Áreas com potenciais riscos de desertificaÇÃo no...

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III Encontro de Meio Ambiente UVA/UNAVIDA Desertificação: Implicações socioambientais no Semiárido Brasileiro _________________________________________________________________________________________________________________ 1 ÁREAS COM POTENCIAIS RISCOS DE DESERTIFICAÇÃO NO SEMIÁRIDO DE PERNAMBUCO: MAPEAMENTO A PARTIR REGISTROS FOTOGRÁFICOS Anselmo Gomes de Araújo Neto¹, João Ítalo Pereira Aires¹, Suzana Marinho Souto Lima². 1. Alunos do Curso de Biologia [email protected] 2. Orientador. Biólogo Professor de Biologia da UVA/UNAVIDA. [email protected] RESUMO: O objetivo deste trabalho foi a realização do mapeamento dos focos de desertificação dos principais municípios que compõem o núcleo de desertificação de Cabrobró, tendo como base os registros fotográficos, seguindo uma metodologia do tipo pesquisa de campo (in loco). No município de Floresta os processos de desertificação se encontram em estágios bem avançados, proveniente principalmente, por perda de vegetação e por processos pedológicos. Em Belém de São Francisco e Cabrobó, a prática de irrigação sem condições adequadas de drenagem, salinizam os solos, bem como o desmatamento e sobrepastoreio de ovinos e caprinos, são as principais causas da degradação nesses municípios. Ressalta-se, que é notório o avanço das pesquisas nos níveis nacional e internacional, no sentido de amenizar os impactos sociais da degradação das terras e desertificação no Semiárido nordestino, mas, se faz necessário ser levado em consideração às relações entre os sistemas humanos e os sistemas naturais, que determinam o fenômeno da desertificação. Palavras-chave: Núcleo de desertificação; Semiárido; Registros fotográficos. ABSTRACT: The objective of this work was the completion of the mapping of the main focuses of desertification municipalities that make up the core of Cabrobró desertification, based on photographic records, following a methodology of the type field research (in situ). In the municipality of Forest desertification processes are in quite advanced, coming mainly from loss of vegetation and soil-stage processes. In Bethlehem San Francisco and Cabrobó, the practice of irrigation without adequate drainage, salinizam soils, as well as deforestation and overgrazing by sheep and goats, are the main causes of degradation in these municipalities. In Bethlehem San Francisco and Cabrobó, the practice of irrigation without adequate drainage, salinizam soils, as well as deforestation and overgrazing by sheep and goats, are the main causes of degradation in these municipalities. Keywords: core desertification; semiarid; photographic records INTRODUÇÃO A Organização das Nações Unidas - ONU define desertificação como a degradação do solo em áreas áridas, semiáridas e subúmidas secas, ocasionada por causas diversas, tais como variações climáticas e atividades antrópicas. Significa a destruição da base de recursos naturais, como resultado da ação do homem sobre o meio ambiente, e de fenômenos naturais, como a variabilidade climática (BRASIL, 2004). Vale ressaltar que há diferenças entre desertificação e desertização ou formação de desertos. Segundo Matallo Júnior (2001) os conceitos são absolutamente distintos. Desertos é

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III Encontro de Meio Ambiente UVA/UNAVIDA Desertificação: Implicações socioambientais no Semiárido Brasileiro

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ÁREAS COM POTENCIAIS RISCOS DE DESERTIFICAÇÃO NO SEMIÁRIDO DE

PERNAMBUCO: MAPEAMENTO A PARTIR REGISTROS FOTOGRÁFICOS

Anselmo Gomes de Araújo Neto¹, João Ítalo Pereira Aires¹, Suzana Marinho Souto

Lima².

1. Alunos do Curso de Biologia [email protected]

2. Orientador. Biólogo Professor de Biologia da UVA/UNAVIDA. [email protected]

RESUMO: O objetivo deste trabalho foi a realização do mapeamento dos focos de

desertificação dos principais municípios que compõem o núcleo de desertificação de

Cabrobró, tendo como base os registros fotográficos, seguindo uma metodologia do tipo

pesquisa de campo (in loco). No município de Floresta os processos de desertificação se

encontram em estágios bem avançados, proveniente principalmente, por perda de vegetação e

por processos pedológicos. Em Belém de São Francisco e Cabrobó, a prática de irrigação sem condições adequadas de drenagem, salinizam os solos, bem como o desmatamento e

sobrepastoreio de ovinos e caprinos, são as principais causas da degradação nesses

municípios. Ressalta-se, que é notório o avanço das pesquisas nos níveis nacional e

internacional, no sentido de amenizar os impactos sociais da degradação das terras e

desertificação no Semiárido nordestino, mas, se faz necessário ser levado em consideração às

relações entre os sistemas humanos e os sistemas naturais, que determinam o fenômeno da

desertificação.

Palavras-chave: Núcleo de desertificação; Semiárido; Registros fotográficos.

ABSTRACT: The objective of this work was the completion of the mapping of the main

focuses of desertification municipalities that make up the core of Cabrobró desertification,

based on photographic records, following a methodology of the type field research (in situ). In

the municipality of Forest desertification processes are in quite advanced, coming mainly

from loss of vegetation and soil-stage processes. In Bethlehem San Francisco and Cabrobó,

the practice of irrigation without adequate drainage, salinizam soils, as well as deforestation

and overgrazing by sheep and goats, are the main causes of degradation in these

municipalities. In Bethlehem San Francisco and Cabrobó, the practice of irrigation without

adequate drainage, salinizam soils, as well as deforestation and overgrazing by sheep and

goats, are the main causes of degradation in these municipalities.

Keywords: core desertification; semiarid; photographic records

INTRODUÇÃO

A Organização das Nações Unidas - ONU define desertificação como a degradação do

solo em áreas áridas, semiáridas e subúmidas secas, ocasionada por causas diversas, tais como

variações climáticas e atividades antrópicas. Significa a destruição da base de recursos

naturais, como resultado da ação do homem sobre o meio ambiente, e de fenômenos naturais,

como a variabilidade climática (BRASIL, 2004).

Vale ressaltar que há diferenças entre desertificação e desertização ou formação de

desertos. Segundo Matallo Júnior (2001) os conceitos são absolutamente distintos. Desertos é

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o resultado da evolução climática e desertificação é o resultado do manejo inadequado dos

recursos naturais nas zonas áridas.

As áreas mais suscetíveis à desertificação no Brasil foram caracterizadas como de alto

risco à desertificação são conhecidas como Núcleos de Desertificação de Gilbués (PI),

Irauçuba (CE), Seridó (PB) e Cabrobó (PE) e todas estão localizadas na porção semiárida do

Nordeste brasileiro (BRASIL, 2007) que atualmente possui 1.133 municípios ocupando uma

área de 969.589,4 km², 22,6 milhões de habitantes (aproximadamente 11,8% da população

brasileira), e destes 5.423.181 vivem em extrema pobreza principalmente no meio rural

(BRASIL, 2011).

Devido à estrutura fundiária existente nesta região, há a impossibilidade do acesso dos

pequenos produtores à renda, afetando sua sobrevivência e determinando, como uma das

únicas alternativas, a migração ou a busca por seu sustento, por meio da exploração excessiva

sobre a base de recursos naturais existentes em suas propriedades ou entorno, que a curto e

médio prazo, provoca uma forte pressão sobre o meio, criando-se, assim, áreas com

evidências de desertificação (JESUS, 1992).

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente o fator antropogênico para a intensa

degradação dessas regiões, de uma maneira geral, é a substituição da caatinga por práticas de

agricultura, pecuária e retirada de madeira para produção de lenha e carvão. Alguns fatores

associados são a mineração e a extração de argila de solos aluviais. Entretanto, sabe-se que o

grau do impacto antropogênico nesses quatro núcleos é variável, pois as naturezas

geomorfológica, pedológica e climática também são relevantes e, muitas vezes, distintas

(BRASIL, 2007).

Diversas pesquisas estimam que 500 mil hectares da caatinga sejam consumidas

anualmente para uso na indústria extrativa-mineral, nas indústrias de panificação e uso

doméstico. Sabe-se que normalmente a lenha e o carvão vegetal representam cerca de 30,0 %

da matriz energética do País e no Nordeste pode chegar a 35 % da matriz energética regional

(ARAÚJO, 2011).

O Núcleo de Desertificação pernambucano abrange os municípios de Cabrobó, Belém

do São Francisco, Carnaubeira da Penha, Floresta e Itacuruba (BRASIL, 2007). De acordo

Novaes (2014) nos municípios de Floresta, Belém do São Francisco e Cabrobró nos últimos

12 anos foram perdidas mais de 20.000 hectares do bioma da caatinga.

Diante do exposto, este artigo tem como objetivo a realização do mapeamento dos

focos de desertificação nos municípios de Floresta, Belém de São Francisco e Cabrobó,

pertencentes à região Semiárida do Estado da Pernambuco, tendo como base os registros

fotográficos.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho foi desenvolvido seguindo uma metodologia do tipo pesquisa

descritiva e documental. De acordo com Gil (2008), as pesquisas descritivas possuem como

objetivo a descrição das características de uma população, fenômeno ou de uma experiência e

a pesquisa documental, utiliza-se de materiais que geralmente não receberam ainda um

tratamento analítico como os documentos conservados em arquivo de órgãos público e

privados: cartas pessoais, fotografias, filmes, gravações, diários, memorandos, ofícios, atas de

reunião, boletins etc.

A pesquisa foi realizada no estado de Pernambuco, nas cidades de Floresta, Belém de

São Francisco e Cabrobó, Todos fazem parte do Núcleo de Desertificação Cabrobró.

De acordo com os resultados das pesquisas globais, Pernambuco é um dos estados

mais vulneráveis do Brasil, aos efeitos das mudanças do clima. O Estado possui 185

municípios, sendo 30 suscetíveis a desertificação (ASD), de acordo com o censo demográfico

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de 2010, 8.796.448 habitantes, conformando uma densidade demográfica de 89,62 hab./km2

(IBGE, 2014).

Abriga uma grande diversidade de ecossistemas. Cerca de 8 mil espécies de

organismos foram registradas no Estado, porém estima-se que este número varie entre 24 mil

e 90 mil, pois muitos grupos ainda não foram estudados. Tamanha diversidade biológica

contrasta com os altos níveis de degradação dos ecossistemas, pois resta apenas 1% de

Floresta Atlântica, incluindo mangue e restinga e cerca de 50% da caatinga

(PERNAMBUCO, 2011).

A coleta de dados foi realizada através de registros fotográficos do solo e da vegetação

local.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A falta de políticas públicas destinadas aos pequenos produtores provoca a

necessidade de exploração da natureza para sua manutenção, a qual é realizada através de

práticas de manejo inadequadas dos recursos naturais, levando à exaustão, degradação ou

extinção dos mesmos. De acordo com Rodrigues (1997) as principais causas da desertificação

nesses municípios é o sobrepastejo, desmatamento e manejo inadequado dos solos, onde a

erosão abriu grandes crateras na terra. É grave o processo de salinização do solo,

consequência, principalmente, da implantação pouco cuidadosa de projetos de irrigação.

Município de Floresta – PE

O município de Floresta com área de 3.674,0 Km2, localiza-se na mesorregião do São

Francisco Pernambucano, sua população total estimada é de 31.088 habitantes, sendo sua área

territorial de 737,743 km2 (IBGE, 2013) e Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de

0,626 em 2010. Apresenta como vegetação predominante a caatinga e com trechos de Mata

Atlântica e clima predominante semiárido BShw’ segundo a classificação de Köppen,

precipitação média anual de 500 mm, e temperatura média anual de 27°C (ANDRADE 1999).

O município apresenta extensas áreas degradadas e compõe um dos quatro núcleos de

desertificação do Brasil, o núcleo de Cabrobó (SAMPAIO et al. 2003).No município de

Floresta os processos de desertificação se encontram em estágios bem avançados (Fotografias

1A e 1B). Segundo Galindo (2007), as áreas são ocupadas em sua maior parte por solos com

características propícias aos processos erosivos logo são facilmente degradáveis.

De acordo com Filho et. al. (2001) no município de Floresta ocorrem áreas degradadas

com solos rasos, pedregosos (Fotografia 1B), com mudança abrupta e vegetação com porte

baixo e raleado (Fotografia 1C). Tais fatores concorrem, para processos erosivos mais severos

e empobrecimento da biodiversidade. São áreas consideradas muito degradadas em contínuo

processo de desertificação.

Nessa região a macambira, bromélia comum no Nordeste (Fotografia 1B), facilmente

encontrada na caatinga que em baixos índices pluviométricos, retém água no seu caule e

folhas, o que a torna resistente a longos períodos de seca e estiagem. Quando o pasto se torna

escasso, serve de alimento para criação de animais na região, sendo queimada para eliminar

os espinhos (FERRAZ, 2009). Em anos secos a capacidade da caatinga em fornecer alimento para o gado é diminuída, o que leva à devastação das gramíneas pelos ovinos e bovinos, e à

morte de vários arbustos e árvores em função do caprino passar a se alimentar da casca dos

seus troncos, motivo pelo qual o gado é considerado “desertificado” (LEITE, 2002).

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Figuras 1A a 1D. Áreas em processos de desertificação avançado,

detalhando o solo pedregoso 1B, vegetação de baixo porte composta por

bromélias 1C, que sevem como fonte de alimento para os animais,

principalmente no período de secas. Município de Floresta, PE 2014.

Fonte: Acervo do autor (2012)

Para Silva et. al. (2009) o município de Floresta apresentou decréscimo na área

territorial, revelando que a região está em processo de desertificação por perda de vegetação e

por processos pedológicos, confirmados pelos registros fotográficos realizados na região

(Figuras 1A a 1D).

3.2 Desertificação no Município de Belém de São Francisco - PE

O município de Belém de São Francisco com uma área de 1.830,802 Km2, população

de 20.680 habitantes, e Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDHM de 0,642 em

2010. (IBGE, 2013). O município encontra-se na bacia do rio São Francisco, onde o processo

de salinização se encontra bastante avançado, levando os agricultores a abandonarem as áreas,

quando as crostas de sal se formam na superfície dos solos, ou quando as culturas não

conseguem mais se estabelecer (Figuras 2A, 2B, 2C e 2D). Essas áreas já atingem centenas de

hectares no município (SILVA et. al., 2005).

Apresenta uma forte irregularidade no regime de chuvas, que associada às ações de

degradação do bioma Caatinga, retirada da vegetação, superpastoreio, produção de carvão e

construção de cercas (Figura 2A), vem potencializando a intensificação dos processos

erosivos na região. A pecuária extensiva vem contribuindo para a aceleração dos processos de

desertificação no município, o pisoteio gerado pelo sobrepastoreio e a degradação da

vegetação arbustiva da caatinga, vem retirando a proteção natural dos solos frente aos

processos erosivos (TRICART, 1977).

1 A

A

AA

AA

AA

AA

A

aaa

AA

1B

1C 1D

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Figuras 2A a 2D. A degradação contínua da caatinga vem reduzindo o

número de espécies, sobretudo as arbóreas, Belém de São Francisco,

PE, 2013.

Fonte: Acervo do autor (2012)

A degradação contínua da caatinga vem reduzindo o número de espécies, sobretudo as

arbóreas podendo acarretar na redução da biodiversidade, aumentando a exposição dos solos

aos processos erosivos (Figuras 2A a 2D), e elevando a temperatura de superfície

(OLIVEIRA, et. al., 2005).

3.3 Desertificação no Município de Cabrobó – PE

O município de Cabrobó está localizado na Mesorregião do São Francisco e na

Microrregião de Petrolina, população estimada em 32.596 habitantes, em um território de

1.657,705 km2, detém 64,1% da sua população morando no meio urbano (IBGE, 2013). Em

Cabrobó, onde se pratica irrigação por inundação (Figura 3A), foi encontrado terreno com

sérios problemas de salinização, com a formação de crostas de sal na superfície (Fotografias

3B e 3C).

2A

2C 2D

2B

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Figuras 3A a 3F As principais causas da degradação ambiental são: 3A.

as condições inadequadas de drenagem, 3B e 3C que causam sérios

problemas de salinização, com a formação de crostas de sal na superfície,

3D em função do cultivo continuado de cebola e alho, 3E e 3F gerando

zonas abertas e de solos expostos favoráveis ao processo de

desertificação. Cabrobó, 2013.

Fonte: Acervo do autor (2012)

De acordo com Sampaio et al., 2003, o principal problema apontado por estes autores

é a salinização, em função do cultivo continuado de cebola e alho (Figura 3D), com irrigação

e sem condições adequadas de drenagem (Figura 3A).

Sá e Angelotti (2009) apontam, além do sobrepastoreio e da salinização – em função

do manejo inadequado dos solos – o desmatamento como uma das principais causas da

degradação no núcleo de desertificação de Cabrobó.

A atividade pecuária, muito forte na região, tem historicamente se mostrada muito

impactante, principalmente pelas técnicas de criação de gado, gerando zonas abertas e de

solos expostos favoráveis ao processo de desertificação (Fotografias 3E e 3F). A paisagem em

questão se assemelha a um deserto, não fosse à cobertura vegetal mais alta que se pode ver ao

fundo da fotografia.

3C

3B

3D

3E 3F

3 A

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CONCLUSÕES

A utilização de registros fotográficos possibilitou um estudo das áreas com potenciais

riscos de desertificação no núcleo de desertificação de Cabrobró. As visitas aos referidos

municípios possibilitaram confirmação do nível de degradação dos mesmos, mostrado na

extensa literatura sobre a temática.

Percebe-se que as áreas mais degradadas são aquelas onde se realizam práticas de

irrigação sem condições adequadas de drenagem, que salinizam os solos, bem como aquelas

onde há retirada da vegetação e sobrepastoreio, processos que causam o declínio da

produtividade agrícola produzindo perdas irreparáveis de biodiversidade.

É notório o avanço das pesquisas tanto a nível nacional e internacional, no sentido de

amenizar os impactos sociais da degradação das terras e do processo de desertificação no

Semiárido nordestino, mas, o fato é que as instituições governamentais e outras entidades da

sociedade civil organizada, não levam em consideração as relações entre os sistemas humanos

e os sistemas naturais, que determinam o fenômeno da desertificação.

Em síntese, é importante destacar que, no Semiárido nordestino, a variedade ambiental

e os fatos socioeconômicos, requerem, para as áreas atingidas pelos processos de

desertificação, pesquisas individualizadas e que os seus resultados possam chegar à população

geral em forma de resultados em uma linguagem simples, para que o cidadão nordestino tenha

acesso às informações necessárias, para orientação no combate à desertificação.

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