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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA REFLEXÕES SOBRE O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL SAMILLA MARIA RODRIGUES PAULO RIO DE JANEIRO OUTUBRO/2016

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

REFLEXÕES SOBRE O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

SAMILLA MARIA RODRIGUES PAULO

RIO DE JANEIRO

OUTUBRO/2016

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Universidade Cândido Mendes

Pós-Graduação Lato Sensu

AVM Faculdade Integrada

Reflexões sobre o Brincar na Educação Infantil

Samilla Maria Rodrigues Paulo

Trabalho apresentado em cumprimento às

exigências para obtenção do grau de especialista

no curso de pós-graduação em Educação Infantil

e Desenvolvimento da Universidade Cândido

Mendes – AVM Faculdade Integrada.

Rio de Janeiro

Outubro/2016

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RESUMO

Esta monografia tem como tema central fazer uma reflexão sobre a importância do

brincar na educação infantil, tentando-se destacar que o brincar para as crianças é

indissociável de seu crescimento sadio, e por isso torna-se fundamental para a aprendizagem

e consequentemente para a educação infantil.

Buscamos no presente trabalho, um levantamento dos principais pensadores da

educação infantil que possuem uma ótica especial para a questão do brincar nos primeiros

anos de vida, sempre trazendo para a temática, estudos, considerações e contribuições dos

estudos de Jean Piaget, Froebel e Vygotsky. Bem como documentos brasileiros que reiteram

a questão do brincar para a vida das crianças e para seu desenvolvimento e aprendizagem.

Este trabalho serve como um material de reflexão para os profissionais da educação

infantil, repensar práticas e importância que nós docentes damos ao espaço de brincar de

nossos alunos.

Palavras- chave: brincar, brincadeira, educação infantil

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Metodologia

Acreditamos que o brincar traga benefícios progressivos para a formação global

da criança. Dentro das possibilidades do brincar, com um olhar cuidadoso e afetivo, o

estímulo cognitivo se potencializa por ser algo tão natural e inerente da criança nos anos

iniciais de vida.

Diante deste panorama, frente a necessidade de fazermos um levantamento

bibliográfico para o desenvolvimento desta pesquisa, fomos buscar nos sites Sciello,

Portal Capes e Domínio Público, as palavras-chave desta monografia: brincar,

brincadeira e educação infantil.

Segundo Minayo (2010) “nenhuma teoria, por mais bem elaborada que seja, dá

conta de explicar e interpretar todos os fenômenos e processos”. Na formação da criança

torna-se indispensável um olhar para o brincar como ferramenta para observação de

comportamentos e também como estímulo de aptidões.

A detecção de todas as publicações dentro do período de busca estabelecido,

assim como a seleção e a classificação das mesmas em termos de evidência científica

foram seguidas de forma padronizada, assegurando o rigor metodológico da presente

revisão.

Ao levantarmos os periódicos no PORTAL CAPES com BRINCAR, foram

encontrados 265 resumos, onde 9 estavam pertinentes, em parte, com o objeto de estudo

desta pesquisa. Referente a palavra EDUCAÇÃO INFANTIL, encontramos 1860

resumos. Ao cruzarmos a palavra BRINCAR com EDUCAÇÃO INFANTIL

encontramos 51 resumos, onde apenas 3 continham o recorte escolhido por esta

monografia. Por fim juntamos todas as palavras-chave desta monografia encontramos

12 resumos onde apenas um seguia o mesmo recorte desta monografia.

Nesta pesquisa usamos a revisão de algumas literaturas de Jean Piaget como

norte para o caminho do brincar na educação infantil. Esta pesquisa foi realizada no ano

de 2016.

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SUMÁRIO

Introdução..........................................................................................................................3

Capítulo 1 - O desenvolvimento infantil na perspectiva sócio-interacionista de Piaget...6

1.1 - Friedrich Froebel: o criador dos jardins de infância......................................8

1.2 - Piaget e o desenvolvimento infantil............................................................12

Capítulo 2 - Vamos brincar?............................................................................................19

2.1 – O Cognitivismo e o Brincar........................................................................20

2.2 – O Brincar: Brinquedo e Brincadeira...........................................................22

Capítulo 3 - O brincar na Educação Infantil....................................................................26

Considerações Finais.......................................................................................................31

Referências bibliográficas...............................................................................................33

Introdução

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O presente estudo aponta levantamentos sobre a relevância do brincar no

desenvolvimento das crianças. A questão central desse trabalho é constatar qual a

contribuição que o brincar traz para o desenvolvimento de uma criança aos quatro anos

à luz das contribuições de Jean Piaget e de outros pensadores da educação.

Procuramos investigar como o brincar acontece na vida das crianças e em seu

desenvolvimento e as possíveis aquisições do brincar. Acreditamos que tais

levantamentos contribuirão para conhecermos o brincar nessa perspectiva.

Sabemos que o brincar é um movimento intrínseco da criança, seja em situações

conflituosas ou não. A abordagem proposta tem a finalidade de investigar como o

brincar pode influenciar no desenvolvimento infantil. Bem como, trazer considerações

acerca das contribuições de Piaget.

Almejamos salientar a importância do brincar na infância destacando sua função

facilitadora da transição para mais altos níveis de desenvolvimento cognitivo. Isso

porque, ao brincar, a criança pode interagir com o mundo mais ou menos a sua moda.

A pesquisa proposta será de cunho qualitativo. A pesquisa qualitativa

basicamente busca entender um fenômeno específico em profundidade, ao invés de

estatísticas, regras e outras generalizações, a pesquisa qualitativa trabalha com

descrições, comparações e interpretações.

Dentro deste método realizaremos uma revisão bibliográfica, a partir de

materiais publicados em livros, artigos, dissertações e teses poderemos ter uma base

sólida para instigar professores a conhecerem mais informações. A pesquisa

bibliográfica “constitui o procedimento básico para os estudos monográficos, pelos

quais se busca o domínio do estado da arte sobre determinado tema.”.

Capítulo 1 - O desenvolvimento infantil na perspectiva sócio-interacionista de Piaget

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A primeira infância é um período fundamental no desenvolvimento cerebral, os

bebês começam a aprender sobre o mundo que os cerca assim que saem da barriga. As

primeiras experiências das crianças afetam e influenciam no seu desenvolvimento

físico, cognitivo, emocional e social.

A aprendizagem começa muito antes do início da educação formal, as

intervenções na primeira infância têm efeitos duradouros sobre a aprendizagem e a

motivação para o resto da vida. Os cinco primeiros anos de vida são de grande

importância para o desenvolvimento das crianças, que em sua maioria já freqüentam

espaços de educação infantil.

O desenvolvimento humano compreende o estudo dos aspectos afetivos,

cognitivos, sociais e biológicos de toda vida, fazendo associação com outras áreas do

conhecimento como: a biologia, antropologia, sociologia, educação, medicina etc. O

interesse pelos anos iniciais de vida dos indivíduos tem origem na história do estudo

científico do desenvolvimento humano, que se inicia com a preocupação com os

cuidados e com a educação das crianças, e com o próprio conceito de infância como um

período particular do desenvolvimento (Cole & Cole, 2004; Mahoney, 1998).

A evolução da escola e do sentimento de infância estão estreitamente ligados,

acarretando a composição das classes por idades. A instituição escolar vem marcar o

prolongamento da infância para além dos cinco primeiros anos de vida, a partir do

surgimento da escola, ocasionando ainda uma delimitação dos espaços e tempos

destinados às crianças (Ariès, 1981). A necessidade de organização do sistema escolar

também torna a infância foco de discurso e de cuidados dos especialistas, que buscam

revelar a verdade sobre a mesma. Nesse contexto, a origem da psicologia do

desenvolvimento vincula-se à classificação e mensuração de condutas, estabelecendo e

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consolidando as práticas escolares de classificação e ordenação das crianças conforme

seus desempenhos (Castro, 1998).

A partir disso Castro (1998) afirma que o processo de escolarização da infância

trouxe consigo a “infância sob medida”, num duplo sentido: em primeiro lugar, a

revelação de uma infância segundo os cânones do saber “especializado”, alinhada

dentro do balizamento psicométrico relativo às habilidades e aptidões, ou seja, uma

infância “especificada” no seu trajeto; em segundo lugar, uma infância cujo trajeto

estava especificamente prescrito e explicitado, onde algumas seqüências seriam

melhores do que outras, uma infância normatizada.

1.1 - Friedrich Froebel: o criador dos jardins de infância

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Antes de falarmos sobre as contribuições dos estudos piagetianos para o

desenvolvimento infantil temos que citar um dos pioneiros de um olhar diferencial para

o mundo da criança.

Friedrich Froebel (1782-1852) era filho de um pastor protestante, nasceu em

Oberweissbach, no sudeste da Alemanha, em 1782. Nove meses depois de seu

nascimento, sua mãe morreu. Adotado por um tio, viveu uma infância solitária, em que

se empenhou em aprender matemática e linguagem e a explorar as florestas perto de

onde morava. Após cursar informalmente algumas matérias na Universidade de Jena,

tornou-se professor e ainda jovem fez uma visita à escola do pedagogo Johann Heinrich

Pestalozzi (1746-1827), em Yverdon, na Suíça. Em 1811, foi convocado a lutar nas

guerras napoleônicas. Fundou sua primeira escola em 1816, na cidade alemã de

Griesheim. Dois anos depois, a escola foi transferida para Keilhau, onde Froebel pôs em

prática suas teorias pedagógicas. Em 1826, publicou seu livro mais importante, A

Educação do Homem.

Em seguida, foi morar na

Suíça, onde treinou professores e dirigiu um orfanato. Todas essas experiências

serviram de inspiração para que ele fundasse o primeiro jardim-de-infância, na cidade

alemã de Blankenburg. Paralelamente, administrou uma gráfica que imprimiu instruções

de brincadeiras e canções para serem aplicadas em escolas e em casa. Em 1851,

confundindo Froebel com um sobrinho esquerdista, o governo da Prússia proibiu as

atividades dos jardins-de-infância. O educador morreu no ano seguinte, mas o

banimento só foi suspenso em 1860, oito anos mais tarde. Os jardins-de-infância

rapidamente se espalharam pela Europa e nos Estados Unidos.

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Froebel foi um dos primeiros educadores a considerar a infância como fase

decisiva na formação do sujeito, foi também o fundador dos então chamados jardins de

infância. Este nome dado por Froebel pelo motivo de que a criança é como uma planta

em sua fase de formação, exigindo cuidados periódicos para que cresça de maneira

saudável.

Muitas técnicas utilizadas nos dias de hoje na sala de aula para as crianças, tem a

contribuição deste teórico, pois para ele, as brincadeiras são o primeiro recurso no

caminho da aprendizagem, não são apenas diversão, mas um modo de criar

representações do mundo concreto com a finalidade de entendê-lo. Froebel defendia que

o brinquedo é de fundamental importância na Educação Infantil, é através do uso de

brinquedos, a observação de como a criança brinca diz muito sobre seu

desenvolvimento, permitindo o treino de habilidades que elas já possuem e o

surgimento de novas. Dessa forma seria possível aos alunos exteriorizar seu mundo

interno e interiorizar as novidades vindas de fora (sendo um dos fundamentos do

aprendizado segundo Froebel).

Froebel defendia a educação sem imposições às crianças porque, segundo sua

teoria, elas passam por diferentes estágios de capacidades de aprendizado, com

características especificas, antecipando as idéias de Jean Piaget (1896-1980). Froebel

apontava três estágios: primeira infância, infância e idade escolar. Em seus escritos, ele

demonstra como a brincadeira e a fala, observadas pelo adulto, permitem aprender o

nível de desenvolvimento e a forma de relacionamento infantil com o mundo exterior.

Arce (2004) traz que esses estágios são apresentados por Froebel de forma muito

mais detalhada do que o fizera Pestalozzi. Froebel atrela a cada fase um tipo de

educação que deve respeitar as características próprias da fase. Isso fica muito claro

num dos textos dessa obra, intitulado “O homem no primeiro período da infância”. Em

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certo momento desse texto Froebel explica que, se o adulto observar, por exemplo, o

jogo e a fala de uma criança, poderá compreender o nível de desenvolvimento no qual

ela se encontra. Isso significa que a observação das atividades espontâneas da criança,

como a brincadeira e a fala, é de grande importância para o êxito da atividade educativa.

Arce (2004) também nos traz que para a realização do autoconhecimento com

liberdade, Froebel elege o jogo como seu grande instrumento, juntamente com os

brinquedos. O jogo seria um mediador nesse processo de autoconhecimento, por meio

do exercício de exteriorização e interiorização da essência divina presente em cada

criança, levando-a assim a reconhecer e aceitar a “unidade vital”. Froebel foi pioneiro

ao reconhecer no jogo a atividade pela qual a criança expressa sua visão do mundo.

Segundo Froebel o jogo seria também a principal fonte do desenvolvimento na primeira

infância, que para ele é o período mais importante da vida humana, um período que

constitui a fonte de tudo o que caracteriza o indivíduo, toda a sua personalidade. Por

isso Froebel considera a brincadeira uma atividade séria e importante para quem deseja

realmente conhecer a criança.

Brincadeira. – A brincadeira é a fase mais alta do desenvolvimento da

criança – do desenvolvimento humano neste período; pois ela é a

representação auto-ativa do interno – representação do interno, da

necessidade e do impulso internos. A brincadeira é a mais pura, a mais

espiritual atividade do homem neste estágio e, ao mesmo tempo, típica da

vida humana como um todo – da vida natural interna escondida no homem e

em todas as coisas. Por isso ela dá alegria, liberdade, contentamento,

descanso interno e externo, paz com o mundo. Ela tem a fonte de tudo o que

é bom. A criança que brinca muito com determinação auto-ativa,

perseverantemente até que a fadiga física proíba, certamente será um homem

determinado, capaz do auto-sacrifício para a promoção do bem-estar próprio

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e dos outros. Não é a expressão mais bela da vida neste momento, uma

criança brincando? – uma criança totalmente absorvida em sua brincadeira?

– uma criança que caiu no sono tão exausta pela brincadeira? Como já

indicado, a brincadeira neste período não é trivial, ela é altamente séria e de

profunda significância. Cultive-a e crie-a, oh, mãe; proteja-a e guarde-a, oh,

pai! Para a visão calma e agradável daquele que realmente conhece a

Natureza Humana, a brincadeira espontânea da criança revela o futuro da

vida interna do homem. As brincadeiras da criança são as folhas germinais

de toda a vida futura; pois o homem todo é desenvolvido e mostrado nela,

em suas disposições mais carinhosas, em suas tendências mais interiores.

(FROEBEL, 1887, p. 55-56)

Em seu livro Pedagogia dos jardins-de-infância, Froebel (1917) reforça a idéia

acima exposta ressaltando que a brincadeira é a chave para nos comunicarmos e

conhecermos a criança pequena. O autor ainda destaca que a brincadeira desenvolve as

características humanas das crianças, auxiliando meninos e meninas a encontrarem e

exercerem desde cedo o papel que lhes cabe na sociedade.

Muitas características humanas desenvolvem-se na criança pela sua

brincadeira com a boneca, porque em razão disso sua própria Natureza se

tornará, em um certo tempo, objetiva e daí reconhecível para a criança e para

os pensativos e observadores pais e babás. Daí se tornar visível mais tarde,

através da e pela diferença espiritual, a diferença de vocação e vida entre o

menino e a menina. O menino deslumbra-se com o brincar com a esfera e o

cubo como coisas separadas e opostas, enquanto a menina ao contrário

desde cedo se deslumbra com a boneca, o que intimamente une em si os

opostos da esfera e do cubo. O significado interno deste fato é que o menino

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pressente cedo e sente seu destino – comandar a e penetrar na Natureza

externa – e a menina antecipa e sente seu destino – cuidar da Natureza e da

vida. Isso aparece um pouco mais tarde. Assim como a união do esférico e

do angular é, especialmente para a garota, uma boneca, uma criança de

brincadeira, da mesma forma a régua da mãe, ou a bengala do pai são, para o

garoto, um cavalo, um cavalinho de pau. O último expressa o destino

masculino do garoto, aquele de dominar a vida; o primeiro expressa o

destino feminino da menina, de cuidar da vida. (FROEBEL, 1917, p. 93)

Deste modo Froebel (1917) já legitimava o jogo e suas variações de acordo com

a idade da criança. O professor não deve menosprezar esse aspecto, mas sim, ao

contrário, observá-lo com atenção e trabalhá-lo adequadamente, auxiliando assim o

desenvolvimento infantil.

1.2 - Piaget e o Desenvolvimento Infantil

É preciso ficar bem claro que é possível, válida e recomendável uma

utilização dos conhecimentos trazidos à luz por Piaget a respeito das

estruturas mentais que se acham presentes em cada faixa etária e do modo de

funcionamento característico dessas estruturas em cada fase do

desenvolvimento. (RAPPAPORT, 1981).

A importância de se definir os períodos de desenvolvimento da inteligência

reside no fato de que, em cada um, o indivíduo adquire novos conhecimentos ou

estratégias de sobrevivência, de compreensão e interpretação da realidade.

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Sabe-se que o conhecimento é devido às relações de troca entre o organismo e o

meio, estas são responsáveis pela construção da nossa própria capacidade de conhecer.

Quando as alterações entre organismo e meio acontecem chamamos de processo de

adaptação, com seus dois aspectos complementares: a assimilação e a acomodação.

A assimilação é a incorporação de um novo objeto ou idéia ao que já é

conhecido, ou seja, ao esquema que a criança já possui. A acomodação por

sua vez, implica na transformação que o organismo sofre pra podre lidar

com o ambiente. Assim, diante de um novo objeto ou de uma idéia, a criança

modifica seus esquemas adquiridos anteriormente, tentado adaptar-se a nova

situação. (GOULART, 2000, p.15)

Considerando que o sistema cognitivo em seu estado “normal” está em equilíbrio,

quando este passa por algum conflito produz-se construções compensatórias que

buscam um novo equilíbrio, melhor e mais elaborado do que o anterior. Ao longo da

vida, os sujeitos passam por sucessivas e inúmeras desequilibrações e reequilibrações,

onde os conhecimentos externos (e novos) são incorporados pelos conhecimentos

internos, que são incorporadas ao sistema cognitivo do sujeito.

Ao fim desse processo, Piaget denomina processo de equilibração, onde se

constrói as estruturas cognitivas que o sujeito emprega na compreensão dos objetos,

fatos e acontecimentos, que o levam a construção do conhecimento.

A teoria de Jean Piaget é conhecida pelos conceitos que o estudioso elaborou

sobre cada etapa do desenvolvimento infantil, a teoria dos estágios que muito

influenciam a educação até os dias de hoje são um norte para os educadores. Sabemos

que o desenvolvimento da inteligência tem um ritmo temporal que envolve uma ordem

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e uma sequência de estágios, onde “(...) a construção de uma nova noção suporá sempre

substratos, subestruturas anteriores e isso por regressões indefinidas” (Piaget, 1983).

Entendemos que, principalmente no âmbito educacional, as fases de cada faixa

etária (sem usá-las como parâmetro fixo e sim uma “ideia” de como decorrem os

desenvolvimentos) devem ser respeitadas de forma que cada estímulo e momento sejam

adequados. A criança necessita passar por certo número de fases caracterizadas por

idéias que adiante considerarão erradas, mas que parecem ser necessárias para o

encaminhamento às soluções finais corretas. (Piaget, 1978). Assim, “só poderá haver

vantagens em respeitar as etapas (com a condição, é claro, de conhecê-las o bastante

para avaliar sua utilidade)” (Piaget, 1978).

As considerações acima feitas justificam a equilibração como fator principal do

desenvolvimento, já que as descobertas envolvem sempre assimilação e acomodação as

estruturas cognitivas, gerando altos e baixos na construção do conhecimento.

Os estágios cognitivos expressam as etapas de construção do mundo pela

criança, de acordo com Piaget se faz necessário que as ordens de aquisições sejam

constantes. Uma ordem sucessiva (não somente cronológica) de acordo com as

experiências do sujeito. “Para Piaget, o tempo que a criança leva para atingir um

determinado nível não tem maior significação. O importante é que, independente do

tempo, a criança alcance cada uma das etapas do desenvolvimento.” (LIMA, 2000).

Outra forma de caracterizar os estágios de desenvolvimento é:

I - as estruturas elaboradas em determinada etapa devem tornar-se parte integrante das

estruturas das etapas seguintes; II - um estágio corresponde a uma estrutura de conjunto

que se caracteriza por suas leis de totalidade e não pela justaposição de propriedades

estranhas umas às outras; III - um estágio compreende, ao mesmo tempo, um nível de

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preparação e um nível de acabamento; IV - é preciso distinguir, em uma sequência de

estágios, o processo de formação e as formas de equilíbrio final.

Através dessas características que Piaget apontou quatro grandes períodos no

desenvolvimento das estruturas cognitivas, intimamente pautados no desenvolvimento

da afetividade e da socialização da criança.

Piaget divide os períodos do desenvolvimento de acordo com o aparecimento de

novas qualidades do pensamento, o que por sua vez, interfere no desenvolvimento

global onde cada período é caracterizado por aquilo que de melhor o individuo

consegue fazer nessas faixas etárias. (PIAGET, 1967)

Piaget relata que a evolução cognitiva leva à percepção da existência de outras

pessoas e à colocação de si próprio como um indivíduo entre os demais. Assim, para

Piaget, o objetivo do desenvolvimento é a socialização do pensamento, sendo a

interação com outras pessoas de importância fundamental na construção do

conhecimento e constituindo-se numa de suas forças motivadoras. (PIAGET, 1967)

A teoria cognitiva desenvolvida por Jean Piaget começa do pressuposto da

existência de continuidade entre os processos biológicos e adaptação ao meio e a

inteligência. A vida, criação contínua de formas complexas e um equilíbrio progressivo

entre essas formas e o meio. (PIAGET, 1970) A partir da estrutura anatômica e

morfológica que são levados aos sistemas de reflexos, dando aos hábitos e associações

adquiridos, origem a inteligência prática ou sensória motora. (PIAGET, 1970)

Piaget (1967) divide os períodos do desenvolvimento de acordo com o

aparecimento de novos pensamentos, que interferem no desenvolvimento global onde

cada período é caracterizado por aquilo que de melhor o individuo consegue fazer

nessas faixas etárias.

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A evolução cognitiva leva à percepção da existência de outras pessoas e à

colocação de si próprio como um indivíduo entre os demais. O período sensório-motor é

de fundamental importância para o desenvolvimento cognitivo, bem como todas as

fases expostas por Piaget, porém nesta, suas realizações formam a base de todos os

processos cognitivos do indivíduo. Segundo Lima (2000) “a criança leva

aproximadamente dois anos neste processo, terminando por construir a função semiótica

e adquirindo a linguagem.”.

No estágio Pré-Operatório ou Simbólico (2 a 6-7 anos), a criança realiza a

transição entre a inteligência propriamente sensório-motora e a inteligência

representativa. É importante lembrar que essa passagem não ocorre através de mutação

brusca, mas de transformações lentas e sucessivas.

Ao atingir o pensamento representativo a criança precisa reconstruir o objeto, o

tempo, o espaço, as categorias lógicas de classes e relações nesse novo plano da

representação. Tal reconstrução estende-se dos dois aos doze anos, abrangendo os

estágios pré-operatório e operatório concreto.

A primeira etapa dessa reconstrução, que Piaget denomina período pré-

operatório, é dominada pela representação simbólica. A criança não pensa, no sentido

estrito desse termo, mas ela vê mentalmente o que evoca. O mundo para ela não se

organiza em categorias lógicas gerais, mas distribui-se em elementos particulares,

individuais, em relação com sua experiência pessoal.

O egocentrismo intelectual é a principal forma assumida pelo pensamento da

criança neste estádio. Seu raciocínio procede por analogias, por transdução, uma vez

que lhe falta a generalidade de um verdadeiro raciocínio lógico. O advento da

capacidade de representação vai possibilitar o desenvolvimento da função simbólica,

principal aquisição deste período, que assume as suas diferentes formas — a linguagem,

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a imitação diferida, a imagem mental, o desenho, o jogo simbólico — compreendidas

como diferentes meios de expressão daquela função.

Para Piaget a passagem da inteligência sensório-motora para a inteligência

representativa se realiza pela imitação. Imitar, no sentido estrito, significa reproduzir um

modelo. Já presente no estádio sensório-motor, a imitação só vai se interiorizar na sexta

fase, quando a criança pode praticar o “faz-de-conta”, agir “como se”, por imitação

deferida ou imitação interiorizada.

Interiorizando-se a imitação, as imagens elaboram-se e tornam-se do

desenvolvimento substitutos dos objetos dados à percepção. O significante é, então,

dissociado do significado, tornando possível a elaboração do pensamento

representativo. A inteligência tem acesso, então, ao nível da representação, pela

interiorização da imitação (que, por sua vez, é favorecida pela instalação da função

simbólica).

A criança tem acesso, dessa forma, à linguagem e ao pensamento. Ela pode

elaborar, igualmente, imagens que lhe permitem, de certa forma, transportar o mundo

para a sua cabeça.

A palavra não tem ainda, para ela, o valor de um conceito; ela evoca uma

realidade particular ou seu correspondente imagístico. Tendo que reconstruir o mundo

no plano representativo, ela o reconstrói a partir de si mesma. O egocentrismo

intelectual está no auge no decurso dessa etapa. A dominação do pensamento por

imagens encerra a criança em si mesma.

O pensamento imagístico egocêntrico, característico desta fase, pode ser

observado no jogo simbólico, no qual a criança transforma o real ao sabor das

necessidades e dos desejos do momento. O real é transformado pelo pensamento

simbólico, na medida em que o jogo se desenvolve, ao sabor das exigências do desejo

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expresso no e pelo jogo. É por isso que Piaget considera o jogo simbólico como o

egocentrismo no estado puro.

Um pensamento assim dominado pelo simbolismo essencialmente particular,

pessoal e, por isso, incomunicável, não é um pensamento socializado. Ele não repousa

em conceitos, mas no que Piaget chama pré-conceitos, que são particulares, no sentido

em que evocam realidades particulares, tendo seu correlato imagístico ou simbólico

próprio à experiência, de cada criança.

A emergência da linguagem acarreta modificações importantes em aspectos

cognitivos, afetivos e sociais da criança, uma vez que ela possibilita as interações

interindividuais e fornece, principalmente, a capacidade de trabalhar com

representações para atribuir significados à realidade.

Embora o alcance do pensamento apresente transformações importantes, ele

caracteriza-se, ainda, pelo egocentrismo, uma vez que a criança não concebe uma

realidade da qual não faça parte, devido à ausência de esquemas conceituais e da lógica.

Para Piaget (1977 apud La Taille 1992) ainda há o desenvolvimento da moral,

onde "toda moral consiste num sistema de regras e a essência de toda moralidade deve

ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por estas regras". Desse modo, o

desenvolvimento da moral abrange três fases: anomia, heteronomia e autonomia.

A anomia, que compreende a faixa etária até os cinco anos, as regras são

seguidas, porém o indivíduo ainda não está mobilizado pelas relações bem x mal e sim

pelo sentido de hábito, de dever. A heteronomia, até 9, 10 anos de idade, onde as regras

não correspondem a um acordo mútuo firmado entre os jogadores, mas sim como algo

imposto pela tradição e, portanto, imutável. E, a autonomia, em que há a legitimação

das regras e a criança pensa a moral pela reciprocidade, quer seja o respeito a regras é

entendido como decorrente de acordos mútuos entre os jogadores.

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Capítulo 2 - Vamos brincar?

Ao longo dos anos o brincar passou por várias mudanças de concepção.

Trazemos em Henriot (1989) considerações sobre o brincar, inclusive sua ideia de que o

brincar é uma atividade mental, um meio de interpretar e sentir certos comportamentos

humanos. Portanto, o brincar deve ser considerado como representação e interpretação

das atividades infantis, expostas pela linguagem em determinados contextos.

O brincar, sob a ótica sociocultural, é o modo que crianças têm para interpretar e

assimilar o mundo, os objetos, a cultura, as relações e os afetos das pessoas.

Transformando-se em um espaço característico da infância, para experimentar o mundo

do adulto, sem adentrá-lo.

No dicionário Michaelis (2016), brincar é defino como:

1 Divertir-se infantilmente; entreter-se; folgar, foliar:Brincava a garotinha

com uma boneca. Os banhistas brincavam jovialmente. vint

2 Agitar-se com movimentos graciosos: As ondas como que brincavam. Vti

3 Não levar as coisas a sério; galhofar, zombar: Não brinque com assunto

tão grave. Vti

4 Divertir-se representando o papel de:Os meninos brincam de

soldados. Vti

5 Divertir-se fingindo exercer qualquer atividade: Brincar de ler. vtd

6 Ataviar, enramalhetar, ornar excessivamente:Brincou suas vestes e seu

penteado para ir ao teatro. Brincar com fogo:tratar levianamente coisas de

ponderação ou perigosas. Fazer uma coisa brincando: fazê-la com muita

facilidade. Nem brincando!: expressão de repulsa a alguma coisa que nos

dizem ou propõem por a julgarmos inconveniente.

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2.1 – O Cognitivismo e o Brincar

Ao longo de sua extensa obra, Piaget utilizou-se de jogos para investigar

diferentes questões. Piaget (1974) mostra claramente em suas obras que os jogos não

são apenas entretenimento ou distração para gastar energia das crianças, e sim

contribuições para o desenvolvimento. Para Piaget (1974) a criança se desenvolve de

forma integral nos aspectos cognitivos, afetivos, físico-motores, morais, linguisticos e

sociais.

Este processo de desenvolvimento se dá a partir do qual a criança vai

conhecendo o mundo e agindo sobre ele. Nessa interação sujeito objeto, a criança vai

assimilando determinadas informações, segundo o seu estágio de desenvolvimento.

A criança ao manifestar condutas lúdicas demonstra o nível de seu estágio

cognitivo e constrói conhecimentos, no qual o desenvolvimento cognitivo da criança

passa pelos quatro períodos.

Piaget (1974) coloca que o jogo pode ser estruturado de três formas: de

exercício, simbólico, construção e regra e, neste sentido as brincadeiras evoluem

conforme a faixa etária. De um ano e meio até dois anos, fase em que aparece a

linguagem, a atividade lúdica tem como característica essencial o exercício que consiste

em qualquer situação ou objeto colocado à sua frente, no qual a criança se exercita na

sua atividade de brincar pelo simples prazer de fazer rolar uma bola, produzir sons ou

bater com um martelo, repetindo essas ações e observando seus efeitos e resultados.

Entre os dois e os seis/sete anos aproximadamente, a atividade lúdica adquire o

caráter simbólico: a criança representa seu mundo e o símbolo serve para evocar a

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realidade. O jogo simbólico permite não só a entrada no imaginário, mas as expressões

de regras implícitas que se materializam nos temas das brincadeiras.

Piaget (1998) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades

intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa. Conforme

Piaget (1998), a primeira linguagem que a criança compreende é a linguagem do corpo,

a linguagem da ação. É por meio do corpo que a criança interage com o meio.

Piaget (1975) no jogo prepondera a assimilação, ou seja, a criança assimila no

jogo o que percebe da realidade às estruturas que já construiu e neste sentido o jogo não

é determinante nas modificações das estruturas.

Antes de qualquer análise, acreditamos que seja importante salientar alguns

conceitos, a brincadeira é um comportamento espontâneo ao realizar uma atividade. O

jogo é uma brincadeira que envolve certas regras, estipuladas pelos próprios

participantes. O brinquedo é identificado como objeto de brincadeira. A atividade lúdica

compreende todos os conceitos anteriores.

Piaget (1978), na evolução da brincadeira, distingue três tipos de estrutura em

diferentes fases do desenvolvimento: o exercício, o símbolo e a regra. No período de um

ano e meio ou dois anos, concomitante ao aparecimento da linguagem, as atividades

desenvolvidas são relacionadas ao exercício. Na fase seguinte dos dois aos seis/sete

anos as atividades lúdicas são mais simbólicas, ou seja, a criança usa de símbolos para

representar a sua realidade.

A teoria de Piaget (1978) explica de que maneira a criança encara o mundo e

como ela adquire conhecimentos e faz uso desses com objetivos e pessoas diferentes

(embora as idades possam variar de uma situação para outra, os estágios de

desenvolvimento sempre seguem ”uma ordem sucessiva fixa”.).

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Segundo Piaget (1975), os conceitos de jogo, brinquedo e brincadeira são

formados ao longo das vivências infantis, sendo o modo que cada um nomeia seu modo

de brincar.

2.2 – O Brincar: Brinquedo e Brincadeira

A brincadeira é um exercício lúdico que proporciona novas descobertas,

conhecimentos e desenvolvimento de habilidades. Nela, as crianças sociabilizam-se,

respeitam-se mutuamente e obedecerem a regras. O lúdico derivado da palavra “ludere”

em latim, segundo Huizinga (1996) tem o sentido de “simulação”, “ilusão” então

podemos dizer que, ao destacar assim o objeto lúdico, a criança está se destacando, isto

é, simulando um outro mundo só para ela. Com a brincadeira as crianças experimentam

o mundo que as rodeia. Vygotsky (1999) nos traz em seus estudos que:

Todos nós conhecemos o grande papel dos jogos para a criança, pois ela

desempenha a imitação. Com muita frequência, estes jogos são apenas um

eco do que as crianças viram e escutaram dos adultos, isso não obstante a

estes elementos da sua experiência anterior nunca se reproduzirem no jogo

de forma absolutamente igual e como acontecem na realidade. O jogo da

criança não é uma recordação simples do vivido, mas sim a transformação

criadora das impressões para a formação de uma nova realidade que

responda às exigências e inclinações da própria criança. (p.12)

Para a autora Kishimoto (1994), o brinquedo é considerado um “objeto de

suporte da brincadeira”. O brinquedo é um objeto usado para representações, a

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imaginação passa a representar o momento vivido ou impõe à criança o adentrar no

mundo real. Podemos observar isso em algumas brincadeiras como de papai e mamãe,

médico, veterinário, professora, cantor etc.

O brinquedo ganhou posição importante como instrumento facilitador da

aprendizagem e muitas práticas pedagógicas se beneficiaram deste fato. O ato de brincar

nos leva a compreensão de ser uma atividade séria para a criança.

Os jogos e os brinquedos fazem parte da vida da criança, independente de época, cultura

e classe social, pois elas vivem num mundo de fantasia, de encantamento, de alegria, de

sonhos, onde realidade e faz-de-conta se confundem.

Gomes (1993) nos aponta que “o primeiro brinquedo da criança é seu próprio

corpo, que começa a ser explorado nos primeiros meses de vida passando, em seguida, a

explorar no seu meio os objetos que produzem estimulações visuais, auditivas e

cinestésicas.”. A criança entrando em contato com o mundo através das brincadeiras,

adquire hábitos, e “todo hábito entra na vida como brincadeira” como traz Benjamin

(1984, p.75).

Vale salientar que a brincadeira das crianças não tem o mesmo significado para

o modo de brincadeira do adulto. Para o adulto, a brincadeira representa um momento

de recreação, ocupação do tempo livre, afastamento da realidade. O ato de brincar tem

para a criança um caráter sério porque é o seu trabalho, ela se empenha durante as suas

atividades do brincar da mesma maneira que se esforça para aprender a andar, a falar, a

comer etc.

No desenvolvimento das crianças está evidente a transição, de uma fase para

outra, que é a imaginação em ação. Ela precisa de tempo e de espaço para trabalhar a

construção do real pelo exercício da fantasia. (Kishimoto, 2000)

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Através do brincar a criança aprende a expressar-se mais, ouvir, respeitar e

exercer sua liderança. Zanluchi (2005) afirma que “a criança brinca daquilo que vive;

extrai sua imaginação lúdica de seu dia-a-dia.”, as crianças com o brincar estarão mais

preparadas emocionalmente para lidar com suas atitudes e emoções dentro do contexto

social.

Para Vygotsky, citado por Baquero (1998), a brincadeira, o jogo são atividades

específicas da infância, na quais a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos.

É uma atividade com contexto cultural e social. Ele relata sobre a zona de

desenvolvimento proximal que é a distância entre o nível atual de desenvolvimento,

determinado pela capacidade de resolver, independentemente, um problema, e o nível

de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema, sob a

orientação de um adulto, ou de um companheiro mais capaz.

Vygotsky (1998) defende que o jogo simbólico é como uma atividade típica da

infância e essencial ao desenvolvimento infantil, ocorrendo a partir da aquisição da

representação simbólica, impulsionada pela imitação. O jogo poderá ser considerado

uma atividade importante, pois através dele a criança cria uma zona de desenvolvimento

proximal, com funções que ainda não amadureceram, mas que se encontram em um

processo de maturação (o que a criança irá alcançar).

Ao discutir o papel do brinquedo e a brincadeira de faz-de-conta, como brincar

de casinha, brincar de escolinha, brincar com um cabo de vassoura como se fosse um

cavalinho, faz referência a outros tipos de brinquedo, mas a brincadeira faz-de-conta é

mais rica sobre o papel do brinquedo no desenvolvimento. No brinquedo, a criança

sempre se comporta além do comportamento habitual sendo ele mesmo uma grande

fonte de desenvolvimento. (Vygotsky, 1998)

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Segundo Craidy & Kaercher (2001) Vygotsky relata novamente que quando uma

criança coloca várias cadeiras uma atras da outra e diz que é um trem, constatamos que

ela já é capaz de simbolizar, esta capacidade representa um passo importante para o

desenvolvimento do pensamento da criança. Ao brincar há todo um desafio que provoca

o pensamento e leva as crianças a alcançarem níveis de desenvolvimento que só as

ações por motivações essenciais conseguem.

O brincar, por ser uma atividade livre que não inibe a fantasia, favorece o

fortalecimento da autonomia da criança e contribui para a não formação e até

quebra de estruturas defensivas. Ao brincar de que é a mãe da boneca, por

exemplo, a menina não apenas imita e se identifica com a figura materna,

mas realmente vive intensamente a situação de poder gerar filhos, e de ser

uma mãe boa, forte e confiável. (Oliveira, 2000, p. 19)

A brincadeira favorece o desenvolvimento da criança ajudando-a a internalizar

as normas sociais e a assumir comportamentos mais avançados que aqueles vivenciados

no cotidiano, aprofundando o seu conhecimento sobre as dimensões da vida social.

Assim, seguindo este estudo os processos de desenvolvimento infantil apontam que o

brincar é um importante processo psicológico, fonte de desenvolvimento e

aprendizagem.

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Capítulo 3 - O Brincar na Educação Infantil

As razões para brincar são inúmeras, sabemos que o brincar é um direito da

criança, como apresentado na ECA (Lei 8.069, de 13 de julho de 1990), que toda

criança tem o direito de viver o seu tempo de infância que é o de brincar, praticar

esportes e divertir-se. O brincar favorece a descoberta, a curiosidade, uma vez que

auxilia na concentração, na percepção, na observação.

Com a brincadeira, a criança representa o mundo em que está inserida,

transformando de acordo com as suas fantasias e vontades e com isso solucionando

problemas.

O universo escolar proporciona experiências únicas na vida de uma criança, seja

qual for sua idade por o inicio destas descobertas já começa na educação infantil. Desde

muito cedo as crianças brincam e esta é uma realidade observável nas creches e pré-

escolas.

Com o lúdico na educação infantil, o intuito é incorporar o conhecimento através

das características do conhecimento do mundo. Goés afirma que:

(...) a atividade lúdica, o jogo, o brinquedo, a brincadeira, precisam ser

melhorado, compreendidos e encontrar maior espaço para ser entendido

como educação. Na medida em que os professores compreenderem toda sua

capacidade potencial de contribuir no desenvolvimento infantil, grandes

mudanças irão acontecer na educação e nos sujeitos que estão inseridos nesse

processo. (Góes, 2008, p 37)

O brincar como recurso pedagógico, possibilita que os professores intervenham

de maneira apropriada. A incorporação de brincadeiras, jogos e brinquedos na prática

pedagógica desenvolvem diferentes atividades que contribuem para inúmeras

aprendizagens.

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Para Vygotsky (1998), o educador poderá fazer o uso de jogos, brincadeiras,

histórias e outros, para que de forma lúdica a criança seja desafiada a pensar e resolver

situações problemáticas, para que imite e recrie regras utilizadas pelo adulto.

O lúdico deve ser usado como uma estratégia de ensino e aprendizagem,

segundo Lima (2005) está relacionada ao professor que deve apropriar-se de subsídios

teóricos que consigam convencê-lo e sensibilizá-lo sobre a importância dessa atividade

para aprendizagem e para o desenvolvimento da criança. Oliveira (1997) acrescenta:

Aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire informações,

habilidades, atitudes, valores, etc. a partir de seu contato com a realidade, o

meio ambiente, as outras pessoas. É um processo que se diferencia dos

fatores inatos (a capacidade de digestão, por exemplo, que já nasce com o

indivíduo) e dos processos de maturação do organismo, independentes da

informação do ambiente (a maturação sexual, por exemplo). Em Vygotsky,

justamente por sua ênfase nos processos sócio-históricos, a idéia de

aprendizado inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no

processo. (...) o conceito em Vygotsky tem um significado mais abrangente,

sempre envolvendo interação social. (p. 35)

Ou seja, o brincar auxilia a criança no processo de aprendizagem ao

proporcionar situações que ocorrerão no desenvolvimento cognitivo. Professores e

Pedagogos têm utilizado a brincadeira na educação por ser importante na formação da

personalidade, tornando-se uma forma de construção de conhecimento. Brincar não é

apenas ter um momento reservado para deixar a criança à vontade em um espaço com

ou sem brinquedos e sim um momento que podemos ensinar e aprender muito com elas.

Gonzaga (2009) aponta:

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(...) a essência do bom professor está na habilidade de planejar metas para

aprendizagem das crianças, mediar suas experiências, auxiliar no uso das

diferentes linguagens, realizar intervenções e mudar a rota quando

necessário. Talvez, os bons professores sejam os que respeitam as crianças e

por isso levam qualidade lúdica para a sua prática pedagógica. (p. 39)

Vygotsky (1998) afirma que o jogo infantil transforma a criança, à luz da

imaginação com os objetivos produzidos socialmente, eu uso é favorecido pelo contexto

lúdico, oferecendo à criança a oportunidade de utilizar a criatividade, o domínio de si, à

firmação da personalidade.

Para Kishimoto (2002) o jogo é considerado uma atividade lúdica que tem valor

educacional, a utilização dele traz muitas vantagens para o processo de ensino

aprendizagem, o jogo é um impulso natural da criança funcionando, como um grande

motivador, é através do jogo obtém prazer e realiza um esforço espontâneo e voluntário

para atingir o objetivo, o jogo mobiliza esquemas mentais, e estimula o pensamento, a

ordenação de tempo e espaço, integra várias dimensões da personalidade, afetiva, social,

motora e cognitiva.

O papel do professor de participar e propor desafios em busca de uma solução e

de participação coletiva é necessária e conveniente no processo de ensino-

aprendizagem, além da interação social, ser indispensável para o desenvolvimento do

conhecimento.

Mesmo sabendo que o brincar é um espaço de apropriação e constituição pelas

crianças de conhecimentos e habilidades no âmbito da linguagem, da cognição de

valores e da sociabilidade, e apesar de todo aporte teórico que tem surgido sobre o tema,

afirmando a importância da brincadeira, ainda assim, encontramos ideias e práticas que

reduzem o brincar à uma atividade de menos importância no cotidiano escolar e isso se

dá à medida em que se avançam os segmentos escolares.

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De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, a

questão da ludicidade encontra-se no artigo 3°, inciso I, alínea c e diz o seguinte:

Art. 3° São as seguintes as Diretrizes Curriculares Nacionais para a

Educação Infantil:

1-As propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil devem

respeitar os seguintes fundamentos norteadores: (...)

c) os princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e de

manifestações artísticas e culturais.

E como mostra o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil

(2002)

A brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um vínculo essencial

com aquilo que é o “não brincar”. Se a brincadeira é uma ação que ocorre no

plano da imaginação, isto implica que aquele que brinca tenha o domínio da

linguagem simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver consciência da

diferença existente entre brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu

conteúdo para realizarse. Nesse sentido, para brincar é preciso apropriar-se

de elementos da realidade imediata de tal forma a atribuir-lhes novos

significados. Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da

articulação e a imitação da realidade. Toda brincadeira é uma imitação

transformada, no plano das emoções e das ideias, de uma realidade

anteriormente vivenciada. (...) A brincadeira favorece a autoestima das

crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma

criativa. Brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados

modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos. Essas significações

atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço singular de constituição

infantil. (p.27)

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Neste documento a brincadeira é considerada uma forma contribuir para a

formação da auto-estima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas

aquisições de forma criativa, transformando os conhecimentos que já possuíam em

conceitos gerais com os quais brinca. Propiciando a brincadeira cria-se um espaço na

qual as crianças podem experimentar o mundo e internalizar uma compreensão

particular sobre as pessoas, os sentimentos e os diversos conhecimentos.

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Considerações Finais

A partir da análise bibliográfica realizada, concluímos que na infância, a criança

aprende a brincar e a aprender a pensar, percebe sua realidade, sua cultura e o meio em

que está inserida. Portanto, o brincar não é apenas uma questão de diversão, mas uma

forma de educar, de construir e de se socializar.

A criança é um sujeito social e histórico, que vivencia e expressa-se de acordo

com a sociedade em que está inserida. Por isso, muito daquilo que ela socializa é

característica de sua realidade na qual muitas vezes, sua infância é desrespeitada e

colocada num lugar de esquecimento, medo e exploração. A escola que é muitas vezes

criticada, pode servir como caminho de liberdade. Liberdade de ser tratado como um ser

singular, com especificidades e diferenças que precisam ser reconhecidas e respeitadas

dentro dos tempos e dos espaços em que se encontram. Muitos são os desafios que a

educação precisa enfrentar e um deles é fazer com que a criança seja reconhecida como

sujeito de direitos, cidadã. É necessário assegurar à criança condições para o seu

desenvolvimento, não só na lei, mas na prática onde o direito de brincar seja

legitimamente reconhecido assim como o seu tempo e o seu espaço sejam respeitados e

ganhem também sua devida importância.

Pudemos verificar que a ludicidade, as brincadeiras, os brinquedos e os jogos

são meios que a criança utiliza para se relacionar com o ambiente físico e social de onde

vive despertando sua curiosidade e ampliando seus conhecimentos e suas habilidades,

nos aspectos físico, social, cultural, afetivo, emocional e cognitivo, e assim, temos os

fundamentos teóricos para deduzirmos a importância que deve ser dada à experiência da

educação infantil. Acreditamos então, que é importante e necessário garantir todos os

tipos de recursos que assegurem o brincar dentro das escolas de educação infantil.

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O brincar é o caminho da aprendizagem na infância e os professores devem ser

os primeiros profissionais na sociedade a reconhecer a brincadeira como um direito da

criança.

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