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Revista de Políticas Públicas ISSN: 0104-8740 [email protected] Universidade Federal do Maranhão Brasil Menezes Gomes, José A CRISE CAPITALISTA E O ENDIVIDAMENTO EXTERNO E PÚBLICO DO MARANHÃO E O EMPOBRECIMENTO SOCIAL Revista de Políticas Públicas, octubre, 2012, pp. 141-145 Universidade Federal do Maranhão São Luís, Maranhão, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=321131651012 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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Revista de Políticas Públicas

ISSN: 0104-8740

[email protected]

Universidade Federal do Maranhão

Brasil

Menezes Gomes, José

A CRISE CAPITALISTA E O ENDIVIDAMENTO EXTERNO E PÚBLICO DO MARANHÃO E O

EMPOBRECIMENTO SOCIAL

Revista de Políticas Públicas, octubre, 2012, pp. 141-145

Universidade Federal do Maranhão

São Luís, Maranhão, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=321131651012

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A CRISE CAPITALISTA E O ENDIVIDAMENTO EXTERNO E PÚBLICO DO MARANHÃO E OEMPOBRECIMENTO SOCIAL

José Menezes GomesUniversidade Federal do Maranhão (UFMA)

A CRISE CAPITALISTA E O ENDIVIDAMENTO EXTERNO E PÚBLICO DO MARANHÃO E OEMPOBRECIMENTO SOCIALResumo: O presente texto visa analisar o processo de endividamento externo do Maranhão, desde 1972, suaconversão em dívida pública, fazendo uma conexão entre a crise de superprodução do inicio dos anos 70 e aexpansão de um Sistema Monetário Internacional privado, chamado de Euromercado de moedas, que tevenos regimes militares na América Latina um campo fértil de sua atuação.Palavras-chave: Crise capitalista, endividamento externo, empobrecimento social.

CAPITALlST CRISIS AND MARANHÃO'S EXTERNAL AND PUBLlC INDEBTEDNESS AND SOCIALIMPOVERISHMENTAbstracts: This paper intends to analyze the external debt of Maranhão, since 1972, its conversion into publicdebt, making a connection between the crisis of overproduction in the early '70s and the expansion of a privateinternational monetary system, called Euromarket of currencies, which had in the military regimes in LatinAmerica a fertile field for their actions.Key words: Capitalist crisis, external indebtedness, social impoverishmenl.

Recebido em: 10.11.2011. Aprovado em: 16.06.2011.

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José Menezes Gomes

1 INTRODUÇÃO

O presente texto visa analisar o processo deendividamento externo do Maranhão, desde1972, sua conversão em dívida pública, fazendouma conexão entre a crise de superprodução doinicio dos anos 70 e a expansão de um SistemaMonetário Internacional privado, chamado deEuromercado de moedas, que teve nos regimesmilitares na América Latina um campo fértil desua atuação.

Sendo assim, veremos a relação entre o GolpeMilitar e a penetraçao do capital estrangeiro naeconomia brasiliera, vindos da aliança entre aburguesia brasileira e a oligarquia financeirainternacional e as oligarquias regionais,especialmente no Maranhão. O inicio desteprocesso se deu ainda dentro do chamadomilagre brasileiro (1968 - 1973), fase de intensarepressão politica, onde as oligarquias regionaisbuscavan afirmação como peça fundamentalpara dar as condições para a penetração docapital estrangeiro e nacional sobre novasfronteiras. Este processo de endividamento nomaranhão serve para financiar obras para facilitara implmentação dos grandes projetos noMaranhão, juntamente com a doação das terraspúblicas aos grandes grupos capitalistas, e porsua vez a concentração fundiária e deslocamentodessa população para os centros urbanos.

2 O MARANHÃO COMO RECEPTOR DECAPITAL INATIVO DO EUROMERCADO

O primeiro empréstimo externo contraído peloEstado do Maranhão, segundo consta nasResoluções do Senado Federal, queautorizavam empréstimos externos, ocorreu em1972, no governo Pedro Neiva de Santana, novalor de US$ 54.464.832,54 milhões, com afinalidade de complementação do programarodoviário. Esse primeiro empréstimo ocorre umano após o fim do Acordo de Bretton Woods e aexplicitação da crise do dólar e a respectivaexpansão do Euromercado de moedas. Em1979, no governo João Castelo RibeiroGonçalves, tivemos o segundo empréstimo novalor de US$125.434.159,78 (sem informaçãosobre o emprestador, sem a taxa de juros e semprazo de amortização) destinados, segundoessa fonte, a projetos prioritários do Estado. Em1980, tivemos o terceiro empréstimo no valorde US$ 82.887.014,56 destinados à produçãoagropecuária. Nesse mesmo ano ocorreu oquarto empréstimo de mais US$ 55.258.009,71para a mesma destinação. Com isso, nesse

ano tivemos um total de US$ 138.145.000,00.Em 1981, ocorreu o quinto empréstimo no valorde US$ 75.136.303,71, destinados à finalidaderodoviária. Em 1983 ocorreu o sexto empréstimode US$ 34.286.596,39 para programa deinvestimentos (na planilha não há descrição dotipo de investimento). Em 1984, temos o sétimoempréstimo que atinge os US$ 109.558.710,30,para o Plano de metas. Nesse mesmo anoaprova-se o oitavo empréstimo no valor de US$241.029.162,66, para o Programa deinvestimentos (não há descrição dosinvestimentos). Em 1985, surge o nonoempréstimo no valor de US$ 116.370.492,57,para Programa rodoviário do Estado (segundadestinação para esse item).

3 O CARÁTER FINANCEIRO DOS EMPRÉS­TIMOS EXTERNOS

Em 1986, no governo Luiz Alves CoelhoRocha, 14 anos após o início do processo deendividamento externo do Maranhão e de já teracumulado US$ 894.422.000.00 ou quase meiobilhão de dólares de dívida externa, temos umamudança de finalidade dos empréstimos. Nesseano temos o décimo empréstimo de US$97.629.206,20, seguido do décimo primeiroempréstimo de US$ 84.750.459,00, totalizandoUS$ 182.379.000,00 no mesmo ano. Agora, osempréstimos destinam-se ao refinanciamentodessa dívida externa. Em apenas 7 anos a dívidateve nova expansão, em grande parte fruto dabrutal elevação da taxa de juros implementadapelos EUA, visando retomar a competitividadedos títulos da dívida pública daquele país, quandochegou a 21 % a.a. Como esses empréstimosforam contraídos com taxa de juros flutuantespraticadas no Euromercado de moedas, aelevação da taxa básica nos EUAelevou tambéma taxa L1BOR, em Londres. Em outras palavras,o estado do maranhão sofreu, também, grandeimpacto da politica de combate a inflação eestabilização do dólar nos EUA e sua politica dejuros altos e de endividamento interno. A grandepotencia imperialista ao buscar estabilizar suaeconomia provocou sequelas graves no Estadomais subdesenvolvido da federação.

4 O INíCIO DOS EMPRÉSTIMOS MULTILA­TERAIS

A partir de 1994 temos uma mudança nafonte de financiamento. Se antes tínhamosemprestadores privados mediante garantias do

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banco central, agora passamos a terempréstimos vindos do Banco Mundial - BIRDou de entidade multilateral. É bom lembrar quenas tomadas de empréstimos do Maranhãocom os agentes privados, não estavamdefinidas as taxas de juros, os prazos deamortização e os nomes dos agentesemprestadores. O empréstimo de 1994 foi odécimo segundo, no valor de US$121.358.819,16, com juros 0,5% acima docusto, com prazo de 10 anos para amortizaçãodestinados a Projetos de reabilitação econservação de rodovias. Em 1998, oMaranhão tomou o décimo terceiro empréstimono valor de US$ 111.736.441,72, novamentedo BIRD, com taxa de 0,5% acima do custo,com prazo de amortização de 15 anos,destinado ao combate combate a pobreza rural.

No final do anos 90 encerrase o processo deenvidamento via cada unidade federativa,passando à União a exclusividade nessa formade captação. De 1972 a 1988 o Maranhão tomouemprestado US$ 1.381.786.153,53 (todos osvalores foram atualizados pela inflação dosEUA). Durante a maior parte desse processoos empréstimos foram feitos com taxas de jurosflutuantes, tendo em vista que a fonte destesempréstimos era o Euromercado de moedas.Tal fato, teve grande impacto sobre as contaspublicas do Estado, acelerando o caráterfinanceiro da divida. A partir de 1986 o volumede recursos vindos para o refinanciamentodessa divida chegou a US$ 182.379.000,00.

Além da falta de transparência na tomada deempréstimos e na alocação desses recursos,constatamos que as destinações descritasrevelam que esses empréstimos foram feitos paradar sustentação aos grandes projetos, deixandode lado os investimentos sociais. Curiosamente,o último grande empréstimo feito pelo Estado temcomo destinação o combate à pobreza rural. Issoindica que as politicas aqui implementadasimpulsionaram o empobrecimento da populaçãorural e urbana, assegurando o enriquecimentoprivado nesse Estado, enquanto explodiu oendividamento público.

O endividamento externo do Maranhão temrelação direta com o retorno da crise capitalistalogo após o fim dos trinta gloriosos e crise fiscale financeira do Estado capitalista, com a crisedo padrão ouro e a expansão de um sistemamonetário internacional privado sediado emLondres que expressava a expansão de umapletora mundial de capitais. (GOMES, 2005).Tratava-se de um gigantesco volume de capital

inativo a procura de tomadores governamentaisou com garantias governamentais. A formaçãodessa pletora se devia à crescente fuga decapital da atividade produtiva motivada pelaqueda da taxa média de lucro, especialmentevinda dos EUA.

O processo de expansão do Euromercadode moedas pela América Latina foi bastantefavorecido pela existência de governos militarespor quase todo o continente, que buscavamse legitimar ao tentar imprimir um perfildesenvolvimentista.

Esse processo de endividamento externo,depois convertido em divida pública federal apartir de 1997, colocou o Estado do Maranhãona rota da mundialização das finanças, tendoos banqueiros e fundos de Pensão, nacionais einternacionais, como os grandes beneficiáriosda transferência de recursos vindos da produçãodiretamente para a esfera financeira.

Outra consequencia desse processo foi aamplificação da crise fiscal e financeira doEstado do maranhão com o comprometimentode crescente parcela da receita, que acabou pordificultar até mesmo a capacidade definanciamento desse Estado.

O endividamento externo dos estados emunicipios vai estreitar os laços politicos entreas oligarquias regionais, apoiadoras do regimemilitar com a oligarquia financeira internacional,sediada em Londres. Ao mesmo tempo em queprepara as bases para os grandes projetos,especialmente para os grandes gruposestrangeiros, também foi impulsionada umaverdadeira entrega de terras públicas paragrandes grupos nacionais e estrangeiros a partirde incentivos fiscais, o que acabou por expulsarum volume crescente de trabalhadores rurais.Vale destacar que nesse momento não tratamosdo processo de endividamento público internofeito pelo Estado do Maranhão, especialmentevia o Banco do Estado do Maranhão - BEM.

Torna-se fundamental importância a luta poruma auditoria da divida externa do Maranhão,tendo em vista que nessa primeira análise dorelatório do senado federal, referente à dividaexterna do Maranhão, não sabemos quais astaxas contratadas, os prazos de amortizaçãoe, especialmente, quais os emprestadores, equais suas reais destinações. É fundamentalconhecermos a natureza desse endividamentoexterno porque poderá explicar parte doendividamento público atual e suas ligaçõescom os problemas sociais nesse Estado.

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José Menezes Gomes

Fonte: Revista Universo Contábil, FURB, Blumenau, v. 6, n. 2, p.82-100, abr./jun., 2010.

Gráfico 1 - Taxa de endividamento de longo prazo 2000 a 2007

!/

/j

I--+- Taxa de endividamento de

longo prazo

, , ,876

5 CONCLUSÃO

De acordo com estudo elaborado peloobservatório de políticas públicas e lutas sociaisda U FMA, as verbas relacionadas comeducação e cultura, no periodo de 1988 a 2009,estiveram próximas dos 25% somente em 1990,com 22%, em 1992 com 21,43%, em 1993 com24,89%, em 1994 com 26,13%, 1995 com23,93%, em 199622,67%, em 2001 com24,22%, em 2002 com 25,11 %. Depois de terchegado a 28,46%, em 2003, teve queda bruscaem 2004 para 16,80% permanecendo em tornode 15% até 2008. Em vários momentos o volumede recursos se elevou apenas no ano queantecedia a eleição. Em outras palavras, aexecução orçamentária revela que os 25%obrigatórios para a educação não foramaplicados na maior parte do periodo estudado.Nesse mesmo periodo foi registrado um declíniobrutal dos gastos com saúde e saneamento de2,88% em 1997, para 1,05% em 2000. Houveum crescimento depois de 2001 , quando chegoua 8,09%. Em 2002 atingiu 12,81 %. Já em 2003baixou para 10,70%. Depois de uma nova quedaem 2004, com 6,44%, voltou a crescer a 10,96%em 2006, mantendo-se próximo em 2007 com10% e 13,79% em 2008. Destaca-se que em1998 esse item correspondia a 10,20% da

representavam 62% do PIB em agosto de 2002,motivadas em parte pela valorização de 20,54%do dólar.

54320,00%

Para Gomes (2005) o impacto da politica dosjuros altos implementada pelo EUA sobre aeconomia brasileira, pode ser percebido pelolevantamento do grupo Auditoria Cidadã dadivida1, que descreve como a divida efetivamenteevoluiu e faz simulação sobre sua trajetória casoa taxa de juros tivesse se mantido em 6%, quevigorava antes. Nessa simulação, o que foienviado para os credores desde então seriacapaz de pagar toda a divida em 1989, mesmocomputando os empréstimos recebidos após1978, o que levaria o pais à condição de credor.Segundo este levantamento, de 1978 a 2002 ospagamentos de juros e amortizações da dividaexterna atingiram US$ 684 bilhões (soma maiorque o valor de US$ 527 bilhões recebido emempréstimos). Tal fato não impediu que a dividasaltasse de US$ 52,8 bilhões, em 1978, para US$229 bilhões, em 2002. Com isso, o pais pagouUS$ 157 bilhões a mais do que recebeu,significando transferência líquida de recursospara o exterior, e ainda assim a divida semultiplicou por quase cinco.

Segundo Mandei (1990, p.284), o fato de adivida ser lavrada em dólares permitiu que todosos tomadores de empréstimos ficassem sujeitosà política monetária dos Estados Unidos. Por essemotivo, a política de Reagan implicou a explosãodas dividas dos paises subdesenvolvidos e oaumento das transferências de recursos para ospaises centrais. De acordo com dados do BancoCentral, as dividas da União, dos estados, dosmunicípios e das empresas estatais, somadas,

150,00%

100.00%

200,00%

250,00%

50,00%

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receita total, chegando a 13,24% em 1989. Emoutras palavras, o ajuste fiscal proposto é feitopela redução destas despesas. Tal fato estádiretamente ligado à piora do índiceDesenvolvimento Humano IDH.

Ao mesmo tempo em que foram constata­dos crescentes cortes nas despesas de saúdee educação, verificamos um crescente compro­metimento da Receita Corrente Liquida em tor­no de 12%, de acordo com os parãmetros defederalização da divida pública estadual, ocor­rido em 1997. Para o ano de 2010 estava pre­visto no orçamento do Estado o desembolso deR$ 548 milhões para o serviço da divida públi­ca. A Lei de Responsabilidade Fiscal estabele­ce limites de gastos com pessoal para assegu­rar o pagamento do serviço da divida pública.Entretanto, mesmo com o pagamento destegiganteco volume de recursos para o serviçoda divida, tivemos um crescimento doendividamento de longo prazo de 2000 a 2007,conforme o gráfico 1. O aprofundamento da cri­se capitalista ao mesmo tempo em que se am­plia o repasse de dinheiro publico para ameni­zar a crise no setor financeiro deixa claro que asaida encontrada pela classe dominante paracontornar a crise, na fase anterior, a fez aindamais amplificada e se converteu numa nova fon­te do endividamento público, enquanto o esta­do capitalista se afasta ainda mais dos chama­dos gastos sociais.

O Estado do Maranhão, que de várias formaspossibilitou as condições para os chamadosgrandes projetos, acabou se exaurindo comomotor do desenvolvimento, tendo em vista quesua capacidade de financimanto foi reduzida,além de amplificada sua dependência dastransferências da União, em parte devido a LeiKandir, que desonera impostos dos produtosexportados.

Torna-se fundamental uma mobilizaçãocontinental pelo não pagamento da dividapública e pagamento da divida social.

REFERÊNCIAS

GOMES, José M. Acumulação de capital e planode estabilização: um estudo a partir da experiênciade âncora cambial na América Latina nos anos 90.2005.318 f. Tese (Doutorado em História Económica)Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

MANDEL, Ernest. A crise do capital: os fatos e suainterpretação marxista. São Paulo: Ensaio, 1990.

NOTA

Extraido do Boletim da Coordenação da n. 6 17de abril de 2003

José Menezes GomesEconomistaDoutorado em História Económica pela Universidadede São Paulo (USP)Professor Associado I da UniversidadeFederal do Maranhão (UFMA)E-mail: [email protected]@uol.com.br

Universidade Federal do Maranhão - UFMACidade Universitária, Av. dos portugueses, 1966,BacangaCEP: 65085-580

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