitou a realização do estudo de degradação apenas com filamentos
desta fibra, dado que a adição de água provocava a perda dos filamentos imobilizados na secção
de corte da lâmina, tendo sido necessário adicional filamentos de uma fibra estirada à base de
PP, para melhor imobilizar os filamentos.
Da análise da Figura 60, foi ainda possível constatar que, antes de se ter iniciado o
ensaio, todos os filamentos das fibras OS_2015_09_30_10PVA_90LDPE e
OS_2015_10_01_10PVA+Br200_90LDPE também detinham camada externa de espessura
semelhante e que, após a sua dissolução, os filamentos possuíam apenas o seu núcleo de
LDPE.
a) b) c)
d) e)
Resultados e Discussão MIEB – Tecnologia do Ambiente
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6.3.4. Ensaios mecânicos
Os ensaios mecânicos realizados às fibras processadas e estiradas tiveram como
objetivo a sua caracterização em termos de alongamento e tenacidade, com o objetivo de melhor
definir a aplicabilidade de cada uma das fibras.
Na Tabela 9 podem ser observados os valores de alongamento e tenacidade de cada
uma das fibras processadas.
Tabela 9 – Valores de alongamento (Al) e de tenacidade (Te) para cada uma das fibras processadas
Fibra �%
�cN d���−
OS_2015_09_30_10PEO_90LDPE 30.9±11.32 1.83±0.07
OS_2015_10_01_10PEO+Br200_90LDPE 57.19±8.14 1.75±0.10
OS_2015_09_30_10RS_90LDPE 70.94±6.62 2.15±0.11
OS_2015_10_01_10RS+Br200_90LDPE 42.97±4.51 1.97±0.08
OS_2015_09_30_10E_PO_90LDPE 33.67±5.45 1.88±0.10
OS_2015_10_01_10E_PO+Br200_90LDPE 38.99±5.50 1.76±0.13
Após a análise dos valores apresentados na Tabela 9 foi possível concluir que a
incorporação de Br200 na camada externa das fibras processadas resultou, de um modo geral, na
diminuição da capacidade de alongamento das fibras, à exceção da fibra
OS_2015_10_01_10PEO+Br200_90LDPE. Desta forma, pode-se afirmar que, apenas no caso
desta fibra, a presença de Br200 aumentou a sua resistência à rotura. No que diz respeito à
tenacidade das fibras, verificou-se que a adição de agente ativo, de forma geral, resultou na
diminuição da sua tenacidade.
Em termos de tenacidade, segundo C. C. CHU, a tenacidade das suturas utilizadas varia
entre os 3.43 cN dtex-1 (sutura de seda) e os 6.55 cN dtex-1 (sutura de Vicryl). [123] Comparando
estes valores com os apresentados na Tabela 9, verificou-se que as fibras processadas possuem
tenacidades inferiores às das suturas convencionais. No que diz respeito a compressas e
ligaduras, segundo Lee et al, a tenacidade das suas fibras deve estar compreendida entre os
1.5 cN dtex-1 e os 2.5 cN dtex-1, gama esta que inclui todas as fibras apresentadas na Tabela 9.
[159] Desta forma, é possível afirmar que as fibras aditivadas com Br200 seriam melhor aplicadas em
produtos como compressas e ligaduras do que em suturas.
Conclusão MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 97
7. Conclusão
O objetivo da presente dissertação consistiu no desenvolvimento de sistemas de
libertação controlada de agentes ativos sob a forma de fibras poliméricas com potencial de
aplicação em suturas, pensos, compressas, entre outros produtos de aplicações médicas. Com a
realização dos estudos associados a este objetivo foi possível concluir que a composição por
extrusão de polímeros com capacidade de libertação, juntamente com o agente ativo
selecionado, e o seu processamento em fibras por melt spinning, era possível para os polímeros
PEO, RS e E_PO.
Posteriormente, do estudo do mecanismo de libertação dos polímeros referidos
(degradação por dissolução do PEO, expansão e libertação ao longo do tempo para o RS e
expansão a pH superior a 5.0 para o E_PO) e do perfil de libertação de Br200 das fibras,
concluiu-se que a velocidade de libertação relacionava-se diretamente com o mecanismo de
libertação. Assim, a fibra á base de PEO possuía a velocidade de libertação mais elevada
(73.044 mg h-1) devido à elevada solubilidade e velocidade de degradação do PEO
(2.400 mg h-1), e devido à insolubilidade e velocidades de degradação próximas de zero do RS e
do E_PO (4.66710-4 mg h-1 e 0.010 mg h-1, respetivamente). De entre as restantes fibras, a fibra
à base de E_PO foi a que apresentou maior velocidade de libertação do que a fibra à base de RS
(0.870 mg h-1 e 0.186 mg h-1, respetivamente), porque possuía maior capacidade de expansão
(16.98 % e 13.83 %, respetivamente), permitindo-lhe libertar uma maior quantidade de Br200.
No que diz respeito às características mecânicas das fibras obtidas, o alongamento de
(57.19±8.14) %, (42.97±4.51) % e de (38.99±5.50) %, e a tenacidade de (1.75±0.10) cN dtex -1,
(1.97±0.08) cN dtex-1 e de (1.76±0.13) cN dtex-1 das fibras à base de PEO, RS e E_PO,
respetivamente, quando comparado com as propriedades requeridas para cada aplicação,
permitiu concluir que a aplicação mais adequada para estas seriam as compressas, os pensos e
as ligaduras. Atendendo às velocidades de libertação referidas, concluiu-se ainda que os
produtos que incorporassem fibras à base de PEO seriam apropriados a tratamentos de ação
rápida, enquanto as fibras à base de RS e E_PO seriam mais indicadas para tratamentos
prolongados, porque seriam capazes de fornecer agente ativo ao longo de vários dias. Para além
disso, para manter as velocidades de libertação das fibras, concluiu-se que as condições
Conclusão MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 98
médicas mais favoráveis seriam as que expusessem fluidos corporais, como é o caso das feridas
ulcerosas. Por fim, pelo levantamento de mercado efetuado, os produtos que incorporassem
estas fibras, após a sua otimização, seriam um bom concorrente para o único produto do género
existente no mercado (Biatain®) devido a possuírem velocidades de libertação de agente ativo
similares às apresentadas por esse produto.
7.1. Recomendações para Trabalhos Futuros
Como sugestões para trabalhos futuros ou para a continuação da presente investigação,
seria interessante estudar o efeito da temperatura de processamento dos polímeros no seu
mecanismo de libertação, como forma de utilizar as temperaturas que favorecem a melhor
libertação de agente ativo. Uma vez definida esta temperatura, seria aconselhável não a alterar
quando se realizarem repetições ou quando se efetuar a passagem da extrusora de composição
para a extrusora de fiação por melt spinning, de modo a evitar variações na capacidade de
libertação das fibras resultantes.
Ainda nas etapas de processamento térmico, é imperativo otimizar a mistura de agente
ativo com o polímero base, de forma a tentar minimizar as perdas de agente ativo, a
homogeneizar a sua fração mássica ao longo do composto processado, aumentando assim a
sua concentração ao longo da fibra. Para além disso, seria também importante processar fibras
com diferentes composições em agente ativo, de modo a criar fibras com dosagens diferentes,
ajudando a definir a fibra mais adequada a determinada situação e podendo aumentar o
mercado de aplicação das fibras desenvolvidas. Adicionalmente, poder-se-ia estudar a
incorporação e a libertação de outros agentes ativos nestas fibras.
Ao nível dos ensaios de libertação, seria interessante estudar a libertação dos agente
ativo incorporado nas fibras em meios que simulassem a pele humana, de forma a determinar
as velocidades de libertação por via transdérmica para aferir sobre a viabilidade da sua aplicação
em tratamentos exclusivamente transdérmicos. Em caso afirmativo poder-se-ia alargar o
mercado de aplicação das fibras desenvolvidas. Para além disto, seria também interessante
explorar outras técnicas de deteção de compostos em meios líquidos que permitam determinar a
sua concentração em meios líquidos com maior exatidão como, por exemplo, a cromatografia
líquida, desde que a sua execução seja compatível com o tempo de amostragem do ensaio de
libertação.
Bibliografia MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 99
Bibliografia
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Anexos
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A. Tabelas e Figuras
Ao longo deste anexo podem ser encontradas todas as tabelas e figuras que contribuíram para o desenvolvimento do presente relatório.
A.1. Estado da Arte dos Sistemas de Libertação Controlada
A Tabela A.1.1 contém os sistemas de libertação controlada formulados em laboratório através da técnica de composição de polímeros por extrusão.
Tabela A.1. 1 – Sistemas de libertação controlada de agentes ativos formulados em laboratório, recorrendo à técnica de composição de polímeros por extrusão, sendo P.B. o polímero base da formulação, Tp a temperatura utilizada para o processamento do sistema e Rf a referência bibliográfica de onde foi extraída a informação
P.B. Princípio de libertação Agente Ativo Aditivos,
plastificantes, outros
Proporções utilizadas Processo de
Mistura
��°C Rf
---------------------------- Eudragit L100-55 e HPMCAS; polímeros pH-responsivos
Naproxen e AZD1305 TEC (Triehtyl citrate) usado como plastificante
5 % Naproxen, 20 % TEC, 75 % Eudragit L100-55 ou HPMCAS
Mistura dos componentes numa proveta
120 °C ou 160 °C para HPMCAS e 140 °C ou 165 °C para Eudragit L100-55
[17]
---------------------------- Polímeros pH-responsivos: Eudragit L100 e Eudragit L100-55
Propanolol HCl (PRP) e diphenhydramine HCl (DPD),
---------------------------------------------- 10 % agente ativo e 90 % polímero ---------------------------------------------- ----------------------------------------------------------------
[44]
PEO Etilenocelulose (Ethocel 100FP); polímero pH-responsivo
Guaifenesin Lubrificante térmico 20 % agente ativo, 63 % PEO, 15 % etilenocelulose, 2 % lubrificante térmico
---------------------------------------------- ----------------------------------------------------------------
[45]
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----------------------------
Difusão do agente ativo e/ou erosão do sistema matricial, expansão do polímero seguida de difusão do agente ativo. Polímeros: Eudragit®RS PO, Eudragit®L 100-55, Eudragit®S 100, HPMCAS, HPMCP, MethocelTM E5, EC, EthocelTM Standard 7 cP premium, KSR, Kollidon® SR, BASF AG
Tartarato de metoprolol, diltiazem HCl, propranolol HCl, cafeína anidra, diprofilina, teofilina anidra, carbamazepina, ácido 5-aminosalicílico
TEC
Matrizes: 190 % Eudragit RS e 10 % TEC; 90 % Kollidon SR e 10 % TEC; 290 % Eticelulose e 10 % TEC; 370 % Eticelulose (contendo tartarato de metoprolol) e 30 % TEC.
---------------------------------------------- 120 °C para a matriz 1; 130 °C para a matriz 2; 90 °C para a matriz 3
[18]
CaSt Difusão Paracetamol
Plastificantes: monoestearato de gliceril (GMS) e tributil citrato (TBC)
As formulações são dadas para fieiras com diâmetro igual a 1 mm ou 1.5 mm: CaSt_1 e CaSt_1.5 (100 % de CaSt); CaSt/G5%_1 e CaSt/G5%_1.5 (95 % de CaSt e 5 % de GMS); CaSt/T5%_1 e CaSt/T5%_1.5 (95 % de CaSt e 5 % de TBC); CaSt/T10%_1 e CaSt/T10%_1.5 (90 % de CaSt e 10 % de TBC); CaSt/P20%_1 e CaSt/P20%_1.5 (80 % de CaSt e 20 % de paracetamol); CaSt/P40%_1 e CaSt/P40%_1.5 (60 % de CaSt e 40 % de paracetamol); CaSt/P20%/G5%_1 e CaSt/P20%/G5%_1.5 (75 % de CaSt, 20 % de paracetamol e 5 % de GMS); CaSt/P40%/G5%_1 e CaSt/P40%/G5%_1.5 (55 % de CaSt, 40 % de paracetamol e 5 % de GMS); CaSt/P20%/T5%_1 e CaSt/P20%/T5%_1.5 (75 % de CaSt, 20 % de paracetamol e 5 % de TBC); CaSt/P40%/T5%_1 e CaSt/P40%/T5%_1.5 (55 % de CaSt, 40 % de paracetamol e 5 % de TBC); CaSt/P20%/T10%_1 e CaSt/P20%/T10%_1.5 (70 % de CaSt, 20 % de paracetamol e 10 % de TBC); CaSt/P40%/T10%_1 e CaSt/P40%/T10%_1.5 (50 % de CaSt, 40 % de paracetamol e 10 % de TBC).
Pré-mistura do polímero para constituição da matriz (CaSt) com cada um dos plastificantes e com o paracetamol num misturador de turbula a 60 Hz durante 20 minutos.
100-110 °C para CaSt_1 e CaSt_1.5; 90-110 °C para CaSt/G5%_1 e CaSt/G5%_1.5; 80-100 °C para CaSt/T5%_1 e CaSt/T5%_1.5; 60-90 °C para CaSt/T10%_1 e CaSt/T10%_1.5; 100-130 °C para CaSt/P20%_1 e CaSt/P20%_1.5; 100-130 °C para CaSt/P40%_1 e CaSt/P40%_1.5; 90-110 °C para CaSt/P20%/G5%_1 e CaSt/P20%/G5%_1.5; 90-110 °C para CaSt/P40%/G5%_1 e CaSt/P40%/G5%_1.5; 110-130 °C para CaSt/P20%/T5%_1 e CaSt/P20%/T5%_1.5; 110-130 °C para CaSt/P40%/T5%_1 e CaSt/P40%/T5%_1.5; 80-140 °C para CaSt/P20%/T10%_1 e CaSt/P20%/T10%_1.5; 80-140 °C para CaSt/P40%/T10%_1 e CaSt/P40%/T10%_1.5.
[160]
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Tecoflex 72D e 1001A (termoplástico de poliuretano)
Ácidos dicarboxílicos como agentes modificadores da libertação do agente ativo comercializados pela Sigma-Aldrich: ácido malónico, ácido maleico, ácido glutárico e ácido succínico
Difilina ----------------------------------------------
Formulações sem adição de ácidos dicarboxílicos: 150 % de agente ativo e 50 % de Tecoflex; 265 % de agente ativo e 35 % de Tecoflex; 375 % de agente ativo e 25 % de Tecoflex. As formulações com a adição de ácidos dicarboxílicos mantiveram as proporções agente ativo/matriz polimérica referidas, mas 0.5, 1, 2.5, 5 e 10 % da proporção correspondente à matriz polimérica é constituída pelo ácido carboxílico.
Mistura num almofariz e um pilão.
140 °C para todas as formulações
[161]
PEO Expansão e dissolução do polímero base seguida de difusão do agente ativo
Maleato de clorfeniramina (CPM) ---------------------------------------------- 20 % de CPM e 80 % de PEO
Diluição do polímero e do agente ativo e introdução num "Robot Coupe High Shear Blender (Model RS1 3VG, Jackson, MS)" a 2000 rpm por 3 minutos.
70 °C a 105 °C [46]
Klucel HPC Difusão Nifedipina (NIF)
Celulose microcristalina - MCC (diluente utilizado para aumentar o volume ou massa de dosagem)
1 33 % de NIF, 33 % de HPC, 33 % MCC; 2 33 % de NIF e 66 % de HPC; 3 25 % de NIF, 50 % de HPC e 25 % MCC.
----------------------------------------------
1→Zona 1: 80 °C, Zona 2: 100
°C, Zona 3: 120 °, Zonas 4 e 5: 140 °C, Zona 6: 140 °C, Zonas 7 e 8: 140 °C; Zona 1: 80 °C, Zona 2: 110 °C, Zona 3: 140 °C, Zonas 4 e 5: 180 °C, Zona 6: 160 °C, Zonas 7 e 8: 140 °C; 2→Zona 1: 80 °C, Zona 2: 100
°C, Zonas 3, 4, 5, 6, 7 e 8: 120 °C; 3→Zona 1: 80 °C, Zona 2: 100
°C, Zona 3: 120 °C, Zonas 4, 5, 6, 7 e 8: 140 °C.
[47]
PEO Expansão do polímero base seguida de difusão do agente ativo
Carbamazepina (CBZ) Poloxamer 407 (Lutrol F127, BASF) – plastificante
CPL1 (10 % CBZ, 70 % PEO 301 e 20 % Lutrol F127); CPL2 (20 % CBZ, 60 % PEO 301 e 20 % Lutrol F127); CPL3 (25 % CBZ, 55 % PEO 301 e 20 % Lutrol F127); CPL4 (25 % CBZ, 60 % PEO 301 e 15 % Lutrol F127).
----------------------------------------------
Para todas as formulaçõesZona 1: 90 °C; Zona 2: 100 °C; Zona 3: 105 °C; Zona 4: 110 °C
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Eudragit E100
Expansão do polímero pH-responsivo que constitui a matriz e posterior difusão do agente ativo
Quinina HCl ou quinina base ----------------------------------------------
199 % Eudragit e 1 % quinina base); 2 (95 % Eudragit e 5 % quinina base); 3 (90 % Eudragit e 10 % quinina base); 4 (80 % Eudragit e 20 % quinina base); 5 (99 % Eudragit e 1 % quinina HCl); 6 (95 % Eudragit e 5 % quinina HCl); 7 (90 % Eudragit e 10 % quinina HCl); 8 (80 % Eudragit e 20 % quinina HCl).
Mistura do polímero com o agente ativo num Pharmatch Base Blender, usando um contentor de 5 L intermediário a 100 rpm durante 15 minutos.
Para todas as formulaçõesZona 1: 115 °C; Zona 2: 130 °C; Zona 3: 135 °C; Zona 4: 140 °C; Fieira: 140 °C
[48]
Etileno acetato de vinila (EVA)
Polímeros hidrofílicos com capacidade de expansão distintas: PEO
Tartarato de metoprolol (MPT)
Copolímero polioxipropileno-polioxietileno (Lutrol F68, recentemente denominado Kolliphor P 188, BASF) adicionado para aumentar a libertação do agente ativo
1 5 % PEO, 47.5 % EVA 40 e 47.5 % MPT; 2 5 % PEO, 47.5 % EVA 28 e 47.5 % MPT; 3 5 % PEO, 47.5 % EVA 15 e 47.5 % MPT; 4 5 % PEO, 47.5 % EVA 9 e 47.5 % MPT; 5 5 % PEO, 57 % EVA 40 e 38 % MPT; 6 5 % PEO, 57 % EVA 28 e 38 % MPT; 7 5 % PEO, 57 % EVA 15 e 38 % MPT; 8 5 % PEO, 57 % EVA 9 e 38 % MPT; 9 10 % PEO, 45 % EVA 40 e 45 % MPT; 10 10 % PEO, 54 % EVA 40 e 36 % MPT; 11 10 % PEO, 54 % EVA 28 e 36 % MPT; 12 10 % PEO, 54 % EVA 15 e 36 % MPT; 13 10 % PEO, 54 % EVA 9 e 36 % MPT; 14 10 % PEO, 63 % EVA 15, 27 % MPT; 15 10 % PEO, 63 % EVA 9 e 27 % MPT
Homogeneização da mistura dos polímeros e do agente ativo com a ajuda de um almofariz e de um pilão.
1 90 °C; 2 90 °C; 3 110 °C; 4 110 °C; 5 90 °C; 6 90 °C; 7 110 °C; 8 110 °C; 9 90 °C; 10 90 °C; 11 90 °C; 12 110 °C; 13 110 °C; 14 110 °C; 15 110 °C.
[162]
HPC Difusão Teofilina e cetoprofeno ---------------------------------------------- As matrizes terão uma razão agente ativo/polímero na ordem dos 5-70 % para a teofilina e na ordem dos 5-40 % para o cetoprofeno
Mistura dos pós numa turbula.
Zona 1: 150 °C; Zona 2: 155 °C; Zona 3: 160 °C; Fieira: 150 °C
[163]
Éter sulfobutílico de β-ciclodextrina (SBE7-β-CD e β-ciclodextrina (β-CD)
Difusão Cetoprofeno da Spectrum Chemical
------------------------------- 50 % cetoprofeno e 50 % β-CD ou SBE7-B-CD
Mistura do agente ativo com o polímero com a ajuda de um almofariz e de uma espátula e depois misturados num contentor de polietileno
Zona 1: 90 °C; Zona 2: 95 °C; Zona 3: 100 °C; Fieira: 100 °C
[164]
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Ethocel Std 10 FP Premium
Polímeros hidrofílicos com capacidade de expansão: PEG e PEO
Tartarato de metoprolol (MPT) Sebacato de dibutilo (DBS)
1 30 % MPT, 46.7 % EC e 23.3 % DBS; 2 30 % MPT, 1 % PEG ou PEO, 46 % EC e 23 % DBS; 3 30 % MPT, 2.5 % PEG ou PEO, 45 % EC e 22.5 % DBS; 4 30 % MPT, 5 % PEG ou PEO, 43.3 % EC e 21.7 % DBS; 5 30 % MPT, 10 % PEG ou PEO, 40 % EC e 16.7 % DBS; 6 30 % MPT, 20 % PEG ou PEO, 33.3 % EC e 16.7 % DBS; 7 30 % MPT, 70 % PEG ou PEO.
---------------------------------------------- 100 °C – 200 °C [165]
Kollidon SR e Klucel LF
Difusão Ibuprofeno e teofilina TEC
1 25 % ibuprofeno e 75 % Kollidon SR; 2 35 % ibuprofeno e 65 % Kollidon SR; 3 50 % ibuprofeno e 50 % Kollidon SR; 4 25 % ibuprofeno, 52.5 % Kollidon SR e 22.5 % Klucel LF; 5 35 % ibuprofeno, 45.5 % Kollidon SR e 19.5 % Klucel LF; 6 35 % ibuprofeno, 55.25 % Kollidon SR e 9.75 % Klucel LF; 7 25 % teofilina e 75 % Kollidon SR; 8 35 % teofilina e 65 % Kollidon SR; 9 50 % teofilina e 50 % Kollidon SR; 10 35 % teofilina, 61.75 % Kollidon SR e 3.25 % TEC; 11 35 % teofilina, 58.5 % Kollidon SR e 6.5 % TEC; 12 50 % teofilina, 47.5 % Kollidon SR e 2.5 % TEC; 13 50 % teofilina, 45 % Kollidon SR e 5 % TEC; 14 25 % teofilina, 48.75 % Kollidon SR, 3.75 % TEC e 22.5 % Klucel LF; 15 35 % teofilina, 42.25 % Kollidon SR, 3.25 TEC e 19.5 % Klucel LF; 16 35 % teofilina, 52 % Kollidon SR, 3.25 % TEC e 9.75 % Klucel LF.
A mistura física do agente ativo e dos polímeros foi homogeneizada utilizando um almofariz.
70 °C-80 °C para as formulações contendo ibuprofeno (formulações 1-6) e 80 °C-90 °C para as formulações contendo teofilina (formulações 7-16)
[63]
Na Tabela A.1.2 podem ser visualizadas todas as formulações de sistemas de libertação controlada, obtidas por composição de polímeros por extrusão,
que são atualmente comercializadas.
Anexos MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 125
Tabela A.1. 2 – Sistemas de libertação controlada de agentes ativos disponíveis comercialmente, recorrendo à técnica de composição de polímeros por extrusão, sendo P.B. o polímero base da formulação, Tp a temperatura utilizada para o processamento do sistema e Rf a referência bibliográfica de onde foi extraída a informação
Produto Aplicação P.B. Princípio de libertação
Agente Ativo Aditivos,
plastificantes, outros Proporções utilizadas
Processo de Mistura
��°C Taxa de
Libertação Rf
Lacrisert, Valeant Sídrome de olhos secos e inserção ocular
HPC --------------------------------------- ----------------------------------------------------- ---------------------------------------------- -------------------------------------------------- ------------------------------- ------------------------------- --------------------------------------------
[166]
Zoladex, Astra Zeneca
Cancro da próstata, inserção subcutânea na parede abdominal anterior abaixo da linha do umbigo
PLGA
Hidrólise do polímero em ácido lático e em ácido glicólico, os quais são depois degradados em dióxido de carbono e água.
Goserrelina ----------------------------------------------
Cada implante possui 3.6 mg de agente ativo, os quais correspondem a cerca de 5 % da mistura total. 40 % da mistura é constituída por PLGA (50:50; 0.2 dL/g) e os restantes 55 % da mistura são constituídos por N-metil-2-pirrolidona (NMP).
------------------------------- 70 °C --------------------------------------------
[49]
Implanon, Merck
Contracetivo, implantação subcutânea lado interior da parte superior do braço
EVA
Difusão partindo do núcleo, através do revestimento, até ao meio exterior
Etonogestrel Estearato de magnésio (lubrificante)
43 mg de EVA, 15 mg de sulfato de bário e 0.1 mg de estearato de magnésio para o núcleo e 15 mg de EVA para o revestimento. Cada implante contém 68 mg de etonogestrel.
------------------------------- -------------------------------
60-70 µg/dia durante 5 a 6 semanas. Sabendo que a taxa de libertação diminui ao longo do tempo, no final do 1º ano a taxa de libertação estava compreendida entre 35-45 µg/dia, no final do 2º ano entre 30-40 µg/dia e no final do 3º ano entre 25-30 µg/dia.
[167]
NuvaRing, Merck Contracetivo, anel intravaginal
EVA --------------------------------------- Etonogestrel e etilvinilo estradiol
Estearato de magnésio 11.7 mg de etonogestrel e 2.7 mg de etilvinilo estradiol
------------------------------- -------------------------------
O etonogestrel é libertado do anel de EVA à taxa de 0.120 mg/dia e o etilvinilo estradiol é libertado à taxa de 0.015 mg/dia, ambos durante 3 semanas
[168]
Anexos MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 126
Nurofen, Meltlets lemon
Analgésico, comprimido via oral
HPMC Difusão, expansão e erosão
Ibuprofeno Estearato de magnésio (lubrificante)
-------------------------------------------------- ------------------------------- ------------------------------- --------------------------------------------
[169]
Noxafil, Merck's Antifúngico, comprimido via oral
PEG Hipromelose acetato succinato (polímero pH-responsivo)
Posaconazole
Estearato de magnésio, celulose microcristalina, hiprolose (desintegrante e aglutinante para sólidos), sílica do tipo dental (reforço de polímeros), croscarmelose de sódio (desintegrante), álcool polivinílico, dióxido de titânio, talco e óxido de ferro amarelo
Cada comprimido possui 100 mg de posaconazole.
Mistura prévia e mesclagem dos vários componentes da mistura.
170-172 °C --------------------------------------------
[52]
Na Tabela A.1.3 estão contempladas alguns exemplos de sistemas de libertação controlada de agentes ativos patenteados que foram obtidos por
aplicação da técnica de composição de polímeros por extrusão.
Anexos MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 127
Tabela A.1. 3 – Sistemas de libertação controlada de agentes ativos patenteados, recorrendo à técnica de composição de polímeros por extrusão, sendo P.B. o polímero base da formulação, Tp a temperatura utilizada para o processamento do sistema e Rf a referência bibliográfica de onde foi extraída a informação
Patente Resumo da patente P.B. Princípio de libertação
Agente Ativo Aditivos, plastificantes,
outros Proporções utilizadas
Processo de Mistura
��°C Rf
WO 2009051819 A1/US 20100303883 A1/EP 2211760 A1 "Polymeric drug delivery systems and thermoplastic extrusion processes for producing such systems"
A invenção trata-se de um sistema de libertação subcutâneo que compreende uma matriz polimérica termoplástic biocompatível, um agente ativo incorporado homogeneamente na matriz. A geometria consiste numa parede de revestimento externa e num canal interior para libertação do agente ativo. o agente ativo é "hydromorphone", representando 40 % ou 50 % da matriz polimérica, a qual também inclui EVA. Também fazem parte da invenção o método de produção do implante subcutâneo e o método de providenciar o alívio prolongado da dor através da administração subcutânea do sistema de libertação descrito.
Polietileno de baixa densidade (LDPE)
Difusão
"Hydromorphone" HCl, podendo no lugar desta utilizar-se "Dextromethorphan" HBr
Elvax 40W (resina à base de etileno-acetato de vinilo utilizada nos revestimentos e na matriz), podendo no lugar desta utilizar-se Tecoflex EG-80, Tecoflex EG-85, Tecoflex EG-60, Tecoflex EG-93A. Para além destes podem ser utilizados os copolímeros de EVA comercializados: Evatene 42-60, Evatene 33-400, Evatene 28-800
Formulação 1: 50 % agente ativo, 50 % Elvax 40W; Formulação 2: 50 % agente ativo, 25 % Elvax 40W, 25% LDPE; Formulação 3: 50 % agente ativo, 12 % Elvax 40W, 38 % LDPE; Formulação 4: 50 % agente ativo, 50 % LDPE; Formulação 5: 50 % "Dextromethorphan" HBr, 50 % Evatene
Mistura
Para a mistura de "Dextromethorphan" Hbr com Evatene 42-60 a extrusão ocorreu a 130 °C, podendo dar-se a degradação do agente ativo; para a mistura do mesmo agente ativo com Evatene 33-400 a extrusão ocorreu a 95 °C e a 110 °C; para a mistura do mesmo agente ativo com Evatene 28-800 a extrusão ocorreu a 95 °C, apresentando uma viscosidade semelhante à da mistura anterior a 110 °C
[170]
Anexos MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 128
WO 2010120389 A2/EP 2419139 A2/ US 20120034306 A1 "Polymeric drug delivery systems and processes for producing such systems"
A presente invenção consiste num sistema de libertação subcutâneo compreendendo uma matriz de elastómero (termoplástico biocompatível), um agente terapeutico disperso homogeneamente na matriz e um revestimento da matriz à base de um polímero termoplástico impermeável ao agente ativo, pelo que este será libertado a partir do canal no interior do revestimento. nesta invenção estão também compreendidos o método de produção do implante subcutâneo e o método de providenciar um alívio prolongado da dor pela administração do sistema de libertação subcutâneo descrito.
Polietileno de baixa densidade (LDPE)
Difusão
"Hydromorphone" HCl, podendo no lugar desta utilizar-se "Dextromethorphan" HBr
Elvax 40W (resina à base de etileno-acetato de vinilo utilizada nos revestimentos e na matriz), podendo no lugar desta utilizar-se Tecoflex EG-80, Tecoflex EG-85, Tecoflex EG-60, Tecoflex EG-93A. Para além destes podem ser utilizados os copolímeros de EVA comercializados: Evatene 42-60, Evatene 33-400, Evatene 28-800
Formulação 1: 50 % agente ativo, 50 % Elvax 40W; Formulação 2: 50 % agente ativo, 25 % Elvax 40W, 25% LDPE; Formulação 3: 50 % agente ativo, 12 % Elvax 40W, 38 % LDPE; Formulação 4: 50 % agente ativo, 50 % LDPE; Formulação 5: 50 % "Dextromethorphan" HBr, 50 % Evatene
Mistura
Para a mistura de "Dextromethorphan" Hbr com Evatene 42-60 a extrusão ocorreu a 130 °C, podendo dar-se a degradação do agente ativo; para a mistura do mesmo agente ativo com Evatene 33-400 a extrusão ocorreu a 95 °C e a 110 °C; para a mistura do mesmo agente ativo com Evatene 28-800 a extrusão ocorreu a 95 °C, apresentando uma viscosidade semelhante à da mistura anterior a 110 °C
[171]
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US 8465759 B2/WO 2007112285 A2/CN 20130259920 A1/CA 2647801 A1/US 20130259920 A1 "Process for the preparation of a hot-melt extruded laminate"
A presente invenção consiste num processo para a preparação de um laminado bioadesivo compreendendo uma camada reservatório obtida por extrusão e uma segunda camada também obtida por extrusão. A camada reservatório é composta por um termoplástico bioadesivo hidrofílico e por um agente ativo. A segunda camada é constituída por um polímero hidrofóbico. As duas camadas serão obtidas por coextrusão. O laminado obtido deverá possuir uma secção transversal e/ou secção longitudinal uniformes ao longo da maior parte do comprimento do laminado.
Polímero hidrofílico: PEO (PolyOx WSR N80, N12K, 301 e 205), podendo também ser utilizados o PLA, PLGA, HPMC e outros derivados de celulose, PCL, entre outros. Polímero hidrofóbico: alquilceluloses, etilcelulose, Eudragit RS, ceras, poliésters, combinações destes, entre outros.
Expansão seguida de difusão do agente ativo
Testosterona, mas podem ser usados muitos outros agentes ativos como, por exemplo, anti-inflamatórios, anticoagulantes, antimicrobianos
Sebacato de dibutilo (plastificante); dióxido de titânio (composto opaco); "vitamin E succinate" (lubrificante térmico); hidroxitolueno butilado (antioxidante); poloxamer 407 (surfactante); monohidrato de ácido cítrico (agente quelante); policarbofil (polímero adesivo); FD&C Red 40 Lake (corante); carbopol 974P (polímero acídico).
Camada reservatório→Formulação 1:
15% testosterona, 26.85 % PolyOx WSR N80, 20.36 % PolyOx WSR N12K, 16.79 % PolyOx WSR 301, 10 % carbopol 974P, 5 % "vitamin E succinate", 1 % dióxido de titânio, 5 % poloxamer 407; Formulação 2: 15% testosterona, 26.85 % PolyOx WSR N80, 20.36 % PolyOx WSR N12K, 16.79 % PolyOx WSR 301, 10 % carbopol 974P, 1 % monohidrato de ácido cítrico, 4 % hidroxitolueno butilado, 1 % dióxido de titânio, 5 % poloxamer 407; Formulação 3: 15% testosterona, 26.85 % PolyOx WSR N80, 20.36 % PolyOx WSR N12K, 16.79 % PolyOx WSR 301, 10 % carbopol 974P, 5 % monohidrato de ácido cítrico, 1 % dióxido de titânio, 5 % poloxamer 407; Formulação 4: 15% testosterona, 26.85 % PolyOx WSR N80, 20.36 % PolyOx WSR N12K, 16.79 % PolyOx WSR 301, 10 % carbopol 974P, 4 % hidroxitolueno butilado, 1 % dióxido de titânio, 6 % poloxamer 407; Formulação 5: 15% testosterona, 26.85 % PolyOx WSR N80, 18.86 % PolyOx WSR N12K, 16.79 % PolyOx WSR 301, 10 % carbopol 974P, 4 % hidroxitolueno butilado, 1 % dióxido de titânio, 7.5 % poloxamer 407; Formulação 6: 15% testosterona, 26.85
Mistura dos componentes em pó numa "v-shell blender"
Zona 1: 65 °C; Zona 2: 125 °C; Zona 3: 135 °C; Zona 4: 140 °C; Fieira: 135 °C.
[172]
Anexos MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 130
% PolyOx WSR N80, 19.36 % PolyOx WSR N12K, 16.79 % PolyOx WSR 301, 10 % carbopol 974P, 2 % hidroxitolueno butilado, 1 % dióxido de titânio, 9 % poloxamer 407; Formulação 7: 72 % PolyOx WSR N80, 20 % testosterona, 2 % policarbofil, 5 % "vitamin E succinate", 1 % dióxido de titânio; entre muitas outras; Segunda camada→Formulação 1: 10
% PolyOx WSR N80, 7.5 % PolyOx WSR 205, 36.5 % PolyOx WSR 301, 35 % Eudragit RS PO, 6.25 %etilcelulose Std 100, 0.15 % FD&C Red 40 Lake, 0.6 % dióxido de titânio, 1 % monohidrato de ácido cítrico, 3 % sebacato de dibutilo; Formulação 2: 5 % PolyOx WSR N80, 5 % PolyOx WSR 205, 45 % PolyOx WSR 301, 35 % Eudragit RS PO, 6.25 %etilcelulose Std 100, 0.15 % FD&C Red 40 Lake, 1 % monohidrato de ácido cítrico, 3 % sebacato de dibutilo.
Anexos MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 131
US 8173152 B2/WO 2007112286 A3/US 8883187 B2/EP 2010156 A2/WO 2007112286 A2/CA 2647809 A1/CN 101484142 B "Stabilized compositions containing alkaline labile drugs"
A presente invenção consiste numa composição bioadesiva estabilizada contendo um agente ativo alcalino instável e num método para a sua preparação (composição de polímeros por extrusão). A composição será formada por um componente acídico e um polímero termoplástico alcalino para a formação da matriz. Assim, a degradação do agente ativo é diminuida durante a extrusão.
Polímero hidrofílico: PEO (PolyOx WSR N80, N12K, 301 E 205), podendo também ser utilizados o PLA, PLGA, PCL, HPMC, carboximetilcelulose, hidroxipropil celulose, hidroxietilcelulose, metilcelulose, goma de guar, goma de acácia, goma de tragacanto, goma xantana, povidona, PEO, carboximetilcelulose, carboxipolimetileno, PEG, ácido algínico, gelatina, álcool polivinílico, polivinilpirrolidona, poliacrilamidas, polimetacrilamidas,
Expansão seguida de difusão do agente ativo
Testosterona, mas podem ser usados muitos outros como compostos terapeuticos, nutrientes e agentes nutricionais, agentes hematológicos, fármacos anti-inflamatórios (ibuprofeno), entre muitos outros.
Poloxamer (plastificante); ácido cítrico (componente acídico); carbopol (polímero acídico e bioadesivo); vitamina E (antioxidante); FD&C Red Nº 3, 8 e 20, FD&C Yellow Nº 6, FD&C Blue Nº2, FD&C Green Nº 5, FD&C Orange Nº5, caramelo, óxido de ferro, extrato de pele de uva, pó vermelho de beterraba, β-caroteno,
urucum, carmim, curcuma, açafrão, paprika, entre outros corantes; EDTA, ácidos policarboxílicos, poliaminas e derivados destes (agentes quelantes).
Formulações para a matriz hidrofílica→Formulação 1:
15 % testosterona, 64 % PEO, 10 % carbopol 974P, 5 % "vitamin E succinate", 1 % dióxido de titânio, 5 % poloxamer 407. Formulação 2: 15 % testosterona, 64 % PEO, 10 % carbopol 974P, 1 % monohidrato de ácido cítrico, 4 % hidroxitolueno butilado, 1 % dióxido de titânio, 5 % poloxamer 407. Formulação 3: 15 % testosterona, 26.85 % PEO (PoluOx WSR N80), 16.79 % PEO (PolyOx WSR 301), 10 % carbopol 974P, 5 % monohidrato de ácido cítrico, 1 % dióxido de titânio, 5 % poloxamer 407. Formulação 4: 15 % testosterona, 64 % PEO, 10 % carbopol 974P, 4 % hidroxitolueno butilado, 1 % dióxido de titânio, 6 % poloxamer 407. Formulação 5: 15 % testosterona, 26.85 % PEO (PolyOx WSR N80), 18.86 % PEO (PolyOx WSR N12K), 16.79 % PEO (PolyOx WSR 301), 10 % carbopol, 4 % hidroxitolueno butilado, 1 % dióxido de titânio, 7.5 % poloxamer 407. Formulação 6: 15 % testosterona, 26.85 % PEO (PolyOx WSR N80), 19.36 % PEO (PolyOx WSR N12K), 16.79 % PEO (PolyOx WSR 301), 10 % carbopol 974P, 2 % hidroxitolueno butilado, 1 % dióxido de titânio, 9 % poloxamer 407. Formulação 7: 15 % testosterona, 63 % PEO, 10
Granulação húmida com água ou com um solvente orgânico aquoso
Para todas as formulações a gama de temperaturas foi a seguinte→Zona 1:
65 °C, Zona 2: 120 °C, Zona 3: 125 °C, Zona 4: 135 °C, Fieira: 135 °C. No entanto, as temperaturas podem ser alteradas até um máximo de 145 °C.
[173]
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Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 132
polifosfazinas, polioxazolidinas, poli (ácidos hidroxialquilcarboxilicos) alginatos de carragenato, carbómero, alginato de amónio, alginato de sódio ou misturas destes. Polímeros hidrofóbicos: alquilceluloses, etilcelulose, Eudragit RS, ceras, poliéster e combinações destes.
% carbopol 974P, 2 % vitamina E, 1 % dióxido de titânio, 9 % poloxamer 407. Formulação para o filme/camada hidrofóbica: 10 % PEO (PolyOx WSR N80), 7.5 % PEO (PolyOx WSR 205), 36.5 % PEO (PolyOx WSR 301), 35 % Eudragit RS PO, 6.25 % etil celulose Std 100, 0.15 % FD&C Red 40 Lake, 0.6 % dióxido de titânio, 1 % monohidrato de ácido cítrico, 3 % sebacato de dibutilo.
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Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 133
A.2. TGA
Na Tabela A.2.1 podem ser observadas as massas de amostra, recolhidas para TGA, de
cada um dos compostos desenvolvidos durante a etapa de estudos preliminares.
Tabela A.2. 1 – Valores referentes às frações mássicas de agente ativo (xIBU), de polímero (xpl) e de massa de amostra (ma) no processo de composição de cada um dos compostos analisados por TGA
Polímero �� �%
�%
RL 30 70 5.100
RS 30 70 6.724
E_PO 30 70 5.036
Os valores de massa de amostra e de fração mássica de agente ativo apresentados na
Tabela A.2.1, e os valores de fração mássica de agente ativo, detetados por TGA, apresentados
na Tabela 5 permitiram calcular a fração mássica referente à perda de Br200. Tomando o
composto à base de RL como exemplo, o cálculo da perda de Br200 durante esta etapa iniciou-se
pela determinação da massa de agente ativo que teoricamente deveria estar contida no
composto, como exemplificado na Equação 3.
B t = . × . ⟺ B t = . ⟺ B t = . m� (Equação 3)
De seguida, procedeu-se à determinação da massa de Br200 efetivamente presente na
amostra, como demonstrado na Equação 4, utilizando para esse efeito o valor de fração mássica
apresentado na Tabela 5.
B eal = . × . ⟺ B eal = . ⟺ B a = . m� (Equação 4)
Por fim, com estes dois valores calculou-se a fração mássica de Br200 perdida durante a
composição de polímeros por extrusão nos estudos preliminares como explicado na Equação 5.
� B% = . − . �. � × ⟺ � B% = . ⟺ � B = . % (Equação 5)
Na Figura A.2.1 pode ser visualizado o perfil de degradação térmica do composto à base
de PEO contendo 10 % de Br200 na sua constituição. Este perfil constitui uma repetição do ensaio
apresentado anteriormente na Figura 41, encontrando-se também aqui acompanhado pelos
perfis do PEO e do agente ativo.
Anexos MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 134
Figura A.2. 1 – Representação gráfica da variação da fração mássica (xm/m) de várias amostras em função da temperatura (T). O perfil a (---------) representa a degradação térmica do Br200, o perfil a (----------) representa a degradação térmica do PEO e o perfil a (-------) diz respeito à degradação térmica do composto à base de PEO aditivado com Br200.
Analisando a Figura A.2.1 verificou-se que o composto apresentado, à semelhança do
resultado apresentado na Figura 41, caracteriza-se por ser termicamente estável até aos
221 °C, perdendo apenas 2.86 % de massa de amostra, correspondentes à humidade absorvida
pelo composto. A esta fase do perfil do composto seguiu-se a degradação da fração mássica de
Br200, na qual se registou uma perda de amostra de cerca de 13.07 % entre os 221 °C e os
319.69 °C. Posteriormente ocorreu a degradação da fração mássica referente ao PEO, a qual se
dividiu em 3 fases. A primeira fase de degradação do PEO ocorreu entre os 319.69 °C e os
419.66 °C, durante a qual perdeu-se 76.97 % de massa da amostra inicial. Posteriormente, até
aos 488.61 °C, o composto registou uma perda de massa igual a 4.36 %, a qual foi seguida por
uma perda final de 0.38 % até aos 900 °C.
Na Tabela A.2.2 podem ser encontradas as massas das amostras recolhidas de cada
composto desenvolvido para o seu posterior processamento em fibras.
Tabela A.2. 2 – Valores referentes às frações mássicas de agente ativo (xIBU), de polímero (xpl) e de massa de amostra (ma) no processo de composição de cada um dos compostos analisados por TGA
Polímero �� �%
�%
PEO 10 90 7.572
PVA 10 90 5.602
RL 20 80 7.081
RS 20 80 6.935
E_PO 20 80 4.451
Os valores de massa de amostra e de fração mássica de agente ativo apresentados na
Tabela A.2.2, bem como os valores de fração mássica de agente ativo apresentados na Tabela 7
0
20
40
60
80
100
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Anexos MIEB – Tecnologia do Ambiente
Desenvolvimento de Fibras Biocompatíveis para Libertação Controlada de Agentes Ativos | 135
permitiram calcular a fração mássica referente à perda de Br200 nesta etapa processual, tendo-se
para isso seguido o exemplo apresentado nas equações 3, 4 e 5.
A.3. UV/VIS
A curva de calibração do IBU dissolvido em água pode ser observada na Figura A.3.1.
Figura A.3. 1 – Representação gráfica da curva de calibração do IBU dissolvido em água, na qual a relação da absorvância (A) com a concentração deste agente ativo ([IBU]) é definida pela equação A=(0.0515±0.0070)[IBU]+(0.0022±0.0491), com
R2
=0.9906.
Na Tabela A.3.1 estão presentes os valores dos limites de deteção e de quantificação do
UV/Vis para o agente ativo utilizado na construção da curva de calibração da Figura A.3.1.
Tabela A.3. 1 – Valores do limite de deteção e do limite de quantificação do equipamento relativamente ao IBU �� � çã �−� �� � � � çã �−�
1.754 5.846
A curva de calibração do Br200 dissolvido em água pode ser encontrada na Figura A.3.2.
Figura A.3. 2 – Representação gráfica da curva de calibração do Br200 dissolvido em água, sendo a relação absorvância (A) em
função da concentração deste agente ativo ([B]) definida por A=(0.0403±0.0093)[B]+(0.0013±0.0011), com R2
=0.9996.
A Tabela A.2.2 contém os valores referentes aos limites de deteção e de quantificação
do UV/Vis em relação ao Br200 com base na curva de calibração presente na Figura A.3.2.
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
0 2 4 6 8 10 12 14 16
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
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Tabela A.3. 2 – Valores do limite de deteção e do limite de quantificação do equipamento em relação ao Br200 �� � çã �−� �� � � � çã �−�
1.754 5.846
Os valores das massas iniciais e finais das amostras dos composto aditivadas com
agente ativo e dos compostos utilizados como controlo podem ser observados na Tabela A.3.3.
Tabela A.3. 3 – Valores das massas das amostras iniciais e finais dos compostos aditivados com Br200 (mia e mfa) e das massas das amostras iniciais e finais dos compostos utilizados como controlo (mic e mfc), para as suas diferentes formulações em polímero (xm) e em agente ativo (xa)
Polímero �%
�a% �am� am� �m� m�
PEO 99.34 0.66 2.0578 0 1.9095 0
PVA 99.34 0.66 3.6027 0 4.215 0
L100-55 pH 7.2 99.34 0.66 7.0027 7.0027 3.4957 3.4957
L100-55 pH 4.5 99.34 0.66 7.0027 7.0027 3.4957 3.4957
RL 99.34 0.66 2.1576 2.1269 1.1412 1.1269
RL 70 30 2.0213 1.3371 1.2351 1.1895
RS 99.34 0.66 2.4939 2.0066 1.5271 1.5217
RS 70 30 2.0005 1.972 0.4985 0.4947
E_PO 99.34 0.66 3.105 3.1104 1.3293 1.3287
E_PO 70 30 1.5254 1.4982 0.5811 0.5806
A determinação das velocidades de libertação de agente ativo apresentadas na Tabela 6
iniciou-se com a seleção dos pontos com comportamento aproximadamente linear de cada
ensaio de libertação. De seguida, traçou-se uma linha de tendência, cujo declive corresponde à
velocidade de libertação de agente ativo.
No que diz respeito às velocidades de degradação das matrizes poliméricas, estas foram
obtidas pela razão entre a perda de massa durante o ensaio de libertação e a duração do
mesmo em horas, como exemplificado na Equação 6 para o composto à base de RL contendo
30 % de agente ativo.
�� − = . − . × ⟺ �� − = . × − ⟺ � = . × − m� �−
(Equação 6)
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Na Figura A.3.3 podem ser observados os perfis de absorvância dos meios de libertação
das fibras OS_2015_09_30_10PEO_90LDPE e OS_2015_10_01_10PEO+Br200_ 90LDPE.
Figura A.3.3 – Representação gráfica da variação da absorvância (A) do meio de libertação da fibra OS_2015_10_01_10PEO+Br200_90LDPE, perfil a (---------), e da fibra OS_2015_09_30_10PEO_90LDPE, perfil a (----------) em função do tempo (t).
Na Figura A.3.4 pode ser observado o perfil de libertação de Br200 a partir da
fibra OS_2015_10_01_10PEO+Br200_90LDPE, tendo-se utilizado como controlo a
fibra OS_2015_09_30_10PEO_90LDPE .
Figura A.3. 4 – Variação da massa de Br200 (mBr) libertada a partir da fibra OS_2015_10_01_10PEO+Br200_90LDPE ao longo do tempo (t).
Como se pode verificar pela comparação da Figura A.3.4 com a Figura 46, o
comportamento de aumento inicial da massa de Br200 em solução seguido de uma diminuição e
estabilização da mesma manteve-se nesta repetição.
Os valores das massas iniciais e finais das amostras das fibras aditivadas com Br200 e
das fibras utilizadas como controlo podem ser observadas na Tabela A.3.4.
0
1
2
3
4
0 10 20 30 40 50
0
1
2
3
4
5
6
0 10 20 30 40 50 60 70
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Tabela A.3. 4 – Valores das massas das amostras iniciais e finais dos compostos aditivados com Br200 (mia e mfa) e das massas das amostras iniciais e finais dos compostos utilizados como controlo (mic e mfc), para as suas diferentes formulações em polímero (xm) e em agente ativo (xa) na camada externa
Polímero �%
�a% �am� am� �m� m�
PEO 90 10 5.8056 5.8056 5.278 4.278
PVA 90 10 5.6675 5.4563 5.0613 4.0032
RL 80 20 6.292 6.2713 4.9318 4.9003
RS 80 20 6.3107 6.3047 5.0296 5.0261
E_PO 80 20 6.4315 6.3275 5.1055 5.0284
As velocidades de libertação de agente ativo a partir da camada externa das fibras
desenvolvidas e a velocidade de degradação das mesmas foram calculadas como demonstrado
anteriormente para os compostos poliméricos desenvolvidos nos ensaios preliminares.
A.4. Ensaios Mecânicos
Na Tabela A.4.1 podem ser encontrados os valores médios da massa linear das fibras
processadas e estiradas, bem como a força registada no momento de rotura das mesmas.
Tabela A.4. 1 – Valores de massa linear (mL) e de força de rotura (FR) de cada uma das fibras processadas e estiradas
Fibra L�
�RcN
OS_2015_09_30_10PEO_90LDPE 2.997 1094.89
OS_2015_10_01_10PEO+Br200_90LDPE 3.363 1175.4
OS_2015_09_30_10RS_90LDPE 3.068 1317.13
OS_2015_10_01_10RS+Br200_90LDPE 3.155 1245.19
OS_2015_09_30_10E_PO_90LDPE 2.613 983.46
OS_2015_10_01_10E_PO+Br200_90LDPE 2.940 1034.7
Os valores de tenacidade de cada uma das fibras apresentados na Tabela 9 resultam da
razão entre a força exercida na fibra no momento de rotura (FR) e título (em dtex) dessa mesma
fibra. O cálculo do título da fibra a partir da sua massa linear é apresentado na Equação 2 do
ponto 1.4.7.
Na Tabela A.4.2 podem ser observadas as massas volúmicas dos materiais constituintes
das fibras à base de PEO, RS e E_PO.
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Tabela A.4. 2 – Valores das massas volúmicas dos polímeros e do agente ativo constituintes das fibras com sistemas de
libertação à base de PEO, RS e E_PO [67], [106], [110], [174], [175]
Polímero/Agente Ativo � � �� ú ���� cm−
PEO 0.882
RS 0.826
E_PO 0.816
LDPE 0.920
Br200 1.175
Os valores apresentados na Tabela A.4.2, juntamente com os da Tabela A.4.1 e A.3.4
serviram de base à conversão das velocidades de libertação de agente ativo apresentadas na
Tabela 8 para as unidades mg m-2 h-1. Tomando como exemplo a fibra à base de PEO, a
conversão iniciou-se com o cálculo do seu título, pela utilização da Equação 2.
�t x = . × × ⟺ �t x = . ⟺ � = . d���
De seguida, procedeu-se ao cálculo da área de secção transversal da fibra em questão,
considerando os 36 filamentos como um só, como demonstrado na Equação 7.
�� = ����� �� ú � � ⟺ �� = .× × . × 6 ⟺ �� = . × − ⟺� = . × − cm (Equação 7)
A partir deste valor foi possível determinar o diâmetro equivalente da fibra, como se pode
observar na Equação 8.
e = √� ⟺ e = √ . × − ⟺ e = . ⟺ = . cm (Equação 8)
O perímetro da secção transversal da fibra foi determinado de acordo com a equação 9.
� = � × ⟺ � = � × . ⟺ � = . ⟺ � = . cm (Equação 9)
O comprimento da fibra utilizada como amostra determinou-se aplicando a Equação 10.
= × ×� ⟺ = . × ×. ⟺ = . ⟺ = cm (Equação 10)
A área lateral da amostra foi calculada de acordo com a Equação 11.
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��� = × � ⟺ � = × . ⟺ � = . ⟺ � = . cm
(Equação 11)
Por fim, a velocidade de libertação foi calculada como demonstrado na Equação 12.
�� − − = . . ⟺ �� − − = . ⟺ �� = . m� m− �− (Equação 12)