reciclagem de pavimento asfáltico

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1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA-UDESC CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS-CCT DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL-DEC JOSÉ LEONARDO GONÇALVES L. C. PAEZ RECICLAGEM DE PAVIMENTO ASFÁLTICO JOINVILLE-SC 2012

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TCC Reciclagem de pavimento asfáltico

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Page 1: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

1

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA-UDESC

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS-CCT

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL-DEC

JOSÉ LEONARDO GONÇALVES L. C. PAEZ

RECICLAGEM DE PAVIMENTO ASFÁLTICO

JOINVILLE-SC

2012

Page 2: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

2

JOSÉ LEONARDO GONÇALVES L. C. PAEZ

RECICLAGEM DE PAVIMENTO ASFÁLTICO

Trabalho de Graduação apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Estado de Santa Catarina como requisito para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Robison Negri

JOINVILLE-SC

2012

Page 3: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

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JOSÉ LEONARDO GONÇALVES L. C. PAEZ

RECICLAGEM DE PAVIMENTO ASFÁLTICO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Estado de Santa Catarina como requisito para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Banca examinadora:

Orientador:_________________________________________________________________ Prof. Mestre Robison Negri Universidade do Estado de Santa Catarina

Membro:___________________________________________________________________ Prof. Mestre Miguel Angelo da Silva Mello Universidade do Estado de Santa Catarina

Membro:___________________________________________________________________ Prof. Doutora Adriana Goulart dos Santos Universidade do Estado de Santa Catarina

JOINVILLE

2012

Page 4: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

4

RESUMO

A técnica de reciclar pavimentos é uma alternativa de restauração interessante para as nossas rodovias. O material que era considerado descartável pode, hoje, ser reutilizado em pavimentos novos, através da remoção do pavimento, seja pela fresagem ou pela escarificação e adição de componentes que dão à mistura propriedades adequadas para a reutilização. Esse método reduz a exploração em jazidas minerais e, também, apresenta uma economia considerável. Do ponto de vista ambiental, essa reutilização é importante, já que a disposição desse material, no ambiente, causa inúmeros problemas. O método tem também algumas vantagens técnicas, como por exemplo, manter o greide da pista, o nível da calçada e o não aparecimento de degraus entre a pista e o acostamento, provocados por uma aplicação excessiva de camadas de recapeamento. Para que a reciclagem possa ser utilizada como uma alternativa para a manutenção de estradas, alguns fatores técnicos e econômicos têm que ser levados em consideração. Neste trabalho, serão apresentadas considerações sobre a técnica escolhida para reutilização (a frio, ou a quente em usina); as etapas para realização da reciclagem; os ensaios realizados para controle de qualidade, através de trabalhos realizados, livros, normas, de modo a transformar o pavimento antigo em um material com características próprias para ser usado como camada de um novo pavimento. No final do trabalho, é apresentado um estudo de caso baseado em dados retirados de uma execução de uma obra de reciclagem a frio, da base do pavimento com adição de cimento, realizada pela empresa de consultoria Pentágono, no ano de 2003, na rodovia SP-253, que liga a cidade de Pradópolis, ao rio Mogi-Guaçu no interior do Estado de São Paulo. O estudo terá como foco a análise dos materiais retirados em campo, os ensaios de caracterização do material, além de como é feito o projeto de mistura, quais os parâmetros avaliados na escolha dos materiais que serão adicionados na mistura e, quais as qualidades que a mistura final deve possuir para ser aprovada como base do pavimento. Será apresentado por fim, a partir da análise dos resultados, a qualidade final que o material retirado da pista apresentou, após a devida dosagem, de modo que atenda as especificações técnicas exigidas para a sua utilização. .

Palavras-chave: Reciclagem, Pavimento, Restauração

Page 5: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

5

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO-....................................................................................................................8

1.1 OBJETIVO...........................................................................................................................9

1.1.1 Objetivo geral...................................................................................................................9

1.1.2 Objetivo secundário.........................................................................................................9

2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA...........................................................................................11

2.1 PAVIMENTAÇÃO ASFÁTICA........................................................................................11

2.1.1 Camadas..........................................................................................................................11

2.1.1.1 Revestimentos..............................................................................................................11

2.1.1.2 Subleitos.......................................................................................................................12

2.1.1.3 Reforços de subleitos...................................................................................................13

2.1.1.4 Bases e sub-bases.........................................................................................................13

2.1.1.5 Imprimação entre camadas........................................................................................13

2.2 MATERIAIS.......................................................................................................................14

2.2.1 Agregados.......................................................................................................................14

2.2.2 Asfaltos e betumes..........................................................................................................17

2.2.2.1 Asfaltos diluídos..........................................................................................................18

2.2.2.2 Emulsões asfálticas......................................................................................................19

2.3 PROCESSOS DE DEGRADAÇÃO DOS PAVIMENTOS...............................................20

2.4 ENVELHECIMENTO DO ASFALO.................................................................................20

3 RECICLAGEM DE PAVIMENTO ASFÁLTICO............... ...........................................22

Page 6: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

6

3.1 RECICLAGEM A QUENTE EM PAVIMENTOS............................................................24

3.1.1 Reciclagem a quente “in situ”.......................................................................................27

3.2.3.1 Método Marini.............................................................................................................27

3.2.3.2 Método Wirtgen...........................................................................................................28

3.1.2 Reciclagem a quente em usina estacionaria.................................................................29

3.2 RECICLAGEM A FRIO EM PAVIMENTOS...............................................................................31

3.2.1 Avaliação dos materiais.................................................................................................33

3.2.2 Etapas da construção por reciclagem...........................................................................37

3.2.3 Reciclagem a frio “in situ”............................................................................................39

3.2.4 Reciclagem a frio em usina...........................................................................................41

3.3 RECICLAGEM A FRIO COM ADIÇÃO DE CIMENTO.............................................................41

3.3.1 Materiais.........................................................................................................................42

3.3.2 Mistura reciclada...........................................................................................................42

3.3.3 Execução.........................................................................................................................44

3.3.4 Controle..........................................................................................................................46

3.3.4.1 Controle dos materiais................................................................................................46

3.3.4.2 Controle de execução..................................................................................................47

3.3.4.3 Controle geométrico e acabamento...........................................................................48

3.3.4.4 Deflexões................................................................................................................................49

3.3.4.4.1 Determinação das deflexões pela viga Bekelman...............................................................49

4 ESTUDO DE CASO SP-253...............................................................................................52

4.1 METODOLOGIA...............................................................................................................53

4.1.1 Ensaios de caracterização e classificação.....................................................................54

Page 7: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

7

4.1.2 Ensaio de compactação..................................................................................................58

4.1.3 Ensaio para verificação da resistência.........................................................................59

4.2 ANALISE DE CAMPO E ENSAIOS DE LABORATÓRIO.............................................62

4.2.1 Amostra n° 1 – Estaca 1504...........................................................................................62

4.2.2 Amostra n° 2 – Estaca 46+10........................................................................................69

4.2.3 Amostra n° 3 – Estaca 570.............................................................................................77

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................84

REFERÊNCIAS........................................................................................................................86

Page 8: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil, um país jovem de tamanho continental, em função de suas características de

relevo, e ocupação territorial, principalmente costeira, e os custos de implantação de ferrovias,

optou pela criação de uma das maiores malhas rodoviária do mundo.

Com uma rede rodoviária de cerca de 1,8 milhões de quilômetros, sendo 96.353

quilômetros de rodovias pavimentadas (2004), as estradas são as principais transportadoras de

carga e de passageiros no tráfego brasileiro.

O grande desenvolvimento se deu na década de quarenta, nas ligações das principais

cidades na costa leste do país, aumentando nas décadas seguintes de cinquenta com o aumento

das refinarias de petróleo, que diminuiu os custos do asfalto, tendo nos anos sessenta a

abertura de diversas estradas ligando varias regiões ao interior do país, alavancado pela

construção da nova capital no centro oeste, e na década de setenta, desbravando o oeste e

norte, com a construção da Belém - Brasília e Transamazônica.

Com um desenvolvimento mal planejado, os custos das implantações aumentando de

maneira exponencial, numa época de grande inflação, nas décadas seguintes, houve uma

desaceleração no desenvolvimento da pavimentação nas varias regiões do país.

A malha viária, apesar de jovem, foi sofrendo desgastes em função da má

conservação, projetos inadequados e má fiscalização de carga, que admitindo cargas maiores

que as permitidas, aumentaram a deterioração dos pavimentos.

Com o aparecimento de novos equipamentos, com regulagem eletrônica de maior

precisão, novos estudos, desenvolvimento de novos produtos asfálticos, ainda as exigências

ambientais quanto ao destino de resíduos em áreas previamente aprovadas para recebimento

dos mesmos, a opção da reciclagem do pavimento, tem-se mostrado de grande valor

econômico e ambiental, já que este procedimento reutiliza o pavimento existente,

acrescentando materiais para reforçar e readequar para que o mesmo se enquadre nas novas

normas de resistência e durabilidade.

O processo de reciclagem de pavimentos apresenta varias vantagens em relação a

outros métodos. Entre as vantagens estão a reutilização do material antigo que seria

descartado, a otimização das distâncias de transporte e, a obtenção de matéria-prima, sem a

Page 9: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

9

necessidade de exploração de jazidas naturais. Neste trabalho será abordada a necessidade da

execução da reciclagem, os benefícios técnicos, quando da utilização de um ou outro método

de reciclagem, assim como o processo executivo em cada método, os materiais utilizados, os

ensaios necessários para os materiais, os ensaios realizados durante o processo, o controle de

execução e as qualidades esperadas no produto final.

O trabalho é limitado aos métodos construtivos de reciclagem de pavimento,

abrangendo os materiais e equipamentos necessários para execução e controle, para que o

pavimento tenha um bom desempenho depois de realizada a reciclagem. Terá uma atenção

especial a reciclagem de base com adição de cimento, que foi base para a realização da obra

onde foi realizado o estudo de caso.

Trata-se da adição de cimento Portland ao material originado da fresagem de

pavimentos flexíveis em mau estado. A mistura homogeneizada é compactada e servirá de

base para um novo pavimento.

Por fim será apresentado um estudo de caso na rodovia SP-253 que liga a cidade de

Pradópolis ao Rio Mogi-Guaçu no interior do estado de São Paulo, para evidenciar a

restauração de uma rodovia utilizando como método a reciclagem a frio da base do pavimento

com adição de cimento Portland.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Analisar um método de dosagem de pavimentos asfálticos a serem reciclados, através

da técnica de reciclagem a frio com adição de cimento, de modo que a mistura final possa ser

utilizada como camada de base para o pavimento.

1.1.2 Objetivos específico

Esse trabalho tem como objetivo apresentar os métodos utilizados na reciclagem de

material asfáltico.

Page 10: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

10

Verificar através de um estudo de caso, a utilização de cimento para estabilização de

material retirado de um pavimento antigo, para ser utilizado como base de um novo

pavimento.

Verificar como são realizados os ensaios para correção granulométrica dos materiais.

Page 11: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA

O asfalto é uma estrutura composta por camadas sobrepostas de diferentes materiais

compactados a partir do subleito, de forma a atender estrutural e operacionalmente ao tráfego,

de maneira durável e com o menor custo possível, considerando horizontes para serviços de

manutenção obrigatórios (BALBO, 2007).

Segundo Senço (2008) o pavimento é uma estrutura construída sobre a terraplenagem

e destinada a:

a) resistir aos esforços verticais do tráfego e distribuí-los;

b) dar melhores condições de rolamento, quanto ao conforto e segurança aos

veículos;

c) resistir aos esforços horizontais (desgaste), tornando mais durável a superfície

de rolamento.

A estrutura do pavimento asfáltico é concebida, em seu sentido estrutural, para receber

e transmitir esforços de modo a aliviar as tensões das camadas inferiores que geralmente

possuem menor resistência (BALBO, 2007).

A seguir serão citadas as camadas que podem fazer parte do corpo do pavimento.

2.1.1 Camadas

2.1.1.1 Revestimentos

Também chamado de capa de rolamento, o revestimento é a camada que recebe

diretamente a ação do tráfego, de preferência impermeável, destinada a melhorar a superfície

Page 12: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

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do pavimento quanto às condições de conforto e segurança e, diminuir o desgaste, dando uma

maior durabilidade à estrutura (SENÇO, 2008).

A espessura da camada de revestimento é determinada de acordo com o tráfego

previsto ou por critérios próprios. Para vias simples, é comum o uso de camadas de 3 cm a 5

cm. Nas autoestradas as espessuras podem chegar de 7,5 cm a 10 cm, para o pavimento

(SENÇO, 2008).

Como o revestimento é a camada que possui maior custo unitário, com grande margem

de diferença entre as demais camadas, é necessário muito cuidado na determinação de sua

espessura a fim de não tornar a obra muito onerosa. É preferível, em muitos casos, criar uma

estrutura mais resistente nas camadas inferiores e sacrificar, em parte, a espessura do

revestimento (SENÇO, 2008).

O revestimento deverá, além de outras funções, receber cargas, estáticas ou dinâmicas,

sem sofrer deformações elásticas ou plásticas de grandes proporções, desagregação de

componentes ou perda de compactação. Necessita, portanto, ser composto por materiais bem

aglutinados, dispostos de maneira a evitar movimentação horizontal (BALBO, 2007).

Os revestimentos asfálticos, muitas vezes, são divididos em duas ou mais camadas por

razões técnicas, construtivas e financeiras. Portanto, é comum encontrar expressões como

“camada de rolamento” e “camada de ligação”, para descrever um revestimento dividido em

duas camadas (BALBO, 2007).

2.1.1.2 Subleitos

Os esforços impostos sobre a superfície do subleito serão aliviados em sua

profundidade. Deve-se, portanto, ter maior preocupação com os estratos superiores, onde os

esforços solicitantes são maiores. O subleito pode ser constituído de material natural

consolidado e compactado, no caso de corte do corpo estradal, ou por um material

transportado, no caso de um aterro. Em alguns casos é usado aterro sobre o corte, quando o

solo apresenta características não compatíveis para um bom subleito (BALBO, 2007).

Um método bastante empregado para a caracterização da resistência de um subleito é o

ensaio CBR, no qual é verificada a resistência na penetração de um pistão numa amostra do

solo do subleito (SENÇO, 2008).

Page 13: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

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2.1.1.3 Reforços de subleito

Quando o subleito apresenta um solo com pequena resistência aos esforços verticais de

cisalhamento, é preciso pensar em executar sobre o subleito uma camada de solo de melhor

qualidade, que sirva de reforço sobre a superfície, de maneira que a pressão exercida no

subleito seja de menor magnitude, compatível com sua resistência (BALBO, 2007).

O emprego da camada de reforço não é obrigatório, pois aumentando a espessura das

camadas superiores, em tese, diminuem-se as pressões sobre o subleito. Contudo, o uso de

reforço no subleito é mais viável em termos econômicos, já que o subleito com baixa

resistência requer uma maior espessura de base e sub-base, que são camadas que necessitam

emprego de materiais como cimento ou betume, os quais tornam o processo muito oneroso

(BALBO, 2007).

2.1.1.4 Bases e sub-bases

Para aliviar as tensões nas camadas de solo inferiores, surgem as camadas de base, que

também podem desempenhar papel importante na drenagem do pavimento (BALBO, 2007).

Quando a espessura da camada de base exigida para distribuir esforços para camadas

inferiores for muito grande, por razões econômicas e construtivas, cria-se uma nova camada

de sub-base, geralmente de menor custo (BALBO, 2007).

Os materiais mais empregados em bases são os solos estabilizados naturalmente,

misturas de solos e agregados, brita graduada tratada com cimento, solo estabilizado

quimicamente com ligante hidráulico ou asfáltico, ou concretos. Para sub-bases, podem ser

usados os mesmos materiais, no caso de solos estabilizados quimicamente o consumo de

agentes aglomerantes é pequeno (BALBO, 2007).

2.1.1.5 Imprimações entre camadas

Entre as camadas do pavimento, faz-se necessário a execução de um filme asfáltico

denominado de pintura de ligação, com função de aderir uma camada na outra, ou

imprimação impermeabilizante, com função de impermeabilizar uma camada antes do

lançamento de uma camada superior. Entre qualquer camada de revestimento asfáltico,

Page 14: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

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sempre é aplicada uma pintura de ligação. Pinturas de ligação são feitas a partir de emulsões

asfálticas, e as imprimações com asfaltos diluídos (BALBO, 2007).

A imprimação pode ser usada para evitar a evaporação da água superficial no caso de

solo-cimento, dando melhores condições para cura da base (SENÇO, 1980).

A figura 1 representa as camadas do pavimento.

Figura 1: Detalhe das camadas do pavimento

Fonte: Senço (2008)

2.2 MATERIAIS

2.2.1 Agregados

Agregados são materiais granulares, inertes, sem forma ou dimensões definidas,

usadas para compor camadas ou misturas em diversos tipos de obras (SENÇO, 2008).

Os agregados são classificados em três grandes grupos: origem, tamanho e distribuição

dos grãos.

Page 15: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

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A curva granumétrica irá nos mostrar se os grãos estão bem distribuídos na mistura,

com base nos diâmetros dos grãos, isso indicará se há um bom entrosamento dos grãos e se há

muitos vazios na mistura (SENÇO, 2008).

Nas misturas que fazem parte, os agregados representam o maior volume em relação

aos outros materiais. Em misturas com cimento o volume representa cerca de três quartos do

volume total, nas misturas betuminosas esse numero é ainda maior (SENÇO, 2008).

Segundo Senço (2008), os agregados podem ser classificados, quanto à origem, em

artificiais e naturais.

Os agregados artificiais são aqueles que sofrem algum tipo de operação, como

britagem e classificação. Ex: pedra britada, pó de pedra, argila expandida, etc. (SENÇO,

2008).

Os agregados naturais são aqueles encontrados na crosta terrestre, resultantes de

diversos processos geológicos. São procedentes de rochas maciças ou alteradas, cascalheiras e

areais, não aluvionares, depósitos aluvionares, etc. (BALBO, 2007).

As rochas mais comuns usadas como agregados são Granito, Basalto, Diabásio,

Gnaisse e Calcário (BALBO, 2007).

Os agregados utilizados em misturas asfálticas são tratados em termos de faixas de

determinados diâmetros (BALBO, 2007).

A definição da porcentagem de diâmetros de agregados contidas em uma mistura é

definida pelo ensaio de peneiramento, sendo a numeração das peneiras tomadas com base na

dimensão de abertura de sua malha (BALBO, 2007).

O manual do DNIT (2006) tem uma subdivisão para as britas classificadas conforme

indicada na tabela 2 (BALBO, 2007).

Tabela 1- Subdivisão dos agregados

DENOMINAÇÃO FAIXA DE DIÂMETRO (mm)

Pó-de-pedra < 2,4

Pedra 0 ou pedrisco Entre 2,4 e 9,5

Pedra 1 Entre 9,5,0 e 19,0

Pedra 2 Entre 19,0 e 38,0

Pedra 3 Entre 38,0 e 76,0

Fonte: Balbo (2007)

Page 16: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

16

Outra classificação se faz com base na resistência dos agregados através do ensaio de

abrasão Los Angeles (SENÇO, 1980).

É o ensaio mais aceito para determinação da resistência dos agregados aos esforços

provocados pelo tráfego, é ensaio misto de abrasão e impacto, e tem uma boa correlação entre

as previsões baseadas nos ensaios e o comportamento do agregado no pavimento (SENÇO

2008).

O ensaio consiste em submeter certa quantidade de agregado ao choque de desgaste

quando colocados em um tambor de 80 cm de diâmetro, que gira em uma velocidade

estabelecida (SENÇO, 1980).

O desgaste é medido em função dos desgastes que sofrem os agregados, através do

impacto com a parede do cilindro e com bolas de aço que são introduzidos juntamente no

tambor (SENÇO, 2008).

Quando o número de rotações especificado é finalizado, o material é passado na

peneira n°12 e pesa-se o material retido. A diferença de peso inicial e do peso final, é o

desgaste sofrido pelo material no ensaio Los Angeles. Essa diferença é expressa em

porcentagem pelo numero A.

A(%)=[(mi-mf)/ms].100%

Para misturas betuminosas A<=40%

A figura 2 mostra o esquema da máquina Los Angeles

Page 17: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

17

Figura 2: Esquema da maquina Los Angeles

Fonte: SENÇO (2008)

2.2.2 Asfaltos e betumes

Betumes são hidrocarbonetos pesados, com propriedades ligantes, inflamáveis, de

elevada viscosidade em temperatura ambiente. Eles podem ser encontrados na natureza ou

obtidos por fabricação através da destilação do petróleo, de carvão, de madeira ou de resinas.

Os materiais betuminosos são divididos em asfaltos (de petróleo) e alcatrões (destilação

destrutiva de carvão) (BALBO, 2007).

A partir do refinamento do petróleo cru são obtidos os asfaltos ou cimentos asfálticos

de petróleo CAP, que têm finalidades específicas de pavimentação, além de outras aplicações.

São materiais que possuem uma grande quantidade de hidrocarbonetos não voláteis pesados,

por isso, muitas vezes, são chamados de betumes (BALBO, 2007).

Segundo Senço (2008), a preferência pelo uso de pavimentos betuminosos em relação

aos demais se deve às propriedades seguintes:

- boa adesividade entre o betume e os agregados;

- impermeabilidade;

- durabilidade da mistura e das propriedades do betume por muitos anos;

- preço competitivo;

- possibilidade de trabalho em diversas temperaturas.

Page 18: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

18

Os CAPs podem ter características diversas de acordo com sua fabricação. Eles dão

origem a vários materiais empregados em pavimentação, como as emulsões e asfaltos diluídos

e, podem ser modificados por outros materiais (polímeros), obtendo caraterísticas especificas

para determinadas aplicações (BALBO, 2007).

2.2.2.1 Asfaltos diluídos

São produzidos a partir da diluição do cimento asfáltico de petróleo, por destilados

leves de petróleo, que têm o objetivo de diminuir a viscosidade temporariamente, exigindo

normalmente temperaturas menores para a aplicação, melhorando a trabalhabilidade do

aglutinante e facilitando a aplicação (SENÇO, 2008).

Após algum tempo, que varia de acordo com as características do solvente utilizado,

ocorre à evaporação do solvente, restando na mistura asfáltica apenas o cimento asfáltico

original. O processo de evaporação do solvente é chamado de cura (SENÇO, 2008).

A princípio os asfaltos diluídos eram classificados com base no tempo de cura, que

depende diretamente do diluente aplicado e adotavam-se os símbolos (SENÇO, 2008):

- SC: Slow Curing - Cura Lenta. Diluente óleo;

- MC: Medium Curing - Cura Média. Diluente querosene;

- RC: Rapid Curing - Cura Rápida. Diluente gasolina.

Como os asfaltos diluídos de cura lenta não apresentavam nenhum interesse para

pavimentação asfáltica, a classificação atual reduziu para dois tipos de asfaltos e com uma

nova denominação (SENÇO 2008):

- CR: Asfaltos diluídos de cura rápida - Diluente Nafta na faixa de destilação da

gasolina;

- CM: Asfaltos diluídos de cura média - Diluente querosene.

A modificação dos CAPs com polímeros tem muitas finalidades, entre elas podem ser

citadas:

- reduzir a suscetibilidade do CAP;

- elevar a coesão do material;

- produzir CAP com baixa fluência;

- garantir uma boa adesividade;

- melhor resistência ao envelhecimento;

- baixar a viscosidade à temperatura de aplicação;

Page 19: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

19

- apresentar elevada resistência a deformação plástica, à fissuração e à fadiga

(SENÇO, 2008).

2.2.2.2 Emulsões asfálticas

Emulsões são misturas de cimento asfáltico com agentes emulsificantes e água. São

produzidos, normalmente, através de equipamentos de alta capacidade de cisalhamento,

denominados moinhos coloidais (ABEDA, 2010).

Segundo (ABEDA, 2010), o concreto asfáltico é misturado a uma temperatura que

varia entre 140°C a 145°C, com a fase água (água com agentes emulsificantes dissolvidos), a

uma temperatura entre 50° a 60°C. Os agentes emulsificantes mantêm as duas fases em

equilíbrio por um período que pode variar de algumas semanas a alguns meses.

A separação da fase asfalto, da fase água, é chamada de ruptura da emulsão. O tempo

necessário para que ocorra a ruptura, confere características próprias que irão delimitar a

utilização de determinado tipo de emulsão no campo e, é usado como base para classificação

das emulsões (ABEDA, 2010).

O manual ABEDA (2010) classifica as emulsões de acordo com a velocidade de

ruptura. A seguinte nomenclatura é obedecida:

- RR: emulsão de cura rápida;

- RM: emulsão de cura média;

- RL: emulsão de cura lenta.

Uma segunda classificação das emulsões é baseada na quantidade de cimento asfáltico

empregado na sua fabricação. Elas são divididas em 1C e 2C, onde a terminologia C

determina que é uma emulsão catiônica, e os números 1 e 2 estão associados a viscosidade

relativa, que depende da quantidade de cimento asfáltico empregado na mistura (ABEDA,

2010).

Page 20: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

20

2.3 PROCESSOS DE DEGRADAÇÃO DOS PAVIMENTOS

Os materiais de construção com o passar do tempo, apresentam processos de

degradação inevitáveis, que implicam na alteração de suas propriedades mecânicas, que

governam seu comportamento sob a ação de cargas de diversas naturezas. Tal fato, acontece

com os materiais de camadas de pavimentos, e podem ser motivados por cargas de veículos,

produtos químicos e ações ambientais, como temperatura, umidade, entre outros (BALBO,

2007).

O processo de degradação ou danificação estrutural do pavimento não pode ser

estabelecido de modo inquestionável, ou ainda, dos materiais que são empregados em sua

estrutura. Quando são considerados os possíveis mecanismos de ruptura em pavimentos,

deve-se pensar que existem diferentes condições climáticas e morfológicas, além de diferentes

sítios geológicos e pedológicos, de cargas máximas permitidas, para diferentes veículos

comerciais, em diversos países, a utilização de materiais peculiares em cada região do planeta,

e também o uso de técnicas construtivas e de projetos muito variados (BALBO, 2007).

Portanto, há varias razões para que não haja um critério aceito por todos os técnicos de

como se da à ruptura de determinado pavimento, ou mesmo, uma combinação de vários

critérios universalmente aceita.

2.4 ENVELHECIMENTO DO ASFALTO

Com o decorrer dos anos e também devido a fatores como a exposição ao ar, à luz, ao

calor e a umidade, ocorrem perdas nas características de plasticidade do ligante asfáltico, que

ocasionam um endurecimento progressivo e que tornam o pavimento quebradiço. Esse

processo se chama endurecimento do ligante (CASTRO, 2003).

Alguns materiais foram criados para devolver ao ligante envelhecido condições para a

reutilização do mesmo e são chamados de agentes rejuvenescedores (CASTRO, 2003).

Page 21: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

21

Os agentes rejuvenescedores são os hidrocarbonetos escolhidos com características

químicas que restauram o ligante endurecido, devolvendo a ele características de um produto

novo (CASTRO, 2003).

Os rejuvenescedores mais utilizados no Brasil são o extrato aromático de Neutro

pesado, também conhecido por NPA e, o óleo de xisto.

O extrato aromático de neutro pesado é um subproduto da desaromatização do neutro

pesado, originado do petróleo. Ele é rico em aromáticos, com baixa viscosidade e elevada

capacidade de restauração das propriedades originais do CAP (CASTRO, 2003).

O óleo de xisto, AR-X, é um agente rejuvenescedor originado do xisto. A vantagem

desse material é que ele possui uma maior aromaticidade, acarretando um maior poder de

rejuvenescimento e, ainda, confere uma maior adesividade do ligante recuperado ao agregado,

isso pelo fato de conter alto grau de nitrogênio básico em sua composição (CASTRO, apud

LEITE, 2003).

Segundo Zelaya (1985), os rejuvenescedores devem ter as seguintes características:

- restaurar a consistência do ligante envelhecido até um valor desejável;

- melhorar ou recuperar a durabilidade do material reciclado;

- ser totalmente compatível com o ligante envelhecido.

Page 22: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

22

3 RECICLAGEM DE PAVIMENTO ASFÁLTICO

A reciclagem de pavimento asfáltico consiste na reutilização de um material antigo,

após processamento, com adição de estabilizante e/ou de agregados (DAVID, 2006).

O procedimento de reciclagem visa diminuir o consumo de materiais virgens,

reduzindo o consumo de jazidas naturais, e diminuindo a distância de transporte. Com o

crescente interesse em valorizar os sítios de ocorrência de jazidas e as várias restrições

impostas pela legislação de proteção ao meio ambiente, o método se torna bastante benéfico

(DNIT 2006).

A técnica faz uso do ligante asfáltico do pavimento antigo, adicionando agentes

rejuvenescedores e reduzindo o consumo de asfalto. Fatores que conferem à técnica, um

componente ecológico e econômico muito importante (DAVID, 2006).

Outra vantagem da técnica está em manter as características geométricas do

pavimento. Em pistas com mais de uma faixa a operação pode ser executada somente na faixa

problemática, evitando estender o recapeamento por toda a pista, assegurando que não

ocorram problemas de drenagem e de desnível (DNIT, 2006).

Alguns problemas que ocorrem com recapeamentos consecutivos, como diminuição da

altura livre, em pontes e passagens inferiores; ajuste vertical dos dispositivos de drenagem;

altura de meio fio; profundidade de sarjetas; bocas de lobos e poços de visita; são

solucionados com essa técnica, já que com ela não ocorre à elevação do greide (DNIT, 2006).

A reciclagem do pavimento pode ser realizada de duas maneiras, a frio ou a quente e, a

escolha depende de muitos fatores, dentre os quais podemos citar:

- condição de superfície;

- capacidade estrutural;

- qualidade do material;

- disponibilidade de material virgem;

- irregularidade longitudinal;

- resistência à derrapagem;

- localização e extensão do trecho;

Page 23: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

23

- classe da rodovia;

- seção transversal do pavimento;

- condições geométricas;

- tráfego (atual e futuro);

- condições de remanejamento de tráfego;

- disponibilidade de equipamento;

- características do subleito e da base;

- objetivo da restauração.

Serão feitos ensaios em campo e em laboratório para determinar a quantidade de

material disponível e os tipos de estabilizadores que poderão ser empregados com esses

materiais. Com os dados dos ensaios, é feita a escolha do método a ser utilizado de reciclagem

e desenvolve-se o projeto preliminar do pavimento, avaliando a condição econômica mais

favorável (DNIT, 2006).

Deverá então, ser avaliada a condição de desempenho do pavimento em termos do

período de vida útil, com base em ensaios dos materiais em laboratório e em campo (DNIT,

2006).

A avaliação dos materiais e o projeto de mistura, necessários para execução da

reciclagem de pavimento, são apresentados nos itens a seguir:

a) Avaliação dos materiais

A avaliação dos materiais inicia com a coleta de dados sobre o histórico do pavimento,

tais como seções do pavimento, granulometria, tráfego, condições do pavimento, histórico de

conservação e se há materiais suficientes, em quantidade e qualidade etc. (DNIT, 2006).

Um número necessário de amostras é coletado de maneira aleatória para realização de

ensaios e devem ir ao laboratório com as mesmas características que terá o material a ser

reciclado. Se a fresagem no revestimento asfáltico for a frio, a amostra deverá ser fresada a

frio, já que há uma mudança na granulometria do revestimento asfáltico antigo, devido ao

aumento dos finos no material (DNIT, 2006).

b) Projeto da mistura

Após a análise dos materiais, será feito o projeto da mistura, que consiste em dosar os

componentes da mistura final e determinar a porcentagem dos elementos, de modo que

satisfaça os requisitos das especificações próprias, para serviços de reciclagem (DNIT, 2006).

Page 24: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

24

As características do material reciclado devem atender as mesmas especificações de

um material novo em termos de: granulometria, porcentagem de vazios, relação betume-

vazios, estabilidade e fluência (DNIT, 2006).

3.1-RECICLAGEM A QUENTE

Segundo o manual do DNIT (2006) a reciclagem a quente em pavimentos asfálticos

pode ser realizada por duas normas aprovadas:

a) pavimentos flexíveis - concreto asfáltico reciclado a quente em usina. DNIT

033/2005 ES;

b) pavimentos flexíveis - concreto asfáltico reciclado a quente in situ. DNIT

034/2005 ES.

Os processos das normas citadas podem envolver adição de agregados, cimento

asfáltico ou agente rejuvenescedor, ao material fresado. A reciclagem a quente abrange o

revestimento do pavimento ou parte dele. O produto final deve atender às especificações de

projeto para camadas de base, blinder ou rolamento (DNIT 2006).

O desempenho do método de reciclagem a quente merece alguns cuidados. O material

tem uma variabilidade diferente do material virgem, isso traz uma incerteza em relação a

capacidade do material em pistas de rolamento, o que acarreta na necessidade de um maior

controle de qualidade, que envolve a avaliação do pavimento, a caracterização do material e

um controle mais rígido do processo de execução do que dos projetos convencionais (DNIT

2006).

Segundo o manual do DNIT (2006), o projeto de mistura é feito a partir das seguintes

etapas:

1ª etapa - Fixação de segmentos homogêneos da camada a ser reciclada:

Há uma extensão máxima que se fixa de um segmento para a utilização de uma

mistura com a mesma dosagem, a distância utilizada normalmente é de 2 km. Pode haver

variação na extensão do segmento, de acordo com o estado do pavimento, da variação das

camadas, entre outros.

Page 25: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

25

2ª etapa - Retirada de amostras destes segmentos e realização de ensaios:

Nesta etapa, serão coletadas amostras do segmento para realização dos ens:aios. No

mínimo, são coletadas nove amostras, com espaçamento de 200 m entre si, dependendo da

extensão do segmento. As amostras têm dimensões de 0,50 m X 0,50 m e são retiradas com a

mesma espessura e método em que serão retiradas na reciclagem (DNIT, 2006).

Após a coleta são realizados os seguintes ensaios:

- Extração de asfalto: determinação do teor de ligante através do métodos ASTM

D-2172/81 e DNER ME53/94;

- Granulometria da mistura dos agregados após a retirada do betume com o

método DNER ME83/94.

Outros ensaios poderão ser realizados de acordo com a necessidade. Entre eles

podemos citar:

- Recuperação do asfalto: para a extração do asfalto o método utilizado é o

ABSON da ASTM D-1856/79. Este método consiste na destilação controlada da

mistura para a retirada total do solvente, mantendo as características reais do

ligante.

Realizada a recuperação do asfalto os seguintes testes são realizados:

- Penetração (100g, 5s, 25ºC), Método DNER-ME 003/94;

- Ponto de amolecimento (°C), Método ABNT MB 167/71 - NBR 6293/94;

- Ductibilidade (25ºC, cm, mín.), Método ABNT MB 167/71 - NBR 6293/94;

- Viscosidade Saybolt Furol, a 175ºC.

- Fracionamento químico: determina a concentração de asfaltenos nas frações

maltêmicas, utilizando uma metodologia proposta por Rostler. Utiliza os dados para verificar

o grau de envelhecimento do asfalto provocado por mudanças químicas que ocorrem com o

tempo (DNIT, 2006).

3ª etapa - Determinação das quantidades de materiais a serem adicionados à mistura a

ser reciclada:

Com base nos dados obtidos da retirada do betume e da granulometria do agregado

nos segmentos homogêneos, verifica-se a necessidade de adição dos seguintes componentes:

- mistura a quente;

- agregado graúdo, miúdo e material de enchimento;

Page 26: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

26

- cimento asfáltico de petróleo;

- agente rejuvenescedor.

Quando houver a necessidade de correção granulométrica, o teor de cimento asfáltico

ou rejuvenescedor será aumentado. A função desses dois elementos é fazer com que o ligante

asfáltico reciclado tenha as características de consistência, penetração, viscosidade, que se

espera de um ligante novo (DNIT, 2006).

Os rejuvenescedores são hidrocarbonetos refinados que possuem uma alta

concentração de maltenos na composição química. O asfalto, com o passar do tempo, perde

uma quantidade de maltenos e, essa perda causa seu envelhecimento. A função dos

rejuvenescedores é a de recuperar essa fração de maltenos, introduzindo solventes de

peptização em um alto teor, dando ao asfalto as propriedades de um asfalto novo (DNIT,

2006).

Para saber a quantidade de CAP ou rejuvenescedor a ser introduzido na mistura, são

realizadas várias misturas com o CAP obtido no ensaio de extração do betume, em diversas

proporções, com o propósito de encontrar uma mistura que atenda às especificações (DNIT,

2006).

Após a obtenção do ligante final da mistura, deverá ser feito uma análise completa do

mesmo, e a determinação da viscosidade X temperatura, para avaliar a suscetibilidade e do

comportamento viscosimétrico (DNIT, 2006).

4ª etapa - Determinação das proporções finais dos componentes da mistura através do

Método Marshall:

O método Marshall foi desenvolvido pelo engenheiro Bruce Marshall na década de

1930, nas estradas de rodagem do Mississipi. Foi durante a Segunda Guerra Mundial que o

grupo de engenheiros do exército americano (USACE) aprimorou a técnica e desenvolveu os

critérios de dosagem de misturas asfálticas para essa pavimentação (DAVID, 2006).

As normas brasileiras preconizam o método de Marshall para dosagem e controle de

qualidade de misturas asfálticas. O método foi originariamente utilizado em misturas a quente

e depois se estendeu para misturas a frio (DAVID 2006).

O método Marshall consiste em moldar corpos de prova, para determinação de

características físicas (massa específica aparente, volume de vazios, vazios no agregado

mineral, e relação dos vazios do agregado mineral preenchidos com asfalto) e características

mecânicas (fluência e estabilidade) (DAVID 2006).

Page 27: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

27

A Estabilidade Marshall é a resistência máxima a compressão radial, apresentado pelo

corpo de prova representado em N(kgf) (DNER ME 043/1995).

A Fluência Marshall é a deformação total apresentada pelo corpo de prova, desde a

aplicação da carga inicial, até a aplicação da carga máxima, expressa em décimos de

milímetros. (DNER ME 043/1995)

A reciclagem a quente pode ser realizada por duas técnicas distintas:

- reciclagem a quente in situ;

- reciclagem a quente em usinas estacionárias;

3.1.1 Reciclagem a quente in situ.

A reciclagem realizada in situ consiste em remover o pavimento asfáltico antigo da

pista, normalmente por fresagem; adicionar CAP ou agentes rejuvenescedores à mistura e

agregados se necessário; e devolver para pista o material reciclado, sem a necessidade de

transporte do material (DNIT 2006).

Para que a reciclagem a quente seja escolhida como alternativa, algumas

considerações devem ser feitas em relação aos tipos de defeitos encontrados na pista e a

condição estrutural e de drenagem (DNIT 2006).

Como essa técnica de reciclagem envolve uma camada relativamente delgada de

pavimento, deve ser utilizada para resolução de problemas na superfície, exclusivamente de

classe funcional. Através do uso dessa técnica, podem ser corrigidos problemas como

afundamento nas trilhas de rodas, desagregações, locais de baixa aderência, exsudações e

problemas de declividade transversal (DNIT 2006).

Existem dois métodos de reciclagem a quente in situ usados pelo DNIT, o método

Marini e o método Wirtgen.

3.1.1.1 Método Marini

Método com o qual a fresagem do pavimento é feita a frio com a planta móvel de

asfalto reciclado Marini A.R.T 220. Nele, a recicladora processa a mistura a quente e aplica

na pista. O DNER elaborou a especificação ES-188/87 que contempla essa técnica.

Page 28: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

28

Figura 3: Maquina recicladora Marini A.R.T 220

Fonte: CIBER (2012) site ciber.com.br

3.1.1.2 Método Wirtgen

Nesse método, a fresagem do pavimento é feita a quente, com a máquina remixer da

Wirtgen. A recicladora processa a mistura e aplica na pista. O DNER elaborou a especificação

ES-187/87, que contempla essa técnica.

A recicladora remexer da Wirtgen é pode ser vista na ilustração a seguir:

Figura 4: Recicladora Wirtgen

Fonte: Fonte: CIBER (2012) site ciber.com.br

Page 29: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

29

O revestimento reciclado poderá sofrer afundamento nas trilhas de roda se o ligante

tiver viscosidade muito baixa ou se for adicionado agente rejuvenescedor em excesso (DNIT,

2006).

O sistema de reciclagem a quente, quando feita com um bom planejamento e um

controle tecnológico eficiente, apresenta um bom desempenho, mesmo quando submetido a

um número elevado de tráfego (DNIT, 2006).

3.1.2 Reciclagem a quente em usinas estacionárias

A reciclagem a quente em usinas é o método no qual é retirado parte ou o todo do

revestimento e transportado para uma usina de asfalto, onde será processada a mistura.

Nesse processo poderão ser incorporados à mistura agregados, material de

enchimento, CAP, agentes rejuvenescedores. A mistura final deve atender às especificações

de misturas asfálticas usadas para camadas de base ou rolamento. Para essa reciclagem o tipo

de usina mais utilizado é a “drum-mixer” (DNIT, 2006).

A usina tipo “drum mixer” é um tipo de usina em forma de tambor, que realiza a

mistura. A usina possui um sistema de secagem dos agregados com uma chama na entrada,

como mostra a figura 5:

Figura 5: Esquema de uma usina tipo “Drum mixer”

Fonte: (DNIT, 2006)

Segundo o manual do DNIT, as etapas para realização do processo de reciclagem a

quente em usina, seguem a seguinte ordem:

1ª etapa - Preparação do material:

Page 30: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

30

A preparação do material envolve a retirada e a fragmentação do material, até uma

dimensão apropriada. A fragmentação pode ser feita no próprio local, ou pode ser realizada

em uma estação de britagem próximo a usina (DNIT, 2006).

A retirada de material da pista pode ser feita por equipamentos usuais de construção,

como tratores de esteiras, motoniveladoras e carregadeiras, ou podem ser usados

equipamentos de fresagem a frio (DNIT, 2006).

As máquinas de fresagem têm a capacidade de reduzir as dimensões das partículas

removidas. As dimensões podem variar em função da profundidade de corte, velocidade de

rotação do cilindro, da quantidade e espaçamento dos dentes de fresagem e da velocidade de

operação do equipamento (DNIT, 2006).

2ª etapa - Avaliação dos estoques:

Alguns cuidados devem ser tomados na realização de estoques, as características do

material empilhado devem ser conhecidas, tais como:

- se os materiais são de mesma fonte;

- se os materiais forem de fontes diferentes, verificar se são feitos com concreto

usinado a quente, ou se é utilizado algum tipo de emulsão;

- verificar se foram depositados nas mesmas pilhas ou em pilhas diferentes, caso

sejam de fontes diferentes;

- se os materiais são provenientes de fontes distintas, deve-se ter o cuidado para

misturar o material em uma mesma pilha, já que existe uma variação de material.

Caso haja uma quantidade muito grande de misturas com emulsão em um

material, as pilhas devem ser separadas.

3ª etapa - Usinagem a quente:

A usinagem a quente de um material reciclado requer algumas modificações em

relação à usinagem convencional.

Neste caso, há um cuidado especial na secagem, para não expor o material diretamente

à chama do secador. O contato direto com a chama, pode endurecer o asfalto remanescente do

revestimento e promover poluição do ar.

Para realizar a usinagem a quente existe dois tipos de usinas a serem utilizadas: as

usinas intermitentes (gravimétricas) e as usinas tipo tambor (drum-mixer).

Page 31: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

31

- Controle de qualidade

Para atingir as expectativas de uma boa mistura, é necessário avaliar a qualidade do

material removido. No controle de qualidade deve se dar ênfase especial à granulometria do

agregado e também, às características do asfalto retirado da pista (DNIT, 2006).

A granulometria do material pode determinar a quantidade de agregado que deve ser

adicionado à mistura, para se enquadrar na faixa granulométrica desejada. As características,

do asfalto retirado, vão determinar a quantidade e a característica de asfalto necessário para

atender às especificações da mistura final (DNIT, 2006).

Na operação em usina central devem ser verificados os seguintes itens:

a) se o material está devidamente pulverizado ou fragmentado;

b) se há uma separação das pilhas, entre materiais mais graúdos e mais finos;

c) se foram ensaiadas as pilhas em cada dia de produção, para garantir a

granulometria dos agregados.

As pilhas de material devem ser feitas, de preferência, por correias transportadas, para

evitar a contaminação do material, com o transporte sobre a pista (DNIT, 2006).

-Vantagens da reciclagem a quente

A reciclagem a quente é um método de restauração que tem um baixo consumo de

energia, se comparado a outras técnicas. Quando se fala em economia de energia, muitos

fatores são considerados: novos agregados, distâncias de transporte, novo asfalto, método de

pulverização, tipo de usina e condições das especificações (DNIT, 2006).

Outra vantagem, no processo, é ter a capacidade de remover quase todos os tipos de

defeitos no pavimento e de produzir melhoria estrutural significativa (DNIT, 2006).

3.2 RECICLAGEM A FRIO

A técnica consiste em promover a fresagem e a mistura das camadas de rolamento e de

base, adicionando na mistura ligantes hidráulicos, emulsões asfálticas e/ou agentes de

reciclagem emulsionadas, visando obter uma nova estrutura, homogênea e mais resistente

(ABEDA, 2010).

Page 32: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

32

As camadas recicladas a frio são utilizadas na base e devem receber algum tipo de

revestimento asfáltico na superfície de rolamento (ABEDA, 2010).

A escolha, basicamente dependerá da categoria de tráfego, podendo ser aplicado um

tratamento de superfície convencional de baixo volume (lama asfáltica, tratamento superficial

por penetração) ou modificado com polímero, quando o tráfego for intenso

(microrrevestimento a frio ou a quente) (ABEDA, 2010).

Atualmente, as experiências indicam que essa técnica é usada com mais sucesso nos

seguintes casos:

a) rodovias de baixo volume de tráfego (vicinais);

b) utilização do material reciclado como base estabilizada;

c) acostamentos defeituosos de rodovias principais.

Quanto ao estabilizante que poderá ser utilizado, pode-se classificar a reciclagem em

dois tipos (DNIT, 2006):

a) reciclagem com adição de material betuminoso: consiste na adição de betume a

base e revestimento pulverizados no local, produzindo uma base estabilizada

com betume;

b) reciclagem com adição de estabilizante químico: consiste na pulverização e

mistura do revestimento, base e/ou subleito, com estabilizantes químicos.

A reciclagem com adição de material betuminoso envolve apenas a base e o

revestimento do pavimento, podendo, algumas vezes, o subleito ser contaminado na fase de

pulverização. Já a reciclagem com estabilizante químico envolve, geralmente, o subleito

(DNIT, 2006).

O desenvolvimento de equipamentos mais eficientes, para a execução da reciclagem,

vem melhorando o sistema e a qualidade do material reciclado, utilizado tanto nas camadas de

revestimentos espessos, como em bases granulares e em subleitos com alta plasticidade.

A coleta de informações das condições do pavimento referente a defeitos, drenagem

do subleito e avaliação estrutural do pavimento, indicará a melhor forma de recuperação. Se a

avaliação indicar que a estrutura existente não atende ao tráfego no trecho, a primeira solução

é o recapeamento. Se o revestimento e as camadas inferiores não tiverem condições de

suportarem uma nova camada asfáltica, devido à deficiência em sua constituição, a

reciclagem é considerada (DNIT, 2006).

Entre algumas razões que possam viabilizar uma reciclagem a frio pode-se citar:

a) melhoria da capacidade estrutural;

Page 33: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

33

b) recomposição das camadas do pavimento, que permite correção na dosagem

dos materiais, melhoria das propriedades do material e regularização da

superfície;

c) o uso de agentes estabilizantes conferem ao material reciclado uma maior

impermeabilização e uma maior sensibilidade em relação a umidade (DNIT,

2006).

Alguns fatores que podem inviabilizar a reciclagem a frio são:

a) a interrupção do tráfego, na reciclagem a frio, é maior que nas outras atividades

de restauração;

b) se utilizado estabilizante químico, a qualidade final do pavimento estará ligada

às condições climáticas (temperatura e umidade);

c) alguns problemas são encontrados ao utilizar emulsão asfáltica e o coeficiente

estrutural desse material não é perfeitamente conhecido. Os métodos de ensaio

e determinação da dosagem ótima de asfalto, tempo de mistura e compactação,

não são bem definidos até o momento (DNIT, 2006).

3.2.1 Avaliação dos materiais

Segundo o manual de reciclagem do DNIT, a avaliação dos materiais é feita seguindo

as seguintes etapas:

1ª etapa - Estudo do pavimento:

Todas as camadas do pavimento devem ser analisadas para a caracterização dos

materiais. O levantamento visual é muito importante para a análise das condições do

pavimento, os tipos e severidade dos defeitos. O levantamento visual poderá ajudar na

determinação da forma mais indicada de restauração.

Com relação aos materiais, os seguintes itens devem ser analisados:

- Revestimento: teor de asfalto; granulometria; observação visual dos defeitos;

- Base granular: granulometria; plasticidade;

- Subleito: granulometria; plasticidade.

O número de amostras retiradas para ensaio deve ser compatível com a variação dos

materiais no pavimento. A avaliação da variação dos materiais pode ser feita pelo histórico de

Page 34: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

34

conservação, inspeção visual ou mapas pedológicos. Com esse estudo, pode ser feita a divisão

dos segmentos homogêneos, que deverão ser analisados separadamente (DNIT, 2006).

2ª etapa - Ensaios de Laboratório:

A análise do material é feita pelos seguintes ensaios de laboratório:

a) granulometria dos agregados removidos e ensaios de qualidade dos materiais;

b) teor de asfalto e viscosidade do cimento asfáltico do revestimento existente;

c) limites de Atterberg e teores de umidade das camadas granulares e subleito;

d) projeto da mistura para selecionar o tipo e qualidade do agente estabilizador.

a) Ensaios de granulometria;

O ensaio de granulometria é importante para determinar qual o melhor tipo de

estabilizante a ser utilizado e principalmente, qual a quantidade de material que passa na

peneira n° 200.

A tabela 3 representa o processo de escolha do estabilizante:

Page 35: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

35

Tabela 2- Escolha do estabilizante

Fonte: DNIT (2006)

Onde IP= Índice de plasticidade

Quando é escolhido como estabilizante um material betuminoso, o material não pode

apresentar uma quantidade muito grande de finos, que torna o processo muito oneroso. Essas

informações serão usadas como dados de entrada no projeto da mistura, assegurando a

qualidade do produto fina, quanto à granulometria (DNIT, 2006).

Se a granulometria não atender às especificações, novos agregados serão adicionados à

mistura.

b) Teor de asfalto e viscosidade

Ensaio de

Peneiramento

< 25 passando %

Na peneira n°200

IP<10

IP>10

Estabilização com cimento

Cal-cinza volante

Estabilização com asfalto

Estabilização com cimento

Cal-cinza volante

Estabilização com cal

Ensaios de limites de Atterberg

> 25 passando %

Na peneira n°200

IP<10

IP>30

10<IP<30

Estabilização com cimento

Estabilização com asfalto

Estabilização com cimento

Estabilização com cal

Estabilização com cimento

Estabilização com cal

Page 36: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

36

Quando o teor de concreto asfáltico da base e do revestimento for superior a 50% da

mistura que será reciclada, o teor residual de asfalto se torna relevante e terá que ser realizado

ensaios de extração e recuperação para determinação das suas propriedades. Se a quantidade

de concreto asfáltico não ultrapassar um terço da mistura, não deverão ser determinados os

parâmetros citados acima (DNIT, 2006).

c) Análise de plasticidade (Limites de Attenberg)

É analisado o índice de plasticidade das camadas granulares e subleito, que servirá de

parâmetro para escolha do estabilizante mais adequado. As características analisadas são:

- limite de liquidez;

- limite de plasticidade;

- índice de plasticidade;

Se a plasticidade e/ou granulometria não atenderem às especificações, outros materiais

deverão ser introduzidos na mistura, ou o estabilizante deverá ser modificado.

Quando os ensaios indicam que houve uma infiltração de finos na base ou sub-base

advindos do subleito, não poderá ser utilizado material betuminoso, neste caso, outro tipo de

estabilizante deverá ser utilizado.

No caso que ocorre infiltração de finos existem algumas alternativas, entre elas estão:

- adicionar agregado à mistura para corrigir a granulometria e utilizar material

betuminoso como estabilizante;

- utilizar estabilizante químico nas camadas granulares como estabilizante e usar

uma técnica mais eficiente como reciclagem a quente;

d) Seleção do agente estabilizador

A seleção do estabilizante está relacionada com os objetivos da reciclagem, às

caraterísticas dos materiais que serão reciclados e à disponibilidade do material no local da

obra.

Os objetivos da reciclagem devem ser conhecidos antes do início da obra, os principais

são:

- modificação do material granular: alteração das propriedades nos materiais de

cada camada;

- melhoria da resistência e durabilidade: recuperação das propriedades estruturais

do pavimento;

Page 37: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

37

- modificação do subleito: alteração das propriedades deficientes do subleito.

A cal é geralmente o melhor tipo de estabilizante utilizado para solos, só não pode ser

usado em solos com graduação aberta e não é recomendada quando há a presença de material

orgânico (DNIT, 2006).

O asfalto e cal-cinzas volantes não podem ser usados em materiais com graduação

fechada, pois é necessário uma grande quantidade de aditivo, o que torna o processo oneroso

(DNIT, 2006).

e) Projeto de mistura

O projeto de mistura tem como objetivo procurar a quantidade necessária de

estabilizador (cimento, asfalto ou cal), para melhor atender as especificações da obra. Para

isso, são confeccionadas várias amostras com diferentes quantidades de estabilizante e

realizados ensaios. A mistura que apresentar melhor desempenho será a escolhida (DNIT,

2006).

Quando a mistura é feita com material betuminoso, o objetivo do produto final é que

ela tenha as mesmas características de um material novo. Porém, no processo de reciclagem a

frio, não existe projetos de mistura aceitos mundialmente (DNIT, 2006).

Em geral, o projeto de mistura é feito com base em dados de experiências anteriores,

feitas com projetos similares, ensaios de laboratório e fórmulas empíricas. A mistura pode ser

modificada, caso seja necessário no andamento da obra.

Segundo a metodologia do Instituto do Asfalto, as seguintes etapas são necessárias no

projeto de mistura:

- cálculo da combinação dos agregados da mistura reciclada;

- seleção do tipo e categoria do novo asfalto;

- determinação da quantidade total de asfalto, para a combinação dos agregados;

- estimativa do percentual de novo asfalto necessário à mistura;

- ajuste do teor de asfalto através de tentativas pelo Método Marshall.

3.2.2 Etapas da construção por reciclagem

A construção por reciclagem é feita seguindo as seguintes etapas:

1ª etapa - Rompimento do revestimento

Page 38: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

38

Primeiramente é realizado o rompimento do revestimento, o qual normalmente é

realizado pelos métodos de escarificação ou fresagem, descritos a seguir:

a) Escarificação: é feito com o uso de motoniveladoras, providas de escarificadores

posicionados na parte traseira ou dianteira. Para revestimentos de até 5 cm de espessura, o

escarificador pode ser posicionado na parte dianteira, para espessuras entre 5 cm e 10 cm, há a

necessidade do uso de motoniveladoras mais potentes e o escarificador é posicionado na parte

traseira. Para revestimentos com mais de 10 cm são exigidos, normalmente, tratores de

esteiras com escarificadores solidários ou rebocados (DNIT, 2006).

A vantagem da escarificação é o preço reduzido da operação. As desvantagens são a

imprecisão na profundidade do rompimento, a contaminação do material a ser reciclado com

as camadas adjacentes e a necessidade de reduzir as dimensões do material após o processo,

para obter a granulometria adequada (DNIT, 2006).

c) Fresagem: nesse método usa-se como ferramenta, para a remoção do

pavimento, um cilindro fresador, como mostra a figura 6, que quando

rotacionado provoca o rompimento do pavimento. Como a escarificação, a

fresagem destrói a integridade do revestimento, eventualmente de base, e

possui a capacidade de reduzir o tamanho das partículas para dimensões

apropriadas, com o sistema de dentes de fresagem. As dimensões das

partículas após a fresagem têm relação com a velocidade da máquina,

profundidade do corte, sentido de rotação do cilindro fresador, qualidade

do material, condições do revestimento do pavimento, condições

ambientais e teor de asfalto (DNIT, 2006).

Page 39: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

39

Figura 6: Dispositivo de reciclagem a frio

Fonte: (DNIT, 2009)

As vantagens do método da fresagem é que o material fica com a granulometria

adequada para a reciclagem, sem necessidade de processamento adicional, além de ter um

melhor controle na espessura de corte, evitando assim, que o material a ser reciclado, seja

contaminado com material do subleito (DNIT, 2006).

2ª etapa - Redução das dimensões

A redução das dimensões é necessária somente nos casos em que o rompimento do

pavimento é realizado por escarificação.

3ª etapa - Mistura

A mistura pode ser feita no local e também é chamada de reciclagem in-loco ou em

usina. A descrição dos métodos se apresenta nos itens 3.2.3 e 3.2.4 deste trabalho.

Embora dependa do nível de degradação em que se encontra o pavimento, na maioria dos casos, todo o material fresado da pista pode ser reciclado/estabilizado a frio. A seguir, será descrito como se dá a sua execução em local ou em usina.

3.2.3 Reciclagem a frio “in situ”

A reciclagem a frio é executada com equipamento tipo fresadora-recicladora e o

modelo W-2500 é um dos equipamentos mais utilizados no Brasil. Ele tem a função de

estabilizar solos com baixa capacidade e também, de reciclar o pavimento, com o uso de

Page 40: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

40

estabilizantes como cimento, emulsão asfáltica ou espuma de asfalto (CUNHA, PEÇANHA,

LEÃO, MEDEIROS, apud manual WIRTEN 1998).

Alguns fatores podem influenciar a operação de reciclagem a frio “in situ”, entre eles:

- granulometria do fresado e dos agregados adicionais;

- temperatura do pavimento e do ar, assim como da emulsão;

- quantidade de emulsão e água adicionada;

- temperatura da emulsão e da água;

- tempo de cura;

- compactação.

Quanto à compactação, é importante lembrar que inicialmente não é desejada a

selagem da superfície, a compactação inicial tem somente a função de regularização

(CUNHA, PEÇANHA, LEÃO, MEDEIROS, apud manual WIRTEN 1998).

Deve-se estar atento para não compactar o solo em excesso, isso pode ser evidenciado

pela exsudação de emulsão e/ou finos para superfície. A umidade deve ser mantida, até o final

da cura.

A vibro-acabadora quando não acoplada à fresadora, deve estar bem próxima a esta, já

o equipamento de rolagem deve estar mais afastado (atrás), principalmente quando há um

grande número de finos na mistura, ou quando se trabalha com baixas temperaturas.

Segundo OLARY & WILLIANS, a compactação utilizada em misturas a quente não

funciona e pode causar alguns problemas. A utilização de rolo liso metálico, na compactação

inicial, pode selar a superfície e provocar problemas relacionados à umidade. Para evitar esses

problemas, a compactação é feita primeiramente com rolo de pneus e deve continuar até que

não ocorram desníveis na pista, ou quando não houver mais deformação com a passagem dos

pneus.

Após a compactação com o rolo pneumático é então usado o rolo metálico liso, para

fazer o nivelamento final da superfície (CUNHA, PEÇANHA, LEÃO, MEDEIROS, apud

manual WIRTEN 1998).

O depósito de ARE (agentes de reciclagem emulsionados) não necessita de

aquecimento ou isolamento térmico, munido de bomba de circulação, que permite a

alimentação da máquina fresadora (ABEDA, 2010).

A máquina fresadora deve ter a capacidade de fresar a camada de espessura

predeterminada, quebrar o material na granulometria do projeto, fazer a mistura com água e

Page 41: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

41

ARE proporcionando ao material as características adequadas e aplicar a massa reciclada

sobre o pavimento (ABEDA, 2010).

Antes da aplicação do material, deve ser feita uma pintura de ligação. A massa

reciclada é então espalhada, geralmente com motoniveladora e, depois compactada com rolo

liso, ou pneumático (ABEDA, 2010).

Algumas máquinas, além de fresar e reciclar, possuem uma mesa acabadora acoplada

em sua parte traseira, fazendo o trabalho de espalhar o material reciclado (ABEDA, 2010).

3.2.4 Reciclagem a frio em usina

O material fresado é retirado do local e levado para usina, onde é feita a mistura. A

vantagem da reciclagem a frio em usina é o controle de qualidade na adição do estabilizante e

na mistura do material. A desvantagem é o transporte do material, os custos adicionais e

maior tempo de execução (DNIT, 2006).

O material fresado é transportado a uma usina de PMF onde será misturado o ARE e o

agregado adicional (se necessário), de acordo com as especificações do projeto. Há a

necessidade de fazer a pintura de ligação antes da aplicação do material reciclado e o material

é espalhado com uma máquina vibro acabadora ou uma motoniveladora e compactada com

rolo liso ou pneumático (ABEDA, 2010).

3.3 RECICLAGEM A FRIO COM ADIÇÃO DE CIMENTO

A reciclagem a frio com adição de cimento consiste na recuperação do revestimento e

da base, ou de parte de ambos, com o uso de cimento Portland, adição de água, eventualmente

com adição de agregados, espalhamento e compactação da mistura, obtendo-se uma nova base

para o pavimento, ou uma base reciclada (DER, 2006).

Page 42: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

42

3.3.1 Materiais

a) Agregados

O agregado, usado eventualmente para correção granulométrica da mistura, deve ser

constituído de pedra britada, não pode ter excesso de partículas lamelares ou alongadas,

macias ou de fácil desintegração. Deve ser formado por partículas duras limpas e duráveis,

isento de outras substâncias ou contaminações prejudiciais, como partículas orgânicas e deve

atender os seguintes itens (DER, 2006):

- desgaste no ensaio de abrasão Los-Angeles, conforme NBR NM51, inferior a

50%;

- equivalente de areia do agregado miúdo conforme NBR 12052, superior a 55%;

- índice de forma superior a 0,5 e porcentagens e partículas lamelares inferiores a

10% conforme NBR 6954;

- perda no ensaio de durabilidade, conforme DNER ME 089(4), em cinco ciclos, com solução de sulfato de sódio, deve ser inferior a 20% e, com sulfato de magnésio, inferior a 30%.

3.3.2 Mistura reciclada A mistura reciclada deve apresentar as seguintes características (DER, 2006):

a) A porcentagem em massa de cimento deve ser fixada de modo a atender a resistência nos ensaios, à compressão simples e a tração no ensaio de tração diametral, aos 28 dias, especificadas no projeto estrutural do pavimento;

b) A composição granulométrica, juntamente com o agregado adicional, se necessário, e o cimento Portland, devem satisfazer os requisitos da tabela 4;

c) A faixa granulométrica, definida pela curva granulométrica do projeto, deve atender à tolerância apresentada na tabela 4, sempre respeitando os limites da faixa granulométrica.

Page 43: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

43

Tabela 3: Faixa granulométrica PENEIRA DE MALHA QUADRADA % em massa passando Tolerâncias

ASTM MN 1 ½’’ 63,5 100 - N°4 4,8 50-100 +/-16 N°40 0,42 15-100 +/-10 N°200 0,075 5-100 +/-6

Fonte: (DER, 2006)

- Determinação da composição da mistura reciclada

Para definir o projeto de mistura devem ser feitas coletas de amostras a cada 500m de

pista, para investigação das camadas a serem recicladas, estas coletas são executadas a partir

de furos de sondagem, ou com auxilio da própria recicladora. Devem ser realizadas as

seguintes determinações (DER, 2006):

a) Espessura das camadas existentes, revestimento e base; b) Determinação da granulometria e teor de umidade dos materiais, base e

revestimento; c) A coleta de amostras deve ser realizada de modo a cobrir todas as

possibilidades de variação das camadas do pavimento; d) Os trechos devem ser separados em subtrechos homogêneos, com propriedades

das camadas a serem recicladas semelhantes, como granulometria, espessura de camada, umidade etc.

e) Para cada subtrecho deve ser realizado um projeto de mistura específico.

- Teor de cimento É definida pela porcentagem de massa de cimento em relação à massa da mistura final

(DER, 2006). - Porcentagem de agregado adicional É defina pela porcentagem em massa de agregados adicionais secos em relação à

massa da mistura final (DER, 2006). - Equipamentos O equipamento para execução de reciclagem “in situ” com adição de cimento

compreende as seguintes unidades (DER, 2006):

a) recicladora, com as seguintes características:

- largura mínima do tambor fresador de 2 m, com diferentes velocidades de

rotação e ferramenta de corte de fácil substituição;

- dispositivos para controlar espessura de corte;

Page 44: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

44

- deve ser autoprepelida e ter capacidade de pulverizar e misturar o pavimento em

no mínimo 12,0 cm em uma passada;

- possuir acessórios para injeção de água na mistura, a fim de deixá-la reciclada na

umidade ótima;

b) distribuidor de aglomerante hidráulico;

c) distribuidor de agregados;

d) motoniveladora;

e) rolo vibratório tipo pé de carneiro;

f) rolo pneumático de pressão variável;

g) caminhão tanque para abastecimento de água;

h) rolo vibratório liso, tipo tandem vibratório.

3.3.3 Execução Antes de começar os serviços é realizada a execução, por parte do contratado, de um

trecho experimental de no mínimo 150 m de extensão e na largura da faixa ou metade da

largura da pista a reciclar. Após aprovação da qualidade da reciclagem pela fiscalização, dá-se

o início da obra (DER, 2006).

Caso o serviço não passe pela inspeção, seja por não satisfazer a espessura de projeto,

ou por não atender os limites especificados nos ensaios, é realizado um novo teste por parte da

empresa contratada (DER, 2006).

A reciclagem com adição de cimento não pode ser realizada com temperaturas

inferiores a 5°C ou superiores a 35°C e quando houver possibilidade de chuva (DER, 2006).

a) Reciclagem

A máquina recicladora faz o trabalho de fresagem, adição de água, aglomerante

hidráulico e agregado. A mistura é realizada no interior da recicladora e retorna à pista para

ser compactada (DER, 2006).

A adição de cimento pode ser feita manualmente, desde que garanta a homogeneidade

da mistura prevista no projeto (DER, 2006).

A reciclagem deve ser feita com a extensão e a espessura de corte, previstas no

projeto. A adição de água na mistura deve atender às condições de projeto, tendo como

parâmetro a umidade ótima estabelecida nos ensaios de compactação (DER, 2006).

Page 45: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

45

Após a passagem da recicladora é realizado o trabalho de nivelamento com a

motoniveladora. É importante que não ocorra segregação do material após a passagem da

máquina (DER, 2006).

b) Compactação

Após a conformação da mistura reciclada, deve ser iniciada a compactação da pista.

Nos trechos retilíneos a compactação é feita das bordas para o eixo, nos trechos em curva a

compactação é feita da borda interna para a borda externa, sempre do ponto mais baixo para o

ponto mais alto (DER, 2006).

A passagem do rolo compactador deve incorporar, pelo menos, metade da faixa

compactada anteriormente. A camada compactada final não pode ter espessura superior a 20

cm e inferior a 12 cm (DER, 2006).

O desvio máximo admitido no teor de umidade da mistura é de -2,0% a +1%, em

relação à umidade ótima e, o grau de compactação deve ser igual ou superior a 100%, em

relação à massa específica aparente seca máxima (DER, 2006).

O tempo máximo admitido entre a adição de cimento na mistura e o término da

compactação, não deve exceder o tempo de início de pega do cimento (DER, 2006).

c) Acabamento

O acabamento é feito com a motoniveladora atuando somente com movimento de

corte e correções não devem ser feitas adicionando material, nas depressões do pavimento. A

base é compactada, até que sua superfície esteja perfeitamente lisa, isenta de depressões ou

partes soltas (DER, 2006).

d) Cura

Logo após a compactação da base, com adição de cimento, é necessária a execução de

uma pintura de ligação com emulsão asfáltica tipo RR-2C, para que não ocorra a evaporação

da água, na mistura (DER, 2006).

3.3.4 Controle

Page 46: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

46

3.3.4.1 Controle dos materiais

a) Agregados adicionais

Deve ser realizado os seguintes testes nos agregados adicionados (DER, 2006):

a) abrasão Los Angeles, conforme NBR NM 51, no início da obra e sempre que

houver alguma modificação da natureza do agregado;

b) índice de forma e porcentagem de partículas lamelares, conforme NBR 6954.

Um ensaio no início da obra e outro sempre que houver mudanças na natureza

do agregado;

c) durabilidade com sulfato de sódio e sulfato de magnésio, realizado em cinco

ciclos, conforme DNER ME 089. Um ensaio no início e sempre que houver

mudanças na natureza do agregado.

d) equivalente de areia para agregado miúdo conforme NBR 12052. Um ensaio a

cada 8h de trabalho e sempre que houver mudança na natureza do material.

b) Cimento

Determinar finura conforme NBR 11579 a cada 600 m³ de mistura a ser reciclada, e

quando houver dúvida sobre a sanidade do cimento (DER, 2006).

c) Água

Será examinada sempre que houver dúvidas sobre sua sanidade, conforme NBR NM

137 (DER, 2006).

3.3.4.2 Controle de execução

a) Controle do material fresado

Page 47: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

47

O controle do material fresado é realizado em cada subtrecho homogêneo, e no

mínimo em 3500 m² de pista, deve ser verificado (DER, 2006):

a) granulometria, conforme NBR NM 248;

b) teor de umidade método expedito da frigideira.

A cada 30 m verificar:

a) a espessura de corte logo após a passagem da recicladora, a tolerância é de +/-1

cm da espessura definida no projeto;

b) a espessura das camadas de revestimento e da base.

c) Controle da base reciclada

O controle de execução de base deve abranger (DER, 2006):

a) determinação da taxa de agregado adicionado e do teor de cimento, em Kg/m²,

realizado durante o espalhamento na pista e são realizadas duas determinações

a cada 8h de trabalho;

b) granulometria da mistura reciclada, coletada durante o espalhamento conforme

NBR NM 248, sendo um ensaio a cada 500 m² e sempre que houver indícios de

mudança na granulometria da mistura;

c) determinação do teor de umidade, uma determinação a cada 25m² de pista,

imediatamente após o espalhamento. Se o desvio estiver entre -2,0% e +1% da

umidade ótima, o material pode ser liberado para compactação;

d) moldagem de corpos de prova, com 15 cm de diâmetro e 30 cm de altura, para

determinação da resistência à compressão simples aos 28 dias de cura,

conforme NBR 5739, a cada 500 m² de pista, e a cada 750m² de pista aos 7

dias, para avaliar os resultados iniciais, em relação à resistência final a ser

atingida;

e) determinação do teor de umidade, da massa especifica aparente “in situ”,

conforme NBR 7185, e o respectivo grau de compactação logo após a

Page 48: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

48

conclusão da camada, a cada 500 m², a partir dos valores da densidade seca

máxima obtida na alínea c;

f) resistência a tração por compressão diametral de amostras tiradas da pista, aos

28 dias de cura, conforme NBR 7222, a cada 500 m² de pista;

g) determinação da densidade seca máxima e umidade ótima, conforme NBR

7182. Realizar um ensaio a cada 500 m² de pista e sempre que houver indícios

de variação do material.

3.3.4.3 Controle geométrico e acabamento

a) Controle de espessuras e cotas

Deve ser realizado a relocação e o nivelamento do eixo e das bordas a cada 20 m. O

nivelamento deve ser feito no eixo, nas bordas e em outros dois pontos intermediários (DER,

2006).

b) Controle do alinhamento e largura

A verificação do eixo e das bordas é feita durante a locação nas diversas seções

correspondentes às estacas de locação. A largura da faixa reciclada, ou da semiplataforma,

deve ser medida com trena, pelo menos a cada 20 m (DER, 2006).

c) Controle de acabamento de superfície

O acabamento é verificado com o uso de duas réguas, uma de 1,20 m e outra de 3,0 m,

em ângulo reto e paralelamente ao eixo da pista, nas diversas seções correspondentes às

estacas de locação (DER, 2006).

3.3.4.4 Deflexões

Page 49: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

49

Devem ser verificadas, aos sete dias de cura, as deflexões recuperáveis máximas (Do),

a cada 20 m de faixa alternada e a cada 40 m, na mesma faixa, através da viga de Benkelman,

conforme DNER NM 024, ou FWD (Falling Weight Deflectometer).

3.3.4.4.1 Determinação das deflexões pela viga Benkelman

A viga Benkelman é constituída de um conjunto de sustentação, em que se articula

uma alavanca interfixa, formando dois braços com comprimentos a e b que obedecem a

relação 2/1, 3/1 ou 4/1, conforme figura 5. A extremidade do braço maior contém a ponta de

prova da viga, a extremidade do braço menor contém o extensômetro com precisão de

0,01mm (DNER ME 24/1994).

Figura 7: Esquema da viga Bekelman

Fonte:DNER ME 24/1994

Page 50: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

50

A execução do ensaio começa com a localização dos pontos, que é fixada tomando

uma distância pré-fixada da extremidade do revestimento, conforme a tabela a seguir (DNER

ME 24/1994):

Tabela 4: Localização dos pontos

Largura da faixa de trafego(m) Distância da borda do revestimento (m)

2,70 0,45

3,00 0,60

3,30 0,75

3,50 ou mais 0,90

Fonte: DNER ME 24/1994

O ensaio é então realizado, posicionando a extremidade do maior lado da viga

Bekelman entre as rodas duplas da traseira do caminhão, que deve estar posicionado

perpendicularmente ao eixo da pista de rolamento e coincidindo com os pontos de prova

determinados pela tabela 5. A figura 8 representa o sistema de referência na viga Benkelman

no eixo do caminhão (DNER ME 24/1994).

Figura 8: Esquema do sistema de referencia na viga e no caminhão

Fonte: DNER ME 24/1994

Page 51: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

51

A primeira leitura (Lo) é realizada com o caminhão na posição inicial, quando o solo

não apresenta movimentação. Isso é indicado, quando o extensômetro apresentar

movimentação igual ou menor a 0,01 mm/min.

A leitura final (Lf) é realizada com o caminhão a 10 m da posição inicial, quando o

solo apresentar movimentação menor que 0,01 mm/min.

O cálculo das deflexões é feito através da seguinte fórmula:

Do=(Lo-Lf).a/b

Onde:

Do= Deflexão real ou verdadeira em centésimos de milímetro;

Lo= Leitura inicial em centésimos de milímetro;

Lf= Leitura final em centésimos de milímetros;

a e b= dimensões da viga Benkelman.

Page 52: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

52

4 ESTUDO DE CASO SP 253

Neste item será apresentado um estudo de caso de uma obra que realizou reciclagem

de base com adição de cimento, no trecho da rodovia SP-253, entre a cidade de Pradópolis e

Rio Mogi-Guaçú, no interior do Estado de São Paulo.

A rodovia é de Classe IB, pista simples, possui largura da pista de sete metros e

acostamentos de 3,5 metros. A velocidade de projeto é de 100 quilômetros por hora.

O trecho, entre os quilômetros 194 e 204, apresentou a necessidade de restauração,

para a qual foi contratada a Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono, para fazer o

projeto de recuperação da rodovia. A empresa fez as sondagens e análises nos pontos mais

críticos, com o objetivo de encontrar um método executivo para recuperar o trecho com o

menor custo possível. Com o levantamento, concluiu-se que o meio mais eficiente e barato

seria a reciclagem do pavimento e posteriormente a aplicação de nova capa asfáltica.

A figura 9 representa o referido trecho.

Page 53: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

53

Figura 9: Localização do trecho analisado

Fonte: Google (2012) www.maps.google.com.br

4.1 METODOLOGIA

Nesse trabalho, foram analisadas três estacas, 46+10, 1504, e 570 ao longo de 30

quilômetros, sendo que em apenas 10 quilômetros foi realizado a reciclagem. As estacas

foram escolhidas aleatoriamente entre as estacas analisadas pela empresa. Primeiramente, é

feita a coleta de material da pista para análise das características do material, quando as

amostras são retiradas com sonda rotativa e são analisadas as camadas de revestimento e base,

quanto à granulometria, limites de Attenberg, índice de grupo, composição do pavimento e

espessura.

O trecho é dividido em segmentos homogêneos de trezentos metros, onde as

propriedades dos materiais são semelhantes quanto à granulometria, camadas do pavimento e

Page 54: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

54

umidade. Nesta etapa, será realizado um projeto de mistura específico para cada segmento

homogêneo de trezentos metros.

A partir daí, é então verificada se há a necessidade de adição de cimento e agregados à

mistura, para atender as solicitações de projeto quanto à resistência e granulometria. Para isso,

são feitos ensaios de resistência à compressão, ao sétimo dia, com diferentes quantidades de

cimento na mistura, avaliando a quantidade de cimento necessária para atender a resistência

mínima de projeto, além de realizados ensaios de granulometria para verificar a necessidade

de adição de agregados na mistura, de modo que a mistura final se enquadre em alguma faixa

granulométrica utilizada pelo DER-SP.

Depois, são realizados ensaios de compactação, encontrando valores de umidade ótima

e densidade seca máxima com o material local e adição de cimento, com o material local e

adição de brita e cimento, com a finalidade de comparar os resultados encontrados em

laboratório, com o grau de compactação realizado em campo.

Os projetos foram executados para atender à especificação técnica ET – DE –

POO/035 RECICLAGEM DE PAVIMENTO IN SITU COM CIMENTO E BRITA do

Departamento de Estradas de Rodagem da Secretaria de Transportes do Estado de São Paulo.

Norma que foi analisada no item 3.3 desse trabalho.

A seguir serão apresentados os ensaios realizados neste trabalho.

4.1.1 Ensaios de caracterização e classificação

A classificação do material será feita com o uso das tabelas 5 e 6, que representam a

classificação H.R.B (Highway Research Board), que utiliza como parâmetros os valores de

Granulometria, limites de Attenberg e Índice de Grupo, para a classificação do material,

quanto sua qualidade, para uso nas camadas de base e, quanto a sua composição.

A granulometria do material é representada pelo ensaio de peneiramento do mesmo,

com o uso de peneiras de vários diâmetros. O resultado é expresso com base na curva

granulométrica, na qual o eixo das ordenas representa as porcentagens passantes acumuladas e

no eixo das abscissas, em escada logarítmica, as aberturas das peneiras como é demonstrado

na figura 10. Com a curva granulométrica podemos classificar o material, quanto distribuição

dos grãos, verificar se há um bom entrosamento entre as partículas do material, se existe um

equilíbrio entre as frações grossas e finas na mistura. Para isso, são utilizadas faixas

Page 55: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

55

granulométricas, que representam os limites das porcentagens passantes acumuladas em cada

peneira, para comparação com o material estudado. O material, com uma granulometria

adequada, deve respeitar os limites das faixas estudadas.

Os valores dos limites de Attenberg são os valores de teores de umidade para que uma

determinada mistura passe a ter comportamentos semelhantes a de um sólido ou a de um

liquido. As características apresentadas pelo material nos determinados estados são descritas a

seguir:

a) Estado liquido - o solo apresenta as propriedades e a aparência de uma

suspensão. Não possui forma própria e não apresenta nenhuma resistência ao

cisalhamento.

b) Estado plástico - o solo apresenta a propriedade de plasticidade. Pode sofrer

deformações rápidas, sem que ocorra variação volumétrica apreciável, ruptura ou

fissuramento.

c) Estado semi-sólido - o solo tem a aparência de um sólido, entretanto ainda passa

por variações de volume ao ser secado.

d) Estado sólido - o solo não sofre mais variações volumétricas por secagem.

Os limites de Attenberg são descritos a seguir:

a) Limite de Liquidez- (LL)- é o teor de umidade da mistura para que o material

passe do estado plástico para o estado liquido. Esta relacionado com a

capacidade de absorção de água do material.

b) Limite de Plasticidade- (LP)- é o teor de umidade para que o material passe do

estado plástico para o estado semi-sólido. Torna-se quebradiço, perde a

plasticidade

c) Índice de plasticidade – (IP) – é representado fisicamente pela quantidade de

água necessária para que o material passe do estado semi-sólido para o estado

líquido. Mede a plasticidade dos solos e a tendência a expansão. É

representado pela diferença entre o limite de liquidez e o limite de plasticidade.

O índice de grupo (IG) está relacionado à capacidade de suporte do terreno. O índice

de grupo é um classificador que pesquisa as propriedades indesejáveis fornecidas pela fração

fina do solo (SENÇO, 2008).

O valor do Índice de Grupo varia de 0,0 a 20, sendo que IG=0 representa um solo bom

para ser utilizado como subleito, um IG=20 representa um solo com péssimas condições para

ser utilizado como subleito.

Page 56: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

56

O índice de grupo é dado pela equação:

IG = 0,2.a + 0,005.a.c + 0,01.b.d. onde IG representa o Índice de Grupo.

As letras a, b, c e d são encontradas pelas equações:

a = p – 35 onde p representa a porcentagem de material que passa pela peneira n°200.

b = p – 15 onde p representa a porcentagem de material que passa pela peneira n°200.

c = LL-40 onde LL representa o limite de liquidez do material.

d = IP – 10 onde IP representa o índice de plasticidade do material.

A partir dos valores obtidos de granulometria, limites de Attenberg e índice de grupo,

utiliza-se a tabela de classificação H.R.B (Highway Research Board), que é representada

pelas tabelas 5 e 6, expostas a seguir, para classificar o material.

Page 57: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

57

Tabela 5: Tabela de classificação H.R.B (Highway Research Board) para materiais granulares

Classificação geral Materiais granulares

(35% ou menos da mistura passando pela peneira n°200)

Grupos A-1 A-3 A-2

A-1-a A-1-b A-2-4 A-2-5 A-2-6 A-2-7

Porcentagens que passa

nas peneiras de abertura

nominal

2,00mm

0,42 mm

0,074mm

50máx

30máx

15máx

50máx

10máx

51min

10máx

35máx

35máx

35máx

35máx

Características da fração

que passa pela peneira

0,42 mm

Limite de liquidez(%)

Limite de plasticidade (%)

-

6máx

-

6máx

-

NP

40máx

10máx

41máx

10min

40máx

10máx

41 mín

11máx

Índice de grupo (IG) 0 0 0 0 0 < 4 < 4

Materiais predominantes Pedra britada

pedregulho e areia

Areia

fina

Areia e areia siltosa ou argilosa

Comportamento geral

como subleito

Excelente a bom

Fonte: Senço (2008)

Page 58: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

58

Tabela 6: Tabela de classificação H.R.B (Highway Research Board) para materiais siltosos e argilosos

Classificação geral Materiais siltosos e argilosos

(mais de 35% da mistura passantes pela peneira n° 200)

Grupos A-4 A-5 A-6 A-7

A-7-5

A-7-6

Porcentagens que passa

nas peneiras de abertura

nominal

2,00mm

0,42 mm

0,074mm

36mín

36mín

36mín

36mín

Características da fração

que passa pela peneira

0,42 mm

Limite de liquidez(%)

Limite de plasticidade (%)

40máx

10máx

41mín

10máx

40máx

11mín

41mín

11mín

Índice de grupo (IG) < 8 < 12 < 16 < 20

Materiais predominantes Solos siltosos Solos argilosos

Comportamento geral

como subleito

Regular a mau

Fonte: Senço ( 2007)

4.1.2 Ensaios de compactação

Os ensaios de compactação podem ser realizados com diferentes energias de

compactação, como é verificado na tabela 7. Neste trabalho foi utilizada a energia modificada

para compactação do material, com sessenta golpes. Para realização do ensaio devem ser

moldados um número suficiente de corpos de prova, de modo que possa ser caracterizado a

curva de compactação. Para isso algumas amostras devem ter um teor de umidade inferior ao

valor da umidade ótima e algumas amostras com um valor superior de umidade. Os valores

devem ser introduzidos em um gráfico, onde nas abcissas estão os valores de umidade das

amostras e as ordenadas os valores de densidade aparente. O resultado do ensaio é obtido

através da curva de compactação, onde o valor máximo da curva representa o valor de

densidade máxima seca e o respectivo valor da abcissa representa a umidade ótima do

Page 59: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

59

material. Esses valores serão utilizados, posteriormente, para verificação do grau de

compactação em campo.

Tabela 7: Energias de compactação

Energia Tipo de soquete N° de camadas Cilindro N° de

golpes/camadas

Energia

equivalente ao

método

Normal Pequeno 5 grande 36 ASSHTO

Grande 5 grande 13 T 99-57

Intermediária Grande 5 Grande 28 DNER M 48-64

Modificada Grande 5 Grande 60 ASSHTO T

180-59

Obs.: Soquete pequeno: peso 2,475 Kgf

Altura de queda de 30,5cm

Soquete grande: peso 4,540 Kgf

Altura de queda de 45,72 cm

Cilindro grande: Ø de 15,2 cm

Fonte: Senço (2008)

4.1.3 Ensaios de resitência mecânica do material

São utilizados neste trabalho dois métodos para avaliação da resistência do material, o

método de compressão simples e o método de Índice de Suporte Califórnia ISC.

O método de resistência a compressão simples é utilizado quando é adicionado à mistura

uma quantidade de cimento. No ensaio são utilizados moldes cilindricos de 15cm de diâmetro

e 30 cm de altura. Os corpos são compactados e ensaiados no ensaio de compressão até o

rompimento do corpo de prova. Obtem-se no ensaio o valor de resitência a compressão do

material.

No ensaio de I.S.C, é medida a resistência à penetração de uma amostra saturada

compactada segundo o método Proctor. É definido como a relação percentual entre a pressão

necessária para fazer penetrar, de maneira padronizada, um pistão numa amostra de solo,

conveniente preparada, e a pressão para fazer penetrar o mesmo pistão à mesma profundidade

em uma amostra de brita graduada de elevada resistência utilizada como padrão (SENÇO,

2007).

Page 60: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

60

Para a execução do ensaio, compacta-se o material em cinco camadas iguais, de modo

a se obter uma altura total de solo com cerca de 12,5 cm, após a compactação. No caso do

ensaio realizado neste trabalho, a energia de compactação utilizada foi a energia modificada,

sessenta golpes.

Após a compactação, rasa-se o material na altura do molde, retira-se do material

excedente uma amostra, com cerca de cem gramas para determinação da umidade.

É realizada então a compactação de outros corpos de prova com teores crescentes de

umidade, para caracterizar a curva de compactação.

Depois os corpos de prova são imersos em água por quatro dias e mede-se a expansão.

A penetração dos corpos de prova é feita por uma prensa, a uma velocidade constante

de 0,05 polegadas por minuto. Traça-se a curva pressão x penetração conforme apresentado

na figura 10. Caso exista um ponto de inflexão, traça-se uma tangente à curva nesse ponto até

que ela intercepte o eixo das abcissas, representado pelo eixo das pressões. A curva corrigida

será essa tangente mais a porção convexa da curva original. Seja c a distância entre o ponto

em que a tangente corta o eixo das abcissas e o ponto que representa a origem dos eixos.

Soma-se às abcissas dos pontos correspondentes as penetrações de 0,1 e 0,2 polegadas com a

distância c obtidas para cada corpo de prova. Com isso obtêm-se, os valores correspondentes

das novas ordenadas, que representam os valores das pressões corrigidas para as penetrações

referidas.

O Índice de Suporte Califórnia, será obtido em porcentagem, para cada corpo de

prova, pela fórmula:

ISC = Pressão calculada / Pressão padrão onde ISC representa o Índice de Suporte

Califórnia.

Adota-se para o valor de Índice de Suporte Califórnia o maior dos valores obtidos nas

penetrações de 0,1 e 0,2 polegadas.

Para o calculo do Índice de Suporte Califórnia final, registram-se, na mesma folha em

que se representa a curva de compactação, usando a mesma escala utilizada na escala das

umidades dos corpos de prova no eixo das abcissas. O eixo das ordenadas é representado

pelos valores de Índice de Suporte Califórnia obtidos, correspondentes aos valores das

umidades, que serviram para a construção da curva de compactação. O valor da ordenada

Page 61: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

61

máxima desta curva, correspondente à umidade ótima, mostra o Índice de Suporte Califórnia,

como é demonstrado na figura 11 (DNIT, 2006).

Figura 10: Curva Pressão – penetração

Fonte: DNIT (2006)

Page 62: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

62

Figura 11: Curva massa especifica – umidade e Índice de Suporte Califórnia – Umidade

Fonte: DNIT (2006)

4.2 ANÁLISE DE CAMPO E ENSAIOS DE LABORATÓRIO

4.2.1 Amostra n° 1 – Estaca 1504

Primeiramente é feita a análise do material quanto à granulometria, limites de

Attenberg, índice de grupo e a classificação H.R.B (Highway research board), e as espessuras

das camadas de base e revestimento.

A granulometria do material é representado na tabela 8, e abaixo dela é feita a

classificação do material, baseado na tabela H.R.B.

Page 63: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

63

Tabela8: Ensaio de caracterização e classificação - Amostra coletada na pista- Estaca 1504 – LE

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

Data do ensaio: 15/04/2003

Classificação do material:

Limite de Liquidez- NL – A amostra não apresentou limite de liquidez

Índice de Plasticidade- NP – Material não plástico, possui uma baixa expansão.

Índice de grupo- 0,0% - Material com boa capacidade de suporte.

Classificação H.R.B- A-1-a – Material classificado, pela tabela 5, entre ótimo a bom

para utilização em subleito, constituído de pedra britada pedregulho e areia.

Espessuras das camadas – A espessura da camada de revestimento é de 4 centímetros,

composta de CBUQ e a camada de tem espessura de 15 centímetros composta de solo x brita.

Granulometria

Analise granulométrica estaca 1504- Material do local – Faixa “B”- DER-SP

Data do ensaio: 15/04/2003

Tabela 9: Granulometria da amostra n° 1, material do local

PENEIRAS N° 200 40 10 4 3/8’’ 1’’ 2’’

(mm) 0,074 0,42 2,00 4,80 9,52 25,40 50,8

%

ACUMULADAS

QUE PASSAM

MISTURA 9,70 20,30 40,30 46,10 60,00 97,70 100,00

FAIXA

“B”

5-15 15-30 20-45 30-60 40-75 75-95 100

EIXO 10,0 22,5 32,5 45,0 57,5 85,0 100,0

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

A análise granulométrica do material da amostra n° 1 é verificada na figura 12 onde a

linha vermelha representa a granulometria do material e as linhas pretas representam a faixa

granulométrica “B” do DER-SP:

Porcentagem que passa Pedregulho Areia grossa Areia fina Silte+argila

Peneiras

1’’ 3/8’’ n° 4 n° 10 n° 40 N° 200

25mm 9,5mm 4,8mm 2,0mm 0,42mm 0,074mm

(%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)

97,7 60,0 46,1 40,3 20,3 9,7 59,7 20,0 10,6 9,7

Page 64: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

64

Figura 12: Faixa granulométrica referência faixa ‘B’ DER-SP

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

Foi verificado através da análise gráfica da figura 12, que o material não se enquadrou

na faixa granulométrica “B” do DER-SP. A fim de corrigir a granulometria, foram realizados

ensaios de granulometria com adição de quantidades crescentes de brita 2, e foi constatado

que com a adição de 20% de brita 2 na mistura a granulometria do material se enquadraria na

faixa granulométrica estudada.

Ensaios de Compactação

São então realizados os ensaios de compactação, na energia modificada, com cinco

amostras com teores diferentes de umidade para a obtenção dos valores de umidade ótima e

densidade máxima seca apresentada pelo material. Esses valores serão utilizados,

posteriormente, para verificação do grau de compactação em campo.

Dados do ensaio Amostra 1 – Estaca 1504 (LE) : 6000 gramas de mistura seca, 3234

gramas de material retido na peneira n°4 seco, 2766 gramas passantes pela peneira n°4 seco,

2850 gramas passantes pela peneira n°4 com 3% de umidade, com 3,5% de cimento que

representa 210 gramas de cimento na mistura. A tabela 10 representa os dados do ensaio.

Page 65: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

65

Tabela 10: Ensaio de compactação – Material local - Amostra n° 1 – Estaca 1504

TIPO

NORMAL INTERMEDIARIO MODIFICADO

COMPACTAÇÃO

Porção ou determinação 1 2 3 4 5

Volume do cilindro=V (cm³) 2025,08 2025,08 2025,08 2025,08 2025,08

(1)Cilindro com solo úmido (g) 8796 9000 9200 9085 8920

(2)Cilindro (Tara) (g) 4175,5 4175,5 4175,5 4175,5 4175,5

Solo úmido mh=(1)-(2) (g) 4620,5 4824,5 5024,5 4909,5 4744,5

Densidade úmida γh=mh/V ( g/cm³) 2,281 2,382 2,481 2,424 2,342

Densidade seca γs=Fc.Yh (g/cm³) 2,205 2,270 2,331 2,247 2,138

TEOR DE UMIDADE

Capsula n° 30 7 13 12 6

(3)Cápsula com solo úmido (g) 580,17 630,04 466,61 690,9 598,3

(4)Cápsula com solo seco (g) 563,4 604,2 445,4 648,5 552,9

Água ma= (3) - (4) (g) 16,77 25,84 21,21 42,4 45,4

(5)Tara da cápsula (g) 77,14 76,7 113,6 110,4 76

Solo seco ms= (4) - (5) (g) 486,26 527,5 331,8 538,1 476,9

Úmidade H= 100*ma/ms (%) 3,44 4,89 6,39 7,87 9,51

Fator de conversão Fc =

100/(100+H)

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

Data: 02/05/2003

Figura 13: Ensaio de compactação Amostra n°1 Estaca 1504

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

2,1

2,15

2,2

2,25

2,3

2,35

0 2 4 6 8 10

Ensaio de compactação

Ensaio de compactação

Densidade (g/cm³)

Umidade (%)

Page 66: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

66

Densidade seca maxima γms = 2,335 g/cm³

Umidade ótima Ho = 6,5 %

É realizado o ensaio de compactação na energia modificada com o material local com

adição de 20% de Brita 2 – Amostra n° 1 - Estaca 1504. Os valores de umidade ótima e

densidade seca máxima obtidos no ensaio serão comparado com o grau de compactação em

campo. Os dados do ensaio é representado na tabela 11.

Tabela 11: Ensaio de compactação com adição de 20% de brita 2 Amostra n° 1 Estaca 1504

TIPO

NORMAL INTERMEDIARIO MODIFICADO

COMPACTAÇÃO

Porção ou determinação 1 2 3 4 5

Volume do cilindro=V (cm³) 20069,3 20069,3 20069,3 20069,3 20069,3

(1)Cilindro com solo úmido (g) 8868 9121,9 9277 9157 8981

(2)Cilindro (Tara) (g) 4371,9 4371,9 4371,9 4371,9 4371,9

Solo úmido mh=(1)-(2) (g) 4497 4750 4306 4786 4610

Densidade úmida γh=mh/V (g/cm³) 2,241 2,367 2,445 2,386 2,298

Densidade seca γs=Fc.Yh (g/cm³) 2,161 2,249 2,285 2,191 2,100

TEOR DE UMIDADE

Capsula n° 236 186 312 255 453

(3)Cápsula com solo úmido (g) 11515 14399 13404 17035 15343

(4)Cápsula com solo seco (g) 8966 10327 8890 10019 9007

Água ma= (3) - (4) (g) 2549 4072 4514 7016 6336

(5)Tara da cápsula (g) 20,94 2599 2450 2153 2287

Solo seco ms= (4) - (5) (g) 6872 7728 6440 7886 6720

Úmidade H= 100*ma/ms (%) 3,71 5,27 7,01 8,92 9,43

Fator de conversão Fc =

100/(100+H)

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

Page 67: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

67

Figura 14: Ensaio de compactação com adição de 20% de brita 2 Amostra n° 1 Estaca 1504

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

Densidade seca Máxima γsm = 2,290 g/cm³

Umidade ótima Ho = 6,61 %

É realizado o ensaio de compactação na energia modificada, com as amostras com

diferentes teores de cimento, obtendo os valores de densidade seca máxima e umidade ótima

que serão usados como referência para a análise de compactação em campo. Os dados do

ensaio é representado na tabela 12.

2,16

2,18

2,2

2,22

2,24

2,26

2,28

2,3

0 2 4 6

Ensaio de compactação

Ensaio de compactaçãoDensidade (g/cm³)

Umidade (%)

Page 68: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

68

Tabela 12 : Ensaio de compactação da mistura com cimento. Amostra n° 1 Estaca 1504

TIPO

NORMAL INTERMEDIARIO MODIFICADO

COMPACTAÇÃO

Porção ou determinação 2% 3% 4%

Volume do cilindro=V (cm³)

(1)Cilindro com solo úmido (g) 18567 18500 18512 19152 19680 19096

(2)Cilindro (Tara) (g) 5464 5444 5446 6070 6545 5950

Solo úmido mh=(1)-(2) (g) 13098 13056 13066 13082 13135 13146

Densidade úmida γh=mh/V (g/cm³) 2,470 2,462 2,465 2,462 2,478 2,480

Densidade seca γs=Fc.Yh (g/cm³) 2,319 2,309 2,306 2,306 2,321 2,326

TEOR DE UMIDADE

Capsula n° 10 25 5 13 16 18

(3)Cápsula com solo úmido (g) 635,7 606,1 624,66 607,9 562,68 590,04

(4)Cápsula com solo seco (g) 601,5 573,26 589,4 574,35 534,2 558,2

Água ma= (3) - (4) (g) 34,2 32,84 35,26 33,55 28,48 31,84

(5)Tara da cápsula (g) 76,38 77,12 77,52 77,23 114,1 77,84

Solo seco ms= (4) - (5) (g) 525,12 496,14 511,88 497,12 420,1 480,36

Úmidade H= 100*ma/ms (%) 6,51 6,61 6,88 6,74 6,76 6,62

Fator de conversão Fc =

100/(100+H)

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

Densidade seca máxima γsm = 2,335 g/cm³

Umidade ótima Ho = 6,5 %

É então realizado o ensaio de resistência a compressão simples. São analisados cinco

corpos de prova, um com 2% de cimento em sua composição, dois com 3% de cimento e dois

com 4% de cimento.

O ensaio de resistência a compressão com adição de cimento em massa é representado

pela tabela 13.

Dados da mistura: 1400 gramas de mistura seca, 7546 gramas da mistura retida pela

peneira n°4 seco, 6454 gramas passantes pela peneira n°4 seco, 6647 gramas passantes pela

peneira n°4 com 3% de umidade.

Page 69: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

69

Tabela 13: Ensaio de Resistência a compressão amostra n° 1 estaca 1504

2% de Cimento

CP Idade (dias) Carga (Kg) Área (cm²) Pressão (Kg/cm²)

1 7 2320 176,71 13,1

3% de Cimento

CP Idade(dias) Carga (Kg) Área(cm²) Pressão (Kg/cm²)

2 7 3840 176,71 21,7

3 7 3600 176,71 20,4

4% de Cimento

CP Idade(dias) Carga (Kg) Área(cm²) Pressão (Kg/cm²)

4 7 4840 176,71 27,4

5 7 4280 176,71 24,2

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

Foi verificada, com os resultados dos ensaios de resistência a compressão simples, que

a amostra com 4% de cimento atendia na media a especificação de projeto que exige como

resistência mínima de 2,5 Mpa ou 25 Kg/cm² aos 28 dias. Portanto a quantidade de cimento

adicionada na mistura foi de 4%, verificando que a amostra já representou resistência superior

ao valor 2,5 Mpa aos 7 dias.

.

4.2.2 Amostra n° 2 - Estaca 46+10

Ensaio de classificação e caracterização

São realizados os mesmos ensaios de caracterização da amostra n° 2 com os mesmos

critérios utilizados para classificação da amostra n°1, no item 4.2.1.

Resumo dos ensaios de caracterização e classificação

Page 70: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

70

Tabela14: Caracterização e clasificação - Amostra N° 2- Amostra coletada na pista- Estaca 46+10 – LD

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

Data do ensaio: 15/04/2003

Classificação do material:

Limite de liquidez- NL – Não atingiu o limite de liquidez

Limite de plasticidade- NP – Material não plástico; possui uma baixa expansão.

Índice de grupo (IG) - 0,0 - Material boa capacidade de suporte.

Classificação H.R.B- A-1-b - Material composto de pedra britada pedregulho e areia.

Classificado entre ótimo a bom para utilização como camada de base.

Espessuras das camadas – A espessura da camada de revestimento é de 4 centímetros,

composta de CBUQ e a camada de tem espessura de 13 centímetros composta de solo x brita.

Granulometria

É então realizada a comparação entre a granulometria do material da amostra n° 2 com

a faixa “D” do DER-SP.

Tabela15: Granulometria da amostra n° 2- Estaca 46+10- Sem mistura com brita 2 Faixa “D” DER-SP

PENEIRAS N° 200 40 10 4 3/8’’ 1’’

(mm) 0,074 0,42 2,00 4,80 9,52 25,40

%

ACUMULADAS

QUE PASSAM

MISTURA 7,90 35,50 56,20 59,40 68,10 92,70

FAIXA

“D”

7-20 20-50 40-70 50-85 60-100 100

EIXO 13,5 35,0 55,0 67,5 80,0 100

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

Data do ensaio: 15/04/2003

Porcentagem que passa Pedregulho Areia grossa Areia fina Silte+argila

Peneiras

1’’ 3/8’’ n° 4 n° 10 n° 40 N° 200

25mm 9,5mm 4,8mm 2,0mm 0,42mm 0,074mm

(%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)

92,7 68,1 59,4 56,2 35,5 7,9 43,8 20,7 27,6 7,9

Page 71: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

71

A análise granulométrica do material da amostra n°2 é verificada na figura 15 onde a

linha vermelha representa a granulometria do material e as linhas pretas representam a faixa

granulométrica “D” do DER-SP:

Figura 15: Análise granulométrica do material local comparado com a faixa “D” DER-SP

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

Foi verificado que o material não se enquadrou perfeitamente na faixa “D” do DER-

SP, após a realização de ensaios de granulometria, também foi constatado que com a adição

de 20% de brita 2 na amostra, que a granulometria do material se enquadraria na faixa “B” do

DER-SP. A mudança entre as faixas “D” e “B”, para comparação no ensaio de granulometria,

se deu devido a semelhança entre a granulometria da faixa ”B” e a granulometria do material

ao ser misturado com 20% de brita 2, para comparação no ensaio de granulometria, se deu

devido a semelhança entre a granulometria da faixa ”B” e a granulometria do material,

quando foi adicionado à mistura 20% de brita 2, lembrando que a granulometria do material

deve se enquadrar em qualquer faixa utilizada pelo DER-SP. A comparação entre a

granulometria do material e a faixa “B” do DER-SP é representada pela figura 16.

A granulometria do material com adição de 20% de brita 2 à mistura é demonstrada na

tabela 17.

Page 72: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

72

Tabela 17: Analise granulométrica- Estaca 46+10- Material local- Reciclagem com mistura Brita 2 faixa ‘B’-

DER-SP

PENEIRAS N° 200 40 10 4 3/8’’ 1’’ 2’’

(mm) 0,074 0,42 2,00 4,80 9,52 25,40 50,8

%

ACUMULADAS

QUE PASSAM

MISTURA 6,34 28,60 45,22 47,82 54,92 94,16 100,00

FAIXA

“B”

5-15 15-30 20-45 30-60 40-75 75-95 100

EIXO 10,0 22,5 32,5 45,0 57,5 85,0 100,0

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

A análise granulométrica do material da amostra n°2, com adição de 20% de brita 2, é

verificada na figura 16, onde a linha vermelha representa a granulometria do material e as

linhas pretas representam a faixa granulométrica “B” do DER-SP.

Figura 16: Faixa granulométrica referência faixa ‘B” DER-SP

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

A análise granulométrica representada pela figura 16 mostra que o material se

enquadrou na faixa granulométrica ”B” do DER-SP.

Ensaio de compactação

Page 73: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

73

São então realizados os ensaios de compactação, na energia modificada, com cinco

amostras com teores diferentes de umidade para a obtenção dos valores de úmidade ótima e

densidade máxima seca apresentada pelo material. Esses valores serão utilizados,

posteriormente, para verificação do grau de compactação em campo.

Dados do ensaio: 6000 gramas de mistura seca, 1200 gramas de brita 2, 1949 gramas

retidas pela peneira n° 4 seco, 2854 gramas passantes pela peneira n° 4 seco, 2937 gramas

passantes pela peneira n° 4 com 3,0% de umidade, 3,5% de cimento em sua composição ou

210 gramas.

A tabela 18 representa os dados do ensaio.

Tabela18: Ensaios de compactação amostra n° 2 Estaca 46+10 sem 20% de brita

TIPO

NORMAL INTERMEDIARIO MODIFICADO

COMPACTAÇÃO

Porção ou determinação 23 23 23 23 23

Volume do cilindro=V (cm³) 2025,08 2025,08 2025,08 2025,08 2025,08

(1)Cilindro com solo úmido (g) 8867,5 9038,5 9202,5 9256,5 9222,5

(2)Cilindro (Tara) (g) 4348,5 4348,5 4348,5 4348,5 4348,5

Solo úmido mh=(1)-(2) (g) 4519 4690 4854 4908 4874

Densidade úmida γh=mh/V (g/cm³) 2,231 2,315 2,396 2,423 2,406

Densidade seca γs=Fc.Yh (g/cm³) 2,180 2,230 2,274 2,268 2,220

TEOR DE UMIDADE

Capsula n° 453 433 317 277 166

(3)Cápsula com solo úmido (g) 254,17 303,41 423,44 427,26 325,15

(4)Cápsula com solo seco (g) 248,93 292,89 403,18 401,37 301,92

Água ma= (3) - (4) (g) 5,24 10,52 20,26 25,89 23,23

(5)Tara da cápsula (g) 22,87 18,77 23,77 21,17 23,66

Solo seco ms= (4) - (5) (g) 226,06 274,12 379,41 380,20 278,26

Úmidade H= 100*ma/ms (%) 2,31 3,80 5,32 6.80 8,34

Fator de conversão Fc =

100/(100+H)

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

Page 74: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

74

Figura 17: Ensaio de compactação sem adição de brita 2 Amostra n° 2 Estaca 46+10

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

Densidade seca maxima γsm = 2,330 g/cm³

Umidade ótima Ho = 5,3 %

Ensaio de compactação com energia modificada – Material local com adição de 20%

de Brita 2 – Amostra n° 2 - Estaca 46+10. Os resultados obtidos nesse ensaio servirão para a

verificação do grau de compactação do material em campo. A tabela 19 representa o ensaio de

compactação.

2,16

2,18

2,2

2,22

2,24

2,26

2,28

2,3

0 2 4 6

Ensaio de compactação

Ensaio de compactaçãoDensidade (g/cm³)

Umidade (%)

Page 75: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

75

Tabela 19: Ensaios de compactação amostra n° 2 Estaca 46+10 com 20% de brita e 3,5% de cimento

TIPO

NORMAL INTERMEDIARIO MODIFICADO

COMPACTAÇÃO

Porção ou determinação 1 2 3 4 5

Volume do cilindro=V (cm³) 2043 2043 2043 2043 2043

(1)Cilindro com solo úmido (g) 8745 8982 9248 9279 9181

(2)Cilindro (Tara) (g) 4288 6288 4288 6288 6288

Solo úmido mh=(1)-(2) (g) 4457 4694 4960 4991 4893

Densidade úmida γh=mh/V (g/cm³) 2,181 2,297 2,428 2,553 2,395

Densidade seca γs=Fc.Yh (g/cm³) 2,145 2,226 2,317 2,304 2,223

TEOR DE UMIDADE

Capsula n° 12 5 10 6 8

(3)Cápsula com solo úmido (g) 683,21 793,9 677,4 910,3 641,

(4)Cápsula com solo seco (g) 673,26 771,9 650,1 863 600,9

Água ma= (3) - (4) (g) 9,95 22 27,3 47,3 40,3

(5)Tara da cápsula (g) 77,12 77,52 76,38 76 79,32

Solo seco ms= (4) - (5) (g) 596,14 694,38 573,72 787,00 521,58

Úmidade H= 100*ma/ms (%) 1,66 3,16 4,75 6,01 7,72

Fator de conversão Fc =

100/(100+H)

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

Data: 14/04/2003

Figura 18: Ensaio de compactação com adição de 20% de brita 2 Amostra n° 2 Estaca 46+10

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

2,16

2,18

2,2

2,22

2,24

2,26

2,28

2,3

0 2 4 6 8 10

Ensaio de compactação

Ensaio de compactação

Densidade (g/cm³)

Umidade (%)

Page 76: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

76

Densidade seca máxima γsm= 2,330 g/cm³

Úmidade ótima Ho= 5,3 %

Os valores de umidade ótima e densidade seca máxima obtidos no ensaio serão

utilizados para verificação do grau de compactação no campo.

Ensaio de compactação - Amostra n° 2- Mistura com cimento Estaca 46+10

É realizado o ensaio de compactação com diferentes teores de cimento que serão

utilizados para comparação do grau de compactação em campo.

Tabela 20: Ensaio de compactação - Estaca 46 +10 com 20% de brita 2 e 2,3 4% de cimento na composição

TIPO

NORMAL INTERMEDIARIO MODIFICADO

COMPACTAÇÃO

Porção ou determinação 2% 3% 4%

Volume do cilindro=V (cm³) 5301 5301 5301 5301 5301 5301

(1)Cilindro com solo úmido (g) 18600 21694 18972 19306 19068 19150

(2)Cilindro (Tara) (g) 5442 8590 6021 6252 6154 6220

Solo úmido mh=(1)-(2) (g) 13158 13104 12951 13054 12914 12930

Densidade úmida γh=mh/V (g/cm³) 2,482 2,472 2,443 2,462 2,436 2,439

Densidade seca γs=Fc.Yh (g/cm³) 2,359 2,350 2,323 2,342 2,315 2,317

TEOR DE UMIDADE

Capsula n° 1 4 2 11 7 9

(3)Cápsula com solo úmido (g) 705,56 708,44 690,45 667,8 703,28 743,96

(4)Cápsula com solo seco (g) 674,44 677,24 660,52 638,97 672,3 710,8

Água ma= (3) - (4) (g) 31,12 31,2 29,93 28,8 30,98 33,16

(5)Tara da cápsula (g) 78,26 77,12 78,12 76,24 76,51 79,15

Solo seco ms= (4) - (5) (g) 596,18 600,12 582,4 562,73 595,79 631,65

Úmidade H= 100*ma/ms (%) 5,21 5,19 5,13 5,11 5,19 5,24

Fator de conversão Fc =

100/(100+H)

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

Data: 14/04/2003

Densidade seca máxima γsm = 2,330 g/cm³

Page 77: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

77

Umidade ótima Ho = 5,3 %

Ensaio de resistência a compressão com adição de cimento.

Dados da mistura: 14000 gramas de mistura seca, 2800 gramas de brita 2, 4547

gramas retidos na peneira n°4 seco, 6653 gramas passantes pela peneira n° 4 seco, 6852

gramas passantes pela peneira n° 4 com 3% de umidade.

Foram ensaiadas duas amostras com cimento 2% ou 280 gramas, 2 amostras de

cimento com 3% ou 420 gramas e 2 amostras com 4% de cimento ou 560 gramas.

Tabela 21 - Ensaio de resistência à compressão amostra n° 2 – Estaca 46 + 10 (LD) com 20% de brita.

2% de Cimento

CP Idade (dias) Carga (Kg) Área (cm²) Pressão(Kg/cm²)

1 7 3940 176,71 22,3

2 7 3960 176,71 22,4

3% de Cimento

CP Idade (dias) Carga (Kg) Área (cm²) Pressão (Kg/cm²)

2 7 6280 176,71 35,5

3 7 5000 176,71 28,3

4% de Cimento

CP Idade (dias) Carga (Kg) Área (cm²) Pressão (Kg/cm²)

4 7 8200 176,71 46,4

5 7 8600 176,71 48,6

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

A mistura com 3% de cimento foi escolhida por apresentar resistência à compressão

simples ao sétimo dia superior ao especificado em norma que é de 25 quilos por centímetros

quadrados aos 28 dias, para a rodovia avaliada.

4.2.3 Amostra n° 3 – Estaca 570

Na estaca n° 570, foi verificado através da análise das características do material, que

com apenas adição de agregado (20% de brita 2), a amostra atingiria as especificações de

projeto quanto à resistência e à deflexão. Como não foi introduzido cimento na amostra, o

Page 78: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

78

ensaio realizado para verificar a resistência do material é o CBR (Califórnia Bearing Ratio)

ou, por tradução, I.S.C. (Índice de suporte Califórnia), e não o ensaio de resistência à

compressão simples, utilizado nas estacas 570 e 1504, quando foi adicionado cimento na

mistura.

Ensaio de classificação e caracterização

São realizados os mesmos ensaios de caracterização da amostra n°3, com os mesmos

critérios utilizados para classificação da amostra n°1, item 4.2.1.

Resumo dos ensaios de caracterização e classificação

Tabela22: Caracterização e clasificação - Amostra N°3 - Amostra coletada na pista- Estaca 570 – LD

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

Data do ensaio: 15/04/2003

Classificação do material:

Limite de liquidez (LL) – 21,0% - A amostra com umidade de 21%, apresenta

comportamento de um liquido. Será adicionada à mistura uma quantidade de agregados para

correção deste valor.

Limite de plasticidade (LP) – 6,0% - A amostra tem um índice de plasticidade de

6,0%, indicando que o material possui uma expansão significativa. Concluiu-se a partir deste

ensaio que a amostra deve receber a adição de agregados para que o material diminua o índice

de plasticidade, obtendo assim uma menor expansão. A quantidade de agregados adicionados

à mistura foi de 20% de brita 2, que não só serviu para a diminuição do índice de plasticidade

do material, como também foi necessário para a correção granulométrica do material que será

evidenciado nos ensaios de granulometria que serão apresentados a seguir.

Índice de grupo (IG) – 0,0 – Solo com boa capacidade de suporte.

Classificação H.R.B- A-2-4 – Solo ótimo para utilização como base constituído de

areia e areia siltosa ou argilosa.

Porcentagem que passa Pedregulho Areia grossa Areia fina Silte+argila

Peneiras

1’’ 3/8’’ n° 4 n° 10 n° 40 N° 200

25mm 9,5mm 4,8mm 2,0mm 0,42mm 0,074mm

(%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)

98,8 89,6 85,6 84,0 69,2 14,7 16,0 10,4 58,9 14,7

Page 79: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

79

Granulometria

É comparada a granulometria do material local com a faixa ”F” do DER-SP, a

comparação é representada na figura 19.

Granulometria do material do local – Faixa “F” – DER- SP

Tabela23: Análise granulométrica- Estaca n° 570 LD- Material local- Faixa ‘F’- DER-SP

PENEIRAS N° 200 40 10 4 3/8’’ 1’’

(mm) 0,074 0,42 2,00 4,80 9,52 25,40

%

ACUMULADAS

QUE PASSAM

MISTURA 14,70 69,20 84,00 85,60 89,60 98,80

FAIXA

“F”

10-25 30-70 55-100 70-100 - 100

EIXO 17,5 50 77,5 85,0 - 100

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

A análise granulométrica do material da amostra n°3 é verificada na figura 19, onde a

linha vermelha representa a granulometria do material e as linhas pretas representam a faixa

granulométrica “F” do DER-SP.

Figura 19: Análise granulométrica Material local comparado com a faixa “F” do DER -SP

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

A amostra não se enquadrou perfeitamente nos limites estipulados pela faixa “F” do

DER-SP, como mostra a figura 19. Para a correção da granulometria do material foi

Page 80: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

80

necessária a adição de 20% de brita 2. A adição de brita 2 também foi necessária para que o

índice de plasticidade atingisse a classificação de material não plástico representado por NP,

obtendo assim uma menor expansão, que será evidenciada no ensaio de expansão nas figura

21 e 22.

Tabela24: Análise granulométrica- Estaca n° 570 LD- Material local com mistura de 20% de brita 2- Faixa ‘E’-

DER-SP

PENEIRAS N° 200 40 10 4 3/8’’ 1’’

(mm) 0,074 0,42 2,00 4,80 9,52 25,40

%

ACUMULADAS

QUE PASSAM

MISTURA 11,77 55,30 67,22 68,54 71,92 99,04

FAIXA

“E”

8-25 20-55 40-100 55-100 - 100

EIXO 16,5 37,5 70,0 77,5 - 100

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

A análise granulométrica do material da amostra n°3 com adição de 20% de brita é

verificada na figura 20 onde a linha vermelha representa a granulometria do material e as

linhas pretas representam a faixa granulométrica “F” do DER-SP.

Figura20 : Análise granulométrica – Material local com adição de 20% de brtita 2 – Faixa “E” – DER-SP

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

Verificou-se a partir da figura 20 que o material se enquadrou na faixa “F” do DER-SP.

Page 81: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

81

Resumo do ensaio de compactação

Tabela 25 : Resumo de ensaio de compactação Amostra Energia intermediária

Compactação γs (g/cm³) H.O (%) I.S.C. (%) EXP (%)

Estaca 570 com Bita 2 2,180 6,6 84,0 0,01 Estaca 570 sem Brita 2 2,070 7,7 70,0 0,02

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

Data do ensaio: 04/07/2003

A mistura foi aceita por apresentar um Índice de Suporte Califórnia superior a 80%, como foi especificado no projeto, com a mistura com adição de 20% de brita 2. As figuras 21 e 22 representam os gráficos dos ensaios de compactação Índice se Suporte Califórnia e Expansão.

Page 82: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

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Figura 21: Ensaio CBR – Material local - amostra n° 3 Estaca 570

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

Page 83: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

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Figura 22 : Ensaio CBR – Material local com adição de brita 2- amostra n° 3 Estaca 570

Fonte: Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono

Page 84: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os ensaios realizados pela construtora Pentágono, para reciclgem a frio com adição de

cimento, apresentaram um bom desempenho com relação a resistência e a granulometria,

evidenciando que a dosagem do material atendeu às expectativas de projeto.

A estaca 1504 apresentou resistência superior a 25 quilos por centímetro quadrado aos

7 dias com 4 porcento de cimento na mistura, portanto, foi utilizado 4 porcento de cimento no

trecho considerado. Nos ensaios de granulometria verificou-se a necessidade de adição de 20

porcento de brita 2 para correção granulométrica.

Já a estaca 46+10 apresentou resistência superior a 25 quilos por centímetro quadrado

aos 7 dias com 3 porcento de cimento na mistura, portanto, foi utilizado 3% de cimento no

trecho considerado. Nos ensaios de granulometria verificou-se a necessidade de adição de 20

porcento de brita 2 para correção granulométrica.

Na estaca 570 não foi adicionado cimento, o ensaio para caracterização da resistência

foi o Índice de Suporte Califórnia. Apresentou bom desempenho com adição de 20% de brita

2, apresentando um ISC superior à 80%.

Após a realização da reciclagem são retiradas amostras da pista para serem ensaiadas

no ensaio de resistência aos 3, 7 e 28 dias. Os ensaios aos 3 e 7 dias são para comparação

entre a resistência inicial do material com a resistência final apresentada pelo material.

Se apresentarem resistência compatível com as especificações de projeto que é de 25

quilos por centimetro quadrado aos 28 dias, no caso em que foi adicionado cimento à mistura.

E no caso em que não foi adicionado cimento à mistura, o ensaio de Índice de Suporte

Califórnia deve apresentar um resultado maior que 80%.

Por fim mede-se as deflexões através da viga Benkelman, conforme DNER NM 024,

analisado no item 3.3.4.4 deste trabalho. Este projeto usou como deflexão máxima admitida

de 0,5 centésimos de milímetro aos 28 dias.

Se os sub-trechos analisado atenderem às especificações de projeto quanto à

resistência e deflexão, o trecho é liberado para execução da capa asfáltica.

Recomendações para trabalhos futuros:

Page 85: Reciclagem de Pavimento Asfáltico

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a) Aprofundar o estudo em um único metodo de reciclagem;

b) Fazer o estudo durante a execução da obra;

c) Analisar outros aspectos do material retirado da pista através de outros ensaios;

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REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS

Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Asfalto ABEDA; Manual Básico de Emulsões Asfálticas, 2010.

BALBO, José Tadeu; Pavimentação asfáltica. São Paulo Oficina de Textos 2007.

CASTRO, Luciana Nogueira; Reciclagem a frio in-situ com espuma de Asfalto, Rio de Janeiro, RJ 2003.

Empresa de Consultoria Rodoviária Pentágono; Ensaios Geotécnicos SP-253 entre Pradópolis/Rio Mogi-Guaçú, Ribeirão Preto, SP, 2003.

CUNHA, Alexandre; PEÇANHA, Claudio; LEÃO, Luiz Felipe; MEDEIROS, Talita; Reciclagem a frio in-situ com espuma de Asfalto. DAVID, Daniela; Misturas asfálticas recicladas a frio: Estudo em laboratório utilizando emulsão e agente de reciclagem emulsionado. Porto Alegre, RS, 2006. Departamento de estradas de rodagem DER, Reciclagem de pavimento asfáltico in situ com cimento e brita, Paraná, PR, 2006

Departamento nacional de estradas de rodagem, DNER; Misturas betuminosas a quente- ensaio Marshall, DNER ME 043/1995

Departamento nacional de estradas de rodagem, DNER; Determinação das deflexões pela Viga Benkelman, DNER ME 24/1994

Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes DNIT; Manual de Restauração de Pavimento Asfáltico, Rio de Janeiro, RJ, 2006.

SENÇO, Wlastermiler; Manual de técnicas de pavimentação. São Paulo, SP, 2007.

SENÇO, Wlastermiler; Pavimentação, São Paulo, SP, 1980.

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