reciclagem de entulho de obra

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UNIVERSIDADE DE MARÍLIA VIVIANE DA SILVA BUDZINSKI ANÁLISE DA VIABILIDADE PARA A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA MARÍLIA-SP

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Page 1: Reciclagem de Entulho de Obra

UNIVERSIDADE DE MARÍLIA

VIVIANE DA SILVA BUDZINSKI

ANÁLISE DA VIABILIDADE PARA A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE

TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA

MARÍLIA-SP

MARÍLIA

2012

UNIVERSIDADE DE MARÍLIA

Page 2: Reciclagem de Entulho de Obra

VIVIANE DA SILVA BUDZINSKI

ANÁLISE DA VIABILIDADE PARA A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE

TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA

MARÍLIA-SP

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Universidade de Marília como requisito parcial para a conclusão da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, sob orientação do Prof. Msc. Alessandro Saraiva Loreto.

MARÍLIA

2012

Page 3: Reciclagem de Entulho de Obra

VIVIANE DA SILVA BUDZINSKI

ANÁLISE DA VIABILIDADE PARA A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE

TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA

MARÍLIA-SP

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Civil da

Universidade de Marília como requisito parcial para a conclusão da disciplina de

Trabalho de Conclusão de Curso sob orientação da Prof.(a) Msc. Alessandro

Saraiva Loreto.

Aprovado pela Banca Examinadora em ___ /___ /____

________________________________________________________

Profº. Msc. Alessandro Saraiva Loreto

Orientador

________________________________________________________

Profº. Msc. José Ernesto Tonon

Examinador

________________________________________________________

Profª. Msc. Palmira Cordeiro Barbosa

Examinadora

Page 4: Reciclagem de Entulho de Obra

Dedico este trabalho à todos os profissionais e principalmente aos que, no exercício de sua função, preocupam-se com procedimento e realização da ética profissional e uma gestão sustentável para uma melhor qualidade de vida.

Àqueles que acreditam que a sustentabilidade é um instrumento de mudança, e acreditam nela como base para uma vida melhor.

Às novas gerações, para que possam assumir um compromisso mais sustentável, podendo assim trazer mais qualidade de vida para o planeta em geral.

Dedico também à toda minha família, colegas, professores e mestres, que acreditaram em meu esforço.

Page 5: Reciclagem de Entulho de Obra

AGRADECIMENTOS

A Deus, primeiramente por ter-me concebido o dom da vida e a inteligência

para chegar até aqui, permitido-me momentos de grandes alegrias e conquistas, e

também por me proporcionar momentos que muitas vezes julguei ruins, aos quais

pude aprender a me reerguer e acima de tudo enxergar quão grande é a minha

capacidade de vencer os obstáculos.

À meus queridos pais Doraci e Claudemir, que me trouxeram ao mundo e me

deram muito apoio e muitas coisas valiosas como o amor, o carinho, a dedicação, a

preocupação com meu futuro e além disso o respeito e a educação sendo estes os

melhores presentes que uma pessoa pode ganhar, os quais são valores muito

importantes para a construção de uma vida digna e feliz.

À minha querida irmã Andréia, por sempre me apoiar em minhas decisões.

Ao meu querido e amado esposo Vicente, mestre e companheiro, que desde

o começo desta jornada me incentivou, acompanhou e sempre esteve presente

em todos os momentos de dificuldades e alegrias e nunca me deixou desistir deste

sonho.

À minha querida e amada filha Vitória, por me acompanhar diversas vezes

nas aulas e abdicar-se de passeios para eu pudesse estudar.

À toda a minha família em geral, todos que de alguma forma fizeram parte

desta caminhada me incentivando e me dando forças para que chegasse até aqui.

Aos colegas, professores e funcionários que contribuíram para a realização

deste trabalho, em especial ao Profº. Lívio Túlio Baraldi, por fornecer-me um pouco

de seu conhecimento durante toda a jornada.

Ao meu orientador Msc. Alessandro Saraiva Loreto, que compartilhou comigo

um pouco de seu conhecimento e que não negou esforços para auxiliar-me na

construção e escrita deste trabalho.

Page 6: Reciclagem de Entulho de Obra

RESUMO

Levantamentos recentes realizados em diversas cidades brasileiras mostram

que os RCD- (Resíduos da Construção e Demolição) representam, em alguns

casos, mais de 50% da massa dos resíduos sólidos urbanos. Os municípios têm

encontrado dificuldades para gerenciar de forma eficaz as grandes quantidades de

RCD e solucionar os problemas das disposições irregulares que comprometem a

qualidade de vida da população e ocasionam sérios problemas sócio-econômicos e

sanitários. Este trabalho fez um diagnóstico da situação dos RCD’s no município de

Marília-SP e região, com o objetivo de analisar a viabilidade da implantação de um

Projeto e a elaboração do Plano Integrado de Gerenciamento dos Resíduos da

Construção Civil, conforme previsto na Resolução nº 307 do CONAMA (Conselho

Nacional de Meio Ambiente). Aborda-se como tema: “A reciclagem e a

empregabilidade dos resíduos sólidos da construção civil e a proposta para o

tratamento dos resíduos sólidos da construção civil no Município de Marília-SP”.

Tendo como objetivo a realização de estudos, visando à implantação de uma Usina

de Reciclagem, como alternativa para a destinação dos RCD do Município, uma vez

que a Usina de tratamento de sólidos mais próxima, situa-se no Município de Tupã-

SP.

Palavras-chave: Resíduos, implantação, Usina, reciclagem, sólidos.

Page 7: Reciclagem de Entulho de Obra

SUMÁRIO:

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................1

2. OBJETIVOS..............................................................................................2

2.1 Objetivo geral.......................................................................................................................... 2

2.2 Objetivos Específicos............................................................................................................... 2

3. JUSTIFICATIVAS......................................................................................3

4. METODOLOGIA........................................................................................4

5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.....................................................................5

5.1 Definições:.............................................................................................................................. 5

5.2 Tipos de resíduos sólidos:........................................................................................................ 5

5.3 Definição de RCD:.................................................................................................................... 5

5.4 Origem.................................................................................................................................... 6

5.5 Geração.................................................................................................................................. 7

5.6 Resíduos Domiciliares e Comerciais.........................................................................................9

5.7 Resíduos Públicos.................................................................................................................. 10

5.8 Resíduos Especiais:................................................................................................................ 10

5.9 Classificação dos Resíduos Sólidos da Construção Civil...........................................................10

5.10 A Reciclagem de Resíduos da Construção Civil no Brasil.....................................................12

5.11 Impactos Causados pelos Resíduos Sólidos da Construção Civil..........................................15

5.12 Benefícios da Reciclagem dos Resíduos Sólidos da Construção Civil...................................16

Page 8: Reciclagem de Entulho de Obra

6. PROPOSTA PARA A DESTINAÇÃO DOS RCD DE MARÍLIA-SP........17

6.1 Situação dos Resíduos Sólidos da Construção Civil – MARÍLIA/SP...........................................19

7. ALGUMAS SUGESTÕES PARA VIABILIZAÇÃO DE UMA UNIDADE DE

RECICLAGEM NO MUNICÍPIO DE MARÍLIA-SP:...................................................25

7.1 O QUE É UMA USINA DE RECICLAGEM DE ENTULHO E O SEU FUNCIONAMENTO.....................25

7.1.1 Viabilidade...........................................................................................................................25

7.1.2 Agregados...........................................................................................................................26

7.1.3 Funcionamento da Usina de Reciclagem de Entulho...........................................................26

7.1.4 Ecopontos ou PEV’s (Pontos de entrega voluntária):..........................................................28

7.2 Local:.................................................................................................................................... 29

7.3 Mão-de-obra:........................................................................................................................ 29

7.4 Equipamentos:...................................................................................................................... 30

7.5 Recepção:.............................................................................................................................. 30

7.6 Materiais que podem ser reciclados na unidade de reciclagem:.............................................30

7.7 Materiais que não podem ser reciclados na unidade de reciclagem:.......................................31

8. APLICABILIDADE DO ENTULHO RECICLADO:..................................32

8.1 Utilização em pavimentação..................................................................................................32

8.1.1 Vantagens............................................................................................................................33

8.2 Utilização como Agregado para o Concreto............................................................................35

8.2.1 Vantagens............................................................................................................................36

8.2.2 Processo de produção.........................................................................................................36

8.3 Utilização como agregado para a confecção de argamassas....................................................40

8.3.1 Vantagens............................................................................................................................40

8.3.2 Limitações...........................................................................................................................40

8.3.3 Processo de produção.........................................................................................................41

8.3.4 Grau de desenvolvimento...................................................................................................41

Page 9: Reciclagem de Entulho de Obra

8.3.5 Custo x Retorno do investimento........................................................................................42

9. RESULTADOS DECORRENTES DA IMPLANTAÇÃO DA UNIDADE DE

RECICLAGEM...........................................................................................................43

9.1 Ambientais:........................................................................................................................... 43

9.2 Econômicos:.......................................................................................................................... 43

9.3 Sociais:.................................................................................................................................. 44

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................45

11. CONCLUSÃO:.........................................................................................46

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................47

13. ANEXOS..................................................................................................49

13.1 Anexo I............................................................................................................................. 49

13.2 Anexo II............................................................................................................................ 57

Page 10: Reciclagem de Entulho de Obra
Page 11: Reciclagem de Entulho de Obra

LISTA DE TABELAS

TABELA 1- ESTIMATIVA DE RCD GERADO EM DIFERENTES PAÍSES................8

TABELA 2 – PARTICIPAÇÃO DOS RCD NOS RSU, CABRAL (2011).....................9

TABELA 3- DESTINAÇÃO DOS RCD, MINISTÉRIOS (2005).................................14

TABELA 4 – DADOS POPULACIONAIS, SITE 2 (2012)........................................18

TABELA 5 – MOVIMENTO DE CARGAS, PREFEITURA (2012)............................22

TABELA 6 – EQUIPAMENTOS USINA, SITE 6 (2012)............................................29

TABELA 7: CUSTOS MONTAGEM DA USINA, SITE 6 (2012)...............................42

Page 12: Reciclagem de Entulho de Obra

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – ORIGEM DO RCD, CEF (2005)..............................................................7

FIGURA 2- PREFEITURA MUNICIPAL, SITE 1 (2012)...........................................17

FIGURA 3 -MAPA DE LOCALIZAÇÃO DE MARÍLIA, SITE 3 (2012)......................19

FIGURA 4 – ATERRO SANITÁRIO, SITE 4 (2012)..................................................20

FIGURA 5 – ENTULHO REGIÃO CENTRAL DE MARÍLIA-SP, SITE 4 (2012).......21

FIGURA 6 – OBRA DE DEMOLIÇÃO, SITE 4 (2012)..............................................21

FIGURA 7 – CAÇAMBA ESTACIONADA, SITE 3 (2012)........................................23

FIGURA 8 – ENTULHOS NO ATERRO, SITE 4 (2012)............................................23

FIGURA 9 - CAMINHÃO POLIGUINDASTE SIMPLES, SITE 3 (2012)....................24

FIGURA 10 - CAMINHÃO POLIGUINDASTE DUPLO, SITE 3 (2012).....................24

FIGURA 11 –FUNCIONAMENTO DE UMA USINA, SITE 5 (2012)..........................27

FIGURA 12 – PEV, SITE 3 (2012).............................................................................28

FIGURA 13 –ECOPONTO, SITE 3 (2012)................................................................28

FIGURA 14 - BRITA GERADA NA RCD, SITE 3 (2012)..........................................32

FIGURA 15 - BRITA PARA PAVIMENTAÇÃO, SITE 3 (2012)................................33

FIGURA 16 – ESTRADA RURAL, SITE 3 (2012).....................................................34

FIGURA 17 – PAVIMENTAÇÃO DE ESTRADA RURAL, SITE 3 (2012).................34

Page 13: Reciclagem de Entulho de Obra

FIGURA 18 – MATACÃO, SITE 3 (2012).................................................................35

FIGURA 19 - AREIA, SITE 3 (2012).........................................................................35

FIGURA 20 – ARTEFATO DE CONCRETO ESGOTO, SITE 3 (2012).....................37

FIGURA 22 – BLOCO DE VEDAÇÃO, SITE 3 (2012)..............................................38

FIGURA 23 – “PAVER”, BLOCO DE CALÇAMENTO, SITE 3 (2012).....................38

FIGURA 24 – GABIÕES COM MATACÃO RECICLADO, SITE 3 (2012)................39

FIGURA 25 – BLOCOS PARA CONTROLE DE EROSÃO, SITE 3 (2012)..............39

FIGURA 26 – PÓ FINO UTILIZADO EM ARGAMASSAS, SITE 3 (2012)................40

FIGURA 27 – ARGAMASSA I, SITE 3 (2012)..........................................................41

FIGURA 28 – ARGAMASSA II, SITE 3 (2012).........................................................42

Page 14: Reciclagem de Entulho de Obra

1

1. INTRODUÇÃO

Impossível negar que a enorme quantidade de resíduos produzidos pela

indústria da construção civil, popularmente conhecida como entulho, vem a um bom

tempo, causando sérios prejuízos urbanos, sociais, econômicos e ambientais.

Infelizmente, ainda não inventaram um órgão, aparelho ou máquina perfeito o

bastante para não produzir sobras ou rejeitos, em atividades que explorem os

recursos naturais.

Promover o desenvolvimento sustentável é uma tarefa árdua dentro de uma

economia de mercado, que seleciona produtos e processos não através de critérios

ambientais, mas com base na lucratividade econômica.

A maioria das cidades brasileiras apresenta um acelerado crescimento

urbano, com isso, aumentando a demanda de bens e serviços, que podem gerar

impactos sociais, econômicos e ambientais. Como exemplos podemos citar a

destinação inadequada de resíduos da construção ao longo de córregos, rios,

rodovias, terrenos baldios, além de bota-foras clandestinos, que podem ocasionar

enchentes em vias marginais e atração de animais vetores de doenças e, ainda, a

degradação de áreas urbanas, comprometendo a qualidade de vida da população.

A Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002, do Conselho Nacional do Meio

Ambiente (CONAMA) cria instrumentos para que o poder público atue sobre essa

realidade, definindo responsabilidades e deveres, tornando obrigatória, em todos os

Municípios do país, a implantação de planos integrados de gerenciamento dos

resíduos da construção civil.

O tema proposto teve por finalidade, apresentar uma solução alternativa,

através a implantação de uma Usina de Reciclagem, para os resíduos da construção

civil no Município de Marília-SP e também a viabilidade de criar-se consórcios com

os distritos e cidades vizinhas.

Page 15: Reciclagem de Entulho de Obra

2

2. OBJETIVOS

1.1 Objetivo geral

Tem como objetivo, analisar a viabilidade da implantação de uma URRSCC

(Usina de reciclagem de sólidos da construção civil) em Marília-SP, provenientes do

exercício da construção civil, de forma a atender a Resolução CONAMA 307/2002.

Fornecer informações de como se reciclam os entulhos sólidos das obras,

quais os maquinários necessários para a montagem de uma usina de reciclagem de

sólidos de obra e qual a aplicabilidade destes produtos gerados a partir dos

entulhos.

1.2 Objetivos Específicos

Para realização do estabelecido, especificam-se abaixo as etapas a serem

executadas:

Analisar a viabilidade técnica para a implantação de uma URRSCC (Usina de

reciclagem de sólidos da construção civil) para o aproveitamento do entulho gerado

nos canteiros de obras do município de Marília-SP;

- Quantificar os resíduos provenientes da construção civil;

- Buscar uma destinação adequada para os resíduos de construção e

demolição classe A (ABNT NBR 15114/2004);

- Facilitar o descarte correto dos RCD (Resíduos da construção e demolição);

- Incentivar a redução, segregação e reciclagem;

Page 16: Reciclagem de Entulho de Obra

3

3. JUSTIFICATIVAS

Além da questão ambiental, o tratamento dos resíduos sólidos faz-se

necessário, devido às consequências que o despejo em locais inadequados causam

ao meio ambiente. Também é de consciência de todos que as atividades humanas

causam grandes impactos à natureza, e que estes por sua vez, devem ser

combatidos. Como exemplos pode-se citar o lançamento dos resíduos em corpos

d'água que acabam por provocar alagamentos, ou o lançamento em terrenos baldios

que contribui para a proliferação de vetores causadores de doenças.

Analisando-se a questão por diversos ângulos observa-se que a extração de

matéria prima pode ser mitigada com a reciclagem e reutilização dos próprios

resíduos sólidos da construção civil. Acredita-se que seja provável que esta situação

torne-se realidade com a reciclagem sistemática, satisfatória e em larga escada dos

resíduos sólidos da construção civil.

Outro fator que justifica o desenvolvimento do tema deste TCC é a

necessidade de se chamar a atenção para a existência de leis de grande

importância e que para o bem comum devem ser não somente divulgadas como

também cumpridas.

Portanto, a partir do conhecimento das ocorrências e ao observar as

atividades executadas pelos profissionais da área de Engenharia Civil, surgiu o

desejo de estudar as maneiras pelas quais os impactos causados pela geração de

resíduos sólidos da construção civil no Município de Marília-SP, fossem atenuadas.

Também foi escolhido um vídeo da cidade de Guarulhos, o qual exemplifica e

mostra o funcionamento e gerenciamento dos sólidos gerados na Usina de RCD’s

mantida pela Prefeitura Municipal.

Page 17: Reciclagem de Entulho de Obra

4

4. METODOLOGIA

O foco deste projeto foi a cidade de Marília-SP, localizada no centro oeste

paulista, a qual possui uma população de 214.742 habitantes, e que gera hoje, em

torno de 60t/dia de entulho de obra, a qual conseguiria atingir através dos consórcios

com os distritos e cidades vizinhas, 500.000 habitantes, o que totalizaria 150t/dia de

entulhos gerados.

No entanto, pela escassez de dados referentes à parte de processo e

investimentos no que se refere a uma estação de reciclagem de resíduos sólidos da

construção civil, realizou-se também uma busca de elementos e dados em outras

cidades do Brasil. Essa busca foi realizada em cidades onde já existiam

experiências com relação à reciclagem de resíduos da construção. Tais dados

serviram de base para a realização do estudo de viabilidade tecnológica para a

situação de Marília-SP.

Para a elaboração do presente, serão utilizadas várias fontes de dados, como

livros técnicos, teses, TCC’s, sites da internet, normas, legislação federal,

representantes de bairros, professores orientadores e eventuais funcionários dos

órgãos e empresas que fornecerão as informações solicitadas. A bibliografia

agregará embasamento teórico por meio de materiais impressos e digitais.

Page 18: Reciclagem de Entulho de Obra

5

5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.3 Definições:

1.4 Tipos de resíduos sólidos:

Os resíduos sólidos são definidos como:

Resíduos nos estados sólidos e semissólidos que resultam de

atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar,

comercial, agrícola, de serviços de varrição. Ficam incluídos na definição

todos provenientes dos sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em

equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados

líquidos, cujas particularidades tome inviáveis seu lançamento na rede pública

de esgoto ou corpos d’água ou exija para isso soluções técnicas e

economicamente viáveis em fase da melhor tecnologia disponível. (NBR

10004, 2004)

1.5 Definição de RCD:

A Resolução nº 307 do CONAMA (2002) define os Resíduos da Construção e

Demolição como sendo:

“Resíduos da Construção Civil: são provenientes de construção, reformas,

reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da

preparação e da escavação de terrenos, tais como: blocos cerâmicos,

concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e

compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros,

plásticos, tubulações, fiações elétricas, etc., comumente chamados de

entulhos de obras, caliça ou metralha”. (CONAMA, 2002)

As terminologias de resíduos de construção e demolição (RCD) e resíduos da

construção civil (RCC) têm sido difundidas no meio acadêmico para denominar os

resíduos sólidos gerados nas atividades de construção e demolição.

Page 19: Reciclagem de Entulho de Obra

6

1.6 Origem

Originam-se nas próprias atividades empreendidas nos canteiros de obras, ou

seja, escavações, construções, reformas e demolições. Cada uma dessas

atividades, ao empregar procedimentos técnicos específicos, produz diferentes

qualidades e tipos de RCD.

Os RCD provenientes de novas construções, de acordo com Levy (1997) são

provenientes de todas as etapas de execução de obra, ou seja, concretagens,

alvenarias, revestimentos e acabamentos. Esta produção, na concepção de Zordan

(2001), está diretamente relacionada ao alto e polêmico índice de perda do setor

construtivo. Ainda que se considere a permanência de parte do RCD na obra, o

elevado índice de entulho gerado revela o grande desperdício de materiais de

construção. As novas construções geram como resíduos, sobre tudo, materiais

cerâmicos como tijolos, telhas e azulejos, argamassas, concreto, madeira, aço e

gesso.

A geração de RCD em obras de reformas está ligada à falta de

conhecimentos técnicos dos agentes responsáveis por estas atividades. A falta de

uma cultura de reutilização e reciclagem e, desconhecimento da potencialidade do

entulho reciclado como material de construção são, para Zordan (2001), as causas

dos grandes volumes de RCD gerados em obras de reformas.

Nas obras de demolições propriamente ditas, a quantidade de

resíduos são gerados não diretamente dos processos empregados ou da

qualidade do setor, pois entulho produzido faz parte do processo de

demolição. No entanto, indiretamente, a tecnologia e os processos

construtivos utilizados na obra demolida, e o sistema de demolição utilizado,

influem na qualidade do resíduo gerado, ou seja, alguns sistemas construtivos

e demolição podem produzir resíduos com maior potencial para a reciclagem

que outros, onde a mistura de materiais e componentes, ou sua

contaminação favorecer ou não a reutilização e a reciclagem do resíduo.

(ZORDAN, 2001)

Page 20: Reciclagem de Entulho de Obra

7

Uma estimativa da porcentagem de RCD gerado em diferentes tipos de obras

é apresentada no manual Manejo e gestão de resíduo da construção civil (CEF,

2005), como pode ser observado no gráfico abaixo.

Origem do RCD em algumas cidades do Brasil (% da massa total)

Figura 1 – Origem do RCD, CEF (2005)

1.7 Geração

Segundo John (2001) a construção civil gera resíduos na fase de produção de

materiais e componentes, na atividade de canteiros, durante a manutenção,

modernização e, finalmente, na demolição. A quantidade de resíduos gerados em

cada país depende da intensidade da atividade de construção, da tecnologia

empregada, das taxas de desperdícios e manutenção.

Page 21: Reciclagem de Entulho de Obra

8

Tabela 1- Estimativa de RCD gerado em diferentes países.

RCD gerado, JOHN (2000).

A massa de RCD gerada nas cidades, de acordo com os estudos mais

recentes, iguala-se ou ultrapassa a massa de resíduos domiciliares. Um destes

estudos foi desenvolvido por Pinto (1999), que estimou a participação dos RCD na

massa total de RSU em cidades brasileiras de médio e grande porte. Os valores

encontrados variam entre 41% (Salvador-BA) e 70% (Ribeirão Preto-SP).

País Quantidade Anual

Mton/ano Kg/hab

Suécia 1,2 – 6 136 - 680

Holanda 12,8 – 20,2 820 – 1300

EUA 136 – 171 463 – 584

UK 50 – 70 880 - 1120

Bélgica 7,5 – 34,7 735 – 3359

Dinamarca 2,3 – 10,7 440 – 2010

Itália 35 – 40 600 – 690

Alemanha 79 – 300 936 – 3658

Japão 99 785

Portugal 3,2 325

Brasil 3,0 230 – 660

Page 22: Reciclagem de Entulho de Obra

9

Foi observado também que a taxa de geração de RCD variou entre 230 e 760

Kg/hab.ano. A Tabela 2 mostra os resultados deste estudo.

Participação dos RCD nos RSU (Resíduos Sólido Urbanos) e taxa de geração

em várias cidades.

Tabela 2 – Participação dos RCD nos RSU, CABRAL (2011)

A predominância dos RCD no total de RSU produzido nas cidades brasileiras

pode ser observada no manual Manejo e gestão de resíduos da construção civil

(CEF, 2005) conforme os dados da Tabela 2.

Velloso (1997, in Lima e Chenna, 2000, p.23) agrupa os resíduos sólidos

urbanos em três grandes grupos, como segue:

1.8 Resíduos Domiciliares e Comerciais

Resíduos sólidos de diversas naturezas, gerados usualmente nas residências

e, ou, nos estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços (exceto aqueles

de atenção à saúde). São objetos de coleta pública regular de lixo e constituem-se,

principalmente, de materiais orgânicos putrescíveis, particularmente restos de

alimentos mal aproveitados.

Page 23: Reciclagem de Entulho de Obra

10

1.9 Resíduos Públicos

Resíduos sólidos urbanos gerados e recolhidos nas vias e logradouros

públicos. A geração dessa classe de resíduos ocorre tanto pela ação da natureza,

quanto pelas atividades de manutenção, reparo e expansão do pavimento e das

redes de instalações públicas.

1.10 Resíduos Especiais:

São agrupáveis nessa classe genérica: resíduos sólidos urbanos de

muitas distintas naturezas, mas que por suas características qualitativas e, ou,

quantitativas exigem um manejo diferenciado tanto no seu recolhimento, quanto no

seu transporte, tratamento ou destinação final. Podemos citar como exemplo:

Os resíduos sólidos contaminados, ou potencialmente contaminados, das

unidades de atenção à saúde;

O entulho da construção civil, que seja resultante de desperdícios na

execução de obras, quer da execução de reformas ou da demolição de

edifícios “antigos”;

Objetos volumosos, tais como móveis e grandes eletrodomésticos

danificados, pneus, galhos, e, ou, troncos de árvores podadas ou

tombadas, etc.;

Resíduos de exumação periódica de túmulos simples em cemitérios

públicos;

Carcaças de animais mortos na zona urbana, em espaços públicos ou em

áreas privadas.

1.11 Classificação dos Resíduos Sólidos da Construção Civil

Na classificação da NBR 10004 (2004), que toma como referência os riscos

que os resíduos sólidos apresentam ao meio ambiente e a saúde pública, os RCD

são enquadrados na classe IIB – Inertes:

Quaisquer resíduos que, quando amostrados de forma representativa

e submetidos a um contato estático ou dinâmico com água destilada

Page 24: Reciclagem de Entulho de Obra

11

ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme teste solubilização,

não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados com

concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água,

executando-se os padrões de aspecto, cor, turbidez e sabor. Como

exemplo destes materiais, podem se citar, rochas, tijolos, vidros e

certos plásticos e borrachas que não compostos prontamente.

Os resíduos são classificados, para os efeitos da ABN NBR 15114:

2004 e em conformidade com a Resolução CONAMA 307.

I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais

como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de

outras obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de

terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes

cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e

concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em

concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;

II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:

plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;

III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas

tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua

reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;

IV - Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de

construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles

contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas

radiológicas, instalações industriais e outros.

Page 25: Reciclagem de Entulho de Obra

12

1.12 A Reciclagem de Resíduos da Construção Civil no Brasil

O Brasil possui algumas experiências com usinas de reciclagem de RCD. Em

novembro de 1991, foi inaugurada a primeira usina de reciclagem de entulho do

Hemisfério Sul, localizada no bairro de Santo Amaro, zona sul de São Paulo: a Usina

de Reciclagem de Entulho de Itatinga. Possui também as usinas de Santo André,

Ribeirão Preto, São José dos Campos e Londrina, com bons resultados (NETO,

2005).

O Projeto Entulho Bom, desenvolvido pela Universidade Federal da Bahia em

parceria com a Caixa Econômica Federal, que teve como criador e coordenador o

Prof. José Clodoaldo Silva Cassa (1946 – 1999), foi premiado pela ONU, no ano de

2000, como uma das 100 MELHORES PRÁTICAS para melhoria da qualidade de

vida e pela Caixa Econômica Federal como uma das 10 MELHORES PRÁTICAS

para o desenvolvimento urbano. O foco principal desse projeto foi a reciclagem e o

reaproveitamento de entulho para materiais de construção, buscando minimizar os

impactos socioambientais causados pelo descarte inadequado de resíduos,

preservar recursos naturais e melhorar a qualidade de vida na Região Metropolitana

de Salvador.

No ano 1996, foi implantado em Belo Horizonte, M.G, pela prefeitura, um

Programa de Correção das Disposições Clandestinas e Reciclagem de Entulho. Tal

projeto teve o objetivo de corrigir problemas ambientais decorrentes da produção do

resíduo sólido da construção civil, já que 40% do material recolhido pelos

equipamentos municipais são destes resíduos. Os materiais são encaminhados às

duas usinas de reciclagens de entulho localizadas nos bairros Pampulha e Estoril de

Belo Horizonte - MG. O produto final da reciclagem nestas usinas é empregado em

obras de infra-estruturas, vias públicas e obras de manutenção e instalação de apoio

a limpeza. Estes materiais também apresentam aspectos econômicos viáveis.

(SINDUSCON-MG parceiros, 2005).

As informações a respeito da geração e destinação de RCD são escassas,

segundo dados do Ministério das Cidades, porém, a participação no PIB do setor de

atividade da qual se originam, é significativa. No Brasil, no ano de 2002,

correspondeu a cerca de 8% PIB (CBIC 2003). Essa grande massa de resíduos

Page 26: Reciclagem de Entulho de Obra

13

gerenciada de uma forma inadequada degrada a qualidade da vida urbana,

sobrecarrega os serviços municipais de limpeza pública e acentua a desigualdade

social, já que muitos recursos são desviados para pagar a conta da coleta,

transporte e disposição de resíduos depositados irregularmente em áreas públicas.

Pode-se observar que, nos anos de 2002 e 2004, foram envidados esforços

para amenizar os problemas do mau gerenciamento dos resíduos da construção

civil, através de políticas públicas, normas, especificações técnicas e instrumentos

econômicos. Construtoras e diversos geradores de resíduos começaram a dar

enfoque nos sistemas de gerenciamento em seus canteiros de obras,

empreendedores privados abriram novos e rentáveis negócios nas atividades de

triagem e reciclagem.

Informações sobre essas iniciativas brasileiras estão apresentadas a seguir.

Page 27: Reciclagem de Entulho de Obra

14

Municípios com planos para destinação dos seus RCD.

Tabela 3- Destinação dos RCD, MINISTÉRIOS (2005)

Page 28: Reciclagem de Entulho de Obra

15

1.13 Impactos Causados pelos Resíduos Sólidos da Construção Civil

Um dos principais motivos para se estudar e buscar uma maneira de extinguir

ou ao menos reduzir a geração de entulho ocorre devido aos inúmeros impactos que

estes materiais causam ao meio ambiente.

Com a regulamentação da disposição final dos resíduos sólidos espera-se

que estes não sejam depositados nas vias públicas, em terrenos baldios, nos cursos

d'água ou em outros locais que não sejam os discriminados pela regulamentação

vigente.

A disposição dos resíduos sólidos da construção civil nas vias públicas

compromete a qualidade do ambiente causando um impacto estético bastante

negativo para a cidade. Esta negligência afeta o trânsito de pedestres e de veículos

podendo causar acidentes de graves proporções.

Já a disposição em terrenos baldios, bota-foras e outros, contribui para a

proliferação de vetores causadores de doenças e de prejuízo à saúde pública. É

comum a presença e procriação de roedores, insetos peçonhentos (aranhas e

escorpiões) e insetos transmissores de endemias perigosas (dengue) em locais

onde haja resíduos sólidos depositados irregularmente.

Estes materiais tomam-se obstáculos para a drenagem urbana quando

depositados em áreas livre sem o devido tratamento, pois são carregados pelas

chuvas até os sistemas de drenagem da cidade.

O lançamento dos resíduos da construção civil diretamente nos cursos d'agua

somado ao volume carregado pela chuva tende a entupir bocas de lobo, galerias,

causar o assoreamento dos rios e, por fim, degradar o meio ambiente.

No entanto, a elevação dos custos operacionais não é a única consequência

provocada pela deposição irregular destes resíduos. Deve-se considerar as

constantes enchentes ocorridas na cidade de São Paulo, apesar de já sabermos que

estas ocorrências também são provocadas pela ocupação desordenada das várzeas

dos rios e pela excessiva impermeabilização da superfície terrestre.

Acredita-se que a reutilização dos resíduos sólidos da construção civil não só

reduzirá a quantidade de material depositado irregularmente como também

Page 29: Reciclagem de Entulho de Obra

16

amenizará a necessidade de extração de matéria-prima do meio ambiente. Por este

aspecto espera-se que a degradação de jazidas, onde os agregados são obtidos,

seja mitigada.

1.14 Benefícios da Reciclagem dos Resíduos Sólidos da Construção Civil

Com a obrigatoriedade do tratamento dos resíduos sólidos da construção civil

instituído por lei, espera-se que este material torne-se um produto capaz de

movimentar a economia, gerar empregos em função da necessidade de

beneficiamento, transporte e outros, além de aumentar a renda das empresas

interessadas na realização destes serviços. Neste caso é importante atentar para a

necessidade destas empresas estarem obrigatoriamente cadastradas na PMM

( Prefeitura Municipal de Marília), conforme a legislação vigente.

A utilização dos materiais reciclados pelas obras situadas nas cidades onde

houver o tratamento dos resíduos da construção civil terá considerável redução no

custo final devido à redução da parcela representada pelo uso como matéria-prima e

pelo transporte, pois com a utilização dos materiais disponíveis na mesma cidade

haverá redução da necessidade de busca por estes mesmos materiais em outros

locais que são comumente mais distantes.

Um dos grandes problemas causados pela geração e destinação sem

controle dos resíduos sólidos da construção civil é que estes acabam em terrenos

baldios, cursos d'água e até mesmo em aterros sanitários. No entanto com a

regulamentação e exigência de triagem na própria fonte geradora, ou seja, no

interior do canteiro de obras, espera-se que este material seja transportado

diretamente para as ATT (Áreas de Transbordo e Triagem).

Page 30: Reciclagem de Entulho de Obra

17

6. PROPOSTA PARA A DESTINAÇÃO DOS RCD DE MARÍLIA-SP

Como proposta para destinação final dos resíduos da construção e

demolição da cidade de Marília-SP, foi realizado um estudo técnico para a

implantação de uma Usina de Reciclagem, levando-se em consideração as

características intrínsecas do Município e as diretrizes da Resolução nº 307 do

CONAMA.

O município de Marília está em toda sua extensão situado sobre o ramo

ocidental da serra dos Agudos que o atravessa de leste a oeste. Os contrafortes

dessa serra terminam geralmente em paredões de grés revestidos de vegetação.

Dentro do município recebe algumas denominações especiais: Serra de Avencas,

Serra de Cincinatina (onde fica o Morro Redondo); Serra do Tiveron; Serra do

Scomparim : Serra do Macuco e Serra de Casa Grande (Fonte: Site wikipedia).

Prefeitura Municipal de Marília – Av. Rio Branco

Figura 2- Prefeitura Municipal, SITE 1 (2012)

Page 31: Reciclagem de Entulho de Obra

18

Limita-se o Munucípio de Marília ao Norte com: Getulina, Guaimbê e Júlio

Mesquita; Ao Sul com: Campos Novos Pauslista; À Leste com: Àlvaro de Carvalho,

Vera Cruz e Ocauçu; À Oeste com: Echaporã, Oriente e Pompéia.

Possui uma área de 1170,054 km² , uma altitude de 675m e está a 438 Km de

distância da capital.

Atualmente o município está dividido em 6 distritos (Dados Wikipedia - IBGE

2008):

Amadeu Amaral: 147 hab. Avencas: 635 hab. Dirceu: 122 hab. Lácio: 959 hab. Padre Nóbrega: 4.004 hab. Rosália: 2.200 hab

Dados populacionais do município de Marília-SP

Tabela 4 – Dados Populacionais, SITE 2 (2012)

Município Total Homens Mulheres Urbana Rural

Marília 216.684 104.694 111.990 207.737 8.947

Page 32: Reciclagem de Entulho de Obra

19

Figura 3 -Mapa de localização de Marília, SITE 3 (2012)

1.15 Situação dos Resíduos Sólidos da Construção Civil – MARÍLIA/SP

A situação do RCD do município foi verificada através de entrevista, com

envolvidos nesta área na prefeitura Municipal e, segundo a Secretaria de Meio

Ambiente, já foi desenvolvido um estudo para o descarte correto dos RCD’s, porém,

por falta de recursos da prefeitura, ainda não foi possível implantar-se um destino

adequado aos mesmos, os quais, estão sendo depositados na parte de cima do

aterro sanitário, que fica em uma propriedade de aproximadamente 340 mil metros

quadrados localizado em uma área da Prefeitura Municipal, que fica no Km 13 da

Estrada Vicinal Marília - Distrito de Avencas.

Page 33: Reciclagem de Entulho de Obra

20

Aterro Sanitário de Marília – Distrito de Avencas

Figura 4 – Aterro Sanitário, SITE 4 (2012)

Segundo informações fornecidas pelo Engº Márcio Lunardeli da PMM

(Prefeitura Municipal de Marília), atualmente o município possui uma área anexa ao

aterro sanitário controlado, licenciada pela CETESB, tendo já a licença de instalação

para que os entulhos possam ser depositados. Porém, falta a retirada da terra para

obter a cota de projeto e assim iniciar a operação de acordo com o projeto da

Prefeitura. Hoje os caçambeiros depositam os entulhos de obra na área superior do

aterro sanitário controlado, que é irregular e que a PMM (Prefeitura Municipal de

Marília), já está com multa/penalidade da CETESB por destino irregular deste

entulho.

Page 34: Reciclagem de Entulho de Obra

21

Acúmulo de entulhos e lixo na Rua Coroados, região central de Marília-SP.

Figura 5 – Entulho região central de Marília-SP, SITE 4 (2012)

Obra de demolição de um bar no Jardim Cavalari, Marília-SP, com geração de

entulho.

Figura 6 – Obra de demolição, SITE 4 (2012)

Page 35: Reciclagem de Entulho de Obra

22

Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Empresas de

Tratamento de Resíduos (ABETRE, 2004) revelou que 2,9 milhões de t/ano de

resíduos industriais são gerados no Brasil, sendo que apenas 28% dos resíduos

industriais no país são tratados. Os outros 72% têm solução inadequada, o que

acaba provocando sérias contaminações no solo e nas águas subterrâneas.

Comprovadamente, o lixo mal deposto provoca degradação irreversível dos recursos

hídricos, transgressão paisagística, poluição do ar e o solo, assoreamento de rios e

geração de inundações.

A Prefeitura Municipal de Marília-SP possui os dados e informações para o

cálculo do indicador dos resíduos em construções, reformas, ampliações e

demolições.

Movimento de Cargas de Entulho no Município de Marília-SP

Tabela 5 – Movimento de cargas, PREFEITURA (2012).

Qtd.

Caçambas/di

a

Qtd.

Caçambas/mês

Vol. de cada

caçamba

Vol.

Removido/dia

Vol.

Removido/mês

200 unid. 4000 unid. 3m3 600m3 12000m3

A tabela acima nos mostra o movimento de cargas de RCD das empresas

que prestam serviços de retirada de entulhos.

Todos os caçambeiros são cadastrados junto a Prefeitura Municipal, quem

fiscaliza é a Secretaria de Serviços Urbanos, e quem dá as diretrizes de destino, é a

Secretaria do meio ambiente, onde todos os caçambeiros devem estar de acordo

com as Leis Municipais Nº 4634 de 11 de junho de 1999 e sua modificação posterior

Lei Nº 6355 de 23 de Novembro de 2005 ( AMBAS EM ANEXO).

Page 36: Reciclagem de Entulho de Obra

23

Figura 7 – Caçamba estacionada, SITE 3 (2012).

Entulhos depositados e misturados aos resíduos domésticos - Aterro Sanitário de

Marília – Distrito de Avencas,

Figura 8 – Entulhos no aterro, SITE 4 (2012)

Page 37: Reciclagem de Entulho de Obra

24

Hoje a cidade possui 9 empresas de caçambas de retirada de entulho. As

empresas prestadoras de serviços da cidade, cobram em torno de R$50,00 a

R$55,00 para o aluguel de uma caçamba de 3m3 de entulho, que fica na obra em

média 5 dias e posteriormente a sua retirada para o descarte dos mesmos.

Figura 9 - Caminhão poliguindaste simples, SITE 3 (2012)

Figura 10 - Caminhão poliguindaste duplo, SITE 3 (2012)

Page 38: Reciclagem de Entulho de Obra

25

7. ALGUMAS SUGESTÕES PARA VIABILIZAÇÃO DE UMA UNIDADE DE RECICLAGEM NO MUNICÍPIO DE MARÍLIA-SP:

Diante dos dados coletados, é possível colocar algumas sugestões de itens

que podem contribuir para a realização da obra.

Cumprimento da Lei N° 307 do CONAMA, com agentes fiscalizadores na

qual venha estabelecer as diretrizes da realização do trabalho em questão.

Consórcio intermunicipais, onde o município de Marília –SP, em parceria

com municípios vizinhos trabalhariam juntos para o fornecimento dos entulhos e

reaproveitáveis produzidos.

Investimento da obra irá variar de acordo com a estrutura do

empreendimento. Assim como o tempo de execução da mesma.

1.16 O QUE É UMA USINA DE RECICLAGEM DE ENTULHO E O SEU FUNCIONAMENTO.

Uma usina de reciclagem de entulho da construção civil nada mais é do que

uma britagem adaptada para triturar entulho, possui normalmente equipamentos

como britadores, peneiras, transportadores de correia, etc. 

1.16.1 Viabilidade

Antes de empreender neste negócio é importante conhecer o mercado de

construção civil da região e saber aproximadamente a quantidade de matéria prima

a disposição como o percentual de entulho cinza e vermelho que virá a ser

processado. Uma boa maneira de se ter uma idéia disso é procurar nas redondezas

por empresas de tele entulho, construtoras, visitar aterros, etc.

Uma usina de entulho demanda um grande espaço, este pode ser cedido ao

empreendedor pelo município através de uma parceria publico/privada. É do

interesse da prefeitura manter a cidade limpa, incentivar a economia, gerar

empregos e liberar espaços nos aterros.

Page 39: Reciclagem de Entulho de Obra

26

A lei federal 12305/2010 para gestão dos resíduos sólidos sancionada em

agosto/2010 determina uma destinação correta para os resíduos de construção civil,

muitas empresas encontram dificuldades no comprimento dessa lei e não têm para

onde mandar seu entulho. Uma boa solução é cobrar para receber esse entulho, ou

seja, já se tem uma pequena renda para receber a matéria-prima com a qual

empreendedor irá trabalhar. Boa parte entulho é metal, plástico e outros materiais

não pedregosos, esses materiais devem ser separados manualmente e podem ser

vendidos para outras empresas de reciclagem.

1.16.2 Agregados

Pode-se também separar o entulho cinza do vermelho diretamente na obra e

separar os agregados por granulometria, o entulho cinza é um material nobre e

conforme o caso compensa vende-lo separadamente ou usá-lo para fabricar outros

produtos. São sub-produtos do agregado cinza areia, tijolos, diversos modelos de

calçamentos, meio fio para vias publicas, canos para esgoto, etc.

O entulho vermelho é excelente material para fazer bases e sub-bases, por

exemplo, uma estrada de chão batido onde se tenha aplicado o agregado desse

entulho oferecerá uma excelente compactação e produzirá pouca poeira.

1.16.3 Funcionamento da Usina de Reciclagem de Entulho

Abaixo um exemplo do funcionamento de uma das usinas de reciclagem de

entulho neste processo abaixo, o entulho cinza é dividido em granulometria e britado

separadamente do vermelho.

Page 40: Reciclagem de Entulho de Obra

27

Funcionamento de uma Usina de Reciclagem de entulho

Figura 11 –Funcionamento de uma Usina, SITE 5 (2012)

O material a ser britado é colocado no alimentador vibratório (1) no

alimentador existe uma grelha para retirada de materiais finos que recolhe a terra

para um transportador de correia (2) formando uma pilha ao lado (3). Esse processo

de retirada da terra evita o desgaste desnecessário das mandíbulas do britador.

Do britador (4) sai um transportador de correia radial (5) que pode se

posicionada hora em direção a pilha de agregado vermelho (6) e hora em direção a

peneira-vibratória (7).

Da peneira vibratória saem agregados de entulhos cinza de diversos

tamanhos já separados e cada um é levado por um transportador de correia (8) para

sua pilha final (9).

Page 41: Reciclagem de Entulho de Obra

28

1.16.4 Ecopontos ou PEV’s (Pontos de entrega voluntária):

Os Eco Pontos ou PEVs, são locais de coleta, onde a população pode estar

depositando até 1m3 de entulho.

PEV- Ponto de entrega voluntária:

Figura 12 – PEV, SITE 3 (2012)

Ecoponto- Estação de entrega voluntária:

Figura 13 –Ecoponto, SITE 3 (2012)

Page 42: Reciclagem de Entulho de Obra

29

Equipamentos utilizados para montar uma Usina de RCD

Tabela 6 – Equipamentos Usina, SITE 6 (2012).

1.17 Local:

A Prefeitura Municipal já possui um projeto para implantação da Usina de

reciclagem de sólidos da construção civil em Marília, o qual está em análise pela

CETESB e a qual seria implantada no terreno anexo ao aterro sanitário no distrito de

Avencas.

1.18 Mão-de-obra:

Poderá facilmente ser encontrada, uma vez que há muitas pessoas que

sobrevivem catando lixo. Seria uma iniciativa da Prefeitura em inserir estas pessoas

no mercado de trabalho, dando-lhes mais oportunidades de aprendizado, uma vez

Page 43: Reciclagem de Entulho de Obra

30

que será necessário mão de obra qualificada também, sendo assim, estímulo para a

qualificação pessoal.

1.19 Equipamentos:

Os equipamentos básicos consistem de um equipamento triturador de

resíduos e na aquisição de veículo de transporte de materiais, além é claro dos

equipamentos de segurança e da parte administrativa (computadores, móveis de

escritório, etc..)

1.20 Recepção:

Os resíduos poderão ser transportados para a unidade de reciclagem através

de uma parceria com as empresas coletoras de resíduos no município de Marília e

esta parceria poderá ser efetivada, fechando assim um circuito muito importante

para o aumento da vida útil do aterro de inertes municipal, além de benefícios

gerados ao meio ambiente, redução de custos para a remoção ou limpeza em locais

de deposição clandestina.

Legalização para a abertura do empreendimento, tais como:

- Registro na Junta Comercial;

- Registro na Secretaria da Fazenda;

- Registro na Prefeitura do Município;

- Registro no INSS;

- Registro no Sindicato Patronal;

- Alvará de Funcionamento.

1.21 Materiais que podem ser reciclados na unidade de reciclagem:

Fragmentos de alvenaria de componentes cerâmicos.

Fragmentos de alvenaria de blocos de concreto.

Fragmentos de concreto, armado ou não, sem fôrmas.

Page 44: Reciclagem de Entulho de Obra

31

Fragmentos de lajes e de pisos.

Argamassas de cal, de cimento ou mistas, de assentamento ou

revestimento.

Componentes de concreto ou cerâmicos: blocos, tijolos, telhas, tubos,

briquetes, lajotas para laje etc.

Fragmentos de pedra britada e de areia naturais, sem presença

significativa de terra ou outros materiais proibidos (classificação Classe

A - CONAMA nº. 307)

1.22 Materiais que não podem ser reciclados na unidade de reciclagem:

Gesso,

Fragmentos de cimento amianto em quantidades expressivas,

Madeira,

Vegetação e matéria orgânica;

Papel,

Papelão,

Plástico,

Isopor e similares;

Tecidos,

Borracha,

Espuma e demais materiais sintéticos;

Metais;

Vidro;

Tintas,

Impermeabilizantes e asfalto;

Líquidos em geral e Outros.

Page 45: Reciclagem de Entulho de Obra

32

8. APLICABILIDADE DO ENTULHO RECICLADO:

Reciclar o entulho - independente do uso que a ele for dado - representa

vantagens econômicas, sociais e ambientais, tais como:

economia na aquisição de matéria-prima, devido a substituição de

materiais convencionais, pelo entulho;

diminuição da poluição gerada pelo entulho e de suas conseqüências

negativas como enchentes e assoreamento de rios e córregos, e

preservação das reservas naturais de matéria-prima.

A seguir são citadas algumas possibilidades de reciclagem para este resíduo

e as vantagens específicas de cada uma.

1.23 Utilização em pavimentação.

A forma mais simples de reciclagem do entulho é a sua utilizado em

pavimentação (base, sub-base ou revestimento primário) na forma de brita corrida,

rachão ou ainda em misturas do resíduo com solo.

Figura 14 - Brita gerada na RCD, SITE 3 (2012).

Page 46: Reciclagem de Entulho de Obra

33

Figura 15 - Brita para pavimentação, SITE 3 (2012).

1.23.1 Vantagens

é forma de reciclagem que exige menor utilização de tecnologia o que

implica menor custo do processo;

permite a utilização de todos os componentes minerais do entulho

(tijolos, argamassas, materiais cerâmicos, areia, pedras, etc.), sem a

necessidade de separação de nenhum deles;

economia de energia no processo de moagem do entulho (em relação

à sua utilização em argamassas), uma vez que, usando-o no concreto,

parte do material permanece em granulometrias graúdas;

possibilidade de utilização de uma maior parcela do entulho produzido,

como o proveniente de demolições e de pequenas obras que não

suportam o investimento em equipamentos de moagem/ trituração;

maior eficiência do resíduo quando adicionado aos solos saprolíticos

em relação a mesma adição feita com brita. Enquanto a adição de 20%

de entulho reciclado ao solo saprolítico gera um aumento de 100% do

O entulho, que pode ser usado sozinho ou misturado ao solo, deve ser

processado por equipamentos de britagem/ trituração até alcançar a granulometria

desejada, e pode apresentar contaminação prévia por solo – desde que em

proporção não superior a 50% em peso.

Page 47: Reciclagem de Entulho de Obra

34

Pavimentação e recuperação de estradas rurais e urbanas.

Figura 16 – Estrada Rural, SITE 3 (2012)

Figura 17 – Pavimentação de Estrada Rural, SITE 3 (2012)

Page 48: Reciclagem de Entulho de Obra

35

Matacão, utilizado para preenchimento de passeio

Figura 18 – Matacão, SITE 3 (2012).

1.24 Utilização como Agregado para o Concreto

O entulho processado pelas usinas de reciclagem pode ser utilizado como

agregado para concreto não estrutural, a partir da substituição dos agregados

convencionais (areia e brita).

Areia reciclada utilizada no concreto não estrutural

Figura 19 - Areia, SITE 3 (2012).

Page 49: Reciclagem de Entulho de Obra

36

1.24.1 Vantagens

utilização de todos os componentes minerais do entulho (tijolos,

argamassas, materiais cerâmicos, areia, pedras, etc.), sem a

necessidade de separação de nenhum deles;

economia de energia no processo de moagem do entulho (em relação

à sua utilização em argamassas), uma vez que, usando-o no concreto,

parte do material permanece em granulometrias graúdas;

possibilidade de utilização de uma maior parcela do entulho produzido,

como o proveniente de demolições e de pequenas obras que não

suportam o investimento em equipamentos de moagem/ trituração;

possibilidade de melhorias no desempenho do concreto em relação

aos agregados convencionais, quando se utiliza baixo consumo de

cimento;

1.24.2 Processo de produção

O entulho processado pelas Usinas de Reciclagem (onde sua fração

mineral é britada em britadores de impacto) é utilizado como agregado

no concreto, em substituição simultânea à areia e à brita

convencionalmente utilizadas. A mistura é a tradicional, com cimento e

água, esta em quantidade bastante superior devido à grande absorção

do entulho.

Embora pesquisas tenham demonstrado eficácia do processo, vários

fatores como os relacionados à durabilidade do concreto produzido

ainda precisam ser analisados. As prefeituras de São Paulo e a de

Ribeirão Preto já utilizam blocos de concreto feitos com entulho

reciclado.

Page 50: Reciclagem de Entulho de Obra

37

Produção de Artefatos de Concreto.

Figura 20 – Artefato de concreto esgoto, SITE 3 (2012).

Figura 21 – Artefato de concreto para paisagismo, SITE 3 (2012).

Page 51: Reciclagem de Entulho de Obra

38

Figura 22 – Bloco de vedação, SITE 3 (2012).

Figura 23 – “Paver”, bloco de calçamento, SITE 3 (2012).

Page 52: Reciclagem de Entulho de Obra

39

Controle de erosão.

Figura 24 – Gabiões com matacão reciclado, SITE 3 (2012).

Figura 25 – Blocos para controle de erosão, SITE 3 (2012).

Page 53: Reciclagem de Entulho de Obra

40

1.25 Utilização como agregado para a confecção de argamassas

Após ser processado por equipamentos denominados "argamasseiras", que

moem o entulho, na própria obra, em granulometrias semelhantes as da areia, ele

pode ser utilizado como agregado para argamassas de assentamento e

revestimento.

Figura 26 – Pó fino utilizado em argamassas, SITE 3 (2012).

1.25.1 Vantagens

utilizado do resíduo no local gerador, o que elimina custos com

transporte;

efeito pozolânico apresentado pelo entulho moído;

redução no consumo do cimento e da cal, e

ganho na resistência a compressão das argamassas.

1.25.2 Limitações

As argamassas de revestimento obtidas apresentam problemas de fissuração,

possivelmente pela excessiva quantidade de finos presente no entulho moído pelas

argamasseiras.

Page 54: Reciclagem de Entulho de Obra

41

1.25.3 Processo de produção

A partir da mistura de cimento, areia e água, a fração mineral do entulho é

adicionada a uma caçamba de piso horizontal, onde dois rolos moedores girando em

torno de um eixo central vertical, proporciona a moagem e homogeneização da

mistura que sai do equipamento pronta para ser usada.

1.25.4 Grau de desenvolvimento

Esta reciclagem vem sendo utilizada, com frequência, por algumas

construtoras do país e pesquisas estão em andamento para tentar solucionar as

limitações desta técnica.

Assentamento de blocos com argamassa de finos reciclados

Figura 27 – Argamassa I, SITE 3 (2012).

Page 55: Reciclagem de Entulho de Obra

42

Argamassa confeccionada a partir de finos reciclados:

Figura 28 – Argamassa II, SITE 3 (2012).

1.25.5 Custo x Retorno do investimento

Segue à baixo uma tabela com os custos levantados para o investimento na

implantação de uma Usina de reciclagem de sólidos na cidade de Marília-SP, bem

como o tempo de retorno do mesmo.

Tabela 7: Custos montagem da Usina, SITE 6 (2012).

Quanto à questão do retorno do investimento, pode-se dizer que será uma

questão complexa, devido ao custo fixo que cada empresa terá e de qual o preço

que será praticado no produto final.

Deixo como sugestão para trabalhos futuros, os levantamentos dos custos

operacionais diretos e indiretos, bem como o lucro operacional da empresa, para

então calcular-se o tempo do retorno do capital investido.

Page 56: Reciclagem de Entulho de Obra

43

9. RESULTADOS DECORRENTES DA IMPLANTAÇÃO DA UNIDADE DE RECICLAGEM

1.26 Ambientais:

Os principais resultados produzidos pela reciclagem do resíduo são os

benefícios ambientais. A soma da qualidade de vida e da utilização não predatória

dos recursos naturais é de longe mais importante que a soma econômica. Além da

diminuição da deposição de resíduos em locais inadequados, também reduz a

extração de matéria-prima e ainda, a necessidade de destinação de áreas públicas

para a deposição dos resíduos, além de gerar mais empregos diretos e indiretos.

1.27 Econômicos:

A aplicação possibilita na construção civil de maneira abrangente, em

substituição parcial ou total da matéria-prima utilizada. As experiências indicam que

é economicamente vantajoso substituir a deposição irregular do resíduo pela sua

reciclagem. O custo para a administração municipal é de US$ 15 por metro cúbico

clandestinamente depositado, aproximadamente, incluindo a correção da deposição

e o controle de doenças.

Estima-se que o custo da reciclagem significa cerca de 25% desses custos.

A produção de agregados com base no resíduo pode gerar economias de mais de

80% em relação aos preços dos agregados convencionais. A partir deste material é

possível fabricar componentes com uma economia de até 70% em relação a

similares com matéria-prima não reciclada. Esta relação pode variar, evidentemente,

de acordo com gastos indiretos, a tecnologia empregada nas instalações de

reciclagem, custo dos materiais convencionais e custos do processo de reciclagem

implantado. De qualquer forma, na grande maioria dos casos, a reciclagem de

resíduo possibilita o barateamento das atividades de construção.

Page 57: Reciclagem de Entulho de Obra

44

1.28 Sociais:

O emprego do material reciclado em programas de habitação social, poderá

trazer bons resultados, com a redução significativa dos custos de produção da infra-

estrutura e das unidades em si.

Atualmente, o volume gerado pelos resíduos é considerado grande, ocupando

portanto muito espaço nos aterros. Seu transporte, em função não só do volume,

mas do peso, torna-se caro. A reciclagem e o reaproveitamento do resíduo são,

portanto, de fundamental importância para o controle e minimização dos problemas

ambientais causados pela geração de resíduos, e para seu reaproveitamento na

criação de diversos produtos com valor agregado.

Page 58: Reciclagem de Entulho de Obra

45

10.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não basta apenas o município dispor uma Usina de Reciclagem de RCD, mas

também é preciso a participação da comunidade e daqueles que estão envolvidos

na produção e transporte do entulho em geral, pois a diferença entre o sucesso e o

fracasso na implementação de uma Estação de Reciclagem de RCD está no

planejamento e na gestão integrada, envolvendo todos os setores de forma a

estabelecer responsabilidades e benefícios de forma transparente para cada parte

envolvida.

Com isso, vislumbra-se como uma grande oportunidade de negócio para

empresas que apresentem soluções práticas apontando para a reutilização dos

resíduos na própria construção; sabendo que os investimentos a serem direcionados

nesse segmento deverão correr por conta do empreendedor que de certa forma

contribuirá com essa prática, para amenizar o problema do descarte irregular desse

material e com isso, introduzindo no mercado, novos produtos, novas oportunidades

de trabalho com geração de lucros e receitas que em muito contribuirão com o

crescimento da Cidade de Marília-SP.

Contudo, baseando-nos nos dados analisados, devido a quantidade de

materiais recolhidos pelas empresas prestadoras do serviço de recolhimento de

entulhos, o município de Marília-SP, tem sim capacidade para implantar uma

Unidade de Reciclagem de Resíduos Sólidos, ressaltando que esta usina deverá

ser proporcional ao material recolhido, e para que isso possa ser possível é

imprescindível que se faça vigorar a Resolução nº 307, do CONAMA (em anexo).

Page 59: Reciclagem de Entulho de Obra

46

11.CONCLUSÃO:

O processo de implantação de programas de qualidade pelo qual passa a

indústria da construção, certamente contribuirá para a redução do volume de

resíduos gerados por esse setor. No entanto, a quantidade de entulho produzida não

diminuirá de uma hora para outra.

Além disso, por mais eficaz que sejam as mudanças introduzidas nos

processos construtivos, com o objetivo de reduzir os custos e a quantidade de

resíduos gerados, sempre haverá um montante inevitavelmente produzido, que

somado aos resíduos de demolição, ainda representará um volume expressivo.

Dessa forma, o estudo de soluções práticas que apontem para a reutilização

do entulho na própria construção civil, contribui para amenizar o problema urbano

dos depósitos clandestinos deste material - proporcionando melhorias do ponto de

vista ambiental - e introduz no mercado um novo material com grande potencialidade

de uso.

Entretanto conclui-se que todo e qualquer processo de implantação de

melhorias no setor ambiental no que tange a construção civil, requer em primeiro

lugar, reeducação populacional, além de conscientização dos órgãos públicos com

relação à necessidade de se implantar no Município de Marília/SP e com urgência

uma Usina de reciclagem de sólidos da construção civil.

Com base nos levantamentos de custo para a montagem de uma Usina,

verificou-se que o investimento é alto, quanto à questão do tempo necessário para o

retorno do capital investido, deixo como sugestão para trabalhos futuros, bem como

a pesquisa dos consórcios entre a cidade de Marília/SP, seus distritos e cidades

vizinhas, beneficiando à todos com o reuso destes materiais e também beneficiando

o meio-ambiente.

Page 60: Reciclagem de Entulho de Obra

47

12.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 15112 – Resíduos da construção civil e resíduos volumosos – Áreas de transbordo e triagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 10004 – Resíduos sólidos – Classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.( http://www.abntnet.com.br-ABNT).

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 15114 – Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes – Área de reciclagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

ÂNGULO, S.C.; ZORDAN, S. E.; JOHN, V. M. Desenvolvimento sustentável e a reciclagem de resíduos na construção civil. São Paulo. 2001

CABRAL, A.E.B.; MOREIRA, K.M.V. Manual sobre os resíduos sólidos da construção civil. Vol 1. Fotaleza, Expressão Gráfica, 2011.

CBIC - Câmara Brasileira da Indústria da Construção. www.cbicdados.com.br

CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n° 307, de 05/07/2002. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Publicação no DOU nº 136,17 de julho de 2002.

FERREIRA, A. B. H. Novo Aurélio do Século XXI: o dicionário da Língua Portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira. 1999.

JOHN, V.M. Reciclagem de resíduos na construção civil – contribuição à metodologia de pesquisa e desenvolvimento. São Paulo, 2000. 102f. Tese (livre docência) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.

LEVY, S.M. Reciclagem do entulho da construção civil, para utilização com agregados para argamassas e concretos. São Paulo, 1997. 147f.

LUIS, Edison. A reciclagem de entulhos da construção civil. www.inforum.insite.com.br

Page 61: Reciclagem de Entulho de Obra

48

MINISTÉRIO das Cidades – Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental

(Out 2005).

NETO, José da Costa Marques. Gestão dos resíduos de construção e demolição no Brasil. São Carlos: RIMA, 2005.

PINTO, T.P.; GONZÁLEZ, J.L.R. Manejo e gestão de resíduos da

construção civil. Vol 1. Brasília, Câmara Brasileira do Livro, 2005.

PINTO, T.P. Metodologia para a gestão diferenciada de resíduos sólidos

da construção urbana. São Paulo, 1999. Tese (Doutorado) – Escola

REPORTAGEM, www.2.tvcultura.com.br/ reportereco.

PREFEITURA Municipal de Marília, Engº Márcio Lunardelli, 2012.

Sites consultados

SITE 1: Acessado em: 13/09/2012 < wikipedia.org/marilia >

SITE 2: Acessado em: 15/09/2012 <http://www.ibge.gov.br >

SITE 3: Acessado em 26/09/2012 <https://www.google.com.br/images>

SITE 4: Acessado em 14/10/2012 <www. diariodemarilia .com.br/ >

SITE 5: Acessado em 03/11/2012 < http://mapreequipamentos.com.br/usina-

de-reciclagem-de-entulho/ >

SITE 6: Acessado em 03/11/2012 < http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-

441968802-britador-de-mandibula-_JM>

Pessoas entrevistadas:

Eng. Sanitarista Márcio Lunardelli – Prefeitura Municipal de Marília-SP

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49

13.ANEXOS

1.29 Anexo I

RESOLUÇÃO Nº 307, DE 5 DE JULHO DE 2002

Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos

resíduos da construção civil.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das

competências que lhe foram conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981,

regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de julho de 1990, e tendo em vista o

disposto em seu Regimento Interno, Anexo à Portaria nº 326, de 15 de dezembro de

1994, e Considerando a política urbana de pleno desenvolvimento da função social

da cidade e da propriedade urbana, conforme disposto na Lei nº 10.257, de 10 de

julho de 2001;

Considerando a necessidade de implementação de diretrizes para a efetiva

redução dos impactos ambientais gerados pelos resíduos oriundos da construção

civil;

Considerando que a disposição de resíduos da construção civil em locais

inadequados contribui para a degradação da qualidade ambiental;

Considerando que os resíduos da construção civil representam um

significativo percentual dos resíduos sólidos produzidos nas áreas urbanas;

Considerando que os geradores de resíduos da construção civil devem ser

responsáveis pelos resíduos das atividades de construção, reforma, reparos e

demolições de estruturas e estradas, bem como por aqueles resultantes da remoção

de vegetação e escavação de solos;

Considerando a viabilidade técnica e econômica de produção e uso de

materiais provenientes da reciclagem de resíduos da construção civil; e

Page 63: Reciclagem de Entulho de Obra

50

Considerando que a gestão integrada de resíduos da construção civil deverá

proporcionar benefícios de ordem social, econômica e ambiental, resolve:

Art. 1º Estabelecer diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos

da construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os

impactos ambientais.

Art. 2º Para efeito desta Resolução, são adotadas as seguintes definições:

I - Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções,

reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da

preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos,

concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e

compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros,

plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de

obras, caliça ou metralha;

II - Geradores: são pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas,

responsáveis por atividades ou empreendimentos que gerem os resíduos definidos

nesta Resolução;

III - Transportadores: são as pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas da

coleta e do transporte dos resíduos entre as fontes geradoras e as áreas de

destinação;

IV - Agregado reciclado: é o material granular proveniente do beneficiamento

de resíduos de construção que apresentem características técnicas para a aplicação

em obras de edificação, de infra-estrutura, em aterros sanitários ou outras obras de

engenharia;

V - Gerenciamento de resíduos: é o sistema de gestão que visa reduzir,

reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas,

procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao

cumprimento das etapas previstas em programas e planos;

Page 64: Reciclagem de Entulho de Obra

51

VI - Reutilização: é o processo de reaplicação de um resíduo, sem

transformação do mesmo;

VII - Reciclagem: é o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter

sido submetido à transformação;

VIII - Beneficiamento: é o ato de submeter um resíduo à operações e/ou

processos que tenham por objetivo dotá-los de condições que permitam que sejam

utilizados como matéria-prima ou produto;

IX - Aterro de resíduos da construção civil: é a área onde serão empregadas

técnicas de disposição de resíduos da construção civil Classe "A" no solo, visando a

reservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou

futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao

menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente;

X - Áreas de destinação de resíduos: são áreas destinadas ao beneficiamento

ou à disposição final de resíduos.

Art. 3º Os resíduos da construção civil deverão ser classificados, para efeito

desta Resolução, da seguinte forma:

I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais

como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras

de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes

cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e

concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto

(blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;

II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:

plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;

Page 65: Reciclagem de Entulho de Obra

52

III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas

tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua

reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;

IV - Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de

construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados

oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações

industriais e outros.

Art. 4º Os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos

e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final.

§ 1º Os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de

resíduos domiciliares, em áreas de "bota fora", em encostas, corpos d`água, lotes

vagos e em áreas protegidas por Lei, obedecidos os prazos definidos no art. 13

desta Resolução.

§ 2º Os resíduos deverão ser destinados de acordo com o disposto no art. 10

desta Resolução.

Art. 5º É instrumento para a implementação da gestão dos resíduos da

construção civil o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção

Civil, a ser elaborado pelos Municípios e pelo Distrito Federal, o qual deverá

incorporar:

I - Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil; e

II - Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.

Art. 6º Deverão constar do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos

da Construção Civil:

I - as diretrizes técnicas e procedimentos para o Programa Municipal de

Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e para os Projetos de

Page 66: Reciclagem de Entulho de Obra

53

Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil a serem elaborados pelos grandes

geradores, possibilitando o exercício das responsabilidades de todos os geradores.

II - o cadastramento de áreas, públicas ou privadas, aptas para recebimento,

triagem e armazenamento temporário de pequenos volumes, em conformidade com

o porte da área urbana municipal, possibilitando a destinação posterior dos resíduos

oriundos de pequenos geradores às áreas de beneficiamento;

III - o estabelecimento de processos de licenciamento para as áreas de

beneficiamento e de disposição final de resíduos;

IV - a proibição da disposição dos resíduos de construção em áreas não

licenciadas;

V - o incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo

produtivo;

VI - a definição de critérios para o cadastramento de transportadores;

VII - as ações de orientação, de fiscalização e de controle dos agentes

envolvidos;

VIII - as ações educativas visando reduzir a geração de resíduos e possibilitar

a sua segregação.

Art. 7º O Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção

Civil será elaborado, implementado e coordenado pelos municípios e pelo Distrito

Federal, e deverá estabelecer diretrizes técnicas e procedimentos para o exercício

das responsabilidades dos pequenos geradores, em conformidade com os critérios

técnicos do sistema de limpeza urbana local.

Art. 8º Os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil serão

elaborados e implementados pelos geradores não enquadrados no artigo anterior e

Page 67: Reciclagem de Entulho de Obra

54

terão como objetivo estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e

destinação ambientalmente adequados dos resíduos.

§ 1º O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, de

empreendimentos e atividades não enquadrados na legislação como objeto de

licenciamento ambiental, deverá ser apresentado juntamente com o projeto do

empreendimento para análise pelo órgão competente do poder público municipal,

em conformidade com o Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da

Construção Civil.

§ 2º O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil de

atividades e empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental, deverá ser

analisado dentro do processo de licenciamento, junto ao órgão ambiental

competente.

Art. 9º Os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil

deverão contemplar as seguintes etapas:

I - caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os

resíduos;

II - triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem,

ou ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade,

respeitadas as classes de resíduos estabelecidas no art. 3º desta Resolução;

III - acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos resíduos

após a geração até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que

seja possível, as condições de reutilização e de reciclagem;

IV - transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas

anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de

resíduos;

V - destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido nesta

Resolução.

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55

Art. 10. Os resíduos da construção civil deverão ser destinados das seguintes

formas:

I - Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou

encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de

modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;

II - Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas

de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização

ou reciclagem futura;

III - Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em

conformidade com as normas técnicas especificas.

IV - Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e

destinados em conformidade com as normas técnicas especificas.

Art. 11. Fica estabelecido o prazo máximo de doze meses para que os

municípios e o Distrito Federal elaborem seus Planos Integrados de Gerenciamento

de Resíduos de Construção Civil, contemplando os Programas Municipais de

Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil oriundos de geradores de

pequenos volumes, e o prazo máximo de dezoito meses para sua implementação.

Art. 12. Fica estabelecido o prazo máximo de vinte e quatro meses para que

os geradores, não enquadrados no art. 7º, incluam os Projetos de Gerenciamento de

Resíduos da Construção Civil nos projetos de obras a serem submetidos à

aprovação ou ao licenciamento dos órgãos competentes, conforme §§ 1º e 2º do art.

8º.

Art. 13. No prazo máximo de dezoito meses os Municípios e o Distrito Federal

deverão cessar a disposição de resíduos de construção civil em aterros de resíduos

domiciliares e em áreas de "bota fora".

Art. 14. Esta Resolução entra em vigor em 2 de janeiro de 2003.

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JOSÉ CARLOS CARVALHO

Presidente do Conselho

Publicada DOU 17/07/2002

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1.30 Anexo II

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