raul bopp
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8/3/2019 RAUL BOPP
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RAUL BOPP
(1898-1984)
TRECHO DE COBRA NORATO
IUm dia
ainda eu hei de morar nas terras do Sem-fim.
Vou andando caminhando caminhando.Me misturo no ventre do mato mordendo razes.
Depoisfao puanga de flor de taj de lagoa
e mando chamar a Cobra Norato.
Quero contar-te uma histria.Vamos passear naquelas ilhas decotadas?
Faz de conta que h luar.
A noite chega mansinho.Estrelas conversam em voz baixa.
Brinco ento de amarrar uma fita no pescoo
e estrangulo a cobra.
Agora simme enfio nessa pele de seda elstica
e saio a correr mundo.
Vou visitar a rainha Luzia.Quero me casar com sua filha.
Ento voc tem que apagar os olhos primeiro.
O sono escorregou nas plpebras pesadas.Um cho de lama rouba a fora dos meus passos.
(...)
- E agora, compadre,vou de volta pro Sem-fim.
Vou l para as terras altas
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8/3/2019 RAUL BOPP
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onde a serra se amontoaonde correm os rios de guas claras
em matos de molungu.
Quero levar minha noiva.Quero estarzinho com ela
numa casa de morarcom porta azul piquininha
pintada a lpis de cor.
Quero sentir a quenturado seu corpo de vai-e-vem.
Querzinho de ficar juntoquando a gente quer bem bem.
Ficar sombra do matoouvir a jurucutu
guas que passam cantandopra gente se espreguiar.
E quando estivermos esperaque a noite volte outra vezeu hei de contar histrias
(histrias de no-dizer-nada)escrever nomes na areia
pro vento brincar de apagar.