redator: melchiades montenegro. e-mail: fone: 986960041 · sinto que estás em mim. ... tu vives a...

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Diagramação: Antônio Neto. Revisão: Assis Nunes EDITORIAL Urgentemente É urgente o amor É urgente um barco no mar É urgente destruir certas palavras, ódio, solidão e crueldade, alguns lamentos, muitas espadas. É urgente inventar alegria, multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras. Cai o silêncio nos ombros e a luz impura, até doer. É urgente o amor, é urgente permanecer. Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã”. Nesse período do Advento em que aguardamos a comemoração do nascimento de Jesus, esse belo poema de Eugênio de Andrade traduz o que deve preencher nossos corações. A herança de amor deixada por Cristo revela-se na simplicidade da imagem de um presépio. Reunimos-nos então para comemo- rarmos o término de um ano e o recomeço de outro, com novos planos, novos projetos, novas ideias e nova força. A confraternização da ARL deste ano será no dia 21/12/2017, às 16 horas na sede da UBE, Rua Santana, 202 Casa Forte, Recife-PE. Contamos com a presença de todos. Melchiades Montenegro REDATOR: Melchiades Montenegro. E-mail: Melchiades [email protected] Fone: (81) 986960041 ANO: 02 Novembro/2017 Nº 19

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Diagramação: Antônio Neto. Revisão: Assis Nunes

EDITORIAL Urgentemente

É urgente o amor É urgente um barco no mar É urgente destruir certas palavras, ódio, solidão e crueldade, alguns lamentos, muitas espadas. É urgente inventar alegria, multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras. Cai o silêncio nos ombros e a luz impura, até doer. É urgente o amor, é urgente permanecer. Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã”.

Nesse período do Advento em que aguardamos a comemoração do nascimento de Jesus, esse belo poema de Eugênio de Andrade traduz o que deve preencher nossos corações. A herança de amor deixada por Cristo revela-se na simplicidade da imagem de um presépio.

Reunimos-nos então para comemo-rarmos o término de um ano e o recomeço de outro, com novos planos, novos projetos, novas ideias e nova força.

A confraternização da ARL deste ano será no dia 21/12/2017, às 16 horas na sede da UBE, Rua Santana, 202 – Casa Forte, Recife-PE. Contamos com a presença de todos.

Melchiades Montenegro

REDATOR: Melchiades Montenegro. E-mail: Melchiades [email protected] Fone: (81) 986960041

ANO: 02 Novembro/2017 Nº 19

02

Eu sinto ao contemplar-te umas coisas estranhas Na alma e no coração. Sinto que estás em mim. Ó Recife! Eu nasci dessas tuas entranhas! Para exaltar-te a glória, à luz, cantando eu vim!...

Foi ali na campina do Taborda Que tiveste aos teus pés o holandês derrotado. Tu vives a dormir o sono do passado. Vamos para o porvir, minha Recife, acorda! Deus te salve, Recife! O teu nome na história Foi, por certo, insculpido em pedras de granito... Que a nossa alma se eleve através do infinito Em teu louvor cantando o Hino Imortal da Glória. Oscar Brandão da Rocha. @@@@@@@

FALAR DO TEMPO

*Ana Maria César (do Livro habemus vinum – antimemórias

do absurdo).

Falei do tempo ausente, quando todas as portas se fecharam, falei do tempo dantesco, com dante e virgílio a me guiarem, falei do tempo homérico, de heróis e de feitos colossais, lembrei do tempo épico, no embate de esquinas esquivas, descrevi o tempo fictício, erguendo monumentos tresloucados, declamei o tempo ébrio, desço as corredeiras da insânia o tempo voraz, acordo no meio da noite e me escondo, o tempo perdido, tomei o trenzinho com proust e seguimos em busca, ele, de um vilarejo chamado balbec- plage, e eu, de alguma coisa que não sabia bem ao certo.

*Ana Maria César é escritora, romancista, cronista, contista poetisa e ensaísta. Pertence as Academias de Letras e Artes do Nordeste (ALANE) e Recifense de Letras (ARL). Sócia efetiva da União Brasileira de Escritores (UBE-PE).

OSCAR BRANDÃO DA ROCHA

Nasceu no Recife, a 14 de janeiro de 1884, e faleceu na mesma cidade, no dia 7 de maio de 1956. Formado pela Faculdade de Direito do Recife. Jornalista, conferencista e poeta, exerceu, por outro lado, funções administrativas no Estado. Redator dos diários de Pernambuco, A República, A Rua e Leão do Norte. Membro do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernam-bucano e da Academia Pernambucana de Letras. Livros publicados: “Poema da Vida”, “Poema da Guerra”, “Sonetos Perfis” e “Versos de Exaltação”, além de outros em prosa. É o autor dos belos versos do hino de Pernambuco.

RECIFE

Noiva do mar – Recife – o teu corpo venusto É um corpo de sereia esbelto e escultural! Com rochoso colar adornando o teu busto, Tu vives sem temer a mais linda rival. Maurício de Nassau deu-te o primeiro nome. Chamaram, por isso, a Cidade Maurícia, Desse Príncipe a fama o tempo não consome. E tudo o que tu tens dele nos dá notícia

O palácio imperial Campo das Princesas, A ponte com o seu nome. A primeira Assembleia, A ânsia de realizar teus sonhos e de grandezas Recordam quem te criou, excelsa Maurícia.

E tu surgiste, assim, como uma flor da terra Beijada pelo sol ardente do Equador. Das espumas o véu, o grande mar descerra Para mostrar-te nua e cheia de esplendor

Foste rival de Olinda – a princesa do Norte. Hoje, tudo passou – acabaram-se as mágoas. Se daquela não tens o majestoso porte, Tu pareces a flor de um sonho sobre as águas...

03

Memórias do Recife. Correção

Avenida Boa Viagem – anos 70.

Fonte: http://divulgapernambuco.webnode.com.br

Aos leitores.

No informativo Luzeiro das Letras nº 17 do mês de outubro de 2017, a Imagem acima, equivocadamente, foi Registrada como sendo dos 50, onde deveria ser dos anos 70, conforme consta na imagem acima. Agradecemos ao nosso confrade Rivaldo Paiva por sua pertinente e pres-timosa observação. @@@@@@@@

UM NATAL DE ESPERANÇA O desejo de viver bem e ser feliz é aspiração de todo ser humano... E em busca desse sonho quase impossível as pessoas se entregam – corajosamente apesar das incertezas e dificuldades que vão surgindo... Em nenhum tempo isso parece mais forte do que esse, de agora, porque é no tempo do Natal que a ternura parece brotar mais facilmente, no embalo da magia que envolve o mundo pela chegada do Filho de Deus! Que tal confiar que as nossas expectativas podem acender a velha chama da esperança, de que o nosso Natal virá para nos iluminar, para reviver sonhos e acreditarmos no homem, apesar da descrença e da falta de fé? Que tal deixar falar o nosso coração, apontando os rumos que nos levem adiante, ansiando por um Natal de PAZ, de SOLIDARIEDADE, de AMIZADE, de PARTILHA, de CONFIANÇA e, sobretudo - e apesar de tudo - de ESPERANÇA?

MARIETA BORGES

CLARO/ESCURO *Djanira Silva

Um novo dia, completo, completo mesmo:

manhã, tarde, noite, tudo assim, assim, mesmo, remendado com ausências e saudades. Quando o sol me virou as costas, fiquei meio lá, meio cá, partida ao meio, dividida em duas cores – o claro- escuro da madrugada, o claro-escuro de minha alma que se recusa a apagar as lâmpadas do passado.

Já, já, chegará o tempo de abrir as cortinas, cortar a fita, inaugurar outras manhãs. Peco a paciência. Não podendo controlar meu descontrole, fujo para o sono. Morro tranquila nesta morte temporária. Desembarco num mundo onde nada se inventa. Nada começa, nada termina. Nem anoitece, nem amanhece. Os dias se confundem com as noites e a realidade é apenas um piscar de olhos. Gosto de sentir o peso do pensamento: achar que vou e volto. Morrer? Quem sabe? Qualquer dia, qualquer hora os ponteiros cruzarão as pernas. Embarco nos enganos. Pego o tempo de surpresa, passando, parando, inventando pesadelos ou sonhos leves, de uma noite de verão. Demoro a acordar. Adoro não ser dona de nada. Escondo-me num território desconhecido de rota perdida. Nem preciso de bússola, nem nada. Tenho apenas uma certeza, se a saudade me aperrear, embarcarei novamente.

Passo uma página, caio em outro dia. Ele não é diferente coisa nenhuma, tem sol, tem nuvens, vento e passagem grátis para sonhos de gente inteligente com o nariz pra frente. São golpes da imaginação.

Seguro-me nos detalhes. Mandam-me esperar: espero. Mandam-me sonhar: sonho. Man-dam-me esquecer, esqueço nada, sou besta não. Mudanças, mudanças. E eu? Onde fico com a boca, as mãos, os pés e o corpo inteiro governado por uma cabeça de vento, trucidado por uma saudade crônica, massacrado pelas mazelas da vida? Como se já não bastassem as do Natal. Ai, ai, como é bom esperar o desconhecido.

De repente: zás! Num passe de mágica a varinha de condão estoura a bola, abre a cartola do

mágico de Oz. O grito de Ali Babá escancara o mundo: Abre-te Sésamo!!!

*Djanira Silva é escritora, contista, cronista, poetisa e sonetista. Membro efetivo da Academia Reci-fense de Letras é sócia efetiva da União Brasileira de Escritores (UBE-PE).

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Memórias do Recife

BAIRRO DA ENCRUZILHADA

“Vinham apitando de longe os trens do Recife, Olinda e Beberibe e ali se cruzavam. Era um espetáculo curioso e agradável o encontro dessas três composições. Paravam um perto do outro de vagões e vagões, olhares, comprimentos, perguntas frases... __ Hoje não. Domingo irei passar o dia __ Pois não. Teremos uma cavala gorda”.

Por essa descrição de Mário Sette, no seu “MAXAMBOMBAS E MARACATUS”, 4ª ed. , 1981, pag.208, temos a exata dimensão da im-portância do local, embora o cruzamento inicial correspondesse ao dos trens de Limoeiro, com as maxambombas de Olinda e de Beberibe cujas linhas faziam interseção no ponto onde hoje se cruzam as avenidas Norte e João de Barros, junto ao qual ficava a Estação Ferroviária, com seu terminal de passageiros, posicionada em frente ao atual Edifício Montes Claros, na av. Norte, demo-lida por ocasião das obras de alargamento dessa avenida.

O local da confluência adquiriu muita importância, tanto é que no chamado Largo da Encruzilhada, se ramificam os principais logradouros como as avenidas João de Barros e Beberibe, a estrada de Belém e as ruas dr. José Maria e Castro Alves.

Logo no início da av. Beberibe, no lado direito, temos uma estreita via chamada de RUA DA CORAGEM, o nome, de origem remota, se deve, segundo informações do vereador Liberato Costa Júnior, ao fato de ali existir um beco esquisito e com muito mato que, principalmente à noite, era preciso muita coragem para atravessá-lo.

O largo da Encruzilhada, que men-cionamos anteriormente, teve sua praça construída em 1923, pelo governo muni-cipal, sendo um ano depois, inaugurado, precisamente em 18 de Outubro de 1924, o primitivo mercado público desse subúrbio, pelo governador Sérgio Loreto, exatamente no segundo aniversário de seu governo, quando inaugurou várias obras em que destacamos, o grupo escolar Frei Caneca, a grande exposição comercial e Industrial e Agropecuária de Pernambuco e o prédio do atual quartel do Comando geral da Polícia Militar de Pernambuco, que sediou o evento e que foi ocupado por aquela corporação no ano seguinte, em 15 de novembro de 1925.

Carlos Bezerra Cavalcanti

Recife - PE: Edifício da chefatura de Po- Lícia e de senado (década de 1910).

Fonte: http://www.ibamendes.com

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Reunião da Academia Recifense de Letras(ARL), em novembro, na UBE-PE.

Fotografia histórica - 23 de novembro de 2017.