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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJA˝ CENTRO DE CI˚NCIAS TECNOLGICAS, DA TERRA E DO MAR CURSO DE CI˚NCIAS BIOLGICAS ˚NFASE EM BIOTECNOLOGIA Recuperaªo de Mata Ciliar com Sistema Agroflorestal, Itaja - SC Karoline Lisanne Fendel Orientadora: Rosemeri Carvalho Marenzi Itaja, novembro/2007 pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now!

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS, DA TERRA E DO MAR CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS � ÊNFASE EM BIOTECNOLOGIA

Recuperação de Mata Ciliar com Sistema

Agroflorestal, Itajaí - SC

Karoline Lisanne Fendel

Orientadora: Rosemeri Carvalho Marenzi

Itajaí, novembro/2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS, DA TERRA E DO MAR CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS � ÊNFASE EM BIOTECNOLOGIA

Recuperação de Mata Ciliar com Sistema

Agroflorestal

Karoline Lisanne Fendel

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso

de Ciências Biológicas, como parte dos

requisitos para obtenção do grau de Bacharel

em Ciências Biológicas. Orientadora: Rosemeri Carvalho Marenzi

Itajaí, novembro/2007

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�É melhor ser alegre que ser triste

Alegria é a melhor coisa que existe

É assim como a luz do coração.�

Vinícius de Moraes/Baden Powell

Samba da Bênção

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente ao Grande Espírito, que através da sua criatividade me

inspira cada dia em observar e interagir cada vez mais com a natureza e ao mesmo tempo me

fascina pela perfeição e sincronicidade dos eventos.

Espero que todos tenham a oportunidade de escreverem sobre o que gostam numa

monografia, eu tive essa chance e sou eternamente grata, pela minha orientadora abraçado

essa idéia comigo.

Agradeço aos meus pais e minha família por me darem a oportunidade de estudar e

sempre me incentivaram a buscar minha felicidade, da qual eu achei dentro de mim mesma.

Agradeço também a minha outra família que está além dos laços sangüineos, de irmãos e

irmãs, que estiveram comigo nestes cinco anos de acadêmia, como também à todos aqueles

amigos (as) que sempre diziam: Você consegue !

A aqueles que estiveram diretamente ligados a este projeto: Rosimeri C. Marenzi

(minha mãe da academia), Antônio Henrique dos Santos (meu pai da agrofloresta), aos atores

sociais envolvidos que me receberam com amor e humildade.

Aos amigos: Aninha (medições e visitas), Paola Chacon (apoio espiritual), Nina

Castro (pelos layouts), Amaro (mudas), Hendrik Fendel (apoio gráfico), as amigas biólogas

queridas (pelas risadas e distrações): Carolzinha, Mariela, Juli Saldanha, Maria Laura, Camila

e Aline. Aos amigos pesquisadores e extensionistas da Epagri e Microbacias e à todos os

professores intitulados que a vida colocou no meu caminho. Obrigada irmãos e irmãs, aqui se

encerra um ciclo e começa-se outro.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS........................................................................................................ VI

LISTA DE QUADROS.....................................................................................................VII

RESUMO........................................................................................................................ VIII

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................1

LEGISLAÇÃO AMBIENTAL PERTINENTE ................................................................................2 AGRICULTURA FAMILIAR .....................................................................................................4 SISTEMA AGROFLORESTAL ..................................................................................................6 TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO ...............................................................................................8

OBJETIVOS.......................................................................................................................10

OBJETIVO GERAL ...............................................................................................................10 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.....................................................................................................10

MATERIAIS E MÉTODOS ..............................................................................................11

CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO .............................................................................11 Área de Estudo 1 ..........................................................................................................12 Área de Estudo 2 ..........................................................................................................14

ANÁLISE DA PERCEPÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS ENVOLVIDOS ................................................15 DESENVOLVIMENTO DO DESENHO DO SISTEMA AGROFLORESTAL .......................................16

Uso de Espécies Arbóreas.............................................................................................16 Uso de Espécies Arbustivas e Herbáceas ......................................................................17 Análise das condições edáficas do solo.........................................................................18

MONITORAMENTO E ANÁLISE DO SISTEMA.........................................................................18 ANÁLISE COMPARATIVA DOS SISTEMAS .............................................................................19

RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................20

PERCEPÇÃO DOS ATORES ENVOLVIDOS ..............................................................................20 Percepção do Espaço....................................................................................................20 Percepção Ambiental....................................................................................................21

IMPLANTAÇÃO DO DESENHO E MONITORAMENTO DO SISTEMA ...........................................23 Condições Edáficas ......................................................................................................23 Espécies Arbóreas ........................................................................................................24 Espécies Medicinais......................................................................................................34 Espécies Agrícolas........................................................................................................35

COMPARAÇÃO DOS SISTEMAS ............................................................................................39 Comparação Ecológica ................................................................................................39 Comparação Econômica...............................................................................................48

PROPOSTA........................................................................................................................51

CONCLUSÃO ....................................................................................................................53

REFERÊNCIAS .................................................................................................................56

APÊNDICES.......................................................................................................................61

ANEXOS..................................................................................................................................79

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Lista de Figuras

FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO MUNICÍPIO DE ITAJAÍ..........................................................................11

FIGURA 2 - REPRESENTAÇÃO DO MEIO RURAL DE ITAJAÍ -SC, DESTACANDO PELO CIRCULO EM VERMELHO, O

BAIRRO BRILHANTE II. ..................................................................................................................................12

FIGURA 3 - VISTA AÉREA DA ESTUDO 1 - NO BAIRRO BRILHNTE II, JUNHO DE 2006. ...............................................13

FIGURA 4 � FOTO DA ÁREA DE ESTUDO 1, BAIRRO BRILHANTE, ITAJAÍ. ..................................................................14

FIGURA 5: FOTO AÉREA DA SISTEMA 2, NO BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ ..............................................................14

FIGURA 6 - FOTO DA ÁREA DE ESTUDO 2, TAMBÉM EM MATA CILIAR, BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ......................15

FIGURA 7 � REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA MÉDIA MENSAL DO CRESCIMENTO DA ALTURA E DO COLO DAS ESPÉCIES

ARBÓREAS NATIVAS DO SISTEMA 1, NO BAIRRO BRILHANTE, ITAJAÍ. ............................................................27

FIGURA 8 � PORCENTAGEM DOS GRUPOS ECOLÓGICOS DAS ESPÉCIES IMPLANTADAS NO SISTEMA 1, BAIRRO

BRILHANTE, ITAJAÍ. ......................................................................................................................................30

FIGURA 9 � ESPÉCIES ARBÓREAS NATIVAS PRESENTES NO SISTEMA 2, BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ.....................33

FIGURA 10� PLANTAS MEDICINAIS PLANTADAS APROVEITANDO O ESPAÇO ENTRE AS ESPÉCIES ARBÓREAS, BAIRRO

BRILHANTE, ITAJAÍ. ......................................................................................................................................34

FIGURA 11� MILHO INTERCALANDO AS ÁRVORES PLANTADAS APROVEITANDO O ESPAÇO EXISTENTE PARA A

PRODUÇÃO DE ALIMENTOS NA ÁREA DE ESTUDO 1, BAIRRO BRILHANTE, ITAJAÍ. ..........................................36

FIGURA 12 � ÁREA DO CULTIVO DE HORLIÇAS NO SISTEMA 2, BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ. ................................37

FIGURA 13 � A) CONSÓRCIOS FEITOS PELO ATOR 3, CARÁ-DO-AR COM BANANEIRA; B) TAIÁS (XANTHOSOMA

SAGITTIFOLIUM SCHOTT) COM MANDIOCA E OUTRAS ARBÓREAS, BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ....................42

FIGURA 14 � TAIÁS PLANTADOS NO ESTRATO HERBÁCEO DA AGROFLORESTA ENVOLVIDOS POR RESTOS DE FOLHA

DE BANANEIRA EM DECOMPOSIÇÃO, BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ...............................................................44

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Lista de Quadros

QUADRO 1 - LARGURA EXIGIDA POR LEI DA FAIXA DE ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP).................... 2

QUADRO 2 � ESPÉCIES USADAS PARA COMPOR O SISTEMA ADOTADO, BAIRRO BRILHANTE, ITAJAÍ. .......................25

QUADRO 3 � ESPÉCIES ARBÓREAS DO SISTEMA 1, BAIRRO BRILHANTE, ITAJAÍ. ......................................................29

QUADRO 4 � ESPÉCIES ARBÓREAS E ARBUSTIVAS, NATIVAS E EXÓTICAS EXISTENTES NO SISTEMA 2, BAIRRO SÃO

VICENTE, ITAJAÍ............................................................................................................................................31

QUADRO 5 � ESPÉCIES MEDICINAIS TÍPICAS ENCONTRADAS NA SISTEMA 2, NO BAIRRO SÃO VICENTE, ITAJAÍ. ......35

QUADRO 6 � MOSTRA O DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA 1, NO BAIRRO BRILHANTE, ITAJAÍ.................................37

QUADRO 7 � COMPARAÇÃO ECOLÓGICA ENTRE OS SISTEMAS AGROFLORESTAIS. ...................................................39

QUADRO 8 � VALORES DOS NUTRIENTES VOLTADOS AO SOLO PELAS PODAS EM UM SISTEMA AGROFLORESTAL. ...45

QUADRO 9� MOSTRA AS DIFERENTES FASES DE UM SISTEMA AGROFLORESTAL ADAPTADO PARA A ÁREA DE

ESTUDO. ........................................................................................................................................................52

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RESUMO

A mata ciliar é considerada por lei Área de Preservação Permanente (APP), sendo valiosa

para a proteção e manutenção dos recursos hídricos. Também é habitat de inúmeras espécies

de vegetais e animais. Muitos fazem uso da área de mata ciliar para cultivos de subsistência,

produção agrícola ou pecuária e para moradia e não estão dispostos a desocuparem da mesma, pois dela dependem economicamente, como ocorre em muitas propriedades de agricultura familiar de Santa Catarina. Contudo, a resolução do CONAMA no 369 de 2006, permite que ocorram atividades de baixo impacto na mata ciliar, como o manejo sustentável. Portanto, o

objetivo deste trabalho é adotar um modelo de desenho agroflorestal para recuperar a mata

ciliar no bairro Brilhante (Itajaí, SC), comparando com um sistema agroflorestal já existente

no bairro São Vicente (Itajaí, SC). O sistema Agroflorestal é considerado uma atividade de

baixo impacto, cumprindo ao mesmo tempo as funções ecológicas da mata ciliar,

proporcionando subsistência aos agricultores e sendo economicamente viável. A metodologia

utilizada contou com entrevistas aos atores sociais, planejamento e implantação do sistema,

com plantio de espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas com produtos como: óleo, resina e

goma; tanino; pigmentos; fibras; propriedades medicinais; alimentação; e funções como:

quebra-vento; fixação de nitrogênio; produção de mel; potencial de recuperar áreas

degradadas e, por fim, atração a fauna. Também foi realizado o monitoramento por meio de

medições mensais da altura e diâmetro de colo das espécies arbóreas nativas implantadas

durante um ano. A análise da altura mostrou que a espécie Aroeira (Schinus terebinthifolius) obteve maior crescimento e o Guarapuvu (Schizolobium parahyba) maior desenvolvimento de diâmetro de colo. A comparação ecológica e econômica mostrou como um sistema

agroflorestal bem estruturado pode ser produtivo e envolvente. Esta proposta parece ser viável

à agricultura familiar, pois reconecta os atores sociais com a proteção e conservação da mata ciliar e permite uso destes espaços para cultivos de baixo impacto.

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INTRODUÇÃO

A água é essencial para a vida no planeta, pois sem ela, com certeza, nada existiria.

Todo o ser vivo necessita de água para viver, sendo que o homem é constituído de 70% de água

e para manter esta porcentagem ele precisa constantemente bebê-la, assim como plantas e

outros animais têm a água como um importante alimento (SEÓ, 1998).

À medida que o homem evoluiu abdicando da vida nômade, nas áreas por ele

cultivadas, a água sempre foi um fator limitante e as matas ciliares não valorizadas como

elementos de qualidade dos recursos hídricos não escaparam da destruição, sendo alvo de

degradação. Basta considerar que muitas cidades foram formadas às margens de rios,

eliminando-se todo tipo de vegetação ciliar; e muitas acabaram pagando um preço alto por isto,

através de constantes inundações (MARTINS, 2001).

Mata ciliar é definida por Prochnow e Schaffer (2002) como �um conjunto de árvores,

arbustos, capins, cipó e flores que crescem nas margens dos rios, lagoas e nascentes�, funciona

como um filtro de toda a água que atravessa o conjunto de sistemas componentes da bacia de

drenagem. Portanto, a floresta protegida pode diminuir significativamente a concentração de

herbicidas nos cursos da água, bem como a retenção de nutrientes e sedimentos. Garante,

assim, a quantidade e a qualidade da água, à fauna e à flora e a população humana ali existente

(FRANK, 2005).

As matas ciliares são fundamentais para o equilíbrio do meio ambiente. Conservá-las e

recuperá-las são ações muito importantes que beneficiam uma grande quantidade de animais

que se alimentam de frutos e folhas ali existentes, como também a biota aquática e os

microorganismos do solo que se beneficiam do material orgânico resultante da vegetação ciliar.

Além disto, a mata ciliar, tem como função a proteção (cílios) das águas e do solo, evitando a

erosão e o assoreamento dos rios. Portanto, também o ser humano aproveita de melhor

qualidade hídrica.

O Código Florestal, Lei n.° 4.771/65 (BRASIL, 1965) inclui as matas ciliares na

categoria de áreas de preservação permanente, mas é difícil encontrar propriedades rurais que

tenham mata ciliar preservada e quando existente encontra-se alterada, erodida ou afetada pelo

pisoteio do gado. No entanto, é possível que o ator tenha interesse de desenvolver atividades

econômicas de baixo impacto associadas à recuperação. Se for considerado que o termo

�recuperação� dá possibilidade de retornar o local a um estado diferente do original, é preciso

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admitir tal possibilidade e assessorá-lo para que estas atividades sejam feitas adequadamente,

fornecendo o retorno econômico esperado, porém, na medida do possível, respeitando

princípios básicos de conservação da natureza (INSERNHANGEN, 2004).

Segundo Rodrigues & Gandolfi (1998) é preciso demonstrar claramente as vantagens a

longo prazo da manutenção de áreas de preservação permanente e do correto manejo das áreas

de reserva legal. Sendo assim, a relevância deste trabalho pode ser pelo fato de procurar

demonstrar a vantagem de unir duas atividades importantes: como a conservação da mata ciliar

e o hábito de cultivo de alimento, e/ou produtos naturais (condimentos, ervas medicinais, frutas

e conservas) de forma orgânica e responsável, considerada como agricultura familiar.

Legislação Ambiental Pertinente

De acordo com o Código Florestal Brasileiro, Lei n° 4771/65 (BRASIL, 1965) as matas

ciliares são Áreas de Preservação Permanente (APP), sendo definida como toda área, revestida

ou não com cobertura vegetal, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a

paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, de

proteger o solo e de assegurar o bem-estar das populações humanas, ao longo dos rios ou

qualquer curso de água (ALMEIDA et al, 2005). De acordo com o artigo 2° desta lei, a largura

de faixa de APP está relacionada com largura do curso d�água, conforme mostra o Quadro 1.

Quadro 1 - Largura exigida por lei da faixa de Área de Preservação Permanente (APP).

Largura do Rio Largura mínima da Mata Ciliar

Inferior a 10 metros 30 metros em cada margem Rios com 10m a 50m de largura 50 metros em cada margem Rios com 50m a 200m de largura 100 metros em cada margem Rios com 200m a 600m de largura 200 metros em cada margem Rios com largura superior a 600 metros 500 metros em cada margem Nascentes Raio de 50 metros

Fonte: ALMEIDA et al (2005) com modificações.

Para Meirelles (2003), as leis ambientais, por sua vez, tentam proteger o que restou de

áreas ainda preservadas. Porém, sem uma política de extensão rural florestal ou de formação de

técnicas e agricultores que estimule este tipo de uso da terra, as ameaças e os problemas irão

continuar e, inclusive, agravar-se.

Infelizmente no Brasil a legislação ainda não é de conhecimento de todos e muitos

cidadãos não sabem o que é uma área de preservação permanente. De outro lado, a ação

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meramente coercitiva e repressiva por parte do estado não tem se mostrado suficiente para

garantir o cumprimento da legislação ambiental por parte dos agricultores. Além disso, existem

barreiras culturais, normativas e técnicas para que estas exigências legais sejam cumpridas. No

caso dos pequenos agricultores familiares, o problema tende a agravar-se, em função da pouca

disponibilidade de área para produção (RAMOS FILHO; FRANCISCO; JUNIOR, 2007).

Segundo Mello (2007) uma proposta de recuperação de mata ciliar deve ter viabilidade

econômica. Métodos convencionais de recuperação da mata ciliar não resolvem essa questão,

pois se enquadram na legislação florestal que permite somente o aproveitamento de recursos

não-madeireiros, impedindo qualquer outra intervenção. Para Dubois et al (1996), formar

agroflorestas ciliares em áreas desmatadas nas margens de cursos d�água é uma forma útil de

obedecer à lei que proíbe a destruição de florestas ciliares.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), em sua nova resolução n°369

publicada em 28 de março de 2006, possibilita a intervenção de baixo impacto ambiental de

vegetação em APP, com fins de interesse social (Art.10). No artigo 11 desta mesma seção

considera-se intervenção ou supressão de vegetação, eventual e de baixo impacto ambiental,

em APP:

Abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, quando necessárias à

travessia de um curso de água, ou à retirada de produtos oriundos das atividades de manejo

agroflorestal sustentável praticado na pequena propriedade ou posse rural familiar;

Coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e produção de mudas, como

sementes, castanhas e frutos, desde que eventual e respeitada a legislação específica a respeito

do acesso a recursos genéticos;

O plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros produtos vegetais em áreas alteradas, plantados junto ou de modo misto;

Como também outras ações ou atividades similares, reconhecidas como eventual e de baixo

impacto ambiental pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente.

Esta resolução ainda considera no artigo 11, § 1o :

A intervenção ou supressão eventual de baixo impacto ambiental da vegetação em APP não

poderá comprometer as funções ambientais destes espaços, tais como a estabilidade das

encostas e margens dos rios, os corredores de fauna, a drenagem e os cursos de água

intermitentes, a manutenção da biota, a regeneração e a manutenção da vegetação nativa e a

qualidade das águas.).

Ainda no § 2o, a intervenção ou supressão, eventual e de baixo impacto ambiental, da vegetação

em APP não pode, em qualquer caso, exceder ao percentual de 5% (cinco por cento) da APP impactada localizada na posse ou propriedade (BRASIL, 2006).

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O artigo 4, desta mesma resolução sugere que:

Toda obra, plano, atividade ou projeto de utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto ambiental, deverá obter do órgão ambiental competente a autorização para intervenção ou

supressão de vegetação em APP, em processo administrativo próprio, nos termos previstos

nesta resolução, no âmbito do processo de licenciamento ou autorização, motivado tecnicamente, observadas as normas ambientais aplicáveis.

Esta resolução facilita ao ator rural o melhor aproveitamento do espaço de mata ciliar

para obter produtos para a subsistência familiar. Sobre esta resolução, Bessa (2000) explica que

a constituição não proibiu que todas as áreas de proteção legal pudessem ser utilizadas ou

exploradas economicamente, contudo, proibiu a utilização que alterasse as características e os

atributos que deram fundamento à especial proteção. Isto é, como consta no art. 1o, § 2o,

especificando �que não descaracterizem a cobertura vegetal e não prejudiquem a função

ambiental da área�.

Sendo assim, um sistema agroflorestal, cumpre as funções ecológicas necessárias em

mata ciliar para a manutenção do ecossistema e seu manejo de extrativismo segue a legislação

que permite um manejo sustentável. Segundo Garrity & Agus (2000) os sistemas agroflorestais

criam soluções práticas que reduzem a tensão de duas atividades ambientais, proteção da mata

ciliar e a produção de alimentos de subsistência das populações rurais.

Porém, a referida permissão de manejo, por um lado, poderá beneficiar famílias mais

carentes, mas por outro, abre brechas, para a exploração desordenada, daqueles que não

possuem orientação técnica, devido a falta de conhecimento mesmo das próprias autoridades

ambientais responsáveis (FRANCO, 2005). Por isso, é necessária conscientização dos técnicos

de órgãos ambientais para que esse sistema, que tem como intuito a sucessão ecológica, possa

ser divulgado e compreendido a fim de serem incentivados.

Agricultura familiar

A expressão �agricultura familiar� vem ganhando legitimidade social e política no

Brasil, mesmo constituindo-se em um universo extremamente heterogêneo, seja em termos de

disponibilidade de recursos, acesso ao mercado, capacidade de geração de renda e acumulação,

os agricultores familiares brasileiros são responsáveis por 37,9% do valor bruto da produção

agropecuária e 50,9% da renda total agropecuária nacional (NASCIMENTO, 2005).

A agricultura familiar tem uma significativa parcela na economia nacional, respondendo

em média 60% de todos os alimentos consumidos, representa mais de 84% dos imóveis rurais

do país (INCRA/FAO, 2007). Os agricultores familiares são os principais responsáveis pela

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manutenção da biodiversidade, recursos hídricos e das riquíssimas manifestações culturais

nacionais. Em 2003 o valor gerado pelas cadeias produtivas da agricultura familiar

correspondeu 38% da produção agropecuária do país e 10% do PIB (FIPE, 2007).

Entretanto a agricultura familiar catarinense vem decrescendo gradativamente ao longo

dos últimos anos. Segundo Ferrari (2004), em 1981 era de 77,9% decaindo para 22,8% em

1999. Esses dados preocupantes mostram a falta de incentivo ao produtor rural, ameaçando a

produção nacional.

Santa Catarina possui 293 municípios, distribuídos em regiões que diferem entre si em

termos socioeconômicos, ambientais e culturais. De acordo com dados do IBGE (1998), 27%

por cento de seus 1.308.533 habitantes vivem no espaço rural. Desse total, cerca de 90% tem

estabelecimentos rurais de menos de 50 hectares de área, ocupados por unidades familiares de

produção agropecuária. Deste modo, como afirmam Paulilo e Schmidt (2003), a imagem do

Estado ainda é fortemente associada a uma agricultura do tipo �colonial�, com base no modelo

de agricultura familiar de origem européia, sendo lembrado, como o �paraíso dos minifúndios�.

Acompanhando de certo modo a trajetória mundial de modernização da agricultura, em

Santa Catarina foi igualmente implantado um modelo de desenvolvimento rural com ênfase no

crescimento econômico, através de incentivos ao uso do crédito rural e de insumos subsidiados.

As políticas voltadas para a implantação deste modelo, como salienta Stropasolas (2003),

foram impulsionadas por complexos agroindustriais nas áreas de avicultura, suinocultura, soja,

maçã, fumo e madeira, através do �sistema de integração de produtores familiares�1, colocando

o estado durante décadas, como quinto produtor de alimentos do Brasil.

Portanto, a agricultura familiar tem uma significativa parcela na economia nacional,

entretanto a mesma, em Santa Catarina, vem decrescendo gradativamente ao longo dos últimos

anos, pois segundo Ferrari (2004), em 1981, era de 77,9% decaindo para 22,8% em 1999. Esses

dados preocupantes mostram que falta incentivo ao pequeno agricultor familiar. Segundo

Contini (1989), �ao se contemplar o pequeno produtor, estaremos, ao mesmo tempo,

contribuindo para a produção de mais alimentos, já que os pequenos são os maiores produtores

de alimentos� p.122.

Devido a este fato, o estado tem um grande potencial agroflorestal para pequenas

propriedades rurais que praticam a agricultura familiar. Segundo Armando et al (2002), esta

1 Segundo Paulilo (1990) �Tecnicamente, esse sistema é definido como uma forma de articulação vertical entre

empresas agroindustriais e pequenos produtores agrícolas, em que o processo de produção é organizado

industrialmente, ou o mais próximo possível desse modelo, com aplicação maciça de tecnologia e capital. São

produtores integrados aqueles que, recebendo insumos e orientação técnica de uma empresa agroindustrial,

produzem matéria prima exclusivamente para ela�(p. 20).

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técnica (Sistemas agroflorestais) é interessante para a agricultura familiar por reunir vantagens

econômicas e ambientais. A utilização sustentável dos recursos naturais, aliada a menor

dependência de insumos externo, resulta em segurança alimentar e economia, tanto para

agricultores, como para os consumidores.

Sistema Agroflorestal

Os sistemas agroflorestais (SAFs) podem ser definidos como cultivos combinados de

essências florestais com culturas anuais e/ou com explorações animais, buscando otimizar a

produção por unidade de área, mantendo o princípio do rendimento sustentado (DA CROCE,

1994).

A pesquisa em sistemas agroflorestais está se expandindo no Brasil. Em Santa Catarina,

foram obtidos resultados promissores nesse sentido com erva-mate e culturas anuais

tradicionais da região, quais sejam milho, soja e feijão (DA CROCE, 1994).

Estes sistemas podem contribuir para a solução de problemas no uso dos recursos

naturais devido às funções biológicas e socioeconômicas que podem cumprir. A presença de

árvores no sistema traz benefícios diretos e indiretos, tais como o controle da erosão e

manutenção da fertilidade do solo, o aumento da biodiversidade, a diversificação da produção e

o alongamento do ciclo de manejo de uma área (ENGEL, 1999).

Nos sistemas agroflorestais de alta diversidade convivem na mesma área, plantas

frutíferas, madeireiras, graníferas, ornamentais, medicinais e forrageiras. Cada cultura é

implantada no espaçamento adequado ao seu desenvolvimento e as suas necessidades de luz, de

fertilidade e porte (altura e tipo da copa) são cuidadosamente combinados (ARMANDO et al,

2002).

O sistema agroflorestal propõe otimizar a distribuição da luz solar nos diferentes

estratos, sendo eles: arbóreos, arbustivos e herbáceos. Quando se otimiza o aproveitamento de

luz solar em todos esses extratos de forma a aproveitar todos os espaços, acaba-se diminuindo o

crescimento de gramíneas invasoras.

Quanto a estratégias para melhorar a estratificação do uso da energia luminosa em

SAF´s, Tieszen2 (1983) citado por Engel (1999), recomenda algumas estratégias de manejo:

Consorciar espécies com diferentes necessidades de luz;

Inter-plantio de culturas com alturas semelhantes e diferentes ciclos de vida;

2 TIESZEN, L.L. Photosynthetics systems: implication for agroforestry. In: HUXLEY, R.A. (Ed). Plant research

and agroforestry, Naibori, ICRA, 1983, p.323-345.

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Utilização de espécies decíduas, controle do espaçamento e seleção de árvores

com arquitetura adequada;

Consorciação de plantas anuais C4 de crescimento rápido com C3 tolerantes na

fase inicial;

Utilização de arbóreas heliófilas em espaçamentos abertos.

Na primeira fase do sistema, o que realmente importa em relação às espécies usadas

como pioneiras é que cumprem a função de cobrir o solo com sua biomassa, produzam algum

tipo de retorno aos interesses humanos e que, nesse processo, sejam eficientes em conservar a

energia do lugar (VIVAN, 1998).

Para o manejo do sistema agroflorestal, Gliessman (2000) salienta ser um processo

muito simples e baseado nos princípios da agroecologia, o qual proporciona uma estrutura com

a qual é possível analisar os sistemas de produção de alimentos como um todo, incluindo seus

conjuntos complexos de insumos e produção e as interconexões entre as partes que os compõe.

Segundo Vivan (1998) para a escolha das espécies deverão ser analisados alguns fatores que

podem influenciar no desenho definitivo do sistema agroflorestal, sendo que cada espécie

deverá ser analisada perante os seguintes fatores:

1. Arquitetura das espécies:

Este dado é importante para posicionar as espécies no desenho agroflorestal, sendo que

a forma da copada influencia na quantidade de sombra, assim como também na altura

das árvores e na disposição das raízes.

2. Características Ecológicas:

Caracterizar a espécie em caducifólia, decídua, semidecídua, heliófita e esciófita.

3. Grupo Ecológico:

Caracterização do estágio de sucessão ecológica da espécie, como primária, secundária

inicial, secundária tardia, terciária ou clímax (MARTINS, 2000).

4. Habitat:

Tipo de área que a espécie melhor desenvolve-se, podendo ser: encharcada, bem

drenada, sujeita a leves inundações.

5. Tempo:

O tempo é importante para conhecer a época de plantio, floração e frutificação das

espécies, assim como para as anuais, o momento de colheita.

6. Produtos:

Informações sobre a forma de uso de cada espécie, dos quais podem variar de

alimentícia, medicinal, conservação e melhoramento do solo, para condimento, atração

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de fauna silvestre, quebra-vento, fixação de nitrogênio, melífera, óleos, resinas, goma,

pigmentos, fibras.

Técnicas de Recuperação

O termo recuperação é definido, como: a restituição de um ecossistema ou de uma

população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua

condição original; Já a restauração, é a restituição de um ecossistema ou de uma população

silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original (BRASIL, 2000).

Portanto, o projeto aqui proposto teve o intuito de recuperar a área, sendo que esta está em

condições diferentes da original.

Via de regra, recomenda-se adotar os seguintes critérios básicos na relação de espécies

para recuperação de matas ciliares, segundo Martins (2001):

Plantar espécies nativas com ocorrência em matas ciliares da região;

Plantar o maior número possível de espécies para gerar alta diversidade;

Utilizar combinações de espécies pioneiras de rápido crescimento junto com espécies

não pioneiras (secundárias tardias e de clímax);

Plantar espécies atrativas à fauna;

Respeitar a tolerância das espécies à umidade do solo, isto é, plantar espécies adaptadas

a cada condição de umidade do solo.

As matas ciliares apresentam grande diversidade de espécies, que resultam em uma

vegetação arbustiva - arbórea adaptada a grandes variações de fatores ecológicos, tais como

inundações, ventos, umidade e secas. Por isso a escolha das espécies faz-se primordial.

O modelo de sucessão de espécie é uma das alternativas usadas para recuperação de

matas ciliares. Parte do princípio de que espécies de início de sucessão, intolerantes à sombra e

de crescimento rápido, devem fornecer condições ecológicas, principalmente sombreamento,

favoráveis ao desenvolvimento de espécies finais de sucessão, ou seja, aquelas que necessitam

de sombra, pelo menos na fase inicial de crescimento (MARTINS, 2001).

O posicionamento das espécies arbóreas e arbustivas, segundo Engel (1999) na

composição dos vários extratos no SAF deve ser baseado no conhecimento do nível de

tolerância das espécies componentes. As árvores mais altas devem ser heliófilas, com altas

taxas de evapotranspiração, enquanto os componentes dos extratos inferiores devem ser

tolerantes à sombra e à alta umidade relativa do ar.

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Almeida et al (2005) recomenda que para o desenvolvimento das espécies, faz-se

necessário o controle de �espécies daninhas�, tais como a gramínea Braquiária (Brachiaria sp)

que é muito encontrada nas margens dos rios, sendo necessário o coroamento das mudas

plantadas, incorporando-se a biomassa ao solo. No entanto, nem toda espécie ruderal pode ser

considerada �daninha�, mas apenas aquelas exóticas que competem com vantagem perante às

nativas plantadas e requeridas no sistema ecológico sucessional.

O controle da erosão e assoreamento dos rios é um dos objetivos que justifica a

recuperação da mata ciliar, segundo FVSA & CA (2006), a agrofloresta protege com maior

firmeza as margens dos rios, diminuindo a velocidade da água, sendo que em solos

desprotegidos a maior parte desta é perdida ao invés de filtrar-se no solo para poder ser

aproveitada pelas plantas. A água também arrasta a camada mais fértil do solo deixando este

desses cada vez mais pobre e improdutivo.

Diante fatores, a implantação de sistemas agroflorestais, na modalidade agrofloresta de uso

múltiplo, constitui-se numa opção alternativa aos procedimentos convencionais de recuperação

da mata ciliar. Três aspectos básicos a justificam: ambientais, culturais e econômicos (MELLO,

2007).

Portanto, foi implantado um modelo de agrofloresta em área de mata ciliar em uma

propriedade no bairro Brilhante, Itajaí. Como o sistema implantado não terá idade suficiente

que permita uma análise de sua sustentabilidade, será comparado com um sistema agroflorestal

já estabelecido, localizado em uma área urbana no bairro São Vicente, nas margens do rio Itajaí

- mirim, também em Itajaí.

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OBJETIVOS

Objetivo geral

Este projeto tem como objetivo adotar um modelo de desenho agroflorestal para

recuperar a mata ciliar no bairro Brilhante (Itajaí, SC), comparando com um sistema

agroflorestal já existente no bairro São Vicente (Itajaí, SC).

Objetivos específicos

1) Identificar espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas adequadas ao uso sustentável e

recuperação da área,

2) Valorizar espécies medicinais potenciais já existentes na área de preservação

permanente,

3) Verificar as condições edáficas nas áreas de estudo,

4) Acompanhar o desenvolvimento das espécies plantadas,

5) Analisar e relacionar a percepção dos atores sociais e suas interações com o uso e a

recuperação da mata ciliar a fim de integrá-los com a área,

6) Proporcionar condições que contribuam para gerar subsistência e/ou fonte de renda aos

atores sociais,

7) Propor medidas de continuidade para recuperação da área.

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MATERIAIS E MÉTODOS

Caracterização da área de estudo

O Município de Itajaí possui uma área de 289.255 Km2, com aproximadamente 147 mil

habitantes. Situa-se a 26º latitude sul e 48º de longitude oeste, no litoral norte de Santa

Catarina, na foz do rio Itajaí, a meio caminho entre a capital de Santa Catarina, Florianópolis e

a cidade catarinense mais populosa, Joinville. Assim sendo, é o escoadouro natural da

economia estadual (IBGE, 2006).

Figura 1 - Localização geográfica do Município de Itajaí

Fonte: CIASC, 2007.

O município de Itajaí está envolto por grandes rios, inúmeros córregos e muitas

nascentes, todos seus habitantes utilizam essas águas. Além de ser o maior município pesqueiro

e principal exportador de produtos congelados do Brasil através do Porto, que depende das

águas do rio Itajaí-Açú para funcionamento e locomoção, a população depende da água, mais

do que imaginamos (FITUR, 2006).

Infelizmente a grande maioria dos cursos d`água do município ainda encontram-se

desprovidos de Mata Ciliar. Segundo Frank et al (2005), foi verificado que no trecho de

Blumenau até Navegantes não existe um único remanescente florestal na planície do Rio Itajaí

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e suas margens, que pudesse servir de modelo para a recuperação da vegetação ciliar. As áreas

encontram-se descobertas de vegetação de proteção e o solo apresenta diferentes usos:

agricultura, pastagens, mineração, ocupação urbana, rodovias e aterros.

Área de Estudo 1

A área de estudo 1 denominada (sistema 1) está situada no bairro Brilhante II (Figura

2), situado a 30km do centro de Itajaí, onde existe a atuação do Projeto Microbacias 2 da

EPAGRI.

As comunidades do Brilhante I e II, zona rural, constituem a Área de Proteção

Ambiental (APA), aprovadas através da Lei municipal nº 2832, em 1993, abrangendo uma área

de 2.015 hectares. Esta localidade possui cascata, pesque e pague, trilhas, área esportiva e

comida típica, apresentando ótimos quesitos para a implantação da atividade turística (Vieira,

2006).

Figura 2 - Representação do meio rural de Itajaí -SC, destacando pelo circulo em vermelho, o

bairro Brilhante II.

Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento, 2006.

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Esta área de estudo possui 2 ha, estando toda ela situada em área de preservação

permanente, conforme Anexo 1. A área disponível pelo ator para a recuperação de mata ciliar

com um sistema agroflorestal foi de 330m² (Figura 3 e Figura 4). Em março de 2007, devido a

problemas financeiros a família decidiu vender a metade do terreno. A área foi dividida

igualmente (um hectare cada) sendo que, o novo ator construiu uma lagoa de 6 metros de

diâmetro e uma pequena casa dentro do imóvel, alguns meses após a implantação deste estudo.

A propriedade 13 é constituída por 5 pessoas que ali residem, não utiliza o imóvel para a

produção agrícola ou pastoril. A Propriedade 24 se constitui em �casa de campo�, cujo ator

reside em no bairro Cabeçudas, Itajaí.

Figura 3 - Vista área de estudo 1 - no bairro Brilhante II, junho de 2006.

Fonte: Google Earth, 2007.

3 Propriedade ou Ator Social 1: Ademir Eduardo Neves e Maria Lurdes dos Santos 4 Propriedade ou Ator Social 2: Manuel Borges

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Figura 4 � Foto da área de estudo 1, bairro Brilhante, Itajaí.

Área de Estudo 2

Para comparação entre a área de estudo 1, implantada nesta pesquisa e outra já

instalada, selecionou-se a área de estudo 2 denominada de sistema 2, uma propriedade no

bairro São Vicente, zona urbana de Itajaí. Esta sistema 25 é constituída atualmente por um casal

que utiliza a área para subsistência, está mesma área já sustentou 9 filhos (Figura 5 e Figura 6).

Figura 5: Foto aérea da sistema 2, no bairro São Vicente, Itajaí

5 Propriedade ou Ator social 3:Ernesto e Hilda Hoier

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Fonte: Google Earth (2007).

Figura 6 - Foto da área de estudo 2, também em mata ciliar, bairro São Vicente, Itajaí.

Análise da Percepção e Integração dos Envolvidos

Este trabalho, com característica de pesquisa participativa, utilizou um roteiro semi-

estruturado com perguntas abertas para investigar a percepção dos diferentes atores sociais

envolvidos com o estudo. Segundo Seixas (2005), a pesquisa participativa foi difundida

principalmente nos anos 90, tornou-se então uma ferramenta muito útil para o envolvimento

comunitário no desenvolvimento e na gestão de recursos naturais. Segundo a autora, a pesquisa

participativa mobiliza diversas abordagens (ou processos) e técnicas que podem ser utilizadas

no planejamento, implementação, monitoramento e avaliação da gestão de recursos naturais.

Na ocasião, houve troca de conhecimento, sendo esclarecidas informações sobre as leis

pertinentes, a temática mata ciliar e o projeto a ser proposto, e proporcionou a integração dos

atores. A conversa com o ator 1 foi gravada e transcrita posteriormente, sendo que as duas

outras entrevistas somente foram registradas por escrita..

A entrevista realizada com o ator 1 em forma de lista de perguntas fluiu como uma

conversa e foi gravada e redigida depois. Nesse tipo de entrevista segundo Seixas (2005), o

pesquisador prepara uma lista (mentalmente ou por escrito) de questões sobre um tópico

específico, definindo, além disso, o que perguntar, como e a quem.

A formação (integração) com o ator 1 se deu por meio de conversa e troca de

informações. Ainda, foi propiciado uma visita ao ator 3 no bairro São Vicente e participação

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em um mini-curso fornecido pelo Projeto AgroFam, realizado pelas instituições não-

governamentais: Associação de Preservação do Meio Ambiente do Alto Vale de Itajaí

(Apremavi) e o Centro Vianei de Educação Popular (Vianei) no município de Atalanta e Lages,

no Alto Vale catarinense, sobre Agrofloresta para a Agricultura Familiar, no qual estavam

presentes outros agricultores locais, que também estavam implantando um sistema

agroflorestal.

Desenvolvimento do Desenho do Sistema Agroflorestal

O modelo para a recuperação de mata ciliar com sistema agroflorestal seguiu o que

estabelece Vivan (1998), principalmente em relação à escolha das espécies arbóreas, cujas

características avaliadas foram: Arquitetura, características ecológicas, grupo ecológico,

habitat, tempo e produtos.

A representação dos sistemas foi elaborada por meio do softwear Autocard para facilitar

a visualização espacial dos mesmos, cujas etapas de implantação e análise comparativa foram:

Uso de Espécies Arbóreas

Além das características citadas por Vivan (1998), foram selecionadas espécies que

poderiam estar contribuindo com o sistema, funções tais como: melhoramento e conservação

do solo, fixação de nitrogênio, utilização medicinal, alimentícia e atração da fauna silvestre,

além de disponibilidade das espécies nativas encontradas em viveiros da região.

A primeira fase do plantio das espécies arbóreas foi realizada pela pesquisadora, amigos

e funcionários da Secretaria de Agricultura de Itajaí, em outubro de 2006. As espécies arbóreas

foram doadas pelo Viveiro Fazenda Nativa de Itajaí e o transporte foi realizado com veículo da

Univali. No mesmo dia do plantio do sistema agroflorestal, foram plantadas algumas espécies

na outra margem do rio, objetivando um melhor resultado na recuperação, otimizando o espaço

do terreno e respeitando espaçamento de 2m. Estas espécies não receberam monitoramento.

A área encontrava-se com grama de jardim São Carlos (Anoxopus afinis), como mostra

a Figura 3, comum em gramados expostos ao sol e sombra.

As covas foram abertas manualmente com enxadão e cavadeira �boca-de-lobo� com

uma profundidade aproximada de 30x30x30cm, e para a adubação das mudas foi colocado

húmus de minhoca em cada cova. Considerando o que estabelece Armando et al (2002), foram

plantadas as espécies arbóreas selecionadas em um espaçamento 3 x 3 metros, formando a

base do sistema agroflorestal.

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Na segunda fase do sistema, verão de 2007, foram substituídas algumas arbóreas que

haviam morrido e adicionadas mais mudas. Na terceira fase do sistema, maio de 2007, foi

adicionado mais mudas na área de estudo 1.

Uso de Espécies Arbustivas e Herbáceas

As herbáceas e arbustivas escolhidas foram aquelas que poderiam estar contribuindo

com alimentação da família, de fácil cultivo e manejo, segundo informações da entrevista com

os envolvidos.

Foram identificadas as espécies vegetais com princípios medicinais dentro da área de

APP, e foi orientado a família que estas deveriam permanecer ali para servirem também para

auxilio na medicina da família. A identificação destas espécies foi realizada pelos profissionais

da Epagri*, laboratório de plantas bioativas, que identificaram as potenciais espécies. Além

destas, foram plantadas outras espécies medicinais popularmente conhecidas na área de SAF,

as espécies medicinais foram doadas pela Secretaria de Agricultura de Itajaí.

Na primeira fase do plantio foram plantadas as espécies medicinais rasteiras, em

núcleos, num espaçamento mínimo de 30cm entre as espécies. Arbustivas como o café (Coffea

arabica), doadas pela Secretaria da Agricultura de Camboriú foram plantadas em fileiras

intercaladas num espaçamento 2m x 2m, recomendado por ARMANDO et al (2002). Esta

espécie foi utilizada considerando que fosse mudas de café, mas houve um engano na

identificação das mudas, que não foram indentificadas.

Sementes de abóbora e abobrinha (Curcubita sp.) foram plantadas junto com algumas

arbóreas intercaladas, como sugere Armando et al (2002). Este utilizou hortaliças rústicas,

como a abóbora, semeadas nas covas de florestais e de frutíferas, aproveitando a adubação já

feita para as árvores.

As espécies anuais e herbáceas foram plantadas em aléias com as arbóreas, girassol e

abóbora foram plantadas, também na primeira fase, entre as linhas das espécies arbóreas. O

feijão foi plantado com mudas e sementes e o milho com sementes crioulas disponibilizadas

pelo ator 3.

Na segunda fase, no verão de 2007, foram replantadas algumas anuais que estavam

faltando, utiizando sementes de origem crioula. Ainda no mesmo verão foram adicionadas mais

algumas mudas de espécies comestíveis. Na terceira fase, foi feita uma adubação verde para

promover um aumento da matéria verde na área devido a seca que acabam prejudicando a vida

* Antônio Amaury Silva Júnior e Airton Rodrigues Salerno.

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do solo. Segundo Armando et al (2002) é interessante incluir leguminosas nesta fase, para

formar uma serrapilheira mais rica em nutrientes que permaneça cobrindo o solo na estação

seca. A espécie escolhida para desenvolver esta função foi a ervilhava (Vicia sativa).

A adubação foi realizada como uma alternativa funcional para diminuir o gasto de mão-

de-obra e aumentar a fertilidade do solo, devido ao ator 1 não estar muito envolvido em adubar

e cuidar do sistema.

Análise das condições edáficas do solo

Para o melhor conhecimento da qualidade de nutrientes do solo foram retiradas

amostras dos sistemas 1 e 2, já que a propriedade 2 é adjunta a primeira e com mesmas

características. Estas amostras foram encaminhadas para o laboratório de análise de solos da

Epagri em Chapecó.

Monitoramento e Análise do Sistema

O monitoramento foi feito pela pesquisadora, pelas técnicas da Secretaria de

Agricultura, da Epagri e também pelo agricultor. Além da obtenção de dados, as visitas feitas a

área de estudo, tem como objetivo fornecer esclarecimentos de algum tipo de dúvida por parte

dos atores.

A espécies arbóreas receberam um tutoramento de bambu, para demarcar e proteger as

espécies e servir também como guia de crescimento. O monitoramento também consistiu no

coroamento e a adubação das espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas, estas foram

periodicamente adubadas com esterco bovino. Segundo Almeida et al (2005), o coroamento ou

limpeza dos locais onde as plantas se estabelecem, é realizado a fim de evitar a competição

aérea e radicular com ervas daninhas. Sendo que os atores 1 e 2 encarregaram-se em fazer o

controle das espécies daninhas e adubações necessárias. O monitoramento também constituiu

no replantio de mudas que morreram freqüentemente por indivíduos da mesma espécie.

O manejo necessário no sistema implica, segundo Vivan (2003), em remover as plantas

doentes, enriquecer com árvores que irão fazer o futuro da área (sucessão), podar árvores que

estejam sombreando em excesso, e fazer isso para renová-las e não matá-las.

As medições (altura e colo) das espécies arbóreas foram feitas mensalmente para avaliar

o crescimento de cada espécie, assim como também observações na fenologia da espécie, se

houve florescimento ou frutificação durante os meses de estudo.

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Análise Comparativa dos sistemas

Para comparar o sistema implantado (sistema 1) com o sistema já avançado (sistema 2),

foi analisado o sistema ecológico por meio dos atributos: diversidade, estabilidade, ciclagem de

nutrientes e interações bióticas.

Foi estimado também o custo de implantação do sistema agroflorestal, para analisar o

quanto o agricultor gastaria para comprar as mudas e sementes. A mão-de-obra não foi

calculada, pois a intenção é a construção de um sistema de acordo com a disponibilidade de

mão-de-obra familiar.

O transporte também não foi contabilizado, sendo que a intenção do projeto foi

estabelecer vínculos com a prefeitura (secretarias), de forma que contribuísse com a logística.

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RESULTADOS e DISCUSSÃO

Percepção dos Atores Envolvidos

Percepção do Espaço

Os três atores possuem diferentes percepções, sendo estes classificados em três tipos:

urbano que vive no rural-1 (ator 1), urbano sitiante-2 (ator 2) e agricultor-3 (ator 3). Através

das entrevistas nota-se que o envolvimento destes com o lugar ou espaço é muito variada.

A diferente conexão e percepção do ator 1 com a área, pode ser um desafio quando

planejamos um sistema agroflorestal e a recuperação de uma mata ciliar, pois ambos

necessitam de cuidados e manejo, sendo que segundo Garrity & Agus (2000), a falta de

envolvimento das pessoas que vivem dentro de áreas que estão em processo de recuperação é

um dos grandes motivos do fracasso de projetos de recuperação de mata ciliar convencionais.

Alguns projetos de recuperação de mata ciliar convencionais não fornecem descrições

adequadas da experiência, porque separa pessoa e mundo; pessoa (corpo, mente, emoção,

vontade) e mundo estão engajados em um só processo, que implica no fenômeno perceptivo e

não pode ser estudado como um evento isolado, nem pode ser isolável da vida cotidiana das

pessoas (MACHADO, 1996). Por isso, objetivando envolver os atores, visitas foram feitas no

sistema 1 e tinham o intuito de estabelecer uma relação de amizade entre a pesquisadora e os

atores. Segundo Seixas (2005), a antropologia social aplicada sugere a importância de

estabelecer uma relação de confiança com a população local, através de prolongadas visitas a

campo, onde o pesquisador deve ser paciente, observador e bastante comunicativo.

No entanto, em relação ao ator 1, no primeiro semestre da pesquisa, este não mostrou-se

envolvido e interessado com a proposta. Diversas vezes a esposa do ator 1 citou que gostaria de

sair dali, pois seu marido não arranjava emprego. Portanto, não havia uma ligação de

conectividade com a área, segundo Oliveira et al (1996), a categoria cognitiva de espaço

(quando um local não apresenta mais do que significados funcionais e destituídos de

sentimentos) distingue-se da de lugar (quando o local é percebido como único e repleto de

valores e significados). Esta percepção pode, ao longo do tempo, mudar, pois, segundo

Machado (1996), o significado de espaço freqüentemente se funde com o de lugar �o que

começa como espaço indiferenciado transforma-se em lugar à medida que o conhecemos

melhor e o dotamos de valor� p. 78.

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Este ator não via a propriedade como uma futura fonte de renda, ao contrário do ator 3

que retira da área de 0,8 ha uma grande quantidade dos produtos consumidos, sendo que esta

área já alimentou uma família de 11 pessoas. Segundo Tuan (1980), o sentimento topofílico

entre os agricultores difere enormemente de acordo com seu status sócio-econômico. Portanto,

a não necessidade de uma grande quantidade de alimentos pode também ter influenciado no

pouco envolvimento do ator 1.

A topofilia (relação do homem com o ambiente em que vive) do agricultor está formada

desta intimidade física, da dependência material e do fato de que a terra é um repositório de

lembranças e mantém esperança (TUAN, 1980). Conforme o autor a consciência do passado é

um elemento importante no amor pelo lugar, o ator 3 possui uma forte ligação familiar com a

propriedade, passada de geração para geração e sempre cultivada com sistema agroflorestal, a

área era de seus pais e está repleta de lembranças e recordações.

O ator 2 também tem uma relação de lugar com a área adquirida, mesmo possuindo

menor tempo de uso e convívio com a área. Através da entrevista foi descoberto que este foi

criado em área rural e sempre teve muita intimidade com a floresta, sendo, segundo ele, um ex-

caçador de animais.

Os atores 2 e 3 cresceram em famílias que tinham o costume de plantar. Portanto,

aprenderam técnicas e maneiras de cultivo com seus pais. Diferente do ator 1, que não teve essa

vivência. Esse fato pode vir a explicar a causa do não envolvimento deste ator com a área de

estudo, devido não possuir uma relação de afeto (lembranças) com a terra, pois segundo

Jordana (1992) a percepção ambiental é condicionada por fatores inerentes ao próprio

indivíduo (capacidade imaginativa, mecanismos de associações de imagens, forma de olhar,

etc), por fatores educativos e culturais (influência de aprendizagem, experiências vividas,

gostos e padrões adquiridos, etc), e fatores emotivos, afetivos e sensitivos (relações e

familiaridade com o meio, inclinações emocionais provocadas por associações pessoais, etc). O

conjunto destes fatores resultará em nossa capacidade de perceber e, portanto, de nos

comportarmos perante o meio em que vivemos.

Percepção Ambiental

Através das entrevistas foi observado também que os atores 1 e 3 não conheciam a

definição de Área de Preservação Permanente (APP) e mata ciliar. O ator 2 soube definir APP,

porém também não sabia sobre a mata ciliar. Os termos foram, então, explicados e mostrada a

importância de recuperar e manter essas áreas.

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Ao longo de conversas com o ator 3 e na entrevista dos atores 1 e 2 foi perguntado

sobre o Palmito Jussara (Euterpe edulis) e sua utilização. Todos conheciam a palmeira, porém

como fonte de palmito Então, foi explicado como utilizar os frutos desta espécie para produzir

o açaí, que é extremante rico em vitaminas e sais minerais. Segundo Vivan (2003) sua semente

é alimento básico e sustentação de toda uma cadeira trófica no ecossistema

Sobre as espécies vegetais, o ator 1 possui algum tipo de conhecimento sobre culturas

mais comuns, como mandioca, milho, feijão, etc. No entanto, vivendo no local há 10 anos, a

produção de alimentos é mínima, isso mostra o quanto um sistema agroflorestal pode ser útil

para esta família.

O ator 2 vem se envolvendo com o plantio e com local. Com apenas alguns meses de

posse da nova área já foi notável a diferença de organização entre os dois terrenos. Segundo

Machado (1996), todos nós somos artistas e arquitetos da paisagem, criando ordem e

organizando espaços. Este também possui bastante conhecimento sobre as espécies vegetais e

constantemente traz esterco bovino, adubando todas as mudas. A adubação e o cuidado são

primordiais, principalmente para o crescimento inicial das mudas. Segundo Young (1989),

existe sempre uma responsabilidade inicial de aplicação de nitrogênio dentro do sistema.

A construção da lagoa na área de mata ciliar do ator 2 foi bastante questionada no

princípio, devido a ocupação em APP e ter interferido no crescimento de algumas mudas que

foram transferidas ou acabaram mortas pelo diferente microclima úmido ali criado. Porém,

mesmo com a implantação, trouxe para a área um novo ambiente que pode ser aproveitado pelo

ator para o cultivo em meio úmido, assim como diversidade de animais, peixes, patos e

marrecos, a pesar destes últimos poderem prejudicar algumas mudas pelo pisoteio ou predação.

O ator 3 está constantemente interagindo com a área. Ele e sua esposa possuem uma

relação muito harmoniosa com o local. Possuem um conhecimento mais específico sobre

diferentes plantios em sombra, tais como as raízes: taias, inhames, carás e mangarito, as quais

são bastante cultivadas no estrato herbáceo da agrofloresta, assim como consórcio entre

espécies.

Estas raízes, por ele cultivadas, abrem um novo leque de produtos da agrofloresta.

Segundo Santos (2005), o consumo de pães de raízes que são raladas e misturadas com fubá de

milho, também é um potencial a ser explorado junto a restaurantes naturais e para a população

que possui intolerância ao glúten presente no trigo (celíacos).

Esse conhecimento tradicional de cultivo destas raízes vem diminuindo gradativamente,

com o crescimento de monocultivos de banana, arroz irrigado e gado de corte. Os efeitos

nocivos ocorreram também no manejo destas culturas (SANTOS, 2005). Segundo o autor,

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esses conhecimentos foram passados dos indígenas para os caboclos e esses para os alemães,

que hoje são os que cultivam a tradição de plantar essas raízes. O ator 3, por ser de origem

alemã, possui esse conhecimento, passado pelos seus pais.

Por isto, juntar os saberes da antiga agricultura dos indígenas e dos imigrantes com a

moderna agricultura de base ecológica é tão importante. Esta é a base para ser entendida e

aperfeiçoada quando falamos de sistemas agroflorestais sustentáveis (MEIRELLES, 2003).

Implantação do Desenho e Monitoramento do Sistema

Através dos resultados obtidos no plantio, foi plotado no programa Autocad, as espécies

escolhidas para a recuperação da área, formando assim o layout 1 (Apêndice 4) do desenho

após o plantio inicial. Também foi gerado o layout 2 (Apêndice 5), resultando no desenho final

do sistema implantado.

Na implantação do SAF foram incluídas plantas de ciclo curto, médio e longo, de forma

a fornecer renda desde o primeiro ano e permitir a utilização de culturas perenes, que depois de

implantadas diminuem a demanda de mão-de-obra e proporcionam renda por muitos anos

(RIBEIRO, 2001). A base para a implantação do sistema foi, portanto, a sucessão de vegetação

e fauna associada aos ecossistemas onde foi instalado, de modo a harmonizar o objetivo do

agricultor e as espécies que lhe interessam com as características do local conforme estabelece

Vivan (1998).

Portanto foram plantadas junto com as arbóreas, espécies agrícolas e medicinais, que

poderão estar fornecendo alimentos e fonte de renda alternativa, obtendo-se, assim, um sistema

multi-estrato, com o aproveitamento máximo de energia solar e de nutrientes (ROCKENBACH

& DOS ANJOS, 1994).

Condições Edáficas

Foram analisadas as condições edáficas do sistema 1 e do sistema 2, conforme Anexos

2 e 3. Segundo padrões de qualidade do solo, estipulados pela Comissão de Química e

Fertilidade do Solo do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina (2004), o sistema 2 apresentou

maiores níveis de fertilidade do que o sistema 1. Níveis de CTC, (capacidade de troca de

cátions do solo) no sistema 1 foram de 26,02 e no sistema 2 de 76,49 (média6). Segundo

6 Os valores indicados do sistema 2 são médias dos três tipos de solo encontrados: Solo arenoso, solo argiloso e

solo de clareira (horta).

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Gliessman (2000), quanto mais alta a CTC melhor a capacidade do solo de reter e trocar

cátions, prevenir a lixiviação de nutrientes e fornecer nutrição adequada às plantas.

Os níveis de pH encontrados no sistema 1 foram de 4,8 e no sistema 2 de 5,83, sendo

ambos considerados ácidos, porém o sistema 2 apresenta um pH propício ao desenvolvimento

de plantas, segundo padrões estipulados. A acidez, segundo Gliessman (2000), é resultado da

perda de bases pela lixiviação de água no perfil do solo, da absorção de íons de nutrientes pelas

plantas e da produção de ácidos orgânicos por raízes de plantas e microrganismos. Segundo o

autor, as espécies leguminosas são sensíveis a pH baixo, devido ao impacto que os solos ácidos

tem sobre os simbiontes microbianos na fixação do nitrogênio. Portanto, altos níveis de acidez

podem vir a prejudicar as espécies leguminosas, principalmente no sistema 1.

O sistema 2 não apresentou presença de Alumínio, entretanto no sistema 1 a amostra de

solo mostrou a presença deste metal, de 1,5 cmolc/dm3. Sendo este tóxico, pode vir a

prejudicar as plantas. Esta presença pode se dar, conforme Durigan e Pagano (2000), em

ecossistemas florestais perturbados e em fase de regeneração, os quais apresentam espécies

com baixa absorção de Al. Portanto, o sistema 1 ainda não apresenta capacidade de absorção

do Alumínio presente no solo, ao contrário do sistema 2, já maduro.

A porcentagem de matéria orgânica presente no sistema 1 foi de 2,6%, já no sistema 2

foi de 4,5%. Esses valores mostram que o sistema 2, possui maior produção de matéria

orgânica, sendo que para Gliessman (2000) esta é formada por raízes, microrganismos,

pedofauna, metabólicos microbianos e substâncias húmicas. Segundo o autor, além de fornecer

a fonte mais óbvia de nutrientes para o crescimento das plantas, ela constrói, promove e

protege e mantém o ecossistema do solo. Foram também encontradas diferenças nos níveis de

macronutrientes (K, P, Mg, Ca), sendo todos esses em maior quantidade no sistema 2.

Espécies Arbóreas

Área de Estudo 1

As espécies arbóreas plantadas podem ser verificadas no Quadro 2. O plantio ocorreu

em três fases, sendo utilizados na primeira fase, 15 indivíduos de 13 espécies, havendo uma

mortalidade de 40% (6 indivíduos). Este fato deve ter ocorrido em função do calor intenso e

baixa fertilidade do solo, somente constatada depois da implantação, sendo que se verificado

anteriormente, poderia ter sido reforçada a adubação.

Na segunda fase foram introduzidos 6 indivíduos de Palmito Jussara na sombra

existente no local, como também foram substituídas 2 mudas de Guanandi e Pata-de-vaca por

outros indivíduos na mesma espécie e adicionados mais 2 mudas de Guarapuvu.

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Na terceira fase foram adicionadas mais 5 mudas para incrementar e aproveitar espaços

na área, podendo ser observadas no Quadro 2.

Quadro 2 � Espécies usadas para compor o sistema adotado, bairro Brilhante, Itajaí.

Fase Família Nome científico Nome popular

Quantidade

de mudas

usadas

Anarcadiaceae

Schinus terebinthifolius Aroeira 1

Anonaceae Annona cacans Anona 1 Bignoniaceae Tabebuia umbellata Ipê 1

Peltophorum dubim Canafístula 1

Schizolobium parahyba Guarapuvu 1

Caesalpinaceae

Bauhinia forficata Pata de vaca 1 Clusiaceae Calophyllum brasiliensis Guanandi 1

Mimosaceae Inga uruguensis Ingá 1

Meliaceae Cedrela fissilis Cedro 1 Myrtaceae Eugenia uniflora Pitanga 2 Palmaceae Euterpes edulis Jussara 2 Ulmaceae Trema micrantha Grandiúva 1

1

Margem

esquerda

Verbenaceae Cytharexyllum

myrianthum Tucaneira

1

Palmaceae Euterpes edulis Jussara 1 Meliaceae Cedrela fissilis Cedro 1

Margem

direita Anarcadiaceae Schinus terebinthifolius Aroeira 1 Palmaceae Euterpes edulis Jussara 6

Bauhinia forficata Pata de vaca 1 Caesalpinaceae

Schizolobium parahyba Guarapuvu 2

2

Margem

esquerda Clusiaceae Calophyllum brasiliensis Guanandi 1 Bombacaceae Bombacopsis glabra Cacau do maranhão 1 Bignoniaceae Jacaranda puberula Carobinha 1

Ulmaceae Trema micrantha Grandiúva 1 Myrtaceae Campomanesia

xanthocarpa Guabiroba

1

3

Margem

esquerda

Apocynaceae Peschiera sp Leiteiro 1

Tanto as espécies pioneiras como as secundárias e climácicas, foram plantadas no

mesmo dia, uma vez que, as pioneiras por crescerem mais rápido forneceram sombra às

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demais, já as secundárias tardias e climácicas foram plantadas na borda inferior, onde há mais

sombra. Segundo Kageyama & Gandara (2000), o uso de espécies arbóreas pioneiras nos

plantios mistos, cria condições de sombreamento para as espécies dos estágios posteriores da

sucessão. Este modelo proporcionou um grande avanço nos modelos de restauração que vêm

sendo utilizados, sendo que as espécies pioneiras normalmente possuem um grande número de

polinizadores e dispersores mais generalistas e em seu grupo ecológico são consideradas mais

importantes para a estrutura da floresta.

Para a escolha das espécies arbóreas foram descritas as características de cada uma

(Apêndice 6). Além dos grupos e características ecológicas, é possível considerar que todas

disponibilizam diversos produtos que podem estar sendo aproveitados pelos atores. Estes

produtos a serem aproveitados foram baseados em Engel (1999); Lorenzi (1998; 2006) e

Martins (2001), e abrangem um grande leque de utilização como: óleo, resina e goma; tanino;

pigmentos; fibras; propriedades medicinais; alimentação; e funções como: quebra-vento;

fixação de nitrogênio; produção de mel; potencial de recuperar áreas degradadas e, por fim,

atração à fauna.

A multifuncionalidade, isto é, diferentes funções e produtos oferecidos pelas espécies

caracterizam o sistema agroflorestal proposto. Essa característica multifuncional possibilita

uma maior interação entre planta-plantador (MOLLISSON, 1991).

Para verificação do desenvolvimento das espécies arbóreas do sistema 1, estas foram

medidas mensalmente, sendo gerado o gráfico (Figura 7), com as espécies que sobreviveram

até o final do projeto. Portanto, resultando em 76% de sobrevivência.

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Crescimento Mensal Médio

-

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

10,0

Anona

Aroier

a

Cacau

do M

aran

hão

Canafí

stula

Caroba

Grandiú

va 2

Guabir

oba

Guana

ndi

Guarap

uvu 1

, 2, 3

Ingá

Juss

ara 1,

2,3

Leiteir

o

Pata de

vaca

Pitang

a 1, 2

Espécies Arbóreas

Altu

ra e

Col

o (c

m)

Altura Colo

Figura 7 � Representação gráfica da média mensal do crescimento da altura e do colo das

espécies arbóreas nativas do sistema 1, no bairro Brilhante, Itajaí.

As espécies que responderam ao maior crescimento em altura média mensal foram:

Aroeira (8,7 cm), Ingá (7,2 cm), Canafístula (5,00 cm) e a Pata de vaca (5,00 cm). As espécies

que apresentaram maior expansão do diâmetro do colo foram: Guarapuvu (1,23 cm), Aroeira

(0,60 cm) e Caroba (0,50 cm).

Sendo assim, foi verificado que a Aroeira pode ser uma espécie de rápido

desenvolvimento em mata ciliar. Este dado também foi constatado por Almeida et al (2005). A

Canafístula também apresentou crescimento significativo em altura, sendo esta espécie

pioneira, também é importante para a recuperação de matas ciliares, tanto como para sistema

agroflorestais, por apresentar características ecológicas caducifólias e também por permitir a

fixação de nitrogênio. A Pata de Vaca apresentou a mesma média de crescimento da

Canafístula, sendo esta muito recomendada para a recuperação de ambientes degradados, é

muito usada devido a suas flores exuberantes e qualidades medicinais (LORENZI, 2001;

ENGEL, 1999).

Percebe-se que algumas espécies como Guanandi que apresentou um crescimento

rápido, pertence ao grupo ecológico das secundárias iniciais. Para Kageyama & Gandara

(2000), certas espécies têm comportamentos diferentes em ambientes distintos, algumas

espécies de secundárias fazem papel de pioneiras antrópicas, mesmo não sendo pioneiras, em

ambientes muito degradados pelo homem.

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O Guarapuvu apresentou um crescimento médio do diâmetro do colo significativo em

comparação com as outras espécies, esta espécie mostrou ter um crescimento rápido e adaptada

as condições do ambiente. No Quadro 3 podemos observar as espécies arbóreas que

apresentaram destaque no sistema 1.

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Quadro 3 � Espécies arbóreas do sistema 1, bairro Brilhante, Itajaí.

Aroeira - Espécie com maior crescimento

médio mensal de altura.

Guarapuvu � Espécie com maior

desenvolvimento médio mensal de diâmetro

do colo.

Ingá � Segunda espécie com maior

crescimento médio mensal de altura.

Canafístula � Terceira espécie com maior

crescimento médio mensal de altura.

Pitanga � Apresentou frutos em Outubro de 2007.

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As outras espécies apresentaram-se adaptadas as condições do solo e clima local,

inclusive a Pitanga apresentou frutificação. Entretanto, o Palmito Jussara, apresentou alto

índice de mortalidade, sendo que desta espécie foram plantados oito indivíduos, restando

apenas três. Deduz-se que não há ainda condições adequadas para esta espécie. Trabalhos

realizados por Almeida et al (2005), mostram que está espécie quando plantada cedo demais,

sem o devido sombreamento necessário e sem condições edáficas propícias tendem a não

adaptarem-se ao ambiente.

A utilização desta espécie foi destacada devido a forte presença nas áreas de mata ciliar,

assim como também o seu importante papel ecológico. Segundo Vivan (2003), o Palmito

Jussara é uma espécie de ciclo longo (podendo alcançar mais de 100 anos), se instala no sub-

bosque sombreado da floresta. Sendo assim, respeitando a sucessão ecológica, está espécie por

ser uma secundária tardia, deve ser introduzida mais tarde no sistema agroflorestal proposto.

Portanto, Kageyama & Gandara (2000) recomendam para plantio de recuperação 60%

das mudas de espécies pioneiras, sendo 30% de pioneiras típicas e 30% de secundárias iniciais.

Das espécies arbóreas nativas usadas no sistema, 31% (6) são pioneiras típicas, 21 % (4) são

pioneiras e secundárias iniciais, 37 % (7) são classificadas como secundárias iniciais e 11% (2)

são secundárias tardias (Figura 8).

Espécies Arbóreas

Pioneira

Pioneira, secundária

inicialSecundária inicial

Secundária tardia

Figura 8 � Porcentagem dos grupos ecológicos das espécies implantadas no sistema 1,

bairro Brilhante, Itajaí.

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O ator 1 adicionou no sistema algumas espécies frutíferas exóticas na como: Acerola

(Mapighia emarginata), Uva (Vitis spp), Laranja (Citrus sp) e nativas como: Pitanga (Eugenia

uniflora), Guabiroba (Campomanesia xanthocarpa) e Jaboticaba (Myrciaria cauliflora).

O ator 2 também adicionou mais algumas mudas de árvores, como Ipês (Tapebuia sp),

Jaboticaba (Myrciaria cauliflora), Cítricos (Citrus sp) e mudas de Palmeira Real

(Archontophoenix cunninghamiana), sendo estas duas últimas exóticas. Segundo Ziller (2006)

espécies exóticas invasoras são aquelas que, além de chegar a ecossistemas de onde não fazem

parte naturalmente e aí sobreviver, conseguem adaptar-se, reproduzir-se e dispersar-se

intensamente, a ponto de expulsar espécies nativas e dominar o ambiente.

O uso de espécies exóticas em área de APP não é recomendável, porém espécies

exóticas diversas que não apresentam comportamento invasor e agressivo talvez possam ser

uma alternativa viável para a produção de frutos nestas áreas, principalmente considerando a

iniciativa do ator social como positiva em relação à percepção da diversidade biótica no

sistema.

Área de Estudo 2

Das 46 espécies arbóreas e arbustivas analisadas no sistema 2, 26 espécies são nativas

(57%) e 20 espécies exóticas (43%). Conforme mostra o Quadro 4 abaixo:

Quadro 4 � Espécies arbóreas e arbustivas, nativas e exóticas existentes no sistema 2,

bairro São Vicente, Itajaí.

Espécies Arbóreas e Arbustivas

Família Nome Científico Espécies Nativas Origem

Anarcadiaceae Schinus terebinthifolius Aroeira Nativa

Rollinia mucosa Fruta de conde Exótica Annonaceae

Annona cacans Anona Nativa Araucariaceae Araucaria augustifolia Araucária Nativa

Arecaceae Syagrus romanzoffiana Jerivá Nativa Bignoniaceae Tabebuia sp Ipê Nativa

Bixaceae Bixa orelana Urucum Nativa Boraginaceae Cordia trichotoma Louro-pardo Nativa

Caricaceae Carica papaya Mamão Exótica Clusiaceae Calophyllum brasiliensis Guanandi Nativa

Ebenaceae Diospyros kaki Caqui Exótica Alchornea triplinervia Tanheiro Nativa

Pachystroma longiloluim Espinheira Santa Nativa Euphorbiaceae

Jatropha curcas Pinhão-de-cachorro Exótica

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Flacourtiaceae Casearia sylvestris Cafezeiro do mato Nativa Guttiferae Rheedia gardneriana Bacupari Nativa

Junglandaceae Carya illinoensis Noz pecã Exótica Nectandra sp Canela-amarela Nativa

Persea americana Abacate Exótica Lauraceae Mangifera indica Mangueira Exótica

Leguminosae Andira fraxinifolia Angelim Nativa

Malpighia emarginata Acerola Exótica Malpighiaceae

Bunchosia armeniaca Ameixa do Pará Exótica Mimosaceae Inga sp Ingá Nativa

Ficus insipida Figueira Nativa Moraceae

Artocarpus heterophyllus Jaca Exótica

Musaceae Musa paradisiaca L. Banana Exótica Myrsinaceae Rapanea ferruginea Capororoca Nativa

Psidium cattleianum Araça Nativa Psidium guajava Goiabeira Nativa

Campomanesia xanthocarpa Guabiroba Nativa Myrtaceae

Myrciaria cauliflora Jaboticaba Nativa

Oxalidaceae Averrhoa carambola Carambola Exótica Euterpes edulis Jussara Nativa Cocos nucifera Coco-da-Bahia Nativa Palmaceae

Syagrus romanzoffiana Jerivá Nativa

Passifloraceae Passiflora edulis Maracujá Exótica

Rhamnaceae Hovenia dulcis Uva do japão Exótica

Eriobotrya japonica Jambolão Exótica Rosaceae

Prunus persica Pêssego Exótica

Rubiaceae Coffea arabica Café Exótica

Citrus limonia Limão Cravo Exótica Rutaceae

Citrus latifolia Limão tahiti Exótica Sapindaceae Cupania vernalis Arco de peneira Nativa Ulmaceae Trema micrantha Grandiúva Nativa

Verbenaceae Cytharexyllum myrianthum Tucaneira Nativa

As espécies nativas foram então classificadas segundo Vivan (1998), (Apêndice 7).

Destas 26 nativas 35% (9), são pioneiras típicas, 27% (7) são pioneiras e secundárias iniciais,

27% (7) são secundárias iniciais, 7% (2) são secundárias tardias e 4% (1) é climácica (Figura

9).

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Espécies Arbóreas Nativas

Pioneira

Pioneira e Secunária

Inicial Secundaria inical

Secundária tardia

Climácica

Figura 9 � Espécies arbóreas nativas presentes no sistema 2, bairro São Vicente, Itajaí.

Algumas espécies usadas pelo ator 3 são frutíferas, bem adaptadas ao clima com origens

diversas. Segundo Shiva (2003), algumas árvores frutíferas são componentes importantes, pois

após um período de �gestação�, as árvores fornecem safras anuais de biomassa comestível

numa base sustentável e renovável.

Espécies exóticas como os cítricos e outras frutíferas parecem não possuir

comportamento invasor e podem não apresentar perigo à biodiversidade, possibilitando a

regeneração natural do sistema. Para Kageyama & Gandara (2002), para ambientes com uma

razoável cobertura vegetal remanescente, que possuem uma grande diversidade, apresentam

significativa regeneração que pode ser observada também no sub-bosque de plantios de

espécies arbóreas exóticas.

As espécies que apresentam potencial invasor no sistema 2, são segundo ZILLER

(2007) a Uva do japão (Hovenia dulcis) e a Jaqueira (Artocarpus heterophyllus). Porém, este

ator ainda não teve problemas com essas espécies, principalmente considerando que o tamanho

da propriedade não permite a invasão incontrolável das mesmas. Dentre as espécies menos

conhecidas destaca-se o Pinhão manso (Jathopha curcas), que possui um óleo que vem sendo

estudado para a produção do biodiesel, sendo sua origem bastante controversa, originária da

América do Sul (BIODIESELBR, 2007).

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Espécies Medicinais

Área de estudo 1

Foram identificadas 27 espécies vegetais herbáceas e arbustos com princípios

medicinais dentro da área de APP (Apêndice 8) no sistema 1.

Algumas destas espécies não são muito populares para a população em geral, sendo

denominadas vulgarmente por �matinhos�, mas além de propriedades medicinais são essenciais

para a sucessão ecológica, e normalmente são retiradas pelos atores, por ignorar suas multi-

funções.

As espécies selvagens continuam em volta da mata ciliar, porém estes atores ainda não

as utilizam para fins medicinais. Segundo Pavan (2000), o extrativismo de plantas medicinais

apresenta grande potencial para a utilização racional, uma vez que não implica na remoção da

floresta e, comparativamente com outros usos, pode gerar menores impactos ambientais.

Outras 7 espécies medicinais foram plantadas em núcleo (Figura 10) em dois locais na

área, as quais: quatro exemplares de Ginseng Brasileiros (Pfaffia glomerata), duas Losnas

(Artemisia absinthium), um Boldo (Plectrathus barbatus Andr.), uma Menta (Echinodorus

macrophyllum), duas Malvas (Malva parviflora), dois Oréganos (Origanum vulgare L) e dois

Poejos Miúdos (Cunila microcephala Benth). As espécies medicinais: Menta, Boldo e Ginseng,

ainda encontram-se presentes no sistema 1. Os atores 1 e 2 não acrescentaram nenhuma espécie

medicinal dentro do sistema.

Figura 10� Plantas Medicinais plantadas aproveitando o espaço entre as espécies

arbóreas, bairro Brilhante, Itajaí.

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Área de estudo 2

Foram catalogadas 13 espécies de plantas medicinais típicas (Quadro 5) no sistema 2.

Contudo, muitas das espécies arbóreas presentes no sistema também apresentam características

medicinais. Estas são freqüentemente usadas pelo ator 3 e sua família, estes estão sempre

adicionando novas espécies medicinais ao sistema.

Quadro 5 � Espécies medicinais típicas encontradas na sistema 2, no bairro São Vicente,

Itajaí.

Espécies Medicinais

Nome Científico Nome Vulgar

Ocismum sp Alfavaca anizada Ocismum basilicum Alfavaca normal Aloe vera Babosa Vernonia condensata Boldo Cymbopogon citratus Cana de cheiro Symphytum officinale Confrei

Melissa officinalis Erva cidreira Helianthus sp Girassol Mikania guaco Guaco Mentha piperita Hortelã Artemisia absinthium Losna Malva sylvestris Malva Alternanthera sp Penicilina Sambucus nigra Sabugueiro

Espécies Agrícolas

Área de estudo 1

Como enriquecimento do sistema e também como característica de um sistema

agroflorestal, foram plantadas espécies anuais entre as linhas de arbóreas (Figura 11). As

espécies semeadas foram as popularmente usadas em SAFs e mais consumidas pela população

em geral, as quais, o milho (Zea mays), feijão (Phaseolus sp), girassol (Helianthus sp), abóbora

(Cucurbita sp), taiá (Xanthosoma sagittifolium), abacaxi (Ananas sp), maracujá (Passiflora sp),

abobrinha (Cucurbita sp) e mamão (Papaya sp).

O ator 1 adicionou 15 mudas de banana dentro dos espaços vazios dentro da área de

mata ciliar após a venda e divisão dos terrenos. Esta intervenção do ator 1 mostrou que ele

pode estar se envolvendo com a área de plantio.

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As espécies que tiveram menor desenvolvimento foram: As cucurbitáceas, como as

abóboras e abobrinhas, as anuais como milho (Figura 11) e feijão, taía e o mamão. As espécies

que melhor se desenvolveram foram: abacaxi, maracujá e o girassol.

Figura 11� Milho intercalando as árvores plantadas aproveitando o espaço existente para

a produção de alimentos na área de estudo 1, bairro Brilhante, Itajaí.

A adubação verde feita com ervilhaca (Vicia sativa) no sistema 1, não se desenvolveu,

sendo que a intenção do plantio era o aumento de massa verde para incorporação no solo.

Segundo Monegat (1991) entre as leguminosas, as ervilhacas são consideradas de grande

importância em função ao seu uso múltiplo, notadamente na alimentação animal e como

plantas de cobertura.

Área de Estudo 2

O sistema 2 possui espécies anuais plantadas dentro do sistema agroflorestal, tais como:

cana-de-açúcar (Saccharum officinarum), mandioca (Manihot esculenta), café (Coffea arabica),

feijão (Phaseolus sp), batata doce (Ipomoea batatas), taiás (Xanthosoma sp), inhames

(Colocaisa sp), diversos tipos de carás (Dioscorea sp) e mangarito (Xanthosoma sp). As

hortaliças exóticas comuns, como: alface (Lectuca sativa), brócolis (Brassica oleracea), couves

(Brassica sp), rabanetes (Raphanus sativus) e etc, são plantadas numa clareira aberta (Figura

12), muitas vezes em consórcio, onde também é feito o plantio de espécies anuais como: milho

(Zea mays), ervilhas (Pisum sativum), feijões (Phaseolus sp) e outras espécies as quais

adaptam-se melhor em áreas abertas.

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Figura 12 � Área do cultivo de hortaliças no sistema 2, bairro São Vicente, Itajaí.

Evolução do Sistema 1

No Quadro 6, pode ser verificadas fotos do desenvolvimento da área durante um ano de

pesquisa, é notável a diferença da propriedade com um todo. O ator 1 nos últimos meses de

pesquisa, mostrou-se mais envolvido com a propriedade e este reproduziu um sistema

agroflorestal com árvores e bananeiras no outro lado da margem do rio e começou uma horta.

Outra mudança notável nas fotografias, é a construção de uma casa pelo ator 2 (Quadro 6).

Quadro 6 � Mostra o desenvolvimento do sistema 1, no bairro Brilhante, Itajaí.

Junho de 2006 Outubro de 2006

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Janeiro de 2007 Maio de 2007

Junho de 2007 Setembro de 2007

Sistema Agroflorestal implantado pelo Ator 1 do outro lado da margem.

Outubro de 2007

Divisão dos terrenos, a esquerda

propriedade 1 e a direita propriedade 2.

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Comparação dos Sistemas

Comparação Ecológica

A comparação ecológica foi feita entre os sistemas dos atores 1 e 2 (sistema 1)

comparados com o do ator 3 (sistema 2), buscando analisar a dinâmica desses ambientes e

como funciona a ecologia dos dois sistemas. O Quadro 7 mostra os parâmetros comparados,

sendo os resultados descritos em seguida.

Quadro 7 � Comparação ecológica entre os sistemas agroflorestais.

Atributos Ecológicos Sistema 1 (inicial) Sistema 2 (avançado)

31 espécies vegetais 58 espécies vegetais

Diversidade 19

nativas

7

exóticas

5

medicinais

19

exóticas

26

nativas

13

medicinais

Interações Bióticas Menor Maior

Decíduas e semi-decíduas: 58% Decíduas e semi-decíduas: 44% Ciclagem de Nutrientes

Fixadoras de Nitrogênio: 26% Fixadoras de Nitrogênio: 7 %

Estabilidade Maior Resiliência Maior Resistência

Diversidade de Espécies

Conforme Gliessman (2005), a diversidade é, simultaneamente, um produto, uma

medida e uma base da complexidade de um sistema e, portanto da sua habilidade de manter um

funcionamento sustentável. Sendo assim, o sistema 1, por possuírem uma menor área cultivada

(330m2) e menor densidade de plantas7 e uma menor diversidade de espécies, portanto,

possuem menor habilidade de funcionamento sustentável. O fator qualidade do solo, permite

que o ator 3 tenha uma regeneração natural de espécies dentro do sistema agroflorestal,

permitindo uma área cultivada com uma alta qualidade e diversidade de espécies.

Segundo Da Croce (1994), a diversificação de cultivos nas propriedades rurais,

minimiza riscos decorrentes de fatores climáticos, favorecendo de forma decisiva a

conservação do solo e da água, como também, possibilita o aumento do leque de fatores de

renda. Desta forma, podemos afirmar que o sistema 2 possui características ecológicas

7 A densidade entre o sistema 1 e o sistema 2 foi observada visualmente.

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importantes de proteção da mata ciliar complementada com a diversificação de cultivos que

auxilia sua renda.

A diversificação tem uma importância que vai além do fator renda, que são as

interações que ocorrem em função da diversidade de um sistema que o levam a uma

estabilidade. Segundo Gliessman (2005), quanto mais diversidade maior a resistência à

perturbações e à interferências, facilitando também a capacidade de recuperação e restauração

do equilíbrio em seus processos de ciclagem de materiais e fluxo de energia.

A diversidade de espécies encontrada no sistema 2 consiste em 26 espécies nativas e 19

espécies exóticas, sendo a maioria árvores frutíferas comuns. Além das 13 espécies de plantas

medicinais e os cultivos anuais plantados nas clareiras (Apêndice 7), resultando em 58

espécies.

Algumas das espécies comestíveis cultivadas dentro do sistema agroflorestal neste

sistema, de base amilácea são: o cará do ar (Dioscorea bulbifera L.), o cará de pão (Dioscorea

alata L.), o cará mimoso roxo e branco (Dioscorea trifida L.), o taiá (Xanthosoma sagittifolium

Schott), o inhame (Colocasia esculenta Schott), que são colhidos nos meses de inverno (abril a

agosto). Outras plantas amiláceas que fazem parte da alimentação, passíveis de serem colhidas

durante todo o ano são: o aipim (Manihot esculenta) e a batata-doce (Ipomoea batatas),

segundo estudo já realizados na propriedade (SANTOS, 2005).

Devido ao fato deste sistema ser manejado a mais de 60 anos, é natural que a

diversidade deste seja mais complexa. O ator 3 também contribuiu muito com a diversidade do

sistema através da adição de diversas espécies ao longo dos anos. Segundo a entrevista

realizada com o mesmo e conversas informais ao longo do projeto, o sistema sempre foi

cultivado pelos pais do ator dessa forma mista. Esta informação nos leva a perceber que o

sistema agroflorestal é um sistema funcional de sucesso quando bem manejado, podendo ser

produtivo.

A respeito do manejo necessário no sistema, a grande diversidade de espécies pode

significar a necessitada de maior mão-de-obra. Segundo Vaz da Silva (2002), o sistema

agroflorestal é uma alternativa para a recuperação da mata ciliar ao pequeno agricultor,

dependendo da quantidade de mão-de-obra disponível, sendo um SAF simples uma opção, pois

necessita de um menor manejo. O sistema simples proposto pela autora consiste em árvores

nativas (pioneiras e não-pioneiras), duas espécies de leguminosas, o Guandu (Cajanus cajan) e

o feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) ambos utilizados como adubação verde.

O responsável pelo manejo do sistema deve ao longo do tempo acrescentar, estudar e

manejar o posicionamento das espécies, para obter resultados favoráveis. Portanto é importante

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o estudo das espécies, suas características e grupos ecológicos como também a preferência de

habitat. Mesmo assim, existem muitas variáveis que podem influenciar no desenvolvimento e

crescimento destas espécies.

O sistema 2, além da diversidade de espécies vegetais, possui também animais, como: 1

vaca, 1 égua, 12 porcos, 2 patas, 17 marrecos e 50 galinhas. Alguns animais são abatidos e

comercializados, deles também provem o esterco, que é usado para adubar algumas áreas,

carne, leite e ovos, usados na confecção dos produtos consumidos pela família. Segundo

Mollison (1991), os animais são muito importantes para fecharem ciclos dentro do sistema,

tanto pelo controle de pragas e doenças, como pela produção de carne e esterco, que é usado

para adubar as mudas.

Interações Bióticas

Muitas espécies possuem comportamentos diferentes quando estão em conjunto com

outras espécies (ODUM, 2007). Fatores como a competição, mutualismo e a simbiose são

fatores relevantes em um sistema agroflorestal, assim como também em uma floresta.

A larga aceitação da idéia darwiniana da �sobrevivência do mais apto� como meio

importante de se realizar a seleção natural dirigiu a atenção aos aspectos competitivos da

natureza. Em conseqüência, a cooperação entre espécies na natureza foi subestimada (ODUM,

2007). Portanto, os sistemas agroflorestais são baseados na cooperação e efeitos positivos entre

espécies.

Sistemas diversos, como o encontrado no sistema 2 mostram efeitos clássicos de

mutualismo e cooperativismo entre as espécies. No sistema 2, foram catalogadas as interações

visíveis dentro do sistema ali existente, segundo SANTOS (2005b) sendo:

�A integração é total, pois plantas de tangerina suportam plantas de cará e as bananeiras estão

localizadas dentro do galinheiro, e árvores de guabiroba sombreiam as bananeiras. A Grandiúva

está presente espalhada por toda a propriedade. Hortaliças, como couve manteiga, couve-flor, brócolis, alface também são cultivadas em pequenos talhões, sempre cercados por outras

plantas. O milho é consorciado com abóbora, o taiá é consorciado com cará de pão, café

sombreado e outras árvores de porte maior sombreiam o café, como o ingá e a Grandiúva.

Também são encontradas no sistema diversas plantas medicinais, que são utilizadas

freqüentemente pela família�.

Os diversos consórcios feitos pelo ator 3 ( Figura 13 ), mostra a interação benéfica entre

as espécies, resultando em produtividade e otimização de espaço. Segundo Gliessman (2005), o

rendimento resultante dos consórcios é maior do que aquele das culturas �solteiras�. É provável

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que estes aumentos sejam resultado da complementaridade das características de nichos, pois

para obter sucesso no consórcio cada espécie deve ter um nicho levemente diferente, para não

ocorrer competição entre espécies.

a b

Figura 13 � a) Consórcios feitos pelo ator 3, cará-do-ar com bananeira; b) Taiás

(Xanthosoma sagittifolium Schott) com mandioca e outras arbóreas, bairro São Vicente,

Itajaí.

Portanto, é importante o conhecimento do nicho de cada espécie, sendo que o autor

também cita que o manejo bem sucedido de cultivos consorciados depende do conhecimento da

dinâmica populacional de cada membro, bem como as características específicas de nicho. Esse

conhecimento esta muitas vezes, atrelado ao conhecimento tradicional de muitas comunidades

e também de agricultores. Os sistemas agrícolas tradicionais baseiam-se em sistemas de rotação

de cultura, com diferentes espécies em consórcio, incluindo a relação simbiótica do solo, água,

plantas e animais domésticos (SHIVA, 2003).

Entre as interações bióticas mais conhecidas destacam-se as leguminosas e as bactérias

nitrificantes (Rhizobium) que possibilitam a fixação eficiente do nitrogênio. Além das

leguminosas, outras plantas ao redor delas se beneficiam desta característica. Por isso foi

priorizado na escolhas das espécies, árvores com capacidade de fixação de nitrogênio. No

sistema 1, das 19 espécies arbóreas, 5 (26%) espécies apresentam essa característica, já no

sistema 2 das 26 espécies nativas, são apenas 3 (11,5%) espécies, sendo que uma delas é

Grandiúva (Trema micrantha), a qual faz fixação biológica de nitrogênio atmosférico e absorve

fósforo através de fungos com suas raízes formando micorrizas (SANTOS, 2005a). O sistema 2

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possui um menor número de espécies fixadoras de nitrogênio porém, existem uma alta

densidade de Grandiúvas espalhadas pelo sistema todo.

Conforme Young (1989), algumas plantas não-leguminosas em associação com fungos

do gênero Frankia, também fixam nitrogênio. Estas o fazem com tanta eficiência quanto às

bactérias Rhizobium. Até agora 160 espécies de cinco gêneros de oito famílias de dicotiledônias

provaram possuir esse tipo de associação (ODUM, 2007).

O sistema 2, por ser manejado há 60 anos pela família, possui uma alta rede de

interações. Segundo Odum (2007), a quantidade de interações é influenciada pela maturidade

do sistema. Sendo assim, o sistema 1 possui uma menor interação entres as espécies, devido a

sua imaturidade.

Ciclagem de Nutrientes

A produção de serrapilheira é o parâmetro mais estudado na ciclagem de nutrientes,

uma vez que representa a principal via de retorno de nutrientes e de matéria orgânica à

superfície do solo mineral que suporta a floresta (PAGANO & DURIGAN, 2000). Esta via de

retorno é muito importante para a independência de insumos externos e para o

desenvolvimento do sistema como um todo.

A diferença da ciclagem de nutrientes e a produção de serrapilheira entre os dois

sistemas é visivelmente distinta. No sistema 1 este ainda não é cíclica, ou seja, eficiente o

bastante para não necessitar de insumos externos. Segundo Pagano & Durigan (2000) e Odum

(2007), a mata ciliar mais jovem é responsável pela maior produção anual de serrapilheira, uma

vez que as espécies pioneiras apresentam rápido crescimento e ciclo de vida mais curto,

investem pesadamente na produção de biomassa em um curto espaço de tempo.

É possível que exista um desequilíbrio de ciclos de nutrientes no sistema, pois segundo

Odum (2007) os ciclos podem se tornar imperfeitos, acíclicos, resultando na situação paradoxal

de haver carências de minerais em um lugar e excesso em outros. Como já mencionado

algumas plantas apresentaram-se fracas e suscetíveis a pragas e doenças, sendo que algumas

não sobreviveram e tiveram que ser substituídas.

A qualidade do solo está relacionada com o fortalecimento das plantas, pois conforme a

Teoria da Trofobiose, explica a relação de resistência da planta, baseia-se nos elementos

nutricionais que ela pode oferecer ao parasita, demonstrando que a resistência encontra-se

realmente ligada a uma carência da planta por algum elemento a ela essencial

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(CHABOUSSOU, 1987). Como verificado, as amostras de solo retiradas no sistema 1,

mostram baixos índices de nutrientes e minerais.

Pode-se dizer que o sistema 2 possui um ciclo de nutrientes bem formado pois, a análise

de solo deste sistema mostrou-se muito rica em quantidade de nutrientes. Estes resultados

podem estar relacionados com a abundante serrapilheira e material em decomposição no solo

(Figura 14 ), sendo a ação foliar o componente principal de toda a serrapilheira produzida

(PAGANO & DURIGAN, 2000).

Figura 14 � Taiás plantados no estrato herbáceo da agrofloresta envolvidos por restos de

folha de bananeira em decomposição, bairro São Vicente, Itajaí.

No sistema 1, (Apêndice 6), das 19 espécies usadas, 8 apresentam a característica

ecológica decídua (42%) como também 3 espécies são semi-decíduas (16%). No sistema 2, das

26 espécies nativas 6 são decíduas (22%) e 6 semi-decíduas (22%). A constante incorporação

de folhas ou cobertura morta (serrapilheira) no solo permite uma ciclagem de nutrientes

eficiente, podendo, talvez, ser dispensada a adubação externa. A participação das árvores

decíduas exerce esta função naturalmente dentro do sistema.

Ainda, as decíduas ou semi-decíduas, tendo como característica no inverno ou em

períodos de estiagem perderem as folhas permitindo também a entrada de luz no sistema,

possibilitando que outras espécies possam beneficiarem-se da luminosidade.

Estudos feitos por Young (1989) mostram dados (Quadro 8) dos nutrientes contidos nas

folhas das plantas em algumas árvores usadas em sistemas agroflorestais.

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Quadro 8 � Valores dos nutrientes voltados ao solo pelas podas em um sistema

agroflorestal.

Nutrientes % do nutriente nas folhas Nutriente potencial que

retorna ao solo pelas folhas

(kg/ha/ano)

Nitrogênio 2.0 � 3.0 80 � 120

Fósforo 0.2 � 0.3 8 � 12

Potássio 1.0 � 3.0 40 � 120

Cálcio 0.5 � 1.5 20 � 60

Fonte: Young (1989).

Estes dados mostram a importância da decomposição da matéria orgânica no solo,

sendo que o ator 3, realiza também um sistema de manejo de podas na Grandiúva no inverno e

a biomassa é usada como forragem para animais e também é incorporada no solo.

A distribuição de podas ao longo da área aumenta a cobertura do solo e a fertilidade,

resultado do efeito da decomposição das folhas (YOUNG, 1989). Além do aumento da

fertilidade do solo, as podas realizadas aumentam a entrada de luz no sistema.

A cobertura do solo permite que o nitrogênio, um dos mais importantes nutrientes para

as plantas, possa estar disponível (YOUNG, 1989). Este entra continuamente na atmosfera pela

ação das bactérias desnitrificantes, e continuamente retorna ao ciclo pela ação das bactérias ou

algas fixadoras de nitrogênio, por meio da radiação e por outras formas de fixação física

(ODUM, 2007).

Como já mencionado, o sistema 1 possui mais espécies leguminosas do que o sistema 2,

mesmo assim apresenta menor quantidade de serrapilheira. Segundo Pagano e Durigan (2000),

a produção de serrapilheira em matas ciliares varia não somente com o tipo de vegetação que as

compõem, mas também com o teor de umidade, da fertilidade do solo que as suportam e do

grau de perturbação da vegetação (PAGANO & DURIGAN, 2000).

O nitrogênio também possui outra função importante no sistema, pois conforme Young

(1989) pode também reduzir a competição de raízes com as culturas anuais. Nenhum dos

sistemas apresentou competição entre raízes, sendo que nos consórcios usados pelo ator 3, a

presença de lianas é bastante expressiva, tendo um papel importante na produção de

serrapilheira, de acordo com Pagano e Durigan (2000).

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Estabilidade dos Sistemas

De acordo com Odum (2007) existem duas formas de estabilidade: a estabilidade de

resistência (a capacidade de se manter �estável� diante de estresse) e a estabilidade de

resiliência ou elasticidade (a capacidade de se recuperar rapidamente). As duas formas podem

estar inversamente relacionadas.

O sistema implantado no sistema 1, mostra tender para uma estabilidade mais voltada a

resiliência, devido a recuperação rápida depois do período de estresse do alto verão e do ataque

de formigas. Conforme Odum (2007), temperaturas altas do verão geralmente exigem que a

planta gaste na respiração uma proporção da sua energia de produção bruta. Sendo assim, custa

mais as plantas (menos as C4) manterem sua estrutura no verão.

Possivelmente, esta tendência a menor resistência é decorrente do caráter imaturo do

sistema, sem desenvolver sua cibernética, ou ciência do controle, conforme Odum (2007).

No sistema 2 a ocorrência de pragas e doenças é insignificante, não sendo necessária a

aplicação de agrotóxicos ou fertilizantes químicos. De acordo com Altieri (2001) isto é

resultante da manutenção da biodiversidade no sistema, pois microorganismos do solo,

polinizadores, inimigos naturais, minhocas são componentes chave que exercem um importante

papel ecológico, através de controle natural, ciclagem de nutrientes, decomposição, equilíbrio

de microorganismos indesejados no solo e decomposição de produtos nocivos. O sistema 1

sofreu a aplicação de inseticida contra formigas pelo ator 1.

O sistema 2 apresenta uma tendência para a estabilidade de resistência, pois é capaz de

se manter estável após períodos de estiagem e manejo realizado. Como manejo se considera a

poda, a introdução de novas espécies, extrativismo de plantas medicinais, frutas e raízes,

adubações orgânicas (esterco, pena de aves, cinza, lixo orgânico) e capinas seletiva.

O processo extrativista, executado em intensidade reduzida, não altera as freqüências

fenotípicas ou genotípicas das populações de plantas, além disso, no caso de espécies não

madeireiras, não alteram a paisagem, nem a estrutura do componente biótico (REIS et al,

2002). Portanto, não prejudica as funções ecológicas previstas na resolução no 369 , Art. 11,

para APP.

Esta mesma resolução permite um manejo sustentável dentro da APP, ou seja, na mata

ciliar. Segundo Reis et al (2002), o manejo só é sustentável na medida em que a retirada de um

número de indivíduos (ou partes destes), a cada ciclo de exploração, puder ser reposta pelo

próprio dinamismo da espécie. Portanto, em função desta definição, o manejo que o ator 3

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exerce sobre o sistema pode ser considerado sustentável, pois as podas realizadas nas espécies,

principalmente na Grandiúva, é recomposta pela própria espécie. Vemos então que o manejo

sustentável deve ser vista de forma a valorizar áreas florestais, já que este exclui a possibilidade

de retorno mais rápido e rentável (SIMÕES, 2002).

Para Odum (2007), o grau de estabilidade realmente alcançado por um determinado

ecossistema depende, não somente da sua história evolutiva e da eficiência dos seus controles

internos (cibernética), mas também da natureza do ambiente de entrada de energia e também da

complexidade estrutural. São os controles internos, como o manejo (podas, extrativismo e

introdução de espécies) que o ator 3 realiza que caracterizam a estabilidade de resistência do

sistema 2, pois este se mantém estável diante do estresse produzido pelo manejo.

Entretanto, o manejo em um sistema agroflorestal tem como função acelerar a sucessão,

com espécies que forneçam recursos que nos interessam. Conforme Vivan (1998), o manejo é

feito de modo a não comprometer o fluxo de complexificação da vida que está sendo levado

naturalmente. O autor explica que, o manejo ocorre naturalmente através de vendavais e

enxurradas e a intervenção deve visar a renovação do sistema.

As perturbações (estresse) causadas pelas podas ou mesmo por colheitas (raízes, frutos

e folhas) feitas pelo ator 3, permite a renovação dos espaços no sistema. Segundo Ricklefs

(1996), as perturbações causadas por condições físicas, abrem espaço para a colonização e

iniciam um ciclo de sucessão de espécies adaptadas a colonizar sítios perturbados. Com níveis

moderados de perturbação, a comunidade torna-se um mosaico de partes de hábitat em

diferentes estágios de regeneração, as partes juntas contêm a variedade completa das espécies

características da série de sucessão.

Portanto, o manejo auxilia no incremento de diversidade no sistema. O sistema 2 como

já discutido possui, maior diversidade de espécies vegetais que o sistema 1. A diversidade tem

papel fundamental na manutenção da estabilidade do sistema, sendo que a destruição da

diversidade e a criação da uniformidade envolvem simultaneamente a destruição da

estabilidade e a criação da vulnerabilidade (SHIVA, 2003).

Entretanto, uma alta diversidade nem sempre significa maior complexidade, pois para

Odum (2007), a complexidade funcional parece aumentar a estabilidade mais do que a

complexidade estrutural a aumenta. São, portanto, as interações bióticas e a

multifuncionalidade das espécies no sistema 2 que podem colaborar também com a

estabilidade. A estabilidade alcançada pelo ator 3 é também resultado do tempo de manejo do

sistema (60 anos).

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A erosão considerada uma instabilidade física nos dois sistemas é praticamente nula,

devido a pouca declividade de ambas as propriedades, com topografia suave. O sistema 2, por

estar localizada nas margens do rio Itajaí-mirim, sendo este um curso d�água

consideravelmente largo (+/- 10 metros), poderia ser perigosa se ali houvesse erosão.

Felizmente, essa preocupação não existe devido a mata ciliar agroflorestal ali presente.

Segundo Young (1989), o sistema agroflorestal permite meios de combinar o controle de

erosão com o uso produtivo da terra. Como também o efeito do dossel das árvores, diminui o

impacto das gotas de chuvas no solo.

Comparação Econômica

Considerando a necessidade de tornar atrativo o sistema de recuperação de mata ciliar

com a agrofloresta para os pequenos agricultores que dependem da zona de APP para a

subsistência, foram estimados os gastos para a implantação do sistema.

O transporte e a mão-de-obra não foram considerados, devido a ajuda das instituições:

Secretaria de Agricultura de Itajaí, Epagri (Microbacias 2) e Univali. O valor das mudas e

sementes foi estimado através da pesquisa de mercado em redes agropecuárias e viveiros da

região, resultando, assim, em um custo inicial de implantação de 135,40 reais (Apêndice 11).

Porém, a idéia do projeto é que ocorra apoio e convênio entre órgãos governamentais e não

governamentais para que a implantação do sistema seja viável para os pequenos agricultores.

Esse valor pode ser recuperado em curto, médio ou a longo prazo, dependendo do tipo

de cultura a ser utilizada, no caso do sistema 1 é necessário plantio na área ainda disponível e,

com isso maior envolvimento dos atores. No entanto, o sistema quando maduro produzirá

frutos, raízes e essências medicinais.

Talvez a falta de habilidade e de relação com a terra referente ao ator 1 tenha

influenciado na falta de aproveitamento dos recursos que poderiam ter sido gerados no sistema

1 desde o primeiro ano de plantio. Segundo Poltroniéri (1996), a influência dos recursos do

meio ambiente varia de acordo com a percepção humana. Há, portanto, diferentes níveis de

riqueza do espaço e diversos níveis de habilidade humana para aproveitar os recursos, gerando

diferentes formas de organização espacial.

Foi feita uma mesma tabela seguindo o modelo de SANTOS (2005b) para as sistema 1,

analisando as frutíferas e espécies perenes que podem futuramente também gerar colheitas o

ano todo (Apêndice 9).

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Devido o ator 3 manter espécies remanescentes na mata ciliar, dispensa o valor

estipulado para a implantação do sistema. Isto mostra que devido o sistemas 1 encontrar-se

desprovido de mata ciliar houve custos para a implantação. Segundo Osterroht (2002), uma alta

diversidade tem um custo maior de implantação enquanto depender do trabalho humano.

Porém, após o sistema entrar em autodinâmica, a reprodução e o replantio das muitas espécies

será exercido pelos animais silvestres, a um custo muito baixo.

O sistema 2, hoje é um sistema dinâmico, resultado de investimentos de energia inicial

investidas no sistema agroflorestal, está até hoje fornecendo uma renda indireta a família,

produzindo o ano todo (Apêndice 10), sendo que, o excedente o ator comercializa com os

vizinhos. O ator 3 gasta hoje em dia em média 100,00 reais mensais no supermercado, sendo

que compra basicamente produtos de limpeza, farinhas e outros insumos que não são

produzidos pelo sistema como um todo (incluindo os animais). Hoje em dia, o sistema não

possui muitas demandas de mão-de-obra, este como já possui uma produção contínua e uma

ciclagem de nutrientes dinâmica, resultando numa alta fertilidade cultivada por anos, acaba por

diminuir a mão-de-obra, necessária no sistema 1 imaturo.

Portanto, a mão-de-obra tende a diminuir com a maturidade do sistema. Para a

diminuição da mão-de-obra faz-se necessária a utilização intensiva do solo através de

consórcios, sendo que isto diminui a área efetiva a ser trabalhada e pode manter os mesmos

níveis de produção (ROCKENBACH & DOS ANJOS, 1994). Em um trabalho realizado na

comunidade rural do Córrego do Sossego, em Simonésia, no estado de Minas Gerais foi

constatado uma diminuição da mão-de-obra de 30%, isto devido ao fato da sombra das árvores

leguminosas e da eficiência da adubação verde (Franco et al, 2004). A sombra permite que

espécies de gramíneas cresçam menos, necessitado assim, mesmo capinas e coroamentos.

A comparação econômica da produtividade em sistemas agroflorestais com o

monocultivo de espécies agrícolas é muito difícil, pois uma comparação deste tipo envolve

sistemas inteiros e não pode ser comparados a fragmentos de sistemas agrícolas. Como em

sistemas agroflorestais, a produção também envolve a conservação das condições de

produtividade (SHIVA, 2000), é possível que estes sejam claramente mais produtivos, pelo fato

dos insumos necessários provirem da ciclagem de nutrientes dentro do próprio sistema. Ao

contrário dos monocultivos que dependem de insumos externos (fertilizantes, adubos químicos,

sementes) para poderem alcançar uma produção almejada e mantém o produtor dependente do

mercado externo.

Quando se trabalha com sistemas agroflorestais, de forma a respeitar o limite das

espécies, não é necessário o uso de adubos químicos ou fertilizantes para acelerar e aumentar a

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produção. O atual problema encontrado entre os pequenos agricultores é a visão curto-prazista,

pois segundo Young (2002), os ganhos a curto prazo podem se revelar desastrosos a médio e

longo prazos para a comunidade como um todo, sendo que o imediatismo econômico impede

que os sistemas de médio e longo prazos sejam considerados ações cotidianas. Conforme o

autor, não é porque a floresta não gera produtos de importância econômica que ela acaba sendo

destruída, mas sim porque existem outras formas de uso da terra que garantem recursos

financeiros maiores ou mais rápidos para os que promovem o desmatamento. Sendo o sistema

aqui proposto mais produtivo economicamente quando maduro, é necessário persistência dos

envolvidos.

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PROPOSTA

Para a continuidade do processo de recuperação da mata ciliar com SAF, primeiramente

recomenda-se ações para proporcionar melhoras na condição da fertilidade do solo do sistema

1, podendo ser realizado plantio de espécies com característica de adubação verde, como

guandu e crotalária. A grama seria então coberta, diminuindo a competição por nutrientes

destas com outras espécies. A matéria orgânica também estaria melhorando as condições do

solo, aumentando a fertilidade e a ciclagem de nutrientes.

Deveriam ser introduzidas no sistema 1 mais espécies arbustivas e herbáceas de ciclo curto

e lianas a fim de proporcionar uma subsistência a curto prazo e estimular as relações bióticas

através dos consórcios. No sistema 2 poderiam ser catalogadas as espécies que estão na

sombra, semi-sombra e pleno sol do sistema agroflorestal, para futuras indicações em outros

sistemas, assim como também poderiam ser feitos estudos sobre o manejo e o conhecimento

tradicional do ator 3.

Recomenda-se que o auxilio técnico entre o pesquisador e o ator continue sendo

constante, por meio de visitas a área de estudo, a fim de estimular a criação de novas

estratégias e metodologias. A parceria entre instituições governamentais e não governamentais

é também importante, para que ocorra o fortalecimento das redes locais de incentivo a uma

produção agroecológica livre de agrotóxicos.

Ainda, para uma produção agroecológica, sugerem-se procedimentos como: adubações

orgânicas (esterco, cinza), manejo (podas e por introdução de espécies) e produção de matéria

orgânica (serrapilheira) para a incorporação desta no solo, sendo fatores essenciais ao longo do

projeto.

Para auxiliar no processo de sucessão de espécies, visando a recuperação de mata ciliar

com sistema agroflorestal foram organizados dados8 (Quadro 9), conforme o modelo proposto

por Ribeiro (2001).

8 Importante salientar que esta tabela consiste num modelo, muitas condições podem interferir num sistema

agroflorestal, pois não existe um �pacote pronto� para sistemas agroflorestais. O anos citados são apenas

referenciais para servir como um guia.

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Quadro 9� Mostra as diferentes fases de um sistema agroflorestal adaptado para a área

de estudo.

Fase Idade (anos) Espécies Ambiente e Manejo

01 0-3

Árvores: Nativas da Floresta Atlântica

(pioneiras leguminosas e frutíferas

menos exigentes). Espécies comestíveis: Milho, feijão,

soja, girassol, abacaxi, mamão,

banana, abóbora, abobrinha e café9.

Espécies adubadoras: arbustos que

produzem grandes quantidades de matéria verde. Espécies Medicinais.

Área com grande

quantidade luz solar. Sugere-se o aproveitamento da luz através do plantio de

espécies que necessitam de

luz na fase inicial. O solo encontra-se fraco e com pouca fertilidade. Importante a incorporação

de matéria orgânica

(serrapilheira) no solo e adubações orgânicas.

02 4-7

Árvores: Palmito Jussara, Louro-pardo, frutíferas mais exigentes. Espécies comestíveis: cará-do-ar, mangarito, feijão trepador, abacaxi,

pepino, chuchu, favas. Espécies arbustivas de sombra rala como: mamão, erva mate, amoras e

raízes como taiás e inhames. Espécies adubadoras: arbustos que

produzem grandes quantidades de matéria verde. Espécies Medicinais.

Área com sombra esparsa.

Introdução de espécies de

sub-bosque, mas que não

sejam muito exigentes. Aproveitamento das árvores

para apoio à trepadeiras.

Solo de fertilidade média,

manejo e podas leves de algumas árvores para a

entrada de luz; incorporação das folhagens

no solo. 03 8-15+

Espécies nobres que necessitam de

sombra inicial, como Palmito Jussara, Espinheira Santa, Canela, Louro-pardo. Espécies comestíveis: taiás, inhames.

Sistema Agroflorestal adulto produzindo frutos e produtos diversos. Ambiente com sombra e solo com alta fertilidade. Alta reciclagem de nutrientes. Podas e manejo leves para entrada de luz (clareiras) plantio de espécies com necessidade

de luz.

Fonte: Adaptada de Ribeiro (2001).

9 Espécies exóticas; o café é recomendado, mesmo não tendo sido plantado no sistema 1.

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CONCLUSÃO

Os resultados deste trabalho poderão subsidiar ações locais e servir de modelo para

fortalecer a agricultura familiar de outros produtores rurais, inclusive aqueles que ocupam Área

de Proteção Permanente (APP), principalmente a mata ciliar.

O sistema agroflorestal pode trazer muitos benefícios para a agricultura familiar, porém

ainda fazem-se necessários esclarecimentos sobre a legislação vigente, principalmente

relacionada ao manejo e uso da APP e a divulgação desta até para técnicos e extensionistas.

O modelo testado para a recuperação da mata ciliar com sistema agroflorestal obteve

resultados positivos, sendo constatado ser um sistema interessante para a agricultura familiar de

Itajaí, pois este envolve as esferas: ecológica (recuperação e conservação dos recursos hídricos

e a manutenção da fertilidade do solo), econômica (auxílio para a subsistência familiar e

geração de renda) e, por fim, social devido ao fato de envolver os atores sociais com a área de

mata ciliar.

As análises de solo realizadas nas áreas de estudo indicaram que o sistema 1 possui

baixos níveis de fertilidade (CTC - capacidade de troca de cátions do solo, pouca matéria

orgânica e macronutrientes) e pH muito ácido. Entretanto, o sistema 2 apresentou um solo com

condições ótimas de fertilidade, segundo padrões estipulados pela Epagri.

Foram identificadas espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas que podem estar sendo

usadas para a recuperação da mata ciliar com sistema agroflorestal, sendo que no sistema 1 as

espécies herbáceas e arbustivas plantadas são em maioria medicinais, já no sistema 2 estas

espécies possuem mais características agrícolas.

As espécies medicinais identificadas no sistema 1 foram importantes para que os atores

pudessem conhecê-las e utilizá-las para uso medicinal caseiro, além de permanecerem na área,

sem que os mesmos as retirassem, como é comum em outras áreas por serem consideradas

�ervas daninhas�.

As espécies arbóreas plantadas no sistema 1 foram todas nativas, sendo que 26% destas

são leguminosas, eleitas pela eficiência de fixação de nitrogênio. Apesar do sistema 2 ter

apenas 11,5 % de espécies leguminosas, a Grandiúva (Trema micrantha) também fixa

nitrogênio através de micorrizas e encontra-se espalhada por toda a propriedade.

A participação do ator 1 em recuperar a mata ciliar foi mínima no princípio, porém a

proposta de estar introduzindo espécies que fornecem frutas, raízes, essências medicinais,

fibras, e outros produtos, despertou mais interesse do mesmo. Entretanto, este ator continua

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realizando roçadas no outro lado da margem do curso d�água onde existe um declive

acentuado. O ator 2 parece perceber a importância da mata ciliar. Este por sua vez, não roça a

área de declive acentuado, pois sabe da importância das raízes das plantas na manutenção da

estabilidade da encosta. O ator 3 parece estar sensibilizado com a área de mata ciliar devido

esta ter sempre sido mantida através de gerações.

A sensibilização do ator 1 com o sistema agroflorestal e a função ecológica da

propriedade como um todo foi lenta, porém ao final do projeto foram verificados avanços,

resultando no plantio de novas espécies, na reprodução do sistema agroflorestal em parte da

outra margem do córrego e na implantação de uma horta, sendo ainda necessária a

compreensão da importância em manter a vegetação na encosta. O ator 2 esteve ao longo do

projeto disposto e sensibilizado a continuar cuidando e introduzindo novas espécies na

propriedade. O ator 3 sempre esteve envolvido com sua agrofloresta, pois é dela que retira

grande parte do seu sustento.

Foi constatado que a relação dos atores com as suas áreas é muito importante para a

continuidade do projeto, sendo necessários vínculos com a área a ser recuperada. Devido o

sistema agroflorestal carecer de manejo constante, principalmente em fase inicial precisa de

pessoas que estejam realmente a fim de desenvolver um bom trabalho. Muitas características

influenciam no processo de construção de um sistema agroflorestal, assim como também na

recuperação da mata ciliar. Herança familiar, conhecimento tradicional, conectividade com a

terra, objetivos, valores e princípios estão estreitamente relacionados.

Das 19 espécies plantadas na área de estudo 1, sobreviveram 76%, após o

enriquecimento. As espécies: Aroeira (Schinus terebinthifolius), Ingá (Inga uruguensis),

Canafístula (Peltophorum dubim) e Pata de Vaca (Bauhinia forficata) apresentaram maior

crescimento vertical. Para desenvolvimento de diâmetro de colo, o Guarapuvu (Schizolobium

parahyba), Aroeira e a Caroba (Jacaranda puberula) apresentaram destaque em relação ao

desenvolvimento do colo.

A comparação entre os sistemas mostra que os fatores analisados, diversidade,

interações bióticas, ciclagem de nutrientes e estabilidade estão relacionados. As diferenças

ecológicas encontradas entre os sistemas dependem do momento sucessional que cada um

encontra-se. Portanto, todas as fases de evolução do sistema fazem parte do processo de

recuperação de uma área. O sistema 2, considerado maduro, possui características ecológicas

favoráveis para uma maior produtividade, sendo que, o sistema 1 pode com o tempo apresentar

estas características.

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Para a continuidade do projeto proposto será necessária a introdução de mais espécies

de ciclo médio e curto, para fornecer uma subsistência a curto prazo, já que as espécies

arbóreas, de ciclo longo, irão demorar a produzir frutos. Como também serão necessárias

adubações constantes e um maior envolvimento dos atores.

As condições propostas para a subsistência do sistema 1 a curto prazo com espécies

agrícolas não foram muito satisfatórias, sendo que as espécies agrícolas não se desenvolveram

bem na área devido a baixa fertilidade do solo e a competição de gramíneas. Entretanto, as

espécies arbóreas plantadas podem contribuir significativamente com uma futura fonte de

renda para as famílias dos atores envolvidos, através de frutos, resinas, óleos, essências

medicinais e pigmentos.

Para futuras áreas a serem recuperadas com sistema agroflorestal, faz-se necessário o

envolvimento dos atores, técnicos e pesquisadores, assim como também é essencial a

sensibilização destes pela questão ambiental atual que se encontra grande parte das matas

ciliares do estado de Santa Catarina. O sistema agroflorestal é uma alternativa para que a

agricultura familiar possa ser um exemplo de equilíbrio harmonioso e integrado, unindo a

conservação dos recursos naturais e a produção agroecológica sustentável.

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REFERÊNCIAS

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de Recuperação da mata ciliar do rio Tijucas. In: SIMPOÓSIO DE

RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS, 6, 2005, Curitiba. Anais. Curitiba:

UNIVALI, 2005. p. 708-709.

2. ALTIERI, M. Agroecologia: bases científicas para uma agricultura sustentável. Guaíba: Ed. Agropecuária, 2001. 592 p.

3. ARMANDO, M.S.; BUENO, Y.M.; ALVES, E.R.; CAVALCANTE, C.H. Agrofloresta para Agricultura Familiar. Circular Técnica 16, CENARGEN-Embrapa, Brasília, 2002.

4. BIODIESELBR. Biodiesel no Brasil. Pinhão Manso � Jatropha curcas. Disponível

em: www.pinhaomanso.com.br . Acessado em 29 de agosto de 2007.

5. BRASIL. Lei n° 4771/65. Institui o novo código florestal brasileiro. Brasília, 1965.

6. BRASIL. Lei no 9985, de 2000, Institui o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação. Ministério do Meio Ambiente. Brasília, 2000.

7. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Legislação Brasileira. 2002. Disponível em: <http://www.mma.gov.br >Acessado em: 22 mar. 2006.

8. CHABOUSSOU, F. Plantas doentes pelo uso de agrotóxicos: a teoria da

trofobiose. Porto Alegre: L&PM, 1987.

9. CIASC. Centro de informática e automação do estudo de SC. Mapa interativo de SC. Disponível em: http://www.mapainterativo.ciasc.gov.br/sc.phtml. Acessado em 24 de maio de 2007.

10. CONTINI, E. Comentários sobre planejamento para o desenvolvimento rural e

pesquisa agropecuária. In: CONTINI, E., ALIVIA, A. F., TOLLINI, H.; Alimentos, política agrícola e pesquisa agropecuária. Brasília: Embrapa � DPU, 1989.

11. DA CROCE, D. M. A pesquisa em sistemas agroflorestais no estado de Santa

Catarina. In: I Seminário sobre Sistemas Agroflorestais na Região Sul do Brasil, 1.,

1994, Colombo. Anais. Colombo: EMBRAPA � CNPF, 1994. 260p.

12. DIEGUES, A. C. Aspectos sociais e culturais do uso dos recursos florestais da

mata atlântica. In: SIMÕES, L. L & LINO, C. F.; Sustentável Mata Atlântica: a

exploração de seus recursos florestais. São Paulo. SENAC:SP, 2002, p. 135-158.

13. ENGEL, V. L. Introdução aos sistemas agroflorestais: Botucatu, FCA/UNESP, 1999.

14. FERRARI, D. L; Agricultura familiar e trabalho rural em Santa Catarina.

Revista Agropecuária Catarinense, v.17. n.1. mar.2004.

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15. FIPE - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas. In: Ações do Ministério do

Desenvolvimento Agrário para a Conservação da Biodiversidade. Brasília. 2007.

(cartilha).

16. FRANCO, F. S., NONATO, H., PEDRONI, M. K.; Projeto Doces Matas:

Monitoramento Participativo de Práticas Agroecológicas. Simonésia, MG. 2004.

17. FRANCO, J. G. de O. Direito ambiental em matas ciliares: conteúdo jurídico e

biodiversidade. Curitiba: Juruá, 2005.

18. FRANK, B.; IBBOTSON, D. P.; GHODDOSI, S. M.; SANTOS SILVA, D. Projeto

Piava: Recuperação de ambientes ciliares da Bacia do Itajaí. Universidade Regional de Blumenau � Instituto de Pesquisas Ambientais. Comitê de

Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí. Blumenau, 2005 (apostila de curso).

19. FRANK, B.; SCHULT M. S.; SANTOS SILVA, D. Programa de Recuperação de

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Apêndices

1. Entrevista com o ator social 1

2. Entrevista com ator social 2

3. Entrevista com o ator social 3

4. Layout � Fase 1 � sistema 1

5. Layout � Fase 3 � sistema 1

6. Espécies arbóreas nativas do sistema 1

7. Espécies arbóreas nativas do sistema 2

8. Espécies medicinais encontradas no sistema 1

9. Calendário de colheita do sistema 1

10. Calendário de colheita do sistema 2

11. Tabela de custo do plantio no sistema 1.

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Anexos

1. Visualização aérea da área de mata ciliar da área de estudo 1, destacando a Área de

Preservação Permanente.

2. Análise dos macronutrientes do solo da área de estudo 1.

3. Análise dos macronutrientes do solo da área de estudo 2.

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