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______ María Piedad Rangel Meneses – Psicóloga. Especialista em Intervenção Sistêmica da Família, Universidad Santo Tomás. Bogotá (Colômbia). Mestre em Psicologia Social e da Personalidade. PUCRS. Doutoranda em Psicologia – PUCRS. Professora da Universidade Luterana do Brasil ULBRA Canoas e da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Frederico Westphalen. Jorge Castellá Sarriera – Doctor en Psicología (UAM-España). Profesor Adjunto de la Pontificia Universidad Católica, PUC/RS (Brasil). Coordinador del Grupo de Investigación en Psicología Comunitaria PUC-RS. ______ Endereço para correspondência: Rua Castro Alves, 19/201 - Independência - Porto Alegre - RS. CEP 90430- 131. E-mail: [email protected] Redes sociais na investigação psicossocial Social networks in psychosocial research Resumo Este artigo, de caráter teórico, apresenta uma discussão sobre as redes sociais. Para isto, comenta diversos organismos de pesquisa, publicação e divulgação sobre a temática, assim como faz uma apanhado geral de revistas e livros dedicados a explicação e concei- tualização destas. Depois de apresentados estes assuntos e determinar como é definida a rede social no presente trabalho, ilustra uma série de pesquisas realizadas em diversos contextos do desenvolvimento humano tais como trabalho, educação, família, comuni- dade, saúde, religião e processos migracionais. Palavras-chave: redes sociais, investigação psicossocial. Abstract This theoretical paper presents a quarrel on the social nets. So, it comments a num- ber of research, publication and diffusion of the theme organisms, as well as makes a gathering of magazines and books devoted to the explanation and conceptualization of these. After presented these subjects and defined the social net, it presents a series of researches carried through in many contexts of the human development such as work, education, family, community, health, religion and migrating processes. Key words: social networks, psychosocial research. María Piedad Rangel Meneses Jorge Castellá Sarriera Aletheia Canoas n.21 jan./jun. 2005 p. 53-67

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Aletheia 21, jan./jun. 2005 53

______María Piedad Rangel Meneses – Psicóloga. Especialista em Intervenção Sistêmica da Família, UniversidadSanto Tomás. Bogotá (Colômbia). Mestre em Psicologia Social e da Personalidade. PUCRS. Doutoranda emPsicologia – PUCRS. Professora da Universidade Luterana do Brasil ULBRA Canoas e da UniversidadeRegional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Frederico Westphalen.Jorge Castellá Sarriera – Doctor en Psicología (UAM-España). Profesor Adjunto de la Pontificia UniversidadCatólica, PUC/RS (Brasil). Coordinador del Grupo de Investigación en Psicología Comunitaria PUC-RS.______Endereço para correspondência: Rua Castro Alves, 19/201 - Independência - Porto Alegre - RS. CEP 90430-131. E-mail: [email protected]

Redes sociaisna investigação psicossocial

Social networks in psychosocial research

ResumoEste artigo, de caráter teórico, apresenta uma discussão sobre as redes sociais. Para

isto, comenta diversos organismos de pesquisa, publicação e divulgação sobre a temática,assim como faz uma apanhado geral de revistas e livros dedicados a explicação e concei-tualização destas. Depois de apresentados estes assuntos e determinar como é definida arede social no presente trabalho, ilustra uma série de pesquisas realizadas em diversoscontextos do desenvolvimento humano tais como trabalho, educação, família, comuni-dade, saúde, religião e processos migracionais.

Palavras-chave: redes sociais, investigação psicossocial.

AbstractThis theoretical paper presents a quarrel on the social nets. So, it comments a num-

ber of research, publication and diffusion of the theme organisms, as well as makes agathering of magazines and books devoted to the explanation and conceptualization ofthese. After presented these subjects and defined the social net, it presents a series ofresearches carried through in many contexts of the human development such as work,education, family, community, health, religion and migrating processes.

Key words: social networks, psychosocial research.

María Piedad Rangel MenesesJorge Castellá Sarriera

Aletheia Canoas n.21 jan./jun. 2005 p. 53-67

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Introdução

A discussão sobre redes sociais é vasta.Atualmente, essa discussão tem sido expan-dida em função de que as redes sociais estãosendo utilizadas nos mais variados camposdas ciências, como uma forma interdiscipli-nar de compreender como se organizam efuncionam as redes sociais em diversas áreasda vida. Já não basta um olhar unidirecional,mas sim uma diversidade de visões e posici-onamentos que contribuem para a configu-ração das redes sociais em uma aproxima-ção, cada vez maior, à realidade.

Os campos e disciplinas que na atuali-dade estudam sobre as redes sociais perten-cem tanto às chamadas ciências duras,quanto às ciências brandas. Assim, encon-tramos pesquisas e discussões na informá-tica, na matemática, na física, na antropolo-gia, na sociologia, na psicologia, na lingüís-tica, na medicina e na ecologia, dentre ou-tras. Passemos então a compreender comose podem definir as redes sociais, nas ciên-cias humanas e sociais.

Podemos definir as redes sociais comoum sistema aberto em permanente constru-ção, que se constroem individual e coletiva-mente. Utilizam o conjunto de relações quepossuem uma pessoa e um grupo, e são fon-tes de reconhecimento, de sentimento deidentidade, do ser, da competência, da ação.Estão relacionadas com os papéis desempe-nhados nas relações com outras pessoas egrupos sociais (Montero, 2003) constituin-do-se nas práticas sociais que no cotidianonão se aproveitam em sua totalidade (Ran-gel, 2003).

Na pesquisa sobre redes sociais encon-tramos dois grandes focos de estudo. O pri-meiro observa especialmente o aspecto es-trutural das redes, utilizando um referenci-al metodológico gráfico e de caráter quan-titativo para sua análise. O segundo é sobrea funcionalidade das redes sociais. Esta com-preensão geralmente se realiza mediantemetodologias qualitativas, visando descre-ver as funções que presta a rede social, as-sim como caracterizar os vínculos com queestas se entretecem.

As organizações e eventos sobre redessociais

Em 1978 criou-se a associação profis-sional INSNA (International Network forSocial Netwok Analisys) para os investigado-res interessados na análise de redes soci-ais, sediada nos Estados Unidos, a qualmantém informações permanentes paraseus associados através do Connections,boletim oficial da entidade. Foi fundadapor Barry Wellman em 1978 sendo ele ain-da o presidente atual. A principal funçãoda instituição é manter informados os usu-ários sobre aspectos relacionados com asredes, os quais abrangem os mais variadostemas e assuntos sociológicos, religiosos,educativos, médicos e tecnológicos. Na suaforma, Conections é concebido como umsite de ciências sociais.

Outra das funções da INSNA é man-ter a conferência anual de Sunbelt, queexiste desde 1979. Nos últimos anos temse realizado no Canadá, Hungria, EstadosUnidos, México e em 2004 na Eslovênia.Na conferência no México em 2003, as te-máticas trabalhadas obedeceram tanto àanálise estrutural quanto ao funcionamen-to das redes, e os conteúdos foram desdeestudos de comunidades até as formas derealizar análises matemáticas.

Assim como estão formalizadas a as-sociação e a conferência, encontramos re-vistas especializadas. Talvez a mais impor-tante delas seja Social Networks que é pu-blicada desde 1979, um ano depois de cri-ada a INSNA e no mesmo ano que se esta-beleceu a conferência de Sunbelt, tendopublicado até 2005 vinte e sete volumes,contendo um pouco mais de 100 revistas,com publicação trimestral. As temáticasque são divulgadas na revista abrangemmatemática, informática economia, socio-logia, antropologia, história, geografia, psi-cologia, ciência política e a grande área dasciências sociais. Além de abordar estudossobre a estrutura e função das redes, tam-bém publica metodologias específicas parasua análise, sobretudo de ordem quantita-tiva e gráfica, não deixando de lado meto-

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dologias explicativas, compreensivas e in-terpretativas, de cunho qualitativo.

Uma revista eletrônica – fazendo jus àpossibilidade de conectarmos-nos virtual-mente e de já não mais ser obrigatória a pre-sença ou proximidade física para exercer asfunções da rede social – é a revista Journal ofSocial Structure, (JoSS), que como já indicaseu nome, dedica-se ao estudo estrutural dasredes vinculada, também, à INSNA. A revis-ta está na sexta edição, tendo iniciado suaspublicações eletrônicas em 2000.

Por fim a Redes, revista hispânica parao estudo das redes sociais, do mesmo modo,em formato eletrônico iniciou suas publi-cações em 2001 e, em 2005, publicou seusétimo volume. É uma revista focada no-meadamente nas temáticas que acontecemnos países latino-americanos e Espanha,onde está radicada a edição da mesma.

Também encontramos vários manuaisdedicados ao estudo das redes sociais, en-tre eles podemos mencionar Degenne eForsé (1999), Scott, Jhon (1991-2000) eWasserman e Faust (1994).

Na base de dados da CAPES (2004),ao procurar redes sociais, tomando comoano de base o de 2000, para defesa de dis-sertações e teses em todas as áreas do co-nhecimento, encontramos 80 títulos de tra-balhos finais para pós-graduação. Dentreas páginas de qualidade científica que en-contramos na rede e que permite ter aces-so a artigos científicos, localizamos Scielo(2005) que, na procura por redes sociais,nos permite capturar três artigos, sendo estapágina, a data, limitada para contribuir comas pesquisas sobre o tema.

Finalmente, nas buscas diretas pelaGoogle, ao escrever social network, nos de-paramos com mais de 600.000 páginas.Obviamente neste tipo de busca os dadosfornecidos são de variedade ímpar, não sópelos conteúdos temáticos, mas tambémpela diferença da qualidade do exibido ali.Ao acrescentar à busca and psychology, onúmero cai para 44.000 páginas, o qual nãoganha importância nem, por isto mesmo,incrementa a qualidade.

Como vemos, as pesquisas em redes

sociais acabam por adquirir uma grandecomplexidade. Além das questões relativasà própria complexidade do tema, nos de-paramos com a dificuldade de acessar ma-teriais relevantes e atualizados sobre o temano Brasil.

Por outro lado, as publicações sobreredes sociais fora do país, nos permitem apossibilidade de estudar às mesmas, assimcomo conferir algumas pesquisas sobre re-des sociais nos contextos de desenvolvimen-to humano, como apresentamos a seguir.

O estudo das redes sociais

AntecedentesUm dos pioneiros na temática das re-

des sociais é Jacob Moreno, com seus tra-balhos publicados em 1934. Podemos en-tender isto devido a que ele propõe estu-dar a maneira como se conectam as pesso-as que pertencem a um grupo, descreve oslugares de centralidade pelo qual algummembro é diferenciado do grupo e propõeformas gráficas para a compreensão da es-trutura grupal conhecidas como sociogra-mas (Freeman 1996). Uma das característi-cas destes gráficos é que permite visualizaras formas como se conectam entre si osmembros de um grupo. Bem conhecidossão os sociogramas aplicados na educação,utilizados por psicopedagogos e psicólogosescolares, inclusive para formar turmas.

Anos antes, o professor Almack, publi-cou na revista School and Society, em 1922, oartigo The influence of intelligence on the selec-tion of associates. Neste artigo discute o de-senvolvimento de um instrumento para ava-liação sociométrica, com crianças entre 4 e 7anos, que incluía questões sobre com quemgostava brincar e com quem gostava realizartarefas escolares. As medidas de centralida-de obtidas pelos alunos mais votados foramrelacionadas ao Q.I. das crianças.

No Journal of Educational Research en-contramos que Wellman em 1926 publicouo artigo The school child’s choice of compani-ons. Seguindo o modelo de Almack, estu-dou as duplas de eleição das crianças e in-

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troduziu modos de observação longitudi-nais com meninas e meninos de segundograu. Ela observou como estas crianças secomportam nos períodos de tempo livre.Através desta observação, tipificou além doQ.I., a posição que os professores dessascrianças lhes davam, em uma escala de in-troversão – extroversão.

Nos Archives de Psychologie, Chevaleva-Janovskaja publicou em 1927, o artigoGroupements spontanés d’enfants à l’age prés-colaire. Este autor estudou amplamente aestrutura grupal, a partir do desenvolvi-mento de um programa de observação parapré-escolares, onde visava avaliar o tempoque as crianças interagiam juntas. A escalafoi preenchida pelos professores de 888 gru-pos os quais proporcionaram dados para oestudo do impacto da formação grupal e ahomogeneidade destes em relação com aidade e o sexo.

Outro autor que encontramos nos pri-mórdios dos estudos sobre a temática é Bottque, em 1928 no Genetic Psychology Mono-graphs, publicou Observation of play activitiesin a nursery school, artigo considerado, tam-bém, precursor do trabalho atual em e comredes sociais. Estudou crianças na pré-es-cola observando com quem elas falavam,como interferiam nos outros, como eramvistas pelos outros e como cooperavam comseus colegas. Neste estudo ela utiliza o sam-pling method analysis. Bott tabulou a freqüên-cia de todas as instancias de cada forma decomportamento, junto a informações a res-peito de que outra criança tinha manifes-tado o mesmo tipo de comportamento.

O capítulo Some New Techniques for Stu-dying Social Behavior, no livro editado porDorothy Swaine Thomas, A method of stu-dying spontaneous group formation, foi escri-to por Hubbard em 1929. Neste capítuloela focalizou seu estudo nas interações, exa-minando sistematicamente os padrões deinteração em crianças pré-escolares.

The companionships of preschool childrenfoi escrito por Hagman, em 1933, quandotrabalhava na University of Iowa. Nesse livroapresentou os resultados das acuradas ob-servações realizadas durante aproximada-

mente 40 anos. Neste período observou afreqüência das interações entre colegas dejogos, tanto nos jogos que realizavam nopassado como aqueles que jogavam no pre-sente, encontrando que através desta ativi-dade as pessoas mantinham redes de inte-ração.

Nos casos anteriormente comentados,e mencionados por Freeman (1996), obser-vamos que prioritariamente foram desen-volvidos com crianças e no contexto esco-lar. Uma das explicações possíveis é que naépoca em que aconteceram estas pesquisasa metodologia em Psicologia era realizadacom o Método Científico Experimental, oqual, como sabemos era o único aceito pelacomunidade científica, e que obrigava a termecanismos estritos de controle de variá-veis para a realização de pesquisas de cu-nho experimental. Assim, podemos com-preender que os grupos de escolares eramaqueles que poderiam oferecer mais garan-tias de observação fora do laboratório e comcondições de estabilidade, já que normal-mente as salas de aula eram as mesmas,existia um professor único por cada turmae ele mesmo era, geralmente, treinado pelopesquisador para a coleta de dados, o quepropiciava que os comportamentos da cri-ança se modificassem menos do que se exis-tisse a interferência de um observador ex-terno, como seria o caso de uma pesquisaquase experimental ou que utilizasse me-todologias participativas e construcionistascomo as que utilizamos na atualidade.

Desse modo, na época, realizar pesqui-sas de redes sociais na Psicologia, como co-nhecemos hoje em dia, certamente seriaimprovável pelas condições de mobilidade,instabilidade e interferência de todos osestímulos, variáveis, imprevistos e irrever-sibilidades, todos eles ordinários no conví-vio social, que escapam do controle noMétodo Científico Experimental.

Simultaneamente a estes estudos leva-dos a cabo no âmbito escolar, efetuaram-seoutros em outros âmbitos do desenvolvi-mento humano e por outros pesquisadoresdas ciências sociais, além de psicólogos.Apresentaremos, a seguir, algumas destas

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pesquisas sobre redes sociais, segundo osfocos de investigação.

Foco de estudoDe maneira geral, foco de estudo das

redes sociais não é o comportamento nemo estado de uma pessoa, família, grupo,organização, comunidade ou sociedade. Oque estudamos é a interação e as inter-rela-ções dos nódulos1 ou nós2 da rede, assimcomo os vínculos que se geram entre os di-versos nódulos.

Redes sociais na famíliaEncontramos na revisão sobre redes

sociais o livro escrito pela antropóloga Eli-zabeth Bott, Família e rede social. Este livroé produto de uma pesquisa interdisciplinarque se efetuou antes de 1957, data da pu-blicação do mesmo. Na pesquisa participa-ram um médico psicanalista, uma psicana-lista não-médica, um psicólogo social e aautora do livro. O objetivo principal foi in-vestigar como os papéis conjugais exercemuma função de conectividade das redes so-ciais (Bott, 1957/1976). Na época, os espo-sos mantinham seus relacionamentos soci-ais basicamente atrelados à família de ori-gem, morando perto, trabalhando junto econsiderando seus parentes também comoseus amigos. A partir da rede individual decada cônjuge, se entretecem as duas redesque, pela conectividade entre alguns mem-bros, vão se formando tecidos comuns dafamília. Nos resultados observaram que,quanto mais diferentes eram os papéis docasal, mais estreita era a malha homofílicade relações, ou em outros termos mais den-sa era a rede social de cada cônjuge. Istoacontecia porque as redes das esposas ge-ralmente eram tecidas com outras mulhe-res que, de forma geral, exerciam os mes-

mos papéis entre elas, e da mesma formaos homens teciam suas redes pelos papéiscomuns ao gênero masculino.

Na primeira metade do século XX, adistinção de papéis por gênero era muitomais diferenciada. Na medida em que amulher começou a ocupar lugares que eramquase que exclusivos dos homens, princi-palmente na educação e no trabalho, o tabusocial que existia ao redor das funções fe-mininas e masculinas, até então excluden-tes, foi aproximando suas fronteiras e dis-persando seus limites (Hintz, 2001). Hojeem dia, apesar de ainda termos estas dife-renças entre papéis de gênero, têm aconte-cido rupturas importantes e, cada vez mais,podemos observar que tanto homens comomulheres compartilham tarefas e funçõesdentro dos lares e ainda, fora deles.

Outro livro dedicado exclusivamenteao estudo das redes familiares foi escrito porSpeck e Attneave, publicado originalmen-te em 1973-2000. Não que neste meio-tem-po não houvesse pesquisas nesta mesmatemática. Mas para efeitos deste artigo, va-mos nos deter unicamente em alguns doslivros que abordam este tópico.

O questionamento principal desse li-vro surgiu a partir do êxito limitado, perce-bido por psicoterapeutas de terapias indi-viduais com esquizofrênicos e de experien-ciarem uma potência maior no tratamentoquando nele era envolvida a rede familiar.Nesse tipo de patologia, terapeutas obser-varam que as relações estabelecidas entretodos os membros de uma família, inclusi-ve da família extensa, amigos e parentes nãopróximos, estavam relacionadas sistemati-camente com a aparição e permanência daesquizofrenia. Assim sendo, observaramque do mesmo modo como existem redesnormais, ou melhor, propiciadoras da saú-de, também podem existir redes disfuncio-nais e patologizantes. Consideravam que aoredor de uma pessoa esquizofrênica esta-belecia-se uma patologia social comum, li-mitando formas de interação diferentes deaquela que mantinha um estigma impostoa um integrante de uma família (Speck &Attneave, 2000). Com base nestas observa-

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1 Palavra com que se denomina cada elemento queparticipa e é percebido como membro de uma rede.2 Esta é outra palavra que encontramosfreqüentemente tanto na teoria sobre redes sociais,com o mesmo sentido, nas pesquisas realizadas. Portanto, de aqui em diante, poderão ser utilizadas comosinônimas.

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ções compreenderam que o sentido dado àajuda para a mudança deve fazer parte docontexto social da pessoa portadora da sin-tomatologia.

Foi com estas compreensões que osautores iniciaram uma proposta de inter-venção na rede e com a rede social, não sópara modificar o que eles denominaramcomo patologia social, mas, também, apro-veitar os vínculos, as experiências comunse a regularidade e cotidianidade que os par-ticipantes das redes mantêm para propici-ar mudanças nesses padrões de relaciona-mentos, levando-os a uma retribalização3 .

Outro pesquisador que realiza estudossobre a função das redes sociais na famíliae da rede social familiar é Elkaim (1995)que tem se dedicado ao estudo da terapiade rede, propondo uma técnica específicapara este tratamento psicoterapêutico. Aproposta consta de seis fases, iniciando pelaretribalização permitindo à família uma re-organização ou construção de uma redeprimaria, caso não exista ou for precária.Termina com a fase de plenitude a qual éconseguida uma vez atingidas as mudan-ças nos padrões de relações tanto no mi-crossistema familiar quanto na própria redesocial que está inserida na matriz social.

A família e a rede social familiar vêmsendo estudadas e investigadas, também,por Sluzki. O autor, em 1997, propõe umanova forma de conceituar as redes sociais erelata vários casos de clínica familiar em quetrabalhou junto com as redes sociais e fami-liares. As contribuições principais consistemem propor um gráfico com quatro quadran-tes: família, amizades, trabalho-escola e co-munidade. Desta forma, podemos estudaros âmbitos de relações das famílias, permi-tindo intervir especificamente num ou vári-os dos contextos para otimizar o funciona-mento da rede. A outra contribuição impor-

tante consiste em desenhar o no mapa comtrês círculos concêntricos para estabelecer aproximidade ou afastamento com que a fa-mília percebe as relações que estabelece comos nódulos da sua rede, indicando o maiscentral a percepção de proximidade e o pe-riférico, distância da relação.

Dentre os artigos publicados, pelomesmo autor, sobre redes sociais e famíli-as encontramos um, que discute a trans-formação da rede social pessoal dos ido-sos (Sluzki, 2000). Neste artigo, mostracomo vai mudando a rede social destaspessoas em diversos contextos, tais comotrabalho, família e amizades, analisado ainfluência recíproca entre os membrosconstituintes da rede. Na medida em queas pessoas passam pelas transições do ci-clo vital, as redes sociais vão se reestrutu-rando e os quadrantes vão sendo esvazia-dos ou densificados. Nos idosos ocorreuma perda da rede social no contexto detrabalho, devido à aposentadoria, e o qua-drante comunidade vai ganhando nódu-los. Podemos apreciar isto na medida emque as atividades que estruturam o tempoe as relações dos idosos mudam de foco.As horas destinadas ao trabalho devem serutilizadas de outras formas, ganhando es-paço as atividades de lazer e serviços vo-luntários, por exemplo.

Advertimos, ainda, na revisão sobreredes sociais e famílias, que se trata decompreender como a formação da redesocial inicialmente parte da família, nomomento em que dois indivíduos quepertencem a duas redes sociais diferen-tes as associam pelo casamento e come-çam a entretecer os laços sociais possibi-litando o que Sluzki (1997) denominarede de redes. Também estudou, o autor,a importância da compreensão do funci-onamento das redes para a saúde da fa-mília, no que tange especificamente a saú-de mental de seus membros, do sistemafamiliar e do contexto social em que sedesenvolve esta, achando que quando asfamílias pertencem a redes funcionais, queprestam variedade de funções, se propi-cia a saúde familiar.

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3 Este termo vem sendo utilizado pelos profissionaisque trabalham com redes sociais, para denotar a pos-sibilidade de criar um grupo primário. O conceitoremete a tribo, clã. Neste sentido, retribalizar, então,significa reorganização dos membros pertencentes àtribo ou clã para sua organização primaria.

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Redes sociais na escolaComo observamos nos antecedentes

sobre redes sociais, o contexto escolar pos-sibilitou estudar as redes desde começos doséculo passado. Na escola, se passou do focode estudo intergrupal, para um foco maisabrangente: A rede social dos alunos e suasfamílias. O foco de estudo varia desde acompreensão da adaptação e rendimentoacadêmico até as relações das escolas comas famílias, o entorno e as comunidades.

Entre as pesquisas realizadas podemosmencionamos algumas. Dabas (1998) pro-blematiza a relação da rede formada entre aescola, a família e a comunidade. Sugereque dois nódulos em que a criança se de-senvolve, a família e a escola, às vezes agemcomo se apenas se tocassem através do es-tudante e não fizessem parte de uma mes-ma estrutura de rede. O foco de estudodesta pesquisadora é em relação com as re-lações favorecedoras para a aprendizagemde crianças na idade escolar. Observou que,em muitas oportunidades, quando aconte-ce o fracasso escolar, os dois sistemas seculpabilizam mutuamente, sem considerarque poderiam ou deveriam coordenar açõespara o bem-estar do aluno.

Dentre os artigos publicados recente-mente sobre a temática de redes sociais eescola, encontramos o publicado por Ca-ballero e Ramírez (2004) no qual descrevema estrutura da rede social de estudantesmexicanos de segundo grau, nos EstadosUnidos. Comparam as médias acadêmicascom medidas de centralidade da rede, en-contrando que ser mulher e dedicar-se aoestudo são preditores de alto desempenhoacadêmico. Na densidade da rede, encon-trou-se que estava formada basicamente porrelações homofílicas4 , evidenciando a pre-sencia de subculturas na escola.

O estresse e ajuste social de estudan-

tes latino-americanos foi pesquisado porAlván, Belgrave e Zea (1996), concluindo aimportância da constituição da rede nobem-estar destes estudantes, bem comodiminuição do racismo nestes estudantesinsertos numa rede social na cultura dechegada.

Redes sociais no trabalhoNo contexto do trabalho, igualmente

nos deparamos com pesquisas que têmcomo foco de estudos as redes sociais. Den-tre elas podemos mencionar a investigaçãode Brough e Frame (2004), que apresentacomo preditor da satisfação laboral, o apoioque os funcionários recebem do supervi-sor. Na mesma pesquisa, os autores encon-traram que a satisfação intrínseca foi pre-ditora da intenção de mudança laboral.

Outra pesquisa realizada por Falp eWölker (2001), buscou determinar até ondea satisfação no trabalho pode ser explicadacomo um retorno do capital social, consi-derando a rede social como capital social.Encontraram os autores que quando o con-teúdo e os laços da rede social dentro dotrabalho resulta em bem-estar material eaprovação social, aumenta a satisfação comos diversos aspectos do trabalho e, final-mente, a especificidade de objetivos do ca-pital social. Isto é, uma rede com uma es-trutura e um conteúdo dados vai ter dife-rentes impactos em diversas formas de sa-tisfação no trabalho. Para isto colheramdados através de questionários escritos emduas agencias do governo holandês, umacom 32 e a outra com 44 empregados. Con-cluíram, na investigação, que a especifici-dade de objetivos do capital social tem con-seqüências tanto para a estrutura como parao conteúdo das redes sociais. Alcançar umobjetivo particular, como satisfação no tra-balho, requer não somente redes com umacerta estrutura ou laços com um conteúdoparticular como redes especificamente es-truturadas.

No mesmo campo de trabalho, Kra-ckhardt e Kilduff (2002) estudaram comogrupos de indivíduos reforçam idiossincra-sias culturais, inclusive a estrutura das re-

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4 O termo é utilizado por Caballero e Ramírez paradesignar relações de filiação estabelecidas entre pes-soas do mesmo sexo. Assim, nesta pesquisa observa-ram a que as mulheres constroem suas redes sociaisna escola basicamente com outras mulheres, e os ho-mens também as constroem com outros homens.

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lações em rede. A partir de díades Simme-lianas amarradas, a pesquisa examinou aspercepções relativas a conselhos e relaçõesde amizade em três empresas. Os resulta-dos mostraram que as díades Simmelianasamarradas (comparadas com as díades emgeral) conseguem melhor entendimento emfunção de quem está relacionado com queme quem está participando em tríades nasorganizações.

Pesquisando os efeitos negativos queas redes podem ter no contexto laboral,Moerbeek e Need (2002) desenvolveramuma investigação para determinar até ondeum adversário deteriora a posição de umapessoa no trabalho e como impede suamobilidade. Focaram os efeitos negativos docapital usando o enfoque de curso de vidae, explicitamente, a mobilidade na carreira.Os resultados desta pesquisa foram no sen-tido de que os adversários influem nas car-reiras e mostram que quem é afetado estáexposto a condições destrutivas.

Por fim, numa investigação desenvol-vida por Baker e Faulkner (2003) fizeram umteste crítico dos efeitos protetores contra efei-tos nocivos dos laços sociais, encontrandoque o papel das redes sociais é teoricamenteambíguo no caso de negócios legítimo-frau-dulentos. As redes sociais aumentam, dimi-nuem ou não tem efeito nas probabilidadesde perda de capital. As menores probabili-dades de perda acontecem quando os in-vestidores têm relações com pessoas da com-panhia além de atenção às dívidas, ainda nocaso de negócios fraudulentos.

Nas pesquisas que acabamos de apre-sentar sobre o contexto do trabalho, pode-mos apreciar a influencia positiva e negati-va que as interações entre os membros queformam a rede social produzem, reforçan-do, portanto, a afirmação de Speck e Att-neave (2000) de que as redes funcionam demodo funcional ou disfuncional, o que pro-duz efeitos propiciadores de bem-estar dostrabalhadores, ou pelo contrário levam acondições difíceis de vida sócio-laboral.

Redes sociais na saúdeEm estudos cujo objetivo é averiguar

a influencia dos pares de adolescentes nasaúde, no que diz respeito a consumo desubstâncias (Kirke, 2004), encontrou quepertencer a uma rede pode influenciar oadolescente para iniciar o consumo, assimcomo o consumo pode levar os jovens a seincluírem num grupo. Como elemento im-portante diz que pertencer a estes gruposcria um padrão de comportamento similar.

Este achado evidencia a influencia mu-tua existente entre a rede social como um todoe cada membro participante dela. Podemosadvertir como ao ser construída a rede social,de alguma forma também o sujeito é cons-truído. Ao pertencer a uma rede pode se no-tar que os participantes compartilham pa-drões de comportamento e relacionamento.

As redes sociais como suporte no tra-tamento de substâncias aditivas foram es-tudadas por Sung, Belenko, Feng e Taba-chnick (2004). Investigaram a potência darede como prestadora de função de apoiono tratamento médico psicológico, encon-trando que as pessoas com uma rede socialpobre têm uma maior probabilidade de rom-per as regras propostas para o tratamento.

Outras pesquisas mostram a importân-cia que as redes têm no tratamento, tantona adesão como no êxito do mesmo (Perro-ne, Civiletto, Webb & Fitch, 2004). Êxito e/ou fracasso pode ser observado no campode tratamentos que envolvem processos desaúde geral. É assim vista a importância darede social no ajuste sócio-emocional e cog-nitivo de pacientes com câncer de mama(Schmidt & Andrykowski, 2004), onde nosapontam a importância das mesmas comosuporte no êxito do processo cirúrgico emmulheres que passam por esta situação.

O fato das redes sociais propiciar ocuidado geral da saúde, a adesão ao trata-mento e para o ajuste emocional, já foi es-tudado por Sluzki (1995). O que nos inte-ressa discutir aqui é que estas pesquisas queapresentamos, como exemplos, nos levama pensar na potência das diversas funçõesque prestam as redes sociais.

Pensemos que do mesmo modo emque um grupo pode influenciar uma famí-lia, um indivíduo ou até um grupo, este por

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sua vez vai ser influído por todos os outrosmembros da rede, criando-se, desta forma,redes facilitadoras e promotoras da saúde,ou pelo contrário perturbadoras do funci-onamento. Isto dependerá da experiênciaadquirida e das formas de interação da rede.Uma rede pode levar a modificar um siste-ma de crenças em todos os participantes, apartir da experiência e a necessidade deauxiliar-se os membros entre si.

Redes sociais na religiãoNa depressão e nos processos cirúrgi-

cos foram pesquisados os efeitos da redesocial no contexto religioso (Contrada, Id-ler, Goyal, Cather, Rafalson & Krause, 2004),mostrando conseqüências positivas nospacientes estudados. As pessoas que estãovinculadas a grupos religiosos durante oprocesso cirúrgico (pré-operatório e pós-operatório) contam com o apoio das pes-soas e da sua própria fé, tendo efeitos derecuperação mais confortáveis e rápidos.

No Brasil, também estão sendo realiza-dos estudos envolvendo rede social e religião.Dentre eles encontramos os realizados porBurity (2004) e Scheunmann e Hoch (2003).No texto de Burity, o autor discute a funçãosocial que presta o contexto religioso encon-trando que a motivação religiosa é um deter-minante importante nas ações de assistênciae militância social. Por outro lado, a motiva-ção religiosa também foi determinante naspessoas pobres, na hora de enfrentar as con-dições de pobreza em que moram.

A fé como suporte nas crises pessoaisé estudada por Hoch (2003). Para o autor,ter uma ampla base de centro psicológico eespiritual fornece uma rede de apoio.Quando as pessoas estão abaladas na suadimensão espiritual pode ocorrer um afas-tamento das crenças e perda de convicçãonos valores. Porém, em outras ocasiões oque acontece é precisamente o contrário.Nos momentos de crise as pessoas podemvir a ter uma experiência benéfica que lhespermite uma mudança nas suas vidas.

Na nossa vida cotidiana podemos no-tar que as diversas congregações religiosas,especialmente as evangélicas, têm se tor-

nado uma fonte de apoio para resolver ascrises. Observamos vários meios de comu-nicação que, não somente são transmisso-res de fé e apoio, mas, também, servem comoformas de expressão da dor e do conforto(Brasil, 2003). Muitas vezes estas redes sãovirtuais, no sentido de as pessoas compar-tilharem a dor, o alívio e a emancipação dafé sem a necessidade da presença nem ocontato físico. Através da rádio, da Inter-net e da TV as pessoas se conectam, com-partilhando penas e confortos.

Em processos de doença aparecem ascorrentes de oração. São correntes queunem pessoas que compartilham uma fé eque se vinculam por meio desta. Podemospensar que sendo a fé um dos apoios maisabstratos, facilita nas pessoas esta confor-mação de redes invisíveis e sólidas.

Redes sociais na comunidadeQuiçá com o foco no contexto da co-

munidade e onde encontramos vastos es-tudos sobre redes sociais. Desta temáticaencontramos vários livros publicados, pri-oritariamente no idioma espanhol. Poderí-amos pensar que, assim como na práticade psicólogos sociais surge a teoria da psi-cologia comunitária é também a partir daprática e da pesquisa que se teoriza sobreas redes sociais.

Talvez pelo fato das comunidades maiscarentes precisarem de maior atenção porparte dos trabalhadores e profissionais dasciências sociais, humanas e da saúde, a pro-blematização em torno das redes sociais éconstante. Uma das funções mais estuda-das é o apoio, a qual tem sido priorizadano estudo sobre as comunidades, observan-do sua influência em diversas dimensõesdo desenvolvimento comunitário, tais comoeducação, saúde, direitos cidadãos, colabo-ração, e responsabilidade civil.

Encontramos que um dos focos ondeo trabalhador social centra seu trabalho écom a criança, a família e a adolescência. Otrabalho desenvolvido por Sanicola (1996)oferece uma proposta de horizontalizaçãoda responsabilidade frente ao bem-estar domenor e de sua família. Nesta proposta,

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questiona a verticalidade do Estado no quetange à proteção do menor que, quandopensando na sua proteção, em ocasiões oque se faz é manter as pautas violentas, quetal dentro da família.

Destarte, a autora nos propõe estudara importância da organização comunitáriacomo forma de produção de bem-estar só-cio-psicológico dos membros desta e traba-lhar ao redor de fortalecimento de víncu-los entre o saber popular e o saber científi-co, através dos profissionais da saúde, daeducação, do poder judiciário, dos mora-dores das comunidades e finalmente daspolíticas públicas direcionadas à família, àcriança e ao adolescente.

Na mesma direção de atender à crian-ça e sua família, Chadi (2000) abordou arelação entre a rede primária, a rede secun-daria e a rede institucional. No seu traba-lho utiliza o conceito de Bronfenbrenner(1979-1987) sobre os contextos de desen-volvimento da criança: microssistema for-mado pela família, mesossistema constituí-do pela rede social pessoal e o macrossiste-ma no qual se encentram redes sociais am-pliadas, que a autora, em seu conjunto, in-terpreta como mapa de rede.

Considerando que o trabalho social visaatingir um contexto social amplo, Chadi(2000) concentra sua atividade na criaçãode laços que vinculem positivamente a cri-ança, sua família, o contexto social amplia-do e as instituições que assistem o sistemafamiliar. Na sua proposta de trabalho em redesocial, considera que não e suficiente avaliarunicamente os recursos primários, secundá-rios e institucionais que a comunidade pos-sui, mas é preciso mobilizar as vias de conta-to entre cada membro da rede, com a finali-dade de reorganizar o contexto em que acriança opera, de tal forma que se re-orde-nem as pontes comunicacionais.

Associado ao estudo das redes sociais,nos deparamos com o questionamento so-bre os movimentos sociais que constitui umfoco de estudo em que se problematizamas relações Estado-Comunidade e se pro-põem formas de novos relacionamentos eauto-organização social. Ademais notamos

que outra das preocupações dos profissio-nais do social (psicólogos social-comunitá-rios, assistentes sociais, sociólogos, antro-pólogos, e educadores, entre outros) giraem torno da autogestão.

Os movimentos sociais são reconheci-dos, no mundo ocidental, a partir de mea-dos da década de 60, sendo 1968 uma dataemblemática em que se organizam os mo-vimentos estudantis, os novos movimentosantifeministas, os movimentos alternativosurbanos, os movimentos antinucleares, osmovimentos ecológicos (mais tarde conso-lidados como Partido Verde) e os novosmovimentos pacifistas (Riechmann & Fer-nández, 1994). Na realidade estes movi-mentos que iniciaram em pequenos gru-pos, geograficamente delimitados, foram seexpandido pelo mundo inteiro, criando re-des cada vez mais amplas. Apesar destagrande rede, movimentos locais continu-am criando redes regionais com caracterís-ticas próprias das culturas nas que se as-sentam. Neste sentido, também, seguindoo conceito de mencionado anteriormente,podemos entender que estes movimentoslocais são redes que, a nível global, consti-tuem uma rede de redes.

Neste mesmo escopo de investigação,localizamos o trabalho de Pucci (1998), quejunto com uma comunidade de assentamen-to urbano desenvolveu uma proposta de as-sistência à autogestão comunitária. A auto-ra discute os processos de segregação sócio-espacial que acontecem nas cidades latino-americanas. Centra seu estudo nos bairrosda periferia, que emergem como bolsões demiséria. A partir destas observações traba-lha em função da autogestão comunitáriavisando à melhora dos assentamentos po-pulares utilizando a reflexão na problemati-zação de políticas públicas, propiciando es-paços para a participação comunitária.

Na mesma linha de estudos sobre es-paços urbanos, nos deparamos com o tra-balho de Moll e Fischer (2002), no qual abor-dam as relações dos grupos sociais com oEstado, na cidade de Porto Alegre, duranteas últimas quatro décadas. Observaram queao longo deste lapso, os agentes sociais fo-

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ram passando de uma clandestinidade ini-cial, produto da ordem política de outrora,à criação de espaços de abertura democrá-tica. Ressaltam a mudança governamental,na capital do Rio Grande do Sul, propici-ando uma administração popular para agestão, liderada pelo Partido dos Trabalha-dores (PT), que culmina com a implanta-ção de políticas públicas direcionadas aosinteresses populares.

Como um exemplo do trabalho realiza-do na cidade, discutem a criação de oito uni-dades de reciclagem de lixo, composta poraproximadamente 200 famílias, que tecemrelações com profissionais, que por sua veztêm relações com o poder público. Desta for-ma, para Moll e Fischer (2002), isto possibili-tou a criação de redes de vida que comparti-lham interesses comuns, onde se dão inter-seções entre o poder público e ações civis.

Num trabalho mais teórico, Mance(2001) discutiu a forma como se constro-em as redes solidárias destacando os aspec-tos, econômico, político e cultural que seentretecem formando uma rede que inte-rage e mobiliza juntamente, sempre que umnódulo da rede impacta em outro. Atravésdesta rede fluem recursos materiais, infor-mativos e de valor, cujo objetivo é criar ummercado, de produtos, alternativo ao comér-cio capitalístico.

As células5 de rede produtiva se geramde forma espontânea, sempre que um grupode pessoas é “movido pela livre iniciativa soli-dária” (Mance, 2001, p.50), cuja proposta sejacriar uma célula produtiva geradora de umproduto final que for utilizado pelos partici-pantes da rede e que substitua um produtooferecido pelo mercado capitalista. Esta novaforma de organização do mercado deve to-mar sempre o cuidado de produzir o que oautor denomina fissão6 (p.52) . Ou seja, sem-pre que uma célula de trabalho cresce aumen-

tando turnos de trabalho e produção, deveromper-se produzindo novas células, de talmodo que com isto não se repita a forma daprodução do capitalismo econômico.

Apreciamos como o estudo das redessociais no contexto da comunidade abrangetanto os grupos pequenos quanto políticase modos como é produzida a civilidade.

Redes sociais na migraçãoA existência de limites étnicos na rede

de 20 estudantes foi testada por Baerveldt,Van Duijn, Vermeij e Van Hemert (2004),comparando a proporção de relações intrae interétnicas, enquanto se controla a dis-tribuição de díades intra e inter étnicas nasredes de alunos. Investigaram se os limitessão afetados pelas inclinações dos membrosde rede a escolher relações intra-étnicas. Osresultados mostraram que as díades intra-étnicas propiciavam relações mais positivasdo que as relações interétnicas.

Em uma pesquisa desenvolvida porKim e Grant (1997), em que investigaramo processo aculturativo de imigrantes, con-cluíram sobre a necessidade de estes desen-volver habilidades sociais e de competên-cia comunitária, familiar, e individual bemcomo propor estratégias de aculturação parafamílias imigrantes.

Os países que acolhem imigrantes sedeparam com o problema de criar espaçospara receber e proporcionar bem-estar so-cial aos estrangeiros. Martínez (1997) estu-da a importância do apoio social no stressdo processo migratório. A migração repre-senta uma transição ecológica produtora destress nas dimensões física, psíquica e soci-al. O autor nos oferece um modelo paraexplicar o processo de adaptação dos imi-grantes, que foi proposto inicialmente porScott e Scott em 1989, o qual apresenta-mos a seguir.

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5 O autor utiliza o termo “célula” no mesmo sentidoque utilizamos os termos nódulo e nó de rede.6 As itálicas são do autor.

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Este modelo nos serve como referên-cia para estudar os fatores preditores dasatisfação vital dos imigrantes (Martínez,1997). No novo país, os imigrantes devemestabelecer novas redes sociais. Sem perderos vínculos que deixaram para trás, cons-troem redes paralelas que, finalmente, po-dem se conectar com as anteriores. O prin-cipal apoio para os imigrantes é oferecidopelos membros das redes sociais às quaispertence, sejam elas as de origem ou asnovas criadas na comunidade de acolhida.Porem, a reconstituição da rede social é umadas grandes dificuldades para o imigrante,como referido por Kim (1987).

O efeito amortecedor efetuado peloapoio social na depressão que padecemimigrantes (Martinez, García & Maya, 2001)foi estudado numa pesquisa que investigoua relação entre estas duas variáveis, as queforam medidas com Questionário Mannhe-in de Apoio Social e a Escala CES-D, res-pectivamente. Os resultados obtidos de-monstraram mediante a análise de regres-são, que quando o apoio é percebido comoamortecedor da depressão produzida pelamigração.

Assim, nos processos migratórios en-contramos pesquisas e teorias que nos ex-plicam este evento. Também encontramosum modelo que mostra o processo de adap-

tação em um país estrangeiro e os fatoresque com ele se co-relacionam.

Considerações finais

No percurso que realizamos sobre atemática das redes sociais, focalizamos nos-so trabalho, principalmente, em algumaspesquisas desenvolvidas em diversos con-textos do desenvolvimento humano. Ape-sar da discussão e estudo sobre redes soci-ais ter mais de um século, consideramosele tão vigente como nos seus primórdios,fazendo-se cada vez mais importante a com-preensão das mesmas, dada a complexida-de com que na atualidade nos organizamosna matriz social.

O contexto escolar foi discutido commaior amplitude, pois neste espaço se ini-ciaram as publicações sobre investigaçõesque visavam à explicação da forma que ascrianças se relacionam e dos fatores queinfluem nesses relacionamentos. Nos doisprimeiros artigos que apresentamos, publi-cados por Alkman, (1922) e Wellman (1926)citados por Freeman (1996), notamos queaceitam o Q.I. como fator de explicaçãopara as relações entre as crianças. Mais adi-ante, encontramos que o foco do estudo sedesloca para a forma como se configuram

Ilustração 1: Modelo de adaptação dos imigrantes (Scott & Scott, 1989 citado em Martínez 1997)

Características demográficas e experiência cultural prévia.

Estressores facilitadores ambientais

Relações familiares Personalidade

Papéis extra-familiares (escola, amizades, comunidade).

Satisfação vital

Habilidades sócio-culturais

Identidade nacional

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os grupos de crianças, estudando a homo-geneidade grupal quando relacionada comsexo e idade (Chevaleva-Janovskaja, 1927).

Com o decorrer do tempo, observa-mos que os objetivos de pesquisas come-çam a introduzir outros componentes darelação escolar. Já não mais se centram uni-camente no intragrupo, mas saem deleampliando o escopo de observação, atéabranger a família e a comunidade (Dabas,1998).

A reflexão sobre estas duas formas depesquisar no contexto escolar nos permiteconsiderar a importância da explicação,compreensão e interpretação das maneirasem que se estabelecem as interações, tantonos microssistemas como nos mesossiste-mas de desenvolvimento.

Nas pesquisas realizadas no contextofamiliar, Bott (1957-1976) investigou a fun-ção dos papéis conjugais na conectividadedas redes pessoais de cada cônjuge. Maistarde, Speck e Attneave (2000) incluíram arede social da família para compreender aesquizofrenia, propondo intervenções nãosomente individuais, mas sociais. Estas pes-quisas visaram as interações no mesossis-tema para a compreensão e explicação decomo operam tipos de famílias sadias e dis-funcionais. Vemos que estes dois focos po-dem ser complementares, na medida emque as redes sócio-familiares iniciam coma possibilidade de conectar as redes pesso-ais de cada um dos cônjuges, e que a par-tir dessa nova forma de relacionamento aspessoas que ingressam na rede podem con-tribuir para manter o bom funcionamentoou, pelo contrário à disfunção.

As pesquisas realizadas no contexto dotrabalho constataram que as redes sociaisfuncionam como preditoras de satisfaçãolaboral (Brougth & Frame, 2004), e parapredizer os efeitos negativos no bem-estar,quando as interações entre trabalhadoressão inadequadas (Moerbeek & Need, 2002).Ressalta-se que os resultados destas pes-quisas permitem corroborar a importânciada qualidade dos vínculos criados entre oscomponentes da rede na vida das pessoas.Estes efeitos também foram evidenciados

nas pesquisas cujo objeto de estudo foi asaúde, tanto física (Sung & cols., 2004)quanto mental, no que faz referência a man-ter saúde, ter comportamentos nocivos (Ki-rke, 2004) e obter êxito nos tratamentos (Per-rone & cols., 2004)

Sugere-se que a inclusão dos conceitosde Chadi (2002) de redes primárias (famili-ar), secundárias (mesossistema) e instituci-onais, tendo como base o modelo de desen-volvimento ecológico contextual de Bron-fenbrenner (1979/1987) possa orientar aanálise compreensiva das transições ecoló-gicas das redes sociais na migração. E queos estudos de Mance (2001) e Moll e Fis-cher (2002) possam trazer a compreensãoda influência do macrossistema no proces-so migratório.

Por fim, o modelo explicativo para aadaptação social dos imigrantes (Scott &Scott, citados em Martínez, 1997) nos per-mitirá a observação de características indi-viduais, psicossociais e os papéis desempe-nhados pelos imigrantes que, junto com osestressores ambientais e as habilidades cul-turais, poderão nos orientar no entendi-mento do processo adaptativo.

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Recebido em 04/2005Aceito em 06/2005