reflexões sobre o documentário "iluminados"
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Reflexões sobre o documentário "Iluminados".TRANSCRIPT
Universidade Federal Fluminense UFF
Cinema e Audiovisual
Processos de Realização em Cinema e Audiovisual
Professora: Aída Marques
Aluna: Débora Pereira Lopes Vieira
Reflexões sobre o documentário “Iluminados” dirigido por Cristina Leal
O filme “Iluminados” foi lançado em 2007 e dirigido por Cristina Leal. Ele tem uma
proposta bastante interessante, busca refletir sobre a fotografia no cinema a partir de
entrevistas com seis fotógrafos importantes do cinema brasileiro: Edgar Moura, Fernando
Duarte, Pedro Farkas, Dib Lutfi, Walter Carvalho e Mário Carneiro. As entrevistas se dão em
dois momentos, o primeiro em um ambiente próximo ao fotógrafo, íntimo, que diz das sua
vida, como a casa, ateliê, e um segundo momento em um estúdio em que eles refletem e
contam sobre a experiência de filmar a atividade proposta pela Cristina Leal. Esta oferece um
roteiro de uma cena a eles, e um cenário em um estúdio, e eles devem fotografar a sequência.
Esse filme contribui enormemente para a historia do cinema brasileiro, contada a
partir de filmes em que os seis fotógrafos participaram ou como assistente de fotografia,
fotógrafos ou operadores de câmera, e também filmes que eles consideram marcos no cinema
brasileiro e na fotografia de cinema, como “Limite”, dirigido por Mário Peixoto e fotografado
por Edgar Brasil. Durante as entrevistas os fotógrafos comentam as suas histórias no cinema,
como começaram, o primeiro filme que fotografaram, as dificuldades, as descobertas, as
conquistas, as atribuições do fotógrafo e refletem sobre o fotografar, a produção da imagem.
O fotógrafo/a de cinema é um parceiro/a do diretor/a do filme, este/a vai entregar um roteiro
para o fotógrafo com algumas indicações do que imaginou para cada cena, mas é o fotógrafo
que vai materializar essa escolha de iluminação para que o filme apresente uma luz
naturalista/realista ou que desperte outras subjetividades se essa for a intenção. Assim, o
diretor não deve delimitar muito como deve ser a luz de cada cena, ele deve dar liberdade
para que o fotógrafo possa criar e experimentar. Além disso, o fotógrafo atua lado a lado com
o diretor no momento em que está operando a câmera, filmando. O enquadramento, o que
deve estar em quadro é uma escolha do diretor, mas no momento da filmagem quem está
observando melhor o que está no quadro é o fotógrafo, pois é ele que vê diretamente pelo
visor da câmera e pode movimentar para mostrar um pouco mais a direita, a esquerda, acima
ou abaixo. Ele atua também na escolha do que está dentro de campo e do que ficará fora de
campo.
O documentário também mostra os fotógrafos em ação ao executarem o exercício
proposto, é interessante ver como cada um deles tem um jeito próprio de trabalhar, alguns
prezam mais pela perfeição técnica e já tem uma ideia prédefinida do que vão realizar, da
iluminação que será construída, outros experimentam mais, escolhem a luz a medida em que
montam a cena, dão maior liberdade para a atriz e o ator ou não, demarcam mais as posições
para que fiquem na faixa de luz correta. Alguns utilizam muitos equipamentos de suporte de
câmera, steady cam e dolly, outros dão preferência a câmera na mão. É interessante notar
também como os seis fotógrafos utilizaram iluminações diferentes entre si, fizeram filmes
bem diferentes, e essa diferente escolha de luzes influenciou bastante na narrativa, temos
então seis histórias diferentes.
Outra contribuição do documentário para o estudo da imagem, da fotografia fixa e da
fotografia para cinema é o debate da fotografia como linguagem e técnica, a técnica deve
estar a serviço da linguagem, da arte, para que possamos desenvolver diferentes narrativas, e
possamos inovar sempre. Devemos estar conscientes que muito já foi produzido de imagem
antes de nós, Walter Carvalho cita uma importante fala do fotógrafo italiano Vittorio Storaro,
que disse que quer estejamos conscientes ou não existem milênios de história da imagem que
nos antecedem. É fundamental, portanto, para os interessados em pesquisar e realizar
fotografia em cinema, e em qualquer outro campo da imagem, que estude a história da arte,
as grandes imagens que já foram feitas , que podem influenciar o nosso trabalho, servir de
referência e principalmente para que possamos compreender as imagens e saber lêlas.