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|| Boletim de Análise e Previsão Climática da RPCH || página- 1 - O uso das informações contidas neste boletim é de completa responsabilidade do usuário. O projeto RPCH foi financiado pela MCT, através do convênio 3641/06. REDE ESTADUAL DE PREVISÃO CLIMÁTICA E HIDROMETEOROLÓGICA DO PARÁ - RPCH Diretoria de Meteorologia e Hidrologia 2º Distrito de Meteorologia UFPA Faculdade de Meteorologia SIPAM - CR-BE Divisão de Meteorologia ANO XI, NOVEMBRO DE 2017 Boletim disponível em: www.SEMASs.pa.gov.br ►Padrões oceânicos e atmosféricos no último mês: De acordo com os padrões de anomalia de TSM do oceano pacífico (FIGURA 1) para o mês de novembro de 2017, observa-se que seu comportamento nos últimos cinco meses denotam um recorrente perfil de anomalia negativa, característicos do fenômeno La Niña, porém com valores de intensidade relativamente fraca (valores entre - 0,5ºC a -1,5ºC), assim como uma regular espacialização das áreas de TSM negativa. Teoricamente, embora esse comportamento de La Niña seja favorável a intensificação da circulação anômala com ramo ascendente sobre a região tropical da América do Sul, em particular para a Amazônia Oriental, e descendente sobre o oceano Pacífico, verifica-se que esses movimentos circulatórios não são intensos o suficiente para romper o efeito contrário que as anomalias TSM positiva do Oceano Atlântico cria sobre a metade da porção norte da Amazônia (+ ou - acima da latitude 5ºS). Criando justamente um efeito de movimentos descendentes mais fortes sobre essas áreas e inibindo o desenvolvimento da nebulosidade e, por consequência, um baixo índice de pluviosidade. Deste modo, é verificado sobre o estado do Pará, assim como no Amazonas, que a precipitação acompanhou esse padrão anômalo dos oceanos e apresentou estiagem na porção norte e aumento da precipitação na porção sul. Analisando a anomalia mensal de Radiação de Onda Longa (ROL), figura 2, observa-se que grande parte do Pará indicou um estado de neutralidade de ROL, evidenciando condições em torno do padrão climatológico, ou seja, com pouca pluviosidade em grande parte do Pará. De um modo geral, é esperado que as chuvas de dezembro apresentem aumentos em sua volumetria mensal, quando comparada a novembro. Principalmente para a segunda metade de dezembro, em que as chuvas na porção norte do Pará poderão ter um aumento significativo das chuvas. ►Padrões climáticos persistentes no último trimestre: Os padrões climáticos médios de TSM persistentes no último trimestre entre agosto a outubro de 2017 (Figura 3), apresentaram um predomínio de condições de anomalias negativas de TSM em grande parte das subáreas do Pacífico tropical. Assim como anomalias positiva de TSM na bacia tropical norte do Atlântico (em torno de +1ºC), combinação de padrões do TSM que não favoreceram um cenário chuvosa para o Pará, devido ao processo de subsidência do ar sobre o Estado do Pará. FIGURA 1: Anomalia mensal de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) sobre os oceanos Pacífico e Atlântico e a Anomalia de Precipitação em mm, observada em novembro/2017. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP 1 . FIGURA 2: Anomalia mensal de Radiação de Onda Longa (ROL) emitida para o espaço em W/m² observada em novembro/2017. A escala de cores da figura indica o sentido do desvio e a intensidade das anomalias. Produto gerado pela RPCH. FIGURA 3: Anomalia trimestral de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) sobre os oceanos Pacífico e Atlântico e a Anomalia de Precipitação em mm, observada entre agosto e outubro/2017. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP 2 . 1 National Centers for Environmental Prediction

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|| Boletim de Análise e Previsão Climática da RPCH || página- 1 -

O uso das informações contidas neste boletim é de completa responsabilidade do usuário. O projeto RPCH foi financiado pela MCT, através do convênio 3641/06.

REDE ESTADUAL DE PREVISÃO CLIMÁTICA E HIDROMETEOROLÓGICA DO PARÁ - RPCH

Diretoria de Meteorologia e

Hidrologia

2º Distrito de Meteorologia

UFPA

Faculdade de Meteorologia

SIPAM - CR-BE

Divisão de Meteorologia

ANO XI, NOVEMBRO DE 2017 Boletim disponível em: www.SEMASs.pa.gov.br

►Padrões oceânicos e atmosféricos no último mês:

De acordo com os padrões de anomalia de TSM do oceano

pacífico (FIGURA 1) para o mês de novembro de 2017, observa-se que seu comportamento nos últimos cinco meses denotam um recorrente perfil de anomalia negativa, característicos do fenômeno La Niña, porém com valores de intensidade relativamente fraca (valores entre -0,5ºC a -1,5ºC), assim como uma regular espacialização das áreas de TSM negativa. Teoricamente, embora esse comportamento de La Niña seja favorável a intensificação da circulação anômala com ramo ascendente sobre a região tropical da América do Sul, em particular para a Amazônia Oriental, e descendente sobre o oceano Pacífico, verifica-se que esses movimentos circulatórios não são intensos o suficiente para romper o efeito contrário que as anomalias TSM positiva do Oceano Atlântico cria sobre a metade da porção norte da Amazônia (+ ou - acima da latitude 5ºS). Criando justamente um efeito de movimentos descendentes mais fortes sobre essas áreas e inibindo o desenvolvimento da nebulosidade e, por consequência, um baixo índice de pluviosidade. Deste modo, é verificado sobre o estado do Pará, assim como no Amazonas, que a precipitação acompanhou esse padrão anômalo dos oceanos e apresentou estiagem na porção norte e aumento da precipitação na porção sul.

Analisando a anomalia mensal de Radiação de Onda Longa (ROL), figura 2, observa-se que grande parte do Pará indicou um estado de neutralidade de ROL, evidenciando condições em torno do padrão climatológico, ou seja, com pouca pluviosidade em grande parte do Pará. De um modo geral, é esperado que as chuvas de dezembro apresentem aumentos em sua volumetria mensal, quando comparada a novembro. Principalmente para a segunda metade de dezembro, em que as chuvas na porção norte do Pará poderão ter um aumento significativo das chuvas. ►Padrões climáticos persistentes no último trimestre:

Os padrões climáticos médios de TSM persistentes no último

trimestre entre agosto a outubro de 2017 (Figura 3), apresentaram um predomínio de condições de anomalias negativas de TSM em grande parte das subáreas do Pacífico tropical. Assim como anomalias positiva de TSM na bacia tropical norte do Atlântico (em torno de +1ºC), combinação de padrões do TSM que não favoreceram um cenário chuvosa para o Pará, devido ao processo de subsidência do ar sobre o Estado do Pará.

FIGURA 1: Anomalia mensal de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) sobre os oceanos Pacífico e Atlântico e a Anomalia de Precipitação em mm, observada em novembro/2017. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP1.

FIGURA 2: Anomalia mensal de Radiação de Onda Longa (ROL) emitida para o espaço em W/m² observada em novembro/2017. A escala de cores da figura indica o sentido do desvio e a intensidade das anomalias. Produto gerado pela RPCH.

FIGURA 3: Anomalia trimestral de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) sobre os oceanos Pacífico e Atlântico e a Anomalia de Precipitação em mm, observada entre agosto e outubro/2017. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP2.

1National Centers for Environmental Prediction

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►Características Regionais das Chuvas observadas em outubro de 2017:

As características regionais da pluviometria em outubro ocorrida nas estações meteorológicas de superfície (Figura 4A) do Estado do Pará,

evidenciaram maiores volumes principalmente na porção diagonal noroeste-sudeste e parte do sudoeste. Os maiores totais de precipitação foram em Belém (222 mm), Araguatins (201 mm), Tucumã (202 mm), Guarantã (157 mm), Itacoatiara (250 mm) e Cotriguaçu (155 mm). A distribuição espacial da precipitação (Figura 4B) fornece uma melhor visualização das condições pluviométricas, porém, devido à baixa densidade de estações sobre a região, observa-se apenas grande parte da região centro-sul do estado com valores significativos de chuva. Verificando a categorização das anomalias de precipitação (Figura 4C), as porções do noroeste-sudeste e parte do nordeste apresentaram categoria de normal a muito acima do normal, porém, no restante do estado indicaram categorias abaixo e muito abaixo do normal. Assim como nos meses anteriores, o déficit de precipitação no Sudeste, categoria muito abaixo do normal.

FIGURA 4A: Precipitação mensal observada nas estações pluviométricas do INMET, ANA/CPRM e SEMAS. Os valores indicam o total mensal em mm.

FIGURA 4B: Precipitação interpolada espacialmente sobre o Estado do Pará. A escala de cores indica o volume de chuva acumulado em mm.

FIGURA 4C: Anomalia categorizada da precipitação pelo método dos percentis para as categorias MUITO

ACIMA, ACIMA, NORMAL, ABAIXO.

►Características de déficit de Chuva no Último Trimestre: Observando a anomalia de precipitação categorizada trimestral (Figura

5) de agosto a outubro de 2017, é apresentado que a parte central e nordeste do Estado do Pará evidenciou um cenário categorizado como normal de precipitação. No entanto, praticamente todo o restante do estado apresentou um padrão de categorias abaixo do normal. Tal comportamento reflete o baixo índice pluviométrico ocorrido nos últimos meses, em função principalmente das condições desfavoráveis que o oceano adjacente proporcionou as características atmosféricas sobre o continente.

Essa situação corrobora com a anomalia negativa de precipitação relacionada com as condições de anomalia positiva de TSM da bacia norte do Atlântico (Figura 3). Tal resultado é parcialmente similar as condições vistas nos meses de julho e outubro de 2017.

FIGURA 5: Anomalia categorizada da chuva para ago/2017 a out/2017.

O padrão climatológico mensal para a precipitação do próximo trimestre é

apresentado na Figura 6. Esta metodologia estatística indica os valores mais frequentes de chuva da categoria normal em um intervalo entre o mínimo climatológico (painel inferior da Fig. 6) e o máximo climatológico (painel superior da Fig. 6) para cada mês. Para o trimestre futuro de dezembro a fevereiro, é verificado que normalmente em dezembro a porção sul do Estado (abaixo de 4ºS) tem um aumento das chuvas, sendo esperado volumes de precipitação acima de 250 mm mensais, enquanto que na porção acima de 4ºS é esperado normalmente chuvas menores que 200 mm. Já em janeiro e fevereiro, o padrão climático indica volumes superiores a 200 mm para todo o Estado do Pará, favorecido principalmente pela Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).

FIGURA6: Climatologia mensal da precipitação sobre o estado do Pará referente aos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Série: 1970-2007

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CONSIDERAÇÕES COMPLEMENTARES: Este boletim é resultado da Reunião de Análise e Previsão Climática organizada pela RPCH e realizada no dia 01/11/2017 no INMET-Belém-PA. As informações e previsões climáticas consensuais são baseadas na análise de campos atmosféricos e oceânicos observados nos últimos meses e resultados dos modelos globais de previsão climática, entre outros.

INSTITUIÇÕES PARCEIRAS E DE APOIO TÉCNICO-CIENTÍFICO: DEFESA CIVIL

PARÁ

►Prognóstico Climático Mensal:

A Figura 7 apresenta os prognósticos climáticos mensais para o próximo trimestre dez-jan-fev (2017/18), feitos por consenso, a partir da reunião mensal da RPCH. No painel superior de cada figura, tem-se o mapa da previsão da precipitação em anomalias categorizadas e no painel inferior, o volume de chuva correspondente à categoria prevista. Climatologicamente, esse trimestre representa o início de um cenário favorável as chuvas no Estado do Pará, principalmente quando relacionado as condições bem severas de estiagem que o Estado passou nos últimos meses. Na figura 7A, relacionada ao mês de dezembro, é apresentada a possibilidade da região sul do Pará (abaixo da Lat. 4º) exibir condições de precipitação acima do normal, com volumes na casa de 200 a 500 mm. Diferentemente da parte norte do Estado, com situações dentro da normalidade climática (100 a 200 mm), porém o extremo da região noroeste e uma pequena faixa do nordeste do Pará, indicarão possibilidades de chuva abaixo do normal (< 75mm). Para janeiro de 2018 (Figura 7B), grande parte da região sudoeste, sudeste e região do Marajó, indicam chuvas acima do normal (300 a 500 mm). Por outro lado, para fevereiro de 2018 (Figura 7C), espera-se um enfraquecimento na intensidade da ZCIT em provocar chuvas sobre o Pará, fato ligado as anomalias positivas de TSM do Atlântico Norte induzindo subsidência sobre diversas áreas do Pará. O que poderá indicar volumes de chuvas abaixo do normal no centro do Pará (200 a 300 mm), margeada por condições normais de pluviometria (300 a 350 mm) a possibilidades de chuvas acima do normal no sudoeste, noroeste e nordeste do Pará, com volumes entre 350 a 500 mm.

Dezembro/2017: Chuvas acima do normal na região sul do Pará e normal da porção norte, com abaixo do normal na porção noroeste.

FIGURA 7A: Prognóstico mensal para dez/2017.

Janeiro/2018: Categoria de acima do normal em grande parte do Estado, exceção para parte da Calha Norte e leste com chuvas dentro da categoria normal.

FIGURA 7B: Prognóstico mensal para jan/2018.

Fevereiro/2018: Chuvas abaixo do normal no centro do Pará, margeada por condições normais a acima do normal.

FIGURA 7C: Prognóstico mensal para fev/2018.

►Prognóstico Climático Sazonal da Precipitação: A média da previsão sazonal para o trimestre dez-jan-fev 2017/18 (Figura 8),

apresenta um cenário em que grande parte do estado Pará estará em condições normais de precipitação, com possibilidade de chover 300 a 800 mm. Exceto, basicamente, parte da região sudoeste com situações que estarão acima do normal. Essa caracterização trimestral foi definida em função das anomalias positivas de TSM do Atlântico Norte induzindo subsidência sobre diversas áreas do Pará, assim como um enfraquecimento da atuação da ZCIT sobre a região, o que desfavorecerá altos volumes de chuva para o período.

►Prognóstico de Temperatura:

Os principais modelos globais dos principais centros internacionais (ECMWF, IRI, ETA e INMET) indicam que as temperaturas máximas no trimestre dez-jan-fev 2017/18 para o Estado do Pará poderão ser categorizadas como normal típico desse período do ano, porém, para a bacia do Rio Tocantins, espera-se um aumento anômalo de 0,4ºC a 2ºC.

FIGURA 8: Prognóstico sazonal dez-jan-fev /2017-18.