reflexÕes sobre a crianÇa hiperativa: famÍlia e … · e pode afetar a aprendizagem escolar da...

58
CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DAIANA TEREZA DA SILVA REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E ESCOLA São José 2009

Upload: hahuong

Post on 07-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ

DAIANA TEREZA DA SILVA

REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E ESCOLA

São José

2009

Page 2: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

DAIANA TEREZA DA SILVA

REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E ESCOLA

Relatório apresentado como requisito à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso de Pedagogia pelo Centro Universitário Municipal de São José.

Professora Orientadora: MSc. Izabel Cristina Feijó de Andrade.

São José

2009

Page 3: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

DAIANA TEREZA DA SILVA

REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E ESCOLA

Trabalho de Conclusão de Curso elaborado com requisito final para a aprovação no Curso de Pedagogia do Centro Universitário Municipal de São José – USJ.

Avaliado no dia 11 do mês de dezembro do ano de 2009 por:

Prof. MSc. Izabel Cristina Feijó de Andrade

Orientadora

Prof. Dra. Jaqueline Aparecida Martins Zarbato Schmitt

Membro Examinador

Prof. MSc. Marli Lúcia Lisboa

Membro Examinador

Page 4: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

Como é por dentro outra pessoa

Quem é que o saberá sonhar?

A alma de outrem é outro universo

Com que não há comunicação possível,

Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma

Senão da nossa;

As dos outros são olhares,

São gestos, são palavras,

Com a suposição de qualquer semelhança

No fundo.

Fernando Pessoa

Page 5: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

RESUMO

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDA/H) pode ser considerado, nos dias atuais, a dificuldade mais frequente apresentada na infância. Este transtorno é caracterizado pela falta de atenção, a hiperatividade e a impulsividade, e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as relações sociais vivenciadas na escola e na família. O objetivo geral deste estudo é conhecer o impacto que a hiperatividade exerce sobre as famílias e em especial nas mães, buscando relacionar também a integração família-escola frente a esta questão. A metodologia de pesquisa buscou investigar o estresse em doze mães de crianças com TDA/H e as estratégias utilizadas por elas para lidar com os problemas dos filhos, que frequentam uma escola da rede particular de ensino de São José – SC e possuem entre seis a doze anos de idade. Os instrumentos utilizados para a coleta dos dados foram o “Inventário de Coping Parental” e o “Questionário de Estresse para Pais”. A partir das informações obtidas, foi possível perceber que o comportamento hiperativo pode afetar no desenvolvimento cognitivo, social e afetivo da criança. Observou-se também, que as mães podem apresentar um desgaste físico e psicológico, pelo fato de que na maioria das vezes, são elas que passam mais tempo com a criança, além de enfrentarem problemas na relação conjugal, de auto-estima e um nível significativo de estresse. Desta forma, fica evidente a importância da integração entre os membros da família e da relação família-escola para o desenvolvimento da criança hiperativa em todos os aspectos e a diminuição dos problemas enfrentados por todos que com ela convive.

Palavras-chave: Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. Criança. Família. Mães. Escola.

Page 6: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

SUMÁRIO

I INTRODUÇÃO ..........................................................................................................1

II METODOLOGIA ......................................................................................................6

REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E ESCOLA .................8

1 – Conhecendo a hiperatividade .........................................................................8

2 – A criança hiperativa e a família ....................................................................15

3 – A criança hiperativa e a relação família-escola...........................................23

IV DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS..............................................................28

4.1 Inventário de Coping Parental ......................................................................29

4.2 Questionário de estresse para pais .............................................................37

V CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................41

VI REFERÊNCIAS ....................................................................................................43

VII ANEXOS..............................................................................................................47

Page 7: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

1

I INTRODUÇÃO

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDA/H) é um dos

problemas mais atuais, que vem afetando muitas crianças. “Estima-se que a

hiperatividade na idade pré-escolar esteja na faixa dos 10%, na idade escolar em 4-

5% das crianças, e em 10% no grupo dos adolescentes” (TOPCZEWSKI, 1999, p.

23). Com base nesses dados, é “provável a existência de 1 a 3 crianças “hiperativas”

em uma classe regular” (ORJALES, 2007, p. 295).

A hiperatividade pode trazer para a vida cotidiana da criança dificuldades em

casa e na escola, tais como: problemas de concentração, desatenção e

impulsividade. Essas características costumam repercutir de maneira adversa no

desempenho escolar, na capacidade cognitiva e nas interações sociais. (HALPERN

E RODHE, 2004).

As dificuldades encontradas pelas crianças hiperativas, muitas vezes, podem

ser confundidas e encaradas como indisciplina, em que a criança é considerada sem

limites e desrespeitosa perante as regras. Porém, os comportamentos que

apresentam, não são propositais. Elas enfrentam dificuldades verdadeiras em se

adequar socialmente da forma considerada correta, por isso precisam de ajuda e

apoio, pois acima de tudo, são sujeitos de direitos.

A criança hiperativa pode ser considerada um desafio para todas as pessoas

que convivem com ela, como os professores, os amigos, e principalmente para a

família, e dentro deste ambiente familiar, as mães ainda detém o maior cuidado.

Desta forma, elas podem acabar sendo afetadas pelo transtorno. A família é a

primeira instituição na qual a criança está inserida desde o nascimento, por isso, é

possível perceber a importância, assim como, a influência dos familiares no

desenvolvimento e crescimento de qualquer criança, seja qual for a idade.

A Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996, a qual estabelece as Diretrizes e

Bases da Educação Nacional, em seu Artigo 2º diz que:

A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Page 8: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

2

Considera-se que “as relações entre a escola e a família, além de supostos

ideais comuns, baseiam-se na divisão do trabalho de educação de crianças e

jovens, e envolvem expectativas recíprocas” (CARVALHO, 2004, p. 01). Desta

forma, a interação entre a comunidade familiar e a comunidade escolar se torna

indiscutível para qualquer criança, e não deixará de ser no caso de crianças

hiperativas.

Assim como a família, a escola também tem papel fundamental no processo

de desenvolvimento da criança, por isso é necessário que seja realizado um trabalho

em conjunto entre a escola e a família, principalmente quando se trata de crianças

TDA/H. A parceria entre essas instituições pode promover uma melhor interação

com a criança e o conhecimento de suas dificuldades e possibilidades, podendo

beneficiar a criança, e consequentemente todo o meio em que ela vive.

A escola e os profissionais que nela trabalham, precisam estar preparados

para lidarem com este transtorno. É preciso ter conhecimento sobre suas

características e manifestações, além da busca permanente por alternativas que

otimizem o relacionamento entre o meio em que a criança está inserida e também a

aquisição e a apropriação do saber, pois “o acesso ao conhecimento a às diferentes

fontes de sua produção deve ser garantido a todos os alunos, fazendo-se as

adaptações necessárias, de acordo com as características de cada um” (REIS,

2006, p. 86).

Voltando o olhar para as famílias, percebe-se que estas acabam sendo

afetadas, especialmente as mães (TAYLOR apud BELLÉ, 2007), pois tendem a ser

“acusadas” pela falta de controle sobre o comportamento disruptivo dos filhos

(BARKLEY, 2002). Desta forma, pode-se dizer que na relação mãe-filho hiperativo,

existe indícios de que é um momento estressor para as mães. (BARKLEY, 2002;

TAYLOR, apud BELLÉ, 2007).

A família deve ser a primeira a ajudar a criança hiperativa, deve conhecer os

obstáculos que ela se depara, aprendendo a melhor maneira de lidar com ela. A

busca por orientação, estratégias para melhorar o convívio em casa, na instituição

escolar e na comunidade, devem ser primordiais dentro do grupo familiar.

Embora possam ser encontradas pesquisas que investiguem aspectos

etiológicos e abordagens terapêuticas para a hiperatividade, há poucos estudos que

se dedicam a investigar o impacto deste transtorno sobre as mães em relação ao

estresse e a adaptação psicossocial (JONES & PASSEY; RASHAP apud BELLÉ,

Page 9: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

3

2007), bem como, poucos são os estudos que dissertam acerca das crianças

hiperativas e as escolas, como também a importância do trabalho compartilhado

entre escola e família da criança hiperativa.

Através de uma busca de referenciais no formato on-line, foi possível

encontrar alguns estudos que contribuíram para as reflexões deste trabalho. No site

Scientific Electronic Library Online, mais conhecido como SCIELO, utilizando-se

para a busca, as palavras-chaves: “hiperatividade”, “hiperatividade e escola” e

“hiperatividade e família”, teve-se acesso a artigos que tratavam sobre a

hiperatividade e o desempenho escolar, conflitos conjugais entre pais de hiperativos,

as relações familiares de crianças hiperativas, relação entre a família da criança com

o transtorno e a escola. Desta forma, foi possível encontrar cinco artigos

relacionados com o tema em questão: (ARAÚJO, MATTOS E PASTURA, 2005)

(BORGES, COUTINHO, FORTES, MATTOS E SCHMITZ, 2009), (CALIMAM, 2008),

(GUILHERME, MATTOS, REGALLA E SERRA-PINHEIRO, 2007) e (HALPERN E

ROHDE, 2004). Foram encontrados também, outros artigos que tratavam de

questões clínicas e terapêuticas e aspectos relacionados à comorbidades.

Em outro site, chamado Domínio Público, ao fazer a busca através das

palavras-chave: “hiperatividade” e “transtorno de déficit de atenção”, obteve-se

acesso a outros trabalhos que dissertavam sobre a hiperatividade em adultos, a

associação de genes e ao tratamento medicamentoso. Sobre o tema pesquisado,

foram encontrados seis trabalhos: (ANDRADE, 2006), (BELLÉ, 2007), (KUNRATH,

2006), (REIS, 2006), (RIBEIRO, 2008) e (TUCHTENHAGEN, 2007).

Em relação a materiais bibliográficos, mais especificamente, a livros, foram

encontradas muitas referências que falavam sobre a Hiperatividade, as quais

incluíam abordagens escolares e familiares, além de apresentarem as

características e implicações do transtorno. Dentre os autores, podem ser citados:

(BARKLEY, 2002), (CYPEL, 2000), (GOLDSTEIN E GOLDSTEIN, 2003), (JONES,

2004), (ORJALES, 2007), (SILVA, 2003), (TOPCZEWSKI, 1999).

Sendo assim, serão utilizados no decorrer deste estudo, os referenciais acima

citados, para que se possa refletir um pouco mais a respeito da temática do

Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade e seu impacto na família, e

principalmente nas mães das crianças com este diagnóstico.

Entre as razões que justificam a realização deste estudo, pode-se destacar:

Page 10: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

4

1. As mães ainda assumem mais responsabilidade nos cuidados dos filhos,

podendo haver sobrecarga (WAGNER, PREDEBOM, MOSMANN & VERZA,

2005),

2. Os prejuízos à saúde mental das mães, decorrentes desta sobrecarga,

podem comprometer o seu envolvimento positivo com o filho (KASHDAN E

COLS apud BELLÉ, 2007).

3. “As crianças hiperativas vêm vivenciando crescentes problemas na escola

nos últimos 20 anos” (GOLDSTEIN E GOLDSTEIN, 2003, p. 110), estes podem

refletir-se também nas famílias.

O estudo deste tema pretende trazer uma contribuição para a Academia,

despertando em outros acadêmicos o interesse em realizar novas pesquisas em

busca de outras indagações e possibilidades sobre o assunto. Além de ser uma

forma de legitimar o conhecimento, os resultados desse estudo podem, também, se

estender à sociedade, de forma a colaborar com o esclarecimento de suas dúvidas e

dificuldades em relação à hiperatividade, contribuindo assim, para uma melhor

compreensão dos problemas que as crianças hiperativas enfrentam diariamente,

sejam na família ou na escola.

As crianças hiperativas necessitam de apoio e consideração por parte de

todas as pessoas que convivem com ela. São crianças geralmente bastante

inteligentes e curiosas, mas que não conseguem se concentrar e controlar seu

comportamento impulsivo. A família, assim como os membros da escola, precisam

ter paciência, tranquilidade e compreensão dos desafios que essas crianças

enfrentam, para que possam oferecer o apoio e o auxílio que elas tanto necessitam.

Percebe-se que nos dias de hoje, a figura feminina representada pela mãe,

ainda detém a maior parte das responsabilidades e cuidados com os filhos. De

maneira geral, é a mãe que leva para a escola, que vai às reuniões, que ajuda nas

lições de casa, que leva para passear, enfim, que passa mais tempo com a criança.

Desta forma, em se tratando de crianças hiperativas, que já exigem de mais

dedicação e paciência, pode existir uma tendência em a família, principalmente as

mães, também serem afetadas.

Page 11: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

5

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade envolve diversos problemas não somente para aqueles que apresentam esta psicopatologia, mas também para os que convivem com eles. As famílias de crianças com TDAH, pela intensa convivência com as mesmas, são diretamente afetadas pelos problemas comuns a este transtorno. Por tal razão, o TDAH vem sendo considerado pela literatura um evento estressor para as famílias, especialmente para as mães, impondo uma necessidade de adaptação psicossocial familiar. (BELLÉ, 2007, p.26).

Diante disso, surge a seguinte questão: qual o impacto que o Transtorno de

Déficit de Atenção – TDA/H, exerce nas famílias e em especial nas mães?

O objetivo central deste estudo está pautado em conhecer o impacto que o

Transtorno de Déficit de Atenção – TDA/H exerce sobre as famílias e em especial

nas mães. Também será apresentado um breve histórico do transtorno e definições

sobre hiperatividade, além de classificar as categorias nas quais as crianças podem

apresentar problemas no seu desenvolvimento social (familiar ou escolar), apontar a

importância da família e da relação família-escola, e identificar o nível de estresse

das mães, suas conquistas e anseios. Ou seja, o estudo tem seu foco sobre as

mães e as dificuldades e níveis de estresse enfrentados com relação à

hiperatividade de seu filho, porém, sem desconsiderar o papel da escola frente a

esta questão.

Segundo Ribeiro (2008, p. 26)

Conhecer melhor a experiência da vivência do TDHA sob o ponto de vista dos pais nos possibilita uma reflexão em maior profundidade sobre as formas de interação das famílias. Conhecer suas dificuldades no cotidiano, suas crenças, seus valores, suas atitudes e tendências, suas percepções e as atribuições de significados no relacionamento intrafamiliar pode nos ajudar a compreender melhor o fenômeno crescente do TDAH em nossa sociedade.

Para a realização deste trabalho, foram coletadas as informações no ano de

2009, com doze mães de crianças hiperativas, sendo elas de família de classe

média. Essas crianças são estudantes de uma escola da rede particular de ensino

do Município de São José – SC, sendo oito meninos e quatro meninas que possuem

entre seis a doze anos de idade. E vale a pena ressaltar que todas essas crianças

têm diagnóstico médico comprovando o transtorno.

Page 12: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

6

II METODOLOGIA

Para realização desse estudo, optou-se pela pesquisa qualitativa e

quantitativa de cunho bibliográfico e documental. Bibliográfico, pois a revisão da

literatura oferece suporte para o embasamento dos conhecimentos teóricos à luz da

teoria do conhecimento. Documental, para certificação e veracidade dos dados

previamente constituídos.

A abordagem quantitativa de pesquisa refere-se à mensuração de dados,

através do uso de instrumentos objetivos. “Significa quantificar opiniões, dados, nas

formas de coletas de informações, assim como também o emprego de recursos e

técnicas estatísticas” (UNIVALI, 2003, p. 33).

A pesquisa qualitativa analisa e problematiza os problemas ou apontamentos

surgidos no estudo. Este tipo de pesquisa “tem se preocupado com os significados

dos fenômenos e processos sociais, levando em consideração as motivações,

crenças, valores, representações sociais, que permeiam a rede de relações sociais”

(UNIVALI, 2003, p. 34).

Desta forma, a partir dos dados coletados através da pesquisa quantitativa,

pode-se refletir, analisar e descrever hipóteses para a questão pesquisada, o que se

dá através da pesquisa qualitativa, permitindo assim interpretações e a construção de

conceitos. De acordo com Minayo (1993) as pesquisas qualitativas e quantitativas são

diferentes, mas se completam para a compreensão da realidade social.

Assim sendo, este estudo buscou investigar o estresse em mães de crianças

com TDA/H e as estratégias que elas utilizam para lidar com os problemas dos filhos.

Os instrumentos utilizados na avaliação das mães foram os seguintes:

1. Inventário de Coping Parental (MCCUBBIN 1987 apud BELLÉ 2007);

2. Questionário de estresse para pais (FRIEDRICH, GREENBERG & CRNIC

1993 apud BELLÉ 2007).

De acordo com Bellé “Coping pode ser definido como um conjunto de

esforços de controle, emitidos como uma resposta comportamental ou cognitiva ao

estresse, visando reduzir seu efeito aversivo” (2007, p.16). Segundo Antoniazzi,

Page 13: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

7

Dell’aglio e Bandeira (1998, p.01) “O conceito de coping tem sido descrito como o

conjunto das estratégias utilizadas pelas pessoas para adaptarem-se a

circunstâncias adversas ou estressantes”.

Nesta concepção, Coping pode ser entendido como as estratégias ou atitudes

que as pessoas adotam para lidar com certos acontecimentos e situações. No caso

deste estudo, Coping pode ser encarado como as estratégias que as mães

pesquisadas utilizam diariamente para conviver, da melhor maneira possível, na

medida de suas possibilidades, com a criança hiperativa.

Segundo Barbosa e Oliveira (2008, p. 38)

[...] para dominar situações estressoras ou se adaptar a elas, o indivíduo desenvolve habilidades denominadas coping ou enfrentamento. Ela define coping como uma resposta com o objetivo de aumentar, criar ou manter a percepção de controle pessoal. O coping envolve a interação entre o organismo e o ambiente, na qual se lança mão de um conjunto de estratégias destinadas a promover a adaptação às circunstâncias estressantes.

O Inventário de Coping Parental conta com quarenta e cinco estratégias

relacionadas ao convívio familiar e conjugal, a auto-estima e diversão dos pais, ao

tratamento medicamentoso e diálogo com outros pais e profissionais. Para as

respostas, os entrevistados devem escolher as estratégias que considerem mais

positivas, na tentativa de melhorar o relacionamento familiar, de acordo com a

utilidade de cada uma. Para cada uma das estratégias, podem ser utilizadas quatro

opções, sendo elas: (3) extremamente útil; (2) moderadamente útil; (1) minimamente

útil e (0) não útil.

O Questionário de estresse para pais possui trinta e duas questões, cujas

respostas são avaliadas nas opções de verdadeiro ou falso. Dentre os fatores

inclusos neste questionário estão: as limitações da criança, a preocupação dos pais

e o relacionamento familiar. “Este instrumento avalia o estresse e os recursos dos

pais de crianças com transtornos do desenvolvimento, e foi adaptado para o Brasil

por Freitas e cols. (2005)” (BELLÉ, 2007, p. 38).

Os dados obtidos através destes instrumentos serão analisados e

confrontados no decorrer deste trabalho, utilizando-se de embasamentos teóricos e

buscando-se reflexão acerca do tema, procurando contribuir no processo de

mudança.

Page 14: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

8

REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E ESCOLA

1 – Conhecendo a hiperatividade

A hiperatividade é um dos problemas que aparece com elevada incidência

nos dias atuais e pode ser considerada a dificuldade mais frequente apresentada na

infância, perdurando até a fase adulta, já que se trata de um transtorno incurável. As

crianças hiperativas apresentam muitos problemas e comportamentos, que podem

até ser considerados comuns e característicos do período da infância, porém, eles

aparecem de forma mais exagerada, o que as leva a ter que administrar esses

problemas na sua vida diária, durante toda a sua infância, adolescência e adultez.

(GOLDSTEIN E GOLDSTEIN, 2003).

A hiperatividade recebeu outras denominações no decorrer de seus estudos

e pesquisas pelas características que os hiperativos podem apresentar. Em

diferentes momentos do século XX, vários termos foram utilizados para se referir a

esse transtorno. No ano de 1902, em suas palestras, o pediatra George Frederick

Still falou sobre crianças agressivas, desatentas, com dificuldade de seguir regras,

comportamentos que poderiam ter causa orgânica com maior relevância sobre o

resultado de uma má educação. (HALPERN E ROHDE, 2004; SILVA, 2003). Dessa

forma, a hiperatividade ficou conhecida como Doença de “Still”. (KUNRATH, 2006).

Outros termos como, “Distúrbio de Comportamento Pós-Encefalite”, “Lesão

Cerebral Mínima”, “Disfunção Cerebral Mínima”, “Reação Hipercinética da Infância”,

também foram utilizados para designar esse problema. (KUNRATH, 2006;

HALPERN E ROHDE, 2004; SILVA, 2003). A nomenclatura “hiperatividade infantil”

foi utilizada entre os anos de 1957 e 1960 por Laufer e Stella Chess, ficando

conhecida como “Síndrome da Criança Hiperativa”. (SILVA, 2003).

Na década de 80, Gabriel Weiss, através de pesquisas de longo prazo,

apontou a persistência da hiperatividade e problemas de atenção até a vida adulta,

contribuindo, dessa forma, para que fosse reconhecido que o problema não era

exclusivo da infância. (SILVA, 2003). Weiss teve sua teoria afirmada com a terceira

edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais (DSM-III), que

culminou em significativas mudanças em variados aspectos e trouxe uma nova

Page 15: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

9

denominação para a hiperatividade: Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA). (SILVA,

2003).

Na quarta edição do DSM-IV, publicado pela Associação de Psiquiatria

Americana (APA) em 1994, utilizou-se o termo “Transtorno de Déficit de Atenção/

Hiperatividade” (TDA/H) para se referir a esse problema, subdividindo-o em três

categorias, sendo elas: Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade tipo

predominantemente desatento, Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade tipo

predominantemente hiperativo-impulsivo e Transtorno de Déficit de Atenção

/Hiperatividade tipo combinado. (ORJALES, 2007; TUCHTENHAGEN, 2007; REIS,

2006; HALPERN E ROHDE, 2004).

Dessa forma, este estudo utilizará o termo Hiperatividade ou Transtorno de

Déficit de Atenção/Hiperatividade – TDA/H quando for se tratar deste problema, visto

que essa denominação pode ser considerada a mais atual. É importante destacar

ainda que, ser hiperativo não depende de classe social, raça ou religião, “mesmo no

lar mais estruturado e seguro uma criança DDA irá comportar-se como tal”. (SILVA,

2003, p. 57).

No ano de 2004 os Estados Unidos reconheceu o TDA/H através da

Resolução 370 como um problema que precisa ser tratado, pois abala a saúde

pública. Por causa desta Resolução, esse transtorno ganhou espaço nas datas

oficiais do país, que proclamou o “Dia da Consciência Nacional sobre o TDAH”,

comemorado em 7 de setembro. (CALIMAN, 2008).

Da mesma maneira que são encontradas diversas nomenclaturas para a

hiperatividade, encontram-se também, variadas definições. Todos os apontamentos

a respeito do TDA/H trazem muitas contribuições. Eles são de grande valia para que

se entenda e esclareça um pouco mais sobre esse transtorno. De acordo com

Orjales (2007, p. 295) quando se aborda a questão da hiperatividade, está se

referindo:

[...] a um quadro sintomatológico de base neurológica que pode degenerar em problemas importantes e que pouco tem a ver com a criança travessa ou malcriada ou com a criança agitada e indisciplinada. [...] Na verdade, quando se utiliza esse termo no contexto da psicopatologia infantil, faz-se referência [...] a um transtorno cuja base sintomatológica é o déficit de atenção, a hiperatividade motora e a impulsividade.

Page 16: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

10

Segundo a autora Ana Beatriz Barbosa Silva, médica, com pós-graduação em

Psiquiatria e especialização em Medicina do Comportamento pela Universidade de

Chicago, conhecida por seus estudos sobre personalidades e comportamentos, a

hiperatividade:

[...] deriva de um funcionamento alterado no sistema neurobiológico cerebral, isto significa que substâncias químicas produzidas pelo cérebro, chamadas neurotransmissores, apresentam-se alteradas quantitativa e/ou qualitativamente no interior dos sistemas cerebrais que são responsáveis pelas funções da atenção, impulsividade e atividade física e mental no comportamento humano. (SILVA, 2003, p. 176).

Para Abram Topczewski, Mestre de Neurologia, Doutor em Neurociências e

Neuropediatria, formado pela Escola Médica do RJ, entre outras formações,

“a hiperatividade é um sintoma que não tem definição precisa aceita unanimemente,

mas todos concordam que compromete de modo marcante o comportamento do

indivíduo, pois interfere nas suas relações sociais, familiares e no seu trabalho”.

(TOPCZEWSKI, 1999, p.23).

Diversos autores, em seus estudos sugerem que a incidência da

hiperatividade não é igual em ambos os gêneros (masculino e feminino). É possível

encontrar uma predominância no sexo masculino, com proporções de 10/1 em

relação ao sexo feminino (BIRD et al. apud ORJALES, 2007), ou ainda em razões

menores de 3/1 (1999) e 2/1 (HALPERN E ROHDE, 2004; SILVA, 2003). Porém,

esses mesmos autores concordam que, entre as meninas prevalece o tipo sem

hiperatividade e nos meninos o comportamento impulsivo e hiperativo fica em maior

evidência. No sexo feminino, então, o tipo hiperativo é menos frequente, o que

predomina mais são os problemas de atenção.

No entanto, ainda existem dúvidas por parte de alguns autores sobre a

questão da supremacia masculina no diagnóstico da hiperatividade, ou se ocorre

uma subdiagnostificação no sexo feminino. Alguns estudiosos tentam argumentar o

motivo desta maioridade, conforme aponta Silva (2003, p. 39)

Page 17: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

11

Diferentemente dos homens, mulheres com DDA podem muitas vezes passar incógnitas aos olhos mais atentos. Entre elas, predomina o tipo sem hiperatividade, ao contrário de seus pares masculinos. Tal diferença, determinada por particularidades biológicas dos sexos, além do auxílio do componente cultural, pode contribuir para a aparente superioridade numérica da população masculina entre os que têm o diagnóstico de DDA.

As causas precisas e verdadeiras da hiperatividade ainda são muito

discutidas e pesquisadas, apesar de vários estudos já tentarem apontá-las. Na

literatura é possível encontrar autores que acreditam que o transtorno esteja

relacionado a fatores genéticos e ambientais. (HALPERN E ROHDE, 2004). Entre os

fatores ambientais que podem ser encontrados estão: problemas emocionais,

desentendimentos familiares, comportamentos agressivos, baixa renda familiar,

problemas durante a gestação, uso de álcool e drogas, encefalites, traumatismo

craniano, intoxicações por chumbo, entre outros. (REIS, 2006; HALPERN E ROHDE,

2004; TOPCZEWSKI, 1999).

Segundo o renomado Dr. Russel Barkley, uma das maiores autoridades em

TDA/H (KUNRATH, 2006), as pesquisas sobre a genética molecular levam a

acreditar que esse problema seja um “transtorno predominantemente originário de

uma base genética/ hereditária” (BARKLEY apud REIS, 2002). Outros autores

(GOLDSTEIN E GOLDSTEIN, 2003; SILVA, 2003; TOPCZEWSKI, 1999) também

acreditam que entre todas as possíveis causas da hiperatividade, a hereditariedade

seja a mais frequente.

De acordo com Silva (2003) o comportamento hiperativo nasce de um trio de

sintomas: dificuldades de atenção, impulsividade e hiperatividade, o qual chama de

“trio de base alterada”. Esses sintomas só são característicos do TDA/H quando

ocorrem de forma mais exagerada do que o comum.

Os problemas de atenção são considerados indispensáveis para se

diagnosticar um hiperativo. Algumas manifestações de desvio de atenção são

facilmente observadas, como: não conseguir se concentrar nas atividades,

dificuldades para seguir instruções até o fim, esquecer com frequência e dificuldades

para se organizar. Esses manifestos acabam representando em dificuldades de

aprendizagem desde o início de vida escolar e também podem desencadear em um

isolamento social. (ORJALES, 2007; REIS, 2002; TOPCZEWSKI, 1999).

Page 18: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

12

Os sinais de impulsividade estão ligados à falta de controle motor e

emocional, a criança, então, age sem pensar nas consequências, apresentam

impulsividade verbal, ou seja, dizem o que vem à cabeça, têm dificuldades de

aguardar a sua vez, costumam interferir nas atividades das outras pessoas, entre

outros. (ORJALES, 2007; SILVA, 2003).

As manifestações da conduta hiperativa, física ou até mesmo mental são

muito fáceis de identificar. Alguns sintomas podem ser destacados, como: estar

sempre em movimento, seja correndo ou movimentando pés e mãos, falar

demasiadamente, apresentar dificuldades para permanecerem sentadas, seja para

comer, assistir televisão e até mesmo em sala de aula, apresentam dificuldades em

participar de brincadeiras tranquilas, entre outros. (ORJALES, 2007; TOPCZEWSKI,

1999).

Além dessas manifestações, a criança hiperativa ainda pode apresentar baixa

auto-estima, pouca tolerância a frustrações, problemas emocionais, como

depressão, problemas de relacionamento social, agressividade, ansiedade e

transtorno no sono. (ORJALES, 2007; SILVA, 2003). Segundo Andrade apud Reis

(2002, p.70), “a todos os sinais do TDAH, o rendimento escolar abaixo do esperado,

poderá ser acrescido, o que geralmente desencadeia problemas nas esferas afetiva

e emocional”.

Pode ser encontrada comumente, uma visão errônea sobre os

comportamentos e atitudes da criança TDA/H. É de conhecimento de todas as

pessoas que as crianças costumam ser alegres e agitadas, gostam de correr e não

demonstram cansaço, no caso da criança hiperativa, esses comportamentos são

mais acentuados e persistentes. O verdadeiro comportamento hiperativo faz com

que a criança apresente dificuldades em se concentrar, em ficar relaxada, em

respeitar e entender as regras, não por teimosia, mas por não percebê-las.

É possível verificar que em muitos momentos, as crianças podem apresentar

um comportamento agitado, ansioso e desobediente, porém essa condição não

garante, muito menos confirma um caso de TDA/H. Essas crianças podem aparentar

serem hiperativas, ou apresentarem características da hiperatividade, mas podem

simplesmente, estarem passando por um momento difícil, conturbado, porém,

passageiro e temporário, o que não caracteriza hiperatividade. No entanto, em

ambas as situações, é necessário que se faça um acompanhamento e investigação,

para saber da persistência e possíveis soluções.

Page 19: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

13

Em alguns casos, a criança hiperativa pode ser vista com pouca inteligência,

e até mesmo ser considerada com idade mental inferior. Essa visão pode ser um

equívoco, pois a criança hiperativa é geralmente muito inteligente, sua mente

inquieta é rica em informações, apenas não consegue se organizar mentalmente, a

ponto de colocar seu potencial em prática para concluir uma tarefa, por exemplo.

Segundo Silva (2003, p. 92), “a mente DDA, em meio à confusão resultante do

intenso bombardeio de idéias, é capaz de entender o mundo sob ângulos

habitualmente não explorados.” Muitas vezes, a própria criança não entende porque

é diferente das outras crianças, e com isso, se sente incapaz e sua auto-estima fica

cada vez mais diminuída.

Embora que a criança hiperativa apresente um comportamento desatento,

inquieto, tenha dificuldades em terminar as tarefas, em permanecer sentada ou

interrompa a fala do outro, ela é muito inteligente e criativa. Segundo Silva, “o

funcionamento cerebral DDA favorece o exercício da atividade humana mais

transcendente que existe: a criatividade” (2003, p. 92). É possível afirmar ainda que,

“a maioria dos pacientes hiperativos apresenta o nível de inteligência normal, sendo

que alguns podem até apresentar o nível de inteligência acima do normal”

(TOPCZEWSKI, 1999, p. 47).

Para embasar esta inteligência e criatividade que as crianças hiperativas

podem apresentar, a já mencionada autora Ana Beatriz Barbosa Silva, em seu livro

“Mentes Inquietas” (2003), citou alguns nomes de personalidades, consideradas pela

sociedade seres geniais, que possivelmente apresentaram indícios de

comportamentos tipicamente hiperativos. Dentre eles:

Albert Einstein – demonstrou o sintoma da hiperconcentração, “impaciente e

inquieto, desprezava aqueles que tinham medo de quebrar protocolos e

conceitos tradicionais” (p. 115);

Fernando Pessoa – demonstrou inquietude e desorganização. “Ia da tristeza à

alegria em curtos espaços de tempo, indicando ser uma personalidade inquieta e

de humor instável” (p. 116);

Henry Ford – demonstrou inquietude. “Um provável DDA desbravador que deu

uma carona para o desenvolvimento da humanidade” (p. 117);

James Dean – ator que demonstrou ter hiperfoco, “pessoa inquieta, rebelde,

avessa às normas e convenções, e extremamente impulsiva” (p. 118);

Page 20: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

14

Leonardo da Vinci – demonstrou habilidades como inventor e músico, além da

pintura. “Uma mente movida por uma inquietação inacreditavelmente

desbravadora” (p. 118);

Ludwig van Beethoven – demonstrou inquietação, “era acometido de devaneios e

distrações” (p. 119);

Marlon Brando – ator que demonstrou baixa auto-estima, “intuição, ousadia e

capacidade criativa” (p. 120);

Vincent van Gogh – demonstrou sentimento de rejeição, “inquieto, polêmico, com

instabilidade de humor” (p. 121),

Wolfgang Amadeus Mozart – demonstrava impulsividade, “mostrava-se

resistente às normas estabelecidas” (p.122).

É importante salientar ainda que, os problemas causados pelo TDA/H podem

variar em gravidade de acordo com a criança, e a maneira que as pessoas a sua

volta lidam com ela e toleram as suas atitudes. Muitas vezes em que a criança

aparenta ser hiperativa, pode estar relacionada com o grau de tolerância das

pessoas que convivem com ela. Em ambientes no qual não são priorizados e

valorizados comportamentos disciplinados, a criança é vista sem o transtorno. Ao

contrário, a criança é vista hiperativa, pois a capacidade de tolerância dos adultos a

sua volta para com suas atitudes é menor. Por isso, é importante frisar que para ser

considerado TDA/H, é preciso que o comportamento acelerado, agitado, distraído,

impulsivo, seja algo persistente e exacerbado. Então, é preciso que se tenha um

diagnóstico correto, avaliado cuidadosamente por uma equipe multidisciplinar, para

que a criança realmente hiperativa seja tratada e estimulada corretamente, e para

que seja evitado um tratamento inadequado para uma criança que é normalmente

ativa.

A psicóloga Vânia Lúcia de Moraes Ribeiro, em sua dissertação de Mestrado

para a Faculdade de Medicina do Estado de Minas Gerais, levantou algumas

hipóteses que, podem servir de embasamento para explicar o aumento do interesse,

nos dias atuais, em relação à hiperatividade. Um exemplo foi, o avanço científico na

área da saúde e a mudança na forma do olhar para a criança. A autora destacou

ainda que,

Page 21: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

15

Este conjunto de manifestações apresentadas pelos portadores de TDHA não constitui em si mesmo um problema, mas torna-se problema diante das novas organizações sociais, que implicam exigências que ultrapassam as possibilidades de adequação do sujeito. (RIBEIRO, 2008, p. 19).

Esse apontamento exposto pela autora pode ser considerado muito relevante

para se pensar no modo grosseiro como muitas das crianças hiperativas são vistas e

tratadas. Será que todas as crianças precisam se comportar de uma mesma

maneira? Até que ponto é preciso ter atenção àquilo que não lhe interessa? Existem,

com certeza, muitas questões que ainda não foram respondidas e muitas reflexões a

serem feitas em relação ao TDA/H. Porém, “é fato que os sinais e sintomas do

TDAH trazem hoje um sofrimento ao qual a sociedade não dá resposta” (RIBEIRO,

2008, p.21), por isso, é tão importante que a família, a escola e a própria criança,

tenham conhecimentos suficientes para administrar os problemas e superar os

desafios encontrados diariamente.

2 – A criança hiperativa e a família

Qualquer que seja a forma da sua estrutura, a família mantém-se como o

meio inicial básico para as relações da criança com o mundo, podendo ser um dos

melhores contextos para compartilhar e ajudar seus membros nas dificuldades

vivenciadas. Conforme Ribeiro (2008, p. 41)

O convívio familiar e o tipo de relações sociais que aí se estabelece são muito importantes na construção da identidade. A criança vai estruturar seu mundo a partir dos diálogos estabelecidos na família, na escola e na comunidade.

As crianças hiperativas enfrentam diariamente muitos problemas, talvez até

mais do que crianças sem o transtorno. Desta forma, é imprescindível o apoio da

família, tratada aqui não como somente pai e mãe, mas sim, como todos que

convivem com a criança em casa, seja ela órfã, com pais homossexuais, criada

pelos avós, tios ou adotiva.

O ambiente familiar é um dos primeiros contextos que a criança tem contato.

É a partir desse contato com a família que surgirão as primeiras relações sociais e

Page 22: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

16

afetivas da criança. De acordo com a Teoria Ecológica Sistêmica do

Desenvolvimento Humano, proposta por Brofrenbrenner (1979/1996) a família é um

dos microsistemas que mais influencia no desenvolvimento do indivíduo.

(KUNRATH, 2006).

A Lei nº. 8.069 de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da

Criança e do Adolescente, em seu Art. 4° coloca que:

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SC).

O ambiente familiar é a base inicial para que a criança desenvolva sua

afetividade e sociabilidade. Nesse contexto de interação com o outro, agindo como

seres sociais, ela forma as primeiras regras, conhecimentos, valores, que são tão

necessários para se viver em família e em sociedade.

Segundo Vygotsky (1991), o social é de extrema importância na construção

do sujeito, e o desenvolvimento não depende apenas de uma dimensão biológica,

mas também e principalmente, depende da aprendizagem, do cultural, que acontece

através de interações sociais.

Considera-se então, que a questão do aspecto social é importantíssima para

o processo de constituição do sujeito. Dessa forma, a mediação é indispensável

para essa mesma constituição de indivíduo. No que se refere à aprendizagem, a

mediação do professor (a) é essencial. No caso da família, os responsáveis pela

criança precisam fazer essa mediação entre ela e a socialização das situações que

a cerca. Mediando a relação da criança com o mundo, a família colabora para a sua

formação. Por isso,

O papel dos pais é imprescindível para a recuperação da criança hiperativa. Os pais representam a fonte de segurança, os modelos a seguir, o reflexo daquilo que os filhos sentem que são, a base fundamental sobre a qual constroem sua própria escala de valores, o abono afetivo que permite a eles crescer e o conceito de disciplina e autoridade que faz com que se organizem. (ORJALES, 2007, p. 306).

Page 23: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

17

A criança TDA/H está mais propensa a enfrentar dificuldades em seu

cotidiano do que uma criança sem o transtorno, logo sua família também poderá ser

afetada, principalmente as mães, já que elas costumam passar mais tempo com os

filhos. Conforme Bellé “estudos sobre a interação entre mães e crianças com TDAH

demonstram que crianças com o transtorno iniciam mais interação com a mãe e

solicitam mais a ajuda delas do que crianças sem o transtorno” (2007, p. 14).

Pode-se considerar que, o fato dos maiores cuidados e responsabilidades na

educação dos filhos estarem relacionados com a figura feminina, é uma condição

cultural, que ainda se encontra presente nos dias de hoje. Em muitas famílias, o pai

é o profissional que trabalha fora e a mãe é a profissional do lar, a responsável pelos

cuidados domésticos e familiares. Em relação à criança hiperativa,

Muitas vezes deixa-se que a mãe aguente a pressão da interação do dia-a-dia com o filho hiperativo. Ela precisa preparar o filho para a escola de manhã, recebê-lo após a escola, dar contas das tarefas do lar e, ao mesmo tempo, cuidar da criança e lidar com o dever de casa, os amigos e a rotina na hora de dormir. (GOLDSTEIN E GOLDSTEIN, 2003, p. 123).

Pelo fato das mães ainda assumirem os maiores cuidados com os filhos,

elas acabam por se desgastarem e se fragilizarem um pouco mais. Quando se trata

de uma criança hiperativa as dificuldades encontradas são muitas. A sobrecarga

das responsabilidades em disciplinar o comportamento da criança, cuidar da casa,

preparar a comida, auxiliar nas tarefas da escola, pode gerar um desconforto, uma

exaustão para as mães, que muitas vezes, se sentem impotentes e cansadas. De

acordo com Barkley (apud KUNRATH, 2006, p. 20)

[...] normalmente as mães assumem mais os cuidados com os filhos e, no caso de crianças com TDA-H, isso se torna uma situação bastante estressante. Como na maior parte do tempo as interações ocorrem entre as mães e as crianças, e não entre os pais e as crianças, essas mães acreditam que as dificuldades ocorrem mais com elas.

A criança TDA/H acaba tornando-se um desafio e muitas vezes, um

transtorno para toda a família por causa do seu comportamento inquieto e

acelerado. Por isso, todos os membros da família devem ajudá-la a conviver e a

enfrentar as barreiras com as quais se depara, buscando apoio e estratégias.

Page 24: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

18

Em muitos casos, percebe-se que a responsabilidade no tratamento da

hiperatividade recai somente sobre a mãe. De modo geral, é a figura materna que

participa ativamente no processo de melhora da criança, indo às consultas, cuidando

do tratamento, ouvindo as orientações. O pai, na maioria das vezes, alega que não

pode comparecer nas consultas por estar muito ocupado. Outras vezes, até mesmo

nega o problema da criança. E ainda, “não são poucas as vezes em que os pais

atribuem às mães a culpa pela relação difícil com o filho, embora eles participem

muito pouco no sentido de ajudar a melhorar esta relação” (TOPCZEWSKI, 1999,

p.52).

Torna-se importante frisar que em momento algum o pai está isento dos

cuidados com a criança, pelo contrário, é indispensável a união e participação dos

pais e de toda a família para ajudar na melhora da criança hiperativa, e também na

melhora do convívio familiar.

O psicólogo Sam Goldstein e o neurologista Michel Goldstein, ambos

especialistas em hiperatividade, afirmam que:

É importante que os cônjuges se apóiem mutuamente. É muito frequente vermos apenas as mães durante a avaliação e tratamento. Em muitos casos, somos informados de que o pai admite a existência do problema, mas prefere não participar. Em outras situações, o pai discorda da natureza dos problemas do filho, opta por uma das muitas concepções erradas e, de fato transforma-se num obstáculo significativo para a melhora da vida do seu filho hiperativo. A menos que os pais consigam trabalhar juntos, é virtualmente impossível promover uma mudança positiva em casa. (2003, p. 129).

A criança hiperativa pode, muitas vezes, ser vista como um incômodo para

todos que convivem com ela, começando por sua família e em seguida pela escola.

É bastante comum os pais, em especial as mães, se sentirem cansadas, tanto com

desgastes físicos, quanto com emocionais e psicológicos, o que pode ser explicado

pelo fato de ouvirem mais frequentemente as reclamações das pessoas a respeito

da criança, e também, de presenciarem e de participarem dos conflitos.

Segundo Topczewski (1999, p.52) “é comum os pais se sentirem

desorientados e fragilizados diante uma situação que não conseguem avaliar e

controlar”. Por isso, se torna indiscutível a presença de uma família unida e

consciente das dificuldades que a criança hiperativa tem em se adequar, e também

das habilidades que ela possui. Muitas vezes, os pais ou responsáveis, se

Page 25: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

19

preocupam em educar e controlar o comportamento inquieto e desatento da criança

hiperativa dentro dos padrões considerados “normais” para uma criança. De acordo

com Goldstein e Goldstein (2003, p. 74)

A criança difícil, entretanto, pode frustrar, provocar raiva e irritar os pais em virtude da incapacidade da criança de reagir às expectativas deles. Como adultos, alimentamos certas expectativas referentes ao modo como as crianças deveriam se comportar. Quando elas não correspondem a isso, nós as culpamos, culpamos a nós mesmos ou fazemos ambas as coisas. Este processo, certamente, tem um impacto negativo nas ligações e no tipo de relação que essa criança e seus pais são capazes de desenvolver. Uma relação pai/mãe-filho comprometida terá um efeito negativo duradouro sobre esta criança.

No ambiente familiar, o comportamento inconstante, agitado e desatento que

a criança hiperativa apresenta, muitas vezes, gera conflitos não só com os pais ou

responsáveis, mas também com seus primos e primas, tios e tias, avôs e avós, e

principalmente, irmãos e irmãs, talvez pelo fato destes passarem mais tempos

juntos.

A criança hiperativa tem comportamentos que podem desagradar seus

irmãos, como por exemplo, interromper as brincadeiras, impor as suas vontades, ser

impacientes. Os irmãos também se descontentam com a atenção extra que a

criança hiperativa costuma receber dos pais, que em vários momentos a isenta das

tarefas e obrigações. “Elas vêem o irmão hiperativo escapar impune das coisas que

faz e não compreendem por que também não podem” (JONES, 2004, p.60). Assim,

várias reações são possíveis:

Alguns reagem com raiva e frustração, pois esta criança é dispensada de atividades e responsabilidades ou tem mais oportunidades de ganhar recompensas pelo comportamento que rotineiramente se espera deles sem recompensa. (GOLDSTEIN E GOLDSTEIN, 2003, p. 123).

Essas questões podem levar ao desencadeamento de ciúmes e inveja,

criando, muitas vezes, um sentimento de amor-ódio entre os irmãos. A criança

TDA/H pode ser considerada por seus irmãos a culpada por todos os

acontecimentos e confusões, mesmo quando não tem culpa, já que é normal ela se

envolver nessas situações. De acordo com Goldstein e Goldstein (2003, p. 123) a

criança hiperativa na relação com seus irmãos e irmãs “transforma-se num cômodo

Page 26: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

20

bode expiatório. Ela pode levar a culpa por tudo, desde o prato que foi quebrado até

pelo fato de o passeio no parque de diversões ter sido abreviado”.

Percebe-se que “As crianças hiperativas não vivenciam tantas interações

positivas com adultos, amigos e professores, como as outras crianças”

(GOLDSTEIN E GOLDSTEIN, 2003, p. 129) por isso, muitas vezes, é bastante

comum ela receber rótulos com os nomes mais variados, como pestinha, cabeça-de-

vento, mal educada, travessa, irresponsável, desajeitada, entre outras designações

pejorativas, que nada colaboram para a melhoria do comportamento da criança.

Muitas vezes, a própria família faz uso desses nomes, podendo contribuir para que a

criança se sinta cada vez mais incapaz e frustrada.

É importante encontrar maneiras de elevar a auto-estima de seu filho e interromper esse círculo vicioso de fracassos. Quando você tem um filho hiperativo, é sempre fácil ver todas as coisas ruins que ele faz e criticá-lo constantemente. Não é bom uma criança escutar o dia inteiro: “não faça isso, não faça aquilo, pare, largue isso, você é muito barulhento, você nunca escuta o que eu digo!”, isso diminui a sua auto-estima. Ela passa a acreditar em todas essas coisas sobre si mesma e, portanto, esforça-se menos para mudar. (JONES, 2004, p. 64).

Por essas questões, se torna imprescindível:

Procurar mudar o foco de visão dos pais em relação à criança, passando a destacar suas competências, sua inteligência e criatividade, a facilidade em fazer amigos e outros pontos positivos; e que não vejam ou qualifiquem o filho somente como relaxado, irresponsável, preguiçoso, vagabundo e outros adjetivos que servem mais para sepultar seu ego já minguado. (CYPEL, 2000, p.72).

Em muitos casos, a falta de informação e conhecimento sobre o TDA/H por

parte das pessoas que convivem com a criança assim diagnosticada, pode resultar

em uma visão de criança fracassada, que estará condenada a um futuro sem

sucesso, o que não colabora em absolutamente nada para o crescimento e

desenvolvimento desta criança.

Cabe ressaltar que a criança hiperativa, quando corretamente estimulada e

tratada, pode conseguir controlar seus impulsos e seus comportamentos desatentos

e impulsivos. Dessa forma, se torna indispensável que todos os membros da família

estejam dispostos a colaborarem na tarefa de conhecer as dificuldades da criança,

ajudando-a a enfrentá-las. Além disso,

Page 27: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

21

Os pais não devem pensar que o fato de seu filho ter recebido o diagnóstico de DDAH determinará um futuro triste para ele; longe disso. A maior parte das crianças hiperativas vai superar seus problemas e, se sua energia puder ser aproveitada em uma direção positiva, elas poderão se tornar grandes realizadoras. (JONES, 2004, p. 119).

Os pais ou responsáveis devem reservar uma parte do seu dia para se

dedicar à criança TDA/H, ajudando-a nas atividades, e até mesmo participando das

brincadeiras. Manter um contato mais próximo com a criança, disponibilizar um

tempo para dar atenção a ela, pode facilitar na percepção de suas dificuldades, de

seus medos e seus anseios. Assim, se torna mais fácil auxiliá-la e instruí-la, além de

colaborar para o fortalecimento dos laços afetivos da família e também, de

conquistar ou reconquistar a autoconfiança e a auto-estima da criança hiperativa.

Segundo Goldstein e Goldstein (2003, p. 128)

Os pais de crianças hiperativas muitas vezes se tornam tão aprisionados na sua tarefa de controlar que negligenciam oportunidades importantes de diversão. É importante despender parte de cada dia numa atividade agradável.

É muito importante que a família busque encontrar alguma atividade que a

criança se envolva, que participe, que ela tenha prazer em realizá-la. Essas

atividades podem ser conjuntas com os membros da família, em um ambiente

seguro e alegre, onde ocorra troca de experiências e aprendizagem de forma mútua.

A criança hiperativa precisa de momentos agradáveis com seus familiares, como

toda a criança, pois uma relação família-criança conturbada, sem momentos de

alegria, poderá resultar em um efeito negativo, muitas vezes duradouro, sobre a vida

desta criança.

A família deve incentivar a criança nas atividades em que ela se identifique,

seja nas atividades escolares, esportivas, artísticas ou musicais. Mesmo quando

existir dificuldade em encontrar atividades prazerosas para a criança, a família não

deve desistir e, ainda mais, tentar buscar caminhos e sugestões para que a criança

encontre algo que lhe proporcione bem estar, já que não é tão frequente a criança

hiperativa ter interações positivas com as outras pessoas.

De acordo com Goldstein e Goldstein (2003, p. 129/130)

Page 28: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

22

[...] é muito importante que você ajude seu filho hiperativo a desenvolver seus talentos. Determine no que ele é bom, estimule-o e desenvolva-o, seja dança, atletismo ou coleção de selos. Seu filho deve ser capaz de encontrar alguma coisa na vida que consiga realizar e se sinta bem em relação a isso.

Pode-se dizer que, no relacionamento entre a criança TDA/H e os membros

de sua família, os momentos de conflito estão mais presentes. A criança hiperativa

exige muita paciência e dedicação, seu comportamento inconstante e acelerado

pode causar transtornos estressantes para os familiares, principalmente para as

mães, conforme pode ser visto anteriormente.

As famílias com uma ou mais crianças com TDA/H experimentam diferenças fundamentais em sua vida cotidiana, com as quais outras famílias não têm de lidar. O transtorno altera drasticamente a vida dessas famílias, já que há mais tensão e mais discussão. (KUNRATH, 2006, p. 45).

Percebe-se que “o relacionamento com os pais, professores e irmãos é

muitas vezes, prejudicado pelo estresse provocado pelo comportamento inconstante

e imprevisível” (GOLDSTEIN E GOLDSTEIN, 2003, p. 20), desta forma, se faz

necessário que todo o grupo familiar esteja preparado para enfrentar as dificuldades

e buscar artifícios para superá-las.

Para isso acontecer, a família precisa procurar caminhos que visem o melhor

tratamento para a criança hiperativa. De maneira geral, são aconselháveis diversos

tipos de tratamentos médicos e também não médicos para que se consiga ajudar a

criança TDA/H a controlar e lidar com seu comportamento.

Segundo Topczewski (1999, p. 76)

Existe, sem dúvida, tratamento para a hiperatividade, mas é necessário que se tome uma série de medidas, porque o quadro é pluridimensional: no caso, deve ser um trabalho conjunto que envolve orientação familiar, orientação psicológica, psicopedagógica, a participação da escola, complementado pelo tratamento com medicamento.

Porém, na maioria das vezes, os pais também precisam de apoio para lidar

com as situações difíceis que seu filho hiperativo desprende. Muitas vezes, os pais

ou responsáveis, especialmente as mães, encontram-se em um nível de estresse

tão alto que não conseguem proporcionar o apoio que o filho hiperativo tanto

Page 29: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

23

necessita. Outras vezes, os pais não se percebem como pessoas que também

precisam de ajuda e de orientação para lidar com as situações conturbadas.

Alguns autores (ORJALES, 2007; JONES, 2004; GOLDSTEIN E

GOLDSTEIN, 2003; CYPEL, 2000; TOPCZEWSKI, 1999) acreditam que o

treinamento, a terapia e a orientação psicológica para pais, também sejam

profundamente necessários para ajudar a entender a melhor maneira de lidar com o

filho hiperativo, além de aumentar a confiança e diminuir o estresse. Através deste

tipo de atendimento para pais, eles podem buscar informações e esclarecimentos

sobre o transtorno, além de entendimento, que pode servir de base para que sejam

administradas de maneira mais positiva as dificuldades encontradas pelo filho

hiperativo.

Muitos psiquiatras, trabalhando com crianças problemáticas, começaram a perceber que muitos problemas envolvem toda a família e não apenas as crianças. A terapia familiar inclui os pais, a criança e algumas vezes os outros irmãos e pode ser útil quando uma criança com DDAH é apenas parte do problema. [...] Ter um filho hiperativo pode prejudicar toda a família e os relacionamentos entre os outros membros, que podem discordar com relação à forma de lidar com ele. Nessas circunstâncias, toda a família pode se beneficiar da oportunidade de falar com um terapeuta sobre todas as questões envolvidas. (JONES, 2004, p. 81).

Percebe-se, portanto, a relevância de toda a família estar preparada para lidar

e entender as dificuldades que a criança TDA/H apresenta, dividindo as tarefas e

apoiando-se. É fato que a criança hiperativa exige mais dedicação, paciência e

compreensão, o que pode causar certo desconforto familiar. Porém, uma família

unida e bem preparada, pode ser capaz de promover uma melhora significativa na

vida da criança hiperativa, e consequentemente, na vida familiar.

3 – A criança hiperativa e a relação família-escola

Percebe-se que o comportamento da criança hiperativa, a sua agitação, a

inquietude, a falta de atenção, pode refletir-se também na escola, já que a criança,

em idade escolar, passa uma parte do seu dia neste ambiente. Assim, na maioria

das vezes, a relação da criança TDA/H com os professores e as outras crianças da

sala de aula também pode ser afetada, além de sua aprendizagem.

Page 30: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

24

A dificuldade que a criança hiperativa apresenta em se concentrar, em ficar

parada em um mesmo lugar, em levar uma lição até o fim, vai de encontro com a

postura que a escola vem exigindo da criança e também do adulto, por isso, muitas

vezes, é difícil para a criança hiperativa satisfazer as exigências escolares. Em

muitos casos, a instituição escolar também pode considerar a criança hiperativa

como bagunceira, irresponsável e indisciplinada, e até mesmo culpar a família por

não colocar limites na criança, levando a um isolamento social dentro da própria

escola. Os amigos, muitas vezes, evitam brincar com essa criança e os professores

acabam não sabendo o que fazer e as estratégias a tomar. De acordo com

Topczewski (1999, p. 59) “a tendência natural para o aluno que não consegue atingir

os objetivos propostos é ser excluído e, também, desvalorizado, o que compromete

o seu estado emocional, social e familiar”.

A família e a escola são instituições que visam o crescimento pessoal, o

desenvolvimento cognitivo e a inserção participante na sociedade. Este processo

começa primeiro na família, e em seguida é dividido com a escola, e por isso, o

trabalho em conjunto dessas duas instituições é extremamente importante e positivo

para que a criança se torne um ser crítico e com autonomia. Segundo Dessen e

Polonia (2007, p. 09) “os conhecimentos oriundos da vivência familiar podem ser

empregados como mediadores para a construção dos conhecimentos científicos

trabalhados na escola”.

O núcleo familiar deve trabalhar em parceria com o núcleo escolar e vice-

versa. Em se tratando de crianças hiperativas não deve ser diferente, os pais ou

responsáveis por essas crianças devem ter uma relação de troca com os

professores, e quem se beneficiará é a criança, logo sua família e a escola também

serão beneficiadas.

Os pais [...] devem trabalhar para ajudar os professores a entender que existem valores e potenciais em toda criança. Os pais devem trabalhar para ajudar os professores a aprenderem a procurar, nutrir e reforçar aquilo que existe de positivo na criança hiperativa e a entender que com o passar do tempo essa criança pode e deve se tornar um membro que colabora para a comunidade escolar. (GOLDSTEIN E GOLDSTEIN, 2003, p. 111).

As dificuldades provenientes do Transtorno de Déficit de

Atenção/Hiperatividade podem levar ao comprometimento da aprendizagem e do

Page 31: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

25

processo de aquisição do conhecimento da criança. Normalmente, para a criança

hiperativa é muito difícil prestar atenção na explicação do professor, tais explicações

que estão, em muitos casos, descontextualizadas com o meio em que a criança

vive, o que dificulta a apropriação do conhecimento. De acordo com Reis (2006, p.

86) “as dificuldades acadêmicas tem sido apontadas como uma das principais

consequências do transtorno. Além disso, as relações professor-aluno podem afetar

positiva ou negativamente o desempenho acadêmico e social do aluno com TDAH”.

Verifica-se ainda que “as crianças com TDAH podem apresentar dificuldades

em atividades de leitura, de escrita, de interpretação de textos e situações

problemas” (ANDRADE, 2006, p. 48). Porém, é preciso deixar claro que essas

crianças são capazes de aprender e interagir com outras pessoas, apesar de

encontrarem dificuldades, barreiras e muitas vezes, sofrerem preconceitos. Desta

forma, a colaboração tanto da escola, quanto da família é indispensável para que a

criança hiperativa consiga enfrentar os seus problemas.

Percebe-se que tanto a família quanto a escola, precisam ter conhecimento

sobre o transtorno, as suas características e implicações, para que possam buscar

alternativas e preparar estratégias para o relacionamento e aprendizagem dessas

crianças. Pois, conforme afirma Araújo (apud ARAÚJO, MATTOS e PASTURA,

2005, p. 01)

O desempenho escolar depende de diferentes fatores: características da escola (físicas, pedagógicas, qualificação do professor), da família (nível de escolaridade dos pais, presença dos pais e interação dos pais com escola e deveres) e do próprio indivíduo.

A interação entre a família e a escola pode proporcionar à criança hiperativa

as melhorias no seu comportamento. Os pais podem trocar experiências com os

professores, bem como ajudá-los nas escolhas das melhores estratégias. No caso

de desconhecimento do transtorno por parte da família, a escola ajudar a esclarecer

as dúvidas. Os professores também precisam saber lidar com a criança hiperativa,

conhecer o contexto em que elas estão inseridas, seus desafios e anseios, e uma

das formas de se conseguir alcançar esse objetivo é estando integrada à família.

Page 32: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

26

[...] os pais devem ser francos em relação aos problemas do seu filho e tolerantes em relação à postura do professor. Devem estar dispostos a ajudar os professores a compreender a história de seu filho e ser pacientes quando os professores expressam frustração em relação aos problemas escolares da criança. O sucesso na escola é essencial para o seu filho hiperativo. (GOLDSTEIN E GOLDSTEIN, 2003, p. 129).

Os educadores precisam estar engajados com a família e preparados para

enfrentar os desafios desencadeados pela hiperatividade. Conforme já foi possível

ser visto, a criança em função do transtorno, geralmente apresenta problemas

escolares, não só no relacionamento com os colegas, professores e profissionais da

instituição, como também problemas relacionados à aprendizagem.

É necessário ainda que o professor consiga estabelecer um vínculo de

confiança entre a família da criança hiperativa e a escola, e entre a própria relação

com a criança, desta forma, a percepção das dificuldades e necessidades dessas

crianças fica mais visível. Para tanto, muitas vezes os professores precisam estar

capacitados e preparados para buscar recursos que auxiliem a sua prática

pedagógica, visando o desenvolvimento da criança TDA/H como um todo.

Muitos pesquisadores concordam que o professor não pode eliminar os sintomas do transtorno, mas pode ajudar a minimizar o problema. Para isso é importante que a formação profissional do professor contemple a reflexão sobre as dificuldades de aprendizagem ou de relacionamento apresentados por alunos com TDAH [...]. (REIS, 2006, p. 87).

Percebe-se que para administrar os típicos comportamentos da

hiperatividade, é preciso, acima de tudo, conhecimento. A partir deste conhecimento,

a intervenção da família, da escola e de outros profissionais se faz primordial para

dar suporte à criança hiperativa, ajudando-a a superar as dificuldades que encontra.

Sabe-se que muitas são as famílias que não apresentam condições, em nível

de escolaridade, para auxiliar nos deveres e trabalhos escolares, o que muitas vezes

pode gerar um sentimento de culpa. Neste caso, a escola pode buscar alternativas

para ajudar a esclarecer e informar os pais ou responsáveis pela criança hiperativa

das estratégias que eles podem adotar no ambiente familiar, dialogando e trocando

experiências.

De fato, “as dificuldades acadêmicas têm sido apontadas como uma das

principais consequências do transtorno” (REIS, 2006, p. 86) e partindo desta

questão, alguns autores (ORJALES, 2007; TOLEDO E SIMÃO apud REIS, 2006)

Page 33: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

27

apontaram em seus estudos algumas estratégias que podem ser utilizadas pelo

professor em sala de aula, considerando-as bastante eficazes para se trabalhar com

a criança hiperativa no ambiente escolar. Dentre as estratégias que podem ser

citadas estão: utilização de normas objetivas e claras, ambiente organizado, carteira

da criança TDA/H próxima a do professor e ao quadro, propiciar atividades de

movimento (apagar o quadro, fechar a sala quando todos saírem para o lanche, ter

na sala jogos de raciocínio e de colorir para quando terminarem as tarefas, etc.),

distribuir elogios, dar atenção, entre outras estratégias.

Pode-se afirmar que, a partir do momento em que a escola e a família

aprendem a lidar com a criança hiperativa, o relacionamento com esta criança será

beneficiado, assim como com todas as pessoas que ela convive. “A adoção de

estratégias que permitam aos pais acompanharem as atividades curriculares da

escola, beneficiam tanto a escola quanto a família” (DESSEN E POLONIA, 2007, p.

10). A parceria escola-família, mais uma vez se torna indiscutível e inseparável,

quando se deseja o melhor para a criança.

.

Page 34: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

28

IV DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

A partir das respostas dadas pelas mães pesquisadas, respostas estas que

foram obtidas através dos instrumentos de coletas de dados chamados “Inventário

de Coping Parental” e “Questionário de Estresse para Pais”, foi possível fazer

algumas análises e considerações em relação à criança hiperativa, o seu convívio

familiar e escolar, bem como análises sobre o modo das mães encararem o

transtorno, as estratégias mais utilizadas no relacionamento com a criança, o quanto

essas estratégias são ou podem ser úteis para o convívio no núcleo familiar, o

estresse que essas crianças podem causar nas mães e a repercussão deste

estresse na família, na escola e na sociedade em geral, entre outras questões.

No primeiro instrumento de coleta de dados mencionado, algumas

estratégias diziam respeito a questões semelhantes. Desta forma, tomando por base

a relação e a integração existente entre algumas estratégias, foi possível fazer um

agrupamento, onde se pode relacioná-las e dividi-las em sete categorias, que

incluem as estratégias: “acreditar no filho (a)”, “convívio familiar”, “relação conjugal”,

“medicamentosa”, “dialogar com outras pessoas”, “diversão e lazer” e “cuidado

pessoal”. Estas categorias serão apresentadas a seguir, através de gráficos

construídos com base nas respostas das mães, juntamente com a porcentagem de

cada resposta, além de serem refletidas à luz de referenciais bibliográficos.

Já no segundo instrumento de coleta de dados mencionado, muitas das

questões também se assemelhavam, por isso, utilizando-se dessa relação e

integração existente entre algumas perguntas, foi possível fazer um agrupamento,

através de uma tabela. Esta tabela está dividida em três categorias, sendo elas:

“estresse da mãe”, “dificuldade do filho (a)” e “dificuldade da família”, cada categoria

está subdividida entre subcategorias, todas inter-relacionadas. A tabela apresenta

ainda a porcentagem correspondente a frequência que apareceram as respostas

das mães e também será alvo de alguns apontamentos, que serão apresentados a

seguir.

Page 35: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

29

4.1 Inventário de Coping Parental

Gráfico 1

Categoria: acreditar no filho(a)

Extremamente útil

Moderadamente útil

Minimamente útil

Não útil

Na Categoria “acreditar no filho (a)”, que inclui as estratégias de investir na

criança e ter pensamentos positivos em relação à sua melhora, percebe-se que

todas as mães concordam que estas atitudes são extremamente úteis para lidar com

os problemas relativos ao filho.

De acordo com Goldstein e Goldstein é extremamente importante os pais

acreditarem na capacidade dos filhos e investirem no seu processo de

desenvolvimento. Eles dizem aos pais: “É preciso que você acredite que com a sua

ajuda, com o apoio adequado da comunidade e com intervenção, seu filho hiperativo

pode e terá êxito” (2003, p. 128).

Entende-se que o fato de depositar confiança, apontar soluções e investir no

relacionamento com a criança hiperativa, procurando incentivá-la com palavras

positivas, ao invés de focar somente naquilo que não deve ser feito, pode ser uma

estratégia bastante relevante para um melhor entrosamento familiar.

A escola também tem o papel de incentivar as crianças hiperativas, de

acreditar no seu potencial e tentar expandi-lo, sendo que os professores devem

estar frente a isso. De acordo com Orjales (2007, p. 313)

Page 36: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

30

Uma vez que a criança comece a trabalhar, o professor reforça essa atitude prestando atenção nela discretamente: por exemplo, passa pelas mesas e para um pouco para ver o que está fazendo, diz que algo está muito bom, acaricia sua cabeça enquanto anda [...].

Não pode ser aceitável o fato de a escola desprezar a criança hiperativa,

porque elas apresentam dificuldades na atenção e são inquietas. É notável que o

comportamento da criança TDA/H pode exigir que o professor dispense mais

intervenção e mediação, mas este profissional precisa estar preparado e disposto a

colaborar no que for preciso.

Gráfico 2

Categoria: convívio familiar

Extremamente útil

Moderadamente útil

Minimamente útil

Não útil

Na categoria “convívio familiar”, a qual se constitui de estratégias

relacionadas à realização de atividades em família, entre mãe e filho e ajuda dos

outros membros da família, observa-se que as respostas foram diversificadas. Das

mães estudadas, 40% consideraram que essas estratégias são moderadamente

úteis, 40% minimamente úteis e apenas 20% das mães responderam a opção

extremamente útil.

Pode-se dizer que, para a maioria dessas mães, a utilização dessas

estratégias não foi tão positiva quanto deveria ser, talvez pelo fato de que é

frequente os momentos de discórdia, tensão e conflito na relação familiar da criança

hiperativa. Segundo Goldstein e Goldstein (2003, p. 124)

Page 37: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

31

É justo dizer que a criança hiperativa se torna o problema da família. Em famílias com mais de uma criança hiperativa, o impacto é ainda maior. Em famílias nas quais os temperamentos dos pais e da criança não se engrenam, os problemas podem se intensificar.

“O hiperativo é a causa de frequentes transtornos domésticos bem

conhecidos” (TOPCZEWSKI, 1999, p. 59), por isso, pode ser difícil para a família

dedicar-se nas atividades com a criança hiperativa. Porém, é muito importante para

a criança se relacionar com os membros de sua família, em atividades que

proporcionem alegria e interação.

Assim como o convívio familiar, o convívio escolar também é importante para

a criança hiperativa. É na escola que as crianças desenvolvem a sociabilidade, o

espírito coletivo, a troca com o outro e a integração.

Gráfico 3

Categoria: relação conjugal

Extremamente útil

Moderadamente útil

Minimamente útil

Não útil

Na categoria “relação conjugal”, onde estão presentes as estratégias de

diálogos, confiança e divertimento entre o casal, a maioria (75%) das mães

considerou essas estratégias moderadamente úteis, enquanto 25% das mães

consideraram extremamente úteis.

Conforme já pode ser visto, as mães costumam passar mais tempo com seus

filhos do que a figura paterna, que muitas vezes não aceita o problema do filho. Com

Page 38: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

32

isso, a relação do casal pode também ser comprometida, causando discórdias e

distanciamento na relação marido-mulher.

De acordo com Topczewski

Com certa frequência, a vida doméstica se torna mais difícil, os encontros não mais denotam prazer, mas justamente o oposto, ou seja, o desprazer. A vida do casal se altera, comprometendo, também, a sua relação afetiva e sexual, em particular [...] O comportamento hiperativo pode desestabilizar a relação do casal, que deve procurar administrar, em conjunto, os desvios comportamentais apresentados pelo filho, pois as discórdias do casal têm repercussão negativa relevante sobre o comportamento emocional da criança, o que agrava a hiperatividade. (1999, p.57).

Apesar das barreiras encontradas no relacionamento com o filho hiperativo, é

imprescindível que os pais tenham uma relação consistente, baseada no apoio e

compreensão, para que possam auxiliar no desenvolvimento e na conquista da

autonomia de seu filho.

Gráfico 4

Categoria: medicamentosa

Extremamente útil

Moderadamente útil

Minimamente útil

Não útil

Na categoria “medicamentosa”, estão inclusas as estratégias relacionadas ao

acompanhamento médico em casa e em consultório, medicamentos e diálogos com

equipe médica. Para esta categoria, 50% das mães disseram minimamente útil, 38%

disseram moderadamente útil e somente 12% disseram extremamente útil. Pode-se

Page 39: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

33

perceber que a maioria das mães não considerou positivas essas estratégias, ou

para elas, estas estratégias não são tão eficazes para lidarem com a criança

hiperativa.

Para os autores Rohde e Halpern (2004, p. 11) “O tratamento do TDAH

envolve uma abordagem múltipla, englobando intervenções psicossociais e

psicofarmacológicas”. A orientação com psicólogo, médicos, terapeutas é tão

importante quanto o uso de medicamentos, porém a medicação só deve ser

adquirida após a consideração de seus benefícios e possíveis malefícios.

De acordo com Topczewski (1999, p. 79) “Os benefícios com a terapia

medicamentosa podem ser observados de maneira substancial com a diminuição da

hiperatividade, melhoria do humor, do nível de atenção e concentração”. Porém,

antes de qualquer atitude, os pais devem encaminhar a criança hiperativa ao

acompanhamento médico, e este deve orientar quais medidas devem ser adotadas.

Gráfico 5

Categoria: dialogar com outras pessoas

Extremamente útil

Moderadamente útil

Minimamente útil

Não útil

Na categoria “dialogar com outras pessoas”, onde as estratégias dizem

respeito a dialogar com outros pais e profissionais para trocar experiências, se

informar sobre o transtorno e se sentir importante e querido, 50% das mães

escolheram a opção extremamente útil e 50% escolheram a opção moderadamente

útil.

Page 40: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

34

Os pais, principalmente as mães, às vezes, podem buscar o afastamento das

relações sociais, como forma de evitar possíveis problemas relacionados à criança

TDA/H. Porém, isto não deve acontecer, eles precisam buscar apoio para enfrentar

as dificuldades provenientes da relação com o filho hiperativo, e muitas vezes a

conversa com outras pessoas, sejam pais, professores, médicos ou psicólogos são

muito relevantes. “É também importante que você se junte a um grupo de apoio aos

pais. Pais que apóiam outros pais constituem um componente essencial de qualquer

programa eficaz de orientação” (GOLDSTEIN E GOLDSTEIN, 2003, p. 128).

A família precisa estar em uma busca constante pelas melhores estratégias a

serem utilizadas no relacionamento familiar e social.

Lembre-se de que nenhum tratamento eficiente pode nascer de posturas passivas. É preciso se informar, estudar, debater, trocar idéias, experiências, conhecer sobre remédios, terapias, alimentação, esportes e tudo que possa contribuir para a melhoria e a auto-superação. (SILVA, 2003, p. 194).

O diálogo dos pais ou responsáveis com outras pessoas pode ser relevante

não somente para ajudar a criança hiperativa, como também para que possam se

sentir mais confiantes e bem consigo mesmos.

Considera-se também que o diálogo entre a família e a escola é essencial

para o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo da criança hiperativa, além de

colaborar para minimizar os seus problemas e os problemas da família e da escola

que estão relacionados ao transtorno. É importante que as instituições escolar e

familiar trabalhem em conjunto, auxiliando uma a outra, trocando experiências,

dialogando e se apoiando. “O elo para essa cooperação pode ser estabelecido

através do diálogo, da confiança e do respeito” (ANDRADE, 2006, p. 95).

Page 41: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

35

Gráfico 6

Categoria: diversão e lazer

Extremamente útil

Moderadamente útil

Minimamente útil

Não útil

Na categoria “diversão e lazer”, que inclui as estratégias de divertimento das

mães com amigos, envolvimento em atividades sociais e a prática de hobbies, 57%

das mães pesquisadas consideraram essas estratégias minimamente úteis, 28%

consideraram não úteis e 15% consideraram extremamente úteis.

É possível observar que é muito comum, na relação de pais de crianças

hiperativas, que “Frequentemente, muitos pais estão sobrecarregados pelas

exigências diárias para cuidar do seu filho hiperativo que sobra pouco ou nenhum

tempo para o divertimento ou prazer”. (GOLDSTEIN E GOLDSTEIN, 2003, p. 124).

Muitos pais, especialmente mães de crianças hiperativas deixam de lado sua

própria vida social, até mesmo profissional, para se dedicar exclusivamente ao filho.

“Os pais de uma criança hiperativa podem acabar se tornando isolados e solitários”

(JONES, 2004, p. 38). Esta situação, com o tempo, tende a trazer problemas

psicológicos, de depressão e de estresse às mães cuidadoras.

[...] com frequência encontramos, no consultório, mães estafadas e irritadas, por conta de noites mal dormidas durante vários meses. Devido ao desgaste físico e emocional, estas mães se tornam intolerantes e impacientes, comprometendo de maneira marcante a relação afetiva com a criança e o equilíbrio de todo o ambiente doméstico. (TOPCZEWSKI, 1999, p. 34).

Page 42: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

36

É importante que a família, os pais e as mães estejam sadios mentalmente e

fisicamente, para poderem ajudar no controle da hiperatividade do filho. “Quanto

melhor integrados estiverem os pais, tanto no sentido emocional, quanto no

comportamental, melhor estará o filho” (KUNRATH, 2006, p. 51). A presença de

uma família unida e feliz pode trazer resultados positivos em relação à melhora da

criança.

Gráfico 7

Categoria: cuidado pessoal

Extremamente útil

Moderadamente útil

Minimamente útil

Não útil

Na categoria “cuidado pessoal” (relacionado à mãe), onde estão contidas as

estratégias de manter-se em forma e bem vestida, comer, dormir, desenvolver-se

como pessoa e tornar-se mais auto confiante, 45% das mães consideraram que

essas estratégias são moderadamente úteis para otimizar o relacionamento com a

criança hiperativa, 35% das mães consideraram extremamente úteis e 20% delas

consideraram minimamente útil o uso dessas estratégias.

De acordo com Harpin (apud RIBEIRO, 2008, p. 89) “Os pais ficam mais

cansados e têm menos tempo para si mesmos e os níveis de insatisfação e de

problemas emocionais são maiores”. Por isso, pode ser comum o fato das mães não

investirem nessas estratégias, ou não utilizá-las por não conseguirem bons

resultados.

Page 43: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

37

4.2 Questionário de estresse para pais

Categorias Subcategorias Frequência

Estresse da mãe

FrustraçãoPreocupaçãoCansaçoIncômodoTensãoTristezaVergonha

82%

Dificuldades do filho (a)

AtençãoComunicaçãoAutonomia

50%

Dificuldades da família

AceitaçãoAdaptaçãoInteração

50%

Na categoria “estresse da mãe”, onde estão presentes as subcategorias

“frustração”, “preocupação”, “cansaço”, “incômodo”, “tensão”, “tristeza” e “vergonha”,

percebe-se que a maioria das mães, ou seja, 82% delas consideraram a presença

desses sentimentos, que podem ser considerados elementos geradores de estresse.

Com base nas pesquisas, é possível afirmar que por questões culturais, ainda

são as mães que passam mais tempo com os filhos. “[...] para as mulheres é

delegada a responsabilidade do cuidado de toda a família, como uma obrigação

moral socioculturalmente construída”. (NEVES E CABRAL, 2007, p.553).

De modo geral, as mães é que costumam dedicar-se mais aos filhos, são elas

que cuidam da criança, que ajudam a fazer os deveres escolares, que frequentam

as reuniões pedagógicas, que levam para passear. “São as mães que recebem as

reclamações escolares, sentem diretamente as dificuldades no relacionamento com

os filhos, e muitas vezes devem lidar com a questão sem a participação efetiva dos

pais”. (TOPCZEWSKI, 1999, p. 29).

Page 44: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

38

Desta forma, é comum as mães se sentirem cansadas, preocupadas e muitas

vezes, frustradas em relação ao filho hiperativo e si mesma, isso acaba, na maioria

das vezes “[...]afetando sua vida pessoal, profissional e social” (MILLER, apud

BARBOSA E OLIVEIRA, 2008, p. 37). Segundo Neves e Cabral (2007, p. 557) “A

exposição permanente da pessoa a um estresse crônico pode repercutir na sua

saúde física e mental, portanto, em seu bem-estar”. Por isso, se torna imprescindível

a atenção à saúde e desenvolvimento pessoal dessas mães, assim como à saúde e

desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da criança hiperativa.

As mães precisam estar preparadas para lidar da melhor maneira com a

criança hiperativa, buscando perceber as estratégias positivas e úteis para tentar

diminuir as situações problemáticas, e com isso, reduzir seu nível de estresse. Toda

a família precisa estar disposta a conhecer o TDA/H, suas características e

possíveis práticas para procurar conter as situações típicas do transtorno. Assim,

todo grupo familiar poderá ser beneficiado, principalmente as mães e a criança

hiperativa.

Na categoria “dificuldades do filho (a)”, que integram as subcategorias

“atenção”, “comunicação” e “autonomia”, 50% das mães pesquisadas apontaram a

presença desses problemas em relação a sua criança TDA/H.

Conforme já pode ser visto anteriormente, um dos principais sintomas desse

transtorno é a falta de atenção, o que também pode ser verificado nas respostas das

mães. “Estudos neuropsicológicos indicaram que crianças com TDAH têm um

desempenho prejudicado em tarefas que demandam funções cognitivas como

atenção, percepção, planejamento e organização” (REIS, 2006, p. 60).

Constata-se que alguns autores (ORJALES, 2007; SILVA 2003;

TOPCZEWSKI, 1999) destacam a questão da comunicação de crianças hiperativas.

Segundo eles, é possível verificar que as crianças TDA/H falam demasiadamente e

em ritmo acelerado. Além disso, “seu impulso verbal pode continuar a lhe trazer

sérios problemas, principalmente em situações em que esteja sob forte impacto

afetivo ou sob pressão pessoal” (SILVA, 2003, p. 24).

Observa-se que as características do TDA/H (desatenção, impulsividade e

hiperatividade) podem comprometer o desenvolvimento da autonomia da criança

hiperativa se ela não for corretamente estimulada. “A criança hiperativa se

caracteriza por uma desorganização pessoal interna e externa, que faz com que seja

mais difícil se comportar de uma forma autônoma” (ORJALES, 2007, p. 298).

Page 45: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

39

Desta forma, a família se torna a primeira instituição e em seguida a escola,

que deve buscar promover a autonomia da criança hiperativa, tentando diminuir a

interferência e dependência de uma pessoa adulta.

Pode-se afirmar que as típicas características da hiperatividade podem causar

problemas escolares para as crianças e provocar situações de estresse e

constrangimento para os pais, pois muitas vezes, outras pessoas podem considerar

que os pais não são bons educadores e a criança ainda pode ser vista como

desagradável e mal educada.

Percebemos que os pais, com crianças TDA-H muitas vezes, encontram-se mais estressados e cansados, devido à dificuldade em fazer com que seus filhos cumpram o que lhes é solicitado. Assim, sentimentos de impotência, ineficácia, bem como a falta de compreensão do que está acontecendo, parecem ser comuns entre os pais de crianças com esse transtorno. (KUNRATH, 2006, p. 22).

Na categoria “dificuldades da família”, expressadas pelas subcategorias

“aceitação“, “adaptação” e “interação”, a frequência desses problemas, apresentada

através das respostas das mães, foi também de 50%.

A família da criança hiperativa, em função dos problemas apresentados em

decorrência do transtorno, pode também ser atingida. Comumente, os membros

familiares entram em conflito com a criança hiperativa, por causa do seu

comportamento impulsivo e inquieto. Os desentendimentos são frequentes, e

demandam mais interrupções por parte dos pais. De acordo com Silva (2003, p. 61)

“Frequentemente, as situações provocadas pela impulsividade ou distração da

criança DDA denotam brigas entre outros membros da família. O pai briga com a

mãe, o irmão com o pai, a mãe com a avó e todos com a criança!”.

Desta forma, a integração e a relação familiar também podem ser afetadas

negativamente. Os pais ou responsáveis, em especial as mães, podem propender a

terem problemas emocionais e psicológicos, além de participação diária em

situações estressantes. Em muitos casos, as mães podem até mesmo, adotar

alternativas de distanciamento social, acreditando que evitar os momentos

conturbados seja a solução para os problemas. Pode-se dizer que, é difícil para o

pai e a mãe

Page 46: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

40

[...] descobrir que os outros pais evitam seu filho e não o convidam para ir à sua casa após a primeira visita de uma criança do tipo “furacão”. [...] As crianças hiperativas podem ser destrutivas e difíceis em grupos de mães e filhos, em grupos de recreação, dessa forma aumentando o isolamento dos pais. (JONES, 2004, p. 38).

Percebe-se que, a família é indispensável no processo de desenvolvimento

de qualquer criança, principalmente quando se trata de crianças que necessitam de

mais de orientação, como no caso das hiperativas.

A importância da família na determinação do comportamento humano não pode ser negada. Ela é uma das responsáveis pelo desenvolvimento cognitivo, emocional e social de uma criança, bem como pela criação e manutenção de um ambiente propício ao desenvolvimento. (BARBOSA E OLIVEIRA, 2008, p. 36).

Pode-se considerar que os pais de crianças hiperativas, em especial as mães,

precisam de paciência e dedicação diárias na sua relação com o filho hiperativo.

Uma relação entre a criança hiperativa e sua família pautada no respeito, no diálogo

e, sobretudo na compreensão, “minimizará as chances de seu filho vir a desenvolver

os problemas emocionais secundários, como depressão ou problemas mais graves

de conduta” (GOLDSTEIN E GOLDSTEIN, 2003, p. 128). E também auxiliará na

redução das situações problemáticas e constrangedoras comumente vivenciadas

pelos membros da família.

Por fim, com a integração da família e da escola é possível ajudar a criança

hiperativa a buscar alternativas e estratégias eficazes para o controle do Transtorno

de Déficit de Atenção/Hiperatividade. Com os membros destas instituições

dispostos a colaborarem no processo de desenvolvimento desta criança como um

todo, pode-se haver uma diminuição significativa nos desentendimentos, nas

situações problemáticas e estressantes e consequentemente, todos que convivem

com a criança hiperativa serão beneficiados, os professores, os colegas, os

familiares e principalmente as mães.

Page 47: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

41

V CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se perceber que o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade é um

problema muito frequente nos dias de hoje. Suas características de desatenção,

impulsividade e hiperatividade podem afetar tanto a criança assim diagnosticada,

como o ambiente familiar e escolar em que ela está inserida. Por causa desse

comportamento, é comum que essa criança seja vista como bagunceira,

desobediente e outros nomes pejorativos, que apenas colaboram para a diminuição

da sua auto-estima.

Ressalta-se que as crianças hiperativas, pelo seu comportamento impulsivo,

desatencioso e inquieto, estão mais suscetíveis a enfrentarem problemas durante

toda a sua vida, o que acaba por refletir na família, principalmente nas mães, já que

estas costumam estar mais presentes no convívio com o filho, e refletem também no

núcleo escolar desta criança.

Entende-se que o ambiente familiar é o primeiro que a criança tem contato,

neste ambiente ficam evidenciadas as relações iniciais de socialização e interação,

sendo que depois são divididas e trabalhadas também na escola. Esses dois

ambientes, escolar e familiar, são extremamente importantes para o

desenvolvimento de qualquer pessoa.

Verificou-se que as crianças hiperativas podem apresentar muitos problemas

relacionados à aprendizagem e ao relacionamento social. O seu comportamento faz

com que muitas pessoas a evitem e a sua falta de atenção dificulta o entendimento

das explicações do professor durante as aulas.

A intervenção do professor é indispensável para a criança hiperativa, devendo

haver uma relação consistente entre a família e a escola, para que sejam adotadas

estratégias eficazes para melhorar o comportamento dessa criança. A família pode

proporcionar o conhecimento das dificuldades da criança aos professores, e estes

podem buscar novas estratégias.

Ao interpretar e analisar as informações extraídas a partir da utilização dos

instrumentos de coleta de dados, pode-se perceber que as mães pesquisadas

demonstraram dificuldades em lidar com as demandas do filho hiperativo, além de

apresentarem um nível significativo de estresse. Foi observada a presença

Page 48: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

42

significativa de sentimentos que são possíveis desencadeadores de estresse, como:

frustração, tensão e cansaço. Na maioria das vezes, estes sentimentos afetam mais

as mães, pelo fato de que são elas que dedicam a maior parte do dia no convívio

com a criança. Pode ser visto também, que segundo a literatura, a figura paterna fica

mais distante do problema, em muitos casos por não acreditar que ele exista.

As mães também apresentaram dificuldades na relação marido e mulher, na

sua própria auto-estima e bem estar pessoal. Elas tendem a deixar de lado sua vida

e o seu trabalho, para cuidar e se dedicar ao filho, o que pode atrapalhar na sua

realização pessoal, logo o convívio entre toda a família também poderá ser afetado.

A escola tem um papel importante na relação entre a família e a criança

TDA/H. Se a escola, juntamente com a família conseguir administrar os problemas

que essas crianças enfrentam, os fatores estressantes causados pelas

características do transtorno podem ser minimizados.

Assim sendo, fica evidenciada a extrema necessidade da família e da escola

buscar recursos para conhecer esse transtorno, suas características, seus sintomas

e as possíveis estratégias para tentar lidar com os problemas que ele desencadeia.

Com a ajuda, o apoio, o respeito e a compreensão de todo o grupo familiar e

escolar, a criança hiperativa terá mais condições e oportunidades de se tornar um

ser autônomo, capaz de enfrentar situações conturbadas de maneira equilibrada.

Desta forma, o convívio com todas as pessoas a sua volta será beneficiado.

Para concluir, cabe afirmar que é necessária a constante busca e reflexão

seja por parte de educadores ou de pais acerca das implicações sobre o Transtorno

de Déficit de Atenção/Hiperatividade sobre a vida da criança e consequentemente

sobre a vida de todos que a cercam. É preciso continuar a ver e rever as questões

que estão intrínsecas ao transtorno, pois o conhecimento não é algo pronto e

acabado, mas ao contrário, se faz e refaz constantemente, buscando novas

respostas e novas indagações.

Page 49: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

43

VI REFERÊNCIAS

ANDRADE, Maria da C. de Oliveira. A prática pedagógica de professores de

alunos com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. 2006. Dissertação

de Mestrado em Educação – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Disponível na internet: <http://www.dominiopublico.gov.br>. Acessado em 12/05/09.

ARAÚJO, Alexandra P. Q. C..; MATTOS, Paulo.; PASTURA, Giuseppe M. C.

Desempenho escolar e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. 2005.

Disponível na internet: <http://www.scielo.com>. Acessado em 15/05/09.

ANTONIAZZI, A. S.; DELL'AGLIO, D. D.; BANDEIRA, D. R. O conceito de coping:

uma revisão teórica. 1998. Disponível na internet: <http://www.scielo.com>.

Acessado em 02/11/09.

ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SANTA CATARINA. Estatuto da

Criança e do Adolescente, 1990.

BARBOSA, Altemir José G.; OLIVEIRA, Larissa Dias de. Estresse e enfrentamento

em pais de pessoas com necessidades especiais. 2008. Disponível na internet:

<http://www.scielo.com>. Acessado em 11/11/09.

BARKLEY, Russell A. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH):

guia completo e autorizado para pais, professores e profissionais da saúde. Porto

Alegre: Artmed, 2002.

BELLÉ, Andressa Henke. Adaptação psicossocial em mães de crianças com

Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. 2007. Dissertação de Mestrado

em Psicologia – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível na internet:

<http://www.dominiopublico.gov.br>. Acessado em 12/06/09.

Page 50: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

44

BRASIL. Presidência da República. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996 –

Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível na internet:

<http://www.planalto.gov.br. Acessado em 09/04/09.

BORGES, Manuela.; COUTINHO, Gabriel.; FORTES, Didia, MATTOS, Paulo.;

SCHMITZ, Marcelo. Concordância entre relato de pais e professores para

sintomas de TDAH: resultados de uma amostra clínica brasileira. 2009. Disponível

na internet: <http://www.scielo.com>. Acessado em 11/05/09.

CALIMAN, Luciana V. O TDAH: entre as funções, disfunções e otimização da

atenção. 2008. Disponível na internet: <http://www.scielo.com>. Acessado em

19/05/09.

CARVALHO, Maria E. Pessoa de. Modos de educação, gênero e relações escola-

família. 2004. Disponível na internet: <http://www.scielo.com>. Acessado em

15/11/09.

CYPEL, Saul. A criança com Déficit de Atenção e Hiperatividade: atualização

para pais, professores e profissionais da saúde. São Paulo: Lemos Editorial, 2000.

DESSEN, Maria Auxiliadora; POLONIA, Ana da Costa. A família e a escola como

contextos de desenvolvimento humano. 2007. Disponível na internet:

<http://www.scielo.com>. Acessado em 14/10/09.

GOLDSTEIN, Sam; GOLDSTEIN, Michel. Hiperatividade: como desenvolver a

capacidade de atenção da criança. 9ª ed. São Paulo: Papirus, 2003.

GUILHERME, Priscila R.; MATTOS, Paulo.; REGALLA, Maria Angélica.; SERRA-

PINHEIRO, Maria Antônia. Conflitos conjugais e familiares e presença de

transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) na prole: revisão

sistemática. 2007. Disponível na internet: <http://www.scielo.com>. Acessado em

15/11/09.

Page 51: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

45

HALPERN, Ricardo; ROHDE, Luis A. Transtorno de déficit de

atenção/hiperatividade: atualização. 2004. Disponível na internet:

<http://www.scielo.com>. Acessado em 19/05/09.

JONES, Maggie. Hiperatividade: como ajudar seu filho. São Paulo: Plexus, 2004.

KUNRATH, Letícia H. Estratégias educativas: a perspectiva de pais de crianças

com Transtorno de déficit de atenção/Hiperatividade. 2006. Dissertação de Mestrado

em Psicologia Social e da Personalidade – Pontifícia Universidade Católica do Rio

Grande do Sul. Disponível na internet: <http://www.dominiopublico.gov.br>.

Acessado em 20/05/09.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org). Pesquisa Social: teoria, método e

criatividade. Petrópolis: Vozes, 1994.

MOSMANN, Clarisse; PREDEBON, Juliana; VERZA, Fabiana; WAGNER, Adriana.

Compartilhar tarefas? Papéis e funções de pai e mãe na família

contemporânea. 2005. Disponível na internet: < www. scielo.com >. Acessado em

11/05/09.

NEVES, Eliane T.; CABRAL, Ivone E. Empoderamento da mulher cuidadora de

crianças com necessidades especiais de saúde. 2007. Disponível na internet: <

www. scielo.com >. Acessado em 11/11/09.

ORJALES, Isabel. Déficit de Atenção/Hiperatividade: diagnóstico e intervenção.

IN: GONZÁLEZ, Eugenio (org). Necessidades educacionais específicas:

intervenção psicoeducacional. São Paulo: Artmed, 2007.

REIS, Maria das Graças F. A teia de significados das práticas escolares:

Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) e formação de professores.

2006. Dissertação de Mestrado em Educação – Pontifícia Universidade Católica de

Campinas. Disponível na internet: <http://www.dominiopublico.gov.br>. Acessado em

14/05/09.

Page 52: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

46

RIBEIRO, Vânia L. de Moraes. A família e a criança/adolescente com TDAH:

relacionamento social e intrafamiliar. 2008. Dissertação de Mestrado em Ciências da

Saúde – Universidade de Minas Gerais, Belo Horizonte. Disponível na internet:

<http://www.dominiopublico.gov.br>. Acessado em 12/06/09.

SILVA, Ana Beatriz B. Mentes Inquietas: entendendo melhor o mundo das pessoas

distraídas, impulsivas e hiperativas. São Paulo: Gente, 2003.

TOPCZEWSKI, Abram. Hiperatividade: como lidar? São Paulo: Casa do Psicólogo,

1999.

TUCHTENHAGEN, Maria Beatriz P. Hiperatividade e Déficit de Atenção: um olhar

psicanalítico. 2007. Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica – Pontifícia

Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Disponível na internet:

<http://www.dominiopublico.gov.br>. Acessado em 14/05/09.

UNIVALI. Pesquisa em Educação. Cadernos Pedagógicos. PROEN. 2003.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos

psicológicos superiores. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

Page 53: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

47

VII ANEXOS

ANEXO 1 – Inventário de Coping Parental

ANEXO 2 – Questionário de estresse para pais

ANEXO 3 – Declaração

Page 54: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

48

ANEXO 1 – Inventário de Coping Parental

1. Acreditar que meu filho vai melhorar. ( )

2. Investir em meu filho. ( )

3. Realizar atividades com meu filho. ( )

4. Acreditar que as coisas sempre vão dar certo. ( )

5. Dizer a mim mesma que eu tenho muitas coisas pelas quais agradecer. ( )

6. Construir um relacionamento mais íntimo com meu esposo. ( )

7. Conversar sobre sentimentos pessoais e preocupações com meu esposo. ( )

8. Realizar atividades com meus familiares. ( )

9. Acreditar em Deus. ( )

10. Cuidar bem do acompanhamento médico em casa. ( )

11. Acreditar que meu filho está tendo o melhor atendimento médico possível. ( )

12. Tentar manter a estabilidade familiar. ( )

13. Realizar atividade juntos, como uma família. ( )

14. Confiar em meu esposo ou ex-esposo para ajudar apoiar a mim e a meu filho. ( )

15. Mostrar que sou forte. ( )

16. Ter a ajuda de outros membros da família com as tarefas domésticas. ( )

17. Ter meu filho sendo atendido nas condições médicas, em clínicas/hospitais

regularmente. ( )

18. Acreditar que o centro médico/hospital tem em mente o melhor para minha

família. ( )

19. Encorajar o filho sob condições médicas a ser mais independente. ( )

20. Envolvimento em atividades sociais com amigos. ( )

21. Conseguir afastar-se das atividades domésticas para um descanso. ( )

22. Sair sozinho. ( )

23. Comer. ( )

24. Dormir. ( )

25. Permitir-me ficar com raiva. ( )

26. Comprar presentes para mim e/ou para outros membros da família. ( )

27. Concentrar-se em hobbies. ( )

28. Trabalhar fora. ( )

29. Tornar-se mais auto-confiante e independente. ( )

30. Manter-me em forma e bem arrumada. ( )

Page 55: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

49

31. Conversar com alguém (que não seja médico ou psicólogo) sobre como eu me

sinto. ( )

32. Manter relacionamentos e amizades que me ajudem a sentir-me importante e

querida. ( )

33. Divertir com os amigos em nossa casa. ( )

34. Investir tempo e energia em meu trabalho. ( )

35. Sair regularmente com meu esposo. ( )

36. Construir relacionamentos íntimos com as pessoas. ( )

37. Desenvolver-me como pessoa. ( )

38. Conversar com outros pais no mesmo tipo de situação e aprender sobre suas

experiências. ( )

39. Conversar com a equipe médica quando visitamos o centro médico. ( )

40. Ler como outras pessoas na mesma situação lidam com as coisas. ( )

41. Ler mais sobre o problema médico que me preocupa. ( )

42. Explicar nossa situação familiar para amigos e vizinhos para que eles entendam.

( )

43. Ter certeza que os tratamentos médicos prescrito para a criança são realizados

em casa diariamente. ( )

44. Conversar com outras pessoas na mesma situação que eu. ( )

45. Conversar com o médico sobre minhas preocupações a respeito de meu filho. ( )

Instruções para o preenchimento:

Para cada estratégia utilizada para lidar com os problemas relativos ao

seu filho, lembre-se o quanto ela foi útil e escreva um número ao lado da

alternativa escolhida:

(3) Extremamente útil

(2) Moderadamente útil

(1) Minimamente útil

(0) Não útil

Page 56: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

50

ANEXO 2 – Questionário de estresse para pais

1. Meu (minha) filho (a) não se comunica com outras crianças de sua faixa etária.

V( ) ( )F

2. Os outros membros da família têm que ficar sempre cheios de cuidados por

causa dele (a). V( ) ( )F

3. Nossa família concorda com coisas importantes. V( ) ( )F

4. Eu me preocupo com o que pode acontecer com ele (a) quando eu não estiver

mais presente. V( ) ( )F

5. Ele (a) é limitado (a) quanto ao tipo de trabalho que poderá fazer para viver.

V( ) ( )F

6. Eu acabei me conformando com a idéia de que meu (minha) filho (a) poderá ter

que acabar indo viver em algum tipo de instituição. V( ) ( )F

7. Eu desisti de muitas coisas que eu queria realizar só para cuidar dele (a).

V( ) ( )F

8. Ele (a) está bem adaptado ao ambiente social da família. V( ) ( )F

9. Eu me sinto incomodada pelo fato de que meu (minha) filho (a) será sempre

desta maneira. V( ) ( )F

10.Eu me sinto tensa quando tenho que ir a algum lugar público com ele (a).

V( ) ( )F

11.Levar ele junto para as férias acaba estragando a alegria de toda a família.

V( ) ( )F

12.Eu me sinto deprimida com o rumo que minha vida tomou. V( ) ( )F

13.Algumas vezes eu me sinto constrangida e envergonhada por causa dele (a).

V( ) ( )F

14.Ele (a) não faz tantas coisas quanto poderia fazer. V( ) ( )F

15.É muito difícil se comunicar com ele (a) porque tem sempre dificuldade de

compreender o que é dito. V( ) ( )F

16.Ele (a) é super protegido (a). V( ) ( )F

17.Meu (minha) filho (a) tem muito tempo livre. V( ) ( )F

18.Eu fico frustrada pelo fato dele (a) não levar uma vida normal. V( ) ( )F

19.O tempo custa a passar para ele (a), principalmente nas horas livres.

V( ) ( )F

20.Ele (a) não consegue prestar atenção por muito tempo. V( ) ( )F

Page 57: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

51

21.Eu me preocupo com o que vai acontecer com ele(a) a medida que for ficando

mais velho(a). V( ) ( )F

22.Eu estou sempre tão cansada que nunca consigo aproveitar. V( ) ( )F

23.Existe muita raiva e ressentimento em nossa família. V( ) ( )F

24.Ele (a) pode tomar um ônibus sozinho (a). V( ) ( )F

25.As constantes exigências impostas pelo cuidado dele (a) limitam o meu

crescimento e desenvolvimento pessoal. V( ) ( )F

26.Eu me sinto triste quando penso nele (a). V( ) ( )F

27.Eu me preocupo frequentemente com o que vai acontecer com ele (a), quando

não puder cuidar dele (a). V( ) ( )F

28.As pessoas não conseguem entender o que ele (a) tenta falar. V( ) ( )F

29.Tomar conta dele (a) é uma fonte de estresse para mim. V( ) ( )F

30.Ele (a) sempre será um problema para nós. V( ) ( )F

31.Ele (a) precisa usar fraldas ou plásticos na cama. V( ) ( )F

32.Eu estou sempre preocupada. V( ) ( )F

Instruções para o preenchimento:

1. Responda com relação ao seu filho hiperativo.

2. Em cada questão você deverá marcar V (se a alternativa com relação à

criança for verdadeira) e F (se for falsa).

Page 58: REFLEXÕES SOBRE A CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E … · e pode afetar a aprendizagem escolar da criança e as ... relação família-escola para o desenvolvimento da criança

52

ANEXO 3 – Declaração

DECLARO para os devidos fins que o relatório intitulado: REFLEXÕES SOBRE A

CRIANÇA HIPERATIVA: FAMÍLIA E ESCOLA, resultante do Trabalho de

Conclusão do Curso (TCC) do curso de Pedagogia do Centro Universitário Municipal

de São José – USJ de autoria de: DAIANA TEREZA DA SILVA, está de acordo com

o Manual de Metodologia USJ 2008, se encontra dentro das normas da ABNT

(Associação Brasileira de Normas Técnicas), e segue a norma culta da Língua

Portuguesa.

São José, 15 de Janeiro de 2010.

DECLARAÇÃO DA PESQUISADORADECLARO, para fins de realização de pesquisa, ter elaborado esta Declaração, cumprindo as exigências éticas.

São José, 15 de Janeiro de 2010.

_____________________________________Assinatura da Pesquisadora