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Departamento de Química Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
Recurso Multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no
Ensino Básico
Cristiana Maria Veloso Morais
PORTO
Maio de 2007
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 2
Departamento de Química Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
Recurso Multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no
Ensino Básico
Tese orientada por:
Prof. Dr. João Carlos de Matos Paiva – Universidade do Porto Prof. Dr. Alexandre Lopes de Magalhães – Universidade do Porto
Dissertação submetida à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto para obtenção do grau de Mestre em Química para o Ensino
Cristiana Maria Veloso Morais
PORTO Maio de 2007
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 3
Índice
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................. 6
RESUMO ............................................................................................................................ 7
ABSTRACT ......................................................................................................................... 8
LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. 9
LISTA DE TABELAS ........................................................................................................... 12
LISTA DE GRÁFICOS.......................................................................................................... 13
INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 14
11 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 16
1.1 AS TIC NA EDUCAÇÃO ...................................................................................... 16 1.1.1 A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA .......................................................................................16 1.1.2 O USO DO COMPUTADOR NAS ESCOLAS .......................................................................17 1.1.3 CONDICIONANTES À UTILIZAÇÃO DAS TIC....................................................................18 1.1.4 A INSEGURANÇA DOS PROFESSORES DIANTE DOS COMPUTADORES ................................20 1.1.5 OS PROFESSORES, A INOVAÇÃO E A MUDANÇA.............................................................21
1.2 O MUNDO DOS ÁTOMOS E DAS MOLÉCULAS ........................................................ 23 1.2.1 OS ÁTOMOS..............................................................................................................23
1.2.1.1 Microscópio electrónico de efeito de Túnel.................................................................. 23 1.2.1.2 Constituição e dimensão dos átomos.......................................................................... 24 1.2.1.3 Evolução dos modelos atómicos................................................................................. 27
1.2.2 AS MOLÉCULAS ........................................................................................................34 1.2.2.1 Ligação Covalente ..................................................................................................... 34 1.2.2.2 Electronegatividade.................................................................................................... 39 1.2.2.3 Momento dipolar ........................................................................................................ 40 1.2.2.4 Forças intermoleculares ............................................................................................. 41 1.2.2.5 Polaridade das moléculas........................................................................................... 54
1.2.3 CONCEPÇÕES ALTERNATIVAS SOBRE ÁTOMOS E MOLÉCULAS........................................55 1.2.4 USO DE MODELOS MOLECULARES NO ENSINO DA QUÍMICA .............................................60
1.2.4.1 Modelos moleculares para invisuais............................................................................ 64 1.3 METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO...................................................................... 66
1.3.1 A INVESTIGAÇÃO-ACÇÃO ...........................................................................................66 1.3.2 O PAPEL DO INVESTIGADOR NA INVESTIGAÇÃO-ACÇÃO ................................................67 1.3.3 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO-ACÇÃO .........................68 1.3.4 FASES DA INVESTIGAÇÃO-ACÇÃO...............................................................................68
22 CONSTRUÇÃO E DESCRIÇÃO DO PROTÓTIPO............................................................... 70
2.1 PRIMEIRAS IDEIAS ............................................................................................. 70
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Mestrado em Química para o Ensino 4
2.2 PROTÓTIPO FINAL ............................................................................................. 73
33 ESTUDO DE CAMPO .................................................................................................. 82
3.1 METODOLOGIA UTILIZADA.................................................................................. 82 3.2 CARACTERIZAÇÃO GERAL DOS SUJEITOS DA INVESTIGAÇÃO ............................... 82 3.3 TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO E MATERIAIS UTILIZADOS........................................ 90
3.3.1 INQUÉRITO PARA CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA DE ALUNOS .......................................90 3.3.2 ROTEIRO DE EXPLORAÇÃO .........................................................................................90 3.3.3 ENTREVISTAS ...........................................................................................................91 3.3.4 GUIÕES DE OBSERVAÇÃO...........................................................................................91
3.3.4.1 Ambiente da aula de aplicação do Recurso digital....................................................... 91 3.3.4.2 Ambiente vivido durante as entrevistas....................................................................... 93
3.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................... 94 3.4.1 ANÁLISE DAS RESPOSTAS AOS ROTEIROS DE EXPLORAÇÃO ...........................................94 3.4.2 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS AOS ALUNOS ....................................................................95 3.4.3 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS AOS PROFESSORES ...........................................................99 3.4.4 ANÁLISE DO MAIL ENVIADO PELO ESPECIALISTA EM PROGRAMAÇÃO .............................104 3.4.5 ANÁLISE DOS PONTOS FORTES E FRACOS SEGUNDO OS VÁRIOS ENTREVISTADOS...........104
44 NOVA VERSÃO DO PROTÓTIPO (PROTÓTIPO 2)...........................................................107
4.1 PROTÓTIPO FINAL (NOVA VERSÃO)....................................................................107 4.2 NOVA AVALIAÇÃO DO RECURSO POR PARTE DOS ALUNOS ..................................110
55 NOTAS FINAIS..........................................................................................................111
5.1 CONCLUSÃO E REFLEXÃO.................................................................................111 5.1.1 SUGESTÕES PARA O FUTURO....................................................................................115
66 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................117
77 ANEXOS ..................................................................................................................128
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Mestrado em Química para o Ensino 5
Dedico este trabalho a três pessoas
que deram um sentido muito especial à minha vida!
Ao meu amor David,
e às minhas estrelinhas
Pedro e Inês
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Agradecimentos
“Nada se constrói sem que alguém tenha sonhado com isso, alguém tenha acreditado que isso
fosse possível e alguém tenha querido que isso acontecesse!...”
Charles Kettering
Um dos melhores momentos no processo de escrever uma tese é aquele em que o
autor tem a oportunidade de agradecer àqueles que o ajudaram, porque raramente um
investigador faz o seu trabalho sozinho!
Os meus mais sinceros agradecimentos:
Ao Professor João Paiva, meu orientador e também educador, que soube estimular,
aconselhar, criticar e orientar de forma segura este trabalho até à sua conclusão, visando
sempre o meu crescimento profissional e pessoal respeitando a minha liberdade e forma de
trabalhar.
Ao Professor Alexandre Lopes de Magalhães, co-orientador desta tese, pela sua
disponibilidade, ajuda prestada na leitura e revisão do texto do capítulo 1.2. e sugestões
apresentadas.
Ao Engenheiro Ilídio Martins pela disponibilidade sempre demonstrada, mesmo nas
alturas mais difíceis!
Aos meus colegas e amigos de mestrado que jamais esquecerei pelos momentos que
passamos juntos, numa fase difícil das nossas vidas, na luta por algo em que acreditamos e
que queremos continuar a acreditar!
À escola E.B. 2,3 de Viatodos por permitir a realização deste estudo e aos alunos do
9ºF, pela sua participação activa nesta investigação, sem os quais não seria possível!
Ao meu aluno Carlos, por me fazer recordar que no mundo existem pessoas especiais,
e que merecem, pelo menos, que dediquemos um pouco do nosso tempo a pensar nas
dificuldades com que se deparam diariamente só pelo simples facto de serem diferentes!
À minha sobrinha Catarina e à minha cunhada São pela sua disponibilidade e
paciência na leitura deste trabalho.
Aos meus pais que me ensinaram a lutar com dignidade, acreditaram no meu sonho e
sempre rezaram por mim, pelo meu sucesso profissional e pela minha felicidade.
Muito especialmente aos meus filhos, Pedro e Inês, pela sua imensa compreensão,
pelos seus sorrisos, pelas suas palavras, pelos seus abraços que foram sem dúvida aquilo
que me deu força para continuar dia após dia. E ao meu amor, David, pelo apoio, paciência e
ajuda infinita durante todo este trabalho (sem a qual nada disto seria possível). Sempre que
necessário soube aconselhar e soube criticar, como sempre e em tudo na vida. Pelas alegrias,
momentos felizes, desânimos, angústias e essencialmente pela compreensão.
Muito Obrigada!!!
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Mestrado em Química para o Ensino 7
Resumo
A cor, o movimento e a imagem têm cada vez mais o poder de atrair os jovens, ao
invés das palavras, conduzindo-os à aprendizagem de conceitos, por vezes, abstractos.
Nunca fez tanto sentido, a sabedoria popular que tão bem conhecemos, como nos dias
que correm: “Uma imagem vale mais do que mil palavras!” Se às imagens aliarmos
alguns movimentos, muita cor e possibilidade de compreender conceitos difíceis para os
alunos, poderemos estar diante de recursos multimédia para o ensino que levem ao
sucesso dos nossos aprendentes.
Criámos um recurso multimédia, denominado “Moleculito” dirigido a alunos do 9º
ano de escolaridade, no âmbito da disciplina de Ciências Físico-Químicas, para o estudo
dos átomos e das moléculas. O objectivo desta investigação, além da própria criação, é
verificar se este recurso servirá de motivação aos nossos alunos no processo
ensino/aprendizagem, conseguindo desta forma melhores resultados. Em termos gerais,
a revisão bibliográfica do presente trabalho de dissertação compreendeu uma pesquisa
acerca de tecnologias de informação e comunicação no ensino, das concepções
alternativas mais comuns no que diz respeito aos átomos e moléculas e de tipos de
modelos moleculares alternativos aos modelos comerciais, referindo ainda algumas
ideias para construção de modelos moleculares para invisuais. A investigação foi
essencialmente qualitativa, tendo-se realizado como metodologia uma Investigação-
Acção, em que a amostra de alunos foi sempre parte integrante de todo o processo. Da
análise dos resultados obtidos, e após a avaliação do recurso multimédia utilizado, foram
retiradas algumas conclusões e apresentadas sugestões de melhoria do recurso digital
criado. Algumas dessas sugestões foram já implementadas na nova versão do protótipo,
ficando outras como propósitos futuros, destinados à continuação do seu
aperfeiçoamento. Os resultados foram globalmente positivos e bastante animadores.
Palavras-chave: Recurso-Multimédia, Moleculito, TIC, Investigação-Acção, Átomos,
Moléculas, Modelos, Ensino Básico, Físico-Químicas.
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Abstract
Colour, movement and image have more and more power, unlike words, attracting
young people, leading them to the learning of concepts often abstract. It has never been
so suitable to say that a picture is worth a thousand words. And if we add to it, movement,
colour and the possibility of understanding difficult concepts for students, we may be
facing multimedia resources for teaching that will lead our learners to success.
We have created a multimedia resource, named “Moleculite” aimed at students of
9th grade, for the subject of Physics and Chemistry, to study the atoms and molecules.
The aim of this research, beyond its own creation, is to check if this resource will become
a source of motivation to our students in the teaching/learning process, thus managing to
get better results. In general terms, the bibliographic revision of the present dissertation,
has included a research on the information and communication technologies in teaching,
on the more common alternative conceptions, concerning the atoms and molecules and
on the types of alternative molecular models for blind people. The research was
essentially qualitative, having been performed as methodology an Research-Action,
where the students sample was always an integrated part of the whole process. We have
taken some conclusions and presented some suggestions to improve the digital resource
created after having analysed the obtained results and after an evaluation of the used
multimedia resource. Some of those suggestions have already been implemented in the
new version of the prototype, whereas the others were left for future objectives aimed at
its own improvement. The results were globally positive and quite motivating.
Key Words: Multimedia-Resource, Moleculite, ICT, Research-Action, Atoms, Molecules,
Models, Basic School, Physics-Chemistry.
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Lista de figuras
Figura 1-1 – Utilização de um quadro interactivo [EDUCARE, 2006]. ............................. 17
Figura 1-2 – Heinrich Roehrer e Gerd Binnig [IBM, 2006]. .............................................. 23
Figura 1-3 – Partículas constituintes do átomo [PAIVA, 2007]. ....................................... 24
Figura 1-4 – Estrutura interna do átomo [UFSC, 2006]. .................................................. 25
Figura 1-5 – Acelerador Linear de Stanford [DUBOIS, 1994]. ......................................... 26
Figura 1-6 – Gif divertido sobre os diferentes tipos de quarks [PDG, 2002]. ................... 27
Figura 1-7 – Modelo atómico de Dalton. ......................................................................... 28
Figura 1-8 – Modelo atómico de Thomson [ W.P. , 2006]................................................ 28
Figura 1-9 – Modelo atómico de Rutherford [W.P., 2006]................................................ 29
Figura 1-10 – Modelo atómico de Bohr [CNET NETWORKS, 2007]. .............................. 30
Figura 1-11 – Modelo da nuvem electrónica. .................................................................. 30
Figura 1-12 – Orbital s [NETENCYCLO, 2007]. .............................................................. 31
Figura 1-13 – Orbitais p [NETENCYCLO, 2007]. ............................................................ 32
Figura 1-14 – Orbitais d [NETENCYCLO, 2007]. ............................................................ 32
Figura 1-15 – Molécula de DNA [RES, 2000]. ................................................................. 34
Figura 1-16 – Gilbert Lewis [AIP, 2006]........................................................................... 35
Figura 1-17 – Ligação covalente simples na molécula de hidrogénio [REUSCH, 1999]. . 38
Figura 1-18 – Ligações covalentes duplas na molécula de dióxido de carbono [REUSCH,
1999]....................................................................................................................... 38 Figura 1-19 – Ligação covalente apolar [P-H, 2004]. ...................................................... 39
Figura 1-20 – Ligação covalente polar [P-H, 2004]. ........................................................ 39
Figura 1-21 - Escala de electronegatividade de Pauling [W.P., 2006]. ............................ 40
Figura 1-22 – Interacções dipolo permanente- dipolo permanente [P-H, 2004]............... 41
Figura 1-23 – Interacções dipolo instantâneo- dipolo induzido a) Molécula apolar -
molécula apolar b) Dipolo instantâneo – Dipolo induzido [P-H, 2004]...................... 42 Figura 1-24 – Ligações de hidrogénio [P-H, 2004]. ......................................................... 43
Figura 1-25 – Ligações por ponte de hidrogénio nas moléculas de água e de amoníaco
[P-H, 2004].............................................................................................................. 43 Figura 1-26 – Moléculas com diferentes geometrias moleculares [P-H, 2004]. ............... 44
Figura 1-27 – Comprimento de ligação. .......................................................................... 45
Figura 1-28 – Ângulo de ligação. .................................................................................... 46
Figura 1-29 – Energias de ligação em várias moléculas [P-H, 2004]............................... 47
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Mestrado em Química para o Ensino 10
Figura 1-30 – Molécula de metano [P-H, 2004]............................................................... 48
Figura 1-31 – Molécula de PCl5 [P-H, 2004]. ................................................................... 49
Figura 1-32 – Molécula de SF6[P-H, 2004]...................................................................... 49
Figura 1-33 – Molécula de SO2 [P-H, 2004]..................................................................... 51
Figura 1-34 – Molécula de amoníaco [P-H, 2004]. .......................................................... 51
Figura 1-35 – Molécula da água [P-H, 2004]................................................................... 52
Figura 1-36 – Posições equatorial e axial numa molécula com geometria bipiramidal
trigonal [P-H, 2004]. ................................................................................................ 52 Figura 1-37 – Geometrias alternativas para a molécula SF4. a) Posição equatorial b)
Posição axial [P-H, 2004]. ....................................................................................... 52 Figura 1-38 – Moléculas polares [P-H, 2004]. ................................................................. 54
Figura 1-39 – Moléculas apolares [P-H, 2004]. ............................................................... 55
Figura 1-40 – As crianças e as suas ideias..................................................................... 56
Figura 1-41 – Modelos moleculares comerciais. ............................................................. 60
Figura 1-42 – Tabela periódica com convenção de cores para os átomos dos diferentes
elementos [HARRISON, 2005-2007]. ...................................................................... 60 Figura 1-43 – Modelos moleculares construídos em plasticina, com diferentes tipos de
ligação (simples, dupla e tripla). .............................................................................. 62 Figura 1-44 – Ilustração da adaptação feita para mostrar a diferença entre ponte de
hidrogénio e ligação de hidrogénio, [Lima e Neto, 1999]. ........................................ 62 Figura 1-45 – Diferentes geometrias adoptadas pelas moléculas (linear, piramidal e
tetraédrica), devido à existência ou não de pares electrónicos não ligantes ligados ao
átomo central. ......................................................................................................... 63 Figura 1-46 – Estrutura do futeboleno (construída com palitos e bugalhos) elaborada
pelas alunas Natália e Silvana do 9ºF da Escola E.B. 2, 3 de Viatodos................... 63 Figura 1-47 – Leitura de um texto em Braille por um invisual [NLB, 2006]. ..................... 64
Figura 1-48 – Modelos Moleculares para invisuais.......................................................... 65
Figura 1-49 – Estrutura para invisuais, do cloreto de sódio, elaborada pelas alunas
Juliana e Joana do 9º F da Escola E.B. 2, 3 de Viatodos. ....................................... 65 Figura 1-50 – Kurt Lewin [EN, 2007]. .............................................................................. 66
Figura 1-51 – Esquema metodológico de uma Investigação-Acção. ............................... 69
Figura 2-1 – Série televisiva “Era uma vez a vida” [COUCOUCIRCUS, 2001]. ............... 70
Figura 2-2 – Esboço do menu principal do recurso multimédia. ...................................... 71
Figura 2-3 – Anteprojecto da animação do recurso multimédia....................................... 72
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Mestrado em Química para o Ensino 11
Figura 2-4 – Página inicial do Moleculito......................................................................... 73
Figura 2-5 – Menu principal do Moleculito....................................................................... 74
Figura 2-6 – Página inicial da animação do Moleculito.................................................... 74
Figura 2-7 – Átomos de hélio. ......................................................................................... 75
Figura 2-8 – Moleculivro.................................................................................................. 76
Figura 2-9 – Vídeos do Moleculito................................................................................... 77
Figura 2-10 – Vídeo da construção da molécula de água com plasticina e palhinhas. .... 77
Figura 2-11 – Galeria de imagens do Moleculito. ............................................................ 78
Figura 2-12 – Página de links do Moleculito.................................................................... 79
Figura 2-13 – Página de jogos e passatempos. .............................................................. 79
Figura 2-14 – Passatempos do Moleculito. ..................................................................... 80
Figura 2-15 – Jogo da descoberta dos pares e sudokulito. ............................................. 81
Figura 3-1 – Alunos do 9ºF da Escola E.B. 2, 3 de Viatodos........................................... 83
Figura 3-2 – Roteiro de exploração do Moleculito. .......................................................... 90
Figura 3-3 – Local preferido para utilização do recurso multimédia................................101
Figura 4-1 – Nova página inicial do Moleculito. ..............................................................107
Figura 4-2 – Página inicial da animação alterada...........................................................108
Figura 4-3 – Ocultação dos textos informativos mais extensos e criação de textos mais
resumidos. .............................................................................................................108 Figura 4-4 – Alterações para melhoramento do Moleculivro. .........................................109
Figura 4-5 – Pesquisa do site através de um motor de busca (Google). ........................109
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Mestrado em Química para o Ensino 12
Lista de tabelas
Tabela 1-1 – Tabela-resumo sobre o significado dos números quânticos. ...................... 33
Tabela 1-2 – Tabela-resumo das forças intermoleculares [DANTAS, 2005].................... 44
Tabela 1-3 – Comprimentos de ligação de algumas moléculas [Simões et al (2003)]. .... 46
Tabela 1-4 – Ângulo de ligação de algumas moléculas [Simões et al (2003)]. ................ 46
Tabela 1-5 - Energia de ligação (kJ/mol). [Reger, 1997] ................................................ 47
Tabela 1-6 – Geometria de moléculas em que o átomo central não tem pares isolados
[Chang (1994), Reger (1997)]. ................................................................................ 50 Tabela 1-7 – Geometria de moléculas em que o átomo central tem um ou mais pares
isolados [Chang (1994), Reger (1997)]. .................................................................. 53 Tabela 1-8 – Algumas concepções alternativas. ............................................................. 59
Tabela 1-9 – Vantagens/desvantagens de modelos comerciais e alternativos propostos
na literatura [Lima e Neto, 1999]. ............................................................................ 61 Tabela 3-1 – Características dos alunos sujeitos a entrevista......................................... 89
Tabela 3-2 – Características dos professores sujeitos a entrevista................................. 89
Tabela 3-3 – Tempo necessário na resolução do roteiro de exploração. ........................ 94
Tabela 3-4 – Equipamento informático dos alunos entrevistados.................................... 95
Tabela 3-5 – Preferências dos alunos entrevistados relativamente ao que costumam fazer
no computador. ....................................................................................................... 96 Tabela 3-6 – Motivos que levam os professores à não utilização das TIC. ..................... 97
Tabela 3-7 – Recursos do Moleculito preferidos dos alunos. .......................................... 98
Tabela 3-8 – Alterações e melhorias ao recurso digital................................................... 99
Tabela 3-9 – Utilização das TIC na sala de aula pelos professores. ............................... 99
Tabela 3-10 – Utilização da Internet no ensino de conteúdos de química......................100
Tabela 3-11 – Recursos utilizados no Ensino dos átomos e das moléculas...................101
Tabela 3-12 – Faixa etária dos alunos utilizadores do Moleculito...................................102
Tabela 3-13 – Alterações e melhorias ao recurso digital. ...............................................103
Tabela 3-14 – Aspectos positivos e negativos mencionados pelo especialista em
programação..........................................................................................................104 Tabela 3-15 - Pontos fortes e pontos fracos do recurso multimédia..............................106
Tabela 4-1 – Comentários dos alunos às alterações feitas no recurso multimédia.........110
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 13
Lista de gráficos
Gráfico 3-1 – Idades da amostra de alunos..................................................................... 83
Gráfico 3-2 – Freguesias a que pertencem os alunos da amostra. ................................. 84
Gráfico 3-3 – Profissão do pai dos alunos da amostra. ................................................... 84
Gráfico 3-4 – Profissão da mãe dos alunos da amostra.................................................. 85
Gráfico 3-5 – Habilitações dos pais dos alunos da amostra. ........................................... 85
Gráfico 3-6 – Habilitações das mães dos alunos da amostra.......................................... 86
Gráfico 3-7 – Retenções dos alunos da amostra no seu percurso escolar...................... 86
Gráfico 3-8 – Profissões desejadas pelos alunos da amostra. ........................................ 87
Gráficos 3-9 – Alunos da amostra que possuem computador e Internet em casa........... 87
Gráfico 3-10 – O que os alunos da mostra mais fazem no PC........................................ 88
Gráfico 3-11 – O que os alunos da amostra mais fazem na Internet............................... 88
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 14
Introdução
Estamos perante uma Sociedade em que os jovens já não são o que eram, já
poucas coisas os surpreende! Vivem numa “era digital”, possuindo em suas casas tudo
aquilo que desejam: desde o mais caro telemóvel, à última versão da PlayStation,
passando por inúmeras tecnologias, que fazem parte do dia-a-dia de muitas famílias de
hoje.
A escola e os professores têm a função de preparar os alunos para a vida,
tentando mostrar-lhes o mundo à sua volta e ajudando-os a resolver as questões que
tantas vezes surgem dos mais naturais acontecimentos. Mas, infelizmente, a escola nem
sempre consegue dar resposta aos nossos alunos. Muitos professores “teimam” em
utilizar os métodos da escola do século passado. E assim surge a ruptura. Como é
possível cativar alunos que conhecem um mundo virtual, um mundo cheio de inúmeras
opções, apenas através do quadro e do giz, recurso quase exclusivo na escola de
antigamente. A escola, com a ajuda dos professores, deve tentar aproximar-se dos
alunos, sem perder, é claro, a sua essência. É necessário criar novas formas de ensinar,
novos recursos que cativem os alunos e que ao mesmo tempo esclareçam as suas
dúvidas e as suas inquietações. A implementação das Tecnologias de Informação e
Comunicação nas escolas representa um dos maiores desafios de inovação pedagógica
e tecnológica, enfrentado pelos sistemas de educação em todo o mundo. Deste modo, e
dada a importância e o poder que as TIC têm nos dias de hoje, quisemos também
contribuir para o sucesso dos alunos criando um recurso multimédia que os cativasse, e
que ao mesmo tempo suprimisse muitas dificuldades resultantes de vários obstáculos à
aprendizagem.
É nosso objectivo verificar se o recurso multimédia por nós criado, denominado
“Moleculito”, é uma boa ferramenta para os professores do 3º ciclo abordarem os
conceitos relacionados com os átomos e as moléculas, e se contribui para os alunos
compreenderem melhor aquilo que para eles, por vezes, se torna bastante abstracto.
Esta dissertação1 é constituída por várias partes distintas. No capítulo um, é feita uma
revisão da literatura sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC) no
ensino (1.1). De seguida, é realizada uma abordagem científico-pedagógica sobre o
fantástico mundo dos átomos e das moléculas (1.2); a análise de algumas concepções
alternativas sobre o tema (1.2.3) e uma breve discussão sobre o uso de modelos 1 Acompanha este trabalho um CD-ROM, que contém a própria tese em formato digital e o recurso
multimédia “Moleculito” criado e desenvolvido para este estudo, estando o último integralmente
disponível, online, no site http://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/cristiana/moleculito.
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 15
moleculares no ensino da química, particularizando o uso destes modelos para alunos
invisuais (1.2.4.1). A revisão debruçou-se, ainda, sobre alguns aspectos metodológicos
na investigação em educação, nomeadamente acerca da metodologia utilizada: a
Investigação-Acção (1.3).
Após o trabalho de pesquisa, seguiu-se um capítulo dedicado à construção e à
descrição pormenorizada do protótipo criado (capitulo dois), onde se expõem as
primeiras ideias antes do nascimento do recurso digital até chegar ao protótipo final a ser
avaliado neste estudo.
No capítulo três é descrita a metodologia utilizada e formulada a respectiva
hipótese de trabalho: “O recurso digital “Moleculito” será uma mais valia na aprendizagem dos átomos e das moléculas?” Neste mesmo capítulo é realizada a
caracterização geral dos sujeitos da investigação e referidas as várias técnicas e os
materiais utilizados nessa mesma investigação. A análise e a discussão dos resultados
obtidos são também apresentados neste capítulo, onde se incluem as impressões globais
dos entrevistados e as suas sugestões.
No capítulo quatro denominado “Protótipo final”, estão englobados as
reformulações implementadas e a apresentação do protótipo melhorado (protótipo dois).
É ainda feita uma nova avaliação do protótipo 2 por parte dos alunos, salientando alguns
aspectos positivos e negativos e referindo alguns aspectos a melhorar.
No último capítulo, “Notas finais”, é feito um momento de reflexão sobre o estudo
efectuado e são apresentadas sugestões de reformulação do recurso digital, a
desenvolver no futuro.
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 16
11 Revisão bibliográfica
A revisão dos conceitos científicos associados a este trabalho será
necessariamente pouco aprofundada, já que nos importa mais o impacto ao nível do
ensino básico. No entanto, mesmo para o nível de ensino básico, ao professor importa ter
uma visão «mais além» dos conceitos, já que as dificuldades dos alunos (e dos
professores!) no ensino básico, se relacionam ou comprometem aprendizagens de nível
superior, em anos de escolaridade seguintes.
1.1 As TIC na Educação
“ A Tecnologia ensinou uma coisa à Humanidade: Nada é impossível!”
Lewis Mumford
1.1.1 A evolução tecnológica
As novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) assumem um papel
activo na sociedade, fazendo cada vez mais parte integrante das nossas vidas. Têm o
poder de modificar, ao mesmo tempo, as nossas condições de trabalho e a nossa vida
quotidiana. Vivemos numa sociedade que é altamente tecnológica, onde predomina a
imagem e que funciona a um ritmo alucinante com uma quantidade imensa de
informação (Paiva, 2005). Para a maioria das crianças é já difícil imaginar um mundo
longe das novas tecnologias. Estas vieram para ficar, e não vale a pena lutar contra elas,
mas sim, aprender a usufruir ao máximo das suas capacidades.
A revolução tecnológica da informação, citada por Castells (1999) disseminou-se
rapidamente em vinte anos, começando a tomar forma a partir da década de 70,
atingindo o seu grande desenvolvimento na década de 90 com o progresso das redes de
computadores. O grande salto da tecnologia da informação (Castells, 1999) ocorreu
durante o período da segunda Guerra Mundial e no período imediatamente seguinte, com
as descobertas em electrónica do primeiro computador electrónico e do transístor,
embora sem esquecer as tecnologias do telefone (1876), da rádio (1898) e da válvula
(1906). Porém, foi na década de 70 que as novas tecnologias da informação se
difundiram amplamente, ocorrendo em 1971 a invenção do microprocessador chip por
Ted Hoff, engenheiro da Intel; em 1975, por Ed Roberts, a construção do “Altair”, base do
Aplle I e posteriormente em 1976 do Aplle II, idealizado por Steve Wozniak e Steve Jobs.
O primeiro computador pessoal surgiu em 1979 e outros logo se seguiram. Devido ao seu
grande sucesso, em 1981 a IBM introduziu no mercado o seu computador pessoal o IBM-
PC (Personal Computer), que imediatamente se tornou popular. Esta nova máquina
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 17
causou um impacto tão grande que, em 1982, foi considerada “máquina do ano” pela
revista Time. Em 1984 surge o Macintosh da Aplle, sendo o primeiro passo rumo aos
computadores de fácil utilização, com tecnologia baseada em ícones e interfaces com o
usuário. Segundo Fiolhais (2003), “…a história da utilização de computadores na
educação costuma ser dividida em dois períodos: antes e depois do aparecimento dos
computadores pessoais. Os computadores pessoais representaram um marco
significativo na democratização do uso dos computadores.” Em 1987 é aberta ao público
a “…rede das redes…” (Paiva, 1997), primeiramente nos EUA e nalguns países europeus,
mas depois e muito rapidamente no mundo inteiro, tendo um crescimento exponencial.
Foi assim criada a World Wide Web, que só nos anos 90 se popularizou, tendo um
grande impacto no ensino e em todos os sectores em geral, como Fiolhais (2003)
sublinhou “…A Internet tornou-se a maior e mais activa de todas as bibliotecas do mundo,
tendo as paredes das salas de aulas sido “derrubadas” através da ligação directa às
fontes de informação.”
1.1.2 O uso do computador nas escolas
A integração das TIC no quotidiano da sala de aula é já uma realidade em
diferentes latitudes. Em países como a Inglaterra, a Finlândia, a França, a Nova Zelândia
e os Estados Unidos, desde há vários anos que é prática corrente a utilização de
equipamentos como os quadros interactivos e de conteúdos educativos em formato
digital, considerando-se que essa estratégia tem contribuído para os índices elevados de
sucesso das aprendizagens registados nas respectivas escolas (Educare, 2006).
Figura 1-1 – Utilização de um quadro interactivo [EDUCARE, 2006].
É hoje consensual a importância atribuída ao acesso e à utilização das novas
tecnologias de informação. De facto, a utilização dos meios informáticos constitui uma
das mais evidentes marcas das sociedades actuais. Tem-se assistido nos últimos anos a
um aumento da utilização dos computadores nas escolas, numa resposta destas à
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 18
explosão das tecnologias de informação na sociedade e à inevitável apropriação que
crianças e jovens delas fazem. A par do papel lúdico e exploratório, as novas tecnologias
assumem uma função educativa e formativa proporcionando aos alunos, professores e
escola novas e variadas formas de ensino/aprendizagem que apostam na utilização de
metodologias participativas e activas. Citando Paiva (2004) “…não só no ensino, mas na
vida de todos nós, o computador – e em particular o computador ligado na “teia mundial”
que é a Internet - é uma realidade incontornável”.
As tecnologias da educação e da informação baseadas nas TIC possuem um
grande potencial de inovação em matéria de métodos de ensino e aprendizagem, mas a
utilização das TIC só por si não pode garantir a qualidade dessa aprendizagem. Há
mesmo quem seja da opinião que “…os problemas que as escolas não podem resolver
sem computadores, também não os poderão resolver com eles…” (Postman, 2000).
Segundo Fiolhais e Trindade (2003), “…o computador não conseguiu, no âmbito das
suas múltiplas aplicações, resolver a generalidade dos problemas educativos abrindo de
par em par as portas de extraordinários mundos pedagógicos. Com efeito, apesar das
suas reconhecidas potencialidades, o computador não se tornou a chave mágica da
mudança educativa.” Na opinião de Pretto (2000), “…a incorporação dos computadores
na educação não pode ser mera repetição das aulas tradicionais, estando as mesmas, no
entanto, ainda centradas na superada e tradicional concepção das tecnologias
educacionais associadas à prática de instruções programadas tão conhecidas dos
educadores de algumas décadas atrás.” Citando Rodrigues (2005), “Ao introduzir as TIC
sem criar condições para a renovação da Escola, corremos o risco de ter salas de aula
com toda a tecnologia do século XXI e alunos sentados, passivos a aprender como
faziam no século XIX ou, dito de outra forma, poderemos ter as “novas” tecnologias ao
serviço das “velhas” pedagogias.”
1.1.3 Condicionantes à utilização das TIC
Segundo um estudo feito por Brilha et al (1999), a percentagem de professores
utilizadores das TIC no desenvolvimento da sua actividade profissional é ainda baixa.
Este facto pode justificar-se pela conjugação de alguns factores, de onde se destacam:
1. Em algumas licenciaturas em Ensino, os futuros professores não recebem
qualquer formação informática de base. Esta deficiência contribui,
decisivamente, para o desinteresse na utilização das TIC (e de meios
informáticos em geral) no ensino/aprendizagem.
2. Os professores já em actividade possuem poucas hipóteses de actualização
nestas temáticas, sendo pontuais as acções de formação neste domínio. A
acrescentar a este facto, existe uma natural desconfiança da utilização de
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 19
tecnologia por pessoas mais idosas. Para esta geração de professores, as
TIC suscitam um sentimento misto: ao mesmo tempo que são objecto de
alguma estupefacção pelas suas potencialidades, são também foco de
desconfiança e desconforto, inibindo qualquer tentativa de aproximação.
3. As condições nas escolas são, na maioria dos casos, desencorajadoras da
utilização maciça das TIC. São poucas as salas de aula preparadas para o
efeito, mantendo-se, em muitas delas, apenas um computador ligado à
Internet, destinado ao conjunto dos alunos e professores.
4. Os professores que decidam aprender alguma coisa sobre as TIC deparam-
se com algumas dificuldades que, em abono da verdade, complicam ainda
mais este cenário: há que compreender o que são as TIC, como funciona um
computador, o que é a WWW, o correio electrónico, a FTP, o HTML, como
digitalizar imagens e prepará-las para publicação em páginas web, como
ligar um modem, entre outras dificuldades. Este panorama afasta aqueles
que gostariam de as saber usar no ensino mas que não possuem suficiente
força de vontade para ultrapassar as dificuldades iniciais.
5. A escassez de conteúdos científico-pedagógicos em língua portuguesa é
motivo de rejeição por grande parte dos alunos, em particular os de escalões
etários mais baixos.
Existe já bastante investigação que permite identificar as razões pelas quais os
professores resistem à utilização dos computadores na sala de aula. Hannafin e Savenye
(1993) referem os seguintes: Cuban (1989), Reiser e Dick (1990), Sandholtz, Ringstaff e
Dwyer (1990), Wiske et al. (1990), McMahon (1990), Kay (1990), Summers (1990),
Beaver (1990). Os resultados destes estudos apontam para razões que vão desde a
pouca qualidade do software educacional existente, à frustação devida à constatação dos
escassos retornos educacionais em relação ao enorme esforço inicial para dominar a
tecnologia, às atitudes pré-concebidas de que a qualidade da aprendizagem não melhora,
ao receio de competir com a máquina, à falta de apoio dos Conselhos Executivos, ao
receio de substituição ou despedimento e até ao medo patológico pelos computadores.
Tobin e Dawson (1992) colocam a hipótese da resistência à utilização da tecnologia não
ser uma verdadeira resistência à tecnologia, mas sim um certo mal-estar gerado nos
professores quando estes tomam consciência que a sua utilização implica que as
actividades de ensino-aprendizagem passem a estar mais centradas nos alunos. O
conhecimento absoluto, tal como era entendido no passado, isto é, encarado como
propriedade e poder total e absoluto do professor deixou de existir. De acordo com
Assmann (2000), esta resistência tem muito a ver com a insegurança derivada do falso
receio de ser superado no plano cognitivo, pelos recursos instrumentais da informática.
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 20
Segundo Fiolhais e Trindade (2003), por vezes o computador é visto, tanto por discentes
como por docentes, mais como uma máquina de entretenimento do que como uma
ferramenta de trabalho.
Por todas estas razões de ordem estrutural, o número de professores utilizadores
das TIC é ainda muito reduzido.
1.1.4 A insegurança dos professores diante dos computadores
Ao professor, elemento fundamental do sistema educativo, solicita-se que dê
resposta aos novos desafios tecnológico-didácticos sem, contudo, estar dotado de
conhecimentos apropriados para tal. Apesar da crescente valorização da utilização das
tecnologias da informação e da comunicação na escola, assiste-se, ainda, a algumas
carências de formação nesta área. Para que os objectivos do professor sejam atingidos,
o educador deverá conhecer as tecnologias e saber empregá-las de forma adequada às
necessidades do perfil de alunos. Estes factores geram insegurança no professor, pois a
grande maioria foi alfabetizada culturalmente através de textos e com a utilização de
novos recursos de comunicação e informática, o professor terá que realizar uma “Ruptura
com as suas raízes” (Yanes e Area, 1998), aprendendo a interagir com esses recursos.
Deve evitar-se que ocorra tanto uma tecnofobia, como uma “fascinação irreflexiva destas
formas de magia cultural” (Yanes e Area, 1998). Os novos recursos de comunicação e
informação devem ser um meio de aprendizagem activa e participativa, sendo necessário
portanto que o professor receba alfabetização tecnológica.
De acordo com Machado e Freitas (1999), vivemos um período em que as
mudanças ligadas às tecnologias ocorrem a tal velocidade e de uma forma tão dramática
que qualquer pessoa adulta tem dificuldade de se adaptar no seu próprio dia-a-dia.
Qualquer professor é, simultaneamente, um indivíduo que precisa de tempo para se
adaptar aos impactos das inovações tecnológicas ao mesmo tempo que a sociedade lhe
exige que seja um agente difusor dessas mesmas inovações, o que resulta sobremaneira
complicado.
Segundo Machado (2006), a batalha que os professores travam, enquanto
geração que vive a transição entre a era pré-computadores e o período em que essas
máquinas são parte do quotidiano, precisa ser vencida por todos e por cada um de nós
individualmente, no nosso dia-a-dia, mesmo que isso mereça algum esforço, tempo e
aparentes derrotas. No final desse esforço temos que ter dominado as nossas incertezas,
inseguranças e medos e definir o nosso domínio sobre os computadores. “As novas
tecnologias não substituirão o professor, nem diminuirão o esforço disciplinado pelo
estudo, mas ajudarão a intensificar o pensamento complexo, interactivo, transversal…”
(Assmann, 2000). Citando Paiva (2005), “…convém não lutarmos contra o computador,
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 21
mas aliarmo-nos a ele, desenvolvendo estratégias pedagógicas criativas e bem
desenhadas.” Segundo Faramarz Amiri, citado por Paiva (1997), “o computador não
substitui o professor, mas um professor que use o computador pode substituir outro que
não o use…” Só quando os professores tiverem a sensação de dominar as novas
tecnologias como instrumento pedagógico é que poderão tornar-se um instrumento de
mudança. Por mais nobres, sofisticadas e iluminadas que possam ser as propostas de
mudança e de aperfeiçoamento, elas não terão quaisquer efeitos se os professores não
as adoptarem na sua própria sala de aula e não as traduzirem em práticas de ensino
eficazes (Fullan, 2001).
1.1.5 Os professores, a inovação e a mudança
As novas tecnologias não substituirão os professores, os manuais e a sala de aula,
completá-los-ão criando novas combinações de possibilidades e permitindo situar o
aprendente no centro do processo. Os professores nos diferentes papéis que
desempenham na Escola, são o elemento incontornável para potenciar os benefícios da
tecnologia na inovação dos contextos de ensino e aprendizagem. Segundo Assmann
(2000), “…a função do professor competente não só não está ameaçada, mas aumenta
em importância (...) o seu novo papel já não será o de transmissão de saberes
supostamente prontos, mas o de mentores e instigadores activos de uma nova dinâmica
de pesquisa-aprendizagem”. Citando Fiolhais e Trindade (2003),“…o papel do professor
deixará de ser tão central (apenas um orador e muitos ouvintes) para passar a ser mais
periférico (muitos oradores e muitos ouvintes). No entanto, o papel do professor não será
menos relevante do que antes. Em particular, deve ser notado o acréscimo do raio de
acção do professor que a Internet permite”.
A aula não termina na escola, nem tem somente a duração de quarenta e cinco
minutos. Com as TIC, o espaço de intervenção do Professor saiu da sala de aula e
transferiu-se para todos os espaços. O tempo estendeu-se para além dos toques da
campainha e tornou-se permanente. Quantas vezes os professores tiram algum tempo à
família e ao descanso para estar “on-line” a ajudar os seus alunos, sem ser necessário
pagar-lhes mais por isso. A aula continua, quando o professor está disponível para
receber e responder a mensagens dos alunos, quando cria um fórum de discussão,
quando alimenta continuamente os seus alunos com textos, com páginas da Internet, e
esclarece as suas dúvidas nos vários chat´s que existem, fora do horário específico da
sua aula. Segundo Machado (2006), “…os computadores podem até mesmo se tornar
grandes e importantes aliados na nossa relação com os estudantes…” Na opinião de
Figueiredo (1995), “…a escola nunca foi tão necessária…” e “…os professores jamais
serão prescindíveis com os seus talentos, a sua competência e o seu entusiasmo” (Paiva,
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 22
1997). De acordo com Naisbitt, citado por Figueiredo (1995) “…a frieza das altas
tecnologias impõe uma contrapartida indispensável de calor humano: quanto mais
tecnológica é uma sociedade, mais necessita de compensações ao nível dos valores
humanos e da afectividade.” O professor torna-se assim, “no agente chave da escola
reinventada” (Figueiredo, 1995). Estamos perante uma oportunidade única de renovar a
escola e reinventar o professor.
No ensino, aquando da utilização da Internet, é exigido ao professor uma forte
dose de atenção. Diante de tantas possibilidades de busca, a navegação torna-se
demasiado sedutora, e os alunos tendem a dispersar-se diante de tantas conexões
possíveis, de endereços dentro de outros endereços, de imagens e textos que se
sucedem ininterruptamente. De acordo com Paiva (2005) os alunos possuem “…esse
espírito “saltitante”, onde tudo é “a correr” e onde, muitas vezes não se reflecte, não se
pára e não se constrói a aprendizagem. Nós, professores, temos de estar atentos.” Para
o aluno é muito mais atraente navegar, descobrir coisas novas do que analisá-las e
compreendê-las. Este “…dinamismo do sms…”, característico da juventude do novo
milénio, reforça uma atitude consumista dos jovens diante da produção cultural
audiovisual. Para muitos alunos, ver equivale a compreender, mesmo não tendo o devido
tempo de reflexão. Este ver superficial, rápido e “guloso” leva à perda de informações de
grande valor, uma vez que os lugares menos atraentes visualmente costumam ser
deixados em segundo plano.
O acompanhamento dos professores é fundamental. Das mãos de professores
competentes e confiantes esperam-se novas dimensões de ensino na sala de aula. Estes
devem ser capazes de ultrapassar o paradoxo aparente que existe entre o ensino
tradicional e o ensino recorrendo às TIC, encontrando o justo equilíbrio. Para tal, têm que
compreender que as novas tecnologias potenciam os métodos que o professor há muito
conhece e que não se trata de alterar tudo à custa das TIC, mas de inovar as formas de
concretizar os objectivos estabelecidos (Paiva, 2002).
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 23
1.2 O mundo dos átomos e das moléculas
“Ninguém sabe como as coisas são como são!!!”
Richard Feynman (1918-1988)
1.2.1 Os átomos
Há cerca de 2500 anos, na Grécia Antiga, os filósofos gregos discutiam sobre a
constituição da matéria. Os atomistas, (Demócrito e Leucípo), acreditavam que, dividindo
a matéria em partes sucessivamente mais pequenas, chegar-se-ia a uma parte tão
pequena que esta já não poderia ser mais dividida – o átomo, palavra que em grego
significa “indivisível”. Hoje, continuamos a chamar átomos aos blocos elementares da
matéria, embora saibamos que os átomos são divisíveis. A ideia da existência dos
átomos foi largamente debatida durante séculos, mas não se chegou a nenhuma
conclusão porque não se pôde provar a sua existência. Não foi possível resolver esta
questão, antes do desenvolvimento pelos cientistas das técnicas necessárias para
realizar experiências que pudessem diferenciar a matéria “contínua” da “descontínua”.
Nos séculos XIX e XX, uma enorme diversidade de experiências sugeria a existência de
átomos, tornando a sua aceitação cada vez mais consensual. Hoje em dia, os átomos
podem “ser vistos” usando microscópios de varrimento por efeito túnel2 . Portanto já
ninguém duvida da sua realidade.
1.2.1.1 Microscópio electrónico de efeito de Túnel
Figura 1-2 – Heinrich Roehrer e Gerd Binnig [IBM, 2006]. 2 http://nobelprize.org/educational_games/physics/microscopes/scanning/index.html
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 24
O microscópio electrónico de varrimento por efeito túnel foi criado em 1982 pelo
físico suíço Heinrich Roehrer e pelo físico alemão Gerd Binnig que, por essa invenção,
ganharam o Prémio Nobel da Física de 19863.
Segundo Fiolhais (2006), foi o físico norte-americano Richard Feynman quem, no
final dos anos 50, do século passado – ainda não havia esse microscópio – falou pela
primeira vez da nanotecnologia. Disse: "há muito espaço lá em baixo", querendo
significar que podíamos de facto manipular átomos e moléculas a nosso belo prazer. As
possibilidades que a nanotecnologia abre hoje em dia, estão a projectar a Física para
novas fronteiras. As aplicações são imensas e, nalguns casos, inimagináveis. O futuro
reserva-nos surpresas por exemplo a nível de novos materiais com novas propriedades,
de intervenções para cura de doenças, de limpeza do meio ambiente, entre outras.
1.2.1.2 Constituição e dimensão dos átomos
O átomo é constituído por uma zona central – núcleo - onde reside praticamente
toda a sua massa. O núcleo é constituído por protões (partículas com carga eléctrica
positiva) e por neutrões, partículas sem carga eléctrica. Em torno do núcleo movem-se
em todas as direcções os electrões de carga eléctrica negativa com massa cerca de 2000
vezes mais pequena do que as partículas que constituem o núcleo.
Figura 1-3 – Partículas constituintes do átomo [PAIVA, 2007].
Num átomo, o número de protões é igual ao número de electrões. Daí um átomo
ser electricamente neutro, pois a carga do protão é igual à carga do electrão, mas de
3 http://nobelprize.org/nobel_prizes/physics/laureates/1986/index.html
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 25
sinal contrário. São corpúsculos incrivelmente pequenos e não têm todos as mesmas
dimensões. O raio do átomo de hidrogénio é de 0,000 000 000 079 m. Para facilitar a
leitura e a compreensão utiliza-se como unidade o picómetro (pm) ou o angström (Å). De
um modo mais simples pode-se dizer que o raio médio do átomo de hidrogénio é de
79 pm.
Figura 1-4 – Estrutura interna do átomo [UFSC, 2006].
Um núcleo atómico é 100 000 vezes mais pequeno que o próprio átomo, o que
indica a existência de “enormes” zonas vazias entre os electrões. Se o núcleo fosse do
tamanho de uma bola de futebol, um átomo teria um raio médio de 10km, isto é, teria um
tamanho equivalente a cerca de 100 campos de futebol. Tal como sucede com as
dimensões, também a massa dos átomos é representada por valores muito pequenos.
Por exemplo, a massa de um átomo de hidrogénio é igual a:
0,000 000 000 000 000 000 000 001 7 g = 1,710-24g.
A unidade grama (g), em que frequentemente se exprime a grandeza massa, não
é a mais adequada para indicar a massa de um átomo.
Os químicos resolveram definir uma grandeza, a massa atómica relativa (Ar), para
medir a massa de um átomo, que resulta de um processo de comparação com a massa
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 26
de referência que actualmente é 1/12 da massa do isótopo mais abundante do carbono
C12 .
i Partículas elementares
Segundo Valadares (2004), até meados do século XX, o mundo das partículas
que constituem a matéria parecia relativamente simples: protões, electrões e neutrões.
No entanto, a física das partículas sofreu grandes avanços no final deste último século!
Em 1932, foi descoberto o positrão (antipartícula do electrão, ou seja, igual ao electrão
excepto no sinal da carga). Em 1937 foi descoberto nos raios cósmicos, o muão, uma
espécie de irmão mais “gordo” do electrão. Entre 1937 e 1970 descobriram-se dezenas
de novas partículas!
Actualmente, aceita-se o chamado Modelo Standart, que descreve partículas e
interacções a nível sub-atómico. De acordo com esta teoria, há apenas três famílias de
partículas: os leptões, os hadrões e os bosões padrão. É ainda uma teoria incompleta,
mas é considerada a melhor teoria.
Em 1968, foram realizadas experiências no Acelerador Linear de Stanford (SLAC),
na Califórnia, que mostraram que os protões e os neutrões não são partículas uniformes,
sendo constituídos por partículas carregadas.
Figura 1-5 – Acelerador Linear de Stanford [DUBOIS, 1994].
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 27
Murray Gell-Mann explicou o comportamento dos hadrões (dos quais fazem parte
os neutrões e os protões), admitindo que existem partículas mais pequenas que
denominou quarks. Actualmente consideram-se seis tipos de quarks, com fracções de
carga do electrão, designados por up/down, charm/strange e top/bottom.
Figura 1-6 – Gif divertido sobre os diferentes tipos de quarks [PDG, 2002].
1.2.1.3 Evolução dos modelos atómicos
Actualmente, como vimos, considera-se que os átomos são constituídos por um
núcleo central (de carga positiva) rodeado por electrões (carga negativa). No entanto,
nem sempre foi assim.
Como já referido anteriormente, na Grécia Antiga, Demócrito defendia que toda a
matéria era constituída por partículas indivisíveis e de dimensões muito reduzidas. Este
filósofo defendia, ainda, que toda a matéria se podia dividir em porções cada vez
menores, até um limite – o átomo.
i Modelo atómico de Dalton
Durante muitos anos, a ideia de que a matéria era constituída por átomos foi
abandonada, tendo ressurgido no século XIX, com Dalton. Com base em experiências
por si desenvolvidas, Dalton defendia que os átomos eram esferas indivisíveis de
reduzidíssimas dimensões, sendo a sua massa uma característica de cada tipo de
átomos.
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 28
Figura 1-7 – Modelo atómico de Dalton.
Dalton afirmava que:
Toda a matéria era formada por partículas muito pequenas chamadas
átomos;
Os átomos eram indivisíveis e não se podiam nem criar nem destruir;
Átomos do mesmo tipo ou de tipos diferentes podiam combinar-se entre si,
para formar as substâncias.
ii Modelo atómico de Thomson
Em 1897, Joseph Thomson descobriu o electrão. Efectuou diversas experiências
com tubos de raios catódicos, através das quais concluiu que o feixe era constituído por
partículas de dimensões muito inferiores ao átomo e de carga negativa. Em 1904,
Thomson propôs um modelo em que o átomo era uma esfera maciça de carga positiva,
distribuída uniformemente, estando os electrões dispersos no seu interior (tal como
passas num bolo) em número suficiente para que o átomo fosse uma partícula neutra.
Este modelo ficou conhecido como modelo atómico do pudim de passas.
Figura 1-8 – Modelo atómico de Thomson [ W.P. , 2006].
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 29
iii Modelo atómico de Rutherford
Ernest Rutherford, físico e químico inglês nascido na Nova Zelândia, concluiu que
os átomos não podiam ser compactos, como defendia Thomson. Após ter realizado
experiências com feixes de partículas alfa () – partículas de carga positiva – emitidas
por elementos radioactivos, que bombardeavam uma finíssima folha de ouro, obteve
resultados que mostraram que a maioria destas partículas conseguia atravessar a folha
de ouro, sendo uma pequena parte das radiações projectadas para trás. O modelo de
Thomson foi abandonado, tendo Rutherford proposto um novo modelo, segundo o qual a
maior parte do espaço dos átomos é vazio, existindo no seu interior uma pequena região
central positiva muito densa, a que chamou de núcleo e à volta do qual giram os
electrões com órbitas bem definidas. Como o átomo é uma partícula neutra a carga total
dos electrões é simétrica da carga do núcleo.
Figura 1-9 – Modelo atómico de Rutherford [W.P., 2006].
Este modelo ficou conhecido como modelo nuclear e, apesar de inovador, não foi
muito bem aceite pela comunidade científica, pois apresentava algumas limitações. Não
explicava, por exemplo, porque é que os electrões giravam em órbitas em torno do
núcleo e não caíam nele, uma vez que, os electrões, sendo partículas carregadas
deveriam perder energia no seu movimento orbital e, em consequência disso, deveriam
acabar por cair no núcleo, de carga positiva.
iv Modelo atómico de Bohr
Em 1913, o físico dinamarquês Niels Bohr propõe, por sua vez algumas
alterações ao modelo de Rutherford, a fim de explicar as características dos espectros
atómicos. Para Bohr, o átomo possuía um núcleo central e os electrões descreviam
órbitas circulares, bem definidas e estáveis, em torno do núcleo. A cada órbita
correspondia uma determinada energia, a órbita mais interna seria a de menor energia.
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 30
Figura 1-10 – Modelo atómico de Bohr [CNET NETWORKS, 2007].
Ao receber energia o electrão poderia “saltar” para uma órbita mais externa e,
portanto mais energética. Esse estado excitado do átomo seria um estado instável pois o
electrão tenderia a regressar ao seu estado inicial de menor energia. Introduz-se assim, a
noção de níveis de energia. Todos estes modelos foram, percursores do modelo atómico
actual (Modelo da Nuvem electrónica), em que a noção de órbita bem definida foi
substituída por zonas de probabilidade.
v Modelo da nuvem electrónica
Figura 1-11 – Modelo da nuvem electrónica.
O modelo da nuvem electrónica é relativamente jovem e baseia-se sobretudo numa
série de princípios e numa equação - a equação de Schrödinger - cujas soluções
caracterizam as orbitais, quanto à sua energia forma e distribuição no espaço.
v.i Número quântico principal, n
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Mestrado em Química para o Ensino 31
Segundo a Mecânica Quântica, um electrão só pode assumir determinados níveis
de energia no átomo, aos quais corresponde um número quântico principal, n (n = 1, 2,
3…). O número quântico principal, n, está relacionado com a energia do electrão e com o
tamanho da orbital. A energia de um nível aumenta a medida que aumenta o n.
De acordo com o modelo referido anteriormente, uma orbital, será uma zona de
maior probabilidade electrónica, ou seja onde os electrões se encontram a maior parte do
tempo, numa dada região do espaço.
v.ii Número quântico secundário, l
O número quântico de momento angular, ou azimutal, informa-nos sobre a forma
das orbitais. Como o próprio nome indica, o valor de l define o momento angular do
electrão, sendo que o aumento do seu valor implica o aumento correspondente do valor
do momento angular. Deste modo a energia cinética do electrão é associada ao
movimento angular e está dependente da energia total do electrão, pelo que é natural
que os valores permitidos de l estejam associados ao número quântico principal. Para um
dado valor de n, l pode ter como valores possíveis os números inteiros de 0 a (n-1).
v.iii Número quântico magnético, ml
A orientação espacial de uma orbital é dada pelo número quântico magnético, ml.
Este número quântico assume todos os valores inteiros compreendidos entre – l e + l,
onde l é o número quântico secundário (ml= -l , … , 0 , … , + l)
O número de orbitais existentes num determinado subnível de energia pode ser calculado
pela expressão → (2 l + 1)
l = 0 : corresponde ao subnível s, onde existe somente uma orientação (ml = 0).
Figura 1-12 – Orbital s [NETENCYCLO, 2007].
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l = 1 : corresponde ao subnível p, onde existem três orientações permitidas, que
surgem em consequência dos três valores de ml (+1, 0, -1). As três orbitais p são
denominadas px, py e pz e são orientadas de acordo com os três eixos cartesianos (x,
y e z).
Figura 1-13 – Orbitais p [NETENCYCLO, 2007].
l = 2 : corresponde ao subnível d onde existem cinco orientações permitidas, ou seja,
cinco valores de ml (-2, -1, 0, +1, +2). São designados por dz2 (orientação coincidente
com o eixo z), dx2-y
2 (orientação coincidente com os eixos x e y, simultaneamente), dxy
(orientado entre os eixos x e y), dyz (orientado entre os eixos y e z) e dxz (orientado
entre os eixos x e z).
Figura 1-14 – Orbitais d [NETENCYCLO, 2007].
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v.iv -Número quântico de spin, ms
O número quântico de spin representa uma propriedade quântica intrínseca das
partículas que não tem correspondente clássico. No caso do electrão este número
quântico assume apenas os valores -1/2 e +1/2, usualmente designados spin e .
A tabela seguinte resume os significados de cada número quântico e os valores
que podem assumir.
Nome Símbolo Significado da orbital Intervalo de valores
Número quântico principal n Camada 1,2,3…
Número quântico azimutal l Subcamada 0,1,2,…,n-1
Número quântico magnético ml Orientação de uma orbital no espaço -l,-l+1,…,o,l-1,l
Número quântico de spin ms Spin do electrão -1/2,1/2
Tabela 1-1 – Tabela-resumo sobre o significado dos números quânticos.
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1.2.2 As moléculas
As moléculas são agregados de átomos ligados quimicamente entre si. São
partículas electricamente neutras porque têm, no total, tantos protões como electrões.
Existem moléculas dos mais variados tamanhos e formas, desde as muito pequenas,
como a de hidrogénio, até às grandes macromoléculas como a de DNA, que contém a
informação genética (Figura 1-15).
Figura 1-15 – Molécula de DNA [RES, 2000].
Podemos classificar as moléculas quanto ao número de átomos que as constituem em:
monoatómicas, diatómicas e poliatómicas. Estas últimas, por sua vez, podem ter
designações especiais: triatómicas, tetratómicas, pentatómicas, entre outras.
Os átomos, nas moléculas, encontram-se ligados por ligações covalentes que
podem ser classificadas de acordo com a sua força de: simples, duplas ou triplas.
Existem ainda ligações covalentes polares e apolares.
As moléculas têm uma forma geométrica própria (geometria molecular), que é
determinada pelas posições dos núcleos dos respectivos átomos. Muitas propriedades
das substâncias dependem da forma das moléculas, tais como o cheiro e o paladar das
substâncias. A acção terapêutica de um grande número de medicamentos, no tratamento
de certas doenças, está também relacionada com a forma das moléculas.
1.2.2.1 Ligação Covalente
A ligação covalente forma-se por partilha de electrões de ambos os átomos nela
envolvidos e deve-se às atracções entre os núcleos e os electrões situados entre eles,
isto é, na região internuclear. Os electrões que se encontram entre os núcleos e que
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mantêm os átomos da molécula unidos designam-se por electrões ligantes. Os electrões
que continuam, depois de formada a molécula, parcialmente associados a um só dos
núcleos, são designados de electrões não ligantes.
Segundo Lewis, a ligação covalente resulta da partilha de electrões, de tal forma
que os átomos que participam na ligação ficam com a configuração electrónica
semelhante à do gás nobre do mesmo período. Ao estabelecer-se a ligação, a molécula
adquire um estado estável de energia, inferior à dos átomos separados.
Figura 1-16 – Gilbert Lewis [AIP, 2006].
i Notação de Lewis
O desenvolvimento da tabela periódica e do conceito de configuração electrónica
forneceu aos químicos uma base lógica para entender a formação de moléculas e de
compostos. Como vimos, a explicação enunciada por Gilbert Lewis, é que os átomos
reagem de forma a alcançar uma configuração electrónica mais estável. A estabilidade
máxima é conseguida quando um átomo consegue tornar-se isoelectrónico com um gás
nobre.
Quando os átomos interactuam de modo a formar uma ligação química, apenas
as suas camadas mais exteriores estão em contacto. Por esta razão, quando estudamos
a ligação química, estamos interessados fundamentalmente nos electrões de valência
dos átomos. Para seguir o percurso dos electrões de valência numa reacção química, e
para garantir que o número total de electrões não é alterado, os químicos utilizam um
sistema de representação por pontos para os electrões, originalmente proposto por Lewis
e, por isso, conhecido como notação de lewis. De acordo com esta notação, uma
estrutura de lewis é constituída pelo símbolo de um elemento rodeado por pontos que
simbolizam os electrões de valência presentes no átomo desse elemento.
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ii Fórmulas de estrutura
A fórmula de estrutura de uma molécula apresenta o modo como os diferentes
átomos se ligam entre si. As ligações covalentes representam-se por pequenos traços
entre os átomos, significando cada traço um dupleto (um par) electrónico.
Para os elementos do 1º e 2º períodos da tabela periódica (z 1 a 10), os átomos
tendem a ficar com a mesma distribuição electrónica que o gás nobre mais próximo. É
nisto que consiste a chamada Regra do Octeto, regra que tem ultimamente vindo a ser
criticada por muitos autores por se lhe dar, algumas vezes, uma demasiada generalidade.
Sob o ponto de vista prático, a regra é útil para a escrita de fórmulas de estrutura de
compostos em que figurem elementos do 1º e 2º períodos.
iii Regra do octeto
Os gases nobres são particularmente não reactivos, facto que indica que os seus
arranjos electrónicos são particularmente estáveis. Os iões em compostos iónicos são
frequentemente isoelectrónicos dos gases nobres. De igual modo, as ligações covalentes
formam-se até que os átomos alcancem uma configuração electrónica do gás nobre por
partilha de electrões. Para o hidrogénio, só são necessários dois electrões para alcançar
uma configuração electrónica de gás nobre, mas para os outros elementos
representativos são necessários oito electrões para preencher uma orbital s e três p da
camada de valência. A regra do octeto estabelece que cada átomo numa molécula
partilha electrões até estar rodeado por oito electrões de valência. Alguns dos electrões
podem ser electrões ligantes e outros podem ser electrões de pares solitários, não-
ligantes. A regra do octeto é útil sobretudo para compostos do 2ºperíodo. Como será
referido a seguir, há muitos compostos dos elementos do terceiro período e seguintes
para os quais a regra do octeto não se verifica.
iv Excepções à regra do octeto
As estruturas de lewis da maior parte das espécies colocam oito electrões em
volta de cada átomo (dois no caso do hidrogénio). No entanto, Há três classes de
moléculas que não obedecem à regra do octeto.
iv.i Moléculas com deficiência de electrões
Os elementos do grupo 2 e 13 têm somente dois e três electrões de valência,
respectivamente; isto não é suficiente para estabelecer quatro ligações com quatro pares
de electrões. Muitos compostos destes elementos, especialmente do berílio, boro e
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alumínio, formam compostos deficientes em electrões, cujas estruturas de Lewis não têm
oito electrões em torno do átomo central. Um exemplo é BeH2, uma molécula instável que
foi observada no estado gasoso:
4Be 1s22s2
1H 1s1
Neste caso o berílio utiliza os seus dois electrões de valência para estabelecer ligações
covalentes com dois átomos de hidrogénio. Por este composto ser deficiente de electrões
associa-se, em geral, entre si ou com outras espécies. Na fase sólida, BeH2 associa-se
para formar (BeH2)2. Os halogenetos de berílio, boro e alumínio são também exemplos de
moléculas com deficiência de electrões.
iv.ii Moléculas com excesso de electrões
Em alguns compostos existem mais do que oito electrões de valência em torno de
um átomo. Estes octetos expandidos são necessários apenas para átomos de elementos
do terceiro período da tabela periódica ou superior. Para além das orbitais 3s e 3p, os
elementos do terceiro período possuem também orbitais 3d que podem ser utilizadas na
formação de ligações químicas. O hexafluoreto de enxofre é um composto muito estável
em que existe um octeto expandido. A configuração electrónica do enxofre é [Ne] 3s23p4.
Em SF6, cada um dos seis electrões de valência do enxofre forma uma ligação covalente
com um átomo de F. Existem assim doze electrões em torno do átomo central de enxofre:
16S [Ne] 3s23p4
9F [He] 2s22p5
Estes doze electrões, ou seis pares ligantes, encontram-se acomodados em seis
orbitais que se formaram a partir da orbital 3s, das três orbitais 3p e de duas das cinco
orbitais 3d.
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iv.iii Moléculas com número ímpar de electrões
Algumas moléculas contêm um número ímpar de electrões. Entre essas
moléculas encontra-se o óxido nítrico (NO):
7N [He] 2s22p3
8O [He] 2s22p4
Uma vez que é necessário um número par de electrões para haver um
emparelhamento completo (de modo a alcançar oito electrões), é obvio que a regra do
octeto não pode nunca ser satisfeita para todos os átomos de cada uma destas
moléculas. As moléculas com um número ímpar de electrões de valência são
frequentemente muito reactivas, pouco estáveis.
v Ligações simples, duplas e triplas
O tipo mais comum de ligação covalente é a ligação covalente simples, em que
dois átomos compartilham um único par electrónico. As ligações covalentes em que mais
de um par electrónico é compartilhado são chamadas ligações covalentes múltiplas.
Figura 1-17 – Ligação covalente simples na molécula de hidrogénio [REUSCH, 1999].
Os átomos partilham dois ou três dupletos para que a regra do octeto seja
satisfeita. Quando os átomos partilham dois pares de electrões, a ligação diz-se
covalente dupla e quando os átomos partilham três pares de electrões, a ligação
denomina-se covalente tripla.
Figura 1-18 – Ligações covalentes duplas na molécula de dióxido de carbono [REUSCH, 1999].
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vi Ligações polares e apolares
vi.i Ligação covalente apolar
Na ligação covalente entre dois átomos iguais, os electrões ligantes são
igualmente atraídos pelos dois átomos. A distribuição electrónica à volta dos dois núcleos
é simétrica. Esta ligação designa-se por ligação covalente apolar.
Figura 1-19 – Ligação covalente apolar [P-H, 2004].
vi.ii Ligação covalente polar
Quando a ligação covalente é feita entre dois átomos diferentes, há uma maior
atracção dos electrões ligantes pelo átomo mais electronegativo. A distribuição
electrónica é assimétrica, havendo um excesso de carga negativa do lado do átomo mais
electronegativo e formando, assim, um dipolo. Neste caso, diz-se que se trata de uma
ligação covalente polar.
Figura 1-20 – Ligação covalente polar [P-H, 2004].
1.2.2.2 Electronegatividade
Uma propriedade que ajuda a distinguir uma ligação covalente apolar de uma
ligação polar é a electronegatividade dos elementos, ou seja, a tendência de um átomo
numa ligação para atrair para si os electrões que formam essa ligação química.
Foram sugeridos vários métodos para calcular uma escala de electronegatividade,
que é um problema difícil, visto que a electronegatividade de um elemento difere
ligeiramente consoante os outros elementos aos quais está ligado. Linus Pauling foi o
primeiro a introduzir o conceito de electronegatividade e desenvolveu um método
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largamente utilizado para calcular uma escala relativa de electronegatividade. Pauling
propôs o valor de 4,0 para a electronegatividade do flúor, o elemento mais
electronegativo da tabela periódica, e 0,7 para o elemento menos electronegativo, o
frâncio. Pode-se visualizar na Figura 1-21 uma tabela periódica com a escala de
electronegatividade de Pauling.
Figura 1-21 - Escala de electronegatividade de Pauling [W.P., 2006].
1.2.2.3 Momento dipolar
O momento dipolar, , definido como o produto da carga q pela distância entre as
cargas r, é uma medida quantitativa da polaridade de uma ligação química:
rq Equação 1-1
Os momentos dipolares exprimem-se normalmente em unidades debye (D), assim
chamadas em homenagem a Peter Debye, físico-químico estado-unidense de origem
neerlandesa que foi laureado em 1936 com o premio nobel da química pelas suas
contribuições para o conhecimento das estruturas moleculares.
Para que a neutralidade se mantenha, as cargas nas duas extremidades de uma
molécula diatómica electricamente neutra têm de ser iguais em módulo e de sinais
contrários.
As moléculas diatómicas que contêm átomos do mesmo elemento não possuem
momentos dipolares e são, por isso, moléculas apolares. Pelo contrário as moléculas
diatómicas que contêm átomos de elementos diferentes têm momentos dipolares. No
entanto, o momento dipolar de uma molécula constituída por três ou mais átomos
depende da polaridade das ligações e da geometria molecular. Como se verá em 1.2.2.5
mesmo que existam ligações polares, não é obrigatório que a molécula possua momento
dipolar.
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1.2.2.4 Forças intermoleculares
As forças que se fazem sentir entre as moléculas, forças intermoleculares ou
ligações intermoleculares, são de natureza electrostática, tal como as forças existentes
entre o núcleo e os electrões num átomo, e responsáveis pelo estado físico de uma
substância. As forças intermoleculares aumentam do estado gasoso para o estado líquido
e do estado líquido para o estado sólido. Algumas propriedades, como os pontos de
ebulição e de fusão, reflectem as intensidades relativas dessas interacções
intermoleculares. Estas forças são bastante mais fracas que as forças intramoleculares,
isto é, que as ligações covalentes e iónicas nos compostos. As forças intermoleculares
referidas em seguida são as de natureza atractiva. No entanto, as moléculas também
exercem forças repulsivas entre si: quando duas moléculas se encontram muito próximas,
tanto os seus núcleos como os seus electrões se repelem. Em primeiro lugar temos as
forças que resultam das interacções entre dipolos e que se podem agrupar sob a
designação de forças de van der Waals.
i Forças de Van der Waals
É usual desdobrar as forças de van der Waals em três tipos:
Forças de Keesom: interacções dipolo permanente – dipolo permanente;
Forças de Debye: interacções dipolo permanente – dipolo induzido;
Forças de London: interacções dipolo instantâneo – dipolo induzido.
i.i Forças de Keeson
É o tipo de interacções que se desenvolve entre moléculas polares (têm
extremidades com cargas parciais opostas). Num conjunto dessas moléculas, os dipolos
individuais tendem a orientar-se de tal modo que a carga parcial negativa de uma
molécula esteja próxima da carga parcial positiva de outra molécula. Na ausência de
qualquer outro factor, a orientação preferida de um conjunto de moléculas polares seria a
representada na Figura 1-22 por ser a que minimiza a energia do sistema.
Figura 1-22 – Interacções dipolo permanente- dipolo permanente [P-H, 2004].
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Geralmente, as forças dipolo-dipolo:
Aumentam com o aumento do momento dipolar das moléculas;
Diminuem com o aumento da distância entre as moléculas;
Diminuem com o aumento da temperatura;
i.ii Forças de Debye
Quando se misturam substâncias constituídas por moléculas polares com
substâncias constituídas por moléculas apolares, a presença das moléculas polares
provoca o aparecimento de dipolos induzidos nas moléculas apolares. O pólo positivo da
molécula polar irá atrair a nuvem electrónica da molécula apolar, deformando-a, o que vai
originar o aparecimento de um dipolo eléctrico que, por ter sido criado pela presença de
outro, se chama dipolo induzido.
As forças de Debye:
Aumentam com o momento dipolar da molécula polar;
Diminuem com o aumento da distância entre as moléculas;
São independentes da temperatura
i.iii Forças de London
Este tipo de forças intermoleculares afecta todas as moléculas, sejam elas polares
ou não polares. O mecanismo de atracção pode ser explicado pela existência de dipolos
instantâneos em qualquer átomo ou molécula, como consequência das deformações
instantâneas e aleatórias das nuvens electrónicas. Os dipolos instantâneos provocam nas
moléculas vizinhas o aparecimento de dipolos induzidos. Deste modo, as forças de
London devem-se à atracção entre dipolos instantâneos e dipolos induzidos.
Figura 1-23 – Interacções dipolo instantâneo- dipolo induzido a) Molécula apolar - molécula apolar b) Dipolo instantâneo – Dipolo induzido [P-H, 2004].
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ii Ligações de Hidrogénio
Figura 1-24 – Ligações de hidrogénio [P-H, 2004].
As ligações de hidrogénio são um tipo de ligação intermolecular. Ocorrem em
moléculas que possuem um átomo de hidrogénio ligado a um átomo fortemente
electronegativo como o flúor, o oxigénio ou o azoto. Nestas moléculas existe um dipólo,
pois o átomo de hidrogénio fica com uma fracção de carga positiva e o outro átomo fica
com uma fracção de carga negativa (como se verifica na molécula de água). Assim,
surge uma atracção entre o átomo de hidrogénio de uma molécula e o átomo mais
electronegativo de uma molécula vizinha, o que mantém as moléculas unidas (Pires,
2003).
Figura 1-25 – Ligações de hidrogénio nas moléculas de água e de amoníaco [P-H, 2004].
As ligações de hidrogénio são muito fortes (4 a 30 kJ/mol) quando comparadas
com outras atracções dipolo-dipolo (menos que 1 kJ/mol). As energias das ligações de
hidrogénio, ainda que sejam muito maiores do que as de outras forças intermoleculares,
são contudo muito menores do que as forças das ligações covalentes (140 a 600 kJ/mol).
De uma forma correspondente, os comprimentos das ligações de hidrogénio são
consideravelmente maiores que os das ligações covalentes. O comprimento da ligação
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de hidrogénio OH entre as moléculas de água no gelo é cerca de 117pm, enquanto que
o comprimento da ligação O-H covalente na molécula de água é 99 pm.
Muitas das propriedades pouco usuais da água podem ser atribuídas à forte
ligação de hidrogénio intermolecular que ocorre naquela substância (Reger, 1997).
Na Tabela 1-2 é apresentado um pequeno resumo sobre os vários tipos de
ligações intemoleculares referidos anteriormente.
Forças intermoleculares Existem entre Exemplos
Interacção dipolo-dipolo
(forças de keesom) Moléculas polares HCl, CH3Cl
Interacção dipolo
permanente-dipolo induzido
(forças de Debye)
Moléculas polares com moléculas
não polares HCl Ar
Forças de Van der Waals
Forças de dispersão de
London Todos os tipos de moléculas He, N2
Ligações de Hidrogénio
Moléculas com ligações covalentes
H-X (X pode ser, por exemplo F,O
ou N)
NH3, H2O
Tabela 1-2 – Tabela-resumo das forças intermoleculares [DANTAS, 2005].
iii Geometria molecular
A geometria molecular é o arranjo tridimensional dos átomos numa molécula. O
modo como os átomos estão dispostos no espaço, exerce uma forte influência nas suas
propriedades físicas e químicas, como sejam as temperaturas de fusão e de ebulição, a
densidade e o tipo de reacções em que a molécula participa.
Figura 1-26 – Moléculas com diferentes geometrias moleculares [P-H, 2004].
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iv Modelo da Repulsão dos pares electrónicos da camada de valência
De acordo com o modelo VSEPR (Modelo da Repulsão dos pares electrónicos da
camada de valência), a aproximação à geometria molecular é feita baseada em três
princípios (Mickey, 1980):
Qualquer molécula adopta uma geometria que minimize as repulsões
electrostáticas entre pares electrónicos da última camada. A repulsão mínima
ocorre quando um ângulo de separação entre pares electrónicos em torno do
átomo central é máximo.
A repulsão entre pares não ligantes é maior do que a repulsão entre um par
ligante e um par não ligante, que por sua vez é maior do que a repulsão entre
pares ligantes.
Onde existem várias possibilidades de estruturas moleculares envolvendo
interacções de 90º, o arranjo espacial é aquele que minimiza o número de
interacções.
v Parâmetros de ligação
Os comprimentos de ligação e os ângulos entre ligações são determinados
através de métodos experimentais, tais como: o método de difracção, o método de
espectroscopia e o método de ressonância [Mickey, 1980].
v.i Comprimento de ligação
Nas moléculas, os átomos encontram-se em vibração, uns em relação aos outros,
de modo que não há distâncias fixas entre cada par de átomos. Contudo, existe uma
distância média entre os núcleos de dois átomos ligados, a que se chama comprimento
de ligação.
Figura 1-27 – Comprimento de ligação.
Na prática as distâncias entre os núcleos podem ser determinadas por várias
técnicas já referidas anteriormente, entre as mais importantes das quais estão a difracção
pelos raios X e a espectroscopia molecular. A Tabela 1-3 apresenta os valores dos
comprimentos de ligação em algumas moléculas.
ra
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Molécula Comprimento (pm)
H2 74
N2 110
O2 121
F2 142
Cl2 199
I2 268
Tabela 1-3 – Comprimentos de ligação de algumas moléculas [Simões et al (2003)].
v.ii Ângulo de ligação
O ângulo de ligação é o valor médio do ângulo formado pelos segmentos de recta
dirigidos do núcleo de um átomo central para os núcleos de dois átomos a ele ligados.
Figura 1-28 – Ângulo de ligação.
O valor do ângulo de ligação é fundamentalmente determinado pelos raios
atómicos do átomo central e dos átomos a ele ligados, pela existência ou não de pares
de electrões não ligantes no átomo central e pelo número desses pares não ligantes.
Ligação Molécula Ângulo/º
O-C-O CO2 180
H-C-H CH4 109,5
H-O-H H2O 104,5
H-S-H H2S 92,5
H-N-H NH3 107
Tabela 1-4 – Ângulo de ligação de algumas moléculas [Simões et al (2003)].
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v.iii Energia de Ligação
As ligações covalentes formam-se entre muitos elementos diferentes. Nem todo o
tipo de ligações covalentes têm a mesma força; cada uma delas envolve diferentes
núcleos e electrões em diferentes orbitais.
Figura 1-29 – Energias de ligação em várias moléculas [P-H, 2004].
A energia de dissociação de ligação ou energia de ligação é a energia requerida
para quebrar uma mole de ligações numa substância em fase gasosa. É sempre
endotérmica (é necessário fornecer energia para quebrar a ligação) e têm, portanto, um
sinal positivo.
Ligações simples Energia de ligação
(kJ/mol) Ligações multiplas
Energia de ligação (kJ/mol)
C-H 414 C=C 611
C-C 348 C=N 615
C-O 351 C=O 799
H-H 436 CC 837
O-H 463 CO 1072
O-O 146 NN 946
Tabela 1-5 - Energia de ligação (kJ/mol). [Reger, 1997]
A Tabela 1-5 mostra uma série de energias de ligação importantes. Para
moléculas diatómicas, estes números são medidos de uma forma exacta. No entanto, na
medição de energias de ligação exactas em moléculas poliatómicas surge um problema:
a energia requerida para quebrar uma ligação é influenciada pelos outros átomos.
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Embora não sendo exactos, estes números são razoavelmente correctos uma vez que a
maioria das ligações entre os mesmos dois átomos tem forças semelhantes. Os valores
das energias de ligação cobrem uma gama bastante vasta.
Ao comparar forças de ligação entre os mesmos dois átomos, as ligações duplas e triplas
são mais fortes do que as ligações simples, como seria de esperar, devido à múltipla
partilha de electrões.
vi Moléculas cujo átomo central não tem pares isolados
Genericamente, estas moléculas têm fórmula ABx, em que A é o átomo central e x
é um número inteiro positivo: se x = 1, a molécula é diatómica (AB) e a geometria é linear.
Na maioria das vezes, x toma valores entre 2 e 6.
As moléculas que pertencem a esta categoria dispõem os seus pares de electrões
ligantes em cinco arranjos diferentes: em todos os casos, e devido às repulsões, os
electrões estão afastados o mais possível.
AB2: Na molécula de cloreto de berílio (BeCl2), os pares electrónicos afastam-se o
máximo que podem até formarem uma linha recta; o ângulo estabelecido entre os pares
de electrões ligantes é de 180º e a geometria final é linear.
AB3: Na molécula de trifluoreto de berílio (BF3) há três pares de electrões ligantes.
Espacialmente, é mais estável a configuração em que as três ligações apontem para os
cantos de um triângulo equilátero, com o átomo A no centro. Esta geometria é designada
triangular plana, com os quatro átomos da molécula no mesmo plano e as ligações a
fazer ângulos de 120º.
AB4: No metano (CH4) existem quatro ligações resultantes de quatro dupletos ligantes. A
geometria é tetraédrica: o átomo central ocupa o centro de um tetraedro e todos os
átomos periféricos ocupam os vértices; todos os ângulos de ligação são de 109,5º.
Figura 1-30 – Molécula de metano [P-H, 2004].
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Mestrado em Química para o Ensino 49
AB5: Na molécula de pentacloreto de fósforo (PCl5) a forma de bipirâmide trigonal (dois
tetraedros ligados pelas bases) proporciona o mínimo de repulsões. O átomo central
ocupa o centro do triângulo comum (correspondente à união dos tetraedros) e os 5
átomos periféricos encontram – se nos vértices da respectiva bipirâmide. Os átomos do
plano triangular e cujas ligações fazem ângulos de 120º são equatoriais, e os átomos
ocupantes dos vértices são axiais. O ângulo entre uma ligação axial e uma ligação
equatorial é de 90º e os ângulos entre duas ligações axiais é 180º.
Figura 1-31 – Molécula de PCl5 [P-H, 2004].
AB6: A minimização das repulsões no hexafluoreto de enxofre (SF6) atinge-se com a
geometria octaédrica, que corresponde à união de duas pirâmides quadrangulares pelas
bases. O átomo central fica no centro do quadrado e os restantes seis átomos ocupam os
seis vértices do octaedro.
Como as ligações são idênticas (fazem ângulos de 90º com excepção das ligações
diametralmente opostas que fazem um ângulo de 180º), não se aplicam os termos axial e
equatorial.
Figura 1-32 – Molécula de SF6[P-H, 2004].
Na Tabela 1-6 apresentam-se as geometrias das moléculas que não possuem
pares isolados no átomo central.
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Mestrado em Química para o Ensino 50
Tipo de
molécula
Nº de átomos
ligados Distribuição espacial das ligações
Geometria
molecular Exemplos
AB2 2 Linear BeCl2
AB3 3
Triangular plana BF3
AB4 4
Tetraédrica CH4
AB5 5
Bipiramidal
trigonal PCl5
AB6 6
Octaédrica SF6
Tabela 1-6 – Geometria de moléculas em que o átomo central não tem pares isolados [Chang (1994), Reger (1997)].
vii Moléculas com pares isolados no átomo central
Se ao átomo central está associado um ou mais pares de electrões isolados, a
geometria da molécula é mais complexa, pois aumentam as repulsões electrónicas.
Para que seja possível contabilizar o número total de pares ligantes e de pares
isolados, designam-se as moléculas que possuam pares isolados como ABxEy, onde A é
o átomo central, B um átomo ligado ao átomo central, e E um par isolado localizado em
A. x e y são inteiros; x = 2, 3… e y = 1, 2,…. Assim sendo os valores de x e y indicam o
número de átomos em redor do átomo central e o número de pares isolados localizados
no átomo central, respectivamente.
Se o átomo central de uma molécula possui um ou mais pares isolados deve-se
distinguir geometria e distribuição espacial global de todos os pares de electrões. Esta
distribuição refere-se à disposição de todos os pares de electrões, ligantes e não ligantes,
associados ao átomo central. Por outro lado, como a geometria molecular é determinada
em função da distribuição espacial dos seus átomos, apenas se contabilizam os pares
ligantes. Seguem-se alguns exemplos das várias geometrias:
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Mestrado em Química para o Ensino 51
AB2E: Como se adopta o modelo de que as ligações duplas se comportam como as
triplas, a molécula de dióxido de enxofre (SO2) pode ser tratada como se fosse
constituída por três pares de electrões em torno do átomo central (dois pares ligantes e
um não compartilhado). O arranjo global dos átomos é triangular plano, mas, como um
dos pares é isolado, a molécula é angular e o ângulo OSO é 119,5º. Este ângulo é menor
do que 120º porque a repulsão par isolado-par ligante é maior do que a repulsão par
ligante- par ligante e as duas ligações enxofre-oxigénio são empurradas.
Figura 1-33 – Molécula de SO2 [P-H, 2004].
AB3E:Na molécula de amoníaco (NH3) existem três pares ligantes e um par de electrões
não compartilhados, associado ao átomo central de azoto. A distribuição espacial global
dos quatro pares electrónicos é tetraédrica. Contudo, como um dos pares desses
electrões é isolado, a geometria resultante é piramidal trigonal. A repulsão entre o par
isolado e os dupletos ligantes é a mais forte, e os três pares NH são empurrados uns
contra os outros. Assim, o ângulo HNH é de 107,5º, ou seja, é menor do que o ângulo
tetraédrico.
Figura 1-34 – Molécula de amoníaco [P-H, 2004].
AB2E2: A molécula da água (H2O) é constituída por dois pares ligantes e dois pares de
electrões não compartilhados em redor do oxigénio. Tal como no amoníaco, o arranjo
espacial dos átomos é tetraédrico, mas agora, o átomo central possui dois dupletos de
electrões não ligantes cuja tendência é afastarem-se o mais possível um do outro. Como
resultado, o ângulo HOH é de 104,5º e a geometria final é angular. O ângulo não é menor
porque a partir daqui surgem as repulsões entre os dupletos ligantes.
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Mestrado em Química para o Ensino 52
Figura 1-35 – Molécula da água [P-H, 2004].
AB4E: Na molécula de tetrafluoreto de enxofre (SF4), o átomo central de enxofre possui
cinco pares de electrões cujo arranjo espacial é bipiramidal trigonal.
Figura 1-36 – Posições equatorial e axial numa molécula com geometria bipiramidal trigonal [P-H, 2004].
No entanto, um dos pares de electrões da molécula SF4 é um par isolado e, portanto a
molécula tem de ter uma das geometrias alternativas seguintes:
a) b)
Figura 1-37 – Geometrias alternativas para a molécula SF4. a) Posição equatorial b) Posição axial [P-H, 2004].
O par isolado ocupa em a) uma posição equatorial e em b) uma posição axial. A
posição axial possui três pares vizinhos a 90º e um a 180º, enquanto a posição equatorial
possui dois pares a 90º e mais dois a 120º. A repulsão é menor na situação a) e de facto,
a estrutura a) é aquela que se observa experimentalmente. A geometria desta molécula
denomina-se tetraedro irregular ou distorcido.
A Tabela 1-7 mostra as geometrias de moléculas simples em que o átomo central
possui um ou mais pares isolados, incluindo algumas moléculas não discutidas.
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Mestrado em Química para o Ensino 53
Tipo de
molécula
Nº de átomos
ligados
Nº de pares não
ligantes
Distribuição
espacial dos pares de
electrões
Geometria
molecular Exemplos
AB2E 2 1 Triangular plana
Angular SO2; O3
AB3E 3 1
Tetraédrica
Piramidal trigonal NH3
AB2E2 2 2
Tetraédrica
Angular H2O
AB3E2 3 2 Bipiramidal
trigonal
Em forma de T ClF3
AB2E3 2 3 Bipiramidal
trigonal
Linear XeF2
AB5E 5 1
Octaédrica
Piramidal
quadrangular BrF5
AB4E2 4 2
Octaédrica
Quadrangular
plana XeF4
AB4E 4 1
Bipiramidal
trigonal
Tetraedro
irregular SF4
Tabela 1-7 – Geometria de moléculas em que o átomo central tem um ou mais pares isolados [Chang (1994), Reger (1997)].
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1.2.2.5 Polaridade das moléculas
O conhecimento da geometria das moléculas dá-nos informação importante
acerca das suas propriedades físicas e químicas. Uma dessas propriedades físicas é a
polaridade de uma molécula. Uma molécula polar contém uma distribuição de carga
desigual e tem portanto um momento dipolar. Podem-se usar as diferenças de
electronegatividades entre elementos para prever se estão presentes ligações polares
numa molécula. Para moléculas diatómicas, se a ligação é polar então a molécula é
polar. Para todas as outras moléculas, como já foi referido em 1.2.2.3 é necessário
conhecer para além da polaridade das ligações, também a geometria molecular para
prever a polaridade da molécula.
Quando numa molécula há várias ligações polares, o vector momento dipolar
resultante, r
,é igual à soma vectorial dos momentos dipolares componentes.
...321
r Equação 1-2
Se 0
r a molécula é apolar
Se 0
r a molécula é polar.
Considerando a molécula de NH3 e de H2O, Figura 1-38, pode-se ver que o
momento dipolar resultante é diferente de zero e portanto ambas as moléculas são
polares.
Figura 1-38 – Moléculas polares [P-H, 2004].
Na molécula de dióxido de carbono, Figura 1-39, cada ligação carbono-oxigénio é
polar, como o oxigénio é o elemento mais electronegativo, é ele que tem a carga parcial
negativa. Como os momentos dipolares das ligações são simétricos, o momento dipolar
resultante é nulo e a molécula é apolar. Devido à sua geometria a molécula de CCl4 tem
também momento dipolar nulo e portanto a molécula é também apolar.
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Figura 1-39 – Moléculas apolares [P-H, 2004].
1.2.3 Concepções Alternativas sobre átomos e moléculas
Sempre me admirei com o facto dos professores de ciências (…) não compreenderem que não
se compreende. Poucos são os que aprofundaram a psicologia do erro, da ignorância, da
irreflexão.
GASTON BACHELARD
A necessidade que a criança tem de construir explicações para compreender o
mundo que a rodeia, leva por vezes, à construção de interpretações erradas dos
fenómenos que observa. De acordo com Santos (1991), a palavra “alternativa”, tem como
objectivo reforçar a ideia de que tais concepções alternativas não têm estatuto de
conceitos científicos, que diferem significativamente destes, quer a nível do produto, quer
do processo de construção, e que funcionam para o aluno, como alternativa aos
conceitos correspondentes.
Os alunos quando chegam à escola já têm ideias pré-concebidas sobre os
comportamentos e fenómenos naturais que observam no seu dia-a-dia. Segundo Driver
et al. (1985), as concepções que o indivíduo possui podem constituir uma base para a
construção de novas ideias, visto que as primeiras se revelam para ele coerentes e
lógicas. Também Fensham (2002) é da opinião que os estudantes não iniciam o estudo
da ciência com as suas mentes vazias. Já possuem ideias ou concepções anteriores
sobre vários fenómenos científicos e sobre conceitos introdutórios de química, em
particular. Muitas dessas ideias, persistem firmemente, tornando-se uma forma diferente,
ou alternativa, de entender os conceitos de química que são apresentados pelos livros
didácticos e pelos professores. Estes últimos, por sua vez, têm que encarar essas
concepções alternativas como facilitadoras da aprendizagem e não como uma barreira à
mesma, aprendendo a conhecê-las e a valorizá-las. No entanto, e de acordo com Taber
(2001), a maioria das concepções alternativas de química não deriva da experiência
quotidiana dos alunos. Ao contrário do que ocorre com a biologia e a física, os
enquadramentos disponíveis para dar sentido a conceitos abstractos, como modelo
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Mestrado em Química para o Ensino 56
atómico ou geometria molecular, derivam somente da percepção com que os alunos
ficam de conceitos anteriormente ensinados. Algumas vezes, os alunos terão ideia
daquilo que lhes é apresentado, mas em outras ocasiões farão as suas próprias ideias
alternativas, construindo assim um significado que esteja adequado às suas ideias
anteriores.
Figura 1-40 – As crianças e as suas ideias.
Alunos de várias idades revelam, por vezes, concepções alternativas que
correspondem a modelos que já foram aceites pela ciência, e que foram, posteriormente,
refutados e alterados. Ou seja, as concepções históricas da ciência repetem-se nas
concepções alternativas dos alunos. Segundo Wandersee (1986), a história da ciência
pode ser usada pelos alunos como instrumento de descoberta e transposição das suas
ideias alternativas. Por outro lado, Perez & Carrascosa (1985), sustentam que este
paralelismo com as ideias históricas se deve à semelhança da metodologia usada pelas
crianças e pelos cientistas do passado.
Num estudo desenvolvido por Griffiths e Preston (1992), na maioria com alunos de
18 anos de idade, constatou-se, por exemplo, que 50% dos alunos entrevistados
acreditavam que as moléculas de água constituintes do vapor de água eram maiores do
que as moléculas de água do gelo.
Num outro estudo, Novick e Nussbaum (1978) evidenciaram que alunos de todas
as idades acham difícil de imaginar espaço entre as partículas, e intituivamente
“preenchem” esse espaço com alguma coisa “um poluente”, “vapor”, ou “oxigénio”, por
exemplo.
Segundo Wan-Yaacos e Siraj (1992) e Al-Mousawl, a maioria dos problemas que
têm os estudantes ao prever a geometria molecular é: escolher o átomo central,
completar a camada de valência e desenhar a estrutura de Lewis da molécula.
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Encontramos também na literatura algumas dificuldades na compreensão da
polaridade das moléculas. Segundo Furió (2000), os estudantes têm tendência, em
muitos casos, a reduzir a dependência da polaridade de uma molécula de duas maneiras
possíveis: supondo que só depende da geometria molecular sem ter em conta os átomos
ligados, como por exemplo na molécula de CCl2F2, ou supondo que só depende da
polaridade das ligações, ou seja, da diferença de electronegatividade dos átomos ligados
numa ligação, independentemente da sua geometria, como por exemplo na molécula de
ozono. De acordo com este autor, alguns alunos associam directamente a presença de
pares de electrões não ligantes com a existência de polaridade na molécula.
A Tabela 1-8 pretende reunir várias concepções alternativas identificadas em
vários estudos efectuados e devidamente referenciados, sobre vários temas tais como: a
natureza da matéria, átomos e estrutura atómica, moléculas, ligação covalente, etc.
Concepção alternativa Referência
1. A matéria é contínua, mas contém partículas. Arizona, 2001
2. A matéria é homogénea e estática. Arizona, 2001
3. Substâncias e átomos são diferentes nomes para as mesmas
coisas.
Arizona, 2001
4. As colisões entre átomos afectam o seu tamanho. Arizona, 2001
5. A pressão afecta a geometria da molécula. Arizona, 2001
6. É possível ver os átomos ao microscópio. Arizona, 2001
7. Não se compreende a diferença entre átomos e moléculas
porque não se diferenciam nos esboços. Arizona, 2001
8. Os átomos são como blocos de edifícios. Arizona, 2001
9. Os átomos conseguem desaparecer (deterioração) Arizona, 2001
10. Os átomos são como células constituídos por uma membrana
e um núcleo. Arizona, 2001
11. Os átomos reproduzem-se depois do núcleo se dividir. Arizona, 2001
12. Os electrões circulam nos átomos como os planetas em volta
de uma estrela. Arizona, 2001
13. A camada electrónica é como a casca de um ovo ou de uma
ostra, fina e dura. Queens, SD
14. A camada electrónica existe para proteger o núcleo, como a
casca do ovo e a gema. Queens, SD
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Mestrado em Química para o Ensino 58
Concepção alternativa Referência
15. A nuvem contém os electrões mas é feita de uma outra coisa. Queens, SD
16. A nuvem electrónica é como uma nuvem de chuva, com os
electrões suspensos como gotas de água. Queens, SD
17. Existe apenas um modelo correcto para o átomo Arizona, 2001
18. O tamanho do átomo depende do número de protões que ele
possui.
Arizona, 2001
19. A camada electrónica é uma matriz de algo, com os electrões
lá inseridos Arizona, 2001
20. Os átomos estão vivos (porque se movem). Arizona, 2001
21. Os átomos possuem os seus próprios electrões Arizona, 2001
22. O espaço entre as moléculas contém ar. Arizona, 2001
23. As moléculas dos sólidos são maiores e as dos gases são
menores.
Arizona, 2001
24. As moléculas dos sólidos são duras, as dos gases são moles. Arizona, 2001
25. As moléculas dos sólidos são cubos, as dos gases são
redondas
Arizona, 2001
26. As moléculas do vapor pesam menos do que as moléculas
dos sólidos (ex: vapor de água versus gelo) Arizona, 2001
27. As moléculas são entidades básicas, simples e indivisíveis. Arizona, 2001
28. As moléculas expandem quando aquecidas. Arizona, 2001
29. As moléculas estão coladas. Arizona, 2001
30. As ligações armazenam energia. Arizona, 2001
31. O núcleo do átomo atrai igualmente todos os electrões que se
encontram à sua volta Arizona, 2001
32. Quebrar ligações químicas liberta energia. Arizona, 2001
33. Formar ligações requer energia. Arizona, 2001
34. Pares iónicos como Na+ e Cl-, são moléculas Arizona, 2001
35. A ligação química é algo físico feito de matéria. Arizona, 2001
36. Os electrões sabem de que átomos provêm. Arizona, 2001
37. Os átomos sabem quem lhes deve um electrão Arizona, 2001
38. Os pares electrónicos são igualmente partilhados nas Arizona, 2001
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Mestrado em Química para o Ensino 59
Concepção alternativa Referência
ligações covalentes Arizona, 2001
39. As forças nas ligações covalentes e as forças
intermoleculares são similares Arizona, 2001
40. Não existe espaço entre as moléculas nos objectos sólidos. Arizona, 2001
41. A força que atrai os electrões da primeira camada seria muito
maior se as outras camadas fossem removidas Arizona, 2001
42. Os gases não são feitos de matéria nem possuem massa. Pardue
University, SD
43. As partículas que constituem os sólidos não possuem
movimento. Pardue
University, SD
44. As moléculas de água contêm diferente número de átomos. Arizona, 2001
45. O tamanho e a geometria das moléculas de água são
afectados pela temperatura. Arizona, 2001
46. Não existe espaço entre as moléculas de água no gelo. Arizona, 2001
47. Os pares electrónicos são compartilhados igualmente em
todas as ligações covalentes Arizona, 2001
48. Os átomos formam ligações para satisfazer a regra do octeto. Arizona, 2001
49. As ligações por forças de Van der Walls na realidade não são
ligações químicas, mas sim apenas forças. Arizona, 2001
50. A lei de Coulomb não se aplica no interior do átomo. Aplica-
se na física, mas não na química. Arizona, 2001
Tabela 1-8 – Algumas concepções alternativas.
Os professores têm como objectivo desenvolver estratégias significativas que
provoquem a mudança conceptual e, consequentemente, a aprendizagem. Segundo
Santos (1991), o professor pode adoptar diferentes métodos para identificar as
concepções alternativas: entrevistar alunos, assistir a discussões entre pares, ou até
projectar estudos empíricos para testar determinadas hipóteses relativas às concepções.
Ajudar os alunos a reconstruir o seu conhecimento é uma tarefa difícil e que requer muito
tempo e dedicação. Esta reconstrução pode ser, no entanto, extremamente motivadora e
aliciante para o professor. As próprias concepções alternativas que os alunos trazem
para a sala de aula podem ser desafiadoras e motivo de exploração.
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Mestrado em Química para o Ensino 60
1.2.4 Uso de modelos moleculares no ensino da química
Figura 1-41 – Modelos moleculares comerciais.
Alguns investigadores têm sugerido diferentes abordagens dos conceitos no
ensino da química, como adaptação de estratégias de ensino baseadas na integração de
actividades de laboratório nas aulas (Johnstone e Letton, 1990), uso de modelos
concretos (Copolo e Hounshell, 1995) e uso de tecnologias como ferramentas de
aprendizagem (Barnea e Dori, 1999); (Kozma, Russel,Jones, Marx e Davis, 1996). O uso
de modelos concretos juntamente com tecnologias como ferramentas de aprendizagem
parece promissor (Wu, Krajcik e Soloway, 2001).
Vários estudos têm indicado bons resultados de aprendizagem aquando da
utilização de modelos moleculares concretos como forma de visualização do modelo de
partículas e das transformações químicas associadas (Copolo e Hounshell, 1995; Gabel
e Sherwood, 1980). Este tipo de visualização é apontado como um dos mais utilizados na
actualidade, pois simplifica, ilustra e permite a exploração da estrutura e do processo
químico associado. No entanto esses modelos são rígidos e geralmente em quantidade
limitada, o que restringe o seu uso à representação de moléculas pequenas (Barnea e
Dori, 1999).
Figura 1-42 – Tabela periódica com convenção de cores para os átomos dos diferentes elementos [HARRISON, 2005-2007].
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Mestrado em Química para o Ensino 61
O uso de modelos, inicialmente, foi muito controvertido, mas ao longo da história é
inegável que esse procedimento contribuiu para o avanço da química como ciência, e
como importante ferramenta de ensino para esclarecer ideias ligadas ao espaço
tridimensional. Deve ficar claro, no entanto, que são meros modelos, ou seja,
representações de uma suposta realidade que, a qualquer momento, podem ser
modificados.
De acordo com Sutton (1970) e Petersen (1970), a construção de modelos
moleculares pode ser feita de várias formas e usando os mais variados materiais. A
Tabela 1-9 mostra comparativamente as vantagens e desvantagens de modelos
comerciais e de modelos alternativos que estão propostos na literatura (Lima e Neto,
1999).
Tipo Vantagens Desvantagens Referências
Comerciais Bons acabamentos,
ângulos correctos
Importados, caros,
limitado número de
peças, são específicos,
fácil desgaste,
configurações
espaciais restritas
-------
Bolas de isopor com
palitos
Acessível e versátil
com ampla e pronta
aplicação
Ocupa muito espaço e
é de fácil desgaste Schweikert (1975)
Palhinhas de bebidas Fácil aquisição, cores
variadas
Montagem definitiva,
frágil e muito leve Mak e al (1977)
Balões Acessível, cores
variadas
Definitivo, frágil e muito
leve Niac (1978)
Arame Fácil construção Difícil manuseio da
estrutura, uso restrito Mano (1979)
Bolas de isopor com
palhinhas, alfinetes e
arames
Versátil, ampla
aplicação em química,
acessível
Montagens definitivas,
difícil posicionamento
dos ângulos
Toma e al (1982)
Tabela 1-9 – Vantagens/desvantagens de modelos comerciais e alternativos propostos na literatura [Lima e Neto, 1999].
Os professores de química poderão construir de um modo prático e barato, os
seus modelos moleculares e incentivar os alunos a construírem também os seus próprios
conjuntos, objectivando desenvolver neles habilidade manual e criatividade, pois além de
auxiliar a aprendizagem por meio de ilustrações moleculares, é útil para mostrar a
química como uma ciência natural e não como uma abstracção (Lima e Neto, 1999).
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Figura 1-43 – Modelos moleculares construídos em plasticina, com diferentes tipos de ligação (simples, dupla e tripla).
Ao construir os seus próprios modelos moleculares, os docentes terão ainda a
vantagem de poderem fazer as adaptações que acharem necessárias para esclarecer
alguns pormenores da química, como por exemplo a diferença entre ligação de
hidrogénio ou ponte de hidrogénio (Figura 1-44).
Figura 1-44 – Ilustração da adaptação feita para mostrar a diferença entre ponte de hidrogénio e ligação de hidrogénio, [Lima e Neto, 1999].
Os professores poderão também adaptar os seus modelos de forma a poder
explicar melhor, por exemplo, a diferença entre a geometria adoptada pela molécula de
água, de amoníaco e de dióxido de carbono através da colocação dos pares electrónicos
não ligantes ligados ao átomo central (Figura 1-45). Este tipo de modelos foi por nós
desenvolvido e encontra-se disponível no site: http://www.mocho.pt/search/local.php?info=local/ciencia3d/quimica/bibmolec/plasticina.info.
Os alunos envolvidos neste estudo construíram também os seus próprios modelos
recorrendo aos mais variados materiais. Apresenta-se na Figura 1-46 a estrutura do
futeboleno realizada por duas alunas da escola E.B. 2, 3 de Viatodos. Esta e outras
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estruturas encontram-se disponíveis no recurso multimédia: “Moleculito”, por nós criado e
desenvolvido em virtude desta dissertação de mestrado.
Figura 1-45 – Diferentes geometrias adoptadas pelas moléculas (linear, piramidal e angular), devido à existência ou não de pares electrónicos não ligantes ligados ao átomo central.
O uso de modelos moleculares é simples e ajuda os alunos a desenvolver a
percepção do arranjo espacial das ligações químicas existentes entre os núcleos
atómicos que compõem uma molécula.
Os professores de química, ao construírem o seu conjunto de modelos
moleculares poderão adaptá-lo da forma como melhor lhes convier para melhorar a
aprendizagem e o sucesso dos seus alunos, pois estes apresentam inúmeras vantagens
relativamente aos modelos comerciais, nomeadamente o seu baixo custo e um número
suficiente de peças.
Figura 1-46 – Buckminsterfullereno (também conhecido por futeboleno) construído com palitos e bugalhos, pelas alunas Natália e Silvana do 9ºF da Escola E.B. 2, 3 de Viatodos.
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1.2.4.1 Modelos moleculares para invisuais
Figura 1-47 – Leitura de um texto em Braille por um invisual [NLB, 2006].
Desde sempre que a imagem é uma ferramenta da educação contribuindo para
uma aprendizagem mais eficaz. Com o recurso a imagens consegue-se mostrar aquilo de
que se fala. Num mundo onde a imagem reina mas onde o ensino permanece, na sua
globalidade, retórico, saber utilizar a imagem para fins educativos é uma boa forma de
captar a atenção dos alunos e melhorar a aprendizagem (Paiva et al, 2002).
Os cidadãos portadores de deficiência visual têm que ter acesso ao conhecimento
instituído para poder crescer em grau de escolaridade. Para que isso seja possível,
muitas decisões e atitudes deverão ser implementadas e revistas, entre as quais os
procedimentos de ensino que, além de recursos humanos, requerem o uso de materiais
didácticos adequados (Lourenço e Marzorati, 2003).
A perspectiva da inclusão exige o repensar das condições da prática docente e
das suas dimensões, bem como das suas repercussões na organização curricular e na
avaliação (Ribeiro e Baumel 2003).
Segundo Vasconcellos (1993), o canal visual é o mais importante para o homem,
tem um carácter abrangente e sintético e é, sem dúvida, o mais eficaz na transmissão
das ideias. Os demais sentidos: táctil, auditivo, olfactivo, e gustativo, são complementares.
A percepção do espaço e as relações espaciais são parte integrante da vida do homem e
dependem basicamente do sentido visual. O olho consiste no único canal de
comunicação da informação visual. A imagem espacial não pode ser transcrita e
comunicada pela linguagem convencional e por essa razão necessita uma linguagem
gráfica própria passível de ser percebida pelo tacto. Colocar o aprender em primeiro
plano é ter ferramentas de ensino adequadas como, por exemplo, o uso de modelos no
ensino da química, que permitam o emprego e desenvolvimento de habilidades
adequadas tais como: identificar, comparar, relacionar, interpretar e outras, importantes
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para que o aluno consiga atingir as competências pretendidas. É evidente que um aluno
cresce em actividade e dinamismo quando é submetido a uma variedade de situações
que consiga superar e, a partir delas, estabelecer novas relações (Lourenço e Marzorati,
2003). Quando são discutidas ideias relacionadas com o espaço tridimensional, é
perfeitamente justificável o uso de modelos espaciais com textura para o ensino da
química. No entanto, as nossas escolas não estão equipadas de forma a ajudar alunos
com diferentes dificuldades sensoriais!
Figura 1-48 – Modelos Moleculares para invisuais.
Em 2.2 é descrito o protótipo criado e desenvolvido e também dado a conhecer ao
leitor a secção do recurso multimédia onde é possível encontrar mais modelos
moleculares para invisuais, para além dos referidos nas Figura 1-48 e Figura 1-49.
Os modelos espaciais texturizados poderão ser imprescindíveis para o ensino de
conceitos ligados a ideias do espaço tridimensional. É fundamental o desenvolvimento de
novos materiais e metodologias, para o ensino de vários tópicos de química, para
portadores de deficiência visual. Infelizmente, e para prejuízo dos nossos alunos, ainda
se constata uma grande carência de estudos nessa área.
Figura 1-49 – Estrutura para invisuais, do cloreto de sódio, elaborada pelas alunas Juliana e Joana do 9º F da Escola E.B. 2, 3 de Viatodos.
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1.3 Metodologia da Investigação
1.3.1 A investigação-acção
“A Investigação-Acção é um processo continuo de acção e reflexão sistemática e de
desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes em que todos participam, investigando
as suas próprias práticas sociais para conhecê-las e melhorá-las.”
(Chagas, 2004)
A maioria dos autores vê em Kurt Lewin o criador da metodologia de investigação-
acção, já que os princípios orientadores que a caracterizam estariam já presentes no
artigo que o autor publica em 1946 no Journal Of Social Issues e intitulado Action-
Reserch and Minority Problems: o carácter participativo, o impulso democrático, e a
contribuição para a mudança social.
Kurt Lewin define o trabalho de investigação-acção como uma forma de
questionamento auto-reflexivo, levada a cabo pelos próprios participantes em
determinadas ocasiões, com a finalidade de melhorar a racionalidade e a justiça de
situações da própria prática social e educativa.
Figura 1-50 – Kurt Lewin [EN, 2007].
A investigação é uma atitude – uma perspectiva que as pessoas tomam face a
objectos ou actividades. Académicos e investigadores profissionais investigam aspectos
pelos quais nutrem interesse, formulam o objectivo do seu estudo, em forma de hipóteses
ou de questões a investigar. Na investigação-acção o investigador envolve-se
activamente na causa da investigação, recolhe informações sistemáticas com o objectivo
de promover mudanças sociais. Segundo Bogdan e Biklen (1994), toda a investigação-
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 67
acção tem o objectivo de precipitar a mudança relativa a um qualquer assunto particular,
sendo os próprios investigadores agentes de mudança.
O método de investigação-acção utilizado em investigação educacional é
considerado um método essencialmente qualitativo, no qual os investigadores tentam
conhecer os sujeitos como pessoas, trabalhando com grupos reais dentro de um contexto
habitual. Neste método o investigador interessa-se mais pelo processo de investigação
do que pelos resultados obtidos. Na investigação qualitativa a preocupação central não é
a de saber se os resultados são susceptíveis de generalização, mas sim a de que outros
contextos e sujeitos a eles podem ser generalizados. “A principal finalidade da
investigação-acção é a resolução de um dado problema para o qual não há soluções
baseadas na teoria previamente estabelecida” (Carmo e Ferreira, 1998).
Entende-se por investigação-acção um dispositivo onde os processos de
investigação e acção se produzem mutuamente, pelo que a investigação acompanha a
acção. Isto significa que à investigação estará sempre associada uma acção mais ou
menos imediata, sendo o plano de investigação levado a efeito, um plano flexível.
Nos últimos anos têm surgido amiúde na literatura referências a “novas” modalidades de
investigação-acção. Tal é o caso da Investigação Participativa (Goméz et al, 1996;
Simões e Vieira, 1997; Pérez Serrano, 1998), da Investigação Colaborativa, Investigação
Critica, Investigação Activa e ainda Projectos de Inovação (Cortesão, 1991; Ponte, 1999).
Pensa-se, contudo, que muito embora tratando-se de diferentes designações, a filosofia
de base e o objectivo central é o mesmo da investigação-acção clássica, ou seja, analisar
criticamente a realidade com o fim de a melhorar (Silva, 1990).
1.3.2 O Papel do investigador na Investigação-Acção
Na investigação-acção, o investigador envolve-se activamente na causa de
investigação e sem se esquecer das condicionantes que usualmente lhe são impostas:
ser neutro, objectivo, exterior e rigoroso. Há uma integração do conhecimento científico e
prático e o investigador não se posiciona exteriormente à investigação. A sua
investigação é incorporada e analisada como fenómeno pertencente ao campo de estudo.
Na investigação-acção, as problemáticas e as decisões relativas ao desenvolvimento da
investigação são fortemente partilhadas pelo investigador e os participantes no decorrer
dos trabalhos de intervenção (Ponte, 1994).
Na investigação-acção em educação, o professor, para além de assumir o papel
de investigador, assume também o de interveniente, na medida em que criou,
artificialmente, uma variável independente, que manipulará, de modo a obter o efeito
desejado. Os intervenientes, através de uma determinada estratégia de aprendizagem
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 68
(variável independente criada) procuram alterar o sucesso educativo dos alunos (variável
dependente).
O grande problema que pode surgir neste paradigma de investigação é a falta de
distanciamento que poderá existir em relação aos acontecimentos, distanciamento esse
necessário para colocar problemas, olhando para as coisas como se nunca as
tivéssemos visto. Pensamos que este problema pode ser superado com a análise
aprofundada das situações e da reflexão sobre elas.
1.3.3 Caracterização geral da metodologia de Investigação-Acção
De acordo com alguns autores (Simões, 1990 e Cortesão, 1998, por exemplo) as
características individualizadoras da investigação-acção podem sintetizar-se em apenas
cinco palavras: Situacional, Interventiva, Participativa, Cíclica e Auto-avaliativa.
Situacional, porque visa o diagnóstico e a solução de um problema encontrado
num contexto social específico;
Interventiva, porque não se limita a descrever um problema social (como em
muitos estudos qualitativos), mas a intervir: a acção tem de estar ligada à
mudança, é sempre uma acção deliberada;
Participativa, no sentido em que todos os intervenientes (e não só o investigador)
são co-executores na pesquisa, ou seja, é levada a cabo por um “investigador
colectivo” (Cortesão, 1998);
Cíclica, uma vez que a investigação envolve um conjunto de ciclos, nos quais as
descobertas iniciais geram possibilidades de mudança, que são então
implementadas como introdução do ciclo seguinte;
Auto-avaliativa, na medida em que as modificações vão sendo continuamente
avaliadas, com vista a produzir novos conhecimentos e a alterar a prática.
1.3.4 Fases da Investigação-Acção
Segundo vários autores (Bravo, 1992; Costa, 1991; Lessard-Hébert et al (1994), a
investigação-acção é um processo que se move numa permanente espiral em que teoria
e prática se mesclam e interligam permanentemente. A teoria e o conhecimento gerados
são de novo testados guiando as mudanças na praxis, uma vez que, para a investigação-
acção “…o resultado da investigação terá sempre um triplo objectivo: produzir
conhecimento, modificar a realidade e transformar os actores” (Simões, 1990).
Lessard-Hébert ilustra a ideia de ciclo em espiral com um esquema semelhante ao
representado na Figura 1-51 num permanente “…entrelaçar entre teoria e prática”
(Cortesão, 1998).
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 69
Figura 1-51 – Esquema metodológico de uma Investigação-Acção.
De acordo com Kemmis & McTaggart e Zubert-Skerritt, este processo cíclico pode
resumir-se a quatro passos:
1. Planeamento – organiza a acção e por definição deve antecipá-la. O
planeamento geral deve ser flexível para adaptar-se aos imprevistos.
2. Acção – consiste na colocação em prática da planificação feita e na
observação dos seus efeitos no contexto em que tem lugar; deve ser flexível e
estar aberta a mudanças.
3. Observação – tem a função de documentar os feitos da acção, proporcionando
uma base documental para a posterior reflexão. Uma observação cuidadosa é
necessária porque a acção se vê sempre recortada por limitações da realidade
e nem sempre se conhecerá antecipadamente a existência dessas limitações.
4. Reflexão – crítica e autocrítica sobre os resultados dos pontos anteriores e
tomadas de decisões para o próximo ciclo de investigação-acção, ou seja,
revisão do plano, seguido de acção, observação e reflexão.
Exploração e análise
da experiência
Enunciado do
problema investigação
Planificação do
projecto
Realização do
projecto
Apresentação e
análise resultados
Interpretação e
tomada de decisão
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 70
22 Construção e descrição do protótipo
“Penso 99 vezes e nada descubro, deixo de pensar, mergulho no silêncio…
E eis que a verdade se revela!”
Albert Einstein
2.1 Primeiras ideias
O recurso multimédia que se pretendeu testar com os alunos no âmbito desta tese
começou a ser idealizado no início do ano de 2006, tendo sido baseado na série
televisiva: “Era uma vez a vida”, onde o funcionamento do corpo humano era explicado
através dos minúsculos constituintes do nosso corpo “animados”, tais como: glóbulos
vermelhos, glóbulos brancos, entre outros.
Figura 2-1 – Série televisiva “Era uma vez a vida” [COUCOUCIRCUS, 2001].
Se perguntássemos nessa altura a uma criança qual a função dos glóbulos
brancos no nosso corpo, ela certamente saberia responder, mesmo nunca tendo falado
disso na escola. Na verdade esta série televisiva marcou jovens e crianças que ainda
hoje passados mais de vinte anos se recordam das maravilhas do corpo humano, que
aprenderam através dessa caixinha mágica que era naquela época a televisão. É fácil
também imaginarmos um mundo onde átomos e moléculas ganham vida, e onde se
conseguem explicar todos os acontecimentos que ocorrem, a uma escala invisível para
nós. Infelizmente, devido a várias limitações a vários níveis, não nos é permitido sonhar
tão alto, pelo menos no âmbito desta tese. Esperemos que fique a ideia, e que, um dia,
alguém com grande potencial informático a consiga realizar…
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 71
O Moleculito foi criado, acima de tudo, com o objectivo de aproximar as crianças e
os jovens desse nanomundo incrível que existe, mas que para muitos é de difícil
compreensão. Para a construção do recurso multimédia teve-se por base os conteúdos
programáticos do 8º e 9º ano sobre os átomos e sobre as moléculas. No 8º ano a
unidade onde se inserem estes conceitos é designada de “Reacções químicas”.
Discutem-se vários temas tais como: de que são feitas as coisas, estados físicos da
matéria, substâncias simples e compostas, modelos moleculares. Ao nível do 9º ano,
estes conceitos químicos inserem-se nas unidades “Estrutura atómica e molecular” e
“Ligação química e propriedades das substâncias”. Nestas unidades são desenvolvidos
diferentes temas tais como: a evolução dos modelos atómicos, as dimensões e a
constituição dos átomos, tipos de ligações covalentes, ligações polares e apolares,
polaridade das moléculas, geometria molecular e outros variadíssimos assuntos. Na
construção do Moleculito tentamos englobar todos estes temas, uma vez que o nosso
objectivo é cativar principalmente os alunos do ensino básico. Idealizado todo o recurso
multimédia, chegou o momento de ordenar as ideias e organiza-las no papel.
Imaginamos aquele que viria a ser o menu principal do recurso multimédia. As
personagens deveriam ser cativantes, engraçadas, e ao mesmo tempo importantes, no
nosso mundo. Os átomos escolhidos foram os seguintes: o hidrogénio, o azoto, o
carbono, o oxigénio, o hélio e o cloro. Na Figura 2-2 está representado o primeiro esboço,
a primeira ideia do que seria o menu principal do Moleculito.
Figura 2-2 – Esboço do menu principal do recurso multimédia.
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 72
Este seria o ponto de partida para uma diversidade de recursos, sendo um deles uma
paisagem animada, que nos conduzia até ao mundo dos átomos e das moléculas com
um simples “clique” no rato. Tentamos incluir nessa paisagem determinados elementos,
tais como, o sol, as nuvens, candeeiros, crianças com balões, árvores, reclames
luminosos, pessoas com máquinas fotográficas, entre muitos outros. A Figura 2-3,
conduz-nos a uma primeira ideia daquilo que seria a paisagem animada e as respectivas
ligações.
Figura 2-3 – Anteprojecto da animação do recurso multimédia.
O ideal seria conseguir dar a ideia de “zoom” até ao minúsculo mundo dos
corpúsculos constituintes da matéria, cada vez que clicassemos nos vários componentes
da paisagem. Mas infelizmente, devido às limitações de tempo e de conhecimentos em
programação, não foi possível ultrapassarmos esta “pequena” dificuldade. Com o passar
do tempo, surgiram novas ideias, e novos obstáculos. O tempo destinado para a
concretização de tantas ideias luminosas era praticamente impossível de cumprir.
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 73
2.2 Protótipo final
“O que não consigo criar, não consigo compreender!”
Richard Feynman (1918-1988)
O recurso multimédia “Moleculito” encontra-se on-line, estando disponível na
página http://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/cristiana/moleculito. Idealizamos para este
recurso um aspecto gráfico que fosse ao mesmo tempo atraente e apelativo para alunos
do ensino básico e para o público em geral. Na página inicial do site aparece um modelo
atómico animado do átomo de hidrogénio. Esse modelo apresenta um pequeno
movimento com a boca, dando a ideia de fala, ao mesmo tempo que se ouve uma voz
que apresenta o recurso multimédia. A página inicial foi construída em tons de azul e
apresenta ainda o nome do recurso digital na parte superior. É ainda enriquecida com
algumas esferas coloridas com um movimento desordenado semelhante ao movimento
dos pequenos corpúsculos que constituem a matéria. Possui dois botões, contendo um
deles o nome dos autores do recurso e o outro dando acesso ao menu principal.
Figura 2-4 – Página inicial do Moleculito.
No menu principal são apresentados seis modelos atómicos animados
representando os átomos de Oxigénio (modelo atómico vermelho), Hélio (modelo atómico
azul claro), Azoto (modelo atómico azul escuro), Cloro (modelo atómico verde),
Hidrogénio (modelo atómico branco) e Carbono (modelo atómico preto). Estes modelos
foram construídos obedecendo às cores que se convencionou utilizar mundialmente para
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 74
representar os átomos dos diferentes elementos, tendo também sempre presente os seus
respectivos tamanhos relativos.
Figura 2-5 – Menu principal do Moleculito.
A partir do menu principal, clicando nos modelos moleculares animados,
conseguimos aceder aos vários recursos do Moleculito. Escolhendo o modelo atómico
animado do oxigénio, é possível visualizar a animação do recurso.
Figura 2-6 – Página inicial da animação do Moleculito.
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 75
Esta animação consta de uma paisagem simples que nos permite perceber a
constituição do mundo material em termos de átomos e moléculas. Por exemplo na
Figura 2-7 é possível visualizar os corpúsculos (em movimento) constituintes do gás que
se encontra dentro dos balões.
Figura 2-7 – Átomos de hélio.
Através do modelo atómico do átomo de cloro é possível aceder ao Moleculivro
(Figura 2-8), um livro interactivo que contém inúmeros textos e imagens fabulosas sobre
vários temas relacionados, tais como, o microscópio electrónico de efeito de túnel, a
evolução dos modelos atómicos, as dimensões dos átomos e a sua constituição, os três
estados da matéria e muito mais. Para mover as páginas do livro basta clicar no canto
inferior de cada página, nos botões que se encontram da parte inferior do livro ou então
desfolhar normalmente as páginas com a ajuda do rato como se fosse um livro real.
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 76
Figura 2-8 – Moleculivro.
A partir do modelo atómico do átomo de hélio, é possível aceder a 12 vídeos
diferentes sobre construções de moléculas simples e estruturas atómicas (Figura 2-9).
Utilizando modelos atómicos comerciais foram realizados os vídeos com as montagens
das moléculas de hidrogénio, oxigénio, azoto, dióxido de carbono, amoníaco e as
estruturas do cloreto de sódio, grafite e diamante. Utilizando plasticina foram construídos
os modelos das moléculas de cloreto de hidrogénio, água, monóxido de carbono e
dióxido de enxofre. Na realização dos 12 vídeos participaram quatro alunas da Escola
E.B. 2,3 de Viatodos, do 9ºano de escolaridade. As alunas foram devidamente elucidadas
acerca da finalidade desses mesmos vídeos, tendo sido preenchido por parte dos
encarregados de educação uma autorização para a publicação dos vídeos na Internet no
site do Moleculito. Essa autorização encontra-se no anexo 10.
Na Figura 2-10 é possível visualizarmos o vídeo da construção da molécula de
água utilizando plasticina de diferentes cores e palhinhas para as ligações. Contém ainda
uma legenda com os vários tipos de ligações covalentes associados à cor das palhinhas.
Cada vídeo contém também um pequeno texto sobre cada uma das diferentes moléculas
ou estruturas atómicas.
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Mestrado em Química para o Ensino 77
Figura 2-9 – Vídeos do Moleculito.
Figura 2-10 – Vídeo da construção da molécula de água com plasticina e palhinhas.
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Mestrado em Química para o Ensino 78
Voltando novamente ao menu principal e clicando na molécula de azoto, podemos
visualizar a galeria de imagens do Moleculito. Nesta galeria é-nos possível aceder a
diferentes conjuntos de imagens, nomeadamente, modelos de vareta e bola, espaciais,
estereoscópicos, de plasticina (com e sem os pares de electrões não ligantes
representados), com balões, comerciais e ainda alguns efectuados com diferentes
materiais, sendo uma parte deles realizados por alunos do 9ºano da escola E.B. 2, 3 de
Viatodos. Para além dos modelos referidos anteriormente, é ainda dedicada uma
pequena secção a alunos invisuais, dando algumas ideias para construção de modelos
texturizados (ver Figura 1-48 e Figura 1-49), de forma a facilitar o ensino/aprendizagem
de professores/alunos.
Figura 2-11 – Galeria de imagens do Moleculito.
Voltando ao menu principal e clicando na molécula de carbono, é-nos possível
encontrar alguns links, relacionados com os átomos e as moléculas. Esta secção é ainda
enriquecida com uma breve descrição dos sites na parte inferior da página. Para aceder
aos vários links basta apenas clicar em cada uma das pequenas quadriculas, que têm
como imagem a primeira página de cada site.
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 79
Figura 2-12 – Página de links do Moleculito.
A última secção, e talvez uma das favoritas do nosso público-alvo, é a secção dos
jogos e passatempos. Nesta página encontramos quatro passatempos diferentes e dois
jogos. Em relação aos passatempos, denominamo-lo de Molecunas, Quem é quem?,
Molecuizzes e Crucigramas.
Figura 2-13 – Página de jogos e passatempos.
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 80
Optamos por distinguir os vários passatempos através de um fundo diferente, tal
como se pode ver na Figura 2-14.
O objectivo do passatempo “Molecunas” é tentar completar um texto descobrindo
as palavras que faltam nos espaços em branco, podendo ainda recorrer a algumas
ajudas.
No passatempo “Quem é quem?”, o objectivo é escolher de entre várias opções
qual está relacionada com determinada imagem ou símbolo.
Relativamente aos “Crucigramas” a finalidade é encontrar as palavras escondidas,
com a ajuda de uma pista, relacionando as quadrículas com o número de letras de cada
palavra.
Nas “Molecuizzes”, é colocada uma questão relacionada com os vários temas
tratados no Moleculito, tendo de escolher a resposta certa de entre várias opções.
Figura 2-14 – Passatempos do Moleculito.
Relativamente aos jogos, e apesar de serem apenas dois, constituem sem dúvida
uma das maiores atracções do nosso site, uma vez que os alunos conseguem divertir-se
aprendendo ao mesmo tempo. O jogo de pares contém imagens coloridas de moléculas
com a respectiva fórmula química. Neste jogo, o jogador tem como principal objectivo
encontrar duas moléculas iguais, agrupando-as aos pares. A brincar o aluno acaba por
relacionar o número de átomos constituintes da molécula com os índices utilizados nas
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 81
fórmulas moleculares, o que constitui uma das grandes dificuldades dos alunos do ensino
básico.
Figura 2-15 – Jogo da descoberta dos pares e sudokulito.
O Sudokulito4 é um jogo baseado no famoso Sudoku que tem como objectivo a
colocação lógica de números. No Sudoku habitual são colocados números de um a nove
em cada uma das células vazias numa grelha de 9×9, constituída por 3×3 sub grelhas
chamadas regiões. Este “puzzle” contém algumas pistas iniciais e cada coluna, linha e
região só pode ter um número de cada um dos 1 a 9. Os numerais nos jogos Sudoku são
usados por comodidade, sendo as relações aritméticas entre numerais absolutamente
irrelevantes. Qualquer combinação de símbolos distintos como letras, formas ou cores
podem ser usados no jogo sem alterar as regras. O jogo em causa é constituído por três
combinações de símbolos diferentes: gifs de átomos, modelos moleculares e fórmulas
químicas. De acordo com a dificuldade do jogo, o jogador, poderá ainda optar por três
níveis: fácil, intermédio e difícil. Existe ainda a possibilidade de escolher o estilo como se
distribuem os símbolos pelo “puzzle” seleccionando entre as opções: aleatório ou
geométrico.
Assim, o Sudokulito é um jogo fabuloso com grande potencial para cativar jovens,
crianças e também muitos adultos. Requer apenas raciocínio lógico e algum tempo
disponível.
4 Baseado em (Corradi, 2006) com autorização expressa do autor
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 82
33 Estudo de Campo
“Nada na vida deve ser receado. Tem apenas de ser compreendido!”
Marie Curie (1867-1934)
3.1 Metodologia utilizada
O estudo efectuado pretendeu dar resposta à seguinte hipótese de investigação: “O
recurso digital “Moleculito” será uma mais valia na aprendizagem dos átomos e das
moléculas?”
O recurso multimédia construído e apresentado anteriormente (capitulo 2) é o
protótipo final (protótipo 1) testado no âmbito desta tese. No entanto, e para a
concretização final deste recurso foi elaborado um protótipo inicial (protótipo 0) sujeito a
várias críticas, comentários e sugestões de várias pessoas, nomeadamente professores
de vários graus de ensino e de diferentes áreas curriculares, incluindo docentes que se
encontravam no presente ano a leccionar a disciplina de ciências físico-químicas. Foram
ainda questionados alguns jovens de várias escolas, sendo alguns deles alunos de 9ºano
da investigadora no ano transacto e que agora se encontram no 10ºano. No entanto, há a
salientar que muitas destas ideias provêm de meras conversas informais das quais não
possuímos quaisquer registos gravados, tendo apenas um pequeno bloco com anotações.
O protótipo final foi testado por vinte e cinco alunos do 9ºano, da Escola E.B. 2,3
de Viatodos (Figura 3-1) e por seis professores da disciplina de ciência físico-químicas.
Simultaneamente foi pedida uma breve opinião acerca deste mesmo protótipo a Ilídio
Martins, um especialista em programação e criador de inúmeros programas e simulações
sobre química, existentes em vários sites na Internet.
3.2 Caracterização geral dos sujeitos da investigação
Amostra de alunos
Os alunos de 9º ano da turma F da Escola E.B. 2, 3 de Viatodos, foram sujeitos
nas primeiras aulas a um inquérito elaborado pela docente com o objectivo de proceder à
caracterização da amostra de alunos deste estudo. Este inquérito encontra-se no anexo 1.
Perante as informações obtidas, foram elaborados vários gráficos que nos permitem
conhecer melhor a amostra de alunos que estão presentes neste estudo.
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 83
Figura 3-1 – Alunos do 9ºF da Escola E.B. 2, 3 de Viatodos.
Analisando o Gráfico 3-1 podemos verificar que a maior parte dos alunos tem
idades compreendidas entre os catorze e quinze anos. No entanto, da totalidade da
amostra quatro alunos têm dezasseis anos e três têm treze anos.
Idades
16%
36%
36%
12%
13 14 15 16
Gráfico 3-1 – Idades da amostra de alunos.
É possível observarmos através do Gráfico 3-2 que uma grande parte dos alunos
provém da freguesia de Chavão e de Grimancelos. Os restantes alunos provêm das
freguesias de Viatodos, Rio Covo, Minhotães, S. Miguel, Couto, Silveiros, Nine, e
Negreiros pertencendo todas estas freguesias ao Concelho de Barcelos, distrito de Braga.
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 84
Residência
36%
20%8%4%
8%
4%4%
8%4% 4%
Chavão Grimancelos Viatodos Rio Covo Minhotães
S. Miguel Couto Silveiros Nine Negreiros
Gráfico 3-2 – Freguesias a que pertencem os alunos da amostra.
No Gráfico 3-3 e Gráfico 3-4 encontram-se descriminadas as profissões dos pais
dos alunos. Após uma breve análise podemos concluir que a maior parte dos discentes
pertence a famílias com um nível económico baixo, estando inclusive três pais e duas
mães no desemprego. No que toca às profissões dos pais destacamos apenas que as
mais frequentes estão relacionadas com a construção civil: trolha e construtor civil.
Profissão do Pai
8%12%
8%
8%
16%8%8%
4%
12%
4%8% 4%
Pedreiro Desempregado Motorista ComercianteConstrutor Civil Agricultor Mecânico CarpinteiroTrolha Segurança Função Pública Camionista
Gráfico 3-3 – Profissão do pai dos alunos da amostra.
O leque de profissões das mães é bastante limitado variando apenas entre
costureira, operária têxtil e comerciante. A maior parte optou, no entanto, por ser
doméstica.
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 85
Profissão da Mãe
34%
33%
21%
4% 8%
Doméstica Costureira Op. Textil Comerciante Desempregada
Gráfico 3-4 – Profissão da mãe dos alunos da amostra.
Em relação às habilitações dos pais destes alunos a grande maioria, mais
precisamente treze pais, concluíram apenas o 4º ano, ou seja o 1º ciclo, seguidos de oito
pais com o 2º ciclo e apenas quatro pais com o ensino básico. Relativamente às mães, a
maioria concluiu apenas o 1º ciclo. Uma percentagem menor de mães relativamente aos
pais concluiu o 9º ano, ou seja, o ensino básico. Destaca-se ainda uma das mães dos
alunos da amostra relativamente às restantes, pelo facto de ter concluído o ensino
secundário.
Habilitações do pai
52%32%
16%
4ºano 6ºano 9ºano
Gráfico 3-5 – Habilitações dos pais dos alunos da amostra.
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Mestrado em Química para o Ensino 86
Habilitações da mãe
46%
42%
8% 4%
4ºano 6ºano 9ºano 12ºano
Gráfico 3-6 – Habilitações das mães dos alunos da amostra.
Também o número de retenções destes alunos foi uma das características
analisadas. Apenas nove alunos do universo global de vinte e cinco, não tiveram
qualquer retenção. Seis alunos já ficaram retidos pelo menos duas vezes e os restantes
alunos tiveram no seu percurso escolar uma única retenção.
Nº de Retenções
36%
40%
24%
Nenhuma retenção 9 Uma retenção 10 Duas retenções 6
Gráfico 3-7 – Retenções dos alunos da amostra no seu percurso escolar.
No que diz respeito às profissões desejadas, e conhecendo alguns dos
respectivos alunos, poderemos concluir que possivelmente estas profissões não
passarão de meras ilusões por parte destes, uma vez que alguns tencionam terminar o
seu percurso escolar no 9º ano. Salienta-se, no entanto, o facto de existirem também
bons alunos na turma que certamente conseguirão atingir os seus objectivos.
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 87
Profissões desejadas
4%16%
12%
4%8%4%8%8%
4%4%
4%
4%
20%
Enfermeira Médica Pediátrica Jogador de futebolMédica Cirurgiã Professora primária Professora surdo-mudosEducadora de Infância Estilista Técnico de InformáticaVeterinária Electromecânico JornalistaNão sabe
Gráfico 3-8 – Profissões desejadas pelos alunos da amostra.
Os aprendentes foram ainda questionados sobre as TIC e a sua utilização em
casa e na escola. A grande maioria possui computador em casa, tendo alguns deles
computador portátil. No entanto, na turma ainda existem sete alunos que não têm
computador. Dos alunos que possuem computador (18 alunos), apenas quatro têm
Internet (Gráficos 3-9). Todos os alunos que possuem computador responderam ainda a
uma questão sobre o que faziam quando estavam no seu PC (personal computer), tendo
a maioria respondido que costumava jogar (jogos) e numa percentagem um pouco menor
realizar trabalhos de escola e ouvir música. Ainda numa menor percentagem, viam filmes
e também pesquisavam sites na Internet. Deverá ter-se em atenção, contudo, que do
total de alunos apenas quatro possuía Internet em casa.
Tem computador?
72%
28%
Sim Não
Tem Internet?
22%
78%
Sim Não
Gráficos 3-9 – Alunos da amostra que possuem computador e Internet em casa.
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 88
O que faz no PC?
21%
37%21%
6%
15%
Trabalhos (Escola) Jogos Ouvir música Ver f ilmes Internet
Gráfico 3-10 – O que os alunos da mostra mais fazem no PC.
Em relação à Internet, todos os alunos responderam sobre o que mais fazem em
casa, na escola ou noutro local, quando navegam na grande “…teia mundial” (Paiva,
2004). A grande maioria respondeu que o que mais faz é visitar as páginas dos amigos e
a sua própria página no Hi5 e também conversar com os amigos através do Messenger.
Por sua vez, os alunos também utilizam bastante a Internet para pesquisa de
determinados assuntos discutidos na escola e sobre os quais os professores pedem a
realização de trabalhos escritos. Alguns utilizam a Internet para ouvir música e em menor
percentagem para pesquisar imagens, fazer downloads, ver vídeos.
O que faz na Internet?
25%
18%
15%7%
4%
27%
4%
Mesenger (chat) Pesquisar para trabalhos Ouvir músicaVer vídeos Pesquisar de imagens Hi5Dow nloads
Gráfico 3-11 – O que os alunos da amostra mais fazem na Internet.
De uma forma geral podemos concluir, pois, que se trata de uma amostra de nível
sócio-cultural baixo, que não representa necessariamente a realidade nacional.
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 89
Do conjunto total de alunos apenas cinco foram sujeitos a entrevista. Na Tabela
3-1 encontram-se compiladas as principais características destes alunos.
Alunos Sexo Idade
A1 Feminino 15
A2 Feminino 15
A3 Masculino 14
A4 Feminino 14
A5 Masculino 16
Tabela 3-1 – Características dos alunos sujeitos a entrevista.
O principal critério para a escolha dos discentes entrevistados foi essencialmente dar
prioridade aqueles alunos que apresentaram as ideias mais originais e criativas aquando
da exploração do recurso multimédia. Depois de explorado o recurso com a ajuda de um
roteiro de exploração, do qual falaremos mais à frente e que se encontra em anexo 2, foi
entregue uma folha de papel a cada aluno, com a finalidade destes sugerirem formas de
melhorar o Moleculito, destacando também os seus pontos fortes e fracos. Em virtude
das respostas obtidas optou-se por seleccionar cinco alunos que seriam posteriormente
sujeitos a entrevista, sendo dois do sexo masculino e três do sexo feminino.
Amostra de professores
A amostra de professores é constituída por seis docentes da disciplina de ciências
físico-químicas, sendo quatro do sexo feminino e dois do sexo masculino, com idades
compreendidas entre os vinte e sete e os quarenta anos de idade. Todos os professores
estavam empregados na data da realização da entrevista, à excepção de um (P5).
Professores Sexo Idade
P1 Feminino 27
P2 Feminino 30
P3 Feminino 35
P4 Feminino 35
P5 Masculino 28
P6 Masculino 40
Tabela 3-2 – Características dos professores sujeitos a entrevista.
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 90
3.3 Técnicas de Investigação e materiais utilizados
3.3.1 Inquérito para caracterização da amostra de alunos
Para proceder à caracterização dos sujeitos (alunos) da investigação, estes
preencheram um inquérito (anexo 1), constituído por várias partes: dados pessoais,
dados familiares, profissões desejadas, algumas questões relacionadas com o material
informático que os alunos possuem e sobre a sua atitude perante as novas tecnologias.
3.3.2 Roteiro de exploração
Figura 3-2 – Roteiro de exploração do Moleculito.
Existe uma grande necessidade de guiar minimamente os alunos na exploração
dos recursos digitais. Estamos perante uma geração a que muita gente dá o nome de
“Geração ZAP”. Esta expressão relaciona-se com o “zapping” frequente no visionamento
televisivo (Veen, 2001). Este dinamismo, por vezes, incontrolável dos nossos alunos e
que nós tão bem conhecemos através dos inúmeros sms que estes trocam entre eles,
leva, tal como vimos em (1.1.5), a que estes, perante a exploração de softwares
educativos não parem para pensar e reflectir sobre os conceitos neles desenvolvidos. De
facto, os alunos tendem a clicar aqui e ali, “…muitas vezes sem o rumo necessário e sem
apelos à reflexão, que permitem a construção do conhecimento e cimentam a
aprendizagem” (Paiva, 2005).
O roteiro de exploração construído para ajudar os alunos na exploração do
Moleculito, é um documento constituído por cinco páginas e entregue aos alunos em
papel. A organização deste documento é fruto de uma pesquisa rigorosa sobre os
roteiros de exploração. O roteiro foi estruturado tendo em conta a presença de vários
itens importantes, nomeadamente o nome do recurso multimédia, o endereço do site
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 91
onde se encontra esse mesmo recurso, os objectivos a desenvolver, alguns print-screens
de várias páginas do recurso digital e algumas questões de pesquisa. Essas questões
encontram-se identificadas, no roteiro, antecedidas do símbolo: Questões de pesquisa
O roteiro contém na totalidade vinte e oito questões de pesquisa, às quais os alunos
devem responder no mesmo documento. No final é proposta uma actividade lúdica, onde
estes se poderão divertir através de vários jogos e passatempos.
3.3.3 Entrevistas
Todos os professores e apenas cinco da totalidade de alunos do 9ºano foram
sujeitos a uma entrevista sobre o recurso multimédia criado. Os intervenientes foram
totalmente esclarecidos acerca dos objectivos do estudo efectuado, tendo sido avisados
atempadamente, do dia, da hora e do local de realização da entrevista.
Os guiões das entrevistas (anexos 3 e 4) foram elaborados de forma a propiciar um maior
à vontade aos intervenientes, escolhendo questões que levassem o entrevistado logo ao
tema de conversa. Para que o centro das atenções não fosse o registo das respostas,
mas sim o conteúdo da conversação, foi utilizado um gravador em todas as entrevistas
efectuadas. A entrevista é uma metodologia de pesquisa poderosa para recolha de
informação. Podemos considerar as entrevistas realizadas durante este trabalho como
semi-estruturadas, uma vez que as perguntas são previamente formuladas mas com
liberdade suficiente para alterar a sua ordem, de acordo com o entusiasmo do
entrevistado e das suas respostas. Não existe uma sequência rígida, dado que o
entrevistador vai seguindo as respostas que obtém, podendo surgir aspectos não
considerados à partida, podendo também clarificar o sentido das respostas dadas, ou
colocar questões que não estavam no plano prévio (Ribeiro, 2005).
3.3.4 Guiões de observação
3.3.4.1 Ambiente da aula de aplicação do Recurso digital
Os alunos foram informados, no início do ano lectivo, que iriam ser alvo de uma
investigação relacionada com um recurso multimédia que estava a ser desenvolvido, e
que no decorrer do ano teriam uma aula onde iriam explorar esse mesmo recurso.
Chegado o dia de exploração do Moleculito, sob orientação prévia, os discentes dirigiram-
se para a sala de informática onde habitualmente têm aulas de TIC. Ao entrarem na sala,
não conseguiram esconder uma certa agitação, entusiasmo e curiosidade em saber o
que se iria passar. Entregou-se o respectivo roteiro de exploração ao mesmo tempo que
se procedeu à explicação dos aspectos mais importantes da aula. Enquanto os alunos
observavam os roteiros, recolheram-se alguns dados sobre o ambiente vivido na sala, de
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acordo com o guião de observação (Anexo 8), sempre de forma cuidadosa para não
intimidar os alunos. No final da aula, foram ainda feitas algumas anotações no mesmo
guião de forma a não se perderem dados importantes:
Os alunos mostraram alguma dificuldade inicial, uma vez que tinham de
escrever o endereço do site onde se encontra o recurso digital. Alguns
chegaram mesmo a protestar pelo facto do endereço ser demasiado extenso e
complicado.
Quando finalmente os alunos conseguiram entrar no site, mostraram-se
surpreendidos, aquando da visualização da primeira página do recurso. Alguns
expressaram frases exclamativas, tais como: “Que giro!”…”Que engraçado!”…
À medida que os alunos correram a aplicação, solicitaram várias vezes ajuda,
no entanto, e apesar de se esclarecerem todas as dúvidas, tentou-se intervir o
menos possível. Muitas das dúvidas que surgiram estavam relacionadas com
os textos que os alunos tinham de ler, para responder às questões.
Verificaram-se dificuldades na leitura dos textos, por parte de alguns alunos.
Uma aluna chegou mesmo a referir que a informação deveria estar por tópicos,
de forma a facilitar a leitura.
Enquanto os alunos resolviam as questões do roteiro de exploração, anotavam
também as respostas a essas perguntas no próprio roteiro, nos espaços
destinados para o efeito.
Notou-se alguma competição entre vários grupos, esforçando-se por
responder ao máximo de perguntas, no menor tempo possível, não partilhando
as respostas às questões, e chegando mesmo a esconde-las.
Os alunos demonstraram uma enorme facilidade na exploração do site, não
tendo qualquer dúvida em pesquisar o recurso digital.
Um aluno chegou mesmo a dizer: “Stôra, os nossos testes deviam ser
assim…”
Os jogos e os passatempos foram o melhor momento da aula para a maior
parte dos alunos, dando preferência ao jogo de pares e ao sudokulito, ao invés
dos passatempos. No entanto, quatro alunos preferiram testar os seus
conhecimentos através do passatempo molecuizzes, demonstrando uma
grande satisfação sempre que acertavam as questões propostas.
Os alunos ficaram completamente alheios à passagem do tempo. A campainha
tocou e estes continuaram imóveis divertindo-se com o recurso multimédia.
No final da aula todos saíram com um ar bastante satisfeito, pedindo a
repetição de mais aulas do género.
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Mestrado em Química para o Ensino 93
3.3.4.2 Ambiente vivido durante as entrevistas
Neste estudo temos duas entrevistas, uma realizada aos alunos e outra realizada
aos professores, que poderão ser consideradas, tal como vimos anteriormente, como
entrevistas semi-estruturadas, orientadas a partir de um guião. Tal como refere Patton
(1987), o guião serve de garantia de que todos os tópicos relevantes serão abordados na
entrevista, permitindo que se possam explorar mais profundamente algumas questões de
acordo com o rumo do diálogo com o entrevistado. No entanto, e de acordo com Carmo e
Ferreira (1998), o guião não deve ser excessivamente abrangente para não criar uma
situação de sobre-informação. Previa-se que a entrevista fosse longa, cerca de uma hora,
pelo que foi necessário assegurar a disponibilidade de tempo das duas partes para que
fosse realizada numa única sessão. Como instrumento de registo utilizou-se a gravação
áudio tentando reduzir ao máximo a possibilidade de que os instrumentos embaraçassem
os entrevistados. Destas entrevistas foi realizada uma transcrição integral, sendo o
conteúdo transcrito sujeito a análise e colocado em anexo a esta dissertação (Anexo 6 e
Anexo 7).
Uma vez que os aspectos não discursivos também são muito importantes,
procurou-se registar logo após a sessão e atendendo ao guião de observação da
entrevista que se encontra no anexo 9, essencialmente as seguintes reacções no
comportamento dos entrevistados:
Alguns professores e alunos mostraram-se algo embaraçados no início da
entrevista.
A maior parte dos entrevistados reagiram à presença do gravador,
principalmente os alunos, tendo um deles perguntado, se era mesmo
necessário gravar a entrevista e se mais alguém ia ouvir essa mesma
entrevista.
Notou-se uma evolução no comportamento dos entrevistados à medida que a
entrevista decorreu. Inicialmente alguns encontravam-se ansiosos, tendo
ficado depois muito mais descontraídos.
Verificou-se uma reacção negativa (tristeza), por parte da aluna A2, quando
questionada sobre se esta possuía ou não computador em casa.
Constatou-se um grande entusiasmo de alguns alunos, em expor as
reformulações que fariam no Moleculito.
Os alunos mostraram uma grande maturidade, dada a sua idade, aquando da
realização da entrevista, empenhando-se o melhor possível.
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Mestrado em Química para o Ensino 94
3.4 Análise dos resultados
3.4.1 Análise das respostas aos roteiros de exploração
Os alunos envolvidos na investigação responderam às questões propostas no
roteiro dentro do prazo estipulado para exploração do recurso multimédia. Na Tabela 3-3
agrupou-se o número de alunos perante o tempo gasto na concretização dos roteiros.
Intervalo de tempo (min)
[45-55] [56-65] [66-75]
Nº de alunos 6 14 5
Tabela 3-3 – Tempo necessário na resolução do roteiro de exploração.
Relativamente às respostas dos alunos, optou-se por referir abaixo apenas os
resultados mais relevantes, uma vez que a análise completa se encontra em anexo a
esta monografia (Anexo 5).
Em relação à questão sobre qual o gás tóxico produzido na combustão da
gasolina e que se liberta no fumo dos veículos automóveis, vinte e quatro alunos
responderam que o gás que se liberta é o monóxido de carbono. No entanto, um aluno
referiu que o gás que se liberta na combustão é o dióxido de carbono.
Quando questionados sobre o nome do cientista que propôs o primeiro modelo
atómico, vinte e quatro alunos responderam John Dalton. No entanto, um aluno
respondeu incorrectamente Richard Feynman.
No que se refere ao número de pares ligantes e de pares não ligantes ligados ao
átomo central na molécula da água, todos os alunos foram unânimes em dizer que
existem dois pares de electrões ligantes e dois pares de electrões não ligantes.
Em relação ao nome do aparelho que permitiu pela primeira vez visualizar os
átomos, dezanove alunos responderam Microscópio de varrimento por efeito túnel/
Scanning Tunneling Microscope, cinco alunos responderam simplesmente Microscópio e
um aluno respondeu Telescópio.
Vinte e dois alunos responderam correctamente porque é que os átomos são
neutros. Os restantes alunos não responderam.
Em relação ao tipo de ligação existente na molécula de monóxido de carbono,
dezasseis alunos responderam ligação covalente tripla, quatro responderam ligação
covalente dupla, dois responderam ligação covalente simples, dois responderam ligação
linear e um aluno não respondeu.
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Em relação aos átomos que constituem a molécula de cloreto de hidrogénio, vinte
e um alunos referiram o cloro e o hidrogénio, três alunos referiram somente o cloro e um
aluno referiu unicamente o hidrogénio.
3.4.2 Análise das entrevistas aos alunos
Uma das primeiras questões teve como objectivo averiguar se os alunos
entrevistados utilizavam as tecnologias de informação e comunicação no seu dia-a-dia. A
esta questão todos os alunos responderam positivamente. Salienta-se apenas a resposta
da única aluna que não possui computador (dos cinco alunos entrevistados), tendo
respondido “Sempre que posso…”, à questão mencionada anteriormente. De seguida, os
entrevistados foram questionados sobre o equipamento informático que possuíam nas
suas habitações. Como já referido anteriormente, apenas uma aluna não possuía
computador e dois alunos não possuíam ligação à Internet. O restante equipamento
informático dos entrevistados encontra-se referido na Tabela 3-4.
Equipamento Informático
Frequência (Total = 25)
(Média = 5)
Percentagem (%)
Computador 4 16
Impressora 2 8
Gravador de CD’s 3 12
Gravador de DVD’s 3 12
Web camera 2 8
Modem Internet 3 12
Pen 1 4
Fax 1 4
Microfone 1 4
Scanner 2 8
Impressora multifunções 2 8
Não tem 1 4
Tabela 3-4 – Equipamento informático dos alunos entrevistados.
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Relativamente à questão sobre o uso que os alunos dão aos computadores, todos
foram unânimes em referir a realização de trabalhos para a escola. No entanto, notou-se
pelas atitudes de alguns entrevistados e pelo seu tom de voz que não era aquilo que
mais gostavam, fazendo-o mais como uma obrigação.
Apesar de ocuparem o segundo lugar, os jogos são considerados por muitos, o
passatempo favorito quando se encontram no computador, seguido do MSN Messenger
(chat de conversação). Com igual frequência encontra-se o Hi5 (site da Internet que
contem páginas pessoais dos alunos, amigos, conhecidos e não só) e a pesquisa de
diversos sites. No entanto, não nos podemos esquecer que dos cinco alunos, apenas três
têm Internet e um não tem computador, o que poderá influenciar as suas escolhas.
Preferências Frequência (Total = 19)
(Média = 3,8)
Percentagem (%)
MSN messenger 3 15,8
Hi5 2 10,5
You tube 1 5,3
Digitalizar 1 5,3
Trabalhos 5 26,3
Jogos 4 21,1
E-mail 1 5,3
Sites diversos 2 10,5
Tabela 3-5 – Preferências dos alunos entrevistados relativamente ao que costumam fazer no computador.
Relativamente ao tempo que os alunos entrevistados passam no computador,
verificou-se que a aluna A2 passa apenas uma hora e meia por semana, uma vez que
não possui computador em casa; o aluno A1 refere…”umas doze horas ou mais”; o aluno
A3 “…talvez umas três ou quatro horas por semana”; o aluno A4 “…sete ou oito horas por
semana” e por fim o aluno A5 que refere que se incluir os fins-de-semana serão no total
quinze horas. Feita uma análise das respostas obtidas facilmente se conclui que os que
possuem Internet passam um maior número de horas no computador do que os restantes.
O motivo mais apontado como sendo a razão dos professores não utilizarem as
tecnologias de informação e comunicação, é segundo os alunos o seu comportamento
durante estas aulas, alegando uma maior distracção. Salienta-se, no entanto, o facto
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 97
desta turma, no geral, apresentar algumas lacunas em termos de regras de
comportamento e atitudes, sendo considerada uma turma bastante problemática, e daí
talvez as suas conclusões. Foram ainda referidos muitos outros aspectos,
nomeadamente, o facto de existirem poucos computadores na escola, a preocupação dos
professores cada vez mais pressionados em cumprir os currículos, a insegurança de
alguns professores na utilização das TIC, segundo o aluno A5 “…Ficam um pouco
atrapalhados em situações por vezes fáceis de resolver” e também o simples motivo de
alguns não gostarem de utilizar as TIC nas suas aulas. Foram ainda referidos alguns
motivos um pouco exagerados tais como a poupança de electricidade e também o facto
dos professores evitarem utilizar a Internet uma vez que teriam que pagar cada vez que
necessitassem de o fazer.
Motivos Frequência
(Total = 8)
(Média = 1,6)
Percentagem (%)
Poucos computadores 1 12,5
Poupança de electricidade 1 12,5
Professores pagam Internet 1 12,5
Não gostam 1 12,5
Comportamento 2 25
Incumprimento programa 1 12,5
Insegurança professores 1 12,5
Tabela 3-6 – Motivos que levam os professores à não utilização das TIC.
Todos os alunos entrevistados são unânimes em afirmar que o roteiro entregue
pela professora no início da aula, os ajudou a explorar o Moleculito. De acordo com o
aluno A5 “…até se tornou mais engraçado…porque tínhamos de encontrar as respostas
a todas aquelas perguntas…tínhamos um objectivo…senão, acho que íamos acabar por
andar a clicar aqui e ali…”. Considerando a avaliação feita pelos alunos acerca do
Moleculito, todos gostaram do recurso, tendo referido ao longo das entrevistas os
aspectos que mereceram alguma crítica negativa e positiva (ver Tabela 3-15). Alguns
alunos elogiaram a variedade, a originalidade e sobretudo a organização do Moleculito,
considerando este recurso “…diferente de tudo aquilo que costumam ver…relacionado
com a escola!” (A4), na opinião do aluno A3 este site “…ajuda os alunos a estudar, ao
mesmo tempo que se divertem”. Os recursos do Moleculito que são alvo de preferência
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dos alunos são sem dúvida os jogos, seguindo-se os vídeos e por fim com a mesma
percentagem a animação, os passatempos e o livro (Tabela 3-7).
Foram ainda apontadas ao longo das entrevistas algumas críticas feitas pelos
alunos e propostas de melhoria do recurso. De entre essas sugestões destacam-se com
uma maior percentagem o facto do Moleculito conter textos demasiado extensos, o que
poderá provocar nos alunos (ensino básico) alguma desorientação e desmotivação, uma
vez que nestas idades os alunos ainda recusam este tipo de informação, abandonando-a
em prol de imagens coloridas e animadas. Ainda com a mesma percentagem foi referido
por dois alunos o facto do Moleculito possuir um endereço de Internet demasiado extenso
e confuso, o que leva a uma difícil adesão por parte do público-alvo, considerando-o
difícil de decorar.
Recursos Frequência
(Total = 9)
(Média = 1,8)
Percentagem (%)
Jogos 4 44,4
Animação 1 11,1
Vídeos 2 22,2
Passatempos 1 11,1
Livro 1 11,1
Tabela 3-7 – Recursos do Moleculito preferidos dos alunos.
De acordo com a aluna A1 “…a animação…devia ter melhores gráficos…aquela
sensação de 3D”. Em relação ao aluno A5 é da opinião que a animação está um pouco
infantil tendo ainda referido que as vozes dos átomos deveriam ser mais parecidas com
os alunos do ensino básico, considerando-as também demasiado infantis. Acrescentou
ainda a sugestão de alterar a paisagem para uma paisagem real, o mesmo acontecendo
com as personagens.
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Aspectos mencionados Frequência (Total = 12)
(Média = 2,4)
Percentagem (%)
Informação 2 16,7
Vozes 1 8,3
Endereço 2 16,7
Música 1 8,3
Gráficos 1 8,3
Comentários/Fórum 1 8,3
Tamanho da letra 1 8,3
Contador de visitas 1 8,3
Aparecimento dos átomos 1 8,3
Paisagem e personagens 1 8,3
Tabela 3-8 – Alterações e melhorias ao recurso digital.
Este mesmo aluno alertou também para o facto de os átomos animados
aparecerem apenas no início do recurso, devendo acompanhar os visitantes ao longo de
toda a pesquisa pelo Moleculito. Na opinião do aluno A4, um fórum seria algo importante
para poder comentar o recurso multimédia. Acrescentou como sugestão colocar um
contador no site para poder ter acesso ao número de visitantes, referiu o facto da letra
ser demasiado pequena em alguns textos e também que não gostou muito da música de
fundo dos vídeos.
3.4.3 Análise das entrevistas aos professores
Uma das primeiras questões colocada aos professores entrevistados tinha como
objectivo averiguar se estes costumam utilizar as tecnologias de informação e
comunicação nas suas aulas. Todos os professores responderam afirmativamente, à
excepção da professora P3 que respondeu: “…só nas aulas de substituição.”.
Utilização das TIC Total Percentagem
(%)
Sim 5 83,3
Não 1 16,7
Tabela 3-9 – Utilização das TIC na sala de aula pelos professores.
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Mestrado em Química para o Ensino 100
Apesar de haver uma adesão em massa por parte destes professores às novas
tecnologias de informação e comunicação, acreditamos no entanto, que esta não será a
verdadeira realidade nacional, uma vez que ainda existem nas nossas escolas muitos
professores que se recusam afincadamente a utilizar os computadores, quer por receio
ignorância ou teimosia. Muitos professores, que dizem utilizar as TIC nas suas aulas,
fazem-no de um modo menos atractivo para os alunos. Tal como vimos anteriormente
(1.1.2), “…a incorporação dos computadores na educação não pode ser mera repetição
das aulas tradicionais…” (Pretto, 2000). Verifica-se constantemente que uma elevada
percentagem dos professores que se dizem apologistas das TIC por vezes utilizam o
computador para mostrar um “powerpoint” sobre determinados conteúdos tal como
mostram um acetato. Apesar de o fazerem “…com toda a tecnologia do século XXI …os
alunos continuam sentados, passivos a aprender como faziam no século XIX…” ou, dito
de outra forma “… com as “novas” tecnologias ao serviço das “velhas” pedagogias.”
(Rodrigues, 2005).
Quando questionados sobre a utilização da Internet nas suas aulas, os
professores responderam positivamente, à excepção da professora P3, que referiu já ter
pensado em utilizar, mas que nunca o fez, limitando-se apenas a informar os alunos dos
endereços de alguns sites interessantes para estes pesquisarem em casa ou na escola.
De acordo com os temas de química que os professores entrevistados costumam
ensinar utilizando a Internet, foi elaborado uma tabela (Tabela 3-10) onde se encontram
especificados todos esses conteúdos. Note-se que apenas um dos professores (P6)
utilizou a Internet para ensinar os átomos e as moléculas, e fê-lo uma única vez.
Conteúdos Frequência
(Total = 9)
(Média = 1,5)
Percentagem (%)
Ácido-base 2 22,2
Oxidação-redução 1 11,1
Equilíbrio químico 1 11,1
Solubilidade 1 11,1
Tabela periódica 1 11,1
Iões 1 11,1
Átomos/Moléculas 1 11,1
Nenhum 1 11,1
Tabela 3-10 – Utilização da Internet no ensino de conteúdos de química.
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Quando questionados sobre os recursos que costumam utilizar nas suas aulas
quando leccionam os temas relacionados com os átomos ou moléculas, os docentes
entrevistados referiram vários, que se encontram resumidos na Tabela 3-11. Como seria
de esperar, os modelos atómicos são os mais utilizados, uma vez que nos dão uma
fabulosa percepção espacial da forma como se encontram ligados os átomos numa
molécula. De seguida, os professores escolheram como recurso “o poder da imagem”
(livros, acetatos ou powerpoint), uma vez que “…com o recurso a imagens consegue-se
mostrar aquilo de que se fala!” (Paiva e al). Note-se no entanto que nenhum dos
docentes referiu qualquer material informático, dada a escassez de recursos nesta área.
Recursos Frequência (Total =14)
(Média = 2,3)
Percentagem (%)
Modelos atómicos 5 35,7
Acetatos 3 21,4
Esquemas no quadro 3 21,4
Imagens do livro 1 7,1
Powerpoint 2 14,3
Tabela 3-11 – Recursos utilizados no Ensino dos átomos e das moléculas.
Foram questionados os docentes acerca do protótipo explorado, tendo referido
que gostaram muito do recurso. Quando se pediu a opinião sobre o local mais provável
para os alunos explorarem o Moleculito (casa ou sala de aula) a maioria dos professores
referiu que este recurso multimédia poderá ser mais utilizado na escola. Os resultados
encontram-se na Tabela 3-11.
Utilização do recurso Frequência Percentagem
(%)
Em casa 4 66,7
Na escola 5 83,3
Figura 3-3 – Local preferido para utilização do recurso multimédia.
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Foi pedida a opinião aos docentes entrevistados sobre a que faixa etária o
Moleculito estará mais direccionado. Todos os professores referiram que este recurso
está adequado aos alunos do ensino básico. Em menor percentagem, mais propriamente
cinco dos seis professores acha que o Moleculito poderia ser utilizado por alunos do
ensino secundário. O professor P3 é da opinião que este recurso não poderá ser utilizado
por alunos do ensino secundário uma vez que a abordagem dos conceitos é demasiado
infantil. Na opinião do professor P5, o recurso poderá ser utilizado por alunos mais velhos,
mas deverá sofrer algumas reformulações.
Faixa etária Frequência Percentagem
(%)
Ensino básico 6 100
Secundário 5 83,3
1º e 2ºciclo 3 50
Tabela 3-12 – Faixa etária dos alunos utilizadores do Moleculito.
Apenas metade dos professores afirmam que este site poderá ser usado por
alunos do ensino primário ou do segundo ciclo. Na opinião dos professores P1 e P4, os
conceitos são demasiado abstractos para alunos mais novos, uma vez que estes
conceitos são só abordados no 3º ciclo. O professor P5 é da opinião que “…com algumas
alterações, poderia até ser utilizado por alunos mais velhos e também mais novos (…) o
recurso deveria ter várias secções dependendo da maturidade dos alunos!”. Todos os
professores, à excepção do professor P1, sugeriram algumas transformações que fariam
no protótipo em estudo de forma a poder melhorá-lo. Na Tabela 3-13 estão referidas
algumas dessas alterações. Salienta-se que a modificação que um maior número de
professores faria seria melhorar as vozes dos átomos. A professora P2, chega mesmo a
referir que estas se tornam um pouco irritantes. Na opinião de P3 são demasiado infantis
e “…os miúdos de uma certa idade rejeitam tudo o que lhes parece infantil!”. No entanto,
as opiniões divergem chegando mesmo a ser contraditórias. Segundo a professora P4,
“…as vozes utilizadas são muito, muito queridas!” Estes resultados tão divergentes,
certamente são explicados pelas relações afectivas que as entrevistadas mantêm
actualmente com crianças de tenra idade. Não quer dizer que seja este o motivo de
opiniões tão diferentes, no entanto, poderá ser uma das causas. A professora P4 foi mãe
à pouco tempo, enquanto as restantes professoras não têm filhos, podendo este ser o
motivo da professora P4 se sentir atraída por tudo aquilo que seja mais infantil.
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Mestrado em Química para o Ensino 103
Em relação à informação que contém o protótipo, na opinião da professora P2
“…a quantidade de texto pode ser um factor negativo para os alunos, uma vez que
nestas idades eles ainda apresentam “preguiça” na leitura. Segundo P6, “…a primeira
página poderia ter mais informações além da apresentação do site e na animação,
poderia ter mais informação para os alunos saberem onde e porquê clicar!”. A professora
P2 refere-se à quantidade de texto existente no livro e também nos textos que se
encontram na animação relacionados com a constituição do mundo material. O professor
P6, pelo contrário, menciona a falta de informação na primeira página do protótipo e
também na primeira página da animação, sugerindo uma chamada de atenção para os
alunos saberem como proceder nesta parte do protótipo.
Aspectos mencionados Frequência
(Total =9)
(Média = 1,5)
Percentagem (%)
Tamanho da letra 1 11,1
Voz dos átomos 3 33,3
Quantidade de informação 2 22,2
Demonstrações 1 11,1
Livro versus quizzes 1 11,1
Galeria de imagens versus
formulas estrutura 1 11,1
Tabela 3-13 – Alterações e melhorias ao recurso digital.
Alguns docentes propuseram ainda várias alterações ao protótipo. O professor P2,
sugere que o tamanho da letra deveria ser maior. O professor P5 refere que algumas
demonstrações deveriam ser melhoradas, uma vez que “…havia algumas situações em
que se desviássemos um pouco o rato a animação deixava de dar” e o professor P6 é da
opinião que no final do livro, poderia ser colocada uma quiz para os alunos responderem.
Este último, refere ainda que na galeria de imagens poderiam ser colocadas também as
fórmulas de estrutura associadas.
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 104
3.4.4 Análise do mail enviado pelo especialista em programação
Analisando o mail enviado pelo especialista em programação5 e programador de
inúmeras simulações sobre química (ver anexo 11), foi feita uma recolha dos pontos
fortes e fracos referidos por este relativamente ao protótipo desenvolvido.
O programador refere que gostou do aspecto global do recurso multimédia e que
está bem talhado para a audiência a que se destina. Tece várias críticas positivas ao
recurso salientando apenas dois aspectos negativos e que poderiam ser melhorados,
nomeadamente o tamanho da letra dos textos e a forma de virar as páginas do livro. Na
Tabela 3-14 encontram-se resumidos os aspectos positivos e negativos mencionados
pelo especialista em programação (EP) no mail enviado.
Aspectos mencionados Positivos Negativos
Aspecto Global ----
Página inicial ----
Vídeos ----
Livro Tamanho Textos ----
Jogos ----
Tabela 3-14 – Aspectos positivos e negativos mencionados pelo especialista em programação.
3.4.5 Análise dos pontos fortes e fracos segundo os vários entrevistados
Depois de feita uma vasta análise sobre as opiniões obtidas através dos
diferentes métodos de recolha, optou-se por resumir os pontos fortes e fracos do protótipo
final (protótipo 1), segundo a visão dos vários entrevistados. A Tabela 3-15 resume os
aspectos mais importantes referidos por cada sujeito questionado.
5 Engenheiro Informático
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Mestrado em Química para o Ensino 105
Pontos Fortes Pontos fracos
P1: “… Está muito diversificado…”
P2: “…os vídeos da construção dos
modelos moleculares que depois podem
ser recriados na sala de aula pelos
próprios alunos.”
P3: “…tem uma série de actividades que
os miúdos gostam de fazer e que só
podem ser feitas utilizando este recurso,
como os jogos e as pesquisas.”
P4: “…vem acrescentar um carácter
lúdico e mais estimulante a conteúdos
que nem sempre podem despertar
interesse imediato nos alunos.”
P4: “…Gostei muito da conjugação e
harmonia dos vários recursos multimédia
utilizados, nomeadamente das vozes…”
P4: “…das cores utilizadas, e do rigor e
objectividade com que os conteúdos são
tratados.”
P2: “…A voz do cloro está muito boa…
parece-se com a voz de um aluno do
ensino básico.”
P2: “…Gostei especialmente da parte da
animação.”
P5: “Gostei especialmente do aspecto e
da informação que contém.”
P6: “…Este recurso permite um ensino
mais dinâmico e participativo,
possibilitando uma diversificação das
estratégias de ensino/aprendizagem….e
vai ao encontro das necessidades e dos
gostos dos alunos!”
A1: “…tudo me surpreendeu…A forma
como o programa está organizado…os
átomos do menu principal…os jogos…”
P2: “…a quantidade de texto pode ser
um factor negativo…nestas idades eles
ainda apresentam “preguiça” na leitura.
P2: “A voz dos átomos, são um pouco
“irritantes”. “
P2: “…o tamanho da letra…deveria ser
um pouco maior…”
P3: “As vozes dos bonecos, pois acho-as
demasiado infantis e os miúdos de uma
certa idade (3º ciclo) rejeitam tudo aquilo
que lhes parece infantil.”
P5: “As vozes…Acho que poderiam ser
melhoradas!”
P5: “…a sensibilidade do rato durante as
demonstrações.”
P5: “…o recurso poderia ter várias
secções dependendo da maturidade dos
alunos!”
P6: “…a primeira página poderia ter
outras informações além da
apresentação do site…penso que
enriqueceria o Moleculito!”
P6: “…A animação poderia ter mais
informação para os alunos saberem onde
e porquê clicar!”
A1: “em algumas partes, havia muito
texto…e tornava-se um pouco seca!!!”
A2: “…A única coisa que não gostei foi o
endereço porque é muito comprido e
difícil de decorar…”
A3: “…a parte da informação…acho que
deveria estar por tópicos…era muito
texto…”
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 106
Tabela 3-15 - Pontos fortes e pontos fracos do recurso multimédia.
Pontos Fortes Pontos fracos
A3: “…gostei especialmente daqueles
que colocavam questões…e depois
tínhamos de escolher uma opção…não
me lembro do nome…”
A3: “se não soubermos alguma coisa e
errarmos, na correcção memorizamos e
então ajuda-nos a estudar ao mesmo
tempo que nos divertimos…”
A5: “… Gostei especialmente do
livro…estava muito porreiro…e adorei
virar as páginas…era mesmo fixe…”
A2: “… Os jogos estão muito giros…e o
site também…”
A5: “A informação está bem
organizada…foi fácil encontrar as
respostas às perguntas…”
A4: “A forma como o programa está
organizado…Gostei da variedade e da
originalidade…”
A4: “O site na totalidade…está muito
engraçado…é diferente de tudo aquilo
que costumamos ver… relacionado com
a Escola…
EP:” Gostei do aspecto global e, sem
dúvida, está mesmo talhado para a
audiência a que se destina.”
EP: “Nestas alturas eu gostaria
de ser criança para ter a possibilidade de
aprender com este tipo de
ferramentas…é realmente fantástico para
uma criança aprender.”
EP: “…um excelente trabalho e com
potencial para melhorar ainda mais!”
A5:“…Acho que está um pouco
infantil…principalmente a parte da
animação…”
A5: “…acho que não eram necessários
tantos bonecos…”
A5: “…talvez ficasse melhor uma
paisagem verdadeira… os bonequinhos
deveriam ser mesmo pessoas…isso
torna o site muito infantil…”
A5: “…talvez lhes modificasse as
vozes…Mais parecidas com pessoal da
nossa idade…”
A1: “…a animação…devia ter melhores
gráficos… Aquela sensação de 3D…”
A4: “…só não gostei muito da música de
alguns (vídeos) …”
EP: “O livro…o único problema é que a
forma de passar as páginas é que podia
ser mais prática.”
EP: “…parece que os textos ficam
demasiado pequenos num ecrã mais
pequeno ou numa resolução pequena.”
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 107
44 Nova versão do protótipo (Protótipo 2)
4.1 Protótipo final (nova versão)
“Não sou do tamanho da minha altura
Mas da estatura daquilo que posso ser…”
Fernando Pessoa
Depois de feita uma extensa análise sobre os vários elementos de avaliação do
protótipo final (protótipo 1), foi criada uma nova versão do protótipo (protótipo 2) com
algumas das alterações referidas pelos docentes e alunos entrevistados e também pelo
especialista em programação.
De entre as alterações feitas destacam-se:
A inserção de um contador de visitas na página principal do site.
O melhoramento da página inicial, com a introdução de links de acesso
aos vários recursos do Moleculito.
Figura 4-1 – Nova página inicial do Moleculito.
A colocação na página inicial da animação, de uma chamada de atenção,
para que os alunos saibam onde devem clicar.
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 108
Figura 4-2 – Página inicial da animação alterada.
A ocultação dos textos mais extensos, e a criação de textos mais
resumidos, para que os alunos não se percam na leitura. Podendo estes
aceder sempre que quiserem, à totalidade da informação, bastando para
isso clicar no botão que diz: “Para saber mais…”.
Figura 4-3 – Ocultação dos textos informativos mais extensos e criação de textos mais resumidos.
O aumento do tamanho da letra dos textos informativos.
A forma de virar as páginas no livro e a colocação de novos botões que
permitem uma consulta mais facilitada.
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Mestrado em Química para o Ensino 109
Figura 4-4 – Alterações para melhoramento do Moleculivro.
A criação de um novo endereço para o recurso multimédia, sendo este
mais fácil de decorar por parte dos alunos, e assim de aceder. Sendo o
novo endereço: “www.moleculito.com.sapo.pt”.
Para além das alterações feitas de forma a melhorar o recurso multimédia, destaca-
se ainda o facto de já ser possível encontrar este recurso através de alguns motores de
busca da Internet, tal como o Google.
Figura 4-5 – Pesquisa do site através de um motor de busca (Google).
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 110
4.2 Nova avaliação do recurso por parte dos alunos
A nova versão do recurso multimédia foi aplicada aos alunos, mas desta vez
utilizando somente uma parte da amostra. Ao invés de vinte e cinco foram apenas
utilizados os cinco alunos anteriormente entrevistados, uma vez que esta nova aplicação
do recurso foi feita durante uma hora de “clube da ciência” e não na própria aula, devido
a alguns atrasos no cumprimento do programa. Depois de analisarem novamente o
Moleculito, os alunos foram unânimes em afirmar que este estava muito melhor. Na
Tabela 4-1 encontram-se referidos alguns dos seus comentários:
Aspectos positivos Aspectos negativos
A1: “Eu já gostei muito da primeira
versão…Mas esta está muito melhor!!!”
A1: “Achei que a construção das páginas-
resumo, foi uma boa opção…uma vez que
os textos estavam muito grandes!”
A2: “Fez bem em alterar o endereço do
Moleculito…este é muito mais fácil de
decorar…o outro era impossível!”
A3: “Os textos estão melhor assim…Achei
muito engraçado a “stôra” ter seguido os
meus conselhos da entrevista…Até me
sinto importante (risos)!...”
A4: “Com o contador de visitas está fixe!!!
Assim, consegue saber se o site é muito
consultado ou não!”
A4: “A primeira página da animação
estava melhor, com aquela chamada de
atenção indicando onde se devia clicar…”
A4: “…Os textos já se lêem melhor”
A5: “ O livro é mais fácil de consultar…”
A2: “Acho que devia colocar mais jogos
diferentes!”
A3: “O site deveria ter mais jogos, para nos
divertirmos e aprendermos ao mesmo
tempo…”
A4: “Oh!...Pensei que tivesse alterado a
música dos vídeos…mas ainda era a
mesma…não gosto da música…devia ter
posto uma coisa com mais ritmo!!!”
A5: “Continuo a achar que o site poderia
ser melhorado, colocando na parte da
animação uma paisagem real…em vez de
bonecos…”
A3: “ Acho que os vídeos não têm uma
resolução muito boa…vêem-se bastantes
quadradinhos!!!”
A5: “Na animação, em vez dos
bonequinhos a falar, se calhar ficava
melhor uma música…ou então, colocar o
som dos automóveis a passar…os sons
que se ouvem numa cidade!”
Tabela 4-1 – Comentários dos alunos às alterações feitas no recurso multimédia.
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 111
55 Notas finais
5.1 Conclusão e reflexão
Retomando a hipótese que serviu de base ao nosso estudo: “O recurso digital
“Moleculito” será uma mais valia na aprendizagem dos átomos e das moléculas?”,
verificou-se que a utilização deste site como recurso pedagógico, ajudou os alunos do
nono ano a superar algumas das dificuldades de aprendizagem destes conceitos,
facilitando a sua compreensão e conduzindo-os também a sentirem-se mais motivados
em aprender. O presente trabalho permitiu também verificar algumas das concepções
alternativas mencionadas na revisão da literatura. De facto, constatou-se que os alunos
apresentam muitas dificuldades em “visualizar” as moléculas. É-lhes muito difícil
compreender no mundo abstracto a estrutura tridimensional. Apresentamos, sob a forma
de tabela, uma análise/síntese das concepções alternativas referidas anteriormente na
Tabela 1-8 em 1.2.3. Embora correndo o risco de alguma subjectividade, atribuímos a
cada item uma pontuação de 0 a 5, com o seguinte significado:
0 – Não aplicável no Moleculito
1 – Nada atingido no Moleculito
2 – Pouco atingido no Moleculito
3 – Razoavelmente atingido no Moleculito
4 – Bem atingido no Moleculito
5 – Plenamente atingido no Moleculito
Concepções alternativas Focada neste
trabalho
1. A matéria é contínua, mas contém partículas. 4
2. A matéria é homogénea e estática. 4
3. Substâncias e átomos são diferentes nomes para as mesmas
coisas.
4
4. As colisões entre átomos afectam o seu tamanho. 5
5. A pressão afecta a geometria da molécula. 0
6. É possível ver os átomos ao microscópio. 3
7. Não se compreende a diferença entre átomos e moléculas
porque não se diferenciam nos esboços. 4
8. Os átomos são como blocos de edifícios. 3
Concepções alternativas Focada neste
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 112
trabalho
9. Os átomos conseguem desaparecer (deterioração) 0
10. Os átomos são como células constituídos por uma membrana e
um núcleo. 4
11. Os átomos reproduzem-se depois do núcleo se dividir. 2
12. Os electrões circulam nos átomos como os planetas em volta
de uma estrela. 3
13. A camada electrónica é como a casca de um ovo ou de uma
ostra, fina e dura. 0
14. A camada electrónica existe para proteger o núcleo, como a
casca do ovo e a gema. 0
15. A nuvem contém os electrões mas é feita de uma outra coisa. 4
16. A nuvem electrónica é como uma nuvem de chuva, com os
electrões suspensos como gotas de água. 5
17. Existe apenas um modelo correcto para o átomo 4
18. O tamanho do átomo depende do número de protões que ele
possui.
3
19. A camada electrónica é uma matriz de algo, com os electrões
lá inseridos 0
20. Os átomos estão vivos (porque se movem). 1
21. Os átomos possuem os seus próprios electrões 1
22. O espaço entre as moléculas contém ar. 2
23. As moléculas dos sólidos são maiores e as dos gases são
menores.
5
24. As moléculas dos sólidos são duras, as dos gases são moles. 3
25. As moléculas dos sólidos são cubos, as dos gases são
redondas
3
26. As moléculas do vapor pesam menos do que as moléculas dos
sólidos (ex: vapor de água versus gelo) 0
27. As moléculas são entidades básicas, simples e indivisíveis. 4
28. As moléculas expandem quando aquecidas. 3
Concepções alternativas Focada neste
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 113
trabalho
29. As moléculas estão coladas. 4
30. As ligações armazenam energia. 2
31. O núcleo do átomo atrai igualmente todos os electrões que se
encontram à sua volta 1
32. Quebrar ligações químicas liberta energia. 0
33. Formar ligações requer energia. 0
34. Pares iónicos como Na+ e Cl-, são moléculas 3
35. A ligação química é algo físico feito de matéria. 3
36. Os electrões sabem de que átomos provêm. 0
37. Os átomos sabem quem lhes deve um electrão 0
38. Os pares electrónicos são igualmente partilhados em todas as
ligações covalentes 5
39. As forças nas ligações covalentes e as forças intermoleculares
são similares 2
40. Não existe espaço entre as moléculas nos objectos sólidos. 5
41. A força que atrai os electrões da primeira camada seria muito
maior se as outras camadas fossem removidas 0
42. Os gases não são feitos de matéria nem possuem massa. 4
43. As partículas que constituem os sólidos não possuem
movimento. 5
44. As moléculas de água contêm diferente número de átomos. 5
45. O tamanho e a geometria das moléculas de água são
afectados pela temperatura. 4
46. Não existe espaço entre as moléculas de água no gelo. 5
47. Os átomos formam ligações para satisfazer a regra do octeto. 4
48. As ligações por forças de Van der Walls na realidade não são
ligações químicas, mas sim apenas forças. 0
49. A lei de Coulomb não se aplica no interior do átomo. Aplica-se
na física, mas não na química. 0
A generalidade dos alunos apreciou a aula dedicada à exploração do recurso
digital, dado que se tratava de algo inovador e diferente. Como nunca tinham utilizado o
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 114
computador nas aulas de Ciências físico-químicas, estas ferramentas permitiram um
melhor desenvolvimento das actividades propostas, dado o entusiasmo revelado na sua
realização. Os alunos e também alguns professores entrevistados declararam que, no
geral, gostaram do recurso. O aspecto visual, a forma como o recurso está organizado, a
inserção de vídeos e de jogos, a originalidade do livro, foram instrumentos que cativaram
logo à partida. No entanto, o recurso não é perfeito e carece de algumas modificações,
que mais à frente se apresentam (5.1.1). Os discentes, intervenientes fundamentais neste
estudo, mostraram-se muito empenhados na sugestão de ideias de forma a melhorar o
recurso digital. Estes foram, na realidade, a verdadeira chave desta investigação-acção,
envolvendo-se de tal forma neste estudo, que frequentemente davam ideias para a
melhoria do referido recurso, mesmo nos intervalos entre aulas. Tal como vimos
anteriormente na Investigação-acção, as problemáticas e as decisões relativas ao
desenvolvimento da investigação são fortemente partilhadas pelo investigador e os
participantes no decorrer dos trabalhos de intervenção (Ponte, 1994).
Paralelamente a este estudo feito com alunos do ensino básico, foram ainda
entrevistados alguns professores que também contribuíram bastante para o
melhoramento do recurso, com as suas críticas e ideias. Segundo os docentes, o site na
sua totalidade permite uma aprendizagem mais eficaz, um ensino mais dinâmico e
participativo, possibilitando a diversificação das estratégias de ensino/aprendizagem e
indo ao encontro das necessidades e dos gostos dos alunos. No entanto, estes referiram
também possíveis alterações ao recurso, coincidindo muitas delas com as já propostas
pelos alunos. Todos os professores entrevistados dizem utilizar as TIC nas suas aulas,
no entanto, por experiência própria sabemos que esta não é a realidade das nossas
escolas. É necessário fazer acreditar todos os professores nas suas capacidades para
utilizarem todos os meios técnicos que temos ao dispor nos nossos dias. Para a
motivação dos alunos é necessário, antes de mais, motivar os professores para a
mudança. Para além dos professores e alunos referidos, foi ainda pedido a Ilídio Martins,
um especialista em programação, uma breve opinião do recurso criado (via mail) tendo
este considerado o Moleculito “…um excelente trabalho e com potencial para melhorar
ainda mais!”. Propôs ainda, algumas melhorias do site, as quais sem dúvida, poderão
aperfeiçoar o Moleculito, nomeadamente aspectos formais relacionados com as páginas
do livro do recurso digital e o aumento dos textos visionados no ecrã.
Devido às limitações e generalizações inerentes ao estudo, nomeadamente o
reduzido número de entrevistados (cinco alunos e seis professores), entrevistas de elite,
o efeito novidade, o efeito investigador, turma problemática, não se poderá tomar os
resultados obtidos para além de um simples indicador positivo a favor da hipótese de que
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 115
o recurso digital elaborado contribuirá para a melhoria da aprendizagem dos conceitos
relacionados com os átomos e as moléculas.
Admite-se que o Moleculito possa enfermar de uma excessiva antropomorfização
dos conceitos. Uma certa “humanização” dos átomos e das moléculas tem vantagens
afectivas, cognitivas e motivacionais. Por outro lado, pode levar os alunos a uma
conceptualização algo infantil, que ignore o facto da ciência se basear num modo de
representação da realidade.
De forma a concluir, pode dizer-se que se cumpriram os objectivos inicialmente
propostos. Contudo, existem ainda alguns aspectos que são necessários reformular.
Estas alterações no recurso multimédia, a seguir enunciadas (5.1.1) poderão torná-lo
mais atractivo e motivador para os alunos, levando-os a uma compreensão mais
profunda dos conceitos químicos abordados.
5.1.1 Sugestões para o futuro
Para além das várias reformulações que os inquiridos propuseram (Tabela 3-15)
algumas das quais já foram implementadas no protótipo dois, pretende-se que este
protótipo sofra ainda algumas alterações num futuro próximo (incluindo algumas das
indicadas na Tabela 4-1), passando para um protótipo três, tais como:
melhorar as vozes do recurso multimédia, que passarão a ser realizadas por
alunos do ensino básico com diferentes características de personalidade;
optimizar a resolução dos vídeos de construção dos modelos moleculares;
criar mais jogos educativos;
proceder à actualização permanente do site, nomeadamente a disponibilização de
novos links relacionados com os conteúdos;
melhorar os modelos atómicos animados e a paisagem da animação;
fazer um maior acompanhamento através do recurso multimédia, dos modelos
atómicos animados;
a criação de três secções diferentes, mediante a maturidade dos alunos que
consultam o site, sendo uma delas destinada a alunos do 1º e 2ºciclo, uma
projectada para alunos do 3º ciclo e por fim uma última secção destinada a alunos
do ensino secundário. As diferentes secções terão diferentes alternativas de
recursos em virtude das idades dos alunos;
introdução de mais sons no recurso multimédia, tal como, a leitura dos vários
textos do recurso, de forma a ajudar, na medida do possível, os alunos invisuais;
reformulações/projectos no que concerne ao estudo de impacto:
o População mais diversificada;
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 116
o Aperfeiçoamento dos instrumentos de inquirição;
o Observação sistemática mais detalhada das entrevistas (análise de
conteúdo);
o Introdução da variável sexo.
Consideramos, que o trabalho desenvolvido se encontra inacabado e passível, por
isso, de sofrer permanentes melhoramentos. Deste modo, acreditamos nas
potencialidades deste recurso multimédia e persistiremos sempre na actualização e no
aperfeiçoamento do Moleculito. Continuaremos a contribuir no quotidiano para a
integração das novas tecnologias no ensino, incentivando alunos e professores ao seu
uso. O balanço global deste trabalho, porém, é claramente positivo. Os resultados foram
animadores e desencadearam em nós e nos alunos (esperamos!), ligando a química às
tecnologias e aos aspectos lúdicos, um fascínio maior por esta ciência!
Recurso multimédia “Moleculito”: Exemplo de construção e avaliação no Ensino Básico
Mestrado em Química para o Ensino 117
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77 Anexos
Os seguintes anexos encontram-se no CD-ROM que contém a própria tese em
formato digital e o recurso multimédia “Moleculito”, e também on-line no site
http://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/cristiana .
Nº do anexo Nome do anexo
1 Inquérito para caracterização dos sujeitos da investigação
2 Roteiro de exploração
3 Guião da entrevista (alunos)
4 Guião da entrevista (Professores)
5 Respostas dos alunos às questões do Roteiro de exploração
6 Transcrição da entrevista (Docentes)
7 Transcrição da entrevista (Alunos)
8 Guião de observação (Ambiente de sala de aula)
9 Guião de observação (Entrevistas)
10 Autorização para as filmagens
11 Opinião de um programador profissional
12 Alguns textos do Recurso Multimédia