ramos, guerreiro - cadernos do nosso tempo (romero)

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  • 8/17/2019 RAMOS, Guerreiro - Cadernos Do Nosso Tempo (Romero)

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    Sylvio Romero e a mestiçagem

    Interessou-se Sylvio Romero pelo estudo do elemento-negro eminentementedo ponto de vista da história social. É provável que o primeiro documentoque adverte os nossos estudiosos para este assunto tenha sido o ensaio doautor, A poesia popular no Brasil, publicado na "Revista rasileira" !#$%,

     &omo I pág..%%'."É uma vergonha - di( o pol)gra*o + para a cincia do rasilque nada tenhamos consagrado de nossos trabalhos ao estudo das l)nguase das religies a*ricanas". arecia-lhe urgente que se dedicasse aos pretos amesma aten/0o prestada aos )ndios, e a urgncia se e1plicava em virtudede que estavam desaparecendo mo/ambiques, banguelas, mon2olos,congos, cabindas, ca/angues. 3 negro + di(ia - n0o 4 só u5amáquina econômica 6ele 4, antes de tudo, e mau grado sua ignor7ncia, umob2eto de ciência.

    8, levando a s4rio esta advertncia, Sylvio Romero dedicou 9 mat4riapáginas de grande interesse. :a verdade, incorreu em muitos enganos, mas

    a maioria em decorrncia dos instrumentos de estudo que utili(ou, na 4pocamuito precários. 8ntre os autores em que se apóia incluem-se &aine, Renan,r4ville, roca e ;obineau,aquem chamou, com simpatia, "ilustre".

    É compreens)vel, portanto, que Sylvio Romero tenha *ormulado a respeitodo negro pronunciamentos ho2e inaceitáveis. iana' nestes termos? "n0o... constituiremos uma na/0o de

    mulatos, pois que a *orma branca vai prevalecendo e prevalecerá".

    @as esses e outros semelhantes s0o erros da cincia da 4poca e, at4,estereótipos populares vigentes no momento em que viveu Sylvio Romero.Auando, por4m, se estriba em suas próprias observa/es e em sua argBcia,Sylvio Romero acerta quase sempre. 8le *oi, em *ace do tema, umambivalente, pois, apesar das re*erncias mencionadas acima, esbo/ouindica/es *undamentais para o estudo e o tratamento do nosso problemado negro.

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    81plicando por que os estudiosos brasileiros n0o tinham dado aten/0o aocontingente negro disse que ningu4m at4 ent0o se atrevera a isto "comreceio do pre2u)(o europeu, que tem sido um dos nossos grandes males,com medo de mostrar simpatia para com os escravi(ados, e passar pordescendente deles, passar por mesti/o"6 e admirava-se de que a tare*a

    ainda n0o tivesse sido empreendida por "tantos negros e mesti/osilustrados e1istentes no pa)s". :0o lhe escapou tamb4m o aspecto práticodo problema do negro, o qual, a seu ver, e1igia "medidas seguras, e=ca(ese amplas", que "apressassem", "precipitassem", a sua "completaemancipa/0o".

    3 roteiro de estudos sobre o negro, delineado pelo nosso autor, 4, emessncia, válido para os dias que correm. 8i-lo? "Seria preciso estudaracuradamente, sob mBltiplos aspectos, cada um dos povos que entraram na*orma/0o da na/0o atual6 dividir o pa)s em (onas6 em cada (ona analisaruma a uma todas as classes da popula/0o e um a um todos os ramos da

    indBstria, todos os elementos da educa/0o, as tendncias especiais, oscostumes, o modo de viver das *am)lias de diversas categorias, as condi/esde vi(inhan/a, de patronagem, de grupos, de partidos, apreciarespecialmente o viver das povoa/es, vilas e cidades, as condi/es dooperariado em cada uma delas, os recursos dos patres, e cem outrosproblemas, os quais, nesta parte da

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     &ranscrito de Cadernos de Nosso Tempo, G !G'? #%-GGH, 2an.2un.