reforma trabalhista todo poder ao capital · um plano de reestruturação que, na verdade, tem o...

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www.bancariosbahia.org.br bancariosbahia bancariosbahia Filiado à O BANCÁRIO O único jornal diário dos movimentos sociais no país CONGRESSO NACIONAL DA CTB 24 A 26 DE AGOSTO, NO GRAN HOTEL STELLA MARIS Edição Diária 7273 | Salvador, segunda-feira, 14.08.2017 Presidente Augusto Vasconcelos REFORMA TRABALHISTA Lei trabalhista dificulta a amamentação Caixa desconversa sobre bancário temporário Página 2 Página 3 Além da perda de direitos, a nova legislação trabalhista deixa o empregado ainda mais vulnerável. Dois artigos tratam do dano extrapatrimonial. Significa dizer que o trabalhador pode ter de pagar até 50 vezes o próprio salário caso ofenda a empresa onde trabalha. Página 4 Todo poder ao capital O verdadeiro objetivo da nova legislação trabalhista aprovada por Temer é destruir a dignidade do trabalhador

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Page 1: REFORMA TRABALHISTA Todo poder ao capital · um plano de reestruturação que, na verdade, tem o intui-to de desmontar a empresa. Na Bahia, por exemplo, o processo já foi implantado

www.bancariosbahia.org.br bancariosbahia bancariosbahia

Filiado à

O BANCÁRIOO único jornal diário dos movimentos sociais no país

CONGRESSO NACIONAL DA CTB24 A 26 DE AGOSTO, NO GRAN HOTEL STELLA MARIS

Edição Diária 7273 | Salvador, segunda-feira, 14.08.2017 Presidente Augusto Vasconcelos

REFORMA TRABALHISTA

Lei trabalhista dificulta a amamentação

Caixa desconversa sobre bancário temporário

Página 2 Página 3

Além da perda de direitos, a nova legislação trabalhista deixa o empregado ainda mais vulnerável. Dois artigos tratam do dano extrapatrimonial. Significa dizer que o trabalhador pode ter de pagar até 50 vezes o próprio salário caso ofenda a empresa onde trabalha. Página 4

Todo poder ao capital

O verdadeiro objetivo da nova legislação trabalhista aprovada por Temer é destruir a dignidade do trabalhador

Page 2: REFORMA TRABALHISTA Todo poder ao capital · um plano de reestruturação que, na verdade, tem o intui-to de desmontar a empresa. Na Bahia, por exemplo, o processo já foi implantado

o bancário• www.bancariosbahia.org.br Salvador, segunda-feira, 14.08.20172 RETROCESSO

As mulheres podem perder até os intervalos de amamentaçãorAFAel [email protected]

Fundado em 30 de outubro de 1939. Edição diária desde 1º de dezembro de 1989 Fundado em 4 de fevereiro de 1933

O BANCÁRIO

Até amamentar, vai ficar mais difícil

Informativo do Sindicato dos bancários da bahia. editado e publicado sob a responsabilidade da diretoria da entidade - Presidente: Augusto Vasconcelos. Diretor de Imprensa e Comunicação: Adelmo Andrade.endereço: Avenida Sete de Setembro, 1.001, Mercês, Centro, Salvador-bahia. CeP: 40.060-000 - Fone: (71) 3329-2333 - Fax: 3329-2309 - www.bancariosbahia.org.br - [email protected] responsável: Rogaciano Medeiros - Reg. MTE 879 DRT-BA. Chefe de Reportagem: Rose Lima - Reg. MTE 4645 DRT-BA. Repórteres: Ana Beatriz Leal - Reg. MTE 4590 DRT-BA e Rafael Barreto - Reg. SRTE-BA 4863. Estagiária em jornalismo: Bárbara Aguiar e Felipe Iruatã . Projeto gráfico: Márcio Lima. Diagramação: André Pitombo. Impressão: Muttigraf. Tiragem: 10 mil exemplares. Os textos assinados são de inteira responsabilidade dos autores.

TEMAS & DEBATES

revolta dos Alfaiates: os heróis de ontem para a luta de hoje

Jerônimo da Silva Júnior*De todos os movimentos de revolta que

eclodiram no Brasil colonial, a Revolta dos Alfaiates, em 12 de agosto de 1798, foi a mais abrangente em termos de participação das camadas populares e dos ideais de mu-danças sociais. Os conjurados baianos de-fendiam a emancipação política do Brasil através do rompimento do pacto colonial e propuseram a abolição da escravidão.

Foi, sem dúvidas, um momento de pro-fundas transformações sociais e políticas ge-radas pela Revolução Francesa. O Haiti, co-lônia francesa situada nas Antilhas, foi palco de convulsões sociais devido às frequentes e violentas rebeliões e levantes de escravos negros. Em seu conjunto, essas notícias ser-viram para dar sustentação aos ideais de li-berdade, igualdade e soberania popular pro-pugnados pelos conjurados baianos.

A participação social foi intensa. Aderi-ram ao movimento, homens brancos, mula-tos, negros livres e escravos e até membros da elite soteropolitana, como o médico Ci-priano Barata, um ativo propagandista do movimento, atuando principalmente entre os integrantes da sociedade secreta Cavalei-ros da Luz.

Contudo, foi a presença de um contin-gente expressivo de alfaiates que fez a Con-juração baiana ser conhecida também como a "Revolta dos Alfaiates". Entre as principais lideranças do movimento destacam-se: o mestre de alfaiate João de Deus Nascimento, o aprendiz de alfaiate Manuel Faustino dos Santos Lira e os soldados Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas Amorim Torres.

Seiscentas e nove pessoas foram relaciona-das à conjuração, das quais 49 foram envia-das a prisão, em maioria jovens alfaiates e sol-dados; 34 sofreram severas punições, como exílio ou morte, como por exemplo, os des-tacados líderes homenageados com bustos na Praça da Piedade de Salvador, onde foram en-forcados no dia 8 de novembro de 1799.

Ainda hoje, os jovens negros são vitima-dos pela violência do Estado. Conforme o Mapa da Violência, dos homicídios regis-trados em 2015, 92% das vítimas são do gênero masculino, 53% são jovens (15 a 29 anos) e 71% negros.

Temos que nos rebelar e lutar contra as reformas desse governo ilegítimo, que quer retirar os poucos direitos conquistados. Em memória aos heróis da Revolta dos alfaia-tes continuaremos na luta por igualdade de oportunidades!

* Jerônimo da Silva Júnior é secretário de com-bate ao racismo da CTb-bATexto com, no máximo, 1.900 caracteres

A REFORMA trabalhista entra em vigor em novembro. E, a cada dia surgem mais notí-cias de dificuldades que serão encontradas pelos trabalhadores. Até a amamentação de bebês será afetada com a nova legislação.

Isso porque, após a licença-maternidade, as profissionais poderão perder os chama-dos intervalos de amamentação, que antes era garantido pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Como agora tudo pode ser negociado diretamente com o emprega-dor, o direito antes protegido pela legislação deve ser descartado.

Segundo as Nações Unidas, esses inter-valos com o aumento das taxas de ama-mentação para crianças significaria cortar

custos de tratamento de doenças comuns na infância, como pneumonia, asma e diar-reia. O que representaria uma economia de US$ 6 milhões.

Agressão à mulher a cada dois segundosMESMO após 11 anos da aprovação da Lei Maria da Penha (11.340/2006), uma mulher é agredida a cada dois segundos no Brasil. A informação é do Instituto Maria da Pe-nha, que também realizou uma pesquisa sobre os principais tipos de agressões.

Batizado de Relógios da Violência, o mape-amento especifica que a cada dois segundos uma mulher é vítima de violência física ou

verbal. Também, a cada dois segundos, uma mulher é assediada – na rua, no trabalho ou no transporte público. A cada 23 segundos é vítima de espancamento ou tentativa de es-trangulamento. E de dois em dois minutos, uma mulher é morta por arma de fogo.

A finalidade do projeto é ampliar o aces-so à lei ao informar às pessoas sobre os mais diferentes tipos de violência contra a mulher.

Mãe tem direito a pausa na jornada para dar mama

No brasil, a cada 23 segundos

uma mulher é vítima de

espancamento. De dois em

dois minutos, uma mulher é

morta por arma de fogo

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o bancáriowww.bancariosbahia.org.br • Salvador, segunda-feira, 14.08.2017 3BANCOS

Normativo permite a volta do bancário temporário. AbsurdorOSe lIMA [email protected]

joão ubAldo

Caixa informa que não vai usar o RH 037

QuESTIONADA sobre a nova versão do RH 037 - que possi-bilita a contratação do bancário temporário -, a Caixa informou que não tem intenção de co-locar o normativo em prática. Mas, causa muita estranheza a empresa editar o RH 037 se não

vai utilizá-lo.Segundo o diretor de Ges-

tão de Pessoas do banco, José Humberto Pereira, as mudan-ças foram feitas para adequar a norma à nova legislação traba-lhista. A publicação pegou to-dos os empregados de surpresa.

Criado nos anos 90, o nor-mativo possibilita a contrata-ção de terceirizados para fazer o trabalho do bancário. A medida abre caminho para acabar com os concursos públicos. O assun-to será tratado com a direção do banco, em negociação amanhã.

lucro de r$ 298 milhões no banco do NordesteO BANCO do Nordeste apre-sentou alta de 32% no lucro líquido do primeiro semes-tre. Foram R$ 298 milhões entre janeiro e junho. Ape-sar do saldo positivo, o BNB também coloca em prática um plano de reestruturação que, na verdade, tem o intui-to de desmontar a empresa.

Na Bahia, por exemplo, o processo já foi implantado em algumas cidades. Funcio-nários de Feira de Santana,

Reestruturação é pautade reunião com o BNBOS FuNCIONáRIOS do BNB ganharam mais um argumento para negociar com o banco, no dia 24 de agosto. É que a insti-tuição financeira divulgou lu-cro líquido de R$ 298 milhões no primeiro semestre de 2017. Mais uma prova de que a rees-truturação com a desculpa de reduzir custos é injustificável.

O encontro reúne a Comis-são Nacional dos Funcionários do BNB e a direção do banco às 14h, na sede administrativa

do banco em Passaré, Fortaleza (CE), para tratar sobre reestru-turação. Antes, às 9h, tem deba-te da COE na sede do Sindicato dos Bancários do Ceará.

Vale lembrar que, na quar-ta-feira, os bancários da Bahia se reuniram com o superin-tendente estadual do BNB, Antônio Jorge Pontes, que se comprometeu a reduzir os im-pactos da reestruturação, espe-cialmente nos casos de perda de função gratificada.

Juazeiro e Vitória da Con-quista tiveram a nomencla-tura das comissões alteradas. Também houve redução no número de caixas nas agên-cias. Situação difícil.

A apreensão agora gira em torno de uma provável redu-ção salarial e da diminuição do número de funcionários por agência. Sem contar com as péssimas condições de traba-lho e manutenção da estrutura física de algumas unidades.

Bresser Pereira faz palestra em SalvadorO pROFESSOR Emérito da Fun-dação Getúlio Vargas, Luiz Car-los Bresser Pereira, faz palestra, hoje, na Reitoria da UFBA, Ca-nela, com o tema A Reconstru-ção de um projeto democrático e nacional para o Brasil. O evento começa às 9h e é parte de um ci-clo de discussões. O último de-bate é no dia 24 de agosto.

A iniciativa é do deputado

federal do PCdoB, Davidson Magalhães (UNEB). Também participam Henrique Tomé (UFBA), Jorge Almeida (UFBA) e Sérgio Gabrielli (UFBA).

O ciclo de debates dá início à programação que prepara para o Congresso de Pesquisa, En-sino e Extensão da UFBA 2017, que ocorre entre os dias 16 e 18 de outubro deste ano.

Manutenção do RH 037 traz insegurança aos empregados da Caixa

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o bancário• www.bancariosbahia.org.br Salvador, segunda-feira, 14.08.20174

SAQuE

REFORMA TRABALHISTA

legislação prevê que funcionário indenize a empresa. loucurarAFel [email protected]

Inversão. Novalei só protegeos empresários

CANALHICE Bloco parlamentar que reúne o que há de pior na política nacional, o tal Centrão ameaça não defender Temer da segunda denúncia a ser apresentada por Janot, sob a alegação de ainda não ter recebido tudo que ficou combinado no arquiva-mento da primeira denúncia. E propaga isso sem a menor ceri-mônia. Dá nojo a promiscuidade nas relações entre Legislativo, Executivo, Judiciário e mídia. Uma imoralidade.

CHANTAGEM O Centrão pressiona de todas as formas, para que Temer tome os cargos dos chamados “infiéis”, aqueles que votaram contra ele na Câmara Federal, e distribua com os que o apoiaram no arquivamento da denúncia da PGR. As ameaças partem, acima de tudo, do PP e PSD. A mídia comercial noticia tudo como se fosse normal. Chantagem ao vivo e a cores.

BOCÃO Protagonista da reação armada à ditadura civil mili-tar (1964-1985), odiado por setores absolutistas das esquerdas, que nunca aceitam críticas, o jornalista Fernando Gabeira volta à cena política e condena duramente a tal “tese da estabilidade”, usada para justificar o arquivamento que salvou Temer. “Quanto mais denúncias, mais alta a conta. O presidente quer o poder e eles as verbas. As bocas estão abertas”. É essa mesmo.

DIMINuTO Dentro da concepção neoliberal que se orienta, o governo Temer acelera cada vez mais a redução do Bolsa Famí-lia. Somente no mês passado foram mais 543 famílias expulsas. É o maior número já registrado em um mês, desde a criação do programa. Os cortes já passam de um milhão e meio. Mais do que mínimo, é o que se pode chamar de Estado atrofiado. Pelo menos para o povo.

pRESTÍGIO Apesar de a direita e a mídia nativas, sempre obtusas, o odiarem tanto, Lula continua com grande prestígio internacional e a despertar a solidariedade de gente importante no mundo, devido a perseguição política que tem sido vítima no Brasil. Agora mesmo, a banqueira Roberta Luchisinger, uma das donas do Credit Suisse, acaba de doar mais de meio milhão de reais ao ex-presidente. Ela ainda criticou os abusos do juiz Sérgio Moro, ao anunciar a doação para a imprensa estrangeira.

JACTÂNCIA Ex-ministro dos governos FHC e depois Lula, o presidenciável pelo PDT Ciro Gomes acha que a conjuntura política o favorece, apesar do fraco desempenho nas pesquisas. “Essa eleição está para mim. Parece jactância, mas não é”. Ex--governador do Ceará por dois mandatos, ele é hoje uma das mais qualificadas e influentes lideranças políticas do Brasil que se opõem ao golpismo.

AO INvéS de proteger os traba-lhadores, a reforma trabalhista de Michel Temer tem caráter protecionista para as empre-sas, que, a partir de novembro, poderão entrar na Justiça con-tra os empregados que ferirem a imagem de patrões, como os bancos. É o chamado dano ex-

trapatrimonial.Segundo a nova legislação, o

pagamento da indenização para quem ofender a imagem, marca ou nome da organização, pode chegar a até 50 vezes o valor do salário do empregado. A sen-tença mais branda a ser dada pelo juiz é de até três vezes o rendimento mensal.

Com a medida, as empresas tentam intimidar até mesmo os sindicatos nas campanhas de críticas às manobras desrespei-tosas. Ou seja, quer punir até a livre manifestação dos traba-lhadores. Um horror.

Rombo nas contas é o maior da história do BrasilTEMER, que desembolsou bi-lhões com emendas parlamen-tares para se livrar da acusação de corrupção passiva da PGR (Procuradoria Geral da Repú-blica), produziu o maior rombo orçamentário do país. O gover-no revisou a meta fiscal de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões.

O crescimento da meta em R$ 20 bilhões mostra o desas-tre da política econômica do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que prometeu fazer o ajuste fiscal, mas na verdade pa-rece que vai entrar para a histó-ria com maior desfalque de or-çamento do Brasil. Meirelles e Temer anunciam meta fiscal, com rombo de r$ 20 bilhões a mais