regiao oeste

17
CAPÍTULO 5 A REGIÃO NO CONTEXTO DA ECONOMIA PARANAENSE Maria da Piedade Araújo

Upload: historia-line

Post on 19-Jul-2015

249 views

Category:

Education


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Regiao oeste

CAPÍTULO 5

A REGIÃO NO CONTEXTO DA ECONOMIA

PARANAENSE

Maria da Piedade Araújo

Page 2: Regiao oeste

170

5.1 INTRODUÇÃO

Este capítulo tem por objetivo apresentar um comparativo da Mesorregião Oeste do

Paraná em relação ao Estado. As variáveis aqui tratadas referem-se à contagem da população,

taxa de mortalidade, distribuição da renda familiar, distribuição setorial da mão-de-obra

empregada, valor adicionado por setor e produção agrícola. Não foi possível ter uma série

histórica de todas as variáveis. Uma variável de fundamental importância para diagnósticos

regionais diz respeito ao comportamento populacional. A última contagem populacional feita

pelo IBGE data de 2000. Acredita-se que os objetivos, inicialmente propostos, foram

alcançados. É possível ter um comparativo significativo da Mesorregião em relação ao

Estado. Na fase do prognóstico e, com a implementação do Banco de Dados, será possível o

melhoramento da análise e até a colocação de outras variáveis.

Os principais resultados desde diagnóstico mostram que a Mesorregião Oeste do

Paraná teve um comportamento semelhante ao Estado, no que se refere ao movimento

populacional. Há uma elevada taxa de urbanização, não só na Mesorregião como um todo,

bem como nas distintas microrregiões. Este comportamento é corroborado pelo desempenho

do setor agrícola que liberou um contingente significativo de mão-de-obra para o meio

urbano.

Outro destaque neste diagnóstico é o comportamento da taxa de mortalidade que teve

uma queda considerável de 1978 até 1994. Com relação à renda média familiar, pode-se dizer

que ela é relativamente baixa não só na Mesorregião como para o Estado como um todo,

refletindo desta forma numa elevada desigualdade de renda.

Com relação ao setor agrícola, pode-se confirmar a relativa importância que ele

desempenha na Mesorregião em termos de produção agrícola e como setor absorvedor de

novas tecnologias. Apesar de uma redução na área cultivada com algumas culturas

selecionadas a um aumento de produtividade que reflete a moderna agricultura extensiva da

região oeste do Paraná.

Page 3: Regiao oeste

171

5.2 ANÁLISE COMPARATIVA DA MESORREGIÃO OESTE DO PARANÁ EM RELAÇÃO AO

ESTADO

Inicialmente faz-se importante mostrar a representatividade do tamanho da

Mesorregião em relação ao número de municípios.

Segundo o censo demográfico de 2000, o Estado do Paraná está dividido política e

administrativamente em 399 municípios. A Mesorregião Oeste do Paraná representa 12,5% do

total dos municípios do Estado com 50 municípios, conforme pode-se observar no Mapa 5.1.

MAPA5.1 – DETERMINAÇÃO DA MESORREGIÃO OESTE DO PARANÁ

FONTE: ATLAS HISTÓRICO DO PARANÁ

Page 4: Regiao oeste

172

5.2.1 ANÁLISE DE VARIÁVEIS SÓCIO-ECONÔMICAS

Outros dados de relativa importância e que se faz necessário demonstrar são os dados

com relação à população rural e urbana, densidade demográfica, taxa de mortalidade e

natalidade infantil e empregados por atividade econômica.

De acordo com o Quadro 5.1, a população da Mesorregião Oeste do Paraná

representava em 1970 e 2000, 10,86% e 11,90% do total da população do Estado,

respectivamente. Enquanto a população total do Estado elevou-se em 37,93% neste período, a

população oeste do Paraná cresceu 51,18%.

Ao se analisar o crescimento populacional dentro da Mesorregião, o que se tem é um

aumento significativo da população total da Microrregião de Foz do Iguaçu (aumento de

189%), seguido da Microrregião de Cascavel com um aumento populacional de 66%. Já a

Microrregião de Toledo, apresentou um decréscimo populacional neste período, na ordem de

8,74%.

As cidades da região oeste que possuem o maior número de habitantes são Cascavel,

Foz do Iguaçu e Toledo, cidades pólos de cada Microrregião, que são de extrema importância

em relação às demais.

QUADRO 5.1 – COMPARATIVO POPULACIONAL - PERÍODO 1970 E 2000 PARANÁ MESORREGIÃO CASCAVEL FOZ DO IGUAÇU TOLEDO

Ano 1970 2000 1970 2000 1970 2000 1970 2000 1970 2000 Zona

Urbana 2.504.378 7.782.005 149.516 928.362 49.985 316.266 36.406 356.855 63.125 255.241Rural 4.425.490 1.776.121 602.916 209.174 187.827 78.526 101.724 42.297 313.365 88.351

População Total 6.929.898 9.558.126 752.432 1.137.536 237.812 394.792 138.130 399.152 376.490 343.592FONTE: IPARDES – Base de Dados/ Internet

A distribuição populacional do Estado do Paraná em 1970 era de 63,9% de população

rural e 36,1% de população urbana. O quadro reverte-se totalmente em 2000, quando a

população urbana passa a representar 81,42% e a população rural 18,58%. Na Mesorregião

Oeste do Paraná este panorama não é diferente. Em 1970 a população rural representava

Page 5: Regiao oeste

173

apenas 19,87% e a urbana 80,13%. Em termos de taxa de urbanização, a Mesorregião

acompanhou o desempenho do estado, apresentando em 2000 um percentual de população

urbana de 81,61% e rural de 18,39%.

Por estes dados pode-se observar praticamente uma inversão na distribuição

populacional urbana e rural, no Estado do Paraná, tendo a Mesorregião oeste do Estado

acompanhado este comportamento. Este rápido processo de urbanização da Mesorregião

Oeste do Paraná provavelmente é reflexo de uma acelerada modernização da agricultura, que

liberou mão-de-obra para o setor urbano. É importante ressaltar também, que a construção da

Hidrelétrica Itaipu/Binacional, pode também ter corroborado com este resultado, uma vez que

houve um movimento populacional em decorrência da formação do Lago de Itaipu.

Fazendo uma análise dentro da Mesorregião Oeste do Paraná, verifica-se que a

Microrregião que sofreu o maior impacto da urbanização foi Foz do Iguaçu. A população

urbana em 1970, representava 26% do total nesta Microrregião, passando a representar 89%

em 2000. A Microrregião de Cascavel também teve forte urbanização; em 1970 a população

urbana representava 21% do total, chegando em 2000 com 80%. A Microrregião de Toledo,

apesar da elevada taxa de urbanização, é a menos representativa dentre as três Microrregiões

no que diz respeito ao grau de urbanização. Em 1970, a população urbana representava 17%

do total, passando a representar em 2000, 74%.

Ao analisar a densidade demográfica (hab/km2) no período de 1991-1995, da

Mesorregião em relação ao Estado do Paraná identifica-se os seguintes fatos: o crescimento

da densidade demográfica da Mesorregião de 1991 a 1995 foi de 6%, passando de 44,52

hab/km2 para 46,79 hab/km2. A distribuição da população na Mesorregião e no Estado é

homogênea, pois no Estado a densidade em 1991 que era de 42,54 hab/km2 passou para 44,57

hab/km2, sendo portanto um índice muito próximo ao da Mesorregião oeste do Estado.

Em 1996, a taxa média anual de crescimento urbano na Mesorregião Oeste do Paraná

foi de 0,04% e a rural era de –0,04%. Nas microrregiões a taxa anual de crescimento urbano e

rural foi de 0,05% e –0,03% respectivamente na Microrregião de Cascavel, 0,07% e -0,04%

na Microrregião de Foz do Iguaçu e 0,01% e –0,04% na Microrregião de Toledo.

Page 6: Regiao oeste

174

A variação média da densidade demográfica do período de 1991 a 1995 para a

Mesorregião é de 1,234% e para o Paraná é de 1,16%, isto significa que na Mesorregião entre

1991 e 1995, houve um crescimento médio anual em torno de 1,23% e no Estado de 1,16%.

Uma diferença pouco significativa.

Fazendo uma análise da taxa de mortalidade infantil da Mesorregião em relação ao

Estado, nota-se que em 1976 de cada mil nascidos vivos 64 morriam. Já para o Estado do

Paraná este número era superior; 78 por mil nascidos vivos. Em 1994, a situação tanto do

estado como da Mesorregião Oeste apresentam uma melhora significativa, mostrando um

desenvolvimento sócio-econômico em termos desta variável. Para o Estado do Paraná em

1994, para cada mil nascidos vivos, apenas 29 morriam e para a Mesorregião Oeste este valor

passou para 25.

Já com relação a alguns aspectos da condição de vida da população, como ligações de

água, esgoto e energia elétrica, em 1996, a distribuição participativa de cada Microrregião no

total da Mesorregião é o que se apresenta no Quadro 5.2.

QUADRO5.2 - PARTICIPAÇÃO DOS ASPECTOS URBANOS DAS MICRORREGIÕES NA MESORREGIÃO Microrregiões ÁGUA ESGOTO ENERGIA ELÉTRICA

Cascavel 33,08% 43,43% 31,05%

Foz do Iguaçu 41,05% 34,88% 35,07%

Toledo 25,87% 21,70% 33,88% FONTE: PARANACIDADE – http/www/celepar.pr.gov.br

Além dos aspectos de condição de vida já citados, mostra-se importante também

analisar a renda familiar per capita. A renda familiar per capita no Paraná, na Mesorregião

Oeste e nas Microrregiões de Cascavel, de Foz do Iguaçu e de Toledo, nos anos de 1980 e

1991, indica a grande desigualdade existente na distribuição da mesma no Estado do Paraná

como um todo e a Mesorregião Oeste e as suas Microrregiões especificamente. Pelo Quadro

5.3, pode se fazer esta análise, além de se ter o grau de desigualdade e o percentual de pessoas

com renda insuficiente.

Page 7: Regiao oeste

175

QUADRO5.3 – COMPARATIVO DA RENDA E DO GRAU DE DESIGUALDADE, EM 1980 E 1991 Renda familiar per

capita (em salário mínimo)

Grau de desigualdade

Pessoas com renda insuficiente ( %)

Paraná 1980 1,28 0,6 39,13 1991 1,29 0,66 41,13 Mesorregião 1980 0,66 0,24 18,66 1991 0,62 0,42 38,86 Micro de Cascavel 1980 0,91 0,22 19,75 1991 0,65 0,48 50,58 Micro de Foz 1980 0,55 0,25 18,80 1991 0,79 0,42 30,13 Micro de Toledo 1980 0,54 0,24 17,42 1991 0,61 0,37 35,87

FONTE: IPARDES– Base de Dados/ Internet

Antes de se fazer a análise é necessário ressaltar que em 1980 faltam os dados

referentes aos seguintes municípios da Microrregião de Cascavel: Boa Vista da Aparecida,

Braganey, Cafelândia do Oeste, Campo Bonito, Diamante do Sul, Ibema, Iguatu, Lindoeste,

Santa Lúcia, Santa Tereza do Oeste. Diamante do Oeste, Entre Rios do Oeste, Iracema do

Oeste, Jesuítas, Maripá, Ouro Verde do Oeste, Pato Bragado, Quatro Pontes, São José das

Palmeiras, São Pedro do Iguaçu, Tupãssi da Microrregião de Toledo; e Itaipulândia, Missal,

Ramilândia, Santa Terezinha de Itaipu, Serranópolis do Iguaçu e Vera Cruz do Oeste da

Microrregião de Foz do Iguaçu. Em 1991 faltam os dados referentes aos municípios de

Diamante do Sul, Iguatu, Santa Lúcia da Microrregião de Cascavel; Entre Rios do Oeste,

Iracema do oeste, Maripá, Pato Bragado, Quatro pontes, São Pedro do Iguaçu, na

Microrregião de Toledo; e Cafelândia, Ramilândia, Serranópolis do Iguaçu na Microrregião

de Foz do Iguaçu.

Apesar dos dados das Microrregiões não representarem a média total, é possível

verificar a baixa renda da região oeste comparada ao Estado. Por outro lado, verifica-se que o

grau de desigualdade da Mesorregião é significativamente menor que a do Estado. Cabendo

lembrar, que quanto mais próximo de 1, maior o grau de desigualdade.

As cidades da Microrregião de Cascavel que possuíam a maior renda familiar per

capita, em 1991 eram Cafelândia do Oeste (1,77) e Cascavel (1,53). Na Microrregião de

Toledo eram Palotina (1,32) e Toledo (1,30), na Microrregião de Foz do Iguaçu eram Foz do

Iguaçu (1,64) e Medianeira (1,22). Já as que possuíam o maior grau de desigualdade na

Page 8: Regiao oeste

176

Microrregião de Cascavel eram Cafelândia do Oeste (0,82), Catanduvas (0,75) e Três Barras

do Paraná (0,74), na Microrregião de Toledo eram Ouro Verde do Oeste (0,65), Palotina

(0,64) e Formosa do Oeste (0,63) e na Microrregião de Foz do Iguaçu eram Missal (0,71),

Vera Cruz do Oeste (0,67) e Foz do Iguaçu (0,58). E as cidades que possuíam o maior número

de pessoas com renda insuficiente na Micro de Cascavel eram Lindoeste (78,08), Guaraniaçu

(73,88) e Campo Bonito (72,62), na Micro de Toledo eram Diamante do Oeste (83,10), Ouro

Verde do Oeste (65,68) e Terra Roxa do Oeste (63,43) e na Micro de Foz do Iguaçu eram

Vera Cruz do Oeste (62,80) e Matelândia (52,66).

Já as cidades com menor renda familiar per capita, em 1991, na Microrregião de

Cascavel eram Boa Vista da Aparecida (0,40) e Lindoeste (0,50), na Micro Toledo eram

Diamante do Oeste (0,39) e Toledo (0,58), na Micro de Foz do Iguaçu eram Vera Cruz do

Oeste (0,84) e Matelândia (0,79). As cidades com menor grau de desigualdade na Micro de

Cascavel eram Anahy (0,41), Santa Tereza do Oeste (0,44) e Nova Aurora (0,46), na Micro de

Toledo eram Diamante do Oeste (0,45), Terra Roxa do Oeste (0,50) e São José das Palmeiras

(0,51), e na Micro de Foz do Iguaçu eram Matelândia (0,49), Céu Azul (0,53) e Santa

Terezinha de Itaipu (0,53). E as cidades com menor número de pessoas com renda

insuficiente na Micro de Cascavel eram Cascavel (30,79), Cafelândia do Oeste (33,96) e

Anahy (47,38), na Micro de Toledo eram Toledo (37,27), Palotina (39,27) e Marechal

Cândido Rondon (40,35), e na Micro de Foz do Iguaçu eram Foz do Iguaçu (28,03) e

Medianeira (37,83).

Outra variável de suma importância em estudos que desejam fazer diagnóstico e

prognóstico de uma região, é a distribuição da mão-de-obra por ramo de atividade. Em 1996

os empregados por atividade econômica (RAIS) da Mesorregião Oeste, representava 8,76%

do total do estado. Analisando a Mesorregião intrinsecamente, como pode-se observar na

distribuição que segue, observa-se que a Mesorregião caracteriza-se por atividades

preponderantemente ligadas ao setor urbano.

Estes dados vêm corroborar com a forte taxa de urbanização da Mesorregião Oeste do

Paraná. Apesar do setor agropecuário ser representativo nas três Microrregiões que a

compõem, a distribuição por ramo de atividade é praticamente homogênea. Isto pode estar

Page 9: Regiao oeste

177

mostrando a modernização do meio rural, que provocou um deslocamento significativo da

população para o meio urbano.

• Indústria extrativa mineral 7,44% • Indústria de transformação 6,81% • Serviços de utilidade pública 9,26% • Construção civil 9,44% • Comércio 12,44% • Serviços 9,08% • Administração pública 7,17% • Agropecuária 9,42% • Outras atividades 7,17%

Os dados que ilustram com fidelidade a importância dessa distribuição setorial na

Mesorregião Oeste do Paraná, são os dados relacionados ao valor adicionado por setor de

atividade e o valor adicionado total da Mesorregião. Analisando tal situação tem-se os

seguintes percentuais, dispostos no Quadro 5.4, para cada setor nos anos de 1974, 1990 e

1996.

QUADRO5.4 – PERCENTUAL DO VALOR ADICIONADO POR SETOR EM RELAÇÃO AO TOTAL DO VALOR ADICIONADO DA MESORREGIÃO OESTE DO PARANA

SETOR 1974 1990 1996 PRIMÁRIO 64,22 17,81 27,4 SECUNDÁRIO 12,16 50,21 46,46 COMERCIAL 21,18 25,54 17,95 SERVIÇOS 2,44 6,44 8,19

FONTE: IPARDES– Base de Dados/ Internet

O valor adicionado do setor primário, em 1974, representava 64,22% do total do valor

adicionado da Mesorregião. Em 1990, o setor primário passou a representar apenas 17,81%

do total do valor adicionado da Mesorregião, mas o setor secundário representava então

50,21%. Já em 1996, essa participação modificou-se novamente, porém o setor secundário

ainda era muito representativo, com 46,46% do total do valor adicionado. O setor de serviços

cresceu lentamente ao longo do período analisado.

O valor adicionado aqui analisado, é obtido pela diferença entre os valores das

operações de saídas de mercadorias em relação aos de entrada, consideradas as variações de

estoque, incluindo o consumo intermediário de serviços e despesas diversas, diferindo do

conceito básico da Contabilidade Social.

Page 10: Regiao oeste

178

Na avaliação do setor primário não estão deduzidos os insumos utilizados pelo setor,

tratando-se, portanto, do conceito de valor de produção primária comercializada, não

incluindo a parcela retirada para o autoconsumo.

O valor adicionado no setor secundário e na atividade comercial é a diferença entre os

valores das operações de saída de mercadorias em relação aos de entrada, consideradas as

variações de estoques. Acha-se incluído, portanto, no valor adicionado o consumo

intermediário de serviços como transportes, energia elétrica, combustíveis e lubrificantes e

despesas diversas.

Assim, do ponto de vista da abrangência estão incluídas não só as operações

tributadas, como aquelas imunes, isentas ou ao abrigo do diferimento, bem como operações

classificadas como entradas e/ou saídas de mercadorias e serviços não registradas. Todavia,

não estão incluídas aquelas operações enquadradas no conceito jurídico de “não incidência”,

por fugirem ao campo de abrangência do ICMS.

A participação percentual média da Mesorregião Oeste do Estado no valor adicionado

total do Paraná no período de 1974-1989 foi de 12,06%. O setor primário, a indústria e o

comércio tiveram uma representatividade no percentual médio do valor adicionado do Estado

de 20,94%, 4,06%, 13,25% no período citado.

O valor adicionado da Mesorregião em relação ao valor adicionado do estado em 1990

representava 14,43%, no entanto permaneceu quase que inalterado nos anos posteriores. Em

1996, representatividade era de 14,87% no total do valor adicionado do estado.

Ao se comparar setorialmente os percentuais de participação da Mesorregião Oeste em

relação ao estado, observa-se que houve uma grande variação no decorrer do período (Quadro

5.5), mas o setor que vem demonstrando domínio no Extremo Oeste Paranaense é o setor

primário, ressaltando a significativa importância das atividades agropecuárias. O setor

secundário que se apresentava no início do período em último lugar na participação do valor

adicionado passou a ser o segundo setor de maior participação, devido à movimentação

gerada pela instalação das agroindústrias na região. Com relação aos setores comercial e de

Page 11: Regiao oeste

179

serviços, observa-se que este último vem ganhando espaço, sendo que no final do período

analisado conseguiu passar à frente do setor comercial. Mas apesar das modificações

participativas dos setores, as variações são pouco significativas.

QUADRO 5.5 – PERCENTUAL DO VALOR ADICIONADO DA MESORREGIÃO OESTE EM RELAÇÃO AO

ESTADO, POR SETOR EM PERÍODOS SELECIONADOS SETOR 1974 1980 1985 1990 1995 1996

PRIMÁRIO 20,66 21,01 20,64 16,18 19,87 21,75 SECUNDÁRIO 5,73 3,13 4,49 14,68 14,84 13,83 COMERCIAL 12,00 14,32 12,27 13,27 11,35 11,75 SERVIÇOS 9,79 6,62 17,44 13,25 12,12 12,23

FONTE: IPARDES– Base de Dados/ Internet

A mecanização das lavouras, a construção de rede de armazéns e silos em pontos

estratégicos, o estudo e pesquisa de técnicas agrícolas mais eficientes pode fazer com que o

valor adicionado representado pela agricultura tenha um visível aumento no decorrer dos

anos, sendo um reflexo decorrente de tais inovações.

5.3 PRODUÇÃO AGRÍCOLA

De extrema importância para esta análise são os dados relacionados à produção

agrícola da mesorregião oeste do Paraná. Neste item, far-se-á um comparativo da área colhida

(ha), quantidade produzida (t), o rendimento médio (kg/ha) e o valor (R$) da produção de

alguns produtos agrícolas da Mesorregião Oeste e do Estado do Paraná. A análise de tais

culturas se faz importante por serem as mais significativas no Estado.

A produção agrícola (t) de algodão herbáceo era quase inexpressiva na Mesorregião

em 1976 e 1980, pois representava 2,48% e 6,89% do total produzido no Paraná, mas em

1985 e 1996 passou a representar 15,24% e 20,56% respectivamente do total produzido no

Estado. Já a área colhida (ha), representou 2,88%; 5,57%; 14,97% e 19,15% respectivamente

para os anos de 1976, 1980, 1985 e 1996.

O destaque dentro da Mesorregião é para a Microrregião de Toledo. Até 1996 devido à

industrialização das fibras e do caroço do algodão, foi incrementado o plantio do algodão,

mas depois desse período houve uma expressiva redução para menos de um terço da área

Page 12: Regiao oeste

180

cultivada devido ao preço do produto no mercado que inviabiliza a produção, sendo

necessária a importação da Argentina.

Em relação à área colhida (ha) de café, a Mesorregião Oeste em 1980, 1985 e 1996

colheu 8,91%; 5,35% e 3,94% respectivamente do total da área colhida no Estado. A

quantidade produzida (t) representou 8,11%; 3,16% e 2,82% respectivamente do total

produzido no Paraná, com destaque para a Microrregião de Toledo. Nas últimas décadas a

área cultivada (ha) foi reduzida para menos da metade, em decorrência da erradicação dos

cafezais, motivados por fatores sócio-econômico-financeiro. Além de a Mesorregião Oeste

apresentar um clima bem menos ameno do que as demais regiões, surgindo assim barreiras ao

cultivo de produtos tropicais.

Ao analisar a área colhida (ha) de cana-de-açúcar em 1976, 1980, 1985 e 1996

conclui-se que a mesorregião oeste representava 4,94%; 1,26%; 0,93%; 0,63%

respectivamente do total da área colhida (ha) no Estado e a quantidade produzida (t)

representava 3,47%; 0,67%; 0,67%; 0,34% respectivamente do total do Estado. Apesar da

cana-de-açúcar ainda hoje ter uma certa representatividade para o Estado, o mesmo não

acontece em relação à Mesorregião. Os produtores paranaenses de 1976 a 1996,

quadruplicaram a área destinada à cultura da cana-de-açúcar.

Já a área colhida (ha) de feijão representava em 1976, 1980, 1985, 1996 para a

mesorregião cerca de 10,94%; 8,68%; 6,4%; 4,85% respectivamente do total da área colhida

(ha) no Paraná. A quantidade produzida (t) de feijão representou cerca de 14,62%; 8,03%;

6,16%; 5,56% respectivamente do total do Estado. O comportamento em termos de área

destinada ao cultivo do feijão da Mesorregião Oeste, segue o caminho trilhado pelo Estado; a

área destinada ao feijão em 1996 é apenas 73% da área cultivada no Estado em 1976.

Cabendo salientar, que houve um aumento significativo da produtividade.

A cana-de-açúcar e o feijão são produzidos em sua maioria em pequenas propriedades,

sendo a maior parte da produção para subsistência e somente o excedente vendido no

mercado. No caso da cana, é utilizada para o consumo animal, fabricação de melado,

rapaduras e aguardente. Pode observar-se também a ausência de usinas na região oeste do

Page 13: Regiao oeste

181

Paraná. Esses são os principais motivos da inexpressiva produção desse produto na

Mesorregião Oeste em relação ao Paraná.

QUADRO 5.6 - COMPARATIVO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA DA MESORREGIÃO COM O PARANÁ, 1976-1996

ALGODÃO HERBÁCEO MESORREGIÃO PARANÁ Área

colhida (ha)

Quant. Produzida

(t)

Rendimento médio (kg/ha)

Valor R$ Correntes

Área colhida (ha)

Quant. Produzida

(t)

Rendimento médio (kg/ha)

Valor R$ correntes

1976 5188 6961 4180 10,19 181450 280883 1548 437,98 1980 18710 38689 6026 241,804 336000 561519 1671 3545,97 1985 80832 157800 5795 79795,23 540000 1035661 1918 595231,88 1996 34829 59014 05186 26617 181916 287061 1578 129962

CAFÉ MESORREGIÃO PARANÁ

Área colhida

(ha)

Quant. Produzida

(t)

Rendimento médio (kg/ha)

Valor R$ Correntes

Área colhida (ha)

Quantidade Produzida

(t)

Rendimento médio (kg/ha)

Valor R$ correntes

1976 - - - - 3724 461 124 1,89 1980 56628 26808 1102 492,89 635877 330670 520 5457 1985 23078 18603 2126 28798,18 431000 588091 1364 932908,15 1996 5318 4333 2579 3127 134954 153839 1140 148964

CANA-DE-AÇÚCAR MESORREGIÃO PARANÁ

Área colhida

(ha)

Quant. Produzida

(t)

Rendimento médio (kg/ha)

Valor R$ Correntes

Área colhida (ha)

Quantidade Produzida

(t)

Rendimento médio (kg/ha)

Valor R$ correntes

1976 2569 90395 35187 3,36 52000 2605564 50107 97,74 1980 732 29878 96759 4,18 57990 4451480 76763 1059,97 1985 1307 67130 156770 914,06 140855 10423985 74005 217672,23 1996 1805 80700 139090 1223 285147 23468380 82303 337919

FEIJÃO MESORREGIÃO PARANÁ Área

colhida (ha)

Quant. Produzida

(t)

Rendimento médio (kg/ha)

Valor R$ Correntes

Área colhida (ha)

Quantidade Produzida

(t)

Rendimento médio (kg/ha)

Valor R$ correntes

1976 89924 85942 2720 62,54 822.320 587805 715 584,72 1980 70783 37154 1409 190,18 815.088 462250 567 3110,9 1985 46393 30779 2093 13716,87 723.764 499617 690 224947,83 1996 28822 27260 2815 10906 594.130 490407 825 207153

Continuação Tabela 6 MANDIOCA MESORREGIÃO PARANÁ

Área colhida

(ha)

Quant. Produzida

(t)

Rendimento médio (kg/ha)

Valor R$ Correntes

Área colhida (ha)

Quantidade Produzida

(t)

Rendimento médio (kg/ha)

Valor R$ correntes

1976 13483 276299 61285 56,08 71000 1292200 18200 299,37 1980 12830 304740 65626 187,77 45982 907310 19732 672,79 1985 22328 549176 68955 24605,91 85800 1722000 20080 94478,51 1996 32103 868165 81820 38890 116476 2584333 22188 133129

MILHO MESORREGIÃO PARANÁ

Área colhida

(ha)

Quant. Produzida

(t)

Rendimento médio (kg/ha)

Valor R$ correntes

Área colhida (ha)

Quantidade Produzida

(t)

Rendimento médio (kg/ha)

Valor R$ corrente

1976 339976 911110 8156 252,7 218500 4822900 2207 1347,63 1980 334900 1192773 10880 1909 2156580 8466967 2535 9030,54 1985 461559 1518835 9698 254981,38 2332840 5803713 2488 972372,44 1996 450771 1717363 11261 235671 2449510 7933209 3239 1012245

Page 14: Regiao oeste

182

SOJA MESORREGIÃO PARANÁ Área

colhida (ha)

Quant. Produzida

(t)

Rendimento médio (kg/ha)

Valor R$ correntes

Área colhida (ha)

Quantidade Produzida

(t)

Rendimento médio (kg/ha)

Valor R$ correntes

1976 773796 1824831 6898 884,41 2083300 4500000 2160 2190,76 1980 871468 2128977 7206 6281,56 2410800 5400000 2240 16329,05 1985 738874 1427770 5758 386258,2 2196370 4413000 2009 1245559,88 1996 693112 1929996 8335 419155 2386623 6440468 2699 1378980

TRIGO MESORREGIÃO PARANÁ Área

colhida (ha)

Quant. Produzida

(t)

Rendimento médio (kg/ha)

Valor R$ correntes

Área colhida (ha)

Quantidade Produzida

(t)

Rendimento médio (kg/ha)

Valor R$ correntes

1976 486629 438764 2870 314,84 1248000 1160640 930 819,26 1980 634130 566786 2507 2233,3 1440006 1350006 938 5483,87 1985 477592 1046812 6018 644712,96 1301870 2639225 2027 1710196,825 1996 305420 657538 6327 96435 1085444 2103800 1938 295124

FONTE: IPARDES– Base de Dados/ Internet

Na Mesorregião oeste do Estado, a cultura de mandioca tinha em 1976, 1980, 1985,

1996 uma área colhida (ha) que representava respectivamente 18,99%; 27,9%; 26%; 27,56%

do total colhido no Estado e a sua quantidade (t) produzida representava 21,38%; 33,59%;

31,89%; 33,59% respectivamente do total do Paraná. Com um considerável destaque para a

Microrregião de Toledo. Essa cultura encontra-se em franco desenvolvimento, em decorrência

da instalação de várias fábricas, destinadas ao processamento do amido para utilização nas

indústrias químicas, farmacêuticas, bélicas, dentre outras.

A área colhida (ha) de milho na Mesorregião em 1976 foi de 15,56%, em 1980 de

15,53%, em 1985 de 19,79% e em 1996 de 18,4%, comparado com a área (ha) colhida no

Estado e a quantidade produzida (t) representou respectivamente 18,89%; 14,09%; 26,17%;

21,65% do total produzido no Paraná nos períodos acima citados. A produção não só se

destaca pela quantidade como pela qualidade, em decorrência de ser utilizada na cultura uma

tecnologia bastante avançada.

A expressiva produção de milho da mesorregião oeste do Estado, faz com que a

mesma também tenha destaque na produção agroindustrial de carnes. O milho, juntamente

com o farelo de soja, são os mais importantes ingredientes do fabrico de ração para

alimentação animal. Assim sendo, há uma produção significativa de carnes e derivados nesta

região.

Outra cultura que coloca o Estado do Paraná entre os mais importantes do país e a

Mesorregião Oeste em destaque é a soja. A área colhida (ha) de soja na Mesorregião Oeste

Page 15: Regiao oeste

183

registrou respectivamente em 1976, 1980, 1985, 1996 índices de 37,14%; 36,15%; 33,64%;

29,04% do total da área colhida (ha) no Paraná e a quantidade produzida (t) também

representou grande parte do total do Estado, sendo respectivamente 40,55%; 39,43%; 32,35%

e 29,97%.

A soja é uma cultura mecanizada por excelência, voltada essencialmente para

exportação, sendo vendida na forma de óleo, farelo e ração. Sendo estes produtos processados

na região e o excedente comercializado para outras regiões e exterior. A soja é a grande

responsável pelo desempenho da Mesorregião Oeste no que diz respeito à produção de

proteína animal.

O trigo é outra cultura que sempre se destacou no Estado e principalmente na

Mesorregião do Estado. Quanto a área colhida (ha) de trigo na Mesorregião em 1976, 1980,

1985, 1996 representava 38,99%; 44,04%; 36,68%; 28,14% do total da área colhida (t) no

Paraná e a quantidade produzida (t) representava 37,8%; 41,98%; 39,66%; 31,55%

respectivamente. A área cultivada reduz-se ano a ano devido aos crescentes custos de

produção e ainda devido a imprevisibilidade do clima, sendo corroborado ainda pela falta de

incentivo à cultura, sendo muitas vezes o preço do produto importado menor que o nacional.

Do exposto neste item, pode-se salientar a relativa importância da Mesorregião Oeste

em relação ao Estado do Paraná no que se refere ao setor agrícola. Apesar da diminuição da

área plantada para a maioria das culturas, observa-se um aumento de produtividade decorrente

da modernização do setor agrícola. Observando de forma mais atenta os dados, pode-se inferir

que a construção da hidrelétrica de Itaipu pode ter sido responsável pela queda da área

disponível para a agricultura. Como por outro lado, o setor agrícola desta região sofreu um

franco processo de modernização, como poderá ser observado no capítulo 11, o impacto do

alagamento pode ter sido amenizado por esta modernização.

De maneira geral, os dados analisados neste capítulo, demonstram um grau de

desenvolvimento sócio-econômico da Mesorregião ao se ter variações significativas em todas

as variáveis. Cabe salientar, que o diagnóstico aqui descrito com a inclusão de novas variáveis

Page 16: Regiao oeste

184

a partir do banco de dados, proporcionará um prognóstico satisfatório para a Mesorregião

Oeste do Paraná.

Page 17: Regiao oeste

185

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

IPARDES. Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Sistema de Base de Dados. Ambiente UNIX. 1999. PARANACIDADE. http://www.celepar.pr.gov.br