recursos - novo cpc

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Introdução Diante as grandes mudanças contempladas pelo Projeto do Novo Código de Processo Civil, abordaremos os aspectos recursais alterados, bem como a contagem e o modo de prazo dos recursos em geral, efeitos recursais e questões diretamente ligadas como a questão dos honorários sucumbenciais no recurso. Prazos Ao iniciarmos a análise das mudanças que o Projeto do Novo Código de Processo Civil nos trás, a questão dos prazos sofrerá uma enorme mudança, visto que os mesmos não correrão ininterruptamente, como trás o art. 178 do atual código, nos termos do caput: Art. 178. O prazo, estabelecido pela lei ou pelo juiz, é contínuo, não se interrompendo nos feriados. E sim computar-se-ão somente nos dias úteis, o que é considerado por grande parte dos advogados como uma vitória da advocacia, como trás o art. 219, ainda não alterado, do Novo Código, in verbis: Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os úteis. Ora, é notável o avanço que teremos com a nova contagem de prazos processuais! A título de exemplo, com o código vigente, o advogado que intimado na quinta-feira para interpor embargos de declaração, este com o prazo de 5 (cinco) dias, começa sua contagem na sexta-feira e o finda na terça-feira, ou seja, passando seu final de semana na composição de sua peça recursal! Quanto mais clientes e processos ativos tiver o advogado, maiores são as chances de este passar seus finais de semana trabalhando por conta da ininterruptividade dos prazos.

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Page 1: Recursos - Novo CPC

Introdução

Diante as grandes mudanças contempladas pelo Projeto do Novo Código de Processo Civil, abordaremos os aspectos recursais alterados, bem como a contagem e o modo de prazo dos recursos em geral, efeitos recursais e questões diretamente ligadas como a questão dos honorários sucumbenciais no recurso.

Prazos

Ao iniciarmos a análise das mudanças que o Projeto do Novo Código de Processo Civil nos trás, a questão dos prazos sofrerá uma enorme mudança, visto que os mesmos não correrão ininterruptamente, como trás o art. 178 do atual código, nos termos do caput:

Art. 178. O prazo, estabelecido pela lei ou pelo juiz, é contínuo, não se interrompendo nos feriados.

E sim computar-se-ão somente nos dias úteis, o que é considerado por grande parte dos advogados como uma vitória da advocacia, como trás o art. 219, ainda não alterado, do Novo Código, in verbis:

Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os úteis.

Ora, é notável o avanço que teremos com a nova contagem de prazos processuais! A título de exemplo, com o código vigente, o advogado que intimado na quinta-feira para interpor embargos de declaração, este com o prazo de 5 (cinco) dias, começa sua contagem na sexta-feira e o finda na terça-feira, ou seja, passando seu final de semana na composição de sua peça recursal! Quanto mais clientes e processos ativos tiver o advogado, maiores são as chances de este passar seus finais de semana trabalhando por conta da ininterruptividade dos prazos.

Dos Recursos

Com as inovações tragas com o Novo Código na parte recursal, temos as extinções dos institutos dos embargos infringentes e agravos retidos, bem como a restrição das hipóteses cabíveis dos agravos de instrumento.

Muitas críticas foram dadas a retirada dos embargos infringentes. O professor Dr. Pedro Henrique Pedrosa Nogueira é contra a proposta, visto que, em suas palavras, destaca que tais embargos tem pouco impacto no acúmulo de processos nos tribunais, exercendo, porém, um papel importante de compor a divergência do tribunal, pois dos

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julgamentos não unânimes das turmas ou câmaras resultará a apreciação da controvérsia por órgão de maior amplitude. Tal insatisfação é tamanha que corre na Câmara dos Deputados uma proposta em restaurar o instituto dos embargos infringentes.

A relatora da comissão de juristas encarregada de elaborar o Novo Código de Processo, Teresa Arruda Alvim Wambier, defende a extinção de tal instituto visando a simplificação da sistemática processual, pois a previsão deste trás alguns problemas, principalmente no que se refere ao cabimento. A relatora propõe o acolhimento de "uma técnica de julgamento muito simples: sempre que, no julgamento de apelação ou ação rescisória, houver voto divergente, o julgamento não se conclui, prosseguindo-se na sessão seguinte, com a convocação de um número de desembargadores que permita novo julgamento e, se o julgamento assim concluir, há reversão da decisão.” Ao que nos parece, uma posição mais interessante em ser adotada!

No que tange a figura do Agravo Retido, há controvérsias sobre seus benefícios. Para o advogado como Pedro Henrique P. Nogueira, o fim do agravo de forma retida não trará benefício algum. Na visão deste, a figura do Agravo Retido otimiza o procedimento, pois as questões, à medida que não vão sendo impugnadas, vão se tornando definitivas. A sistemática proposta pelo projeto apenas dilata a preclusão para o momento da apelação. Ou seja, na prática, o processo (procedimento) não será encurtado e a parte interessada em recorrer de questões muitas vezes já ultrapassadas disporá de largo período para fazer uso de sua impugnação recursal.

Entretanto, pessoas como a professora e advogada Teresa Arruda Alvim Wambier e pelo Secretário-Geral do Conselho Federal da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coelho, “a exclusão do agravo na modalidade retida facilitará a vida do advogado que não será mais obrigado a agravar a cada decisão do juiz, podendo fazê-lo por ocasião da interposição da apelação.” Questões que hoje são julgadas em preliminar do julgamento da apelação, aprovado o novo projeto, será julgado no mesmo momento da apelação, como parte integrante das razões, ou contrarrazões da apelação.

Efeitos Recursais

A respeito dos efeitos recursais, suspensivo e devolutivo, este primeiro, em nossa ordenação vigente, este é tido como regra geral e com o Novo Código de Processo Civil, em sua redação original, o fará exceção. O Novo Código nos fala que os recursos não impedirão a eficácia da sentença, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso (art. 1.008, § único).

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Entretanto, a Câmara dos Deputados, com o parecer final do PL 8.064/10 dado pelo Deputado Relator Paulo Teixeira, manteve os efeitos suspensivos da apelação. Tal decisão divide opiniões dos advogados.

Para o advogado, também membro da comissão especial de criação do anteprojeto, Benedito Cerezzo Pereira Filho, critica a manutenção do efeito suspensivo, nas palavras dele: “Continuou-se a privilegiar uma parte, no caso o réu, em detrimento do autor que demonstrou, desde o início do processo, ter razão. Em outras palavras, o juízo de primeiro grau continua sendo apenas uma ‘jurisdição de passagem’, e a sentença, um mero parecer aguardando a verdadeira ‘decisão’ que, em última análise, será do réu, de permitir ou não a realização do trânsito em julgado”.

Já a advogada Ana Carolina Remígio de Oliveira, especialista em Direito Cível, é favorável a manutenção do efeito suspensivo. “Na verdade, foi uma decisão sensata e benéfica, pois privilegia a segurança jurídica e a economia processual, porquanto não é incomum ocorrer a reforma das decisões de primeiro grau pelos tribunais”, diz.

Dos Recursos e os Honorários Sucumbenciais

Outra inovação traga ao anteprojeto do Novo Código de Processo Civil será a figura dos honorários de sucumbência, a cada recurso improvido, a parte que recorre e se vê perdedora na ação é condenada a pagar honorários adicionais, que serão fixados no teto das cinco faixas estabelecidas no artigo 85 do anteprojeto — de 10% a 20% para ações de até 200 salários mínimos; 8% a 10% nas de 200 a 2 mil salários mínimos; 5% a 8% nas de 2 mil a 20 mil salários mínimos; 3% a 5% nas de 20 mil a 100 mil salários mínimos; e 1% a 3% nas ações acima de 100 mil salários mínimos. O objetivo da regra é remunerar os advogados pelo trabalho adicional em 2º grau, no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal.