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Rede São Paulo de Cursos de Especialização para o quadro do Magistério da SEESP Ensino Fundamental II e Ensino Médio São Paulo 2011

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  • Rede So Paulo de

    Cursos de Especializao para o quadro do Magistrio da SEESP

    Ensino Fundamental II e Ensino Mdio

    So Paulo

    2011

  • UNESP Universidade Estadual PaulistaPr-Reitoria de Ps-GraduaoRua Quirino de Andrade, 215CEP 01049-010 So Paulo SPTel.: (11) 5627-0561www.unesp.br

    Governo do Estado de So Paulo Secretaria de Estado da EducaoCoordenadoria de Estudos e Normas PedaggicasGabinete da CoordenadoraPraa da Repblica, 53CEP 01045-903 Centro So Paulo SP

  • A Esttica e o Belo

  • ficha sumrio tema

    Ficha da Disciplina:

    A Esttica e o Belo

  • ficha sumrio tema

    SumrioVdeo da Semana ...................................................................... 3

    A Esttica e o belo .......................................................................... 3

    1.1 Sentidos da Esttica .............................................................................3

    1.2 O belo como guia .................................................................................5

    1.3 Sentidos do belo beleza, prazer e sensao .........................................6

    Bibliografia ............................................................................... 9

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    Unesp/R

    edefor Mdulo III D

    isciplina 06 Tema 1

    ficha sumrio tema

    Vdeo da Semana

    A Esttica e o belo1.1 Sentidos da Esttica

    Ser mesmo necessrio explicar o que esttica? Olhando assim, parece at que no . Em todo lugar se fala em esttica, e todos parecem muito seguros do que esto dizendo. As bancas de jornal esto cheias de revistas sobre esttica; nas avenidas chiques da cidade h caras e no obstan-te lotadas clnicas de esttica; aquela faculdade de odontologia ali adiante oferece especializao em esttica dentria; e o moo da concessionria quer nos vender um carro gabando sua esttica. Vamos a um barzinho universitrio e um fregus, j relativamente alegre, tenta impressionar os circunstantes comparando, cenho franzido e mos no ar, a esttica de Fellini com a de Pasolini. Samos em viagem de frias, mas nem assim escapamos da palavrinha, pois agora j o guia tu-rstico a nos informar que nas igrejas da cidade predomina a esttica neo-clssica.

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    isciplina 06 Tema 1

    ficha sumrio tema

    fcil ver o que isto tudo tem em comum: em todos estes casos o termo esttica diz res-peito maneira como as coisas se apresentam aos nossos sentidos, e maneira como elas nos impressionam, favorvel ou desfavoravelmente, pela sua mera apario diante de ns. Esttica, poderamos ento concluir, tem a ver com a aparncia imediata das coisas, em seu efeito de agrado ou desagrado sobre ns.

    Isto est de acordo com o sentido original do termo grego aesthesis, do qual provm nosso vocbulo esttica. Pois, em grego, aesthesis diz respeito nossa capacidade de receber impresses sensveis dos objetos que nos cercam, nossa capacidade de sermos afetados, atravs dos cinco sentidos, por esses objetos. Esse significado tambm est implicado no sentido filosfico de esttica, que , na verdade nosso alvo principal aqui alis, esse termo d a impresso de ter tri-lhado um caminho oposto ao percorrido por tantos outros termos filosficos: ao invs de haver penetrado na filosofia a partir da linguagem comum, a palavra esttica, parece ter nas ltimas dcadas descido das alturas filosficas para circular livremente pelas caladas das cidades.

    Mas, por falar em filosofia, eu, que tenho c meus informantes, sei que o distinto leitor lida com esse fascinante campo do saber humano, no mesmo? Ento com certeza j tem alguma familiaridade com o sentido filosfico de esttica. Ter tido em mos compndios de esttica, em cujas pginas leu coisas sobre a esttica de Hegel, a esttica platnica ou a de Nietzsche. Se sua graduao foi em filosofia, ter frequentado disciplinas com o nome de esttica e sabe que os departamentos de filosofia costumam ter cadeiras acadmicas especficas de esttica. Sabe tambm que anualmente realizam-se congressos de esttica e que h peridicos especializados nesta esttica filosfica. Sabe, portanto, que esttica em filosofia delimita um campo terico, um terreno especfico de investigao filosfica. Esttica de fato uma disciplina filosfica, assim como a teoria do conhecimento, a tica, a filosofia da linguagem, a filosofia poltica etc1

    Aqui est uma primeira e importante diferena entre os sentidos filosfico e popular do termo esttica: em filosofia esse termo no designa caractersticas ou propriedades das coi-sas comuns nem dos objetos artsticos, mas sim um campo de investigao que contm um conjunto de teorias, questes e conceitos filosficos. Mas h relaes de proximidade tambm importantes entre os dois sentidos: a esttica filosfica (daqui em diante vamos design-la como

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    ficha sumrio tema

    Esttica) tambm trata da forma como as coisas se apresentam a ns e da maneira como re-agimos a essa apresentao; e exatamente a esse tema que se referem as teorias, questes e conceitos que a compem.

    Como filosofia, ou seja: como mbito de investigao terica e conceitual sobre nossas rea-es forma pela qual as coisas se apresentam a ns, a Esttica fala do belo e do feio, mas no para me ensinar que isto belo e aquilo feio, nem para me recomendar o belo e condenar o feio muito menos para ensinar o que fazer para que as coisas que no so belas venham a s-lo. Se fosse assim, no seria teoria, mas um guia prtico, e, o que mais importante, j daria como conhecido o sentido do termo belo, quando exatamente isto que se trata de determinar: na Esttica, precisamente esse sentido est em aberto e torna-se objeto de debate.

    Como filosofia, a Esttica quer saber o qu uma coisa bela. Pergunta-se pelo porqu de que a aparncia de certas coisas nos agrade ao ponto de dizermos que so belas, e o que estamos querendo dizer ao declararmos que o so. Ela quer explicitar conceitualmente os critrios pelos quais julgamos a aparncia das coisas.

    1.2 O belo como guia

    Note bem o leitor: ningum falou em julgar as coisas pela aparncia, mas em julgar a apa-rncia das coisas. Julgar as coisas pela aparncia ser preconceituoso, mas na filosofia j no estamos mais no nvel do pr-conceito: j nos movemos no nvel do conceito.

    A filosofia , de fato, conceitual, o que significa que ela sempre tem muito cuidado com as palavras que utiliza. Ela no vai simplesmente se servindo dessas palavras comuns e correntes que esto a jogadas no nosso cotidiano. Melhor dizendo: ela se serve sim das palavras comuns, mas d outro significado a elas. O significado das palavras comuns no suficientemente pre-ciso para a investigao filosfica, pois est sujeito a enormes flutuaes, decorrentes tanto da maneira peculiar pela qual cada um entende as palavras, como das imposies da moda e das arbitrariedades dos meios de comunicao de massa, que em grande medida determinam a forma pela qual as pessoas falam e pensam. Como no quer ficar refm do que as outras pes-soas, a moda, os jornais e a televiso colocaram sob as palavras, a filosofia cria suas prprias palavras, pelo menos suas palavras mais importantes, que s na sonoridade permanecem iguais s comuns. Essas palavras prprias da filosofia so os conceitos filosficos.

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    O prprio termo Esttica j um conceito filosfico, e seu sentido j foi inclusive delineado: Esttica, dissemos, um campo de investigao filosfica que procura determinar conceitual-mente os critrios pelos quais julgamos a aparncia das coisas. Mas isto ainda est por demais abstrato, e, assim como para se aprender a nadar necessrio entrar na gua, para entender o que Esttica temos tambm de mergulhar nela. A melhor forma para fazer isso , ao invs de perguntarmos diretamente pelo conceito de Esttica, tentarmos compreender o sentido dos principais conceitos de que ela prpria se utiliza. Precisamos ento de um conceito que nos introduza na Esttica, que nos guie atravs dos meandros desse campo terico que ela delimita.

    Mal acabamos de pronunciar a frase acima e j se apresenta um forte candidato. Pois ime-diatamente um certo conceito, que j h algum tempo se imiscuiu em nossa conversa, domi-nando a cena e chamando nossa ateno, imediatamente vem agora esse conceito novamente superfcie, como se estivesse certo de ter todo o direito de ser o primeiro dentre todos, o mais importante conceito da Esttica. o conceito do belo.

    No vamos agora discutir se so justificadas tamanhas pretenses. Mas o fato que o con-ceito do belo continua sendo o que mais generosamente nos permite ingressar nessa longa (em verdade milenar), importante, multifacetada e fascinante discusso filosfica que estamos aqui reunindo sob o nome de Esttica. Guiados por sua mo, poderemos abrir caminho at as prin-cipais vias que atravessam o campo da Esttica, e assim ganhar um vislumbre de seu desenrolar desde seu nascimento at o ponto em teremos de abandonar nosso dedicado acompanhante, por adentrarmos terreno onde o belo no mais reconhecido como cidado. Mas, mesmo ali, ao voltar-nos as costas resignado, o belo, mesmo sem querer, continuar indicando a direo, s com a sombra que projeta no caminho ignoto.

    1.3 Sentidos do belo beleza, prazer e sensao

    Assim como no caso do termo esttica, tambm no caso do termo belo nos deparamos com um sentido popular e outro filosfico. Correo: h vrios sentidos filosficos (assim como vrios populares). Pois cada um dos pensadores que se dedicaram aos temas da Esttica contribuiu para a discusso com uma concepo prpria do fenmeno do belo. Portanto cada um criou seu prprio conceito de beleza, de acordo com essa concepo.

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    Mas sossegue, leitor: no vamos perseguir aqui todas as doutrinas dos principais filsofos sobre a beleza, coisa que, dados os limites deste texto, seria impossvel (e dados os seus obje-tivos, improdutivo). Vamos ento, ao invs disso, tentar assinalar alguns traos caractersticos que esto de alguma forma presentes em todos esses conceitos filosficos particulares do belo, ou, pelo menos, nos mais importantes. Isto possvel porque, muito embora cada um destes conceitos filosficos seja em grande medida uma criao de seu autor, todos eles tm por base uma experincia comum e corrente da beleza, a que todos os seres humanos, por princpio, po-dem ter acesso do contrrio seriam totalmente desprovidos de interesse, nada diriam a ns.

    Ora, essa experincia comum da beleza a que est codificada no conceito popular do belo do que conclumos que, assim como no caso da esttica, o(s) significado(s) filosfico(s) do belo tm uma relao semntica forte com sua acepo corrente. O problema que este con-ceito comum do belo como quase todos os conceitos abstratos em nossa linguagem usual, no suficientemente claro. Falamos de belo e beleza de muitas maneiras e em muitos sentidos, sem prestar muita ateno ao que estamos dizendo. Muitos conceitos aparentados a ele ressoam em nossa mente quando o empregamos e com todo esse rudo no conseguimos, ou nem mesmo tentamos, compreender direito o que ele est querendo nos dizer, ou ainda, o que ns estamos querendo dizer por meio dele.

    Proponho ento que tentemos realizar uma determinao filosfica do conceito popular do belo, para que assim nos aproximemos dos traos comuns dos vrios conceitos filosficos do belo. Isto : vamos tentar explicitar o que ns mesmos pressupomos implicitamente quando nos servimos deste termo. Ento vejamos: o que , para ns, o belo? Ou, para comear: qual seu efeito sobre ns?

    Esta segunda pergunta bem mais simples, e j foi at mesmo parcialmente respondida. O belo, como j dissemos, nos agrada, ou seja: nos contenta e nos d prazer. O belo algo que nos alegra, e que por isso nos ajuda a viver e a gostar disso. Mas isso no nos diz quase nada, pois muitas outras experincias possuem o mesmo efeito. O prprio fundamento fisiolgico--natural do prazer iguala, neste ponto, o prazer proporcionado pela beleza a todos os outros. Comeamos a nos aproximar de uma determinao filosfica do conceito do belo quando per-guntamos o que diferencia e caracteriza o prazer que temos com o belo em face s outras formas de prazer. O belo um prazer? Muito bem, mas que tipo de prazer ele?

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    Parece-me que aqui o primeiro passo ter de ser explicitar quais so esses outros prazeres com os quais queremos contrastar o prazer do belo. Imediatamente fazemos uma constatao: os prazeres mais intensos e os mais ardentemente buscados so aqueles que provm da fruio direta de nossos sentidos, e que, por isso, tm uma relao imediata com nosso corpo. Estamos aqui falando do prazer que uma refeio bem preparada oferece ao nosso paladar; do prazer que um aroma de flores ou de incenso oferece ao nosso olfato; do prazer que a prtica esportiva proporciona a todo o corpo e tambm daquele outro e dulcssimo prazer que o leito conjugal nos reserva. Todos estes prazeres promovem um bem estar fsico que se funda em nossa pr-pria constituio fisiolgica como seres naturais. Eles resultam do intercmbio direto entre nosso corpo e os outros corpos que o rodeiam, do efeito imediato que esses corpos exercem sobre o nosso. Seguindo uma terminologia consagrada na tradio filosfica, chamaremos aqui esse efeito imediato dos outros corpos sobre o nosso, na medida em que por ns percebido, de sensao.

    Tais prazeres resultantes da sensao, em todas as suas variaes, parecem mesmo ser os mais elementares de todos, os mais imediatos e por isso mesmo os mais intensos. Desde sempre a sensao foi nossa guia, e simplesmente no estaramos vivos se no soubssemos aprender com o prazer e o desprazer que ela provoca. Em nossa mais tenra idade j buscvamos os pra-zeres da sensao, e eles permanecem sendo para ns uma espcie de indispensvel po nosso de cada dia, que sempre contamos obter, parecendo constituir algo como um fundo essencial e sempre presente de toda a nossa vida psquica.

    Tudo isso faz nascer a suspeita de que talvez todos os nossos prazeres sejam formas espe-ciais desses prazeres sensveis elementares e imediatos, ou que estejam neles fundados. Ser assim tambm com o prazer que o belo proporciona? Que relaes de semelhana e diferena ter esse prazer especial que sentimos, por exemplo, ao contemplar um entardecer no campo ou uma pintura que o representa, com os prazeres imediatamente derivados da sensao? Ou, falando de forma mais abstrata: que relao tem o prazer proporcionado pelo belo com as for-mas fisiolgicas elementares de prazer?2.

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    Bibliografia ARISTTELES. Potica. So Paulo: Ars Poetica, 1992.

    BAUMGARTEN, A. G.Esttica: a lgica da arte e do poema. Petrpolis: Vozes, 1993.

    BAYER, Raymond. Histria da esttica. Lisboa: Estampa, 1998.

    DUFRENNE, Mikel. Phnomnologie de lexprience esthtique. Paris: PUF, 1953.

    DUFRENNE, Mikel. Esttica e filosofia. Traduo de Roberto Figurelli. So Paulo: Perspectiva, 1981.

    JIMENEZ, Marc - O que Esttica? So Leopoldo: Editora UNISINOS, 1999.

    PLATO.A repblica. Lisboa: Fundao Calouste Gulbenkian, 1990.

    PLATO. O banquete. So Paulo: DIFEL, 1966.

  • Pr-Reitora de Ps-graduaoMarilza Vieira Cunha Rudge

    Equipe CoordenadoraCludio Jos de Frana e Silva

    Rogrio Luiz BuccelliAna Maria da Costa Santos

    Coordenadores dos CursosArte: Rejane Galvo Coutinho (IA/Unesp)

    Filosofia: Lcio Loureno Prado (FFC/Marlia)Geografia: Raul Borges Guimares (FCT/Presidente Prudente)

    Ingls: Mariangela Braga Norte (FFC/Marlia)Qumica: Olga Maria Mascarenhas de Faria Oliveira (IQ Araraquara)

    Equipe Tcnica - Sistema de Controle AcadmicoAri Araldo Xavier de Camargo

    Valentim Aparecido ParisRosemar Rosa de Carvalho Brena

    SecretariaMrcio Antnio Teixeira de Carvalho

    NEaD Ncleo de Educao a Distncia(equipe Redefor)

    Klaus Schlnzen Junior Coordenador Geral

    Tecnologia e InfraestruturaPierre Archag Iskenderian

    Coordenador de Grupo

    Andr Lus Rodrigues FerreiraGuilherme de Andrade Lemeszenski

    Marcos Roberto GreinerPedro Cssio Bissetti

    Rodolfo Mac Kay Martinez Parente

    Produo, veiculao e Gesto de materialElisandra Andr Maranhe

    Joo Castro Barbosa de SouzaLia Tiemi Hiratomi

    Liliam Lungarezi de OliveiraMarcos Leonel de Souza

    Pamela GouveiaRafael Canoletti

    Valter Rodrigues da Silva

    Marcador 1Vdeo da SemanaA Esttica e o beloSentidos da Esttica1.2 O belo como guia1.3 Sentidos do belo beleza, prazer e sensao

    Bibliografia

    Boto 2: Boto 3: Boto 6: Boto 7: Boto 68: Boto 69: Boto 34: Pgina 4:

    Boto 35: Pgina 4:

    Boto 38: Pgina 5:

    Boto 39: Pgina 5:

    Boto 40: Pgina 6: Pgina 7: Pgina 8: Pgina 9: Pgina 10: Pgina 11: Pgina 12:

    Boto 41: Pgina 6: Pgina 7: Pgina 8: Pgina 9: Pgina 10: Pgina 11: Pgina 12:

    Boto 4: