reforma agrária – uma nova visão

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1 - 10 REFORMA AGRÁRIA – UMA NOVA VISÃO José Itamar de Lima Carvalho 1 Antônio André Cunha Callado 2 RESUMO - Todo o processo colonial brasileiro, em suas várias formas, assim se constituiu, merecendo destaque as capitanias hereditárias que podem ser consideradas os primeiros latifúndios brasileiros porque contribuíram para que a propriedade da terra se estruturasse dentro da filosofia que dominava o regime feudal, com enormes extensões de terras sob o mando e poder dos senhores com autoridade absoluta sobre as pessoas e coisas. Em se tratando de reforma agrária, necessariamente, se compreenderia uma maior utilização da terra, não apenas para a melhoria das condições de vida da população, mas principalmente para a solução dos inúmeros conflitos sociais decorrentes das distorções encontradas. A idéia predominante na execução da reforma agrária foi a distribuição das terras entre os trabalhadores, de modo a propiciar o acesso à terra aos que não a possuem, formando muitas pequenas propriedades rurais privadas. Não se está, no entanto, dando ênfase à sustentabilidade da reforma agrária, nos aspectos econômico e ambiental. A simples repartição das terras não seria reforma, não se trataria, simplesmente, de promover uma melhor utilização da terra, dos capitais e da mão de obra, mas de corrigir as deficiências do modelo econômico existente, resultado de uma seqüência de falhas que vem desde o processo de colonização. Palavras-Chave: Reforma Agrária, Trabalho Rural, Economia Rural INTRODUÇÃO A questão da propriedade da terra e a sua utilização, no Brasil, vêm sendo discutidas desde muito tempo. Já em 1821, foi proposta uma reforma da estrutura agrária do país por José Bonifácio de Andrada e Silva, de modo a propiciar um melhor aproveitamento da terra, como conseqüência das distorções ocasionadas pela adoção do regime sesmarial, criado em Portugal ainda no século XIV e considerando inadequado em decorrência das condições especiais aqui existentes. Para Waldemar Ferreira (1951) “com a extensão territorial imensa, que apenas se sabia que começava na costa marítima e cujos fins se perdiam no mistério e na lenda, a dádiva de terras de sesmarias tinha que iniciar, e assim aconteceu, a política territorial latifundiária”. A Lei de Terras, sancionada em 1850, não foi, na verdade, uma lei agrária que possibilitasse a reformulação ou correção das distorções da realidade fundiária brasileira mas uma tentativa de ordenação da propriedade da terra e seus efeitos mais significativos foram a criação das terras devolutas, a extinção das sesmarias, a legitimação das posses e o incentivo à imigração estrangeira, na esteira da abertura dos portos. Somente em 1947, foi apresentado na Câmara dos Deputados, por Nestor Duarte, a proposta de uma lei de reforma agrária no Brasil, tendo como justificativa a necessidade de modificação do regime de propriedade da terra pois os detentores da terra “continuavam a desenvolver, longe e indiferentes, ou refratários a um poder do Estado tão distante, a índole feudal ou feudalizante da sociedade”. Essa proposta não logrou encaminhamento, pois as questões políticas resultantes da redemocratização , após o fim do Estado Novo, dominavam a cena nacional. 1 Mestrando em Administração e Comunicação Rural CMARC/UFRPE 2 Professor do CMARCR/UFRPE, Doutorando em Estratégias Empresariais PPGA/UFPB, Mestre em Finanças Empresariais PPGA/UFPB, [email protected]

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Análise do Brasil atual

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    REFORMA AGRRIA UMA NOVA VISO

    Jos Itamar de Lima Carvalho1

    Antnio Andr Cunha Callado2

    RESUMO - Todo o processo colonial brasileiro, em suas vrias formas, assim seconstituiu, merecendo destaque as capitanias hereditrias que podem ser consideradas osprimeiros latifndios brasileiros porque contriburam para que a propriedade da terra seestruturasse dentro da filosofia que dominava o regime feudal, com enormes extenses deterras sob o mando e poder dos senhores com autoridade absoluta sobre as pessoas ecoisas. Em se tratando de reforma agrria, necessariamente, se compreenderia uma maiorutilizao da terra, no apenas para a melhoria das condies de vida da populao, masprincipalmente para a soluo dos inmeros conflitos sociais decorrentes das distoresencontradas. A idia predominante na execuo da reforma agrria foi a distribuio dasterras entre os trabalhadores, de modo a propiciar o acesso terra aos que no a possuem,formando muitas pequenas propriedades rurais privadas. No se est, no entanto, dandonfase sustentabilidade da reforma agrria, nos aspectos econmico e ambiental. Asimples repartio das terras no seria reforma, no se trataria, simplesmente, de promoveruma melhor utilizao da terra, dos capitais e da mo de obra, mas de corrigir asdeficincias do modelo econmico existente, resultado de uma seqncia de falhas quevem desde o processo de colonizao.

    Palavras-Chave: Reforma Agrria, Trabalho Rural, Economia Rural

    INTRODUO A questo da propriedade da terra e a sua utilizao, no Brasil, vm sendodiscutidas desde muito tempo. J em 1821, foi proposta uma reforma da estrutura agrriado pas por Jos Bonifcio de Andrada e Silva, de modo a propiciar um melhoraproveitamento da terra, como conseqncia das distores ocasionadas pela adoo doregime sesmarial, criado em Portugal ainda no sculo XIV e considerando inadequado emdecorrncia das condies especiais aqui existentes. Para Waldemar Ferreira (1951) coma extenso territorial imensa, que apenas se sabia que comeava na costa martima e cujosfins se perdiam no mistrio e na lenda, a ddiva de terras de sesmarias tinha que iniciar, eassim aconteceu, a poltica territorial latifundiria. A Lei de Terras, sancionada em 1850, no foi, na verdade, uma lei agrria quepossibilitasse a reformulao ou correo das distores da realidade fundiria brasileiramas uma tentativa de ordenao da propriedade da terra e seus efeitos mais significativosforam a criao das terras devolutas, a extino das sesmarias, a legitimao das posses e oincentivo imigrao estrangeira, na esteira da abertura dos portos. Somente em 1947, foi apresentado na Cmara dos Deputados, por Nestor Duarte,a proposta de uma lei de reforma agrria no Brasil, tendo como justificativa a necessidadede modificao do regime de propriedade da terra pois os detentores da terra continuavama desenvolver, longe e indiferentes, ou refratrios a um poder do Estado to distante, andole feudal ou feudalizante da sociedade. Essa proposta no logrou encaminhamento,pois as questes polticas resultantes da redemocratizao , aps o fim do Estado Novo,dominavam a cena nacional.

    1 Mestrando em Administrao e Comunicao Rural CMARC/UFRPE2 Professor do CMARCR/UFRPE, Doutorando em Estratgias Empresariais PPGA/UFPB, Mestre emFinanas Empresariais PPGA/UFPB, [email protected]

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    Fato novo foi a Constituio de 1946, ao dispor em seu artigo 147 que a leipoder promover a justa distribuio da propriedade, com igual oportunidade paratodos abrindo a oportunidade para que a questo da reforma agrria pudesse recebertratamento legislativo e, em conseqncia, que se implementasse a reforma agrria noBrasil.

    A Comisso Nacional de Poltica Agrria, criada em 1951, no entanto, sproduziu o documento Diretrizes para a Reforma Agrria. Foram criados, ento, em 1954,o INIC Instituto Nacional de Imigrao e Colonizao e em 1955, o SSR Servio SocialRural. Ambos, porm, no tiveram qualquer relevncia na sua atuao porque a questoagrria no recebia a devida ateno do Poder Pblico.

    Por proposta do Conselho de Ministros, no breve perodo parlamentarista, foiinstituda, em 1962, a SUPRA Superintendncia de Poltica Agrria, com o objetivo decolaborar na formulao da poltica agrria para o pas, mas a sua ao foi to efmera comoo regime que a criou.

    Ao assumirem os militares o poder, em 1964, por iniciativa do PresidenteCastelo Branco, que integrara a delegao brasileira presente Conferncia de Punta delEste, foi sancionada a Lei n 4.504, de 30 de novembro de 1964, o Estatuto da Terra,regulamentando as disposies da Constituio de 1946, e que, entre suas inovaes, criouo IBRA Instituto Brasileiro de Reforma Agrria, a quem foi deferida a competncia para aexecuo da reforma agrria. A partir da, estava o Estado Brasileiro dotado de instrumentoslegais para a correo das distores existentes na rea rural, dando incio implantao dareforma agrria.

    Em 1970, surge o INCRA Instituto Nacional de Colonizao e ReformaAgrria, em substituio e absorvendo os direitos, atribuies, competncia eresponsabilidades do IBRA, INDA e GERA, este criado no ano anterior. Em 1987 extintoo INCRA, com as atribuies de execuo da reforma agrria transferidas para o criadoMIRAD Ministrio da Reforma e do Desenvolvimento Agrrio e de desapropriao deterras para o INTER Instituto Jurdico de Terras.

    A atual Carta Magna, promulgada em 05 de outubro de 1988, destacou, em seutexto, a questo agrria, tratando, em captulo especfico Da Poltica Agrcola e Fundiria eDa Reforma Agrria. Ficou, a partir de ento, fixado como princpio bsico para a reformaagrria, a funo social da propriedade.

    O Decreto Legislativo n 2, de 29 de maro de 1989, faz ressurgir o INCRA,vinculando-o ao Ministrio da Agricultura. Com a criao do Ministrio Extraordinrio dePoltica Fundiria, em 1996, para ele transferido o INCRA, sem alterao das suasatribuies.

    Atualmente, est o INCRA, ainda com as mesmas atribuies, subordinado aoMinistrio do Desenvolvimento Agrrio, criado e com a sua estrutura fixada pelo Decreto n3.338, de 14 de janeiro de 2000, a quem compete a formulao da poltica de reformaagrria.

    O incio da industrializao do pas com a entrada de capitais estrangeirosdiretamente nas bases de produo ocorrida aps a Primeira Grande Guerra fez com que aquesto da terra passasse a ser tratada como um componente do moderno capitalismo quese instalava e foi dado incio transformao da sociedade rural em sociedade urbana. Aclasse dominante, formada pelos grandes proprietrios de terra, passou a ter contestada asua dominao pois a massa trabalhadora, constituda pelos ex-escravos e seusdescendentes, negros e mestios, imigrantes e refugiados de guerra e pelos pobres emgeral, que no tinham reconhecido nenhum direito, passavam a constituir uma nova classesocial que exigia uma srie de modificaes no sistema econmico e nas relaes sociais.

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    Essa circunstncia fez emergir classes antes inexistentes ou de pouca expresso, abrindocaminho para a penetrao do capitalismo em nossa agricultura.

    Como foi reconhecido pelo prprio INCRA, ao avaliar a evoluo da estruturaagrria a ocupao do territrio brasileiro processou-se base da sesmaria, damonocultura e do brao escravo. Essa trade institucional originou o regime latifundirioainda imperante em vastas reas do Pas, que constitui, de per si, o maior empecilho a seumais rpido desenvolvimento e social. Foi constatado ainda que tal fenmeno teve duasconseqncias : 1) a fragmentao minifundiria das pequenas propriedades, muitofacilitada pelo direito sucessrio, e por meio da qual os latifundirios tm asseguradas, nasadjacncias, as reservas de mo-de-obra para atender suas necessidades; e 2) a substituiode lavouras latifundirias de escassa rentabilidade, ou pela pecuria extensiva, que enseja autilizao de terras ociosas com o mnimo de investimentos e de mo-de-obra, parasatisfazer a demanda crescente de carne e derivados, ou por lavouras de produtosexportveis com preos atraentes nos mercados internacionais.

    EM QUE CONSISTE O Estatuto da Terra (Lei n 4.504, de 30.11.64), ainda em pleno vigor, defineReforma Agrria, em seu art. 1, 1, como o conjunto de medidas que visem a promovermelhor distribuio da terra, mediante modificaes no regime de sua posse e uso, a fimde atender aos princpios de justia social e aumento de produtividade.

    Como reforma pressupe a idia de reformulao ou mudana, em seusignificado etimolgico, a reforma agrria, seria uma modificao da situao agrria.Merece ser destacada a concepo de Nestor Duarte que define reforma agrria como areviso, por diversos processos de execuo, das relaes jurdicas e econmicas dos quedetm e trabalham a propriedade rural, com o objetivo de modificar determinada situaodo domnio e posse da terra e a distribuio da renda agrcola. Foroso reconhecer que toda reforma implica em modificao, de modo apermitir maior funcionalidade ao que se pretende alterar. Em se tratando de reformaagrria, necessariamente, se compreenderia uma maior utilizao da terra, no apenas paraa melhoria das condies de vida da populao mas principalmente para a soluo dosinmeros conflitos sociais decorrentes das distores encontradas.

    A idia predominante na execuo da reforma agrria foi a distribuio dasterras entre os trabalhadores, de modo a propiciar o acesso terra aos que no a possuem,formando muitas pequenas propriedades rurais privadas. No se est, no entanto, dandonfase sustentabilidade da reforma agrria, nos aspectos econmico e ambiental. A simplesrepartio das terras no seria reforma, , pois, como salienta Martinez (1990), qualquermedida ou soluo de grande alcance na questo agrria ter de ser pensada em termosglobais das suas repercusses em outros campos. No se trataria, simplesmente, depromover uma melhor utilizao da terra, dos capitais e da mo de obra, mas de corrigir asdeficincias do modelo econmico existente, resultado de uma seqncia de falhas que vemdesde o processo de colonizao.

    ANTECEDENTESEfetivamente, podem ser estabelecidas quatro etapas da implantao da reforma

    agrria no Brasil. A primeira compreende o perodo de 1964, quando foi sancionado oEstatuto da Terra, at 1985, quando encerrou-se o ciclo dos governos militares. A segunda,compreende o perodo de 1985 a 1990, cognominado de Nova Repblica, quando foi editadoo I PNRA 1 Plano Nacional de Reforma Agrria. A terceira corresponde ao perodo de1990 a 1994 e a ltima de 1995 a 1999, com o atual governo, considerando a reeleio, jque houve continuidade na poltica implementada.

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    Segundo dados oficiais, no perodo de 1964 a 1985, foram assentadasaproximadamente 40.000 famlias (INCRA : UM INSTRUMENTO DE GOVERNO PARAA EXECUO DA REFORMA AGRRIA, julho/1999, pg. 26). Durante essa etapa,prevaleceram as desapropriaes nas reas prioritrias, assim delimitadas segundos critriosestabelecidos no Estatuto da Terra. As iniciativas eram exclusivas da Unio Federal, emborahouvesse previso legal para a celebrao de convnios com Estados e Municpios. Deu-senfase colonizao, especialmente em reas da Amaznia e do Planalto Central.

    Foram extremamente reduzidos os resultados alcanados, demonstrando que nose priorizou, de verdade, a reforma agrria. Inexistiam, poca, movimentos sociaisempenhados na modificao das condies fundirias e a suspenso das liberdadesdemocrticas inibia os reclamos sociais. A criao do PROTERRA, como foi chamado oPrograma de Redistribuio de Terra e de Estmulo Agro-Indstria do Norte e doNordeste, ignorando o Estatuto de Terra e a execuo da reforma agrria, como foisalientado na publicao do MIRAD/INCRA, em 1987, em nada contribuiu para a melhoriados resultados no perodo.

    Em artigo no qual analisa os 30 anos do Estatuto da Terra, Joo Bosco Medeirosde Sousa, destaca que A grande oportunidade foi perdida irremedialmente, logo aps aentrada em vigor do Estatuto da Terra, porque o momento poltico era favorvel e a funosocial da terra era vista na pureza conceitual com que fora concebida. Tivesse sido possvelo rigoroso cumprimento do Estatuto da Terra, certamente o Brasil no estaria passando pelacrise que hoje o coloca entre os pases de mais baixos indicadores sociais.

    Ao aprovar o 1 Plano Nacional de Reforma Agrria PNRA, em 1985, quevigoraria nos anos 1985/1989, foi fixada como meta o assentamento de 1.400.000 famlias,ocupando uma rea de 430.900 km. Os resultados foram insignificantes. As metas atingidascorresponderam a 7% dos objetivos propostos, s tendo sido assentadas, no perodo, menosde 90.000 famlias. Essa constatao se deu com o levantamento da situao scio-econmica efetuada pela FAO/PNUD, em decorrncia de convnio celebrado em maro de1991, entre o Ministrio da Agricultura e Reforma Agrria, a FAO e o PNUD, cujosresultados, irrefutveis, foram publicados em dezembro de 1992, se constituindo no ProjetoBRA 87/022.

    No se pode deixar de destacar que tal levantamento, cuja pesquisa de campocompreendeu 44 assentamentos e nestes, 828 famlias foram entrevistadas, correspondendoa 1,1% do universo de famlias assentadas, constatou resultados significativos. A rendamdia gerada por uma famlia de beneficirios da reforma agrria ao nvel nacional foi de3,70 salrios mnimos por ms, sendo que na regio Norte foi de 4,18 salrios mnimosmensais, no Nordeste de 2,33, no Centro-Oeste 3,85, no Sudeste de 4,13 e no Sul, com arenda mais alta, foi de 5,62 salrios mnimos ao ms.

    Durante o perodo 1990-1994, segundo dados oficiais, foram assentadas 12.600famlias. Tais resultados, por certo, foram resultantes da reforma administrativa que seprocessou no incio do Governo Fernando Collor, desarticulando o Estado brasileiro,seguida da instabilidade poltica que culminou com o impedimento e perda do seu mandato.Logo em seguida, Itamar Franco no teve oportunidade de implementar, plenamente, umapoltica para a resoluo da questo fundiria.

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    Quadro 1.

    Ano Projetos Criados Famlias beneficiadas1995 314 42.8271996 433 61.6741997 637 81.9441998 850 101.094

    1999 (at 04/10) 336 44.661TOTAL 2.570 332.200

    ATUAL REALIDADEA partir de 1995, iniciou-se uma nova fase, na qual merecem destaque os

    movimentos sociais organizados, com a sua intensa mobilizao, merecendo referncia.

    Quadro 2. Pblico Potencial para a reforma agrria, vrios estudos

    Anos Fonte Metodologia BeneficiriosPotenciais ( mil famlias)

    1971 Gomes da Silva, J. (n total de famlias) (n de famlias proprietrias 2.430 no minifundistas e n de famlias assalariadas depois RA). Dados do IBRA (1967) e IBGE (1969). 1985 Proposta PNRA Soma de minifundistas, parceiros, arrendatrios, 7.100 assalariados, permanentes, temporrios e outros assalariados 10,6 milhes, menos 3,5 milhes de TRs para a agricultura empresarial. Dados do INCRA de 1984 1985 PNR Estimativa das famlias rurais com pessoas economicamente 6.000-7.000 ativas de 10 anos ou mais, de empregados, volantes, parceiros, conta prpria, no remunerados e sem declkarao. Dados do Censo Demogrfico de 1980. 1991 Governo Paralelo 60% da mdia entre o somatrio de minifundistas, 3.039 parceiros, arrendatrios e volantes (4.938.000 de famlias); e o total de famlias sem-terra ou com terra insuficiente (deduzidos aqueles com explorao intensiva e/ou horti- fruti-granjeiro) + TR sem emprego permanente (5.191.000 famlias).

    1993 INCRA No fornece detalhes 4.000 (plano de emergncia) 1993 MST No fornece detalhes 4.8001994 Kageyama e Pequena Agricultura Familiar (3.363.150 pessoas), No- 2.254

    Bergamasco Remunerados (1.252.792), Conta prpria (2.010.360), Empregados e Volantes (2.371.992), Empregado Permanente sem carteira ( 1.435.190) e Volante sem Carteira (936.802), 5.635.152 pessoas por famlias = 2.254.601 famlias. Dados da PNAD (1989) e Censo Agropecurio (1985).

    1994 Graziano da Silva Dados da PNAD, 1990. Famlias indigentes mesmo 3.023 critrio de Herbert de Souza/;cujo chefe tem ocupao agrcola, morando no campo ou na cidade.

    1994 Programa do PT Dados do Governo Paralelo 3.039

    1998 Gasques & Conceio Pequeno proprietrios, arrendatrios, parceiros, ocupantes e assalariados. Dados do Censo Agropecurio 1995-96.Fonte : Gomes da Silva (1995), p. 18-19.

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    Diante dessa realidade, se fosse possvel trabalhar com a meta de atendimento dedois milhes de famlias, considerando os dados do IBGE, no Censo Agropecurio 1995-1996, se teria o prazo de 20 anos para a soluo da questo, pois muitas das famliaspotencialmente elegveis prefeririam outras opes de vida e trabalho. Essa meta seriaconsiderada vivel, se houvesse empenho a ponto de igualar os resultados obtidos em 1998,quando foram mais significativos.

    Segundo dados do INCRA, na publicao do Balano da Reforma Agrria e daAgricultura Familiar, no perodo de 1 de janeiro de 1995 a 04 de outubro de 1999, osresultados esto no quadro 1.

    Na apresentao da publicao Reforma Agrria e Desenvolvimento Sustentvel(2000), encontra-se a estimativa que existem no Brasil, 4,5 milhes de famliaspotencialmente elegveis para serem beneficiadas com a reforma agrria, isto , pobres semterra ou com pouca terra. Essa estimativa , segundo Gomes da Silva (1995), apresentagrandes divergncias, em razo da adoo de diversos critrios.

    Quadro 3. Demanda de terra para a reforma agrria, no Brasil, em 1995____________________________________________________________________________________________

    Brasil/ Tamanho Proprietrio Arrendatrios Parceiros Ocupantes Assalariados TotalRegies/UF do Mdulo rea (a) rea (a) rea (a) rea (a) rea (a) rea (a)

    BRASIL 44,45 68.489.966 10.145.401 11.902.288 28.786.753 40.791.509 160.115..917

    NORTE 71,43 8.679.739 194.718 374.007 4..953.956 3.857.113 18.059.534 Acre 100 707.381 6.200 3.600 522.000 180.000 1.419.181 Amazonas 100 3.093.866 61.800 12.200 2.725.000 533.875 6.426.741 Amap 50 35.315 0 0 28.150 41.463 104.928 Par 50 3.524.927 43.300 47.500 1.422.200 1.264.813 6.302.740 Rondnia 50 946.971 40.150 198.400 263.050 390.825 1.839.396 Roraima 100 162.526 1.000 400 62.300 112.400 338.626 Tocantins 50 208.753 18.350 7.800 99.650 589.688 924.241

    NORDESTE 36,67 38.502.719 5.516.671 6.604.854 17.318.838 12.640.873 80.583.955 Alagoas 20 951.575 199.400 134.180 469.860 515.505 2.270.520 Bahia 20 20.989.171 86.580 190.620 1.267.680 1.858.485 24.392.536 Cear 50 5.421.619 951.450 3.693.250 3.760.350 2.561.113 16.387.782 Maranho 50 2.750.327 3.664.450 1.490.150 6.872.700 3.168.375 17.946.002 Paraba 20 1.030.341 144.020 157.020 635.700 263.310 2.230.391 Pernambuco 20 2.183.483 180.560 218.740 982.480 1.073.110 4.638.373 Piau 50 2.212.411 951.150 1.576.850 3.027.300 571.950 8.349.661 R.G. do Norte 50 1.897.909 212.350 444.750 869.300 984.338 4.408.647 Sergipe 20 1.065.883 86.500 19.760 278.200 265.675 1.716.018

    CENTRO-OESTE 66,67 4.144.241 320.083 134.273 943.913 6.483.457 12.016.967 Distrito Federal 5 650 2.940 265 635 9.961 14.451 Gois 50 1.111.619 96.900 37.900 187.050 2.362.488 3.795.957 M. G. do Sul 50 512.556 65.950 16.350 212.350 1.152.050 1.959.256 Mato Grosso 100 2.519.416 95.600 87.600 590.800 2.496.400 5.789.816

    SUDESTE 27,5 11.967.917 646.223 884.070 931.343 8.011.142 22.440.694 Esprito Santo 20 376.666 11.800 44.680 24.280 330.620 788.046 Minas Gerais 50 10.401.205 573.550 753.750 1.130.350 7.870.088 20.728.943 Rio de Janeiro 20 3.427.715 29.020 127.680 44.780 269.195 3.898.390 So Paulo 20 847.331 199.740 169.100 156.140 2.078.435 3.450.746

    SUL 20 5.195.350 935.520 965.080 1.161.760 2.608.295 10.866.005 Paran 20 1.807.873 405.820 488.140 565.140 1.309.115 4.576.088 R.G. do Sul 20 2.291.833 329.520 371.640 374.460 851.715 4.219.168 Santa Catarina 20 1.095.644 200.180 105.300 222.160 447.465 2.070.749Fonte : Dados brutos: IBGE Centro Agropecurio, 1995-1996.

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    A atribuio de realizar a reforma agrria e a promoo do desenvolvimentosustentvel da agricultura familiar, presentemente, do Ministrio do DesenvolvimentoAgrrio, que teve a sua estrutura organizacional fixada pelo Decreto n 3.338, de 14 dejaneiro do corrente ano. Na estrutura organizacional do Ministrio, est inserida, comoentidade vinculada, o INCRA e dentre os rgos colegiados, avulta o Conselho Nacional doDesenvolvimento Rural.

    Esse rgo tem, dentre as suas atribuies, a coordenao, articulao eformulao de polticas pblicas federais da reforma agrria e a aprovao dos programasvoltados reforma agrria, com o acompanhamento do seu desempenho e apreciao da suaexecuo.

    O Ministrio do Desenvolvimento Agrrio, na atualidade, desenvolve,basicamente, como um dos principais programas, o Banco da Terra criado pela LeiComplementar n 93, de 04 de fevereiro de 1998 e regulamentado pelo Decreto n 3.475, de19 de maio de 2000, para execuo da reforma agrria, financiando a compra de imveisrurais e a implantao de obras de infra-estrutura bsica, at o limite de R$ 40.000,00(quarenta mil reais) por famlia, com juros reduzidos e que sofrem rebates de at 50% dosencargos para pagamento das obrigaes em dia. O retorno desses financiamentosconstituiria a perspectiva de dar sustentabilidade financeira ao programa que depende,unicamente, dos recursos oramentrios. Embora haja previso legal de retorno dos recursosaplicados, os oramentos, dado o carter paternalista reinante, no prevem a receitaproveniente do retorno do capital assim investido, para atendimento a outros beneficirios.

    Outro programa desenvolvido pelo Ministrio o PRONAF ProgramaNacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, criado desde 1996 e que tem produzidoresultados alentadores. Acertada essa opo pela agricultura familiar, em lugar daagricultura patronal, como destaca Jos Eli da Veiga (1998), examinando inclusive osresultados e as polticas adotadas em outros pases, especialmente os Estados Unidos daAmrica.

    Ao traar as Diretrizes para uma Nova Poltica Agrcola, Jos Eli da Veigadestaca que a poltica fundiria no pode se resumir ao programa de assentamentos sendoimperiosa a expanso do PRONAF.

    Outro programa extremamente importante, atualmente em curso, o PRONERA Programa Nacional de Educao na Reforma Agrria, atuando na educao de jovens eadultos, formao tcnico-profissional nas reas de produo e administrao rural,formao continuada e escolarizada aos educadores do ensino fundamental e na produo demateriais pedaggicos a partir das demandas constatadas. H previso do envolvimento deoutras instituies, dentre as quais universidades, organizaes no governamentais,associaes, cooperativas, igreja e movimentos sociais rurais.

    Examinados os instrumentos disponveis, no se poderia deixar de identificar asdificuldades. A principal a sustentabilidade financeira da reforma agrria pois ela depende,exclusivamente, dos recursos pblicos oramentrios. O modelo paternalista, sem qualquerpreviso de retorno dos recursos investidos, por certo, impede e limita o atendimento aosfuturos beneficirios. Os assentamentos continuam permanentemente dependentes do PoderPblico dada a sua no emancipao.

    A inexistncia de infra-estrutura mnima nos assentamentos, embora hajapreviso que o INCRA deveria proporcionar, nos projetos, pelo menos estrada de acesso,abastecimento de gua para consumo humano e eletrificao em rede tronco, tambmcontribui para o insucesso e resultados pouco alentadores.

    Outra questo a ser destacada a centralizao da reforma agrria no GovernoFederal que, ao que parece, se prenuncia com possibilidades de soluo, pois estevidenciada a de descentralizao com o envolvimento dos outros nveis do poder pblico.

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    A criao dos Conselhos Estaduais e Conselhos Municipais de Desenvolvimento Agrrio,com objetivos similares ao Conselho Nacional, no mbito de suas competncias,possibilitar o envolvimento dos Estados e Municpios na reforma agrria.

    Os erros constatados ao longo desses anos, quanto qualidade e localizao dasterras utilizadas, a distncia dos mercados consumidores, a falta de infra-estrutura, aausncia de uma poltica agrcola eficaz devem ser examinados para impedir que no maissejam cometidos.

    A falta de confiabilidade do nosso cadastro fundirio muito contribuiu para quedistores existissem. No h compatibilidade entre os dados do Sistema Nacional deCadastro Rural e os resultados dos censos realizados pelo IBGE que tambm divergem darealidade. Sem um diagnstico preciso da estrutura fundiria brasileira no podero serfixadas polticas eficazes.

    CONCLUSOIdentificadas as dificuldades, os pontos de estrangulamento e as necessidades,

    podem ser estabelecidas as metas para a reforma agrria que devem ser viveis social,econmica, jurdica e politicamente.

    A partir da, estabelecer uma estratgia ampla, dando reforma agrria umaviso de longo prazo. Resta esperar que haja continuidade administrativa no mbito dosgovernos para dar prosseguimento aos programas traados, em lugar de sempre procurariniciar novos programas sem a verificao e continuao dos que j estiverem emandamento.

    Os programas de reforma agrria devem possuir uma dimenso ambiental, pois adiviso das terras em parcelas reduzidas gera desmatamentos e conseqentes agresses aomeio ambiente ocasionando, a longo prazo, efeitos danosos de difcil recuperao. Essadimenso ambiental compreender tambm uma educao ambiental.

    Indispensvel a efetiva previso da sustentabilidade dos resultados, pois aemancipao dos projetos daria margem exigibilidade dos financiamentos concedidos,fixaria o homem terra, evitaria o xodo rural e fortaleceria a economia nacional. Esseresultado seria obtido com a melhor insero do assentado no mercado de trabalho, inclusivecom o aproveitamento da combinao de atividades agrcolas e no agrcolas, dinamizando-a, caracterizando a pluriatividade de que trata Graziano da Silva (1996), no projeto Rurbano,desenvolvido na Unicamp.

    A diminuio da dependncia da desapropriao para a aquisio de terrasexigiria que se desse maior ateno arrecadao das terras pblicas abandonadas ouirregularmente ocupadas. Se houvesse a utilizao de outras fontes haveria diminuio dosrecursos necessrios e isso possibilitaria um maior atendimento.

    A descentralizao, com o envolvimento dos governos estaduais e municipais naesfera das suas atribuies, tambm contribuiria para a maior sustentabilidade dos projetosde assentamento. Esse envolvimento abrangeria instituies pblicas e privadas, entre asquais as universidades, sindicatos, cooperativas, igreja e organizaes no governamentais.

    Deveria promover-se o aperfeioamento da seleo dos beneficirios dosprojetos de assentamento, com a elaborao de um cadastro nacional dos possveisbeneficirios, adequando-se a elaborao dos projetos demanda e evitando, quandopossvel, o deslocamento dos contingentes populacionais dos seus locais de origem.

    A continuao e expanso dos programas atualmente existentes, especialmente oBanco da Terra e o PRONAF corresponderia extenso das medidas indispensveis snecessidades bsicas. No se poderia deixar de dar apoio ao cooperativismo, pesquisaagropecuria e assistncia tcnica.

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    Outro aspecto extremamente relevante a considerar a revoluo tecnolgicaprofunda que est mudando a natureza da agricultura moderna em seu processo, levantandosrias questes sobre o futuro da mo-de-obra agrcola nos pases em todo o mundo, comoressalta Jeremy Rifkin. A tecnologia est mostrando sinais que no prximo sculo,diminuir, sensivelmente, a agricultura ao ar livre, em razo dos avanos nas cincias, queconduziria a um mundo sem agricultores pois a revoluo decorrente dos ganhos deprodutividade tem tido um impacto devastador.

    Essa circunstncia, por certo, foi decisiva para Grazino da Silva falar em umareforma agrria no essencialmente agrcola. Ainda cita o mesmo autor, que segundo aPNAD, de cada trs pessoas que residiam no meio rural brasileiro, duas estavam ocupadasem atividades agropecurias e uma em outras atividades, com destaque para a prestao deservios no agrcolas, indstria de transformao, comrcio e construo civil,evidenciando o que foi chamado de urbanizao do meio rural brasileiro nos anos 80.

    A constatao da existncia de outras fontes de renda no meio rural foi efetuadapelo estudo da FAO/PNUD (1992), ao concluir que 14,67% da renda das famlias deassentados em programas de reforma agrria provem de outros trabalhos assalariados. Noso valores muito expressivos mas que apresentam tendncia ascendente.

    J o 1 PNRA, em 1985, previa a possibilidade de criao de novos empregos nosetor rural, de forma a ampliar ao mercado interno e diminuir a sub-utilizao da fora detrabalho. Isto s poderia acontecer se houvesse uma nova orientao aos instrumentos daspolticas para o meio rural direcionando para uma reforma agrria no essencialmenteagrcola. Por essa razo, o prprio Governo Federal, ao estabelecer o planejamento para areforma agrria, prope um novo mundo rural, no qual se pretende conceder estmulos amltiplas atividades geradoras de renda no campo, no necessariamente agrcolas.

    Essa a diretriz mais acertada, pois com as modificaes que esto ocorrendoem velocidade quase imperceptvel, a reforma agrria deve ter um direcionamento em que asimples atividade de explorao no seja o nico objetivo fim. Outras fontes de renda, noessencialmente agrcolas, devem ser encaradas no planejamento dos assentamentos, demodo a propiciar no apenas a sobrevivncia mas um efetivo progresso social e econmico.

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    Sumrio: