reforço da protecção costeira à praia de porto novo

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Reforço da Protecção Costeira à Praia de Porto Novo | Municipio de Torres Vedras Página 1 de 5 Reforço da Protecção Costeira à Praia de Porto Novo Memória Descritiva I. Diagnóstico das fragilidades existentes As tempestades do Inverno de 2013/2014 puseram a nu as fragilidades da proteção costeira da praia de Porto Novo. Os estragos registados permitiram diagnosticar níveis distintos de proteção deficiente. O diagnóstico elaborado, que envolveu técnicos da autarquia e da APA e que contou com a colaboração de concessionários de praia e outros agentes locais, esteve na base da proposta de intervenção. 1.1. Fragilidade estrutural dos muros de protecção à acção marítima Muro de suporte e laje de esplanada que abateram por acção da ondulação Panorama da frente de praia na situação actual: os muros de suporte existentes em alvenaria não são resistentes à acção marítima Os muros que protegem a rua marginal Duque de Wellington na praia de Porto Novo da acção marítima são constituídos, na sua maior parte, por alvenaria de tijolo e blocos de cimento. Para além de um sistema construtivo deficitário, a geometria dos muros de protecção existentes é desadequada à função que desempenham: no troço maior e mais exposto à acção do mar, o muro é vertical e, no troço menor e mais afastado do mar, o muro é rampeado na direcção da praia mas a sua inclinação é demasiado suave, não contribuindo para uma protecção eficaz da rua marginal. O efeito da tempestade Hércules sobre o muro de protecção passou pela acção directa das ondas na situação extrema de preia-mar. Em poucos minutos, o muro cedeu num troço de 20m e a laje de esplanada, que se apoiava no muro, abateu sobre a zona de balneários e instalações sanitárias preexistentes.

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Reforço da Protecção Costeira à Praia de Porto Novo | Municipio de Torres Vedras

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Reforço da Protecção Costeira à Praia de Porto Novo

Memória Descritiva

I. Diagnóstico das fragilidades existentes

As tempestades do Inverno de 2013/2014 puseram a nu as fragilidades da proteção costeira da praia de Porto Novo. Os estragos registados permitiram diagnosticar níveis distintos de proteção deficiente. O diagnóstico elaborado, que envolveu técnicos da autarquia e da APA e que contou com a colaboração de concessionários de praia e outros agentes locais, esteve na base da proposta de intervenção.

1.1. Fragilidade estrutural dos muros de protecção à acção marítima

Muro de suporte e laje de esplanada que abateram por acção da ondulação

Panorama da frente de praia na situação actual: os muros de suporte existentes em alvenaria não são resistentes à acção marítima

Os muros que protegem a rua marginal Duque de Wellington na praia de Porto Novo da acção marítima são constituídos, na sua maior parte, por alvenaria de tijolo e blocos de cimento. Para além de um sistema construtivo deficitário, a geometria dos muros de protecção existentes é desadequada à função que desempenham: no troço maior e mais exposto à acção do mar, o muro

é vertical e, no troço menor e mais afastado do mar, o muro é rampeado na direcção da praia mas a sua inclinação é demasiado suave, não contribuindo para uma protecção eficaz da rua marginal.

O efeito da tempestade Hércules sobre o muro de protecção passou pela acção directa das ondas na situação extrema de preia-mar. Em poucos minutos, o muro cedeu num troço de 20m e a laje de esplanada, que se apoiava no muro, abateu sobre a zona de balneários e instalações sanitárias preexistentes.

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1.2. Inundação de zona de estacionamento

Inundação de troço mais baixo da rua marginal Duque de Wellington junto ao estacionamento

Situação do estacionamento no dia seguinte à tempestade Hércules

O estacionamento existente a nascente da praia de Porto Novo caracteriza-se por cotas altimétricas muito baixas na zona da margem do rio Alcabrichel, cotas que oscilam entre os 5,50m e 5,80m. A pendente de declive ligeiro existente faz com que, a rua marginal, no seu começo junto ao estacionamento, encontre nos 6,20m a sua cota altimétrica mais baixa. A partir desse ponto, a rua marginal Duque de Wellington sobe para cotas entre os 8,10m e 9,20m no seu troço mais exposto à acção das águas e onde se implantam as três unidades de alojamento local.

Pelos registos fotográficos existentes, pelos relatos dos concessionários de praia e pelo cruzamento da informação com o levantamento topográfico actualizado, foi possível estabelecer que o nível máximo da água se terá situado entre as cotas 6,40m e 6,50m.

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1.3. Porto Novo: deslizamentos da arriba por acção das chuvas

Rampa dos pescadores a poente e lacuna entre edifícios a nascente,

Quedas de blocos: 2009/10/09, 2012/12/06, 2014/01/28

As tempestades deste Inverno provocaram situações de risco iminente para o espaço público que requerem uma intervenção imediata de minimização de riscos.

Na frente edificada da rua marginal, as construções existentes contribuem, por um lado, para a estabilização da arriba e, por outro, protegem o espaço público da queda de blocos. Contudo, nas situações em que a arriba está em contacto directo com o espaço público, têm-se verificado quedas

de blocos recorrentes.

Nas duas zonas identificadas – um espaço entre edificações a nascente e na rampa dos pescadores a poente – as unidades rochosas consolidadas assentam em horizontes litológicos de fácil desagregação. As chuvas intensas aceleram a desagregação desta unidade provocando a queda dos blocos consolidados suprajacentes.

2. Proposta de Reforço da Protecção Costeira

2.1. Resumo da proposta

A proposta assenta no desenho de novos limites entre os elementos naturais – o mar, o rio e a arriba – e o espaço público artificial – a rua marginal Duque de Wellington. O desenho e

configuração destes limites fazem face ao risco da acção da água do mar, às inundações causadas

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pela confluência com a água da foz do rio Alcabrichel e à erosão e queda de blocos das arribas em contacto directo com o espaço público.

2.2. Muro de protecção costeira à acção do mar

Para o muro de protecção às águas do mar, adoptou-se como modelo um muro de betão revestido a alvenaria de pedra calcária aparelhada com a inclinação adequada à dissipação da energia das ondas. Este perfil foi testado na renovação da frente de praia de Santa Cruz em 2008. A

morfologia e caracterização do revestimento em alvenaria pretendido é em tudo idêntico ao da intervenção em Santa Cruz. Na face do muro virada para terra está prevista pintura sobre betão descofrado, devendo ser atendidas as exigências de classe de descofragem e as especificações da pintura conforme CE. O capeamento do muro será executado em lajedo de granito assente com massa adesiva, devendo os troços mais expostos ao mar ser reforçados por fixação mecânica.

Fotografias da construção do muro de protecção de Santa Cruz, modelo proposto para o projecto de protecção costeira da praia de Porto Novo

O traçado do muro de protecção em escama permite proteger o acesso de escadas na zona mais atingida pelas ondas e contextualizar a implantação dos futuros apoios de praia sob a protecção do muro. 2.3. Protecção costeira na zona da foz do rio Alcabrichel

Para além do muro de protecção à acção das águas do mar, prevê-se no projecto um muro de protecção às águas do rio Alcabrichel. Este muro será executado em betão e revestido a pedra calcária mas sem a inclinação requerida pelo muro de protecção às águas do mar.

A contenção das águas da foz do Alcabrichel visa a protecção do parque de estacionamento, recentemente qualificado e do troço mais baixo da rua marginal de inundação em situações extremas. A confluência entre o mar e o rio nestas situações faz com que o nível máximo da água atinja cotas altimétricas entre os 6.40m e 6.50m. Para fazer face a estas situações extremas, o muro de contenção proposto tem uma cércea fixa de 7.00m.

No enfiamento do muro de protecção do estacionamento, prevê-se uma rampa de acesso a

veículos prioritários e de manutenção à praia.

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Modelo tridimensional: acesso de veículos prioritários no início da rua marginal Duque de Wellington

Modelo tridimensional: apoios de praia (polígono de implantação assinalado a amarelo) a relocalizar da cota do areal para a cota da rua

2.4. Acessos à praia e aterros

Tratando-se de uma intervenção de protecção costeira, a pavimentação a realizar decorre da

reformulação dos acessos à praia e respectivas plataformas de apoio – a realizar em betão aparente afagado e estriado em rampa e focinho dos degraus, e do enchimento de aterros à cota do arruamento com acabamento em tout-venant compactado para posterior pavimentação não incluída na empreitada.

Nas escadas de acesso à praia estão previstas guardas com corrimãos em aço pintado de acordo com CE.