raizes do brasil

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Sérgio Buarque de Holanda: nascido em São Paulo em 1902. Inicialmente, trabalhou como jornalista e crítico literário e, depois, como professor universitário em História. Publicou Raízes do Brasil em 1936.

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Page 1: Raizes do brasil

Sérgio Buarque de Holanda: nascido em São Paulo em 1902. Inicialmente, trabalhou como jornalista e crítico literário e, depois, como professor universitário em História. Publicou Raízes do Brasil em 1936.

Page 2: Raizes do brasil

Questão central do livro: entender o processo de transição sociopolítica vivido pela sociedade brasileira nos anos de 1930 e, depois, na década de 1940. No livro, quer-se identificar qual passado estava para ser superado e qual futuro embrionário aquele passado histórico continha. O autor examina formas de vida social, instituições e mentalidades, nascidas no passado, mas que ainda fazem parte da identidade nacional.

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Sociedade brasileira: ambígua, porque fruto da colonização europeia, mas que não se amolda bem à sua herança.“A tentativa de implantação da cultura europeia em extenso território, dotado de condições naturais, se não adversas, largamente estranhas à sua tradição milenar, é, nas origens da sociedade brasileira, o fato dominante e mais rico em consequências. Trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas ideias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra.”

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Identidade nacional: seu pilar é a concepção de natureza humana partilhada por portugueses e espanhóis antes e ao longo do processo de colonização. Predominava entre eles a cultura da personalidade, a valorização extremada da pessoa, de sua autonomia em relação a seus semelhantes.O personalismo ibérico recusava as honras àqueles que vivessem de trabalho manual. Este aviltaria a própria dignidade da pessoa: “é compreensível que jamais tenha se naturalizado entre gente hispânica a moderna religião do trabalho e o apreço à atividade utilitária. Uma digna ociosidade sempre pareceu mais excelente... A um bom português, ou a um espanhol, do que a luta insana pelo pão de cada dia.”

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Personalismo ibérico: distingue-se do pensamento inerente ao feudalismo, por valorizar o mérito pessoal. Distingue-se também do individualismo moderno. Enquanto este pressupõe uma igualdade fundamental entre os homens, aquele acentua a desigualdade entre eles como resultado inevitável da competição entre eles.Nesse sentido, compartilhamos uma identidade comum com Portugal.

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Como explicar o sucesso da colonização portuguesa no Brasil? Quais os valores e normas que orientaram a colonização portuguesa em comparação com a de outros povos?Dois tipos sociais: aventureiro x trabalhador.Na época da conquista e colonização, o aventureiro teve um papel mais relevante. Especialmente entre os portugueses, predominou o espírito de aventura: a ânsia de prosperidade sem custo, de riqueza fácil. Os portugueses adaptavam-se às circunstâncias existentes, ou copiavam o que já estava feito. A colonização foi perdulária em relação aos meios de que dispunha. A mesma transitoriedade marcou os ofícios urbanos.

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Esses padrões de conduta encontraram um ambiente material favorável. Assim, por exemplo, o espírito aventureiro só pôde materializar-se em sistema predatório de exploração agrária porque houve a possibilidade de importar negros e porque havia abundância de terras férteis e não-desbravadas.O sucesso da colonização portuguesa decorreu de seu espírito aventureiro e da facilidade com que se adaptaram aos meios existentes.

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Família patriarcal: centro da organização da vida social desde a colônia. Incluem-se em seu círculo os parentes de sangue, agregados, escravos domésticos. O poder paterno é praticamente ilimitado. A propriedade rural como um todo estava submetida à vontade paterna. Através da família patriarcal, a tradição personalista e o espírito aventureiro se aclimataram entre nós.A mentalidade e as formas de vida rurais (valorização do exercício da inteligência por oposição às atividades que requeriam esforço físico) penetraram as cidades em formação, porque os principais ofícios urbanos foram preenchidas por donos de engenho e filhos.

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A família patriarcal tende a absorver intensamente os seus membros na comunidade doméstica (marcadas pelos laços de afeto e sangue, pela reduzida autonomia e senso de responsabilidade de seus membros). A preocupação de Buarque estava centrada nas conseqüências do patriarcalismo sobre o funcionamento das modernas instituições sociais: “a própria gestão política apresenta-se como assunto de seu interesse particular; as funções, os empregos e os benefícios que deles aufere, relacionam-se a direitos pessoais do funcionário e não a interesses objetivos...”. Nota-se, entre nós, uma dificuldade para diferenciar entre o domínio privado e o domínio público.

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Cordialidade: hospitalidade, generosidade, mas também inimizade (formas de comportamento nascidas do coração). A cordialidade se opõe à civilidade, que envolve controlar e esconder as emoções, graças à subordinação do comportamento a regras universais.A cordialidade é uma tentativa de reconstruir fora do âmbito familiar o mesmo tipo de comportamento existente dentro da família patriarcal (busca de intimidade no trato com superiores, horror às hierarquias e à impessoalidade da lei, formas de linguagem, etc.).