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A CORRUPÇÃO POLÍTICA E AS REDES SOCIAIS ESTRELA SERRANO CENTRO DE INVESTIGAÇÃO MEDIA & JORNALISMO FCSH- UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA CONFERÊNCIA 9 DEZEMBRO 2014 CENTRO DE ESTUDOS JUDICIÁRIOS 1

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Page 1: A CORRUPÇÃO POLÍTICA E AS REDES SOCIAIS · PDF filea corrupÇÃo polÍtica e as redes sociais estrela serrano centro de investigaÇÃo media & jornalismo fcsh- universidade nova

A CORRUPÇÃO POLÍTICA

E AS REDES SOCIAIS

E S T R E L A S E R R A N O

C E N T R O D E I N V E S T I G A Ç Ã O M E D I A & J O R N A L I S M O

F C S H - U N I V E R S I D A D E N O VA D E L I S B O A

C O N F E R Ê N C I A

9 D E Z E M B R O 2 0 1 4

C E N T R O D E E S T U D O S J U D I C I Á R I O S

1

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“(…) Nas perguntas que foram feitas no aniversário do 25 de Abril, houve uma que suscitou interesse porque a resposta foi:

«existe a perceção de que os governantes anteriores ao 25 de Abril eram menos corruptos ou que havia menos corrupção do que depois do 25 de Abril»“

Aquilo que foi dito pelos média e aquilo que os média não puderam dizer é fundamental para criar uma perceção pública, neste caso a perceção que se traduz na resposta à pergunta dos 40 anos do 25 de Abril que é:

«Não havia tanta corrupção como há agora».

A verdade é que havia, pelo menos tanta como agora, mas de formas diferentes porque a relação entre o dinheiro e a política não é necessariamente igual em todos os tempos(…)”

(José Pacheco Pereira, 20/07/2004)

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Fonte: Corruption Perceptions Index 2014 – www.transparency.org

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Índice de Percepção de Corrupção de 2014

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COMO SE FORMAM AS PERCEPÇÕES DOS PORTUGUESES SOBRE A CORRUPÇÃO?

QUAL O PAPEL DOS MEDIA?

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O papel dos Media, face ao fenómeno da corrupção é reconhecido por todas as instituições internacionais tais como a ONU, a OCDE, bem como as organizações políticas (EU), económicas (Banco Mundial, FMI) e não governamentais (Transparency International). Na perspectiva destas instituições, os Media podem desempenhar um importante papel na denúncia do fenómeno e, em simultâneo, contribuir para a consciencialização da opinião pública e defesa dos interesses públicos. (Heidenheimer e Johnston, 2002; Sousa e Triães, 2008). Todos os intervenientes nacionais e internacionais, que se debruçam sobre esta problemática, concordam que nos países ocidentais a percepção do fenómeno é influenciada pelo tipo de cobertura jornalística realizada pelos media, nomeadamente pelo que alguns autores designam como indústria mediática do escândalo (Heidenheirmer, Johnston, Levine, 1999; Thompson, 2000). Em Portugal e segundo os dados do Eurobarómetro de 2011, 97% dos portugueses acreditam que a corrupção é o principal problema do país. Os portugueses afirmam que as suas perceções se baseiam sobretudo nos media. Dados oficiais mostram que o número de processos sobre corrupção é diminuto quando comparado com a percepção da corrupção obtida através dos media.

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Segundo Blankenburg (2002) a desregulamentação dos media originou uma maior competição pelo valor-notícia e uma nova cultura profissional dos jornalistas, fundada simultaneamente na competição e nos valores democráticos, que levou a um maior interesse na cobertura da corrupção. Ao mesmo tempo, segundo o mesmo autor, assistiu-se nos países ocidentais a uma secreta aliança entre agentes da justiça e jornalistas, no sentido de divulgar informações selectivas sobre determinados casos de corrupção política considerados de interesse público. A convergência de interesses entre agentes da justiça e os media permite, por um lado, enfrentar o sistema partidário, por outro conduz a julgamentos em praça pública e à utilização dos tribunais como palcos de escandalização. Os media tornam-se muitas vezes um permanente palco de discurso moral e legal, definindo e redefinindo na praça pública o que se deve entender por corrupção política.

O desenvolvimento tecnológico e os novos media trazem novos públicos e novas formas de participação e discussão de fenómenos como a corrupção.

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Yan Jin, Brooke Fisher Liu , and Lucinda L. Austin. Communication Research, 2014, Vol 41(1) 74–94

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A revolução Internet

PORQUÊ ESTUDAR OS NOVOS MEDIA?

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Blogs e blogosfera

- Os posts na web que mais contribuiram para o movimento da comunicação e participação em rede foram os blogs e de entre os géneros de blogs que comentam a actualidade atraindo crescentemente a atenção dos públicos da web estão os blogs políticos. - Autores apontam duas razões que sustentam a credibilidade elevada dos blogs: o facto

de cobrirem muitas vezes assuntos com maior profundidade do que os media tradicionais e de serem capazes de tratar assuntos complexos de maneira relevante e compreensível para os seus leitores.

- Ao colocar no Facebook ou no Twitter um link para um blog e vice versa, cada um deles multiplica a sua audiência de forma interminável, tornando “virais” certos conteúdos.

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- Ao contrário do que acontece em textos jornalísticos, cuja produção obedece a um quadro legal e a regras e códigos profissionais, o blogger não está vinculado a deveres jornalísticos de independência, contraditório, transparência, etc..

- A literatura académica sobre os blogs mostra que eles se alimentam sobretudo da actualidade e da sociedade civil.

- Os chamados “tempos fortes” da actividade dos blogues (Klein, 2008; Pole, 2010) são os períodos eleitorais, as catástrofes naturais, os acontecimentos de natureza económica e os conflitos, os quais são comentados, partilhados e debatidos por bloggers, transformando o esquema clássico de informação em redes de indivíduos.

- A emergência destas formas de auto-publicação em linha por parte de cidadãos obrigou os media tradicionais a terem em conta estes movimentos de informação.

BLOGS E JORNALISMO

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Blogs e Corrupção Perguntas de partida da investigação

- 1. A agenda dos blogs é ou não influenciada pela agenda dos media tradicionais? Isto é, os blogs falam dos assuntos de que falam os media? (McCombs e Shaw)

- 2. Os blogs seguem os enquadramentos e as interpretações conferidas pelos media mainstream aos casos em estudo?

- 3. Que relações se estabelecem entre media mainstream e blogs na abordagem dos temas societais como a corrupção?

- 4. Que relações se estabelecem entre blogs e quais os factores que influenciam essas relações?

- 5. Que contributo dão os blogs à discussão e participação públicas na discussão do fenómeno da corrupção em geral e dos casos em estudo, em particular?

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Corrupção política e blogosfera

“Casos” seleccionados:

◦BPN ◦Face Oculta ◦Freeport” ◦Submarinos

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CONSTRUÇÃO DA AMOSTRA DE BLOGS Amostra “de conveniência”: Foram usados os contadores Blogómetro do Aventar eu e o Wordpress top blogs e seleccionados os 100 blogs com maior média de visitas em cada um destes contadores.

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Blogs “políticos” mais visitados

Blogs

por ordem alfabética

Posição no

Blogómetro

Visitas diárias

média

31 da Armada 41.º 2072

5 Dias 21.º 3885

A Educação do meu Umbigo 15.º 5556

Arrastão 34.º 2843

Aspirina B 52.º 1464

Aventar 31.º 2964

Blasfémias 18.º 4764

Delito de Opinião 35.º 2808

Jugular 49.º 1593

O Insurgente 32.º 2950

Consulta realizada em 27/08/20013 Média diária de 30 899 visitas

Blogs de actualidade política mais visitados

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Âmbito temporal da Amostra

Construída a amostra de blogs, foi necessário definir o âmbito temporal e localizar os posts dedicados ao aos casos BPN, Face Oculta, Freeport”e Submarinos em cada blog seleccionado.

A escolha do período de análise recaíu no ano de 2009 e 2010 (este para o caso Submarinos), por serem os anos em que esses casos obtiveram um maior número de peças nos media tradicionais .

Centrando a pesquisa em temas e períodos temporais seleccionados é possível estreitar o leque de posts que em determinados momentos focam determinados temas, ao mesmo tempo que se torna possível comparabilidade no tratamento dado por diferentes blogs aos mesmos temas.

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Agendamento dos casos nos media tradicionais

ANOS DE 2005 A 2012

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2005 2006 2008 2009 2010 2011 2012

BPN - TELEVISÃO

RTP SIC TVI AGENDAMENTO – Número de peças por ano

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2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

BPN - IMPRENSA

Público Correio da Manhã Diário de Notícias

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FACE OCULTA - TELEVISÃO

RTP1

SIC

TVI

AGENDAMENTO – Número de peças por ano

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0

100

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300

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500

600

700

FACE OCULTA - IMPRENSA

Público

Correio daManhã

Diário deNotícias

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2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

FREEPORT - IMPRENSA

Público

Correio da Manhã

Diário de Notícias

0

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100

150

200

250

300

2005 2007 2008 2009 2010 2011 2012

FREEPORT - TELEVISÃO

RTP1

SIC

TVI

AGENDAMENTO – Número de peças por ano

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2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

IMPRENSA -SUBMARINOS

Público Correio da Manhã Diário de Notícias

AGENDAMENTO NA IMPRENSA AGENDAMENTO – Número de peças por ano

0

20

40

60

80

100

120

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

TELEVISÃO - SUBMARINOS

RTP1 SIC TVI

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40 49 47

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17

58

0

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100

120

FACE OCULTA: Ano 2009 - N.º DE POSTS

30

36

20 23

44

12

24

37

20

38

05

101520253035404550

BPN: Ano 2009 - N.º DE POSTS

133 141

24 31

64

34 17

122

35 19

020406080

100120140160

FREEPORT: Ano 2009 - N. DE POSTS

12 10 11 8

1

43

11

18

6

17

05

101520253035404550

SUBMARINOS: Ano 2010, N.º DE POSTS

AMOSTRA, N.º de POSTS, por BLOG e por CASO

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74 76 67 85

27 45

374

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Freeport Submarinos BPN Face Oculta Vários (só casosincluídos no

projecto)

Vários (incluireferências aos

casos em análiseconjuntamentecom outros quenão integram o

projeto)

Total

N.º DE POSTS ANALISADOS, POR "CASO"

AMOSTRA DE POSTS

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ANÁLISE DE CONTEÚDO MEDIADA POR COMPUTADOR

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LINKS - RELAÇÕES - REDES

De que falam os blogs quando falam de corrupção política? - Em que fontes se baseiam? - Que temas abordam? - Que protagonistas focam? - Como os valorizam?

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Base de dados SPSS – Blogs (excerto)

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253

9 13 14 3 2 8 0

50

100

150

200

250

300

Origem dos links dos posts da amostra Dados agregados (todos os casos)

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Público 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

BPN 14 16 2 628 261 84 158 146

Face Oculta

- - - - 353 661 254 174

Freeport 13 2 6 1 433 116 254 174

Submarinos

4 3 7 4 20 65 29 40

Total 31 21 15 633 1067 926 695 534

1

21

32

3 10

1

13

1 7 7

13

1

62

5 2 5 12

4

21

7

25

0

10

20

30

40

50

60

70

LINKS para MEDIA NACIONAIS Dados agregados

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N.º total de links a media nacionais: 253; n.º de media linkados: 21 nº. de post da amostra: 374; n.º de Blogs 10.

Casos abrangidos: Freeport; BPN; Face Oculta; Submarinos

Relações (REDE) entre os blogs da amostra e os sites de media nacionais linkados nos posts

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Relações entre os blogs da amostra e os blogs linkados nos posts

Total de links a blogs = 79.

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LINKS - RELAÇÕES - REDES

FONTES DE INFORMAÇÃO MENCIONADAS NAS PEÇAS DOS CANAIS GENERALISTAS DE TELEVISÃO

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Total de peças: 342; Telejornal (RTP1): 116; Jornal da

Noite (SIC): 124; Jornal Nacional/Jornal das 8: 102

88

254

342

0

100

200

300

400

com fonte sem fonte total

Face Oculta Telejornal (RTP1); Jornal da Noite (SIC);

Jornal Nacional/Jornal das 8 (TVI) Dados agregados

0102030405060708090

100

Face Oculta Telejornal (RTP1); Jornal da Noite (SIC);

Jornal Nacional/Jornal das 8 (TVI) Dados agregados

N.º de peças com fontes identificadas: 88 N.º de peças sem fonte atribuída: 254 N.º total de peças:342

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0,0% 2,0% 4,0% 6,0% 8,0% 10,0% 12,0% 14,0% 16,0% 18,0%

RTP

TVI

Correio da Manhã

SOL

Expresso

Antena 1

Rádio Renascença

Agência Lusa

FACE OCULTA - TELEVISÃO ÓRGÃOS DE COM SOCIAL MENCIONADOS NAS PEÇAS (%)

N= 341

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299

390

0

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100

150

200

250

300

350

400

450

Identificadas Sem fontes

FREEPORT – TELEVISÃO FONTES DE INFORMAÇÃO

0

50

100

150

200

250

300

FREEPORT - TELEVISÃO FONTES DE INFORMAÇÃO

N.º de peças com fontes identificadas: 299 N.º de peças sem fonte atribuída: 390 N.º total de peças: 689

Total de peças: 689; Telejornal (RTP1): 195;

Jornal da Noite (SIC): 259; Jornal

Nacional/Jornal das 8: 235

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0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0%

RTP

TVI

Correio da Manhã

SOL

Expresso

TSF

Jornal I

Agência Lusa

The Sunday Times

Rádio Clube Português

Revista Tempo

Daily Mai

Agência O Globo

FREEPORT – TELEVISÃO ÓRGÃOS DE COM. SOCIAL MENCIONADOS NAS PEÇAS (%)

N= 689

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De que temas falam os bloggers nos casos de corrupção em análise?

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conteúdo manifesto

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40

,0%

2,0%

4,0%

6,0%

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10,0%

12,0%

14,0%

16,0%

TEMAS PRINCIPAIS - CASO BPN VALORES EM %

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0,0%

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6,0%

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10,0%

12,0%

14,0%

ACTORES - CASO BPN

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25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

TEMAS PRINCIPAIS - CASO FACE OCULTA VALORES EM %

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20,0%

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30,0%

35,0%

ACTORES - CASO FACE OCULTA VALORES EM %

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0,0%2,0%4,0%6,0%8,0%

10,0%12,0%14,0%16,0%18,0%20,0%

TEMAS PRINCIPAIS – CASO FREEPORT VALORES EM %

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0,0%

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20,0%

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30,0%

35,0%

40,0%

ACTORES - CASO FREEPORT VALORES EM %

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0,0%

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10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

TEMAS PRINCIPAIS - CASO SUBMARINOS VALORES EM %

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0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

ACTORES - CASO SUBMARINOS VALORES EM %

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0

5

10

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20

25

30

35

40

45

50

Tom do post, por caso de corrupção

Claramente positivo

Tendencialmente positivo

Claramente negativo

Tendencialmente negativo

Neutro/equilibrado

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0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

POSICIONAMENTO DO AUTOR/BLOGGER FACE AO LINK PRINCIPAL Valores em % - Dados agregados

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Algumas conclusões

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ALGUMAS CONCLUSÕES (1)

O agendamento dos casos de corrupção em análise foi fortemente influenciado pelas agendas dos media tradicionais, em particular, da televisão e da imprensa, isto é, os picos noticiosos na imprensa e na televisão correspondem nos blogs a um maior número de posts. Os media tradicionais, nomeadamente as edições online dos jornais, são a principal fonte dos blogs da amostra, o que mostra dependência dos blogs dos media tradicionais na abordagem dos casos em análise, quer em termos de temas, quer de actores. No conjunto dos posts analisados, o jornal Público é o media mais linkado para todos os casos, com quase o dobro dos links ao Diário de Notícias (o segundo jornal mais linkado) seguidos da TVI e do SOL, a grande distância dos restantes meios de comunicação social. Analisando as fontes das peças dos media mais linkados verifica-se que existe uma preponderância nítida de outros órgãos de comunicação social, revelando um funcionamento cruzado entre jornais e televisões citando-se uns aos outros, sendo por sua vez citados pelos blogs da amostra.

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ALGUMAS CONCLUSÕES (2)

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Aprofundando a análise das fontes dos media tradicionais que inspiram os blogs na abordagem de dois dos casos em análise - Face Oculta e Freeport - os únicos sobre os quais existem dados nesta fase da investigação, verifica-se que existe um número muito elevado de peças sem atribuição de fonte. De entre os posts que contêm links para media nacionais, a maioria limita-se a inserir o link sem o comentar, sendo que em termos gerais, considerando o conjunto de posts e os 4 casos de corrupção, o número de posts que manifestam discordância face conteúdo do link é ligeiramente superior aos que mostram concordância. Apenas em 12% dos links, o post se distancia do conteúdo do link, introduzindo novos enquadramentos e interpretações sobre o tema. 35% dos posts da amostra não possuem links embora comentem os temas da agenda dos media.

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SÍNTESE CONCLUSIVA (3)

O número de posts de TOM negativo ou claramente negativo é muito superior ao número de posts de TOM positivo ou claramente positivo, identificando-se enorme criticismo sobre os casos de corrupção. O caso em que a soma dos posts negativos e claramente negativos é mais elevados é o Face Oculta, seguido do caso Submarinos. O Freeport é o caso que suscita mais posts claramente positivos, embora em número residual. No que respeita aos temas e actores presentes nos posts da amostra eles seguem a lógica dos media tradicionais, isto é, orientam-se mais para acontecimentos do que para a problemática da corrupção em geral. Apenas no caso Submarinos, se identifica uma abordagem que tem o fenómeno da corrupção como um tema de reflexão e análise.

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SÍNTESE CONCLUSIVA (4)

Tal como nos media tradicionais, os políticos em funções são os protagonistas mais frequentes nos posts da amostra. José Sócrates, primeiro ministro no período abrangido pela análise, é o protagonista mais presente no conjunto dos 4 casos, com especial incidência no caso Freeport e Face Oculta. Em cada um dos casos, o protagonista principal dos posts corresponde ao protagonista com maior visibilidade na imprensa e na televisão: José Sócrates no caso Freeport; José Sócrates e Armando vara no Face Oculta; Presidente da República e Dias Loureiro no BPN; Paulo Portas no Submarinos. - Arguidos como Manuel Godinho no caso Face Oculta e Oliveira e Costa no BPN, têm presenças residuais nos blogs da amostra.

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Os dados confirmam o primeiro nível das teorias do agendamento – issue agenda-setting – nos blogs da amostra e para os quatro casos de corrupção, concluindo-se que os media tradicionais influenciaram a agenda dos blogs no que respeita aos temas e aos actores de que falaram. O facto de apenas 12% dos posts se distanciarem do conteúdo dos links, introduzindo novos enquadramentos e interpretações sobre a corrupção política, e de grande número de posts manifestar concordância com o conteúdo do link, não confirma estudos anteriores sobre o segundo nível da teoria do agendamento – atribute agenda setting – isto é, não se identificam nos posts e blogs analisados visões e interpretações alternativas às veiculadas pelos media tradicionais no que respeita à discussão do fenómeno da corrupção política. Os blogs e os posts da amostra falam do que falam os media tradicionais e só limitadamente fornecem enquadramentos e interpretações alternativas às dos media tradicionais. A dependência dos blogs da amostra face aos media tradicionais na abordagem e interpretação dos casos em análise questiona as teorias sobre a contribuição dos novos media para o pluralismo e a diversidade da informação.

EM SUMA:

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ESTRELA SERRANO

CENTRO DE INVESTIGAÇÃO MEDIA & JORNALISMO

FCSH- UNIVERSIDADE NOVA DE L ISBOA

FIM DA APRESENTAÇÃO

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