reflexões sobre musicoterapia e dependência química
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REFLEXÕES SOBRE MUSICOTERAPIA E DEPENDÊNCIA QUÍMICA:
ATENDIMENTOS MUSICOTERAPÊUTICOS SOB O VIÉS DA PSICOLOGIA
ANALÍTICA EM CAPS AD
Thereza Christina Accioly1
RESUMO
Esse artigo traz reflexões teóricas, sob o viés da Psicologia Analítica a partir da práticaclínica musicoterapêutica com dependentes químicos, usuários da rede de serviços
públicos em Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (CAPS AD) nosmunicípios de Curitiba e Campo Largo no estado do Paraná. Buscou-se assim obter umamelhor compreensão da dinâmica psíquica desses sujeitos e também as possíveisrelações dessa teoria com a prática musicoterapêutica.
PALAVRAS-CHAVE: Musicoterapia; Psicologia Analítica; Alquimia; Dependênciaquímica.
1 Graduada em Musicoterapia pela Faculdade de Artes do Paraná com Especialização em
Psicologia Analítica pela PUC-PR; formada pelo Instituto Incorporarte do Rio de Janeiro em Arteterapia; Terapeuta de Florais da Amazônia.
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INTRODUÇÃO
Esse artigo nasceu da minha monografia no curso de Especialização em
Psicologia Analítica, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, no ano de 2014,
“Dependência Química- Uma Solutio”. Posteriormente, da reflexão sobre a prática
clínica musicoterapêutica com dependentes químicos e as possíveis relações desta com
a Psicologia Analítica e Alquimia.
A Psicologia Analítica, por trabalhar com o indivíduo como um todo, com a raiz
dos sintomas e não somente com a eliminação destes, portanto por trabalhar justo com a
complexidade do ser humano, pode oferecer uma possibilidade de contribuir no
tratamento da dependência química.
Jung desde que iniciou seus estudos sobre a alquimia, percebeu a similaridade
que esta tem com os postulados da psicologia analítica. Ele reconheceu as suas próprias
experiências e avistou uma psicologia do inconsciente. Segundo suas próprias palavras
“... tudo encontrou seu lugar ...” (JUNG, 1991, OC XII, §345). Para Jung, os
procedimentos alquímicos podem sim, ilustrar todo processo de individuação.
Segundo EDINGER (1990), podemos afirmar que “as imagens alquímicas
descrevem o processo da psicoterapia profunda” (p.21) que é para Jung o processo de
individuação. Esse mesmo autor afirma que o valor da alquimia para a psicoterapia é
que as imagens alquímicas concretizam as experiências de transformação pelas quais
passamos na psicoterapia. Edinger explica que as imagens alquímicas se equiparam aos
componentes arquetípicos do ego.
Alquimia tem o significado e sentido de transformação; processo de
transformação, que acontece ao tempo de “algo maior”; que não é o tempo egóico.
A Musicoterapia enquanto espaço e processo terapêutico para os sujeitos pode
ser definida, segundo Millecco Filho, Brandão, Millecco (2001) como “uma terapia
auto-expressiva, que estimula o potencial criativo e a ampliação da capacidade
comunicativa, mobilizando aspectos biológicos, psicológicos e culturais” (p.80). Para
os mesmos autores a música, material de trabalho do Musicoterapeuta, em função
daquilo que pode promover, facilitar e alcançar, atua como “reveladora e restauradora
da alma”.
Na prática clínica Musicoterapêutica, dentro da abordagem Músico-verbal
(MILLECCO FILHO, BRANDÃO, MILLECCO 2001), o trabalho com o canto, o
cantar, as canções, possibilita a expressão do mundo interno, subjetivo dos sujeitos ondesegundo os autores, as emoções têm nuances. O canto se torna um poderoso instrumento
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no contexto musicoterapêutico, pois aciona, naquele que canta a expressividade e
quando este está no lugar de ouvinte pode associar imagens e sentimentos àquilo que
está ouvindo. Durante a movimentação musical que ocorre nos atendimentos
musicoterapêuticos, é possível observar o que os autores citados acima referem e além
disso, quase sempre uma transformação imediata de humor. Quando ouvimos uma
canção, portanto, não estamos apenas gostando dela, mas estamos sendo tomados por
ela física e psiquicamente, de maneira tão intensa que não podemos deixar de ouvi-la
(Tatit, 1987) ou cantá-la.
Sendo os atendimentos musicoterapêuticos espaço de movimentação interna e
transformação, é possível se fazer relação com o processo transformativo descrito
milenarmente pela alquimia. A reflexão aqui é no sentido de buscar maior compreensão
da prática clínica musicoterapêutica para assim melhor atender e ajudar os que sofrem
com a complexa doença da dependência química.
DESENVOLVIMENTO
Para a Psicologia Analítica ou Psicologia Profunda, o uso abusivo de substâncias
ilícitas, não pode ser considerado um fenômeno estritamente biológico. Mas é sim de
grande complexidade e envolve no mínimo três elementos: a substância, o indivíduo e o
contexto sociocultural onde ocorre o encontro deste indivíduo e a substância utilizada
(SILVEIRA FILHO,1995).
Segundo vários autores da Psicologia Analítica, o consumo e utilização de
substâncias psicoativas sempre existiu desde as épocas mais remotas da humanidade.
Desde a antiguidade o emprego de substancias químicas que alteram o estado de
consciência, foram e são empregadas em diversas culturas e religiões. Quase todas,
senão todas as civilizações, tem em seus registros históricos, rituais onde eram
utilizadas substâncias psicoativas com a finalidade de curar, transcender, trazer ao grupoesperança de vida. Bem como, acredito, sempre existiu um consumo que excedia o
ritual estabelecido religiosa ou culturalmente como transformador. Ou seja, podemos
crer que a drogadição sempre tenha existido, que sempre tenha existido aquele
indivíduo que se tornou dependente de uma química.
Zoja (1992) faz uma relação da dependência química com a necessidade de
rituais iniciativos, abandonados e perdidos na nossa cultura. Para esse autor, a psique
tem uma necessidade de vivenciar rituais iniciativos tão amplamente experiênciados nasculturas primitivas. Esses rituais teriam a função de promover a demarcação de
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passagens importantes e necessárias no desenvolvimento e manutenção da psique. Em
muitas dessas culturas primitivas (e ainda em algumas atualmente) as drogas, ou
substâncias alucinógenas são utilizadas em rituais de iniciação, para marcar a morte de
uma fase e o renascimento de uma fase nova onde o indivíduo se torna um outro,
melhor, mais forte, regenerado. A morte deve desembocar em um renascimento.
Para Zoja (1992), essa experiência de vida-morte vivida tão intensamente pelos
dependentes químicos, seria uma busca inconsciente por iniciação, porém no caso do
dependente químico seria uma iniciação invertida, porque tem no renascimento (com o
uso de drogas) a experiência inicial e a morte como experiência final (o que pode
acontecer com o decorrer do uso abusivo de substâncias químicas). Para esse autor, em
nossa sociedade consumista e carente de rituais de morte, o uso abusivo de substancias
psicoativas se torna banalizado e por isso um ritual iniciático as avessas.
Para Loureiro e Vianna (2006), o que acontece na realidade, é que apesar de
inconscientemente estar ocorrendo uma tentativa do indivíduo de se transformar, de
passar por um ritual iniciático de morte- renascimento, buscando uma ampliação da
personalidade, o que de fato acontece é um envenenamento do corpo e da mente, onde o
consciente não tem como incorporar essa experiência iniciática como nas culturas
primitivas. Isso ocorre porque no caso da dependência química, embora exista a
possibilidade de morte real, o que move os dependentes não é um sentido de
transformação interior efetiva, mas sim, por vezes o prazer e outras para sedar-se diante
de seu próprio modo de vida.
Ao contrário da vivência da morte em um ritual iniciático das culturas
primitivas, onde a morte era enfrentada e assim exigido do indivíduo uma morte
psíquica, no dependente químico a morte é sofrida passivamente. E ainda quem está
consciente dessa autodestruição está contaminado pelo arquétipo do herói negativo
(ZOJA,1992).Segundo Loureiro e Vianna (2006), mesmo no consumo excessivo da droga, por
conta da busca pelo prazer proporcionado pela substância, não é possível explicar ou
identificar claramente a intenção de morte, mas ao contrário, o que o indivíduo coloca é
que a morte seria viver sem a droga. Para esses autores, a possibilidade de morte, não é
anunciada ou premeditada, mas é suscitada paradoxalmente por uma busca excessiva de
vida (LOUREIRO E VIANNA, 2006, p.29).
De qualquer forma, baseada nos autores citados, pode-se pensar que, apesar detodo avanço e desenvolvimento nas áreas da ciência e tecnologia, conquistados pela
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nossa sociedade, e no que todo esse sistema próspero e “iluminado” nos oferece, ainda
estamos influenciados pela “noite interior”.
O ficar em estado de torpor ou fantasioso ainda são recursos adotados por nós
numa esperança de através deles nos reinventarmos e fugirmos do que somos de fato. A
morte concreta aponta para nossa finitude e fala de nossa fragilidade do quanto nada é
eterno e essa verdade tão temida, nas dependências químicas é o que se pretende
renunciar (LOUREIRO e VIANNA,2006).
Na Alquimia o processo de morte pode corresponder a uma etapa na
transformação do produto, qual nos ritos iniciáticos. É a morte de um estado para outro.
A drogadição envolve este desejo de passagem de um estado para outro, portanto
envolve morte, só que muitas vezes, literal. Possivelmente uma analogia da drogadição
com o processo alquímico possa trazer alguma luz sobre sua dinâmica.
Segundo Hillman (2010), a “alquimia é a arte da transformação; almeja atingir
o coração das coisas” (p.7). Ainda seguindo o pensamento desse mesmo autor, a
alquimia tem como fundamento a transformação, a transmutação, a mudança. E, bem
por essa característica fundamental, é que se presta a uma metáfora perfeita para o
trabalho que ocorre na psique e também na psicoterapia e/ou musicoterapia.
A busca pela droga, conforme os diversos autores, esconde em seu bojo uma
busca por transformação, por reconhecimento, por individualidade, por transcender uma
existência sem significado. Mas ao que ela leva é o oposto de seu desejo intrínseco -
acaba transformando a vida em uma inconsciência ainda maior do que a inicial. Seria
uma alquimia que não se efetiva? Seria um estágio que se for trabalhado conduz à uma
alquimia? Considerando que os sintomas, e a drogadição pode ser vista como tal, são
expressão do desejo da psique por mudança. Por trabalho alquímico, não podemos
esquecer que os alquimistas trabalhavam em seus laboratórios, manejando o fogo e os
vasos nos quais a matéria precisava ser colocada – portanto, este anseio por mudança precisaria de direcionamento.
No trabalho alquímico de transformação da matéria prima em ouro, esta passa
por estágios, fases que podemos relacionar com os estados da alma, de humor de uma
pessoa. Para a obra alquímica é necessário um receptáculo que contenha e separe os
materiais para a transformação, chamado vaso. Segundo Hillman (2011), os vasos na
alquimia “tanto contêm quanto separam” (p.59). E ainda, a importância do vaso
segundo esse autor, está em que ele dá forma e limite, torna específico e reconhecidoaquilo com o que precisamos lidar. Para Hillman, como não é possível lidar com todo
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nosso conteúdo interno, este precisa estar separado, contido, com uma forma
reconhecível.
Sendo assim, podemos estabelecer uma semelhança entre o laboratório
alquímico e seu trabalhar a alquimia e os atendimentos musicoterapêuticos. Os
atendimentos em grupo ou individuais como sendo o vaso alquímico, que contem,
estrutura, limita. Esse “Vaso Musicoterapeutico” oferece a possibilidade de expressão
dos conteúdos, emoções e sentimentos dos sujeitos de forma segura, estruturante e clara.
Isto por si só produz alívio de tensões, prazer e ainda insights a respeito de si mesmo e
de sua vida.
Na avaliação de alguns dos profissionais com quem trabalhei ao longo dos
últimos anos, isso pôde ser testemunhado:
“A musicoterapia no tratamento de pessoas com sofrimento decorrente de
transtorno mental, dependência de álcool e outras drogas, os quais frequentam os serviços Caps propiciou um espaço diferenciado de ressignificação de suas histórias eexpressividade emocional de modo leve, mas com profundidade. A música acessaemoções e traz à tona conteúdos e vivências, fazendo um resgate do sujeito. Os grupostrouxeram luz a algumas questões e reflexões que beneficiaram o tratamento como umtodo. Os pacientes se engajavam e na atividade e soltando a voz, redescobrindo suas potencialidades e dando vazão aos seus sentimentos. Isto tanto ficou presente que
nomearam o grupo “Quem canta seus males espanta”. Espaço privilegiado eagradável!!! Como sentimos saudad es desse trabalho! ” (Marianne Bonato, psicóloga ecoordenadora dos CAPS de Campo Largo-PR).
“A musicoterapia no trabalho em centros de reabilitação psicossocial é umdiferencial no processo de tratamento dos usuários, rompendo com tratamentoshomogênicos e convencionais na psiquiatria. Especificamente no âmbito do tratamentoa pessoas que possuem problemas relacionados a álcool e outras drogas, amusicoterapia compõem o processo de reabilitação resinificando a vida do sujeito,ressaltando suas habilidades e potencialidades, além de trabalhar de maneiraterapêutica questões internas que o sujeito muitas vezes não traz pela fala, ou questõesdo inconsciente. A expressão, o envolvimento no grupo, na música, o foco no sujeito enão na doença vai diretamente ao encontro da reabilitação psicossocial, do fomento a
saúde, autonomia, qualidade de vida e cidadania. ” (Gabrielle Wendeel dos Santos,terapeuta ocupacional e hoje coordenadora do CAPS Ad III Cajurú em Curitiba-PR)
“Foi um prazer estupendo trabalhar com a Musicoterapeuta Chris no Caps TMe AD de CAMPO LARGO/PR, onde realizávamos ações conjuntas. Sempre observeieste processo de intervenção terapêutica de forma muito positiva, pois os resultados foram eficazes. Os pacientes se beneficiavam com a forma que esta profissionalabordava, sempre de maneira empática e motivada. Isto auxiliava os usuários do serviço e atendia suas demandas. Chris fazia música com eles e trazia composições,improvisações e recriações, esta peculiaridade faz toda diferença, Essas intervençõesauxiliavam o paciente a refletir sobre si, sobre suas escolhas e sobre sua vida, poisera perceptível a maneira técnica e comprometida que esta profissional acolhia
musicalmente os pacientes, sempre focada em suas demandas e em suas histórias devida”. (Jean Sanches, assistente social no CAPS TM e Ad II em Campo Largo- PR)
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Diane Austin (2008) afirma que nossa voz é o primeiro instrumento na
musicoterapia, nossa voz é nosso próprio corpo, é o instrumento com o qual nascemos e
que faz parte de nossa identidade. Apesar da pouca bibliografia relativa aos benefícios
psíquico, emocional, psicológico e espiritual, quando fazemos uso da voz e do canto em
terapia, é possível constatar mudanças, transformações nessas áreas, pois a voz é uma
forma de comunicar e expressar a nós mesmos, criando rituais de comunhão, desde os
tempos antigos. Nesse ponto é de fato impressionante o que o cantar a “sua canção”
produz no sujeito da experiência musical.
É possível ainda, observar no “Vaso Musicoterapeutico”, que a questão de o
participante escolher as SUAS canções, mesmo que com o auxílio da pasta de
repertório, faz com que memórias, sentimentos e emoções sejam ativados e fortalece osentido de existência, de SER e ESTAR no mundo, independente da sua situação atual
ser a de tratamento e/ou crise. É possível perceber em suas reações corporais e
emocionais a satisfação e contentamento em estarem cantando as suas canções.
Desenvolve e fortalece o sentido de valoração, aceitação e pertencimento desse sujeito.
O canto se torna importante porque a voz é o meio mais natural e espontâneo de
se fazer música, já que ela é o corpo humano (KARAM, 2009). A voz é única, com um
timbre próprio, que é um dos aspectos de sua “identidade sonora”. Trabalhar com a vozcantada é também tomar consciência de si mesmo, de suas dimensões corporais e de
suas ações. Como afirma Karam (2009), “o canto é uma expressão muito íntima da
pessoa e através dele a pessoa tem possibilidade de se perceber”. E além de se
perceber, se reconhecer, se descobrir, se aceitar e se integrar consigo mesma.
No trabalho de cantar a sua canção com o continente do grupo e a voz do
Musicoterapeuta como apoio, pôde-se notar não só a mudança vocal, mas de ânimo,
humor e emoção. O “Vaso Musicoterapêutico” regulando o calor para que toda
substância possa ser movimentada e transformada.
Um usuário do serviço Caps TM e Ad de Campo Largo- PR disse: “ A
musicoterapia me trouxe mais ânimo e força de expressar o que sinto no meu íntimo.
Quero dizer mais: a música me lembra do grupo Unidos da Sucata em São Paulo.
Dançar e cantar lava a alma porque o corpo fala”. Podemos notar no seu depoimento
que a Musicoterapia não só trouxe o alívio de tensões (já que passou a conseguir
expressar o que estava reprimido no seu mundo interno), como ativou memórias de
momentos importantes e felizes vivenciados por ele, promoveu mais confiança e
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completa que ao respirar profundamente para sustentar os tons que criamos, nosso
coração bate desacelerado e nosso sistema nervoso está calmo. Essas vibrações
produzidas enquanto cantamos, nutrem o corpo e massageiam nosso interior quebrando
e liberando os bloqueios de energia, sentimentos e permitem um “fluir natural de
vitalidade” e um estado de equilíbrio retornará ao corpo.
Para Austin (2008) “esses beneficios são particularmente relevante aos clientes
que tem áreas no corpo congeladas, anestesiadas que envolvem uma experiencia
traumática”. A autora afirma que cantar é uma forma de expressar aquilo que é
inexpressível e que pode produzir uma catarse por causa da liberação de emoção que
aparce pelo efeito da música, letra e das memórias acionadas nas associações feitas com
a canção.
Podemos então concluir que a música e especificamente o trabalho com a voz
dentro de um “Vaso Musicoterapêutico”, poderá facilitar o profundo processo de entrar
em contato com o self (si mesmo). Jung afirmou que “a música atinge um material
arquetípico profundo que nós podemos atingir, somente algumas vezes, no nosso
trabalho analítico com pacientes” (AUSTIN apud BARCELLOS, 1999 p.77).
A canção “Tente outra vez” do Raul Seixas é a mais pedida pelos pacientes no
trabalho Musicoterapêutico com dependentes químicos. A letra toda expressa o desejo
deles, consciente, de mudança de vida, de transformação, de ser alguém!!!
REFERÊNCIAS
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Especialização em Psicologia Analítica na Pontifícia Universidade Católica do Paraná,
Curitiba; 2014.
ACCIOLY T.C. Reflexões sobre a utilização das canções em processos
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Philadelphia: Jessica Kingsley Publishers, 2008.
BARCELLOS, L. R. M. Musicoterapia: Transferência, Contratransferência e
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EDINGER F. E Anatomia da Psique: O Simbolismo Alquímico na Psicoterapia São
Paulo: Editora Cultrix, 2006.HILLMAN J. Psicologia Alquímica Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2011.
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KARAM J. H. Voz em Musicoterapia – Contribuições do canto na prática
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MILLECCO FILHO; MILLECCO; BRANDÃO É preciso cantar: Musicoterapia,
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SCHAPIRA, D. Musicoterapia Abordagem Plurimodal. Argentina: ADIM Ediciones,2007.
TATIT, L. A canção. São Paulo; Atual, 1987.ZOJA L. Nascer não Basta São Paulo: Axis Mundi, 1992.