reflexões globais e ações locais para a nova classe média brasileira

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    Os Emergentes dos Emergentes: Reflexes Globais e Aes Locais para a

    Nova Classe Mdia Brasileira

    (The Bright Side of the Poor)

    Coordenao: Marcelo Cortes Neri

    [email protected]

    Verso original 27 de Junho de 2011

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    Os artigos publicados so de inteira responsabilidade de seus autores. As opinies neles

    emitidas no exprimem, necessariamente, o ponto de vista da Fundao Getulio Vargas.

    Os Emergentes dos Emergentes:Reflexes Globais e Aes Locais para a Nova Classe Mdia Brasileira / Marcelo Cortes Neri (Coord.). - Rio de Janeiro: FGV/CPS, 2010.

    [119] p.

    1. Classes Econmicas 2. Desigualdade 3. Pobreza 4. Mobilidade Social 5. Nova

    Classe Mdia I. Neri, M.C Marcelo Neri 2011

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    Centro de Polticas Sociais

    Fundao Getulio Vargas

    Coordenao

    Marcelo Crtes Neri

    [email protected]

    +55-21-3799-6887

    +55-21-98681211

    Equipe do CPS:

    Luisa Carvalhaes Coutinho de Melo Samanta dos Reis Sacramento

    Thiago Cavalcante

    Lucas Moreira

    Pedro Lipkin

    Mariana Carvalho

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    NDICE Prefcio Sumrio

    1. Introduo

    2. Global Brasil X BRICS

    a. Crescimento, Desigualdade e Felicidade b. O ndice de Felicidade Futura (IFF) c. A convergncia da desigualdade d. Desigualdade Latina, a mais grande do mundo (mas em queda) e. Crescimento inclusivo sustentvel?

    3. Nacional - Monitorando as Classes Econmicas a. Detalhando o Critrio de Renda b. As Divises de Classes: c. Monitorando as Classes Econmicas no Brasil at 2011

    4. Atual - Dinmica Recente a. Dinmica Macro Recente - Mdia de Renda b. Desigualdade de Renda c. Classes Econmicas d. PME em Bases Semanais e. Movimentos Individuais entre Classes Econmicas f. Anlise de Transio Multivariada

    5. Local A Distribuio das Classes nos Municpios Brasileiros

    6. Polticas para a Nova Classe Mdia

    7. Concluses

    Bibliografia

    Apndice I: Exerccios Multivariados. Apndice II: Mapas de Felicidade Apndice III: Mapas e Rankings das Classes Econmicas O Centro de Polticas Sociais: Informaes sobre a realidade social brasileira ao

    alcance do seu mouse.

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    Prefcio Um ano depois da crise internacional de 2008, a revista inglesa The Economist

    identificou um objeto voador emergindo das montanhas do Rio. Muitos duvidaram, mas a foto na capa da revista no deixou dvidas. Nela podia se identificar claramente a imagem do Cristo Redentor decolando na vertical. Se ele foi capaz de reencarnar, o vo em si no seria um feito to grande - pensei.

    Em certo momento o Cristo aparece argentinos que nos perdoem - vestindo a camisa da seleo canarinho sem as propagandas de praxe, claro. Veja na pgina seguinte. Confirmando a mxima que Deus brasileiro.

    Outros objetos foram avistados nos cus de outras partes pobres? do globo: China, India, Russia e agora frica do Sul. Todas construes humanas, destas feitas de tijolo, valendo o apelido de BRICS (o ingls do observador no era dos melhores). Construes conhecidas, sendo algumas delas, eleitas pelo voto direto em escala global, as 7 novas maravilhas da humanidade. Quem quiser ver para crer acesse http://cps.fgv.br/pt-br/teaser_brics .

    Tive a oportunidade nos ltimos dois anos visitar cada um dos pases dos BRICS. Comecei na ndia, a Meca dos estudiosos de pobreza, vi a gua do Rio Ganges desde sua pura nascente que inspirou Sidarta, hoje cercada de templos de meditao, se transformar ao longo do seu curso com o esgoto das cidades onde as pessoas se banham em cultos religiosos. No frio inverno russo, reforcei a impresso que nova classe mdia tambm significa engarrafamentos crescentes.

    A China foi sem dvida o que impressionou mais pela combinao de tamanho do pas e pujana da transformao. Pude admirar, da torre mais alta do mundo hoje, a capacidade chinesa de construir infra-estrutura e de traar planos estratgicos para o futuro, mas ainda no a de ouvir a sua gente.

    Terminei na, agora democrtica, frica do Sul onde tinha morado por quase dois anos no final dos anos 1970. Johannesburg me assustou pelo aparato de segurana agora necessrio para se viver l; j Cape Town pela qualidade de vida e beleza que desafia a carioca. Redescobri a frica do Sul como meu segundo pas apesar de eu ter morado mais tempo nos EUA do que l. A frica do Sul quase como uma extenso do Brasil. Como se frica e Amrica Latina no tivessem sido separadas pelo apartamento dos continentes. A identificao se refere a um pas em construo como o nosso - cheio de riscos e oportunidades de que daqui para frente tudo vai ser diferente.

    As viagens foram para falar sobre polticas de combate pobreza brasileiras. Devo confessar que senti um enorme prazer de falar do Brasil. As cenas tupiniquins esto em contraste com as que se desenrolam nos demais BRICS.

    O que aprendi nessas viagens, como economista social brasileiro, que o Brasil vai melhor para os brasileiros do que para os economistas, pois as pesquisas que vo casa das pessoas nossa matria-prima bsica - revelam uma melhora superior a das Contas Nacionais e do seu principal sub-produto, o PIB. O microsocial est evoluindo

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    melhor que o macroeconmico, o que contraria a nossa prpria histria pregressa. O reverso acontece nos demais BRICS.

    Falo do Brasil lato senso e no do nosso seleto grupo de pesquisadores ou mesmo de leitores jornais, pois, por mais paradoxal que parea, quem tem melhorado mais a renda so os que no lem jornal. No perodo 2001 a 2009, a renda dos analfabetos cresceu 47% enquanto a daqueles dos pelo menos superior incompleto caiu 17%.

    Neste trajeto, aprendi que o Bolsa Familia virou produto de exportao Made in Brazil. Invariavelmente as pessoas querem saber sobre o programa, ou ento sobre a ascenso da nova classe mdia brasileira este mais ao gosto das empresas privadas, em poca de estagnao da demanda. Como disse certa vez nosso big Mac Margolis, correspondente da revista Newsweek no Brasil, todos querem saber como colocamos o nosso Gini de volta na garrafa e quais so as conseqncias disto.

    Em particular, os chineses esto srios em ouvir nossa estria na inteno de redistribuir renda. O combate desigualdade e o conseqente maior equilbrio entre despesas de investimento e exportaes de um lado, e consumo das famlias e possivelmente importaes, de outro, esto no centro do planejamento de 12 anos deles. O que se percebe no crescimento chins que neste ritmo vai lev-los em tempo recorde ao primeiro mundo. que quando eles se propem a fazer qualquer coisa, eles simplesmente fazem. Devo admitir que o anncio do redistributismo chins soou como msica aos ouvidos. Produzindo rara convergncia entre o meu lado de economista social preocupado com a felicidade geral dos chineses e meus interesses tupiniquins.

    Antes de seminrio sobre a iniciativa oportunidades para a maioria do BID, (Banco Interamericano de Desenvolvimento) ser lanada pesquisa do CPS/FGV sobre este tema. Isto d continuidade a projetos de pesquisa iniciados ainda durante a fase das dcadas perdidas. Em meados da dcada de 1990 participei de um projeto de pesquisa do BID que redundou num livro Portraits of Poverty: An Asset Based Approach onde contribui com o artigo: Assets, Markets and Poverty in Brazil cuja verso em espanhol foi publicada no El Trimestre Economico. Quase dez anos depois participei de outras desta rondas de pesquisas, ligado ao projeto Qualidade de Vida, tema escolhido para a celebrao de 50 Anos da Instituio. Neste projeto trabalhamos com os microdados do Gallup World Poll, que cobre dados objetivos e subjetivos da populao de mais de 132 paises. A partir destes dados propomos o IDH percebido (PHDI Perceived Human Development Index) e mostramos que os pesos iguais dos trs componentes do IDH embora arbitrrios, no seriam muito diferentes daqueles encontrados usando a mtrica da satisfao com a vida presente1. Inicialmente exploramos o que chamamos de ndice de Felicidade Futura relativo a 2011 onde

    1 Angus Deaton da Universidade de Princeton tinha pouco antes desafiado a viso alternativa convencional de que dinheiro no traz a felicidade.

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    estamos agora. O Brasil j aparecia como o recordista mundial Exploramos aqui novamente os dados relativos agora a 2014. Ano que o Brasil sediar a Copa do Mundo......

    Marcelo Neri Centro de Polticas Sociais da Fundao Getulio Vargas (CPS/FGV) Sitio da Pesquisa

    O stio da pesquisa www.fgv.br/cps/brics disponibiliza bancos de dados interativos. Inclui um amplo conjunto de informaes a respeito dos fluxos de renda, mobilidade econmica e indicadores associados, enfatizando o potencial de produo e a capacidade de gerao de renda dos indivduos e famlias. As estatsticas disponveis at 2011 permitem investigar as principais mudanas recentes das classes econmicas brasileiras. Inicialmente analisa diferenas e semelhanas de grupos emergentes entre pases emergentes. Especial destaque dado a entender a natureza da ascenso da nova classe mdia nos BRICS. Passando do nvel global ao local, a pesquisa lana mo de novas bases de dados para mapear nos 5568 municpios brasileiros a distribuio relativa das diversos segmentos econmicos (i.e.; classes A, B, C, D e E, definidos pela FGV. Onde a pobreza e a riqueza so maiores?

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    CPS e o debate social A proposio e o estudo de indicadores sociais baseados em renda (como pobreza, nova classe mdia, desigualdade e bem estar social) a rea de pesquisa de maior relevncia do Centro de Polticas Sociais. O nosso desafio tem sido o de processar grandes quantidades de microdados de domnio pblico oriundos de pesquisas domiciliares e de cadastros administrativos a fim de diagnosticar causas e consequncias da desigualdade. O grupo de pesquisadores do CPS tem obtido sucesso neste objetivo de revelar, em primeira mo, todas as inflexes destas sries nacionais ao longo dos ltimos 18 anos, e participado ativamente do debate sobre o desenho de polticas sociais. O grfico dinmico da misria disponvel no site da pesquisa mostra o trabalho que tem sido desenvolvido nos ltimos anos: http://www.fgv.br/cps/Pesquisas/miseria_queda_grafico_clicavel/FLASH/index.htm

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    Sumrio

    A chamada nova classe mdia tem ocupado destaque na agenda das empresas privadas, dos gestores pblicos, dos polticos e dos demais mortais no Brasil como em outros lugares. Na atual pesquisa, abrimos a nova classe mdia brasileira pelas dimenses globais, nacionais, locais e atuais (www.fgv.br/cps/brics). Seno vejamos: Global - Inicialmente, analisamos diferenas e semelhanas de grupos emergentes entre pases emergentes. Especial destaque dado ao grupo dos BRICS, contrastando elementos diversos: Quanto o crescimento macroeconmico se reflete no bolso do cidado comum? O Brasil mais do que outros BRICS, apresentou um crescimento de pesquisas domiciliares 11,3 pontos de porcentagem superior ao PIB acumulada no perodo 2003 a 2009. A novidade que esta diferena tem aumentado. Mesmo no caso do pibo de 2010, que cresceu a 6,5% per capita contra 9.6% da renda da PME, a desacelerao do PIB do comeo de 2011 no se reflete ainda no mercado de trabalho metropolitano em 2011 onde a renda domiciliar per capita do trabalho cresce a 6.1% acima novamente do PIB. Quem melhora mais em cada pas: a base ou o topo da distribuio de renda? Para alm da mdia, estas mesmas pesquisas permitem ver que a desigualdade de renda cai aqui e aumenta alhures. No Brasil j cai h dez anos seguidos, j entrando no 11 ano. Os 20% mais ricos do Brasil tiveram na dcada passada um crescimento inferior a dos 20% mais ricos de todos os demais BRICS, j nos 20% mais pobres acontece o oposto. Para alm de melhoras objetivas, como esto atitudes e expectativas das pessoas em relao ao presente e ao futuro? Segundo o Gallup World Poll, o grau de satisfao com a vida, a mdia do Brasil em 2009 era 8,7 numa escala de 0 a 10. Superamos os demais: frica do Sul (5,2), Rssia (5,2), China (4,5) e India (4,5). Mais do que isso, o Brasil o nico dos BRICS que melhora no ranking mundial de felicidade saindo do 22 lugar em 2006 para 17 em 2009 entre 144 pases.

    O Brasil o recordista mundial de felicidade futura. Numa escala de 0 a 10 o brasileiro d uma nota mdia de 8,70 sua expectativa de satisfao com a vida em 2014 superando todos os demais 146 pases da amostra cuja mediana 5,6. Essa interpretao permite entender o Brasil: "o pas do futuro criada a exatos 70 anos atrs por Stefan Zweig. O sonho representa o esprito nova classe mdia tupiniquim. Nacional - Quanto cresceu em termos lquidos diferentes estratos econmicos da sociedade brasileira no perodo recente?

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    Desde 2003 um total de 50 milhes de pessoas mais do que uma Espanha - se juntaram ao mercado consumidor. Nos ltimos 21 meses at maio de 2011 as classes C e AB cresceram 11,1% e 12,8% respectivamente. Neste perodo 13,3 milhes de brasileiros foram incorporadas s classes ABC adicionando aos 36 milhes que migraram entre 2003 e 2009. Atual Indicadores antecedentes sugerem melhoras. A ltima semana do ms de maio 2011, medida pela PME Semanal, sugerem vis de queda para pobreza e vis de alta para a classe ABC em relao ao ms completo. No hsinais de desacelerao trabalhista.

    A taxa de reduo de desigualdade nos ltimos 12 meses um pouco acima daquele observado nas series da PNAD entre 2001 e 2009 no perodo de marcada reduo da desigualdade. O comportamento anti-cclico da desigualdade sugere a ausncia de dilemas equidade versus eficincia no perodo sob anlise. Alavanca mudanas na composio de classes observadas.\ Empregos Formais O grande smbolo da nova classe mdia a carteira de trabalho. Entre janeiro e abril de 2011 houve a criao lquida de 798 mil novos postos de trabalhos, o terceiro melhor desempenho desde 2000, ficando abaixo do mesmo perodo em 2010 (962 mil) e 2008 (849 mil). No h sinal de desaquecimento trabalhista. Local - Qual a recordista de nova classe mdia? Onde a pobreza e a riqueza so maiores?

    O municpio mais classe A Niteri com 30,7% na elite econmica. Depois vem Florianpolis (27,7%), Vitria (26,9%), So Caetano (26,5%), Porto Alegre (25,3%), Braslia (24,3%) e Santos (24,1%).

    Se formos menos elitistas e incluirmos as classes B e C no preo, o municpio gacho de Westflia apresenta a maior classe ABC com 94,2% nas Classes ABC. Quase todos os 30 municpios com maiores participaes nas classes ABC esto na regio Sul do pas fruto da menor desigualdade de renda l observada. Quais so as Prescries de Polticas para a nova classe mdia brasileira? Agenda - preciso Dar o mercado aos pobres, completando o movimento dos ltimos anos quando pelas vias da queda da desigualdade "demos os pobres aos mercados (consumidores)". Dar o mercado significa acima de tudo melhorar o acesso das pessoas ao mercado de trabalho. Os fundamentos do crescimento econmico e as reformas /associadas so fundamentais aqui. A educao regular e profissional funciona como passaporte para o trabalho. O desafio combinar as virtudes do Estado com as virtudes dos mercados, sem esquecer de evitar as falhas de cada um dos lados.

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    1. Introduo A chamada nova classe mdia tem ocupado destaque na agenda das empresas

    privadas, dos gestores pblicos, dos polticos e dos demais mortais no Brasil como em outros lugares. Numa poca de estagnao global observada depois da crise internacional, a ascenso econmica e social de dezenas de milhes de pessoas tem contribudo para manter a economia global girando. Em particular, os pases dos BRICS, que abrigam mais da metade dos pobres do mundo hoje, multiplicar por 7, at 2050, a sua relao com a renda gerada nos pases do G7. No centro desta massiva transformao de pobreza presente em riqueza futura est a nova classe mdia dos BRICS, que talvez seja a face humana mais palpvel desta revoluo. A presente pesquisa discute aspectos globais e locais da ascenso brasileira (at maio de 2011).

    Inicialmente, a seo 2 d um enfoque global, analisando diferenas e semelhanas de grupos emergentes entre pases emergentes. Especial destaque dado ao grupo dos BRICS, contrastando elementos diversos tais como: Quanto o crescimento macroeconmico se reflete no bolso do cidado comum? Quem melhora mais em cada pas: a base, o meio, ou o topo da distribuio de renda? Em que medida as transformaes observadas so sustentveis no tempo? Para alm de melhoras objetivas, como esto atitudes e aes das pessoas em relao ao futuro. Segundo alguns, a nova classe mdia seria formada por protagonistas de plano de ascenso social, aqueles que almejam transformar sonho em realidade. Depois da crise global, qual a expectativa da populao de cada pas sobre a respectiva satisfao com a sua vida no futuro? Em sntese, qual a qualidade percebida do crescimento das naes?

    Passamos a seo 3, ao nvel nacional atravs da anlise da distribuio de classes usando uma combinao de bases nacionais dada pela PNAD 2009, projees e observaes com base na PME atual (at maio de 2011). Respondemos a seguinte pergunta: quanto cresceu em termos lquidos diferentes estratos econmicos da sociedade brasileira no perodo recente?

    A seo 4 detalha como chegamos ao momento atual. Acompanhando a trajetria de famlias individuais, quantas progrediram, e quantas regrediram? Quanto educao e trabalho explicam da ascenso de classes?

    A seo 5 analisa o nvel local, lanando mo de nossos clculos sobre novas bases de dados associadas ao Censo 2010, para mapear nos 5565 municpios brasileiros a distribuio relativa das diversos segmentos econmicos (i.e.; classes A, B, C, D e E, definidos pela FGV). Qual a cidade mais classe A do pas? Qual a recordista de nova classe mdia? Onde a pobreza e a riqueza so maiores?

    A seo 6 discute luz dos resultados encontrados as prescries de polticas; quais so os elementos centrais da agenda de polticas pblicas e aes privadas para a nova classe mdia brasileira?

    Finalmente, a seo 7 apresenta as principais concluses da pesquisa.

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    2. Global Brasil X BRICS

    a. Crescimento, Desigualdade e Felicidade Perdemos nas mudanas do PIB para os demais BRICS, mas no trinmio dinheiro, desigualdade e felicidade, a comparao nos favorvel. Lideramos o G3 do futebol mundial com 12 das 20 Copas do Mundo: os BIGs - Brasil, Itlia e Alemanha (Germany), nessa ordem.

    Os pases emergentes conquistam crescente ateno mundial, especialmente depois do recente dbcle dos pases ricos. Segundo o acrnimo BRICS, criado por Jim ONeil da Goldman Sachs Brasil, Rssia, India, China e agora a frica do Sul (South Africa) seriam os principais tijolos edificadores da riqueza em 2030. Mais de metade dos pobres do mundo hoje esto nestes pases. BRICS importa tanto na riqueza futura como na pobreza presente.

    A ascenso dos BRICS se reflete na escolha das sedes dos dois principais eventos esportivos do planeta no perodo 2008 a 2018: China (Olimpadas de 2008), frica do Sul (Copa de 2010), Brasil (Copa de 2014 e Olimpadas de 2016) e Rssia (Copa de 2018). Ou seja, s um evento, a Olimpada de 2012, em Londres, no recaiu sobre os BRICS e s um membro do BRICS no sediar um desses eventos no perodo - a India - mas o Brasil sediar dois eventos. Em suma, dos seis eventos, cinco ocorreram em pases do BRICS.

    Os BRICS acabaram de virar um grupo oficial de pases. As tradicionais unies regionais, tipo Mercosul, acabam reunindo naes similares. O BRICS mais interessante pelas diferenas do que pelas semelhanas. Em particular, o Brasil tem descasado dos demais BRICS em algumas dimenses. Seno vejamos: Crescimento O comeo das chamadas dcadas perdidas de crescimento brasileiras a partir de 1980 quase coincide com o comeo do milagre econmico chins. O Brasil tem crescido menos que os demais BRICS. China e India crescem mais que ns em todos os anos desde 1992.

    H que se considerar que nos demais BRICS, assim como na maioria dos pases desenvolvidos, o principal medidor de progresso usado, o PIB, tem crescido mais que a renda de pesquisas domiciliares (as similares da PNAD brasileira). Por exemplo, na China, o PIB cresce dois pontos de porcentagem por ano acima da renda dos domiclios chineses. O oposto acontece no Brasil. Desde 2003 a renda da PNAD tem crescido 1,8 pontos de porcentagem por ano acima do PIB. Ou seja, se trocarmos a taxa de crescimento do PIB pela da PNAD entre 2003 e 2010, a goleada aplicada pelos chineses cai de 10% X 4% para 8% X 6%.

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    Desigualdade - Partindo de nveis bem mais altos, a desigualdade cai aqui e aumenta nos demais BRICS. Na Rssia ps comunista, o ndice de Gini, que varia entre 0 e 1, tem alta recorde de 0,28 em 1992 para 0,44 em 2008. J na frica do Sul ps Apartheid, o Gini chega incrvel marca de 0,7.

    Na dcada de 2000, as taxas de crescimento anual de renda domiciliar per capita dos 20% mais pobres e dos 20% mais ricos em cada um dos diferentes pases foi: China (8,5% e 15,1%); India (1,0% e 2,8%); frica do Sul (5,8% e 7,6%), enquanto no Brasil o bolo dos mais pobres cresce mais do que o dos mais ricos (6,3% e 1,7%). Ou seja, o bolso dos brasileiros, em especial dos pobres brasileiros, cresce mais que o PIB. O oposto acontece nos demais BRICS. A taxa de crescimento dos 20% mais ricos inferior a de todos os BRICS e a dos 20% mais pobres superior a todos os BRICS, menos a China2. Felicidade Segundo o Gallup World Poll, no grau de satisfao com a vida, a mdia do Brasil em 2009 era 7, numa escala de 0 a 10. Superamos os demais: frica do Sul (5,2), Rssia (5,2), China (4,5) e India (4,5). Mais do que isso, o Brasil o nico dos BRICS que melhora no ranking mundial de felicidade saindo do 22 lugar em 2006 para 17 em 2009 entre 144 pases3.

    No jogo do crescimento do PIB, acompanhado de perto pelos economistas, os BRICS tem goleado os pases desenvolvidos. J o Brasil estaria numa espcie de zona de rebaixamento da primeira diviso dos emergentes.

    J na disputa do dia a dia, que importa mais aos demais mortais, leia-se o trinmio dinheiro desigualdade felicidade, a comparao com os demais BRICS nos favorvel.

    Agora no quesito mais fundamental de todos, quele que determina a felicidade geral das naes no longo prazo, e depois dele, a comparao futebolstica: esqueam os BRICS, mas no todos os chamados PIIGS (Portugal, Irlanda, Itlia, Grcia e Espanha (Spain) que esto quebrados e sem banco de reservas, literalmente. ??

    Os nossos hermanos espanhis e argentinos que me perdoem, mas o verdadeiro G3 do futebol mundial com 12 das 20 Copas do Mundo disputadas so o que eu chamo aqui de BIGs, Brasil, Itlia e Alemanha (Germany), nessa ordem.

    2 Se atualizarmos as sries brasileiras at o final da dcada, o aumento de renda dos 20% mais pobres no Brasil ser maior que a da China.

    3 Veja mapas de felicidade presente e tabelas na prxima seo na prxima pgina.

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    Mapa Mundi de Felicidade Presente em 2009

    Mapa Mundi de Felicidade Presente em 2006

    Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Gallup World Poll (Projeto Bid)

    Life Today 2009

    2.8 - 3.8443.844 - 4.8884.888 - 5.9325.932 - 6.9766.976 - 8.02No Data

    Life Today 2006

    2.8 - 3.8443.844 - 4.8884.888 - 5.9325.932 - 6.9766.976 - 8.02No Data

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    b. O ndice de Felicidade Futura (IFF)

    If I go insane, Please don't put your wires in my brain.

    IF - Roger Walters

    O pas do futuro

    O Brasil o recordista mundial de felicidade futura. Em uma escala de 0 a 10, o brasileiro d uma nota mdia de 8,70 sua expectativa de satisfao com a vida em 2014 superando todos os demais 146 pases da amostra, cuja mdia era 6,5 e a mediana 5,6. Essa interpretao permite entender o Brasil: "o pas do futuro criada h exatos 70 anos atrs por Stefan Zweig. Antes, na expectativa com relao a 2011, o Brasil j ocupava o lugar mais alto do podium; agora a distncia em relao ao segundo colocado aumentou.

    Fonte: CPS/FGV a partir do Gallup World Poll 2009

    NA ordem, outros BRICS no ranking de felicidade futura em 2014 frica do Sul com 7,2 na escala de 0 a 10, o 46 colocado em 144 pases; China com 6,4, o 92 colocado; Rssia com 6, o 119 colocado e India com 5,7, o 128 colocado.

    Fonte: CPS/FGV a partir do Gallup World Poll 2009

    O brasileiro aquele que apresenta maior expectativa de felicidade futura superando inclusive a Dinamarca, lder mundial de felicidade presente, mas 6 do ranking de felicidade futura. Dinamarca era 3 lugar em relao a 2011. O lanterninha

    Felicidade Em2014 Em2004 Em2009Pas em5anos H5anos HojeMedia 6,5 5,2 5,6Mediana 5,6 5,2 5,2Max 8,7 7,2 7,7Min 4,4 3,2 2,8

    BRICSRankingdeIndicedeFelicidadeFuturaFelicidade Em2014 Em2004 Em2009Pas em5anos H5anos Hoje

    LugarnoRanking144Paises1 Brazil 8,7 6 746 SouthAfrica 7,2 4,6 5,292 China 6,4 3,5 4,5119 RussianFederation 6 5,1 5,2128 India 5,7 4,5 4,5

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    a Bulgria - pases do Leste Europeu tem baixas expectativas sobre o futuro. Zimbabwe, na frica, ocupava o ltimo lugar em relao a 2011.

    Fonte: CPS/FGV a partir do Gallup World Poll 2009

    RankingdeIndicedeFelicidadeFuturaFelicidade Em2014 Em2004 Em2009Pas em5anos H5anos Hoje

    LugarnoRanking144PaisesOs13Primeiros

    1 Brazil 8,7 6 72 Jamaica 8,3 5,2 6,23 Panama 8,2 6,4 74 UnitedArabEmirates 8,2 6,3 7,25 CostaRica 8,1 6,9 7,66 Denmark 8,1 7,2 7,77 Norway 8,1 6,9 7,68 Qatar 8,1 5,1 6,49 Australia 8 6,6 7,510 Colombia 8 5,5 6,311 Finland 8 7,2 7,712 NewZealand 8 6,7 7,213 Canada 7,9 6,6 7,5

    RankingdeIndicedeFelicidadeFuturaFelicidade Em2014 Em2004 Em2009Pas em5anos H5anos Hoje

    LugarnoRanking144PaisesOs13ltimos131 Turkey 5,6 5,2 5,2132 Turkmenistan 5,6 6,6133 BosniaandHerzegovin 5,5 4,4 5134 Cambodia 5,5 3,5 4,1135 Chad 5,5 3,4 3,6136 Latvia 5,5 4,8 4,7137 Egypt 5,4 5,3 4,9138 Togo 5,4 3,2 2,8139 Armenia 5,2 3,9 4,2140 Georgia 5,2 3,8 3,8141 Haiti 5,1 3,8 3,8142 Serbia 5,1 4,2 4,4143 Burundi 4,7 3,7 3,8144 Hungary 4,7 5,6 4,9145 Tanzania(UnitedRepu 4,7 3,5 3,4146 Bulgaria 4,4 4 3,6

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    No Brasil, a expectativa em relao ao futuro j era particularmente alta - na escala de 0 a 10, nossa nota mdia 8,78, maior do que qualquer um dos 132 pases ento pesquisados.

    Outro estudo da FGV falava em medida subjetiva de classe mdia. Classe mdia, como a juventude, seria um estado de esprito de que a vida vai melhorar no futuro. Pois a est, entre outras medidas forward-looking.

    O ndice de Felicidade Futura (IFF) vira em ingls Future Felicity Index cuja respectiva sigla FFI, lembra as teclas de avano rpido para frente dos aparelhos de vdeo e de som, que so linguagem universal. Na prtica, o paradoxo do alto IFF do jovem brasileiro seria um grande SE. Nos perguntamos ao longo da pesquisa se haveria razo para otimismo da nossa populao em geral, e dos nossos jovens em particular. O grosso das respostas a estas perguntas so endereadas nas partes nacionais da pesquisa. Dinheiro traz a felicidade (presente)?

    O senso comum nos informa que a felicidade pode ser considerada como o objetivo ltimo na vida de cada pessoa. O estudo da satisfao com a vida tem interesse intrnseco bem como outras motivaes, como a avaliao de polticas pblicas alternativas e a soluo de quebra-cabeas empricos da economia. Em relao a este ultimo aspecto, provavelmente o paradoxo mais intrigante a ser explicado a correlao extremamente fraca que diversos estudos apresentam entre renda, a varivel mais venerada em economia, e felicidade. Inmeros pases que experimentaram um aumento drstico na renda real desde a Segunda Guerra no observaram um aumento no bem-estar auto-avaliado pela populao, pelo contrrio, a mesma diminuiu. Em um dado ponto no tempo, a renda mais alta est positivamente associada felicidade das pessoas, contudo ao longo do ciclo de vida e ao longo do tempo, esta correlao fraca, como no chamado Paradoxo de Easterlin. As pessoas adaptam suas aspiraes aos maiores ingressos e se tornam mais exigentes medida que a renda sobe. Como veremos mais adiante, esta viso foi recentemente desafiada por resultados empricos apresentados por Angus Deaton (2007). muito cedo para escolher o lado da discusso, mas o lanamento dos novos dados do Gallup World Poll, os quais cobrem mais de 132 pases, ampliaram o horizonte geogrfico da discusso, e o trabalho pioneiro de Deaton neles reembaralharam as cartas de felicidade com as notas de dinheiro. Sem ainda fazer apostas em dinheiro como causa principal da felicidade, discutimos a partir dos microdados deste mesmo conjunto de informaes, cujo acesso foi propiciado pelo projeto sobre Qualidade de Vida do Banco Inter-Americano (BID), as relaes entre renda e felicidade.

    Iniciamos pelos mesmos dados de Deaton, que esto disponveis para 132 pases, explorando exerccios simples bivariados de satisfao com a vida em nveis e diferenas atravs de diferentes horizontes contra o PIB per capita ajustado por paridade

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    de poder de compra a fim de compararmos laranjas com laranjas entre pases. O mergulho inicial do impacto da renda ao nvel mundial sobre a satisfao com a vida nos informa que Togo ocupa a lanterninha com 3,2 numa escala de 0 a 10 e a Dinamarca a dianteira?, com 8,02. O Brasil est numa posio mais para a nao europia do que para a africana, atingindo 6,64, se situando acima da norma internacional de felicidade dado o seu PIB per capita. A nossa pesquisa tambm informa que dinheiro traz a felicidade presente no Brasil e no Mundo. Para cada 100% de aumento de renda a felicidade geral das naes sobe 15%. Mas o Brasil contraria um pouco esta norma internacional: o Brasil era nmero 22 no ranking mundial de felicidade presente acima da posio no ranking de renda nmero 52 de 132 pases. Ou seja, temos mais felicidade presente que o nosso dinheiro no bolso sugeriria. De 2006 para 2009 a posio relativa do pas aumentou de 22 lugar de 132 pases para o 17 lugar em 146 pases.

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    Mapa Mundi de Felicidade Futura em 2014

    Mapa Mundi de Felicidade Futura em 2011

    Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Gallup World Poll (Projeto Bid)

    Life in 5 Years 2009

    4.04 - 5.315.31 - 6.176.17 - 6.956.95 - 7.627.62 - 8.78No Data

    Life in 5 Years 2006

    4.04 - 5.315.31 - 6.176.17 - 6.956.95 - 7.627.62 - 8.78No Data

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    Pas Jovem A juventude um estado de esprito, no determinado pela idade em si, mas pela

    postura da pessoa diante do seu futuro. O jovem acredita que o melhor da vida ainda est por vir. Pesquisa inicial da FGV concebeu e calculou esta medida subjetiva de juventude em projeto para o BID a partir de uma nota de 0 a 10 reportada diretamente por cada um dos mais de 150 mil entrevistados no Gallup World Poll, em uma amostra de 132 pases. A pesquisa mostrava a satisfao prospectiva de um cidado do mundo com a vida; a perspectiva de felicidade futura em relao a 2011, onde estamos agora, cai com a idade do indivduo de 7,41 aos 15 anos at 5,45 para aqueles com mais de 80 anos, quando as felicidades presente e futura se equivalem. Na idade dos debutantes, a mdia futura 3,3 pontos melhor que a mdia de felicidade presente.

    No Brasil, j era particularmente alta a expectativa em relao futuro - na escala de 0 a 10 nossa nota mdia foi 8,78, mais do que qualquer um dos 132 pases pesquisados. Ou seja, somos campees mundiais de felicidade futura, ou de atitude jovem. Essa interpretao permite reconciliar duas qualificaes recorrentemente atribudas ao Brasil: "o pas do futuro, por uns, e "pas jovem" por outros. Mais do que um pas de jovens na sua composio demogrfica, o Brasil um pas habitado por jovens de esprito. A mdia de felicidade futura do brasileiro entre 15 e 29 anos 9,29 tambm superior a qualquer outro pas pesquisado.

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    Fonte: CPS/FGV Gallup 2006

    RankingdeFelicidadeFuturaPopulaoJovem15a29Anos

    Felicidade Em2011Pas em5anos

    LugarnoRanking132PaisesOs13Primeiros

    1 zzzbrazil 9.292 united states 9.113 venezuela 8.874 france 8.785 denmark 8.786 canada 8.707 ireland 8.708 panama 8.689 israel 8.6310 sweden 8.6211 colombia 8.5712 australia 8.5113 puerto rico 8.51

    RankingdeFelicidadeFuturaPopulaoJovem15a29Anos

    Felicidade Em2011Pas em5anos

    LugarnoRanking144PaisesOs15ltimos117 cameroon 6.21118 niger 6.20119 yemen 6.14120 rwanda 6.11121 palestine 6.10122 malawi 5.99123 afghanistan 5.99124 bruk ina faso 5.88125 tanzania 5.81126 madagascar 5.79127 ethiopia 5.58128 uganda 5.46129 iraq 5.46130 cambodia 5.37131 haiti 5.18132 zimbabwe 4.68

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    c. A convergncia da desigualdade Nos anos 2000, a renda dos 50% mais pobres no Brasil subiu 67,9% contra 10,03% dos 10% mais ricos.

    A desigualdade brasileira apesar de ser uma das mais grandes do mundo como dizem nossos vizinhos latinos - deixou de ser ponto fora da curva internacional. o que pude aprender em reunies com pesquisadores de pases desenvolvidos (Alemanha, EUA e Coria) e emergentes (China, ndia, frica do Sul e Mxico).

    Inicialmente, vale frisar a magnitude ainda absurda da nossa desigualdade. O ndice de Gini - a medida mais usada de concentrao de renda - varia de 0 a 1. Zero se as rendas de todos fossem iguais, e um quando a renda de todos se concentra numa nica pessoa. Ou seja, nosso Gini atual de 0,53 est ainda mais prximo do mximo do que do mnimo da desigualdade. Por outro lado, ela est em queda aqui, e em alta nos demais pases citados. Seno vejamos.

    Em todos os pases europeus da OCDE a desigualdade aumenta desde 1985 a no ser pela Frana e Blgica. Nos pases nrdicos, como Sucia e Finlndia, entre os mais igualitrios do mundo - funo de um generoso Welfare State - onde a desigualdade aumentou mais. A desigualdade norte-americana segue na mesma trajetria ascendente no perodo ps-Reagan, qualquer que seja a medida usada, mas maior naquelas que focam mais no topo da distribuio de renda.

    Mais do mesmo aumento de desigualdade acontece nos demais BRICS. Em particular, quando fazemos os devidos ajustes passando de medies baseadas em consumo para renda e atualizamos os dados: os Ginis da China e da ndia, de 0,48 e 0,52 respectivamente, se aproximam do brasileiro. O Gini da Rssia passou de 0,28 nos escombros do comunismo para 0,42. Na frica do Sul, o Gini est em 0,67 nunca vi um to grande com alta ps-apartheid.

    O Gini do Brasil acaba de chegar ao mnimo da nossa srie histrica iniciada em 1960, mas ainda superior a todos os pases acima citados. (exceto Africa do Sul) A exceo do Mxico, que sofre os efeitos conjunturais do casamento com a economia americana, agora em crise. Este revs mexicano importa pelo tamanho do pas na Amrica Latina. Os livros recentes de Leonardo Gasparini e outro de Nora Lustig e Luis Felipe Calva, apontaram reduo de desigualdade em 13 de 17 pases do continente entre 2000 e 2007 - veja na prxima subseo. A exceo Costa Rica e Uruguai justamente os mais igualitrios dos latino-americanos. A Amrica Latina, o mais desigual continente do mundo, justamente onde a desigualdade cai.

    Modelos de livro-texto de crescimento, como o de Solow, apregoam a convergncia de renda mdia entre pases, que de fato est acontecendo no perodo recente, a nvel global, com o descasamento do forte crescimento da China e da ndia

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    em relao aos demais pases. Estes dois pases so estratgicos, pois abrigam mais da metade dos pobres do mundo.

    H convergncia mundial da desigualdade dentro dos pases? No sentido de que quem tem muita desigualdade passa a ter menos e quem tinha menos desigualdade interna passa a ter mais?

    A desigualdade total entre os membros da aldeia global no estaria necessariamente aumentando apenas mudando a sua forma a partir de convergncia de rendas mdias entre pases e da convergncia de desigualdade dentro dos pases. Esta a minha conjectura aqui.

    O que realmente difere no caso brasileiro e latino americano - da ltima dcada, pelo menos para os demais pases apontados acima, o movimento das respectivas diferenas internas. Queda aqui e alta alhures. Samos no Brasil de um Gini de quase 0,6 em 2001 atingindo 0,53 em 2010, com queda em todos os ltimos 10 anos. A taxa acumulada de crescimento renda da real per capita na dcada passada dos 10% mais ricos foi de 10,03% contra 67,93% dos 50% mais pobres. Ou seja, descontando a inflao e o crescimento populacional de nossa Belndia, o crescimento da metade inferior indiana foi 577% mais alto que o da elite belga que detinha antes quase metade da renda nacional (vide www.fgv.br/cps/dd).

    d. Desigualdade Latina, a mais grande? do mundo (mas em queda)

    Se no futuro um historiador fosse nomear as principais mudanas ocorridas na sociedade brasileira e latino americana na primeira dcada do terceiro milnio, poderia cham-la de dcada da reduo da desigualdade de renda. Da mesma forma que a de 90 foi a da estabilidade para ns (depois dos vizinhos) e a de 80, a da redemocratizao. Existe paralelo entre a fotografia e os movimentos do Brasil e da Amrica Latina. Em ambos, o nvel da desigualdade dos mais altos do mundo, mas em queda. A m notcia que ainda somos muito desiguais; a boa notcia prospectiva que h muito crescimento a ser gerado na base da pirmide social. Os livros recentes de Leonardo Gasparini e outro de Nora Lustig e Luis Felipe Calva apontaram reduo de desigualdade em 13 de 17 pases do continente entre 2000 e 2007

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    ndice de Gini no ponderado para Amrica Latina (21 paises)

    Fonte: Gasparini et al. (2010) - CEDLAS

    Variao do ndice de Gini no ponderado para Amrica Latina (17 paises) Entre 200 e 2007

    Fonte: Lopez-Calva and Lusting (2010)

    H contribuio relevante no relatrio do PNUD 2010 de descrever a reduo de desigualdade, alm de incorporar o seu efeito nas dimenses centrais do desenvolvimento humano, leia-se educao e sade para alm da renda. No estamos apenas olhando para mdias, mas para a distribuio destes elementos ao longo de nossas desiguais sociedades. Outra contribuio mais em linha com as sees anteriores

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    olhar as aspiraes e atitudes subjetivas atravs da investigao sistemtica e objetiva de aspectos subjetivos dos pases da Amrica Latina.

    No h mudana real, sem a viso e ao daqueles que as protagonizam. Apesar de todas as dificuldades e riscos associados empreitada, podemos agora comear a tentar entender as mentes inspiradoras do realismo fantstico de Gabriel Garcia Marquez ou dos bares lgubres de Mrio Vargas Llosa.

    e. Crescimento inclusivo sustentvel?

    Dois Prmios Nobel em Economia, Amartya Sen e Joseph Stiglitz, apresentaram os resultados de um relatrio elaborado por uma comisso formada a pedido do presidente francs, Nicolas Sarkozy. A Comisso para Mensurao do Desempenho Econmico e Progresso Social contou com outros 21 pesquisadores de renome, incluindo Angus Deaton e James Heckman. O contedo do relatrio acabou de ser publicado sob o formato do livro intitulado Mismeasuring Our Lives.

    No cabe aqui discutir este relatrio em profundidade, nem mesmo as crticas que possam ser ventiladas seu respeito, mas aplicar as suas quatro principais concluses ao caso brasileiro ps recesso de 2003. Vejamos: PIB X PNAD - O trabalho alerta quanto necessidade de se melhorar as atuais medidas de desempenho econmico que se centram no Produto Interno Bruto (PIB). Em particular, enfatizar a perspectiva da renda e consumo do domiclio para melhor aferir padres materiais de vida mdios. Neste aspecto, cabe lembrar que embora no longo prazo, no caso brasileiro, a evoluo de agregados como PIB das contas nacionais e a renda da Pesquisa nacional de Amostras a Domiclio (PNAD) apresentam tendncias semelhantes, h um forte descolamento no perodo 2003 a 2009, quando a renda mdia da PNAD cresceu 11,3 pontos de porcentagem a mais que o PIB. De acordo com a viso objetiva das pessoas, os seus respectivos padres mdios de vida esto crescendo mais do que o PIB sugere. Na maioria dos outros pases, como o livro aponta, tem acontecido o reverso, as respectivas PNADs indicam crescimento menor que o do PIB. Sustentabilidade - Considerar estoques de ativos, como por exemplo, incorporar atributos ambientais para considerar a sustentabilidade dos indicadores de desempenho ao longo do tempo, isto , se os atuais nveis de bem-estar podem ser mantidos para geraes futuras. No vou entrar nas variveis ambientais, porque no so a minha praia, mas nos estoques de ativos captados pela PNAD. Calculamos, a partir de equao de salrios, indicadores de potencial de gerao de renda baseados em ativos produtivos como capital humano (educao de todos os membros no domicilio e de sua utilizao (posio na ocupao), capital social (associativismo) e capital fsico (computadores, contribuio previdenciria pblica e privada etc). Calculamos tambm, usando o

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    mesmo mtodo e mtrica, ndices de potencial de consumo (durveis, moradia etc). Os primeiros cresceram no perodo 2003 a 2009, 38% a mais que os segundos, indicando sustentabilidade dos padres de vida assumidos. Na dcada de 90, aconteceu o oposto: indicador de consumo subiu mais do que o de capacidade de produo. Apesar da importncia do crescimento do crdito ao consumidor e das transferncias pblicas sociais, como benefcios da previdncia e o Bolsa-Familia, o crescimento da educao e do emprego formal (embora nveis precrios) so comparativamente mais relevantes para explicar as transformaes em curso, sugerindo sustentabilidade do processo. Incluso - Medidas de renda, consumo e riqueza devem estar acompanhadas por indicadores que reflitam sua distribuio. Em um pas apelidado de Belndia, este tipo de considerao de importncia capital, pois a mdia esconde mais do que revela. No perodo 2003 a 2009 o crescimento da renda real per capita da PNAD dos 10% mais pobres foi 69% caindo monotonicamente medida que nos aproximamos, dcimo a dcimo, dos 10% mais ricos quando atinge 12,6%. Ou seja, a taxa de crescimento dos mais pobres foi 550% maior que a dos mais ricos. o que se pode chamar de espetculo de crescimento, apenas dos mais pobres que tem crescido a taxas chinesas. Em pases desenvolvidos como Estados Unidos e Inglaterra, ou Emergentes como, China e na India, ocorre o oposto, aumento de desigualdade. Percepo - Por fim, a conjugao de medidas objetivas e subjetivas de bem-estar, mediante o uso de questes captada nas avaliaes das pessoas com relao s suas vidas, visa obter um retrato mais fidedigno da qualidade de vida nos pases. Ou seja, no basta objetivamente melhorar de vida, preciso que as pessoas percebam esta melhora. Como a PNAD no dispe de informaes quanto s percepes das pessoas, usamos ndices de globais de satisfao com a vida do Gallup World Poll. Em 2009, o Brasil se situava 17 lugar em 144 pases. Todos os outros Brics se situavam em nveis abaixo da felicidade mediana. Entre 2006 e 2009, a felicidade geral da nao sai do ranking 22 lugar em 132 pases em 2006 para 17 lugar em 144 paises. Ou seja, a felicidade geral da nao brasileira evoluiu relativamente s demais naes.

    Em suma, podemos dizer que o avano econmico brasileiro nos ltimos seis ou sete anos no constitui um espetculo de crescimento; o PIB Brasil tem crescido na mediana da Amrica Latina, que no tem sido a regio mais dinmica do mundo. A PNAD nos sugere crescimento maior que o do PIB. luz das recomendaes da comisso, a qualificao deste crescimento seria inclusivo e sustentvel, no apenas em termos da objetividade dos brasileiros entrevistados em suas casas, como tambm na sua subjetividade.

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    3. Nacional - Monitorando as Classes Econmicas

    a. Detalhando o Critrio de Renda H algumas consideraes na definio e uso do critrio de renda, seja na

    definio de classes ou da sua traduo em potencial de consumo e de capacidade de gerao (e manuteno) de renda.

    Em primeiro lugar, o conceito de classes se refere famlia e no aos indivduos, pois h solidariedade interna na transformao dos proventos em consumo. Uma pessoa pertence, ou no, a uma famlia da classe mdia.

    Em segundo lugar, tambm seguimos a literatura de bem estar social usando renda per capita e no renda total da famlia, ou dos domiclios. Pois h que se distinguir famlias que tm a mesma renda total e nmeros de membros distintos. Por exemplo, na nossa classificao uma famlia que tem renda total de 2200 reais mensais divididos entre, digamos, 15 membros, ter renda per capita de R$147 mensais dedicada exclusivamente subsistncia de seus membros, considerada pobre ou classe E em nossa classificao, enquanto outra composta de uma nica pessoa ter a condio de comprar alguns suprfluos. Se usssemos o conceito de renda total da unidade estaramos tratando de maneira igual pessoas em condies de vida bastante distintas. Existem significativos erros de classificao quando se usa renda domiciliar total ao invs do conceito per capita. Este erro corresponde aos diferentes estratos de renda: 29,2% na classe AB, 29,5% na classe C, 49% na classe D e 12,4% na classe E. O problema maior aqui como tem havido reduo sistemtica no tamanho dos domiclios de 4,4 para 4,04, entre 2003 e 2009, funo da transio demogrfica em curso; o crescimento da renda domiciliar total de 21,09% acumulado no perodo subestima o crescimento de renda per capita total de 31,88%. Esta diferena de quase 10 pontos de porcentagem ou 50% do crescimento da renda total observada o tamanho do erro cometido no perodo.

    Em terceiro lugar, evitamos o uso de faixas de salrio mnimo comum na literatura tupiniquim por pelo menos duas razes, a saber: o poder de compra do salrio mnimo tem mudado sistematicamente ao longo do tempo. Em 2004 quando lanamos o estudo Mapa do Fim da Fome II, baseados nas informaes do Censo 2000, a nossa linha de pobreza superava a linha de 1/2 salrio mnimo (a preos de 2000 era 75,5 reais -salrio mnimo de R$ 151- contra R$ 79 da nossa linha de pobreza). A preos de hoje, a nossa linha de pobreza equivale a pouco mais de 1/4 de salrio mnimo cerca de R$ 127,50 (salrio mnimo de R$ 510) contra R$ 140 reais da nossa linha ajustada pelo ndice Nacional de Preos ao Consumidor (INPC) do IBGE. Ou seja, o uso do salrio mnimo como numerrio falha em manter constante o poder de compra ao longo do tempo, que seria uma motivao inicial para o seu uso como linha de pobreza absoluta. O uso do salrio mnimo no vem em geral acompanhado de diferenciadores do custo de vida regional conforme usado em nossos ndices de classes econmicas e de pobreza.

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    b. As Divises de Classes: Preferimos o uso de referncias relativas distribuio de porcentagens da

    populao em um ano base, que so depois mantidas ao longo do tempo, conforme explicado a seguir. Ao contrrio de anlises da distribuio de renda relativa onde mapeamos a parcela relativa de cada grupo na renda total, nos fixamos aqui na parcela da populao que est dentro de determinados parmetros fixados para todo o perodo.

    Isto , estamos preocupados com a renda absoluta de cada pessoa. A presente abordagem similar quela usada na anlise de pobreza absoluta, s que estamos preocupados tambm com outras fronteiras como aquelas que determinam a entrada na classe mdia e a sada deste grupo para a classe alta. Fazendo uma analogia, na anlise distributiva relativa, estamos num grfico de pizza de tamanho fixo onde para um grupo ganhar, outro tem de diminuir. Na anlise absoluta aqui utilizada, alm da dana distributiva, o tamanho de pizza pode mudar. O que est por traz do resultado que alm dos de renda mais baixa terem se apropriado de uma maior parcela relativa da pizza (a reduo da desigualdade), a mesma aumentou de tamanho (o crescimento). Passou, digamos, de um tamanho brotinho para mdia. Na presente anlise, estamos preocupados no s na parcela relativa, mas na quantidade de pizza apropriada por cada estrato da sociedade4.

    A Classe C a classe central, abaixo da A e B e acima da D e E. A fim de quantificar as faixas, calculamos a renda domiciliar per capita e depois a expressamos em termos equivalentes de renda domiciliar total de todas as fontes. Seguindo a abordagem proposta em Esteban, Gradin e Ray (2007), escolhemos no segmentos iguais de populao, mas aqueles que maximizam a distancia entre grupos e minimizam a distancia dentro dos grupos. A tabela abaixo ilustra, para vrias bases de dados, que as nossas faixas conseguem ter um nvel de desigualdade entre grupos quase 20 pontos percentuais acima da distribuio em trs grupos de tamanhos iguais.

    Depois, realizamos ajuste na mdia de renda, pois a POF, pesquisa mais

    completa em termos de questionrio de renda,capta melhor que a PNAD a renda no 4 Quando usamos a PME em funo da nossa classificao se basear em renda do trabalho, restringimos a anlise ao grupo em idade ativa de 15 a 60 anos de idade e fazemos os ajustes equivalentes na renda domiciliar per capita.

    CORTESEMEDIDASDEDESIGUALDADENDICEDETHEIL%dadesigualdadeexplicadapeloENTREsegmentosderenda

    CLASSESECONOMICAS

    CPS/FGVGRUPOS%IGUAIS

    (1/3)

    PME20022003 76.71% 59.34%PNAD2003 79.71% 59.91%PNAD2009 74.29% 57.96%POF20082009 71.40% 59.29%

    Fonte:CPS/FGVapartirdosmicrodadosdoIBGE

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    monetria, fundamental aos pobres, e a renda financeira apresenta nveis de desigualdade muito prximos ao observado. Permitindo apenas um ajuste da mdia de renda, uma vez que a distribuio foi fixada em termos de percentuais da distribuio. Aps estes ajustes, a faixa C central est compreendida entre os R$ 1610 e os R$ 6950, uma renda mdia de R$ 4250 a preos de hoje na mdia nacional ajustados pelo custo de vida local. A nossa classe C est compreendida entre os imediatamente acima dos 50% mais pobres e os 10% mais ricos na virada do sculo5. Heuristicamente, os limites da classe C seriam as fronteiras para o lado indiano e para o lado belga da nossa Belndia. Investigamos as migraes entre estes diferentes Brasis. A classe C aufere em mdia a renda mdia da sociedade, ou seja, classe mdia no sentido estatstico. A classe C a imagem mais prxima da mdia da sociedade brasileira. Dada desigualdade, a renda mdia brasileira alta em relao ao resto da distribuio.

    Na comparao com o resto do mundo: 80% das pessoas no mundo vivem em pases com nveis de renda per capita menores que o brasileiro. A distribuio de renda no Brasil prxima daquela observada no mundo. Temos uma renda ajustada por paridade de poder de compra (PPC) similar a mundial e o Gini interno similar queles observados entre o PIB per capita PPC entre pases. Ou seja, a nossa classe mdia no seria diferente daquela observada no mundo usando os mesmos mtodos. Talvez por isso, o estudo mais recente sobre classe mdia mundial da Goldman Sachs (The Expanding Middle) gere resultados prximos a nossa classe C, vulga mdia6.

    Outros estudos internacionais variam bastante a definio de Classe Mdia de R$ 115 a R$ 516 no trabalho de Barnajee & Duflo do MIT de 2007 at R$ 2435 ? a R$ 10025 do Banco Mundial (Global Economic Prospects de 2007). Este ltimo mais prximo da definio da classe mdia em pases desenvolvidos, segundo o estudo da Goldman Sachs. A nossa classe C est dentro dos limites deles que variam muito entre si. Alguns olham para a nossa classe C e a enxergam como mdia baixa e para a nossa classe B e a enxergam como classe mdia alta. O mais importante ter um critrio consistente definido ao longo do tempo.

    De toda forma, aquele pertencente nossa classe A, que se julgam classe mdia, procure as palavras Made in USA atrs de seu espelho. Agora a parcela da Classe C subiu no Brasil 22,8% de abril de 2004 a abril de 2008, neste mesmo perodo a nossa Classe A & B subiu 33,6%. Portanto para quem acha classe mdia mais rica que a nossa classe C, a concluso que a classe mdia cresceu no afetada, pelo contrrio. Outros indicadores indicam a ocorrncia de um boom na classe C: casa, carro, computador,

    5 O status relativo de renda dos 10% mais altos vis a vis o resto da distribuio era segundo os estudos de David Lam e Sam Morley o que diferencia a concentrao de renda no Brasil e na Amrica Latina frente de outros pases, como os Estados Unidos que no um pas particularmente igualitrio. 6 De R$ 859 a R$ 4296 deles contra R$ 1126 a R$ R$ 4854 nosso na mesma data sem o ajuste POF, ambos expressos em reais da mesma poca.

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    crdito e carteira de trabalho estavam todos nos seus nveis recordes histricos quando a crise chegou ao pas e agora, em 2010, esto voltando todos a nveis prximos ou superiores a estes recordes histricos.

    c. Monitorando as Classes Econmicas no Brasil at 2011

    Emergentes - Desde 2003 um total de 50 milhes de pessoas mais do que uma Espanha - se juntaram ao mercado consumidor. Nos ltimos 21 meses at maio de 2011, as classes C e AB cresceram 11,1% e 12,8%, respectivamente. Neste perodo 13,3 milhes de brasileiros foram incorporados s classes ABC adicionando aos 36 milhes que migraram entre 2003 e 2009.

    A anlise do quadro nacional apresenta dificuldades nos anos de Censo, funo da maior defasagem envolvida no seu processamento, falta de comparabilidade dos dados e ausncia de PNAD. Nesta parte combinamos os nveis da PNAD com projees ponderadas dela e variaes extradas da PME para traar o quadro nacional das classes econmicas at Maio de 2011. Seguimos estratgia similar a de nossa ltima pesquisa sobre desigualdade na dcada (www.fgv.br/cps/dd)

    Esta nova pesquisa da FGV, a partir da combinao de microdados da PNAD e PME (IBGE), revela, entre outros indicadores, qual foi a dana distributiva da populao brasileira entre os diferentes estratos econmicos. A principal caracterstica da abordagem aqui utilizada o seu nvel de desagregao em quatro grupos de renda. Olhamos a evoluo da participao da populao em cada estrato. Apresentamos abaixo os limites das classes econmicas medidas em renda domiciliar total de todas as fontes, por ms7:

    Definio das Classes Econmicas Renda Domiciliar Total de Todas as Fontes

    Limites (preos 2011)

    Inferior Superior Classe E 0 751 Classe D 751 1200 Classe C 1200 5174 Classe B 5174 6745 Classe A 6745

    7 Os valores so calculados a partir do conceito de renda domiciliar per capita. Quando aplicados a PME compatibilizadas com o fato da renda ser s do trabalho para a populao de 15 a 60 anos.

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    Apresentamos a seguir um grfico que sintetiza a dana distributiva protagonizada pelos brasileiros nas ltimas duas dcadas. Faremos uma anlise mais geral dos grupos extremos, para em seguida detalhar o que aconteceu com cada subgrupo. De maneira geral, utilizando as informaes domiciliares mais recentes investigadas at maio de 2011, pela Pesquisa Mensal do Emprego (IBGE), o que podemos notar que na soma dos estratos econmicos mdios e altos da distribuio, sintetizados nas classes ABC, 13,1 milhes foram adicionados desde 2009, perfazendo um total de 48,8 milhes de ingressantes neste grupo entre 2003 e 2009. Em contrapartida a base da pirmide econmica formada pelas classes D e E foi reduzida de 96,2 milhes em 2003 para 63,6 milhes em 2011, sendo 9,7 milhes desde 2009. Significa que, na combinao dos dados mais recentes da PME s ultimas sete PNADs, quase a populao total da frica do Sul foi incorporada s classes ABC. As pirmides populacionais abaixo ilustram a evoluo da populao brasileira dividida nos diversos estratos econmicos.

    A Pirmide Populacional dividida em Classes Econmicas

    Anos Intermedirios

    Fonte: Centro de Polticas Sociais da FGV a partir dos microdados da PNAD e PME/IBGE

    1993 2010 2011

    92.868.78065.370.007 63.592.062

    45.646.118 101.802.359 105.468.908

    8.825.70222.763.580 22.526.223

    ClasseDE ClasseC ClasseAB

  • 33

    Evoluo da Participao de Grupos de Classes Econmicas

    Em seguida, apresentamos um srie de tabelas e grficos que permitem ao leitor

    analisar detalhadamente o que aconteceu em cada grupo especifico de renda.

    Evoluo da Populao por Classes Econmicas8 - 2011/1993 2011/2003 2011/2009 2011/2010

    ClasseAB/C 80.71% 47.94% 9.41% 1.87%

    ClasseAB 96.29% 54.71% 10.82% 1.90%ClasseC 77.70% 46.57% 9.12% 2.71%ClasseD 27.47% 24.03% 14.02% 1.76%ClasseE 63.22% 54.18% 15.90% 6.26%

    Fonte: Centro de Polticas Sociais da FGV a partir dos microdados da PNAD e PME/IBGE

    Diferena Populacional por Classes Econmicas 2011/1993 2011/2003 2011/2009 2011/2010

    ClasseAB/C 73523311 48785385 13083641 3429193

    ClasseAB 13700521 9195974 2558799 237356ClasseC 59822790 39589412 10524842 3666549ClasseD 2347824 7976346 5543969 356452ClasseE 26928895 24637406 4146862 1421494

    Fonte: Centro de Polticas Sociais da FGV a partir dos microdados da PNAD e PME/IBGE

    8 Neste caso reflete mudanas nas participaes relativas de cada classe e do aumento do contingente populacional.

    62,13

    63,03

    54,95

    54,50

    54,15

    53,62

    55,91

    53,62

    53,05

    54,85

    52,56

    49,86

    45,67

    43,37

    40,37

    38,94

    34,42

    33,19

    32,52

    30,98 36,52

    36,74

    37,01

    37,39

    36,10

    38,07

    38,64

    37,56

    39,73

    41,81

    44,94

    46,90

    49,22

    50,45

    53,60

    55,05

    5,35

    5,99 8,53

    8,76

    8,84

    8,99

    7,99

    8,31

    8,31

    7,60

    7,71

    8,32 9,40

    9,73 10,42

    10,61

    11,98

    11,76

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    ClasseDE ClasseC ClasseAB

  • 34

    Os dados recentes da Pesquisa Mensal do Emprego (disponveis at maio de 2011), mostram que a pobreza continua a sua tendncia decrescente identificada em pesquisas anteriores. Desde a recesso de 2003 at o ano 2009, tivemos 20,5 milhes de pessoas saindo da pobreza. Adicionamos em quase dois anos, mais 4,1 milhes (sendo 1,4 milhes nos ltimos 9 meses), somando ento cerca de 24,6 milhes de pessoas cruzando a linha de misria nos ltimos 8 anos. Chegamos a uma populao de 24,6 milhes de pobres, com renda familiar at 751 reais mensais, um contigente ainda expressivo, sem dvida, mas que seriam quase 50 milhes se a pobreza no tivesse cado nos ltimos anos. A queda acumulada na taxa de pobreza 54,18%, em 8 anos (sendo 15,9% desde 2009), atingindo hoje 12,88% da populao9.

    Evoluo da Classe E %

    Fonte: Centro de Polticas Sociais da FGV a partir dos microdados da PNAD e PME/IBGE

    A proporo estimada de pessoas na classe D , hoje, 20,31% (contra 23,62%

    em 2009). So 38,9 milhes de brasileiros com renda desde 751 reais mensais at R$ 1200. Em termos de movimento, o que podemos notar a reduo de 5,5 milhes de pessoas em quase dois anos, ou de 8 milhes se considerarmos os ltimos 8 anos.

    9 Com renda per capita inferior a 137 reais mensais (a preos da grande So Paulo ou 145 reais a preos mdios nacionais ponderados pela populao de cada estado).

    34,96

    35,03

    28,65

    28,82

    28,37

    26,88

    28,71

    27,54

    26,66

    28,12

    25,40

    22,80

    19,32

    18,26

    16,02

    15,32

    13,74

    12,88

  • 35

    Evoluo da Classe D %

    Fonte: Centro de Polticas Sociais da FGV a partir dos microdados da PNAD e PME/IBGE Olhando mais para cima e para o alto da distribuio, cerca de 39,6 milhes

    ingressaram nas fileiras da chamada nova classe mdia (Classe C) entre 2003 e 2011 (59,8 milhes desde 1993). Centrando nossa anlise ao perodo mais recente, notamos crescimento acumulado de 9,12% na proporo de pessoas pertencente a este grupo desde 2009, equivale a dizer que 10,5 milhes de brasileiros que no eram, passam a ser classe C (3,7 milhes s no ltimo ano). A mesma que atingia 50.45% da populao brasileira em 2009, passa agora a 55,05% em 2011. Traduzindo em nmeros absolutos, atingimos a marca de 100,5 milhes de brasileiros que tem renda entre 1200 at 5174 reais mensais, sendo esta a classe dominante no sentido populacional.

    Evoluo da Classe C %

    Fonte: Centro de Polticas Sociais da FGV a partir dos microdados da PNAD e PME/IBGE

    27,17

    28,00

    26,30

    25,68

    25,78 26,74

    27,20

    26,08

    26,39

    26,73

    27,16

    27,06

    26,35

    25,11

    24,35

    23,62

    20,67

    20,31

    32,52

    30,98

    36,52

    36,74

    37,01

    37,39

    36,10

    38,07

    38,64

    37,56

    39,73

    41,81 44,94

    46,90 49,22

    50,45 53,60

    55,05

    30,00

    35,00

    40,00

    45,00

    50,00

    55,00

    60,00

    1992

    1993

    1995

    1996

    1997

    1998

    1999

    2001

    2002

    2003

    2004

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2010

    2011

  • 36

    Mostramos em nossa ltima pesquisa que, as classes AB foram as que cresceram mais em termos relativos (39,6%) no perodo entre 2003 a 2009, quando 6,6 milhes foram incorporados a esse grupo. Mais recentemente, com base na PME, identificamos entre 2010 e 2011, queda de 1,9% na taxa, mas se considerarmos o acumulado dos ltimos 21 meses, o que observamos um aumento de 10,82% na proporo de pessoas na classe AB. Isso corresponde entrada de mais 2,6 milhes de pessoas no grupo mais alto de renda. Juntando os dois pedaos, ao considerarmos todo o perodo (2003 a 2011), o contingente de pessoas que passam classe AB de 9,2 milhes, ou de 13,7 milhes se olharmos desde 1993. Somamos hoje, em 2011, 22,5 milhes de pessoas nesse grupo.

    Evoluo da Classe AB %

    Fonte: Centro de Polticas Sociais da FGV a partir dos microdados da PNAD e PME/IBGE A seguir um quadro com o nmero de pessoas que habitam cada grupo de renda

    em diferentes momentos do tempo.

    Populao por Classes Econmicas Categoria 1993 2001 2003 2009 2010 2011

    ClasseAB/C 54471820 78978450 79209746 114911490 124565939 127995131

    ClasseDE 92868780 91307125 96205814 73282893 65370007 63592062

    ClasseAB 8825702 14150731 13330250 19967424 22763580 22526223

    ClasseC 45646118 64827718 65879496 94944066 101802359 105468908

    ClasseD 41255368 44410478 46883891 44451513 39263996 38907544

    ClasseE 51613412 46896647 49321923 28831379 26106011 24684517Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

    5,35 5,99

    8,53 8,76

    8,84 8,99

    7,99 8,31

    8,31

    7,60 7,71 8,32

    9,40 9,73 10,42

    10,61 11,98

    11,76

    4,00

    5,00

    6,00

    7,00

    8,00

    9,00

    10,00

    11,00

    12,00

    13,00

    1992

    1993

    1995

    1996

    1997

    1998

    1999

    2001

    2002

    2003

    2004

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2010

    2011

  • 37

    Evoluo das Classes Econmicas Disponibilizamos, no site da pesquisa, um panorama completo da composio e evoluo das classes econmicas nas 6 principais metrpoles brasileiras. As informaes esto disponveis at 2011, com diferentes cortes temporais que vo desde mdias anuais combinao de meses especficos. Alm da composio das classes econmicas, possvel obter tambm o perfil de cada classe, ou seja, a participao de cada grupo na populao total, assim como detalhar as mdias de renda per capita e o total domiciliar. As informaes esto disponveis para os quatro grupos.

    http://www.fgv.br/cps/bd/nbrics/PME_CLASSEMEDIA/index-br.htm Gerao de Empregos Formais

    Passamos anlise da evoluo recente do emprego formal no pas. Esta informao particularmente importante, j que o emprego com carteira assinada uma das fortes caractersticas da classe mdia brasileira. No grfico abaixo podemos ver a srie mensal da gerao liquida de empregos formais no pas. Em geral, observamos sazonalidade na srie, que apresenta as maiores destruies de postos de trabalho em dezembro de cada ano. A fim de corrigir isso e suavizar a srie, optamos por apresentar tambm as mdias mveis de 12 meses.

  • 38

    Gerao Liquida de Emprego Formal - Mensal (jan 2000 a Abril 2011)

    Com 2,1 milhes de empregos gerados, o ano 2010 bateu o recorde desde o inicio da srie, recuperando o cenrio visto no ano anterior que apresentou um saldo lquido de 995 mil novos postos de trabalho. Talvez esse no seja um resultado to ruim, se olharmos num contexto de crise internacional. Dado excelente desempenho visto em 2010, estamos interessados agora em saber o que est acontecendo em 2011. Para isso comparamos o total de empregos gerados entre janeiro e abril de 2011 com o mesmo perodo nos anos anteriores. Com criao lquida de 798 mil novos postos de trabalhos, os dados apontam para o terceiro melhor desempenho desde 2000, ficando abaixo do mesmo perodo em 2010 (962 mil) e 2008 (849 mil).

    Gerao Liquida de Emprego Formal Acumulado no Ano (2000 a 2011*)

    Fonte: CPS/FGV a partir dos dados do CAGED / M T E.

    750000

    550000

    350000

    150000

    50000

    250000

    04_201

    110

    _201

    004

    _201

    010

    _200

    904

    _200

    910

    _200

    804

    _200

    810

    _200

    704

    _200

    710

    _200

    604

    _200

    610

    _200

    504

    _200

    510

    _200

    404

    _200

    410

    _200

    304

    _200

    310

    _200

    204

    _200

    210

    _200

    104

    _200

    110

    _200

    004

    _200

    0

    Mensal MdiaMvelde12Meses

    657.59

    6

    591.07

    9

    762.41

    5

    645.43

    3

    1.52

    3.27

    6

    1.25

    3.98

    1

    1.22

    8.68

    6

    1.61

    7.39

    2

    1.45

    2.20

    4

    995.11

    0 2.13

    6.94

    7

    797.79

    0

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

  • 39

    Gerao Liquida de Emprego Formal Jan a Abril (2000 a 2011)

    Fonte: CPS/FGV a partir dos dados do CAGED / M T E.

    797.79

    0

    962.32

    7

    48.454

    848.96

    2

    701.61

    9

    569.50

    6

    558.31

    7

    534.93

    9

    294.79

    9

    391.59

    1

    303.52

    0

    284.39

    1

    04_2011

    04_2010

    04_2009

    04_2008

    04_2007

    04_2006

    04_2005

    04_2004

    04_2003

    04_2002

    04_2001

    04_2000

  • 40

    4. Atual - Dinmica Recente

    a. Dinmica Macro Recente - Mdia de Renda A PME, por sua freqncia mensal, oferece no s a possibilidade de fazer

    extrapolaes sobre a evoluo da distribuio de renda lato senso, a includo mdia e desigualdade e distribuio de classes econmicas, como tambm a de analisar a sua dinmica ao longo do tempo. Comeamos abaixo com a anlise do progresso da distribuio de renda lato senso includo a mdia e desigualdade medida pelo ndice de Gini. A ltima srie disponvel a de maio de 2011 e a primeira em maro de 2002. Fazemos a anlise desde/at maio de cada perodo selecionado de forma a lidar com os efeitos de sazonalidade nas sries, depois diversificamos os meses da anlise de forma a dar um quadro mais geral da evoluo ocorrida.

    Entre maio de 2002, prximo ao incio das novas sries da PME, at maio de 2008 antes da crise chegar ao Brasil, a renda per capita real PME cresce 2,7% ao ano, da at maio de 2009 desacelera para 0,5% ao ano funo dos efeitos da crise internacional deflagrada em setembro de 2008. Da para frente o crescimento da renda mdia acelera para 4,6% ao ano at maio de 2010 refletindo o perodo de retomada ps-crise e depois para 6,1% at maio de 2011, o que inclui o perodo eleitoral.

    Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PME/IBGE

    Abrimos abaixo, em maior detalhe temporal, a dinmica da mdia e

    desigualdade de renda atravs de variaes de 12 meses entre os meses apontados acima e alguns pares de meses intermedirios no perodo recente. O aspecto que chama a ateno o pice do crescimento de renda no bimestre setembro-outubro quando ocorreram eleies.

    2,7%

    1,5%

    0,5%

    0,3%

    4,6%

    1,9%

    6,1%

    1,2%

    RendaMdia Desigualdade(Gini)

    mai02 a mai08 mai08 a mai09 mai09 a mai10 mai10 a mai11

  • 41

    Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PME/IBGE

    b. Desigualdade de Renda

    As melhoras da desigualdade medida pelo ndice de Gini (leia-se queda) seguem

    em linhas gerais os movimentos da renda mdia. Caindo a taxa de 1,5% ao ano de maio de 2002 a maio de 2008, vspera da crise, subindo em funo dela 0,3% da at maio de 2009 e a voltando a trajetria de queda nos dois perodo seguintes mostrando alguma desacelerao no final do perodo. Incidentalmente a taxa de reduo de desigualdade nos ltimos 12 meses um pouco acima daquele observado nas series da PNAD entre 2001 e 2009, no perodo que fiou conhecido como de reduo da desigualdade. Este comportamento anticclico da desigualdade,ou alternativamente o complemento dela - a igualdade - se mostra pr-cclica, sugerindo a ausncia de dilemas como equidade versus eficincia na maior parte do perodo sob anlise. Ao mesmo tempo, alavanca mudanas na composio de classes observadas.

    Incidentalmente a taxa de reduo de desigualdade nos ltimos 12 meses um pouco acima daquele observado nas series da PNAD entre 2001 e 2009, perodo tambm conhecido como de marcada reduo da desigualdade. SE REPETE

    c. Classes Econmicas A anlise da evoluo das classes econmicas, usando os marcos de maio, revela

    formidvel estabilidade na taxa de crescimento da chamada nova classe mdia em todo perodo entre 2,5% e 3,2%. J as classes AB se revelam mais instveis caindo de 2,9% ao ano, no perodo pr-crise at maio de 2008, para -3,7% no perodo at maio de 2009, marcado pelos efeitos da crise, recuperando fortemente o vigor do crescimento depois.

    2,7%

    1,5%

    0,5%

    0,3%

    2,4%

    1,7%

    4,3%

    1,9%

    4,1%

    2,0%

    7,69

    %

    1,40%

    9,51

    %

    1,48%

    9,28

    %

    2,40%

    6,13

    %

    2,04%

    5,24

    %

    2,19%

    6,1%

    1,2%

    RendaMdia Desigualdade(Gini)

    mai02amai08 mai08amai09JanFev09aJanFev10 MarAbr09aMarAbr10MaiJun09aMaiJun10 JulAgo09aJulAgo10SetOut09aSetOut10 NovDez09aNovDez10JanFev10aJanFev11 MarAbr10aMarAbr11Mai10aMai11

  • 42

    Entre maio de 2009 e maio de 2010 cresce 10,3% e no intervalo de 12 meses encerrado agora em maio de 2011 vai a velocidade 7,7% de crescimento.

    Como conseqncia da estabilidade da classe C e da acelerao da AB recente, as classes ABC reunidas tambm aceleram nos 24 meses. No perodo pr-crise, as classes ABC, que cresciam a taxas de 3,2% ao ano, passam a crescer a taxas entre 4,1% e 4,2% nos ltimos dois anos terminados em maio de 2011.

    Olhando a base da distribuio da crise em diante notamos quedas cada vez menos expressivas das classes D e cada vez mais expressivas na classe E. Esta classe corresponde na classificao da FGV pobreza E. A classe E que caia a 7,5% entre maio de 2002 a maio de 2008, sobe 2,1% at maio de 2009, reflexo da crise. Da em diante, observamos quedas cada vez mais expressivas, de 8% at maio de 2010 e 11,7% at maio de 2011.

    Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PME/IBGE

    Abrindo a dinmica do perodo ps-crise mundial, o pice do crescimento das

    classes AB e da ABC e queda dos estratos inferiores coincidiu com o fim do mandato do presidente Lula, embora as ltimas taxas de crescimento de 12 meses colhidas em at maio de 2011 mostrem aumento das classes ABC e queda da classe E, mais auspiciosas que o perodo de ouro que vigorou at 2008.

    Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PME/IBGE

    3,2%

    2,9%

    3,2%

    0,6%

    7,5%

    1,6%

    3,7%

    3,2%

    9,5%

    2,1%4,2%

    10,3%

    2,5%

    8,8%

    8,8%

    4,1%

    7,7%

    3,1%

    7,4%

    11,7%

    Classe ABC Classe AB Classe C Classe D Classe E

    mai02 a mai08 mai08 a mai09 mai09 a mai10 mai10 a mai11

    3,2%

    2,9%

    3,2%

    0,6%

    7,5%

    1,6%

    3,7%

    3,2%

    9,5%

    2,1%3,3%

    6,4%

    2,4%

    4,7%

    8,3%

    4,2%

    7,2%

    3,4%

    8,9%

    8,6%

    4,3%

    10,0%

    2,8%

    9,4%

    8,9%

    5,1%

    13,3%

    2,8%

    12,6% 10,0%

    6,1%

    13,8%

    3,8%

    14,0%

    12,6%

    5,99

    %

    16,01%

    3,07

    %

    11,79

    %

    14,60

    %

    3,9%

    11,4%

    1,8%

    9,2%

    9,0%

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    8,5%

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    9,0%

    9,8%

    4,4%

    10,4%

    2,6%

    7,2%

    12,3%

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    3,8%

    12,5% 10,1%

    4,1%

    7,7%

    3,1%

    7,4%

    11,7%

    Classe ABC Classe AB Classe C Classe D Classe E

    mai02 a mai08 mai08 a mai09Jan-Fev09 a Jan-Fev10 Mar-Abr09 a Mar-Abr10Mai-Jun09 a Mai-Jun10 Jul-Ago09 a Jul-Ago10Set-Out09 a Set-Out10 Nov-Dez09 a Nov-Dez10jan10 a jan11 fev10 a fev11fev10 a fev11 abr10 a abr11mai10 a mai11

  • 43

    d. PME em Bases Semanais Apresentamos no grfico a evoluo das classes econmicas em bases semanais

    para melhor traar a cronologia recente. Indo at a ltima semana de maio de 2011, apresentamos a mdia mvel de quatro semanas da participao das classes extremas do nosso espectro analisado, quais sejam as classes E, AB e ABC ao longo dos ltimos 41 meses, ou melhor, 164 semanas. Centramos nossa anlise nas ltimas semanas das sries, encarando os ltimos meses como indicador antecedente no viesado da tendncia de curto prazo futura. Fechada a ltima semana do ms de maio 2011, temos os seguintes nmeros: 14.62% na classe E (indicador de tendncia de queda, j que est pouco abaixo da mdia mensal de 14.97%), 73.81% na classe ABC (indicador ascendente, acima da mdia mensal 73.48%) e 15.92% na classe AB (nesse caso a mdia mensal est bem acima - 17.11%)

    Complementar aos resultados acima, assinalamos nos grficos os indicadores da mdia mvel das quatro ltimas semanas referentes disponvel para analise. Com 14,97% na classe E, 73,48% na classe ABC (so os mesmo indicadores mensais), enquanto na classe AB com 17,08%, est pouco abaixo do nvel mensal.

    Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PME/IBGE

    14,97

    14,014,515,015,516,016,517,017,518,018,519,019,520,0

    Jane

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    1Fe

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    Mar

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    m 1

    Mar

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    Abr

    il (2

    008)

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    m 3

    Mai

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    008)

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    Mai

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    m 3

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    -se

    m 1

    Junh

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    m 1

    Julh

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    m 3

    Ago

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    (200

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    1A

    gost

    o (2

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    Jane

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    m 3

    Evoluo da Classe E - Mdia Mvel de 4 SemanasPopulao entre 15 e 60 anos

    Renda Domiciliar Per Capita do Trabalho - Habitual

  • 44

    Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PME/IBGE

    Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PME/IBGE

    e. Movimentos Individuais entre Classes Econmicas O aspecto longitudinal dos dados de renda familiar per capita do trabalho nos

    fornecer a evidncia emprica bsica sobre o padro de mobilidade entre classes, observado na prtica. A principal lio desta anlise que uma pessoa no pobre (ou de elite), mas sim, ela est na pobreza (ou na elite econmica). Esta anlise de transio de estados complementa as estatsticas anteriores que mostram variao na parcela de

    73,48

    61,562,062,563,063,564,064,565,065,566,066,567,067,568,068,569,069,570,070,571,071,572,072,573,073,574,074,5

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    Evoluo da Classe ABC - Mdia Mvel de 4 SemanasPopulao entre 15 e 60 anos

    Renda Domiciliar Per Capita do Trabalho - Habitual

    17,08

    13,013,514,014,515,015,516,016,517,017,518,018,519,0

    Jane

    iro (2

    008)

    -se

    m 1

    Jane

    iro (2

    008)

    -se

    m 3

    Feve

    reiro

    (200

    8) -

    sem

    1Fe

    vere

    iro (2

    008)

    -se

    m 3

    Mar

    o (2

    008)

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    m 1

    Mar

    o (2

    008)

    -se

    m 3

    Abr

    il (2

    008)

    -se

    m 1

    Abr

    il (2

    008)

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    m 3

    Mai

    o (2

    008)

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    m 1

    Mai

    o (2

    008)

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    m 3

    Junh

    o (2

    008)

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    m 1

    Junh

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    008)

    -se

    m 3

    Julh

    o (2

    008)

    -se

    m 1

    Julh

    o (2

    008)

    -se

    m 3

    Ago

    sto

    (200

    8) -

    sem

    1A

    gost

    o (2

    008)

    -se

    m 3

    Set

    embr

    o (2

    008)

    -se

    m 1

    Set

    embr

    o (2

    008)

    -se

    m 3

    Out

    ubro

    (200

    8) -

    sem

    1O

    utub

    ro (2

    008)

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    m 3

    Nov

    embr

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    Nov

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    m 3

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    Dez

    embr

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    008)

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    m 3

    Jane

    iro (2

    009)

    -se

    m 1

    Jane

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    009)

    -se

    m 3

    Feve

    reiro

    (200

    9) -

    sem

    1Fe

    vere

    iro (2

    009)

    -se

    m 3

    Mar

    o (2

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    m 1

    Mar

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    m 3

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    Mai

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    m 1

    Mai

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    Junh

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    m 1

    Julh

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    m 3

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    sto

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    9) -

    sem

    1A

    gost

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    Set

    embr

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    m 1

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    m 3

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    ubro

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    9) -

    sem

    1O

    utub

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    009)

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    m 1

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    Dez

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    Jane

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    010)

    -se

    m 1

    Jane

    iro (2

    010)

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    m 3

    Feve

    reiro

    (201

    0) -

    sem

    1Fe

    vere

    iro (2

    010)

    -se

    m 3

    Mar

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    010)

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    m 1

    Mar

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    010)

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    Abr

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    Abr

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    0) -

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    embr

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    011)

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    m 1

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