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JORNAL IMPRESSO do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA | Ano 2 | Edição 6 | Julho de 2007 | www.metodistadosul.edu.br/sites/universoipa Rádio Guaíba Com uma programação voltada para o jornalismo e o esporte, a Rádio Guaíba rompeu as barreiras do tempo e chegou ao seu cinqüentenário. Ao longo das suas cinco décadas, inovou em diversos segmentos jorna- lísticos, criando identidade com seus ouvintes. Página 6 Ricardo Giusti Violência dentro de casa Heloisa Pacheco Com atendimentos mensais ultrapassando 120 crianças, o Centro de Referência no Atendimento Infanto-Juvenil (CRAI), do Hospital Presidente Vargas, oferece assistência clí- nica e psicológica às vítimas de abuso sexual e maus tratos. Página 5 SAÚDE Biblioteca Pública Devido às reformas que iniciaram em maio de 2007 a Bi- blioteca Pública está funcionando provisoriamente na Casa de Cultura Mario Quintana, onde vai manter o atendimento ao público com parte de seu acervo entre outras atividades. Página 7 HISTÓRIA T4 sofre assaltos diários A linha T4 foi criada pela Carris em 1976 para ligar os bairros da Zona Sul aos bairros da Zona Norte, mas tem sido alvo de assaltos periódicos sem uma ação efetiva da Brigada Militar para resolver a falta de segurança dos usuários. Página 8 POLÍCIA Conheça o porto-alegrês A mistura das gírias urbanas com expressões originárias do interior do Estado resultaram num linguajar típico da Ca- pital gaúcha. Transmitido de geração para geração o porto- alegrês já faz parte de estudos do regionalismo brasileiro. Página 9 CULTURA Web elétrica Corrida pela prefeitura Arquivo / Sehadur Beto Rodrigues Página 13 Projeto da Procempa leva internet via rede elétrica até a Restinga, bairro mais distante do Centro da Capital, e promove inclusão social A disputa para a prefeitura de Porto Alegre será mais acir- rada na próxima eleição, com a participação de três mulhe- res. Luciana Genro, Maria do Rosário e Manuela D’Ávila são nomes fortes de seus partidos para a disputa da Capital. Página 18 POLÍTICA Iberê terá novo lar Grande parte do acervo do artista ficará em exposição permanente na nova sede da fundação, no bairro Cristal. A construção começou em julho de 2003 e está em fase de conclusão. Outras atividades, como cursos e seminários, também farão parte do projeto. Página 11 CULTURA Esporte e cidadania O Porto Alegre Futebol Clube investe em ações sociais e esportivas, ajudando jovens a realizar o sonho de ser jogador de futebol. A intenção é formar atletas cidadãos. Página 14 CIDADANIA Prostituição na zona sul Mulheres entre 15 e 30 anos, com dificuldades financeiras e sem chances no mercado de trabalho, vendem o corpo, todas as noites, nas esquinas dos bairros da Zona Sul. Elas não possuem qualificação para trabalhar em outros meios tendo como única escolha a prostituição. Página 17 GERAL

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Page 1: Rádio Guaíba Web elétricauniversoipa.metodistadosul.edu.br/impressos/2007_1/standard06.pdf · Projeto da Procempa leva internet via rede elétrica até a Restinga, bairro mais

Jornal impresso do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA | Ano 2 | Edição 6 | Julho de 2007 | www.metodistadosul.edu.br/sites/universoipa

Rádio GuaíbaCom uma programação voltada para o jornalismo e o esporte, a Rádio Guaíba rompeu as barreiras do tempo e chegou ao seu cinqüentenário. Ao longo das suas cinco décadas, inovou em diversos segmentos jorna-lísticos, criando identidade com seus ouvintes.

Página 6

Ricardo Giusti

Violência dentro de casaHeloisa Pacheco

Com atendimentos mensais ultrapassando 120 crianças, o Centro de Referência no Atendimento Infanto-Juvenil (CRAI), do Hospital Presidente Vargas, oferece assistência clí-nica e psicológica às vítimas de abuso sexual e maus tratos.

Página 5saúde

Biblioteca PúblicaDevido às reformas que iniciaram em maio de 2007 a Bi-

blioteca Pública está funcionando provisoriamente na Casa de Cultura Mario Quintana, onde vai manter o atendimento ao público com parte de seu acervo entre outras atividades.

Página 7história

T4 sofre assaltos diáriosA linha T4 foi criada pela Carris em 1976 para ligar os

bairros da Zona Sul aos bairros da Zona Norte, mas tem sido alvo de assaltos periódicos sem uma ação efetiva da Brigada Militar para resolver a falta de segurança dos usuários.

Página 8Polícia

Conheça o porto-alegrêsA mistura das gírias urbanas com expressões originárias

do interior do Estado resultaram num linguajar típico da Ca-pital gaúcha. Transmitido de geração para geração o porto-alegrês já faz parte de estudos do regionalismo brasileiro.

Página 9cultura

Web elétrica

Corrida pela prefeituraArquivo / Sehadur

Beto Rodrigues

Página 13

Projeto da Procempa leva internet via rede elétrica até a Restinga, bairro mais distante do Centro da Capital, e promove inclusão social

A disputa para a prefeitura de Porto Alegre será mais acir-rada na próxima eleição, com a participação de três mulhe-res. Luciana Genro, Maria do Rosário e Manuela D’Ávila são nomes fortes de seus partidos para a disputa da Capital.

Página 18Política

Iberê terá novo larGrande parte do acervo do artista ficará em exposição

permanente na nova sede da fundação, no bairro Cristal. A construção começou em julho de 2003 e está em fase de conclusão. Outras atividades, como cursos e seminários, também farão parte do projeto.

Página 11cultura

Esporte e cidadaniaO Porto Alegre Futebol Clube investe em ações sociais e

esportivas, ajudando jovens a realizar o sonho de ser jogador de futebol. A intenção é formar atletas cidadãos.

Página 14cidadania

Prostituição na zona sulMulheres entre 15 e 30 anos, com dificuldades financeiras

e sem chances no mercado de trabalho, vendem o corpo, todas as noites, nas esquinas dos bairros da Zona Sul. Elas não possuem qualificação para trabalhar em outros meios tendo como única escolha a prostituição.

Página 17geral

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� julho de �007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA Opinião

E a vida continua...Final de semestre letivo e

um súbito veranico de junho remetem a arriscarem-se du-as conclusões existenciais, óbvias, mas indiscutíveis: apesar dos pesares, graças a todas as graças, a vida conti-nua – e tudo pode acontecer.

A referência ao semestre é porque é assim mesmo: quem estudou, passou; quem não estudou, levou bomba, e seja qual for o resultado o negócio é seguir a sugestão da ministra do Turismo e aproveitar o que puder das férias escolares, pois a vida não muda seu cur-so – não há como voltar atrás e o único jeito de reparar os er-ros é fazer o certo (e, se possí-vel, melhor) daqui para frente.

E o veranico de junho, quem esperava? Conhecía-mos o de maio, que acabou não acontecendo. Sabíamos

que o inverno estava mesmo chegando antecipado e quem sabe a natureza nem perce-besse e deixasse correr solto até voltar a primavera. Mas não, voltou o calor como se fosse a coisa mais normal, mostrando para gente que o inesperado pode mesmo acontecer, queiramos ou não.

É assim com tudo mais que nos cerca.

Nossa vida pessoal, os estudos, os negócios, as ami-zades, os compromissos, em que pese o melhor planeja-mento e a maior expectativa, podem ter revides que nos decepcionam e nos depri-mem e a vida não vai mudar nenhum milímetro da sua ro-ta. Daqui a pouco, amanhã, mais dia menos dia teremos que aceitar as perdas e, da mesma forma, continuar a vi-ver. Sonhando de novo, pla-nejamento mais uma vez e to-

cando em frente novamente.Como também o que me-

nos ou até nem esperamos, pode surgir do nada, de re-pente, de onde ou de quem tínhamos a menor esperança. Achar algo de valor na rua, ganhar um jantar de graça por ser o milésimo cliente a entrar num restaurante, en-contrar alguém que nem sa-bíamos da existência, receber um elogio de uma pessoa desconhecida, enfim, basta estarmos vivos e disponíveis para um monte de coisa em um segundo passar a fazer parte da nossa vida. Tudo, mas tudo mesmo, pode acontecer.

Pode o time favorito do campeonato não levar a taça, pode o filho em que se apos-tou tanto não querer nada com nada, pode a plantinha aquela tão mirradinha tornar-se a mais bonita do jardim, pode a cor-

rupção deixar de existir, ocor-rer um tsunami no Guaíba, o Barichelo em primeiro lugar, os idosos e as crianças serem respeitados, ninguém jogar li-xo no chão, acabar qualquer tipo de tráfico, os Rolling Sto-nes virem a Porto Alegre, Tom e Jerry pararem de brigar e o Sargento Garcia prender o Zorro, os governos governa-rem e os políticos trabalharem (ou, pior, fazerem ainda me-nos). Tudo pode acontecer, enquanto a vida segue sua jor-nada inexorável.

Por isso, e por esses tem-pos malucos em que vivemos, creio que há duas atitudes adequadas: a do escoteiro – “sempre alerta!” – e a do título de uma música do Chico Bu-arque, “Vai passar”. As coisas vão acontecer, a gente tem que estar prevenido e, se pos-sível, com um plano B. Por que a vida... essa continua.

luís Bustamante

Mais um jornal Standard está chegando nas mãos de vo-cês, leitores, para que possam ter contato com um dos im-pressos orientado e produzido nas disciplinas de Projeto Ex-perimental I e Produção e Planejamento Gráfico I. São alunos do Jornalismo cursando o primeiro semestre matutino e no-turno que receberam o desafio de produzir as pautas, as ma-térias e realizarem a diagramação do jornal. O trabalho não é fácil, mas é satisfatório quando observamos a evolução do grupo de estudantes e, principalmente, a evolução de cada um deles. E, ainda mais quando alcançamos juntos, docen-tes e estudantes, o gosto da tarefa cumprida.

Pautados pela ética e pelo bom senso, os futuros jornalis-tas saíram da sala de aula à procura de suas fontes para a produção das matérias. Acreditamos que o desafio é válido, porque a teoria e a prática da profissão devem caminhar jun-tas e, muitas vezes, a prática chega antes e dificilmente va-mos esquecer os acertos e erros cometidos.

Apesar da atividade, produção dos impressos, ser a mes-ma todos os semestres para os estudantes de primeiro nível, os alunos não são. As experiências são totalmente diferen-tes, há escalas variadas nos níveis de ansiedade e de emo-ção para ver a sua matéria impressa num veículo de comuni-cação, para muitos, pela primeira vez. Os olhos atentos dos estudantes, o interesse que despertamos neles na busca de mais informações, impulsionam os professores do curso a seguir com a formação desses futuros jornalistas.

Hoje, uma das tarefas dos docentes é orientar o estudan-te a administrar a bagagem de informações que recebe to-dos os dias. O profissional da comunicação precisa saber que tem uma missão e uma função: informar-se para infor-mar o receptor (leitor, espectador, ouvinte e internauta).

Uma boa leitura a todos e espero que gostem do que os nossos estudantes fizeram para vocês, leitores.

Profa. Ana Paula Megiolaro | Jornalista – registro prof. 11419

Supervisora Docente da Agência Experimental de Jornalismo / AJor

editorial

Vivemos num mundo, ho-je, onde pessoas matam por um pedaço de pão, brigam e reagem por apenas um boné e acabam perdendo a própria vida. O que dizer disso? Até que ponto isso vai chegar? Questiono-me quando esses absurdos pararão, não que-rendo ser pessimista, mas a tendência daqui para frente tende a piorar, se não tivermos consciência de certas coisas.

Sabemos que as pessoas necessitam se alimentar para sobreviver. Mas não é digno, independente de seus moti-vos que se assalte, que tire a vida de outras pessoas, por isso. Mesmo que estejam pre-cisando alimentar o seu filho, que ele esteja necessitando tomar um leite ou algum re-médio. O que as outras pes-soas fizeram para pagar esse preço? Se a pessoas que as-salta está precisando de di-

Nos próximos 50 anos, a expressão “lar doce lar” poderá certamente ser esquecida. Isso porque o nosso grande lar, o planeta Terra, está começando a sofrer mudanças e a previ-são para um futuro próximo é catastrófica. O que deve ser feito para mudar o rumo dessa história?

Essas mudanças que vêm acontecendo no planeta vão além da elevação da temperatura global, pois todo ecossiste-ma sofre e se desequilibra. Em razão disso,os conceitos da humanidade precisam ser revistos e é ainda mais necessário que atitudes sejam tomadas. Os desastres naturais, como o tsunami, não acontecem por acaso, alguma mudança certa-mente houve naquele local propiciando para que ocorresse is-so. Já em New Orleans, a economia quase quebrou para repa-rar os estragos de uma revolta da natureza, o furacão Katrina. E ainda mais recente, e não menos preocupante do que esses acontecimentos que chocaram o mundo é o caso das geleiras estarem derretendo e engolindo pequenas ilhotas e até mes-mo cidades. Com isso já se fala em refugiados ambientais.

O mundo certamente irá tentando reparar os danos que poderiam ser prevenidos. Especialistas já prevêem que uma entre seis pessoas não terá acesso a água potável em pouco menos de cinco décadas. Esse como outros dados surpre-endentes sobre os efeitos do aumento da liberação dos ga-ses CO2 e CFC’s na atmosfera enchem 700 páginas de um relatório deferido por Tony Blair para convencer os céticos de que o meio ambiente precisa de ajuda para mudar de rumo.

Nesse sentido a mudança deve começar desde agora. Is-so porque os especialistas não são como videntes, pois suas teses são comprovadas, e exemplos para suas teorias infeliz-mente existem. Certamente não queremos presenciar nova-mente os desastres naturais que já vêm acontecendo e que poderão ser ainda piores daqui pra frente. Então, cada um de nós precisa fazer a sua parte para mudar o rumo da história e quem sabe, de certo modo alterar o futuro do planeta.

Um lar não tão doce assim

Camila Batista

A vida não tem preçonheiro, a vítima não tem a mí-nima culpa e, muitas vezes, é morta injustamente.

Em vez de assaltar por que não tentam outras coisas an-tes? De repente porque acham roubar mais fácil que pedir, porque acham que não é justo o outro ter dinheiro e eles não. Por acharem mais garantido que se consiga algo mais rápi-do e que valha mais. Se preci-sarem realmente de alimentos para consumo ou remédios, será que tentam antes de rou-bar ou matar, pedir a alguém contar sua história? Ir em al-gum estabelecimento como padaria, farmácia? Se isso não o fazem, é porque não é bem isso que querem comprar com o dinheiro roubado. Mais in-justo ainda, eu e minha família perder nosso dinheiro que ía-mos gastar com lazer, conhe-cimento, alimento, para ele-mentos que queriam arruinar suas vidas e fazer cada vez mais mal a eles e aos outros

com esse vício que raramente acaba um dia. Com elemen-tos que queriam antecipar su-as mortes. E as vítimas, logo nós que tanto queríamos con-tinuar vivendo.

Se pararmos para pensar, será que todos nós ainda acreditamos no amor, nas ver-dadeiras amizades, no amor presente nas famílias unidas? O mundo está desse jeito tam-bém por falta de amor e estru-tura familiar.

Gostar ia muito que as pessoas entendessem que lhe podem tentar roubar to-das as coisas materiais, mas certas coisas jamais conse-guirão ser roubadas da gente como a cultura, conhecimen-tos, inteligência, nossos valo-res e sentimentos. Como sus-tentava Frei Damião, certos valores e verdades são eter-nos. Pois não serão as coisas materiais que levaremos junto com a morte e sim nossos va-lores e verdades.

Temos de nos dedicar ao interior e não só as futilida-des, comprar as melhores roupas, bolsas, carros, ca-sas, móveis e etc. Tudo isso poderão tirar de nós um dia. Deixem que leve nosso boné, anéis, carro, dinheiro. Como sempre disse meu pai: Vão-se os anéis ficam-se os de-dos. Sairemos ganhando desde que continuemos com a nossa vida, nosso valor maior, não reajamos aos que assaltam, que seqüestram, que roubam. É claro que é horrível nesses momentos nos sentirmos impotente por não podermos fazer nada, enquanto alguém nos mostra uma arma. Enquanto alguém está roubando coisas nossas que levamos anos trabalhan-do e se esfolando para con-quistar. Mas meu caro leito, a vida não tem e nunca terá o seu preço, então melhor que levem tudo da gente e fica-mos com ela, a vida!

Danielle oliveira

Infância econsumo

Este texto começou quan-do um amigo me mostrou o Site da Polly e da Barbie, fi-quei impressionada com o de-sign, funcionalidade e imagi-nando toda a trabalheira que tiveram para produzí-los. De-pois, uma amiga e eu resolve-mos assistir ao tal desenho da Polly na TV, ficamos chocadas e a cada “conversa” entre as personagens, risos, gargalha-das e caras abismadas dignas

de seres catatônicos. Em ou-tro momento, a filha de dois anos de um amigo, pediu para entrar no site da Barbie e da Polly aqui em casa. Apenas dois anos de idade, mal cons-trói uma frase completa, e com o mouse na mãozinha, ela navegou por todo o site nos mostrando as músicas, brincadeiras, isso me chocou.

Ontem uma menina, que diz ter 15 anos, mandou um e-

Dani Koetz

Site: www.sxc.hu

mail me convidando para co-nhecer o site dela, tudo rosa e apenas frases soltas do estilo “Não vivo sem meu cabelerei-ro”, “Sou Patty e daí”, “minha vida é no shopping”, “Amo cartão de crédito”. Hoje a filha de nove anos de outro amigo pediu um óculos Gucci “para o verão”.

Depois fiquei pensando sobre tudo isso. 15 anos de idade e ela pensa que a vida é “malhação” ou “Rebelde”, pobre ser, fiquei com vonta-de de dar um livro para ela. Uma criança de nove anos pedir um óculos Gucci? Co-mo assim?

Mas tudo começa na in-fância, a “imaginação” sugeri-da às crianças e meninas de hoje, é totalmente ligada ao consumo, a Polly é a cópia em desenho da Paris Hilton, ela é herdeira de um hotel, chama amigas para festas na piscina, compras no shopping e tudo que você imaginar que o di-nheiro e o status possam com-prar ou produzir. Em nenhum

momento a referência ao estu-do, de qualquer forma, é mos-trada. Onde estão as brinca-deiras, sonhos criativos e a fantasia?

Estamos criando monstros consumistas inócuos que crescem acreditando que vo-cê é o que tem e não o que pensa? Não vejo mais as cri-anças de hoje assistindo aos clássicos desenhos de outro-ra, como Caverna do Dragão, salvo alguns que viram e le-ram Harry Potter ou então vi-ram a coleção “Vaga-lume” na escola. Ok, tudo muda, eu entendo.

Talvez por sonhar em ter fi-lhos no futuro, tenho visto isso de outra forma, mas agora me choca muito ouvir uma crian-ça em alguma brincadeira di-zendo “Eu sou a Polly”. Claro, faz parte da imaginação infan-til, mas era tão bom subir em uma árvore para ler um livro, era tão bom não precisar de mais nada além de um amigo para uma aventura no pátio, na rua.

IPA - Instituto Porto Alegre da Igreja Metodistaconselho diretor: Presidente, Laan Mendes de Barros; Vice-presidente, Ricardo Hidetoshi Watanabe • secretária: Márcia Flori Maciel de Oliveira Canan • conselheiros: Vilmar Pontes da Fonseca e Maria Flávia Kovalski.

Centro Universitário Metodista IPAreitora: Adriana Menelli de Oliveira pró-reitor acadêmico: Francisco Cetrulo Neto

Jornal elaborado por estudantes do1º semestre do curso de Jornalismo iPAcoordenação do curso de jornalismo

Laura Glüer

professores(as)Ana Paula Megiolaro, José Valentim Peixe, Lisete Ghiggi, Maria Cristina Vinas, Rogério Soares e Valéria Deluca Soares

projeto experimental i e produção e planejamento editorial e gráfico ieditores chefes: Ana Paula Megiolaro, Laura Glüer e Valéria Deluca Soares ajor - agência experimental de jornalismo

finalização e montagem: Carlos Tiburski • distribuição: Leonardo Ferreira e Thays Leães • revisão: Ana Paula Megiolaro • contato ajor: Rua Dr. Lauro de Oliveira, 71 - Rio Branco - Porto Alegre/RS - CEP: 90420-210 - 51 3316.1269 e [email protected] • impressão: Zero Hora (3.000 exemplares)

Agradecimento especial ao Juska pelas ilustrações

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Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA julho de �007 3Economia

Goteiras no centro da Capital

Caminhar pelo centro de Porto Alegre, entre prédios e lu-gares históricos, remete a tem-pos antigos cheios de charme. Mas a sujeira e o descaso com a área central da cidade tira o brilho do antigo Porto dos Ca-sais. Instalações irregulares de ar-condicionados, gerando go-teiras nas calçadas, são algu-mas das reclamações mais fre-qüentes de quem por lá passa.

Goteiras provocadas por ar-condicionados atrapalham e incomodam os pedestres. Ruas tradicionais da cidade, como Borges de Medeiros, Salgado Filho e Riachuelo, apresentam o problema que passa desapercebido para quem não caminha por lá. A

cia, um agente da fiscalização vai até o local e verifica se exis-te a irregularidade. Caso com-prove, o proprietário tem 15 dias para regularizar a instala-ção ou comparecer à SMOV para dar explicações. Porém, se o problema persistir ou ele não comparecer à secretaria, a multa será aplicada. A secreta-ria recebe mais denúncias du-rante as estações quentes, de-vido o uso mais constante dos aparelhos. Nos meses de ve-rão, a média chega a dez de-núncias por mês e no inverno elas quase não ocorrem.

empregada doméstica, Solan-ge Rodrigues, que trabalha no centro da cidade, comenta que “as goteiras são um nojo, me causam um grande des-conforto, pois nunca sei se são goteiras ou até mesmo urina”.

Segundo a Lei Complemen-tar nº 12, artigo 18, parágrafo sétimo, de 07/01/1975, “é proi-bido nos logradouros públicos, deixar cair água de aparelhos de ar-condicionado sobre os passeios”, com multa que varia conforme o grau da infração. A Secretaria Municipal de Obras e Viação (SMOV), órgão res-ponsável por fiscalizar esta irre-gularidade, só atua com de-núncias para este tipo de caso.

Quando ocorre uma denún-

marcelus augusto B. Trois

O proprietário de um con-sultório médico próximo à pra-ça Dom Feliciano, Luís Oliveira, tem seu ar-condicionado com essa irregularidade. Ele comen-tou que não havia percebido o problema, pois não costuma circular a pé pela região. Mas ao se deparar com a questão, pro-meteu regularizar a instalação do aparelho para não causar mais incômodos aos pedestres e evitar problemas futuros.

As denúncias podem ser feitas pelo telefone 3289 8825 ou na Borges de Medeiros 2244, terceiro andar.

Marcelus Augusto B. Trois

Goteiras obrigam os pedestres a desviar das poças

Brique da Redenção, Mercado do Bom Fim e Lancheria do Parque, lugares de tradição no Bom Fim

Do intelectual ao alternativo No bairro Bom Fim, três lu-

gares não passam desaperce-bidos, a Lancheria do Parque, o Brique da Redenção e o Merca-do do Bom Fim. São estabele-cimentos da região que ganham destaque a cada ano e rece-bem pessoas de todas as ida-des, turistas e muitas personali-dades da música gaúcha e bra-sileira, assim como, políticos.

A “Lanchéra”, como os fre-qüentadores costumam cha-mar, é ponto de encontro de diversas tribos, independente-mente de horário. Pois funciona nos três turnos do dia. Oferece almoço e janta, pois, não pára. Abre o buffet às 11 horas e só termina de serví-lo às 21 horas, para satisfação de quem não tem tempo de ir ao supermer-cado ou similares.

O estabelecimento conta com a presença assídua do vocalista do Graforreía Xilar-mônica, Frank Jorge, que fre-qüenta o lugar no período ma-tutino. “Lembro-me de conver-sar com o falecido vereador Isaac Ainhorn, morador conhe-cido no bairro. A Lancheria tem isso, pessoas de todas as ca-madas, desde o azulzinho da EPTC até personalidades co-mo Ainhorn”, comenta.

Antes de festas, a “Lanché-ra” vira ponto de encontro de jovens, para celebrar o “aqueci-mento” (alternativa criada por adolescentes para se reunirem para ir à festa). Como lembra o vocalista dos grupos musicais RC6 e BackDoor’s Band, Gil-berto Six, “é o lugar que eu mais curto. Na verdade, é o lu-gar que eu sempre freqüentarei antes de tocar”, ao destacar a

tradição noturna do lugar. Outra atração é o Brique da

redenção, antigamente chama-do de Mercado de Pulgas. O brique abriga, atualmente, 120 bancas que expõem artesana-tos, antiguidades e gastrono-mias da região e de outros Es-tados. “Já faz parte da minha vida. E o que eu mais gosto é a diversidade cultural que pode-mos encontrar, além de bons produtos artesanais para se adquirir”, diz morador há trinta anos da região, João Silveira.

Os domingos são preenchi-dos com apresentações de companhias de teatro de rua, rodas de capoeira, comedian-tes de praça e artistas de rua. Nos sábados, há, também, a Feira de Agricultores Ecologis-tas (FAE), que conta com pro-dutos ecologicamente tratados e cultivados com o mínimo pos-sível de agrotóxicos, e que fun-ciona até o meio-dia. A partir das 13 horas, dá-se início a ou-tro evento, com diversas amos-tras de artesanatos e pinturas.

Ao lado da Redenção, está o Mercado do Bom Fim. No fi-nal da década de 70, os bares do mercado eram freqüentados por um público diferente, pes-soas que, hoje, são pais e que comentam com os seus filhos sobre a realidade que contrasta com a do passado. Por exem-plo, a família Lippold, onde Wal-ter (filho), historiador, e Ricardo (pai), artesão que viaja pelo Bra-sil e pelo exterior, atualmente, freqüentam o mercado juntos, quando podem: “É o lugar que eu freqüentei e que meu filho freqüenta, que quando pode-mos vamos juntos para beber”.

Mbyás e Caigangues no briqueAos sábados e domingos,

no Brique, se aproxima da ci-dade a cultura indígena da tri-bo Mbyá Guarani e Caigan-gue. Que vêem se adaptando ao sistema econômico atual.

Os Mbyás Guaranis são nômades e percorrem em ci-clo boa parte do território na-cional e exterior. Partem do Rio

Grande do Sul, passam pelos Estados de Santa Catarina, Pa-raná, São Paulo, Espírito San-to e Rio de Janeiro. Após, aces-sam o Paraguai, Argentina e Uruguai, e retornam ao Rio Grande do Sul. Esse movimen-to representa um ciclo vital pa-ra os indígenas Mbyás.

A adaptação ao mercado

ocorre em conjunto com outra tribo, a Caigangue, que me-lhor desenvolveu a habilidade artesanal com conhecimentos sobre o mercado capital. Os trabalhos vão de cestas e ba-laios, a esculturas de vicho ranga (bichinhos), que repre-sentam os animais da mata, como onça, tucano e corujas.

Revitalização

O Mercado do Bom Fim sempre foi um dos pontos preferidos de encontro da ju-ventude. Nos últimos anos, po-rém, começou a sofrer grande decadência, com muitas lojas desocupadas. O projeto está em pauta na prefeitura Munici-pal de Porto Alegre, mas ainda não saiu do papel.

A revitalização do Mercado do Bom Fim vem sendo discu-tida há várias gestões, mas não se concretiza devido a en-traves judiciais e demora nas licitações para a abertura das lojas fechadas. O assessor jurí-dico da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Co-mércio (SMIC), Guilherme Can-tori, explica: “A partir de 2006, tentamos reestabelecer o co-mércio local. Apenas 14 lojas estão em atividade, a maioria está desocupada”. Sobre a ampliação de segmentos no mercado, a prefeitura tem a idéia de abrir um estabeleci-mento no ramo gastronômico.

Pelo lado dos comercian-tes, as promessas da prefeitu-ra são vistas com desconfian-ça e até certo descrédito. “O que nos falta é atenção da pre-feitura, pois faz mais de cinco anos que prometem reabrir as lojas e as promessas não sa-em do papel”, reclama o pro-prietário da petshop Bichos e Cia, André Sangineto. “Apre-sentamos uma proposta dos permissionários de reestrutu-ração do mercado, estamos aguardando”, complementa o empresário.

Gustavo Nunes

Diversidade cultural no Brique da Redenção movimenta os finais de semana no Bom Fim

Gustavo nunes e Telmo motta

matheus Correa

Centro de Porto Alegre. Milhares de pessoas de um lado para

o outro. Muitos sebos. Estes acabam passando despercebidos

por olhos menos atentos. Esquece-se que o coração da cidade

não vive só de mendigos, mau cheiro, etc. Existe cultura a ofe-

recer para quem anda pelas ruas apinhadas de gente.

Quem anda pelo Centro, nota um grande número de sebos,

nome popular dado às livrarias e afins que comercializam pro-

dutos usados, esses têm características em comum. Mas que,

também, diferem dependendo do perfil do estabelecimento. O

sócio majoritário e gerente da Ladeira Livros, Mauro Scheuer

Messina, 39 anos, demonstra bem isso quando diz que não se

sabe com que tipo de pessoa se está lidando nesta área da

ciddade. “O cara pode ser da Al-Qaeda. Assim como pode ser

tri gente fina”, afirma.

Como qualquer consumidor, quem compra livros, também,

compra por compulsão. É nisso que aposta o comerciante quan-

do em seu negócio a vitrine é dividida entre clássicos e livros

de auto-ajuda.

Conforme fontes, no mundo inteiro as zonas centrais das

diversas metrópoles vivem em crise. Há uma concentração de

sebos nessa região da cidade, que vivem de livros velhos com

muito valor emocional, cultural e histórico. No entanto, de valor

monetário muito aquém dos best-sellers recém lançados. Esses

recheiam os bolsos da indústria literária. Não é coincidência

que as livrarias de marca estejam quase que em sua totalidade

nos shoppings.A estudante de direito, Giana Barichello, 18, é assídua fre-

qüentadora das livrarias. O que mais a atrai são os preços con-

vidativos e o ambiente lúdico encontrado nos sebos. Mas existe

o lado ruim. Por vezes, há mau atendimento ou como Barichello

fala: “Já me fizeram de palhaça várias vezes”. O também estu-

dante de direito, Pedro Martins Filho, 19, não é um habitué do

mundo livreiro, mas ter trabalhado durante quase um ano em

um escritório advocatício naquela zona da cidade, fez com que

esta característica dos sebos ficasse marcada. Ele destaca o

Beco dos Livros, referência nacional, que ficou famoso por ter

sido apontado por Paulo Betti como a melhor livraria do país,

em entrevista ao Jô Soares.

rodrigo ramos

sebos: centro resPira livros

Camelôs em busca de espaçoO que poderia ser solução

dos problemas para os came-lôs de Porto Alegre, se mostra agora uma questão a ser solu-cionada pelo executivo. O pro-jeto que cria o Centro Popular de Comércio (CPC), aprovado em 2006, encontra restrições da Associação Gaúcha Autô-noma de Vendedores Profis-sionais (AGAVP).

A presidente da Câmara

eduardo amaral de Vereadores, Maria Celeste (PT) diz que “O projeto veio para regulamentar a profissão e proporcionar um espaço fixo para localizá-los”. Porém al-guns aspectos não contem-plam o que os camelôs que-rem. Para a AGVP, os proble-mas começam em como o local está projetado. O CPC fi-caria em uma estrutura com as lojas a sete metros do chão, dificultando o acesso dos cli-entes. Há polêmica no fato

das bancas terem uma área de apenas 2m², o que impedi-ria o revezamento entre os fa-miliares dos donos das ban-cas durante o atendimento.

Os camelôs propõem a de-marcação das bancas na Pra-ça XV, com a oferta de um lo-cal razoável, para desempe-nharem suas atividades de graça. Isso porque as bancas do CPC trariam um gasto para os comerciantes, que paga-riam pelo local.

O presidente da AGAVP, Evaristo Matos esteve na Câ-mara de Vereadores no final de março, para pedir altera-ções na legislação. Ele solici-ta a criação de uma comissão para acompanhar a constru-ção do centro. A AGAVP ten-ta uma audiência com o se-cretário Idenir Cecchim, da Secretaria da Produção In-dustria e Comércio (SMIC). Ele ainda não teve horário pa-ra recebê-los.

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4 julho de �007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA EconomiaA

ndreza Fiuza

rubi: a Moeda do rubeM berta

Em busca de soluções para melhorar a qualidade de vida dos moradores do bairro Rubem Berta, Zona Norte de Porto Alegre, foi criado um projeto chamado “Mudando a Cara”. Houve a implantação de uma circulante local que funciona en-tre os membros cadastrados. A moeda recebeu o nome de Rubi em votação pe-la própria comunidade. O objetivo é fazer com que todo o tipo de comércio possa utilizar essa cédula como dinheiro real.

O projeto conta com o apoio do Institu-to Strohalm de Desenvolvimento Integral (Instrodi), que produz essas cédulas na Holanda. Há cédulas de um, dois, cinco e dez Rubis que equivalem ao valor do Real. O cadastro na Associação de Moradores do Conjunto Residencial Cohab Rubem Berta (Amorb) pode ser feito por comer-ciantes e autônomos que entram no guia de Serviços, além das pessoas que quei-ram fazer parte da “Feira do Rubi”.

A feira tem como finalidade integrar pes-soas da comunidade, sendo uma excelente opção para as pessoas que estão sem ati-vidades, desempregados ou que querem auxiliar no orçamento com uma renda ex-tra. Essa acontece aos sábados ao ar livre na avenida Adelino Ferreira Jardim, próximo ao final da linha do ônibus T-6.

A implantação de um circulante local, junto ao projeto, trouxe benefícios à comu-nidade, como a revitalização dos prédios da Cohab que está sendo feita por pesso-

as inclusas no Guia de Serviços. O proces-so acontece através de um “consórcio”, onde cada unidade habitacional paga 12 parcelas mensais de 20 reais. Atualmente, o bairro possui 38 prédios pintados.

É indispensável que se saiba que antes desse projeto não existia nenhum tipo de atividade, mesmo informal, que favoreces-se a capacidade produtiva dos moradores do bairro. “É um projeto social que empol-ga a gente de alguma forma, poder cola-borar para melhorar um pouquinho a vida de cada pessoa. Isso é gratificante. Um re-torno que recebemos”, diz o aposentado e voluntário, Raimundo Vieira Azevedo.

Esse projeto comunitário possui um Comitê Gestor, constituído pela capela da Igreja Madre Tereza, Instituto Instrodi e pela Amorb, que é coordenada por Paulo César Santos. Para auxiliar no desenvol-vimento empresários podem efetuar in-vestimentos de recursos financeiros para a sustentabilidade do Projeto, bem como doação de produtos que sejam vendidos a Rubi. A comunidade-alvo participa das ações do Projeto, envolvendo-se direta-mente no processo de desenvolvimento. O governo, apoiando as estratégias me-todológicas no bairro e disponibilizando recursos humanos e financeiros. A socie-dade civil organizada exerce o voluntaria-do em uma comunidade carente de re-cursos, apoio e atenção, realizando doa-ções de produtos e materiais.

O aposentado e voluntário, Raimundo Vieira Azevedo na Feira do Rubi

Gabriella Cardoso e andreza Fiuza

Feiras atraem por qualidade e preço

Comércio movimenta economia com valores atrativos

Pioneira no território na-cional desde fevereiro de 2005, e tendo sido referência para São Paulo, as Feiras Mo-delo oferecem a alternativa do uso de cartões de crédito pa-ra facilitar a vida dos clientes e dos comerciantes. Os cartões aceitos são Visa, Master Card, Visa Net e Banricompras. A tecnologia utilizada é a Gene-ra l Packet Radio Serv ice (GPRS), que dispensa a de-pendência da energia elétrica

e a linha telefônica. “Para este sistema, criamos uma moeda paralela ao Real. Chama-se Circulante”, explica o comer-ciante e, também, presidente da Associação das Feiras Mo-delo de Porto Alegre, Giovani Oliveira. “O usuário vai até o quiosque, instalado na própria Feira, com o cartão da sua preferência e retira o valor de-sejado, em Circulante”, com-plementa Oliveira. Das 30 Fei-ras existentes, 15 possuem

esse sistema.Segundo o presidente, a

Associação dispõe de uma as-sessoria jurídica que cuida das questões legais da circulação dessa moeda, para que sejam evitados os riscos de falsifica-ções. “Na Associação temos uma pessoa que cuida dos de-pósitos nas contas bancárias dos feirantes. As instituições bancárias com quem trabalha-mos são o Banrisul e o Banco do Brasil”, explica.

Produtos frescos e preços atraentes para os consumidores

Pioneirismo no território nacional

Beto rodrigues

Simpáticas e generosas em preços e qualidade. Assim são conhecidas as Feiras Mo-delo por seus freqüentadores. Em diversos bairros de Porto Alegre, oferecem variedades em hortifrutigranjeiros e pro-dutos coloniais. Com periodi-cidade semanal, de quartas-feiras a domingos, participam das feiras produtores rurais, associações de produtores e comerciantes, aprovados em processo de seleção pública.

“As primeiras Feiras Livre datam dos anos 60. Na déca-da de 80, começaram a ser controladas pela SMIC (Secre-taria Municipal de Produção, Indústria e Comércio) e, em 1991, passaram a chamar-se Feira Modelo de Porto Alegre”, esclarece a coordenadora da Seção de Licenciamento de Atividades de Ambulantes da SMIC, Irapuama May.

Ao todo, são 30 feiras. Des-sas, quatro são ecológicas e montadas aos sábados e do-mingos nos bairros Bom Fim, Menino Deus, Tristeza e Flo-resta. As feiras ecológicas se diferem pelo fato de colocarem à venda produtos orgânicos, com preços diferenciados. Pa-ra fazer parte dessa feira, é ne-cessário apresentar um laudo atestando que os produtos são realmente ecológicos.

A Feira Ecológica do Bom Fim, que funciona aos sába-dos das 7 às 12 horas, é a maior em quantidade de co-merciantes. Nas demais feiras,

a maioria dos comerciantes compram os seus produtos na Central de Abastecimento Sociedade Anônima (CEASA) para revendê-los.

A visão dos clientes em re-lação às Feiras Modelo é muito positiva. “Os preços são mais acessíveis e os produtos são fresquinhos e selecionados. Além disto, a feira fica bem per-tinho da minha casa. O pessoal é muito bom. Eu venho aqui faz muito tempo”, comemora a aposentada Maria Lúcia, 57 anos. Ela reside na rua Santo Antônio, circuvizinhança da fei-ra que se instala aos sábados na rua Irmão José Otão.

A servidora pública, Luciara Spanquiado, que está utilizan-do a Feira pela primeira vez, diz estar gostando: “se encon-tra mais variedades e preços em relação aos supermerca-dos”. A pedagoga, Cláudia Fernandes, sintetiza: “é muito astral, muito bom. Por isso ve-nho aqui há dez anos”.

Elas acontecem de quar-tas-feiras a domingos, das 7 às 21 horas, conforme a pro-gramação de cada bairro. Mais informações podem ser obtidas nos telefones 51 3227 5288 (Associação das Feiras Modelo de Porto Alegre) e 51 3289 4710 (SMIC).

Chega à Capital novo conceito de shopping

Com conclusão prevista para agosto de 2008 o novo shopping da Capital promete inovações como centro de convenções, área externa avarandada com vista para o Guaíba, prédio de escritórios, duas torres residenciais, um hotel e um apart-hotel. Loca-lizado às margens do Guaí-ba, próximo ao antigo Esta-leiro Só e junto ao Hipódro-mo no Cristal, o shopping tra-rá inovações, ainda, desco-nhecidas ao público brasilei-ro. Além de promover inova-ções e trazer entretenimento, o novo empreendimento irá

gerar 3 mil empregos diretos e 4 mil indiretos, além de mil empregos, ainda, na fase de construção.

Com mais de um km² de área o novo empreendimen-to, promete colocar Porto Ale-gre e, especialmente, a região sul da cidade, em outro pata-mar, trazendo para a região o que há de mais inovador no ramo de Shoppings Centers. O projeto será o que se cha-ma de projeto multiuso: além do shopping, com lojas, ser-viços e entretenimento, o complexo vai integrar um pré-dio de escritórios, duas torres

residenciais, um hotel e um apart-hotel. Esses outros em-preendimentos serão cons-truídos após a inauguração do shopping.

Com investimentos de aproximadamente R$ 300 milhões, o shopping tem tudo para repetir o sucesso do em-preendimento homônimo, no Rio de Janeiro. Segundo a Multiplan, os dois projetos são parecidos em termos de conceito. O BarraShopping-Sul vai contribuir para o de-senvolvimento da região, as-sim como o BarraShopping carioca impulsionou o cresci-mento da Barra da Tijuca, ho-je um dos bairros mais mo-dernos e dinâmicos do Rio.

Porém, o novo centro co-mercial da Capital enfrentará problemas. Um dos mais re-levantes é a localização de outro grande shopping da ci-dade, o Praia de Belas Shop-ping, situar-se relativamente perto de onde será o Bar-raShopping. Outra complica-ção pela qual passa o novo shopping é a polêmica gera-da junto aos lojistas gaúchos. A Câmara de Dirigentes Lojis-tas de Porto Alegre (CDL) afir-ma que os preços cobrados pela administração são muito caros. A própria CDL tentou convencer o shopping a bai-xar as taxas, mas até o fe-chamento da reportagem não havia um acordo.

A receita de sucessoCamila aquino e Danielle oliveira

Uma zona residencial rode-ada por uma extensa área ver-de, esse é o bairro Boa Vista. Além de sua bela arquitetura e urbanismo o bairro é conheci-do por seus deliciosos lanches vendidos na rua.

É na rua Anita Garibaldi em frente a um dos maiores con-domínios do bairro, o Quinta da Boa Vista, que encontramos a famosa towner do Paulinho. O cachorro-quente feito por Pau-lo Aquinel Oliveira Matias é tão gostoso que os seus clientes criaram uma comunidade no site de relacionamentos Orkut. E o lanche não agrada apenas os jovens internautas, o local virou um ponto de encontro de diferentes faixas etárias.

O comerciante acredita que o segredo para esse sucesso está em se trabalhar com o que se gosta. “Gosto muito do cír-culo de amizade que acaba se formando, de poder conhecer

bastante gente, de tomar chi-marrão com os clientes que se tornam meus amigos e de ou-vir que o meu cachorro-quente é o melhor”, ressalta Paulinho. O vínculo que ele estabelece com os clientes é tão significa-tivo que um deles, Evandro Schuster, desloca-se do bairro Cristo Redentor, onde mora, até a towner praticamente todo dia, no final da tarde, para se encontrar com os amigos.

E as delícias do bairro Boa Vista não param aqui. Jairo da Rosa Machado vende pipocas, algodão-doce e sorvetes. Há 16 anos trabalha na frente do colé-gio Monteiro Lobato. Ele, como o Paulinho, diz gostar de ter a clientela sempre renovada. “A minha pipoca é considerada a melhor do Brasil”, brinca Jairo, ao contar que uma de suas clientes que experimentou pipo-cas de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, afirma que de

todas a dele é a sua preferida. Machado se diverte com as his-tórias que ouve e vê pela rua.

A diferença entre os dois comerciantes é que Paulo tem um ponto fixo e Jairo trabalha em dois lugares, aos finais de semana ele está no parcão. E um fato curioso comum na his-tória dos dois é que Paulinho não gostava de comer cachor-ro-quente, mas depois que começou a vender, aprendeu a apreciar e, hoje, chega a co-mer três vezes ao dia.

Enquanto Seu Jairo não gosta muito de comer pipoca porque acabou enjoando. “Lo-go que comecei a trabalhar com isso, eu vendia uma pa-nela de pipoca e comia a ou-tra. É até melhor que eu não goste porque assim tenho me-nos prejuízo”, ri e comenta. Ambos os vendedores traba-lham com prazer e essa pare-ce ser a receita do sucesso.

Gabriel marquez e rafael alves

Maquete virtual simulando o espaço onde ficará o shopping

Agência Estilo Comunicações

Beto Rodrigues

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Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA julho de �007 5Saúde

Formadas por equipes multidisciplinares, as comissões in-tra-hospitalares de captação de órgãos e tecidos para trans-plantes do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) atuam em plantão 24 horas e abordam os familiares de pacientes que foram ao óbito para consentimento em relação a doações.

Um único doador pode ajudar a pelo menos 25 pessoas que necessitam de órgãos transplantados e é por isso que o GHC desenvolve a campanha “Ajude o próximo”. Cerca de 1% das pessoas que morrem são doadores em potencial, entretanto a doação pressupõe certas circunstâncias especiais que permi-tam a preservação do corpo para o adequado aproveitamento dos órgãos. Um órgão pode ser aproveitado quando ocorre a morte encefálica, isto é, em decorrência de um acidente que ocasiona algum tipo de dano na cabeça. Uma lesão irrecuperá-vel do cérebro após traumatismo craniano grave, tumor intra-craniano ou derrame cerebral. É possível, também, a doação de vivo para vivo e entre parentes, como, por exemplo, de rim e parte do fígado.

Depois que a família consente, a comissão aciona a Central de Transplantes do Estado do Rio Grande do Sul, que manda uma equipe ao hospital para a retirada dos órgãos. Todo pro-cesso é realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “O doa-dor, tanto vivo como em óbito, deve de ter acima de 18 anos de idade e ter um histórico médico considerável”, afirma a médica Denise Hide Alcaraz, coordenadora da campanha e do centro cirúrgico.

Não podem ser considerados doadores pessoas portadoras de doenças infecciosas incuráveis, câncer ou doenças que pela sua evolução tenha comprometido o estado do órgão. “Para as pessoas que desejam ser futuros doadores é importante que seja comunicado a família ou que se registre em docu-mento oficial. Sem o documento ou a autorização de parentes próximos não é possível a doação”, diz o neurologista Ricardo Enrico Perini.

Abuso sexual ameaça crianças

Desde 2001, o Centro de Referência no Atendimento In-fanto-Juvenil (CRAI), localizado no Hospital Infantil Presidente Vargas, atende crianças víti-mas de abuso sexual e maus

tratos. A iniciativa foi do Minis-tério Público, Prefeitura Muni-cipal, Delegacia da Criança e do Adolescente (DECA) e do próprio hospital. A idéia surgiu da falta de um lugar único e

público, onde as famílias pu-dessem ir, sem precisar se diri-gir a inúmeros postos de aten-dimento, ou seja, era necessá-rio centralizar a assistência.

A principal preocupação do CRAI é com a saúde da criança. Para isso, conta com uma equipe especializada na área. São dois pediatras, qua-tro médicos peritos, três as-sistentes sociais, três psicólo-gos, dois auxiliares de perícia, uma enfermeira e um policial civil que presta serviços até as 18 horas.

Segundo o assistente so-cial e coordenador do CRAI, Jarbas Pitaguary Machado Pi-res, as situações de violência sexual ocorrem a partir dos 12 anos. Entre elas, o número de meninas vítimas supera o do sexo oposto. A média de aten-dimentos no mês é de aproxi-madamente 120 crianças.

Em um ano foram registra-

dos mais de mil casos. A maior incidência de abusadores são pais e padrastos. Os dados comprovam que 80% das vio-lências são cometidas por pes-soas conhecidas da família.

Pires informa que um dos casos mais chocantes foi de um menino que aos seis anos sofria abuso sexual com pe-netração anal por um vizinho de 27 anos. Ressalta que tra-balhar com violência é com-plexo, “mas sempre estamos instigados a tentar”.

Ele afirma que o ideal é a prevenção, através de campa-nhas publicitárias para crian-ças ainda pequenas, onde se aborde assuntos relacionados ao sexo. Isso porque, a crian-ça entre três e seis anos não reconhece o abuso. “E quan-do acontece, ela considera como um carinho, ainda mais vindo do pai ou do padrasto”, finalizou.

Heloisa pacheco

Presidente Vargas: atendimento a crianças vítimas de abuso sexual

Heloisa Pacheco

Integração no São Pedro Oficinas beneficiam pacientes psiquiátricos e comunidade em geral

Márcia Dihl

Hospital Psiquiátrico tem suas portas abertas para integração da comunidade em trabalhos com pacientes

O Hospital Psiquiátrico São Pedro ainda é tratado com preconceito pelos moradores de Porto Alegre. O chamado “depósito de loucos”, no en-tanto, tem muitas funções so-ciais e importantes, que refle-tem na vida dos pacientes. Ofi-cinas como Reciclagem e Cria-tividade, marcam presença no complexo hospitalar, dando atividades ocupacionais para pacientes e comunidade.

A oficina Nise de Oliveira, criada em 1990, tinha como proposta atender apenas os moradores do São Pedro, mas mudou o seu foco. Com a abertura do hospital para a co-munidade tornou-se um espa-ço de manifestação para várias pessoas, não necessariamen-te internadas. “Essa abertura para a comunidade teve como benefício a desmistificação da loucura”, diz a psicóloga e co-ordenadora da oficina, Gisele Sanches. A oficina está adqui-rindo, ainda, um status de pes-quisa na área de evolução da saúde mental, pois contém um acervo, que apesar de precá-rio, armazena todas as obras realizadas por pacientes em

17 anos de existência.O funcionamento do espa-

ço é diário, sendo realizado to-das as manhãs, nas terças e quintas-feiras à tarde. Existem também as oficinas de reapro-veitamento de papel, xilogravu-ras e escrita. Eventualmente, os trabalhos são expostos den-tro ou fora do hospital. Sanches ressalta ainda a questão da fal-ta de material (tintas, pincéis) e de recursos humanos como ar-tistas plásticos. Está sendo promovido um almoço com a intenção de arrecadar fundos para a compra de materiais.

Outra forma de terapia ocu-

pacional encontrada no hospi-tal é a área de reciclagem, ini-ciada em 2000, com a inten-ção de implantar o exercício social do trabalho junto com a geração de renda, não só pa-ra pacientes como, também, para moradores da comunida-de São Pedro. O coordenador técnico e psicólogo, Alexan-dre Baptista, conta com ajuda da terapeuta ocupacional, Joa-na Helena Coelho e a adminis-tradora e responsável finan-ceira Virgínia Correa.

Todos trabalhadores pas-sam por um período de experi-ência. O salário mensal depen-

de das vendas efetuadas, con-firma Correa. O material doado por Instituições é separado e fardado para ser vendido. Do dinheiro recebido é feito o paga-mento dos funcionários além de reparos, como, a gasolina do veículo que arrecada material.

A oficina de costura atua na produção de roupas para os pacientes, crochê e borda-dos em panos de prato e acessórios com “fuxico”, que são realizados por habitantes da morada São Pedro. Os em-pregados recebem salário fi-xo, não importando a quanti-dade produzida.

Cássio machado

Thaís Medeiros

Sorriso modelo Uma boca bem cuidada

reflete a saúde de todo o cor-po. Em 2003, o Governo Fe-deral lançou o programa Bra-sil Sorridente, que até 2006 obteve o investimento de 1,3 bilhão do Ministério da Saú-de. O objetivo é ampliar o atendimento e melhorar as condições de saúde bucal do brasileiro.

Em Porto Alegre, o Centro de Saúde Modelo é referên-cia na área de odontologia. Além do atendimento clínico, o centro oferece o Serviço de Atendimento Odontológico para Pacientes de Especiais (Saope).

O coordenador de saúde bucal do CSM, Raul Fernando Pereira, cirurgião dentista e responsável pelo Saope, enfa-tiza que para pacientes com necessidades especiais não é exigido comprovar domicílio,

basta que resida na cidade. “Se vier alguma pessoa de ou-tro local, também será atendi-da. Ninguém sai daqui sem atendimento”, afirma. Ele ex-plica que atualmente estão sendo formadas 25 equipes, os chamados Postos de Saú-de Família (PSF). Essas equi-pes farão atendimento perso-nalizado. “A expectativa é que facilite o atendimento pelos centros de saúde”, explica.

A coordenadora do Cen-tro, Denise Loureiro Pedroso, informa que na área de saúde bucal, atuam sete dentistas e, em média, 220 consultas são disponibilizadas semanalmen-te. Os agendamentos são fei-tos nas quartas-feiras, basta comprovar residência no bair-ro ou proximidades. Na pri-meira consulta é feita a tria-gem e a indicação para trata-mento, podendo ser encami-

Cíntia Teixeira e márcia souza

O Programa de Atendimento do Transtorno Bipolar (PRO-TAHBI), realizado pela área de psiquiatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), atua há 20 anos prestando assistência a pessoas portadoras da doença. Vinculado academicamente à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, realiza pesqui-sas clínicas, laboratoriais e bioquímicas relacionadas com o transtorno.

Os pacientes participam de consultas psiquiátricas men-sais, individuais e de atividades assistenciais em grupo. Outra iniciativa é o Grupo de Lítio (medicamento mais indicado para o tratamento da doença), que auxilia os pacientes no controle dos efeitos colaterais, como, por exemplo, a tremedeira. Há ainda o Curso de Educação Nutricional, o Grupo de Qualidade de Vida Farmacêutica e o Stabilitas. Esse último ministra palestras men-sais aberta ao público com discussões sobre a bipolaridade.

Atendendo hoje cerca de 200 pacientes, o PROTAHBI foi criado em função do alto número de casos da doença. Segundo a enfermeira, especialista em psiquiatria, Emi da Silva Tomé, 2% da população mundial sofre de bipolaridade. Afirma que para o desenvolvimento da doença “além da constituição, da pré-dis-posição genética, há também fatores sociais e familiares que contribuem”. Dentro do PROTAHBI, há uma grande incidência de tentativas de suicídio, cerca de 50% dos portadores atentaram contra a própria vida.

O paciente chega ao projeto através de Postos de Saúde Municipais. Após passar pela triagem geral da psiquiatria do HCPA, é encaminhado para o ambulatório de bipolaridade. Há também casos que chegam diretamente da internação psiquiá-trica, encaminhados pelo médico responsável.

Uma dessas pacientes é R.N., 38 anos. A bipolaridade acom-panhada de episódios de psicose a impedem de trabalhar. Ela afirma “não aguentar a pressão”. A ajuda financeira da família, o acompanhamento do PROTAHBI e o uso contínuo dos remédios possibilitam que ela hoje trabalhe como voluntária e participe do coral Nós com Voz, organizando pelo Centro de Atendimento Psico-Social do HCPA.

o que é bipolaridade?Se caracteriza por variações do humor, do depressivo ao

eufórico, de forma intensa e constante expressando dois pólos de humor.

Thaís Dias medeiros

PrograMa é destaqueno trataMento biPolar

Pacientes aguardam reunião do PROTAHBI

equiPe do conceiÇÃoincentiva doaÇÃo de órgÃos

Fernanda Vaz

nhado para centros convenia-dos, como a UFRGS e o Hos-pital Conceição.

O Centro de Saúde Mode-

lo está localizado na Rua Jerô-nimo de Ornellas, 55. Para mais informações ligue para o telefone 3217 4703.

Projeto amplia o atendimento e melhora a saúde bucal do brasileiro

Site do governo

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6 julho de �007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA História

Pró-HPS incetiva doação de órgãosO Hospital de Pronto So-

corro completa 60 anos como símbolo de segurança para a população. A trajetória está in-serida na própria história da cidade. Diariamente, são aten-didas cerca de 600 pessoas. Localizado no Largo Theodo-ro Herzl desde 1944. A de-manda crescente de atendi-mentos tem gerado dificulda-des para as equipes médicas e de enfermagem e para a es-trutura física do hospital.

Após debater e avaliar os desafios e objetivos da Institui-ção durante dois anos, a Mesa Curadora desenvolveu o proje-to para a criação de uma fun-dação de direito privado e fins públicos. O objetivo deveria ser apoiar a administração pública e, especialmente, a do Hospital no desenvolvimento de ações e de projetos dos quais o HPS carece. A campanha publicitá-

ria pela Unidade de Tratamento de Queimados servirá para dar visibilidade à Fundação.

A Fundação Pró-HPS, im-plantada em 2004, trabalha no desenvolvimento de serviços e projetos que atendam deman-das e potencialidades que o Hospital possui. Uma vez que o Hospital é um equipamento de grande reconhecimento comu-nitário, ele reúne as condições para transformar sua legitimi-dade em formas concretas de apoio da sociedade. Isso per-mitirá a ampliação e qualifica-ção das atividades. A Funda-ção é o meio para organizar e implantar a mobilização comu-nitária de apoio ao HPS. Com sua institucionalização, a Mesa Curadora transformou-se em Conselho de Curadores da Fundação Pró-HPS.Segundo o diretor-executivo da fundação, Rogério Beidacki, o grupo de empresários e personalidades aceitou o desfio de constituir a

fundação para servir como in-termediário que captasse doa-ções com a comunidade e as repassassem ao hospital. O HPS é o anjo da guarda da ci-dade – resume Beidacki. A de-finição do dirigente se explica pela gama de serviços que o hospital oferece. O Hospital de Pronto Socorro (HPS), além de ser um centro de referência re-gional para o atendimento de politraumatizados, é conside-rado modelo nacional em di-versas especialidades de pron-to atendimento.

O atendimento de urgências destina-se a pacientes vítimas de acidentes de trânsito e de trabalho, agressões diversas, queimaduras, ferimentos e into-xicação. Nos casos de pacien-tes com queimaduras, o Hospi-tal possui singular estrutura de atendimento rápido, interna-ção, tratamento e recuperação, dispondo de equipamentos avançados e equipes especiali-

zadas, incluindo a única UTI pa-ra queimados do Estado. Além disso, opera com um Banco de Sangue, com funcionamento de 24 horas por dia. Sistema Único de Saúde (SUS) reem-bolsa, por meio das guias de atendimento, em torno de 800 mil reais por mês. A Prefeitura Municipal de Porto Alegre con-tribui com o restante do valor para manter o Hospital, ou seja, 6 milhões e 200 mil reais.

O atendimento da Institui-ção é universal. Os serviços prestados pelo HPS são sem-pre gratuitos, independente-mente do tipo de especialida-de, equipamento ou medica-mento prestado ou utilizado. Esse é um fator que também contribui para o relevante re-conhecimento do Hospital jun-to à população. Informações pelo fone 51 3289 7699 ou si-te http://www.prohps.org.br ou e-mail: fundaçã[email protected]

aline Chieza

Com uma programação voltada ao jornalismo e ao esporte, a emissora chega ao cinqüentenário

Rádio Guaíba, 50 anos no arSão poucas as instituições

que chegam aos 50 anos na plenitude de suas atividades. Quando fundou a Rádio Guaí-ba, o jornalista Breno Alcaraz Caldas, definiu que os eixos da programação seriam jornalis-mo, esporte, cultura e música. Ainda na inauguração, o primei-ro diretor da Guaíba, o jornalista Arlindo Pasqualini, afirmou que “a programação não terá o luxo das grandes montagens, mas, mesmo quando singela, jamais cairá na vulgaridade”.

Focando a sua programa-ção na informação, a Guaíba atravessou os anos, porém sem envelhecer. A primeira grande cobertura da Guaíba foi a eleição do Papa João XXIII. No entanto, o destaque da emissora foi a transmissão da Copa do Mundo, em 1958, na Suécia. Com profissionais qua-lificados, a Guaíba consolidou o título de a Rádio da Informa-ção com Credibilidade. O jor-nalista Flávio Alcaraz Gomes, um dos principais responsá-veis pelas grandes inovações da emissora, não mediu esfor-ços para levar o microfone da Guaíba pelas mais variadas

partes do mundo. Participou da cobertura da guerra do Vie-tnã, do lançamento da nave espacial Apolo VIII, da chega-da do homem à lua, entre ou-tras tantas reportagens.

Por problemas financeiros, Breno Caldas vendeu a emisso-ra para o empresário Renato Bastos Ribeiro, em 1986. Inicia a segunda fase da Rádio Guaí-ba, marcada pela informatização de todos os setores da emisso-ra. Ao completar 42 anos em 1999, a Rádio Guaíba inaugurou o Estúdio Cristal, que se localiza no encontro das ruas dos An-dradas e Caldas Jr, conhecida “Esquina da Comunicação”.

O mais antigo noticiário do Brasil é o Correspondente Gua-íba. Responsável pela locução do noticiário desde 1964, Mil-ton Jung é o locutor brasileiro que possui maior tempo apre-sentando o mesmo noticiário. O locutor afirma: “Estou com-pletando 49 anos na empresa. São três gerações de ouvintes da Rádio Guaíba. Muitos deles ao me encontrar lembram que seus avós ou pais, pediam si-lêncio à família para ouvir o Correspondente”.

Tradição e modernidade

A equipe de esportes da Rádio Guaíba acompanhou de perto os principais even-tos esportivos do Mundo nos últimos 50 anos. Há 22 anos na Guaíba, o jornalista Luiz Carlos Reche é o atual chefe da equipe esportiva. Classifi-ca a Rádio Guaíba como “ é o melhor exemplo a ser se-guido por outras emissoras do Brasil. Sempre manteve equilíbrio entre jornalismo, esporte e música. É uma emissora que ditou regras no rádio brasileiro”.

O ano de 2007 marca a terceira fase da Rádio Guaíba, ao ser comprada pela Rede Record. O Presidente Jerôni-mo Alves Ferreira assume o comando afirmando que “em time que está ganhando, não se mexe”. Ferreira revelou também, a intenção de digita-lizar totalmente as transmis-sões da emissora.

Rádio Guaíba, procurando evoluir a cada ano, mas man-tendo as suas principais ca-racterísticas: Informação e credibilidade.

Ricardo Giustialex sandro Gonçalves e marla Gass

Histórias do bairro Santa Cecíliabairro. “Na época a gente saia para ir a igreja, a Missa do Ga-lo, realizada pelo Padre Luís de Nadal. Todos saiam, o pes-soal da catequese, morado-res, isto era algo bom na épo-ca”, diz a moradora há 58 anos, Ivani Rita Martins.

O agrônomo Mário Lu-gokovinsqui explica, que o de-senvolvimento do bairro é in-tenso: “Em 19 anos morando em Porto Alegre, residindo no bairro Santa Cecília e pude ver que muito mudou desde o iní-cio. O comércio expandiu-se e veio a crescer. O movimento nos colégios vizinhos da mi-nha residência aumentou”. Al-gumas construções impulsio-naram o desenvolvimento do bairro, como por exemplo, o Hospital de Clínicas, no final dos anos de 1950, e alguns dos prédios da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como as faculdades de Medi-cina, Odontologia e Farmácia.

Santa Cecília considerado um dos bairros mais bem lo-calizados de Porto Alegre, possui moradores ilustres, grandes personalidades como Moacyr Scliar e Padre Edgar Jotz, cidadão honorário de Porto Alegre, atuando como

pároco há 50 anos nessa re-gião. Em 7 de dezembro de 1959 foi publicada a Lei nº 2022, dando origem legal-mente ao bairro. Hoje possui 5,8 mil moradores, divididos em 2.528 homens e 3.272 mulheres, em uma área total de 60 hectares.

Edgar Jotz comenta sobre

sua vida desde a mudança para Porto Alegre: “Durante muito tempo pode-se ver mu-danças. Fico olhando o quan-to as pessoas se beneficiam das melhorias por aqui”.

O bairro cresceu nos arre-dores da igreja Santa Cecília, construída em 1943, cujo no-me deu origem ao nome do

Fabio Berriel

O bairro Santa Cecília possui 5,8 mil moradores em uma área total de 60 hectares

Fabio Berriel

Um bairro não é apenas o lugar onde se mora, mas onde

se constrói uma história. Santa Isabel é o mais tradicional de

Viamão, localizado na região metropolitana de Porto Alegre. A

união de etnias e culturas é o seu marco principal, além de se

destacar por seu comércio diversificado.

Com a vinda dos imigrantes italianos, alemães, holandeses

e franceses iniciou-se um processo que culminaria na formação

de Santa Isabel. O surgimento basicamente se deu com a espe-

culação imobiliária. A população de baixa renda que morava nas

regiões periféricas de Porto Alegre, Canoas e Alvorada acabou

migrando para o bairro. Outros fatores foram o êxodo rural e

mecanização da lavoura.

“Os distritos eram distantes, por isso se criou uma identi-

dade local”, relata o historiador Paulo Ricardo Medeiros Lilja.

Foi assim que em 1953 formou-se o primeiro núcleo urbano

denominado Medianeira, que originou o bairro. Segundo ele, o

letreiro do ônibus intitulado “Santa Isabel”, que circulava em

Viamão, foi responsável pela origem do nome.

Padre Guilherme Spann é um dos pioneiros. Contribui tanto

religiosa como socialmente. Além disso, foi responsável pela

criação de centros odontológicos e médicos. Por tamanha de-

dicação, atraía facilmente os fiéis, mesmo depois de ter renun-

ciado a vocação para casar-se.

A história do bairro também foi marcada por preconceito

e racismo. Um exemplo disso era os bailes na Sociedade de

Ginástica de Santa Isabel (SOGISI), criada em 1961, onde havia

separação entre negros e brancos. Cada um freqüentava um

local específico imposto pela sociedade. “Eu chegava e ia para

o lugar destinado aos negros, se não fosse por vontade própria,

sei que eles me mandariam”, conta o compositor e intérprete

da escola de samba Unidos de Santa Isabel e, também, um dos

coordenadores, Arizinho.

Lilja, morador há 46 anos do bairro, ressalta que, “é raro um

bairro que consegue contar a própria história. Santa Isabel é privi-

legiado, depois de meio século guarda registros memoráveis”.

santa isabel: uM bairrode histórias e lutas

Daiane Benso e eliandra lopes

Av. Liberdade, a mais importante do Bairro Santa Isabel

Paulo Lilja

Focando a sua comunicação na informação, a Rádio Guaíba atravessou os anos sem envelhecer

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n

Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA julho de �007 7História

jornais de bairro eM Porto alegre surgiraM na Zona sul

luís Bustamante

Os jornais de bairro são, hoje, importantes meios de comunicação comunitária. Sur-

giram em São Paulo, no final do século 19. Em Porto Alegre fazem história, sendo precur-

sores os jornais O Sabido e Colméia, criados pelo servidor público Odemar Ferlauto.

O Sabido, pioneiro no Rio Grande do Sul, foi lançado em agosto de 1954, no

bairro Ipanema, como veículo de comunicação da Sociedade Amigos dos Balneários

de Ipanema (SABI – que inspirou o nome). Foram os empresários da região que finan-

ciaram o custo de produção do jornal, que circulou por quatro anos. As causas do fe-

chamento foram a estagnação da SABI e a diminuição do tempo dedicado à sua pro-

dução pelo editor, que trabalhava 40 horas semanais no serviço público.

O Colméia foi editado pela primeira vez em maio de 1967, no mesmo bairro.

Lançado pela Associação Comunitária e Assistencial de Ipanema (ASCAI), circulou por

aproximadamente um ano e meio na região. Fechou com o acirramento da censura à

imprensa, em 1968.

Ambos circularam com distribuição gratuita entre os moradores, foram comer-

cializados junto ao pequeno comércio da região e a profissionais liberais, e o modo de

produção era artesanal. Esses jornais registraram o cotidiano dos anos 54 e 68 e ser-

viram para disseminar as reivindicações da comunidade. O trabalho do editor tinha

caráter de voluntariado e os jornais não visavam lucro.

Procurando melhor atender a população gaúcha, a sede histórica da instituição é restaurada

Biblioteca Pública inicia nova faseNo mês de maio de 2007

iniciou a reforma do prédio da Biblioteca Pública Estadual (BPE). Com verba do governo federal e parceria de patroci-nadores, o local terá a sua parte estrutural restaurada, pois apresenta problemas co-mo infiltrações, entre outros.

A primeira fase da reforma recebeu R$ 465 mil do Pro-grama Monumenta, desenvol-vido pelo governo federal, que visa a recuperação do patri-mônio histórico urbano. O programa atua em cidades protegidas pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan).

Essa etapa terá duração de seis a oito meses e, no pe-ríodo, serão resolvidos os pro-blemas de umidade. A troca do motor do elevador, o mais antigo do Estado, foi feita.

Após a restauração da par-te estrutural do prédio, as par-tes hidráulica, elétrica e as mobílias dos três pavimentos serão renovadas. As pinturas originais das paredes, que fo-ram cobertas em reformas an-teriores, poderão novamente

ser vistas. Essa fase das obras está estimada em R$ 7,3 mi-lhões e utilizará recursos finan-ceiros autorizados pelo Minis-tério da Cultura. O tempo des-sa etapa será de 15 meses, aproximadamente.

A preocupação com os usuários e a preservação do acervo fez com que a equipe da BPE buscasse locais apro-priados para abrigar parte das obras e manter o seu funciona-mento. Foram procurados di-versos órgãos do governo, que pudessem emprestar um local, tais como o Exército e o Minis-tério Público. Nenhum deles, porém, tinha um local que atendesse as necessidades.

Segundo a diretora do De-partamento Estadual de Livros e Bibliotecas Públicas do Rio Grande do Sul, Morgana Mar-con, dos locais analisados, o mais apropriado foi na Casa de Cu l t u ra Ma r i o Qu in tana (CCMQ).“Precisamos de, no mínimo, mil metros quadrados disponíveis. Na CCMQ havia muitos espaços ociosos que, muitas vezes, serviam apenas de depósitos. Estes seriam o

Instituição reabre provisoriamenteA Biblioteca Pública do Es-

tado (BPE) está atendendo provisoriamente ao seu públi-co, nos espaços da Casa de Cu l t u ra Má r i o Qu in tana (CCMQ), situada na Rua dos Andradas, 736.

Com o fechamento do pré-dio da BPE, logo após o Car-naval, começou o processo de encaixotamento e transfe-rência do material. O transpor-

te dos livros e equipamentos foi realizado nas segundas-fei-ras, dia em que a CCMQ está aberta apenas para expedien-te interno. Os ambientes da CCMQ precisavam ser adap-tados. Foram feitas pequenas instalações elétricas e mobiliá-rias. “Não mexemos em qua-se nada, procuramos interferir o mínimo possível na Casa de Cultura”, afirma a diretora do

suficiente para abrigar, provi-soriamente, nosso acervo”, ex-plica Marcon. O acervo total da BPE é de 180 mil volumes. Foi realizada uma pré-seleção de-terminando o que seria trans-ferido. Foram levados para tais espaços cerca de 42 mil livros: as obras mais procuradas, to-do o material informatizado dos diversos setores, o setor braille e livros que não são fa-cilmente encontrados em livra-rias e bibliotecas. Os serviços de internet e fotocópias, tam-bém, estão disponíveis.

No decorrer desse período de obras, será procurado mais um prédio para sediar oficial-mente a BPE, pois o que está em reforma tem capacidade apenas para 80 mil livros. Ne-le, ficará a parte histórica: o acervo antigo, o setor geral de documentação sobre o Rio Grande do Sul. Também terá espaço para eventos culturais. Dentre os locais cogitados, está o prédio da antiga confei-taria Rocco, localizado no centro da Capital, construído em 1910 e tombado pela Pre-feitura em 1997.

Departamento Estadual de Li-vros e Bibliotecas Públicas do Rio Grande do Sul e dá BPE, Morgana Marcon.

Os f reqüentadores da CCMQ não se queixam desta estadia, pelo contrário, acham interessante. É o caso do co-merciante Paulo Camargo, que relata: “Eu acho bom a Biblio-teca Pública estar aqui. Gosta-ria que após sua saída, os

mesmos espaços fossem ocu-pados por algo semelhante”.

Mesmo depois da transfe-rência da BPE, no último dia 8 de maio, os funcionários da CCMQ, ainda, não sentiram acréscimo no movimento. Mas para a recepcionista Lia Quei-rolo, quatro anos de serviço na CCMQ, o movimento au-mentará com o tempo, devido à grande divulgação.

michelle neckel e rodrigo BrustolinMichelle Neckel

Um pedaço do coração dos gaúchos é restaurado através de projeto federal

● Setor de emprestimos: terças as sextas, das 9h às 19h.

● Setor administrativo e técnico: terças as sextas, das 9h às 19h

● Setor do RS: terças as sextas, das 9h às 19h. Sábados e domingos, das 14h às 18h.

● Setor de Referência e Pesquisa: terças as sextas, das 9h às 19h. Sábados e domingos, das 14h às 18h.

● Setor Multi-Meios: terças as sextas, das 9h às 19h. Sábados e do-mingos, das 14h às 18h.

● Setor Braille: terças as sextas, das 9h às 19h.

setores e seus horários

Revelando o bairro TristezaO bairro Tristeza é um dos

mais belos, antigos e nobres da zona sul de Porto alegre. Pôr-do-sol no Guaíba, happy-hour no shopping Granville e caminhada pelas inúmeras praças são as atividades mais praticadas pelos moradores e visitantes.

“Não troco a Tristeza por nada. Aqui tem tudo o que a gente precisa: bancos, lojas, farmácias e shopping. O que falta, na minha opinião, é um cinema. Antigamente existia o “Gioconda”, mas foi mal admi-nistrado e além disso, não ha-via público. Hoje, com certeza haveria”, relata a moradora do bairro, Márcia Silva.

Parte da história da Triste-za está guardada em um ar-quivo especial, em recortes de jornais sobre o Tristezense Futebol Clube. O material é uma das relíquias do aposen-tado e morador do bairro, Maurício Pellin, de 83 anos. A coletânea foi in ic iada em 1933, quando ele presidia o Tristezense. O arquivo possui notícias sobre o clube e tam-bém sobre o estilo de vida da região. O trabalho teve a aju-da do primo Roberto Pellin, autor do livro “Revelando a Tristeza”. Entre os textos so-bre os “domingos desportivos na Tristeza” estão relatos de costumes do bairro. Excur-sões, piqueniques e competi-ções pontuavam a vida social da época. A fundação do clu-be, segundo um texto de Ro-

berto Pellin, aconteceu com “finalidades recreativas: bailes e pic-nics. Os pic-nics eram festas tradicionais de aniver-sário e se repetiam especial-mente no verão. A turma saía a pé, bem cedo, como uma procissão, tendo à frente a banda da valorosa Brigada Militar e dirigia-se à praia do senhor Juca Batista. Aí o churrasco e o chope corriam grosso”, detalhou o autor.

Esses e outros registros di-vertem Maurício Pellin, que vive no bairro desde que nasceu. Muito conhecido pelos mora-dores da Tristeza, hoje ele pas-

sa o tempo em função das flo-res e folhagens que cultiva em sua casa, na rua Dona Paulina. Marido de Marisa, 76 anos, e pai de Vera Pellin, 56, sente-se feliz por ter visto o bairro se modificar sem perder a carac-terística de boa vizinhança: “Is-so aqui tudo era campo e hoje é uma cidade”. Quando bate a saudade, Pellin recorre à pasta para lembrar dos bons tempos em que a vida na Tristeza gira-va em torno do clube. Boa vizi-nhança e bairrismo são as principais característica dos moradores da região. Outro aspecto que encanta é o pôr-

do-sol que a maioria dos por-to-alegrenses não conhece. Boa parte das ruas acabam no rio Guaíba. Esses espaços es-tavam abandonados até o mês de maio, quando foram instala-dos dois belvedéres (dos oito propostos) para observar os fins de tarde. Os locais recebe-ram bancos, jardins e ilumina-ção. O projeto é uma parceria das secretarias do Planeja-mento Municipal e do Meio Ambiente e faz parte da inten-ção da prefeitura de revitalizar a orla e torná-la agradável para a população que ali vive e aos visitantes.

Um dos oito belvedéres propostos pela prefeitura está pronto para o uso da população

Andréa Barilliandréa Barilli

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8 julho de �007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA Polícia

t4 sofre assaltos diários

A ação é rápida, dura menos de um minuto. Três ou quatro

rapazes entram pela porta dianteira do ônibus e mandam todos

ficarem quietos. Um deles rende o motorista com uma faca, ou-

tro aponta o revólver para o cobrador e o(s) outro(s) cuida(m) a

retaguarda, possibilitando que o portador da arma de fogo roube

toda a quantia existente na gaveta para, em seguida, saírem

correndo em direção ao matagal ou vila mais próxima. Essa é

a estratégia mais comum entre os assaltantes da linha Trans-

versal 4 (T4) da empresa Carris, cujos coletivos são roubados,

diariamente, na mesma zona de seu itinerário.

Segundo a cobradora da linha T4, Núbia Pinheiro Vargas, 32

anos, há sete anos na Carris e vítima de dois assaltos, a ousadia

é tamanha que, desde novembro de 2006, os assaltos ocorrem

no mesmo ponto entre as avenidas Protásio Alves e Antônio de

Carvalho, no Bairro Jardim Carvalho e com os mesmos delin-

qüentes: jovens entre 16 e 20 anos.

“Todo mundo sabe onde eles estão, a gente já os conhece

e ninguém faz nada. Agora tem mais uma guria junto deles. Em

vez de estarem fazendo alguma coisa produtiva, estão assaltan-

do os ônibus. É a diversão deles”, indigna-se ela.

A linha T4 foi criada pela Carris em 1976 para ligar os bairros

da Zona Sul (Cristal, Nonoai, Teresópolis) aos bairros da Zona

Norte ( Vila Jardim, Jardim Ipiranga, Cristo Redentor ), evitando,

assim, a necessidade de o usuário pegar duas conduções até

o seu destino.

De acordo com o motorista Francisco Carlos D`Ávila Rosa,

44, há 23 anos na profissão, a empresa Carris orienta os fun-

cionários a não reagir aos assaltos, ficarem calmos e deixarem

os marginais levarem tudo que pedirem. Após o assalto, três

passageiros são convidados a depor na delegacia mais próxi-

ma, enquanto os outros são colocados no próximo coletivo da

linha. Depois, motorista e cobrador retornam à garagem dos

ônibus levando o boletim de ocorrência e a disposição para

explicar o incidente aos superiores. Os funcionários vítimas do

assalto têm uma consulta com a assistente social da empresa

com o objetivo de averiguar as suas condições psicológicas e

encaminhá-los, ou não, para a psicóloga, a qual concede afas-

tamento aos funcionários mais traumatizados. D` Ávila acredita

que a única solução para os constantes assaltos é a detenção

e a punição dos infratores.

“A Brigada (Militar) está em cima sempre, fazendo barreiras

nas ruas, nas paradas, o que facilita muito, mas não tem como

botar um brigadiano em cada ônibus”, pondera ele.

Como o interesse dos contraventores é o caixa, os pas-

sageiros que passam pela roleta não são vítimas dos roubos,

apenas testemunhas, condição que não os livra dos momentos

de tensão, medo e angústia.

“Mesmo não estando perto deles (assaltantes), meu medo

era de uma bala perdida dentro do ônibus, porque se eles co-

meçam a disparar, não tem para onde fugir”, afirma a técnica

de enfermagem Débora de Freitas Cunha, 28, que presenciou

um assalto em junho de 2006 e, desde então, nunca mais viajou

no T4 durante a noite.

O auxiliar de almoxarifado Paulo Sérgio dos Santos, 33, es-

tava presente em dois episódios. No último, dia 8 de maio deste

ano, houve gritaria, nervosismo e ameaças de tiro na presença

de idosos e crianças.

“Fico bem mais alerta, porque os que conhecem a redon-

deza dizem que é algo comum (assaltos). Fico mais atento com

quem vai subir e carrego só o indispensável. Tenho que preser-

var a minha vida”, explica Santos.

O 20° Batalhão da Polícia Militar (BPM), responsável pela

cobertura das áreas onde ocorrem os assaltos - imediações do

cruzamento das avenidas Protásio Alves e Antônio de Carvalho

e alguns pontos da avenida Ipiranga -, recebe diversas ocorrên-

cias relativas à violência nos coletivos urbanos.

O soldado da 20° BPM Afonso (ele não quis revelar o sobre-

nome), conta que a Brigada Militar atua de maneira preventiva

através de contenções de pessoas nos terminais de ônibus,

bem como a abordagem de coletivos em trânsito para revista

dos passageiros. O soldado salienta a importância da descrição

exata das vestimentas dos criminosos por parte das vítimas,

detalhe que facilita a captura dos marginais.

“A única arma que o cidadão tem contra isso (os assaltos) é

o telefone”, garante Afonso, aconselhando as vítimas a ligarem

para o 190 da Brigada Militar.

Violência preocupa funcionários e usuários da linha T4

armindo J. K. Júnior

Arm

indo Júnior

a

Retornando a sociedade FAESP busca reinserção dos egressos ao mercado de trabalho

A Fundação de Apoio ao Egresso do Sistema Penitenciá-rio (FAESP) é uma entidade filan-trópica de assistência social. Acolhe ex-detentos de liberdade total entre dois anos ou estando na condicional, independente-mente do crime praticado.

Os egressos participam de

ações voltadas à área da saúde e da educação, podendo fre-qüentar cursos de arte e artesa-nato. Recebem vale-transporte, auxílio médico, kits alimentação e roupas. Todo ex-detento deve passar por um tratamento psi-cológico. “Muitos chegam aqui com depressão”, esclarece a auxiliar administrativa Luci Borba Birnfeld. Quem faz esse acom-

panhamento são estagiários do Centro Universitário La Salle.

Dentro da FAESP funciona a Cooperativa Social Laborsul, que proporciona a terceiriza-ção de mão-de-obra. Para ex-detentos como a Adriana, 34 anos, “o trabalho na coopera-tiva me ajuda na renda fami-liar”. Mas, para Joyce, 43, não possui a mesma importância.

“Estou aqui por falta de algo melhor”, destaca.

A entidade tem atualmen-te 700 egressos, 98 voluntá-rios, dois funcionários e o re-conhecimento que vem de ex-detentos como Cleusa, 38. “É maravilhoso estar aqui, ganhei uma nova chance de vida”, afirma.

A FAESP encontra alguns problemas, como a falta de apoio das empresas privadas, do Governo e, principalmente, da comunidade. “A sociedade ainda resiste muito”, ressalta Birnfeld. Contrapondo-se a is-so a entidade recebe o apoio de voluntários. Estes são en-caminhados através da insti-tuição Parceiros Voluntários.

A entidade fundada em 1998, através da iniciativa de nove entidades, sendo sete de caráter religioso. Essas inspiraram-se na Campanha da Fraternidade daquele ano. Em contato com a Presidente Tânia Spoerle de Souza, nas terças ou quintas-feiras, é possível praticar o voluntaria-do. A FAESP está situada na avenida Bento Gonçalves, número 2122, no bairro Par-tenon, na cidade de Porto Alegre.

Camila Jonco

Integrantes da FAESP juntamente com a Presidente Tânia Spoerle de Souza (terceira da direita para a esq.)

Camila Jonco

Moradores mudam rotina diária

Em conseqüência dos rou-bos e assaltos no bairro auxilia-dora e arredores, cada vez mais freqüentes, moradores e co-merciantes insatisfeitos com a

falta de segurança, pedem por mais policiamento na área. Ten-tado evitar esses dados preo-cupantes, a comunidade vem tomando medidas de preven-ção, como segurança privada, grade nas janelas e atenção ao

chegar em casa à noite.De acordo com a estudan-

te de Design de Moda, Daniela Silveira Nunes, 20 anos, falta policiais, não só no bairro dela como em toda a cidade. Se-gundo a jovem, que mora no auxiliadora desde que nasceu, as ruas do bairro são na maio-ria residenciais, o que diminui o fluxo de pessoas, e, conse-qüentemente, tornando-se mais perigosas. A estudante foi vítima de assalto em seu apartamento, que fica no se-gundo andar. “Foi o maior sus-to na hora, nunca esperava que fosse acontecer comigo, eu estava dormindo quando ouvi os gritos da minha mãe. O assaltante entrou pela janela do meu quarto enquanto eu dormia, e, graças a deus não aconteceu nada com a minha família”, afirma Nunes.

Para o Farmacêutico, Jor-ge Brustolin, 49, as medidas

devem ser tomadas pelos pró-prios comerciantes. O dono de farmácia conta com segu-rança privada 24 horas, e de-pois de adotar essa medida não sofreu mais assaltos. Brustolin afirma que os donos de estabelecimentos devem ter uma parte de sua folha de pagamentos destinada à vigi-lância particular, tamanha in-segurança na Capital.

“Se formos depender de policiamento nas ruas, conti-nuaremos a ser roubados, ca-be a comunidade se unir e to-mar as medidas necessárias”, conclui o comerciante.

As estatísticas mostram que violência na Capital Gaú-cha tem vitimado jovens, adul-tos e mulheres, índices que aumentam a cada dia. Sem a previsão de melhora, essa rea-lidade tem alterado a rotina dos porto alegrenses, que se vêem atingidos cada vez mais.

Daniela Nunes, moradora do bairro Auxiliadora foi vítima de assalto

Eduardo Morin Balsemão

eduardo morin Balsemão

Moradores pedem segurança

O bairro Medianeira, em Porto Alegre, vem sendo alvo de assaltos devido, principal-mente, à falta de segurança. Esse problema está ocorrendo desde o ano passado. Embora haja segurança particular em determinadas ruas, não é o su-ficiente para evitar seguidos roubos, tanto no turno da tar-de, como à noite.

A moradora do bairro, Ro-berta da Costa, diz ter sido alvo dos assaltantes. “Era um sába-do à noite, pelas 22 horas. Eu estava esperando o ônibus na parada, quando passou um ra-paz e puxou a minha bolsa. Ele saiu correndo e não pude fazer nada, pois não havia ninguém por perto.”

Outro morador do bairro, Anderson dos Reis, afirma

que ao sair às ruas toma mui-to cuidado, pois não há segu-ranças em torno, e que isso deve ser tratado logo. “Faz algum tempo que eu moro aqui e nunca vejo o policia-mento presente.”

A capitã do 1° Batalhão de Polícia Militar, Cláudia Zanon, informou que mantém policia-mento na Escola Costa e Silva e na Praça George Black, du-rante o dia. À noite, é feita a ronda com uma moto e uma viatura. Porém, isso só ocorre quando não há deslocamento de contingente. As ocorrên-cias mais comuns são furtos de fios telefônicos e roubos no comércio e na via pública. O Batalhão atende, além do bair-ro Medianeira, o Menino Deus, Azenha e parte da Santana.

lucas Carvalho

Falta de policiamento causa insegurança na rua Silva Paes, Medianeira

Lucas Carvalho

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cadernoCultura“Penso que todos somos co-responsáveis, não apenas os órgãos públicos”

sociólogo honor de almeida neto

Evandra Jacques

Misturando expressões interioranas com gírias, porto-alegrenses falam de modo diferente e exclusivo

Porto Alegre tem um dialeto tri-legalNo balcão da padaria, a

mocinha comenta com a cole-ga: “Bah, guria, não tem mais cacetinho!”. Ao que a outra responde: “Capaz!”. Para quem vem de outro Estado, principal-mente do Norte ou Nordeste do país, o diálogo parece es-tranho, incompreensível até. Na verdade, trata-se de um lin-guajar característico da cidade de Porto Alegre, uma mistura de expressões interioranas com gírias que vão sendo in-corporadas ao dia-a-dia da po-pulação metropolitana. Objeto de pesquisas de estudiosos lo-cais, essa forma de comunica-ção lingüística recebe o apelido de “porto-alegrês”.

Porto Alegre possui uma cultura rica e variada, que tem contribuições de várias etnias, o que explica em parte a di-versidade de expressões idio-máticas e a facilidade com que aqui se criam gírias. O te-ma é tão rico e presente que chega a fazer parte de estu-dos de linguagem e regionalis-mo, resultando em publica-ções como o livro “Dicionário de Porto-alegrês” do profes-sor de literatura brasileira na

UFRGS, Luís Augusto Fischer, 45 anos. Lançado durante a Feira do Livro de 1999, o livro reúne centenas de expressões utilizadas na capital gaúcha e na região metropolitana. “A fa-la de Porto Alegre é diferente mesmo em relação a outras cidades do Rio Grande do Sul, e disso temos consciência”, explica Fischer. “Tudo o que

fiz, depois de extensa pesqui-sa, foi catalogar essas expres-sões em ordem alfabética”, complementa.

De fato, algumas expres-sões que fazem parte do dia-a-dia do porto-alegrense pare-cem mesmo exclusivas daqui. É o caso de “cacetinho” (pão-zinho francês), “abobado” (bo-bo), “deu pra ti” (chega!) e as

“deu pra ti”, nome de uma mú-sica de sucesso nacional da dupla Kleiton e Kledir. Há tam-bém aquelas que atravessam o tempo e, de tão antigas, não se sabe a origem, como “mãe do badanha”, “lá onde o diabo perdeu as botas”, “balaquei-ro”, “tempo do epa”, “ariri pis-tola”, “lagartear”.

iDioma exóTiCo“Se existe um lugar do Bra-

sil onde, junto ao português, se fala um idioma completa-mente exótico, esse lugar é Porto Alegre”, comenta a pro-motora de eventos Vera Moli-na, 43, que veio de São Paulo para os preparativos de uma feira de negócios em Novo Hamburgo. “Mas falo com respeito e admiração, porque aqui é uma das regiões do pa-ís onde melhor se fala o idio-ma brasileiro”, frisa Molina, no que é respaldada pelo profes-sor Fischer. “Realmente há um cuidado em se falar correta-mente, mas que não chega a conflitar com alguns peque-nos deslizes, como o uso do tu sem a concordância orto-doxa”, observa. “Costuma-mos dizer “tu vai”, “tu foi” e não vemos problema nisso”.

Exótico ou apenas diferen-te, o certo é que a maioria das expressões que formam o dia-leto local são faladas há anos (ou “há horas”, no bom porto-alegrês) e se agregam com naturalidade ao cotidiano da população, independente-mente de posição social ou orientação cultural. Não é raro encontrar-se, numa cafeteria por exemplo, um engravatado executivo comentar que seu café está “tribom”, embora es-teja “triquente” e que ele está “triafim” de mais uma xícara. Tanto é verdade que mesmo os críticos do fenômeno lingüís-tico não escapam à sua influ-ência; “Para mim esse modo de falar é chinelagem”, opina um cidadão que não quis se identificar, fazendo uso de uma expressão típica do diale-to porto-alegrês.

abreviaturas que ainda não constam nos dicionários ofi-ciais, como ”findi” (fim-de-se-mana), “churras” (churrasco), “super” (supermercado), “ce-va” (cerveja). Algumas chegam mesmo a romper as fronteiras geográficas e vão parar em outros Estados, como “viajar na maionese”, que esteve em moda no Rio de Janeiro, e

Ilustração: Juska

luís Bustamante

O livro do escritor e professor da UFRGS, Luís Augusto Fischer, propõe uma catalogação de ex-pressões e palavras típicas de Porto Alegre, acompanhadas de explicações históricas ou folcló-ricas, sempre muito divertidas.

Para saber Mais

Próximo a completar seis meses de inaugu-ração do novo espaço, o Sítio do Laçador pode ser visto como um dos pontos turísticos com a melhor infra estrutura em Porto Alegre. O com-plexo conta com estacionamento próprio para os visitantes que chegarem ao local de carro e um espaço para ônibus, entre eles a Linha Turismo, que passa pelos principais pontos turísticos de Porto Alegre e agora inclui uma parada no novo espaço.

O complexo turístico também tem um miran-te, para que todos possam levar uma boa ima-gem do símbolo que hoje representa a cidade e

o Estado, como cita a estudante de Nutrição Flá-via Alessandra Dutra, de Porto Alegre. “Já passei varias vezes por este local mas devido ao difícil acesso não conseguia parar para admirá-lo”. O empresário Túlio Muller de Carvalho, que está fazendo um intercâmbio por cidades gaúchas, mostra muito entusiasmo com o passeio. Carva-lho definiu como linda a estátua do Laçador.

O espaço também possui bancos para aco-modar quem quer descansar ou jogar uma con-versa fora enquanto observa as subida e descida dos aviões do aeroporto Salgado Filho. O novo espaço inclui agora também um local exclusivo para a Chama Crioula (tocha que representa um dos símbolos da Revolução Farroupilha), onde se

pretende finalizar todas as comemorações do 20 de setembro.

O folclorista João Carlos Paixão Cortes, que serviu de modelo ao escultor Antônio Carigi pa-ra estátua do Laçador, em 1958, comenta que a mesma “hoje se encontra em um local apro-priado, em dimensão maior que o anterior, ago-ra escolas vão ao local com alunos para maior aproximação da nossa cultura junto à figura que simboliza o movimento tradicionalista”.

Paixão Cortes ressalta ainda que não sugeriu muito na obra do sitio, devido a seus compromis-sos. Entretanto, por conhecer bem a equipe que desenvolvia o projeto, acreditou que a escultura estava em boas mãos.

nova Morada do laÇador coMPleta cinco MesesFabiana Dias Gomes

Fabiana Dias Gomes

A antiga Associação Ami-gos dos Açores do Estado do Rio Grande do Sul tornou-se, em março de 2003, a Casa dos Açores do Estado do Rio Grande do Sul (CAERGS) na cidade de Gravataí. A institui-ção tem por objetivo fomentar e divulgar a cultura no Estado e manter viva essa tradição que muito influenciou na pró-pria cultura gaúcha.

As Casas dos Açores são representações das culturas açorianas espalhadas pelo mundo. Segundo o adminis-trador de empresas e atual presidente da CAERGS e do Conselho Mundial das Casas dos Açores (CMCA), Régis Albino Marques Gomes, 45 anos, “hoje, 75% da popula-ção açoriana não vive nos Açores, basicamente no Ca-nadá e nos Estados Unidos”. Nada mais justo que ter uma representação de sua cultura no seu país. No Brasil exis-

tem quatro Casas do Açores, das quais todas integram o CMCA, que hoje conta com 11 Casas.

Gomes afirma que o obje-tivo básico da CAERGS é di-vulgar a cultura açoriana no Estado. “Aqui no Rio Grande do Sul, a descendência aço-riana é de quarta até a sétima geração, existe há mais de

250 anos”, constata. A repre-sentação da CAERGS é muito grande. Para se ter uma idéia, antes da criação da Casa dos Açores no Rio Grande do Sul, existiam instituições seme-lhantes no Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. Hoje a CAERGS é uma instituição extremamente bem organiza-da, com departamentos di-versos. Os mais conhecidos

são o Rancho Folclórico e o Departamento de Cultura Gaúcha (DCG) Província do Quero-Quero.

A fundação da CAERGS foi um grande passo para um grupo folclórico que trazia viva a cultura açoriana para o Esta-do do Rio Grande do Sul. Du-rante dez anos, o grupo Ran-cho Folclórico Estância Pro-víncia de São Pedro foi depen-dente de um clube para a sua existência, mas em 2002 tor-nou-se independente e con-seguiu a façanha de transfor-mar-se em uma Casa do Aço-res. Foi com a vinda do Go-verno da Região Autônoma dos Açores, representado por dois funcionários, que auxiliou com informações sobre o fun-cionamento, mas vale ressal-tar que todo o esforço, tanto institucional quanto financeiro, foi dado pelos próprios funda-dores e colaboradores.

A prefeitura da cidade de Gravataí auxiliou nessa idéia cedendo o que hoje vem a ser

Cultura açoriana ganha refúgio em Gravataí

um dos maiores objetivos da fundação. Foi dado à entidade o Casarão dos Fonseca, uma casa situada na rua Adolfo Inácio Barcelos com a rua Ber-nardino da Fonseca, no centro de Gravataí. O prédio, que foi construído em 1877, por filhos de açorianos, chama-se Solar da Magnólia, e estava em pés-

Casarão dos Fonseca, futura sede social da CAERGS

“Hoje, 75% da população

açoriana não vivenos Açores”.

simas condições quando a instituição ganhou o lugar. A restauração foi feita com o in-tuito de a partir de novembro de 2007 estar instalada a sede social da CAERGS.

Restaurado, o Solar da Magnólia terá além de outras funções e espaços, uma bi-blioteca com um acervo muito

rico sobre a cultura açoriana. Outro objetivo da casa é com o DCG, realizar no próximo semestre uma viagem à Euro-pa, “o grupo irá representar o Brasil em festivais de folclore na Ilha da Madeira, dois festi-vais, e um na cidade de Trofa, ao norte de Portugal” conta Gomes.

Rafael Lamonattorafael lamonatto

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10 julho de �007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA Cultura

Calçada ostenta famaGente bonita. Essa é a pri-

meira idéia que vem à cabeça quando o assunto é Calçada da Fama. Mas engana-se quem pensa que o lugar se restringe aos belos. Entre a rua Fernando Gomes e a Padre Chagas existem muitos outros atrativos. Degustar um bom vi-nho, tomar café lendo um livro, jogar conversa fora entre um gole e outro de cerveja e, ain-da, tendo a sensação de estar na Europa.

A Calçada da Fama existe há dez anos e tornou-se co-nhecida por acolher famosos que apreciavam o charme das ruas, enquanto se reuniam em bares. Hoje, a região é um pólo comercial, repleta de escritó-rios, consultórios e prédios resi-denciais. A beleza das ruas fica por conta das grandes árvores que sombreiam as calçadas e dos bares que dão um ar euro-peu à região. “É como se eu estivesse em Paris”, diz o em-presário, Sérgio Martins, 54 anos, freqüentador assíduo da Calçada. Ele comenta que é muito bom poder encontrar os

amigos, ser bem atendido e se sentir seguro.

O casal Lisanea Azevedo, 28, e Márcio Longhi, 24, tem um motivo especial para fre-qüentar o local, pois foi num dos bares da Calçada que o na-moro começou. “Poder tomar um vinho, comer bem e estar em boa companhia, quer coisa melhor?”, indaga Azevedo. Pa-ra o gerente de um dos bares, a

região é atrativa, pois tem como diferencial a qualidade.

O bom atendimento, con-forto e a segurança têm o seu preço. Esse é outro diferencial para os consumidores da re-gião. Mas isso não é problema pois, segundo o professor de Educação Física, Guilherme Costa, 28, é uma maneira de selecionar o ambiente.

No entanto, alguns mora-

Casal se conheceu na Calçada da Fama

Márcia Dihlmárcia Dihl

Taylor Alcantara da Silva

Dentre as ilhas do Delta do Jacuí, a Ilha da Pintada é a mais

lembrada quando o assunto são festas noturnas. Os eventos ocor-

rem nos finais de semana, normalmente no sábado, tendo um

intervalo de 15 dias entre elas. Acontecem na colônia de pescado-

res Z-5, que é um ponto de referência no local e tem fácil acesso

tanto para barcos através de um pier como para carros.

A colônia é alugada pelos produtores de eventos, suas equi-

pes fazem toda a decoração do salão, explorando de todo o

espaço disponível. Somente a copa pertencerá a direção da

colônia. Os Dj’s são contratados pelas produtoras e tem seu

próprio equipamento. São ecléticos quanto ao tipo de músicas

tocando desde antiguidades como Beatles até os Funks que são

moda nos dias de hoje.

Em média cada festa recebe aproximadamente 500 pesso-

as por noite. O público alvo são jovens e adolescentes.

A divulgação dos eventos começa algumas semanas antes

do dia programado para a festa. Alessandra Gomes, 34 anos,

moradora do local acha que a divulgação das festas esta sendo

expandida. “Antigamente, as festas que haviam aqui na ilha

quase não eram divulgadas e o público era somente os mora-

dores do bairro, hoje são divulgados nas outras ilha e também

no centro de Porto Alegre”, afirma.

Além de ser um entretenimento para quem procura lazer

e segurança, as Festas na Ilha da pintada oferecem uma bela

paisagem e diversão garantida.

festa na ilha da Pintada

Taylor alcântara da silva

Colônia de pescadores Z-5 palco das festas noturnas

Novo pólo agita Porto AlegreClássico elo de ligação en-

tre Assis Brasil e Protásio Al-ves, duas das principais vias de Porto Alegre, a Avenida do Forte, nos últimos anos, vem ganhando destaque em outro segmento: a gastronomia. Restaurantes e lancherias de todos os gêneros estão trans-formando a conhecida aveni-da da Zona Norte em um novo pólo gastronômico da região.

Variedade é a marca da Avenida do Forte no que se refere à gastronomia. São mui-tas alternativas de preço e sa-bores para todos os gostos. Famílias podem escolher entre as mais variadas culinárias, entre as quais chinesa, uru-

guaia e mineira. Funcionários de empresas próximas, tam-bém, podem satisfazer as su-as necessidades em restau-rantes com preços mais aces-síveis. O Gostos e Sabores, há nove anos na avenida, atinge esse tipo de público-alvo, ofe-recendo até mesmo café da manhã para os clientes.

O analista administrativo da Sollo Pizza, instalada há um ano e meio na zona norte, Geovanni Filipetto, afirma que a Avenida do Forte está cada vez mais atrativa para a fixa-ção de estabelecimentos co-merciais. “A região tem o po-tencial de se tornar referência em gastronomia na cidade, como é hoje a avenida Plínio Brasil Milano”, afirma Filipetto. Um exemplo é o Cachorro do

Bigode, um dos mais conheci-dos lanches da capital gaú-cha. Famoso há muitos anos na Galeria do Rosário, no cen-tro de Porto Alegre, escolheu a Avenida do Forte para abrir há dois anos e meio, a sua única filial de bairro, devido ao crescimento da região.

Inaugurado em 2005, o restaurante Engenho ganha espaço na Avenida do Forte oferecendo em seu cardápio a comida mineira e tendo a de-coração rústica como princi-pal característica. “O que mais nos chamou atenção foi o grande movimento de veícu-los que circulam na avenida”, diz o gerente Alberto Aimi, ex-plicando o motivo da escolha do ponto na Zona Norte.

Um dos estabelecimentos

mais antigos é o restaurante Figueira. Situado quase na es-quina com a Assis Brasil, des-de 2 de abril de 1969, acom-panhou todo o crescimento da região. Neto do fundador, o gerente Piero Silva Pereira conta que o Figueira tornou-se famoso na região pela can-ja que é servida.

Até mesmo moradores de outros bairros freqüentam o local. O estudante Gabriel Schindler Dihl, morador do bairro Menino Deus, relata que costuma freqüentar se-guidamente os restaurantes da avenida. “Morei na Zona Norte quando era pequeno e me lembro que a Avenida do Forte não era tão abastecida de restaurantes como é hoje”, afirma Dihl.

Bruno Vinhola e leonardo santos

Mil faces formam o dia e a noite do bairro Cidade Baixa, marcado por suas diversas alternativas

Embora boêmio, sempre um bairroA noite da Cidade Baixa é

conhecida por seus botecos, chopes, pubs com música ao vivo, bares tradicionais e bala-das. O bairro, marcado pela sua diversidade, teve cinco dos seus estabelecimentos publicados e premiados no tí-tulo Bares, do prêmio O Me-lhor da Cidade, pela revista VEJA, da Editora Abril.

Se o assunto é relaxar de-pois do expediente, com certe-za a rua Lima e Silva é muito lembrada como conta a advo-gada Clarice Ossen. “Venho à Lima e Silva para tomar uma cerveja, fazer um Happy Hour”, confessa. Descontração, cer-veja, petiscos, conversa e é ló-gico, paquera, fazem parte do kit da hora tão esperada do dia. Bares da rua da República, José do Patrocínio e João Al-fredo destacam-se como pon-to de aquecimento para as ba-ladas no final de semana, mas mantém o seu público fiel du-rante a semana, segundo o funcionário do Ossip (bar da rua João Alfredo), André Lacer-da. O estudante de Publicida-

de e Propaganda, Jonathan Romero, fala da sua preferên-cia: “Na José do Patrocínio é mais a galera que curte o Rock’n’Roll, já a Lima e Silva é muito pop para o meu gosto”.

Quando o assunto é balada na Cidade Baixa, não há distin-ção de ruas, a escolha é feita pela festa do momento. “Festa eu tenho ido mais na João Al-fredo, acho que o momento está ali”, diz o estudante de Educação Física, Rogério da Costa Fortes. Mistura de clas-ses, perfis, culturas com um único propósito, a diversão.

Bairro 24 HorasUm verdadeiro mix de opor-

tunidades e histórias, não so-mente para os seus morado-res, mas para comerciantes e vizinhos de bairro. Oferecendo cada vez mais novidades, o bairro possui dois supermer-cados, três cinemas, 25 dan-ceterias de grande porte, es-tando ao lado do tradicional parque da Redenção e a dois grandes centros comerciais. Diariamente, pode-se registrar acontecimentos que marcam a vida dos que movimentam o comércio local, distribuindo

muita energia e transformando a rotina da população. Segun-do o proprietário da Banca da República, Fausto, não é ne-cessário muito esforço para se apaixonar pela região. “É dife-rente de trabalhar, me sinto su-per bem, aqui é a minha verda-deira casa”, cita o jornaleiro.

Padarias tradicionais, lan-chonetes premiadas, bares al-ternativos, badalações e di-versos atrativos. A cada dia, ou a cada noite, não importa, é só chegar e aproveitar. Van Gogh é um dos bares mais especiais da cidade. Sendo o único da Capital aberto 24 ho-ras. Completando 45 anos de existência, nele é possível se ouvir muitos fatos marcantes, um deles com um de seus fre-qüentadores mais assíduos. “Uma vez, numa segunda pela manhã, íamos detetizar o res-taurante, acreditando que o bar estivesse vazio, só após alguns minutos que nos de-mos conta que havia um clien-te trancado no banheiro”, co-menta, com bom humor, o só-cio do bar, Cláudio Biosevan. Entretenimento é o destaque do bairro que complementa as opções da Capital gaúcha.

Emmanuel DenauiJoseane Cardoso e emmanuel Denaui

Entretenimento é o destaque, tanto de dia quanto de noite, no bairro Cidade Baixa

dores do bairro desaprovam o burburinho causado pelos ba-res e pubs. “Gostaria que a rua voltasse a ter a tranqüilidade que ela tinha. Os bares trouxe-ram barulho, trânsito (os carros congestionam as ruas) e nem na calçada podemos andar mais pois, as mesas tomaram conta da passagem dos pe-destres”, reclamou a antiga moradora, Clara Gaspary, 87.

Leonardo Ferreira

Prédio histórico na Ilha da Pintada é local de encontro

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Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA julho de �007 11Cultura

xaene pereira

O calçadão na beira do rio, o entardecer que a natu-reza oferece e os bares ao longo do caminho, compõem a forma perfeita para o lazer dos moradores e visitantes de Ipanema. A avenida Guaíba é o ponto estratégico para quem busca um diferencial em termos de descanso e tranqüilidade.

Diariamente, incluindo fi-nais de semana e feriados, es-se é o trajeto de muitas pes-soas. Caminhadas pela ma-nhã para manter a saúde em dia, chimarrão com os amigos para assistir ao pôr-do-sol, sentar em um bar para relaxar e sair da rotina são alguns dos motivos que atraem essas pessoas até o bairro.

Para a estudante, Stella Bruna Gutierrez, 20 anos, mo-radora do bairro e adepta de

caminhadas, o diferencial está nas pessoas que freqüentam o calçadão. Segundo a estu-dante, não é preciso se preo-cupar em caminhar sozinha, pois sabe que sempre é pos-sível encontrar algum conheci-do ao longo do caminho, visto que a maioria do pessoal que freqüenta a “beira da praia” (como é chamado o calçadão por diversos moradores), aca-ba por criar um círculo de ami-zades, tornando-se parceiros também para outras ativida-des. Além da atividade física, a estudante ainda menciona um gosto diferenciado “para acompanhar um chimarrão, nada como uma caipirinha de laranja em um dos bares ali do calçadão”.

Os bares são outro atrati-vo, muito freqüentados, prin-cipalmente por visitantes de fora do bairro. Além do tradi-cional atendimento noturno,

alguns desses estabelecimen-tos estão abertos à tarde ten-do um bom retorno do público diariamente. Conhecido há 28 anos na Zona Sul, o Desta-ques Bar, tradicionalmente chamado de Bat Bat, é sem-pre mencionado por pessoas quando em entrevista sobre lugares que costumam fre-qüentar em Ipanema. A dona do estabelecimento nos últi-mos 19 anos, Miriam Saicos-que, sabe na ponta da língua o diferencial de seu bar: “Pe-tiscos variados e gostosos além da cerveja sempre bem gelada”.

Além de bares e uma pai-sagem indiscutível, o lazer em Ipanema ainda conta com a ciclovia, redes montadas para vôlei e cama elástica nos finais de semana para diversão in-fantil. São diversas atividades para atrair mais pessoas para Zona Sul.

Ipanema: capital do lazer

No Ano de 2007 a Bienal do Mercosul não estará so-zinha. Paralelo a este evento acontecerão outras mostras de arte e uma delas pretende modificar a cena artística do Rio Grande do Sul. Entre o dia 1º de setembro e 18 de novembro, o projeto Bienal B será exposto , em diver-sos locais de Porto Alegre, mostrando um outro lado, da cidade anfitriã da 6º Bienal do Mercosul. O seu foco é a arte local, visando uma ampliação das reflexões para o público, propiciando mais visibilidade para os artistas.

Aproveitando a repercussão que a Bienal do Mercosul gera no grande público, um grupo de artistas idealizou o projeto Bienal B. Esse projeto pretende inserir a arte no dia-a-dia das pessoas, mostrar que ela é feita com coração, com sentimento. A articuladora geral do proje-to, Gaby Benedyct faz questão de frisar: “ A Bienal B é um instrumento de divulgação de artistas, fomentação

de cultura” e complementa: “ Estabelece pontes entre público e artistas”. Segundo ela, as pessoas vivem de uma forma muito individual, parece que não há opções o que não é verdade, querem carinho e coração e isso a arte tem muito a oferecer.

O projeto recebeu inscrições de artistas interessados em participar. As inscrições estão encerradas, no entanto o site esta aberto para quem quiser ajudar na organização das mostras e disponibilizar espaços para as exposições. “Quem quiser oferecer um espaço para a Bienal B com certeza será bem vindo. “Nós precisamos de espaço e disposição” afirma Benedyct. Ela explica também que existe um termo de responsabilidade do artistas, que es-pecifica que a Bienal B e o espaço são isentos de respon-sabilidade contra dano ou contra risco sobre a obra.

O Joy Divison Pub, que fica no bairro Cidade Baixa

confirmou parceria com o projeto, estará aberto a partir do dia 18 de agosto para uma serie de encontros infor-mais. Acontecerão oito encontros durantes os sábados ás 17horas, onde serão debatidos temas polêmicos e inte-ressantes sobre arte, criando assim uma ponte artistas, articuladores e o público em geral.

Dessa maneira aberto para novas parcerias, o projeto conseguiu se solidificar sem a necessidade de verba. Be-nedyct explica que a Bienal B não trabalha com dinheiro. A articuladora geral destaca também que a Bienal B não esta se colocando em oposição a Bienal do Mercosul, não é concorrente, mas simpática a todas e quaisquer outras propostas paralelas á Bienal.

O site www.bienalB.org está aberto para quem quiser di-vulgar a sua mostra artística. Funciona como um guia online, para conhecer as exposições e os artistas previamente.

lado bda arte da caPital

Em meio ao caos urbano, a arte conquista seu espaço com criatividade

Artistas alegram as ruasOs artistas que se apre-

sentam diariamente pelas ruas do centro de Porto Alegre des-pertam curiosidades em seu público e fazem a alegria das crianças, expressando sua ar-te e mostrando seus talentos com criatividade.

Ao caminhar pelo centro da capital facilmente são en-contradas figuras engraçadas chamando a atenção de to-dos que por eles passam. Os artistas de rua são assim cha-mados por utilizarem as ruas como seu palco e as pessoas que por elas transitam como seu público.

A cada esquina encon-tram-se artistas desempe-nhando seu trabalho, músi-cos, atores, estátuas vivas, artistas circenses, uma diver-sidade de pessoas que se destacam em meio a todos por seus talentos curiosos. Apresentam-se também em casas noturnas, festas infantis e costumam visitar asilos e hospitais, em busca de opor-tunidades de demonstrar a qualidade de seu trabalho.

“Sou artista de rua porque amo a arte e a cultura, preciso trabalhar para me sustentar, porém fazendo minha arte procuro levar alegria à crian-ças e idosos, não apenas na rua, mas em asilos e outros lu-gares que visito”, afirma Antô-nio Santos, 38 anos palhaço e vendedor de balões.

Enfrentando o cansaço e as mais diversas temperaturas, os artistas de rua sustentam-se com o que ganham e são valorizados por seu público. Mas a sobrevivência não é o

único motivo que os levou às ruas, muitos destes artistas amam o que fazem e o objetivo de sua arte, como denominam, é levar alegria para todos.

HisTórias De arTisTaAdentre no Parque da Re-

denção rumo ao chafariz cen-tral. Caminhe pela calçada, olhe para os bancos e lá esta-rá ele sentado, com o seu constante carisma, sempre disposto a ter um dedo de prosa. Ao som da sua harmô-nica, o musicista Paulo Au-gusto inicia a narrativa que conta a trajetória de sua vida e afirma ser um livre pensador.

Paulo Augusto lança este ano o oitavo volume de uma coleção de discos intitulados Harmônica Romântica. O mú-sico é, também, o produtor de suas obras e comenta que, desde cedo, teve grande ape-go pela música. “Eu só não to-quei na barriga da minha mãe porque não tinha gaita de bo-ca. Acho que comecei a tocar com um pouco mais dos três anos de idade”, declara.

Paulo Augusto, natural de Carazinho, aos oito anos de idade foi para um colégio in-terno, aos 11 perdeu a mãe e aos 16, o pai. A vida compli-cada destacou o seu talento e sensibilidade para as manifes-tações artísticas. Aos 18 anos, relata, teve o auge de seus poemas. Escreveu versos que, em pleno 2007, o surpreen-dem pela criatividade.

Constatando a teoria de que ser artista é, também, questionar o mundo e refleti-lo, o instrumentista afirma ser

um “livre pensador” e enfatiza a sua opinião sobre a vida e o tempo. “Viver é vencer todos os obstáculos contrários a is-so. E o tempo para mim não existe, o que existe são as conseqüências dos atos. O tempo é uma maneira para dominar a humanidade”, rela-ta. O artista conclui: “o que chamam de tempo predispõe às pessoas a fazerem as coi-sas dentro da ordem. Se tirar das pessoas o hábito de medir o tempo elas vão ficar perdi-das, sem saber o que fazer”.

Os seus discos passam

por diversas cidades do Rio Grande do Sul e, também, por alguns Estados da região Su-deste do país. A Harmônica Romântica é uma agradável e lírica coleção que apresenta clássicos nacionais e interna-cionais, custando R$ 15 cada volume. De acordo com Paulo Augusto, é muito mais vanta-joso comprar um de seus dis-cos, do que comprar discos vendidos em lojas, pois seus volumes têm um custo menor e apresentam grande quanti-dade de faixas, chegando até vinte músicas.

Keyla souto e Gabriel Belmont

Palhaço e vendedor de balões cativa o seu público na Andradas

Keyla Souto

Bruna lago

novo Museu iberê caMargo

rodrigo Corrêa xavier

Situada na casa onde morou o pintor, a Fundação Iberê Ca-margo terá novo espaço na zona sul de Porto Alegre, em um terreno doado pelo governo, na Av. Padre Cacique, à beira do rio Guaíba. Agora, a obra de um dos artistas plásticos mais importan-tes do século 20 terá um museu com arquitetura e infra-estrutura dignas de seu acervo.

Para assinar o empreendimento do novo museu foi escolhi-do o arquiteto português Álvaro Siza Vieira. A escolha foi feita pela esposa de Iberê, Maria Coussirat Camargo: “Me apresen-taram vários arquitetos. Eu escolhi ele por ser português, afinal somos descendentes”.

Vieira está trabalhando no projeto desde 2000, quando fez a sua primeira visita ao local. Ele está explorando cuidadosa-mente vários elementos como luz, textura, movimento e espa-ço. A intenção é proporcionar ao expectador uma experiência ainda mais rica ao visitar a obra de Iberê. O projeto lhe rendeu o prêmio Leão de Ouro, na Bienal de Arquitetura de Veneza, em 2002. O museu, a exemplo das obras que serão expostas nele, será referência nacional.

A Fundação Iberê Camargo foi criada em 1995, com o ob-jetivo de preservar e divulgar o trabalho. O acervo possui mais de 7 mil obras deixadas a sua esposa. “O Iberê sempre me dava quadros e eu fui juntando uma espécie de acervo. Então depois que ele morreu tinha tudo isso. Foi assim que começou”, afirma Maria Camargo. Ela comentou com Jorge Gerdau sobre a idéia de criar uma fundação e então ele disse que ajudaria no projeto. “Ele é um grande fã da obra de Iberê e é atualmente um dos patrocinadores da fundação”.

O novo prédio terá nove salas de exposições, distribuídas em três pavimentos, somado ao amplo espaço do primeiro an-dar, reservando 1,3 mil m² para mais de 4 mil obras do artista. Mas, o museu não pretende ser somente o local de exposições da obra de Iberê Camargo, e sim um verdadeiro centro cultural. Irá dispor de auditório, centro de pesquisa e informação, átrio, livraria e cafeteria, além de um estacionamento subterrâneo.

Fábio Del R

e

Nova sede da Fundação, às margens do Guaíba

Vista à beira do Guaíba encanta freqüentadores da praia de Ipanema

Xaene Pereira

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1� julho de �007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA Cultura

Com o bom momento dos clubes, torcedores comparecem aos estádios

Torcida é fundamentalOs torcedores do estado

nunca estiveram tão eufóricos. Gremistas e colorados vêm in-centivando os seus times aos grandes êxitos alcançados pe-los clubes, principalmente nos últimos dois anos. Quem vai ao Olímpico e ao Beira-Rio pre-sencia dois espetáculos: O do time e o da torcida. Os clubes, envolvidos em competições in-ternacionais, contam novamen-te com o apoio do torcedor.

A torcida do Grêmio canta, vibra e empurra o time durante o jogo inteiro. Isso tem arranca-do elogios de toda a imprensa brasileira e é considerada a melhor torcida do Brasil. A do Internacional não fica atrás. Ano passado, levou o time as suas maiores conquistas, lo-tando o Beira-Rio e intimidando os adversários do colorado.

O assessor de imprensa do Grêmio, Haroldo Santos, afirma que o Olímpico é freqüentado por todos os tipos de torcedo-res. Desde os mais fanáticos até aqueles que vão ao estádio so-mente para assistir aos jogos com suas famílias. “O torcedor gremista acredita no Imortal Tri-color”, diz Santos. Outro motivo de orgulho é a média de sócios presentes nos jogos, cerca de 24 mil contribuintes do Grêmio. Santos afirma também que apóia qualquer atitude do torce-dor gremista, desde que favore-ça o espetáculo. Atitudes violen-tas e anti-desportivas são con-denadas pelo Grêmio. O clube ainda faz um apelo aos torcedo-res que vão ao estádio: “Que os torcedores gremistas torçam e torçam, cada vez mais pelo tri-color, sempre acreditando”.

A assessoria de imprensa do Internacional também foi consultada, mas preferiu não emitir opiniões sobre os seus torcedores.

Mas não é só nos estádios que essa paixão se manifesta. Nas conversas entre amigos, é um dos principais assuntos e sempre rende intermináveis discussões. O colorado Char-les Correia, defende que a Li-bertadores é uma prioridade gremista e que os demais clu-

bes do país não dão tanta ên-fase a essa conquista. “Em to-das as rivalidades entre clubes brasileiros, o principal aspecto a ser considerado é o confron-to direto. Só os gremistas se gabam de ter mais títulos da Libertadores que o rival”, afir-ma Correia, que conclui: “No confronto direto eles são fi-lhos, e nem vou falar em se-gunda divisão para não humi-lhar ninguém”.

Para o gremista Fernando

Moura, O Grêmio tem muito mais tradição e renome fora do país do que o rival. “O Inter-nacional foi justificar seu nome somente no ano passado. Ain-da assim, algumas emissoras de televisão o apresentaram como Inter de Santa Maria, ou Inter de Milão, o que é uma vergonha. Até o site da Fifa, que eles tanto amam, anun-ciava o confronto contra o Bar-celona exibindo o distintivo do São Paulo”, afirma Moura.

Psicologia explica o fanatismoSegundo o dicionário Auré-

lio, fanático é aquele que adere cegamente a doutrina ou parti-do, que tem grande dedicação ou amor a alguém ou algo.

A psicóloga Thaiza Ávila define o fanático como alguém que está tão afinado com a ideologia coletiva que ela basta como canal para a expressão de seus sentimentos. Ávila também diz que as pessoas

procuram grupos como supor-tes, assim quando um jovem torcedor procura uma torcida organizada, por exemplo, irá se inserir num grupo que fun-cionará para ele como apoio e, conseqüentemente, este fará parte de um todo. “A partir do momento que o indivíduo, de maneira geral, passa a ser do-minado por uma força maior, ou seja, que as vitórias, derro-

tas e ofensas sejam tomadas como algo pessoal, pode-se gerar atos de violência e bruta-lidade e isso, pode ser consi-derado como uma doença”, afirma Ávila. Aplicando essas teorias psicológicas nos nos-sos torcedores, que mais do que gostar, amam (ou odeiam) jogadores e técnicos, fica fácil entender o porquê de tanta de-voção aos clubes.

Fábio ott

Torcedores da dupla GRENAL aparecem como principais responsáveis pelo sucesso dos times

Arquivo

Bares atraem o público na Goetheroberta lotti

As casas noturnas da aveni-da Goethe foram trocadas por bares e pubs que vem atraindo cada vez mais o público.

Atualmente, a única casa noturna na Goethe é o Mana-ra, que abrange todas as ten-dências musicais e tenta atrair um público alternativo e de idade variada. Segundo o pro-prietário do local, Felipe Di-

martino, em julho desse ano a casa começa com um projeto venerão (todos os estilos mu-sicais) nas quartas-feiras, afim de atrair os freqüentadores dos bares e pubs.

Em época de jogos, os ba-res e pubs lotam de torcedo-res, que chegam em torno das 18 horas e normalmente ficam até a hora de fechamento dos bares. Entre os mais freqüen-tados está o Twister bar, El

Molino, Beer Streate, Tropicalli e Kripton. “Twister é o bar dos torcedores. A galera vai torcer quando tem jogo e acaba vi-rando a noite, seja na quarta no sábado ou no domingo”, afirma o barman e também in-tegrante da banda de pagode Inovação, Cleandro Carvalho.

Os bares e pubs oferecem comida mais barata e cerveja mais gelada, contam com am-biente aconchegante, grupos

de pagode aos domingos, te-levisão ao vivo, onde normal-mente passam os jogos.

E na disputa para atrair o público, a única danceteria da Goethe, a Manara, improvisa com som mecânico na pista de cima a noite toda, uma banda na pista de baixo, glo-bos de espelho no teto, jogos de luzes, e som eclético, co-mo emo, forró, pagode, metal e rock.

Bandas na redeHoje tudo está mais fácil

para as bandas do cenário in-dependente. A divulgação dos seus trabalhos pode ser feita de uma forma muito sim-ples. Isso se deve aos sites que abrem espaço para o ar-tista expor o seu trabalho.

Muitos grupos conheci-dos que atualmente fazem sucesso começaram assim, disponibilizando as suas mú-sicas e conquistando espaço com os seus fãs virtuais. Um exemplo é a banda Fresno que alcançou notoriedade no cenário nacional. Segundo o vocalista da banda, Lucas Silveira, o “Paraíba”, o início da banda foi complicado co-mo é para os músicos em geral. “Nossa principal arma foi a internet mesmo, porque lá está concentrado o nosso principal público, que é a gu-rizada”, diz Paraíba.

Hoje, os fãs são respon-sáveis diretos para o suces-so das bandas. Basta ver a ação dos Street Teams, que são equipes de pessoas que têm em comum a afeição por uma banda ou artista e, por isso, querem ajudar essa a crescer cada vez mais. No Street Team da Fresno, as coisas funcionam assim: as atividades que devem ser re-

alizadas são organizadas através de missões. A cada 15 dias, os integrantes rece-berão por e-mail uma tarefa a ser feita, por exemplo: ligar ou mandar e-mail para uma rádio pedindo que toquem Fresno. Com isso, além de ajudar seus ídolos, os mem-bros participam de sorteios envolvendo material do gru-po (CD’s, camisetas, bonés etc.). Também, são liberadas músicas exclusivas na rede e somente quem é do time pode ouvir antes.

Paraíba fala sobre a im-portância da internet para a Fresno: “Não seríamos nada do que somos hoje se não existisse meios de divulgação alternativos, afinal as músicas não tocam no rádio a toda hora e o clipe não passa dire-to na MTV. A banda conquis-tou o público e o respeito que hoje tem em todo o país por causa da divulgação que aconteceu apenas pela inter-net e através do bom e velho boca-a-boca”.

Fica claro que as inúmeras possibilidades abertas pelo mundo virtual diminuem a de-pendência de novos artistas em relação a indústria fono-gráfica. Tanto é que algumas bandas se dão ao luxo de dis-ponibilizar álbuns na íntegra em seus sites.

O TramaVirtual, pioneiro no Brasil possibilita a criação de uma home page personalizada com espaço para divulgação dos tra-balhos, fotos, telefone de contato, eventos, etc. Além disso, o site contém muita informação para quem quer ficar atualizado sobre o cenário musical independente. Visite www.tramavirtual.com.br.

eduardo nunes

arte urbana conquista esPaÇo mariah amorim

Paredes pintadas, cartazes representativos, desenhos es-palhados. A arte não se restringe às grandes galerias, está em todas as partes. O trabalho de grafiteiros e artistas muda as ruas da Capital. Projetos realizados pela a prefeitura, por ONGS ou pelos artistas resgatam uma criatividade muitas vezes ba-nalizada e mal interpretada.

Pintar muros pode ser considerado vandalismo, poluição visual, mas para o coordenador adjunto da Descentralização da Cultura, Lutti Pereira, é uma maneira de levar arte e cultura à pe-riferia. Diz que a Descentralização, departamento da Secretária da Cultura, atende grande demanda de projetos relacionados ao Grafitti e Hip Hop, além de dança, teatro e vídeo. As 75 oficinas realizada por ano, duram oito meses e tem os temas escolhidos pelas Comissões de Cultura das 17 regiões da Capital. No ano passado, com apoio da Secretaria da Cultura, grafiteiros pinta-ram diversos viadutos e o muro da av. Maúa.

Iniciativas de artistas abrem espaço para a arte urbana. A Ga-leria Mundo Arte Global foi inaugurada em setembro de 2006, por jovens grafiteiros. O designer e organizador, Emir Sarmento, fala da idéia de criar um local aberto, para exposições coletivas: “Que-ríamos familiarizar as pessoas com o ambiente urbano.” Hoje, além da mostra coletiva, foi criado um ambiente para exposições individuais. No espaço está também a loja de roupas alternativas Salada Atômica, e no interior da casa há um local para happy hours e música ao vivo. “ Queremos ser um espaço cultural. Nos sábados promovemos oficinas de yôga, malabares e também workshops, onde as pessoas trazem objetos para serem pintados”, afirma.

O grupo que compõe a ONG Instituto Trocando Idéia de Tec-nologia Social Integrada começou há oito anos, com um encontro de Hip Hop que chega à nona edição. Para a divulgação e inclusão da arte urbana, o grupo desenvolve eventos em diversas áreas de atuação dentro da cultura Hip Hop. Este ano, construíram a “Biblioteca Dialógica Pedro Ghóes”, no Morro da Cruz, onde, no ano passado, 20 meninas pintaram as fachadas de 20 casas. A presidente da ONG, Fabiana Menine, sabe da dificuldade enfren-tada pela arte de rua, mas acredita que ela está ganhando reco-nhecimento. A ONG busca transformação social através da arte, incentivando a pintura de murais temáticos em locais de acesso público. Em 2006, a segunda edição do projeto Identidade de Rua reuniu 40 artistas que atuaram na pintura de mobiliários, grafitti, toy art e de quatro carros do trem urbano de Porto Alegre.

Arquivo pessoal / lostart.com

.br

Música em movimentoTransmitindo emoções e

provocando reações através da musicalidade. O projeto Descentralização de Cultura é organizado pela Associação de Moradores do bairro Jar-dim Ipiranga (Asmoji), com apoio da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Realizado du-as vezes por semana no Colé-gio Dolores Alcaraz Caldas tem por objetivo ensinar músi-ca à comunidade.

“Como aluna do projeto, juntamente com a comunida-de, busco priorizar e destacar a música e a cultura que estão presentes nas ruas de nosso país, que nem sempre são vis-tas e valorizadas”, declara Ju-liana Silveira, 19 anos que fre-quenta a oficina de música.

O músico Jorge Foques é voluntário no projeto como professor de música. Com vasto conhecimento em ins-trumentos musicais, em des-

taque o violino, o professor aprofunda a teoria e a prática do violão e teclado. Foques também organiza aconteci-mentos musicais, como o Nós da Noite, que busca reunir em bares da Cidade Baixa músi-cos da grande Porto Alegre.

As oficinas musicais são realizadas há seis anos. No fim de cada ano, os alunos se

organizam para apresentar um concerto musical para a co-munidade do bairro. Cada participante toca e canta uma música de escolha própria que foi ensaiada.

Para o presidente da As-moji, Adroaldo Corrêa Barbo-za, há necessidade de mais ajuda das entidades públicas da Capital para levar através

desse e de outros projetos co-nhecimentos diversos às co-munidades.

As aulas ocorrem no Co-légio Dolores Alcaraz Caldas, na rua Afonso Celso Pupe da Silveira 25, bairro Jardim Ipi-ranga, todas às quartas-fei-ras, das 18h às 21h e aos sá-bados das 14h às 17h, gra-tuitamente.

Verônica laraRicardo Giusti

Apresentação anual de música na Praça 20 de Novembro

Grafiteiros em ação pela cidade

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D

Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA julho de �007 13Cidadania

Internet pela rede elétricaImagine ligar o seu com-

putador direto na tomada e, automaticamente, estar co-nectado à internet. Um projeto da Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação de Porto Alegre (Procempa) adota a tecnologia, chamada de Power Line Communica-tion (PLC), que utiliza a rede de energia elétrica para a transmissão de dados, voz e imagem com conexão em banda larga.

Em parceria com a Com-panhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), com o Centro de Tecnologias Avançadas do Serviço Nacional de Apren-dizagem Industrial (CETA-SE-NAI) e com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), dentro do Programa de Pós-graduação em Com-putação (PPGC), a Procempa inaugurou, no final do ano passado, a primeira rede que utiliza tecnologia PLC no Rio Grande do Sul.

O Diretor Técnico da Pro-cempa, Zilmiro Tartari, afirma que, no Brasil, a tecnologia é bastante nova e está em fase experimental. Porém, mundi-almente, se encontra em está-gio avançado, funcionando em vários países da Europa, nos Estados Unidos e no Japão. Segundo ele, “em al-guns países, essa tecnologia já possui projetos em escala comercial”.

QuaTro ponTosna resTinGaO objetivo inicial do projeto

foi possibilitar o acesso rápido à rede mundial de computa-dores, em quatro pontos da Restinga, bairro mais distante da região central de Porto Alegre. A CEEE levou cabos de fibra óptica até a subesta-ção daquela região e, a partir de lá, criou uma rede de 3,5 Km de média tensão. No tra-jeto, foram criados quatro pontos em PLC: no Centro

Administrativo Regional da Restinga (CAR), no posto local do SENAI, na Escola Munici-pal Senador Alberto Pasqualini e, também, no Posto de Saúde Macedônia.

No CAR, dois totens com computadores conectados em PLC encontram-se no sa-guão. Um aberto ao público, para uso da comunidade lo-cal, e outro da CEEE, voltado à utilização de serviços da companhia tais como pedidos de religação de luz, consulta de contas, entre outros. Se-gundo o Coordenador de Governança Local e Coorde-nador Regional do Orçamento Participativo da região da Restinga, Estevão Melnitzki, que possui escritório no CAR, ao lado do saguão, o tempo de acesso estipulado por pes-soa é de dez minutos. Melnitz-ki diz que, atualmente, em média 30 pessoas utilizam os computadores diariamente.

A Hypertrade Telecom, que representa, no Brasil, equipa-mentos da empresa Mitsubi-shi é, também, parceira da Procempa no projeto e forne-ceu os modens e amplificado-res necessários para converter o sinal na rede. “Em função da qualidade da rede elétrica, o sinal sofre oscilações e perda de potência. Os amplificado-res, a cada 500 ou 600 met-

ros, potencializam, renovam e reinjetam o sinal”, afirma Tar-tari. Segundo ele, utilizando apenas um modem é possível fazer com que qualquer toma-da de um prédio, por exem-plo, tenha conexão à internet.

45 meGaBiTspor seGunDoComparando com a banda

larga convencional, o PLC se destaca pela velocidade da conexão. Tartari afirma que, enquanto uma conexão em ADSL tem, em média, um megabit por segundo, a con-exão PLC proporciona a velo-cidade de 45 megabits por se-gundo. “A transferência de ar-quivos no ADSL leva, em mé-dia, 45 segundos. Para trans-ferir um arquivo usando PLC, são necessários seis segun-dos”, compara o diretor que diz, ainda, haver em outros países, projetos com equipa-mentos mais avançados que utilizam a conexão com 200 megabits por segundo.

Com relação aos custos, o diretor afirma que, por en-quanto, a tecnologia não é a mais barata: “Exatamente por ser ainda nova e não ser de-senvolvida em escala aqui no Brasil. A medida que os fabri-cantes começarem a fabricar equipamentos em escala, com certeza os custos irão baixar”.

osCilações na reDesão oBsTáCulos“A rede no país ainda é

bastante precária para desen-volver e implementar essa tec-nologia em grande escala”, diz Tartari. “Enquanto no Brasil te-mos um transformador para cada 40 ou 50 famílias, no ex-terior esse número é de quatro ou cinco famílias por transfor-mador”, completa. Mesmo as-sim, o diretor é otimista quan-to ao projeto e a tecnologia. “Eu diria que nos próximos dois ou três anos nós teremos projetos com essa tecnologia em grande escala no Brasil”, diz. Segundo ele, a Agência Nacional de Telecomunica-ções (Anatel) está em fase de regulamentação da tecnologia e dos equipamentos: “Existe um Comitê que discute o as-sunto, que está trabalhando em cima das normatizações”. Tartari explica que, para a tec-nologia chegar à uma escala comercial, são necessários, também, outros estudos e in-vestimentos. “A operadora de energia, por exemplo, para lib-erar a rede, quer ser remu-nerada. Mas, ainda não ex-istem parâmetros bem defini-dos para se trabalhar essa questão comercial”, comenta.

Quanto aos investimentos aplicados no projeto até agora, Tartari explica que “foram mais em termos de inteligência hu-mana”. Segundo ele, a CEEE entrou com a parte técnica e os caminhões para fazer conexão nos postes, o SENAI com os laboratórios de medição para medir as interferências, o nível de ruído e os ajustes de equi-pamentos, a UFRGS contribuiu com estudo e pesquisa e a Procempa com a parte da co-municação. Tartari diz que o governo federal manifestou in-teresse em aportar recursos para desenvolver o projeto para fins de inclusão social, afirman-do, ainda, que a Procempa recebeu consultas, de algumas empresas da Restinga, para in-stalação de internet via PLC.

Há 60 anos iniciavam-se as obras do primeiro conjunto re-sidencial do país. Construído pelo Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI) para amenizar os problemas habitacionais resultantes do crescimento populacional na re-gião periférica de Porto Alegre, o Conjunto Residencial Passo D’Areia é conhecido pela sigla do instituto, IAPI.

Projetado durante o Estado Novo, segue o modelo europeu chamado cidade-jardim, o qual busca harmonizar as constru-ções e o ambiente natural. Inaugurado em 1953 por Getúlio Vargas, o residencial, que muitos moradores atribuem o status de bairro, representa muito bem a política populista da época.

Inicialmente, as moradias eram destinadas a operários e associados ao instituto. Foi desse modo que o pai e o marido de Leny Lopes, 67 anos, moradora há 12 anos, passaram a residir no local. Segundo Lopes, as maiores mudanças ocorreram nas regiões próximas: ”O IAPI ficava no fim da cidade, nós nem conhecíamos a Plínio (avenida), que era chamada Estrada da Pedreira, nem íamos para lá, pegávamos o bonde na Brasiliano Índio de Moraes em direção ao Centro”.

Moradora desde um mês de idade, Marisa Ramos, 55, de-fine o IAPI como “um pedacinho do interior dentro da cidade grande”. Ela reside no Condomínio da Figueira, o mesmo em que viveu Elis Regina, e como amiga da cantora, mostrou-se contente com a homenagem que será colocada no “bairro”. “Admiro a Elis, ela foi uma irmã que deu certo. Então é gra-tificante, pois vim acompanhando-a desde o Clube do Guri”, confessou.

Mesmo quem deixa o “bairro” guarda lembranças. É o caso do jornalista David Coimbra, 44, que ainda mantém contato com os amigos da adolescência e recebe fotos da época vi-vida no lugar. O IAPI, muitas vezes, cenário das crônicas de Coimbra, também, pertence à história de quem nele viveu.“Os amigos, as brincadeiras, os jogos de futebol, as primeiras na-moradas, as primeiras saídas à noite. O IAPI é parte disso”, relatou Coimbra.

iaPi: Pedacinho do interior

Luta cotidiana dos cegosCresce a circulação de deficientes visuais no centro de Porto Alegre

Devido a necessidades co-tidianas, os deficientes visuais criam coragem para circular no movimentado centro da capital. Apesar dos obstácu-los apresentados, como ca-melôs, orelhões, carros, eles recomeçam diariamente sua rotina rumo ao centro porto alegrense.

Atualmente, portadores de deficiências visuais destacam-se em meio à multidão das principais ruas da Capital. Es-sa capacidade de mobilidade é conseguida de uma forma pessoal, pois 60% desses de-ficientes sofre ao andar sozi-nho nas ruas, não só com o medo de locomoção sem a vi-são, mas com o preconceito da população. Sair às ruas tor-na-se um desafio diário. Com a falta de visão é extremamen-te complicado desviar da mer-cadoria dos camelôs, outra di-ficuldade citada pelos cegos são os desníveis nas calçadas que são imperceptíveis ao usar a bengala, o que dificulta um caminhar tranquilo.

“Um sinal de trânsito, uma saliência na calçada, poderia nos ajudar, quase fui atropela-

do quando um motorista ao avançar o sinal não me viu, um pedestre me ajudou, normal-mente isso facilita muito minha vida sempre fica complicado sabe, vários deficientes têm acompanhantes ou um cão guia, mas no meu caso devido à dificuldade financeira minha única companheira é a benga-la”, afirma o vendedor de jogos da Mega Sena, João Vilmar Fonseca, 54 anos, deficiente visual desde os 14 anos.

Acessibilidade significa não apenas permitir que as pesso-

as com deficiências partici-pem de atividades que incluem o uso de produtos, serviços, e informação, mas a inclusão e extensão do uso desses por todas as parcelas presentes na circulação urbana. “Traba-lho, caminho, freqüento aca-demias tudo isso com ajuda da minha irmã, pois o que mais me atrapalha são os ca-melôs eles são desorganiza-dos, espalham suas mercado-rias por toda a calçada nem pensam em nós”, diz a defi-ciente visual, telefonista há 25

marília miños

anos, Fátima Fadine, 52. O secretário municipal de

Acessibilidade e Inclusão So-cial, Tarcízio Teixeira Cardoso, obteve do diretor de Trânsito e Circulação da EPTC, José Wil-mar Govinatzki, o compromis-so de instalação até agosto de 2007 de botoeiras sonoras pa-ra facilitar a travessia de pes-soas com deficiência visualem faixas de segurança para a im-plantação das sinaleiras com botoeiras sonoras são pontos estratégicos nas principais ru-as do centro da Capital.

Karen Vidaleti

Problemas como criminalidade, violência e falta de oportu-nidades, freqüentemente são encontrados em diversas regiões do país. Pensando nisso, voluntários possibilitam a mudança de uma realidade precária, na zona sul de Porto Alegre, com a cria-ção da ONG Núcleo Comunitário Belém Novo, proporcionando a ressocialização do loteamento Chapéu do Sol.

Segundo o presidente do núcleo , Major da 21º Cia da Bri-gada Militar, Antônio Marco Cidade Bevoneci, mais conhecido como Cidade, a iniciativa surgiu da necessidade de trabalhar as vilas da zona sul por uma questão social e pelo tráfico de drogas. Inicialmente, moradores do local não permitiam a en-trada da Brigada Militar. A avenida Juca Batista, com frequência, era bloqueada pela população, influenciada pelos traficantes do local, uma vez que essa aproximação poderia ameaçar o comércio de entorpecentes.

O núcleo, que existe há cinco anos, teve a sua primeira ten-tativa de contato com a população da região em 2002, com a distribuição de sopa às famílias. Desde então, outras pessoas se interessaram pelo trabalho, tanto que a sua distribuição ocorre até hoje todas as sextas-feiras. A ajuda de moradores do lote-amento Terra Ville e uma doação de R$ 15 mil pelo presidente do Conselho de Administração da RBS, Jaime Sirostky, foram fundamentais na construção de sua sede.

A ONG possui diversos cursos profissionalizantes e tam-bém conta com o auxílio do ex–jogador gremista, Tarcísio de Sousa,como voluntário, transmitindo para crianças de sete até 14 anos lições de cidadania através do esporte. A atividade leva em consideração o rendimento escolar da criança, como forma de relacionar esporte e educação. Atualmente, a escolinha de futebol possui 130 alunos, despertando assim os seus sonhos e proporcionando a noção da realidade, para que no futuro pos-sam usufruir de um vida longe das ruas e da criminalidade.

O sonho de ampliação do núcleo parece estar próximo de ser concretizado.Uma parceria envolvendo empresas como Gerdau e Klin Lavanderias trará mais oportunidades de traba-lho aos moradores, assim como boa infra-estrutura, que pos-sibilitará uma melhor forma de levar cultura e informação à uma realidade excluída pela sociedade. “Nossa utopia é viver sem muros”, disse o vice-presidente do projeto e consultor do Loteamento Terra Ville, José Maria. Kroff Filho.

anna paula medeiros Barbosa

iniciativa voluntária MoviMenta beléM novo

max antunes

Terminais disponíveis no saguão do Centro Administrativo da Restinga

Beto Rodrigues Anna P

aula Medeiros B

arbosa

Voluntários promovem a ressocialização no Chapéu do Sol

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14 julho de �007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA Cidadania

Baixo número de escolas PPNE’s

Capoeira faz a cultura popular

Bárbara Barbieri

Formado em Educação Física, no IPA, e Educação Popular, na Unisinos, o pro-fessor de capoeira, Anselmo da Silva Accurso, 49 anos, fundou, em 07 de maio de 1995, a Associação Cultural de Capoeira Angola Rabo de Arraia (ACCARA). Baseado na cultura afro-brasileira e suas manifestações, o grupo ACCARA foi criado para mu-dar a visão da comunidade perante a capoeira, com au-las gratuitas em centros co-munitários e estudos fre-qüentes sobre africanismo.

Accurso, que é conheci-do pelo apelido “Ratinho”, acredita que, a capoeira é a própria educação popular e tem muito a ensinar a todos, com a sua prática, o indiví-duo inicia um processo de resgate de seu ser. “Ela é lu-ta, é dança, é expressão corporal, é técnica, enfim, é cultura. Isso significa que deve estar a serviço da edu-cação como prática ligada às necessidades básicas de nossa gente, nos aspectos físicos, psíquicos e cultu-rais”, explica.

O grupo tem sede no Centro Comunitário da Vila Ingá, onde acontecem os encontros, ministrados para todas as idades. Nas segun-das, quartas e sextas, ocor-rem treinos de movimenta-ção. Em dois sábados por mês, o grupo se encontra, à tarde, para confecção de instrumentos e ensaios de dança, canto e toque. Aos domingos realiza rodas em lugares públicos.

Integrantes mais antigos do grupo dão aulas para co-munidades carentes. Accur-

so zela para que os seus ofi-cineiros tenham comprome-timento com a cultura nacio-nal, fazendo da capoeira um instrumento de conscienti-zação e de esclarecimento, sobretudo nas camadas mais deserdadas da socie-dade.

O professor lembra que a capoeira esteve em várias fases da sociedade sendo marginalizada e depois tor-nou-se produto de consu-mo, por isso ressalta a im-portância de não esquecer de sua origem. “A capoeira não nasceu do abstrato, mas da vida como uma das tantas respostas a seus em-bates e a seus desafios. Foi ato afirmativo, gesto de iden-tidade, ação de superação no plano individual, desejo coletivo de vencer”, salienta.

Ele reclama do descaso das prefeituras em relação ao trabalho comunitário, on-de os educadores não são valorizados. Enfatiza que uma instituição que promove cultura, tem um papel im-portantíssimo na aglutinação e desenvolvimento de ativi-dades que valorizem as di-versas formas pelas quais se plasmou o acontecer de um povo e se cristalizou sua ex-periência. A prática diária com a verdadeira cultura po-pular é sempre oportunidade de afirmação nacional e de inspiração a criatividades autênticas. E, conclui que “a capoeira por representar uma cultura de resistência, com sua história, com sua linguagem própria, é sem dúvida um instrumento pre-cioso para a conscientização de mudanças sociais”.

coMerciários têM oPÇÃo deturisMo Mais acessível

O Serviço Social do Comércio (Sesc), localizado na aveni-da Protásio Alves, no bairro Alto Petrópolis, trabalha com uma forma diferenciada de turismo social. Segundo a secretária do Departamento de Turismo do Sesc, Cristina Flores, o objetivo dessa forma de turismo é oferecer bons serviços em progra-mações que apresentam lazer, integração, cultura, educação e saúde destinadas a trabalhadores de baixa renda.

Para isso, o Sesc disponibiliza 43 meios de hospedagem, com mais de 4,6 mil apartamentos e cerca de 15 mil leitos, em 19 Estados e no Distrito Federal. Apresentam preços mais acessíveis e com variadas formas de pagamentos, o que pos-sibilita às pessoas, sem muitas condições financeiras, fazerem um passeio ou uma viagem. Comerciários com renda mensal de até seis salários mínimos e grupos da terceira idade formam a clientela preferencial.

Profissionais especializados organizam visitas culturais, passeios, caminhadas e excursões pelo Brasil, de curta, média ou longa duração. O turismo social proporciona várias opções: o lazer, por exemplo, pode ser praticado no litoral, na montanha ou na cidade. O turismo ecológico pode ser feito no Pantanal. Há, ainda, o turismo cultural em Minas Gerais; o de eventos, no Espírito Santo e aqui no Rio Grande do Sul; e o rural, em Santa Catarina, além do turismo educacional, religioso e de saúde.

Bruna Carpenedo

Dando voz aos meninos de ruaDesde janeiro de 2000, o

jornal Boca de Rua é produzi-do e vendido em Porto Alegre. O projeto é coordenado pelas jornalistas Clarinha Glock e Rosina Duarte. A publicação é responsabilidade da entidade não-governamental, Agência Livre para Infância Cidadania e Educação (Alice). A idéia do jornal é que as pessoas em si-tuação de rua retratem os te-mas relacionados às suas ex-periências nas ruas, mas de forma jornalística.

“Tem Solução” é manchete da edição 23 do jornal, onde denuncia que a prefeitura man-dou fechar as pontes em Porto Alegre. “Os que viviam nestes locais foram para as praças ao redor. De que adianta sair de baixo das pontes e ficar na rua igual. O governo está empur-rando a situação com a barri-ga, não resolve o problema. A

FASC está falhando. A prefei-tura está falhando. O dinheiro que gastam tampando as pon-tes podiam usar para construir casas para o povo da rua. O que um morador de rua pode fazer nesta situação”, alerta o Boca de Rua.

As reportagens foram reali-zadas pelos jovens, com a ajuda e monitoria de jornalis-tas voluntários. Quem não sa-bia escrever tinha o seu depoi-mento coletado por colegas, transcritos e posteriormente editados. As jornalistas corri-gem os erros de grafia, pois o objetivo do jornal é ser lido pe-los leitores de jornal da cida-de. O jornal é trimestral, com tiragem de 10 mil exemplares.

Cada sem-teto, recebe 20 exemplares por semana, ven-didos a R$ 1. Uma renda men-sal de R$ 80. Atualmente, es-tão inscritos no projeto, 30 adultos e 15 crianças partici-pam do projeto. Para as crian-

ças e adolescentes que se aproximaram do projeto por meio dos pais, foi criado, em 2003, um suplemento espe-cial, o Boquinha. Os respon-

sáveis pelas crianças e os adolescentes que participam da produção do jornal rece-bem uma bolsa-auxílio de R$ 10 por semana.

Participantes do projeto Boca de Rua na Praça da Matriz

Divulgaçãosandro pereira

Bárbara Barbieri

Encontro no Centro Comunitário da Vila Ingá

Em Porto Alegre, existem 2,2 mil alunos especiais regis-trados na Rede Municipal de Educação, entre escolas de educação para necessidades especiais e as escolas con-vencionais. No entanto, o nú-mero de alunos matriculados ainda é baixo, visto que a quantidade de crianças e ado-lescentes com deficiências é superior aos registros da Rede Municipal. O que pode justifi-car essa problemática é que existem apenas quatro esco-las preparadas para esse tipo de educação.

Conforme informações do Secretário Adjunto do Núcleo de Educação Especial de Por-to Alegre, Adilso Corlassi, existe um baixo número de escolas de educação espe-cial, que comportam 617 alu-nos portadores de necessida-

des especiais, o que, no en-tanto, se eleva quando outros alunos nessa situação estão matriculados em escolas con-vencionais, subindo esse nú-mero para 2,2 mil crianças e adolescentes. Segundo a pro-fessora da Escola de Educa-ção Especial Tristão, no bairro Restinga, Maria Lucia Guedes, isso implica em uma educa-ção desqualificada para os que não estão presentes em escolas especiais. “A educa-ção se torna falha devido às necessidades impostas por estes alunos”, relata Guedes. Corlassi justifica que “é um número baixo mas, isto é pelo fato de que esta secretaria fa-ça parte da atual gestão do governo Municipal”.

Professora há 19 anos da Rede Municipal de Educação, Guedes decidiu dedicar-se ao ensino especial por ser mãe de um portador de necessi-dades. Isso foi o fator funda-

mental para que ela se enga-jasse nessa batalha social. Trabalhando com alunos es-peciais desde 2004, na Esco-la Tristão, ministra aulas de currículo básico e ensino de sociabilização, para a inser-ção destas crianças portado-ras de necessidades espe-ciais na nossa sociedade. Com um currículo educacio-nal padrão, agregou conheci-mento ao seu filho, Eduardo Guedes Araújo, 15 anos. Ele foi educado na Tristão e, hoje, participa do projeto da oficina do Núcleo de Educação Es-pecial, além de estagiar na própria secretaria de educa-ção, como Secretário Admi-nistrativo, relata Guedes.

A moradora do bairro São Caetano, Adriana Schimidt Salazar, é mãe de duas crian-ças, João Vitor Salazar, 10, e Ana Luiza Salazar, 7. Aninha, como é chamada, é portadora da Síndrome de Down e, tam-

bém, freqüenta a escola espe-cial da Restinga. Conforme Salazar, a dificuldade para Ani-nha frequentar as aulas é a lo-comoção, pois não existe transportes coletivos com ho-rários acessíveis.

Mas a mãe garante que vale apena o esforço: “a Ani-nha teve um acréscimo no de-senvolvimento, tanto motor quanto psicológico, de quase 100% devido às suas aulas”. Mesmo sendo uma menina dócil desde sempre, a mãe, hoje, percebe a compreensão de Aninha na questão dos va-lores de afetividade e com a pedagogia especifica para as suas necessidades. Aninha conta, “estou estudando por-que gosto de bichinhos e que-ro ser veterinária”. A mãe fica emocionada, e relata que essa escola tem uma boa estrutura e beneficia sua a filha, que ho-je escreve o seu próprio nome e lê algumas palavras.

everton Chaves eleonardo Ferreira

FNovo conceito em esporteClube investe em ações sociais e esportivas pensando no futuro

Formar atletas e se tornar um grande clube empresarial. É isso que o Porto Alegre Fute-bol Clube, de propriedade de Roberto Assis Moreira, está fa-zendo. O clube disponibiliza aos seus atletas uma infra-es-trutura parecida com os com-plexos esportivos de times da primeira divisão do Brasil. É ob-jetivo do clube integrar ques-tões sociais com as esportivas, fazendo uma parceria com o Instituto Ronaldinho Gaúcho, que não está em atividade no momentononsequisi.

Em janeiro de 2006, Assis comprou o Lami Futebol Clube. O empresário aluga a área do antigo clube, tendo um centro de treinamento (CT) e alojamen-tos que abrigam 22 atletas. No entanto, adquiriu um terreno na Restinga, onde está sendo construído uma arena polies-portiva, com capacidade para 40 mil pessoas. A previsão de entrega é para o final de 2008.

Baiano, jogador mais antigo do clube, passou por diversas equipes entre elas Portuguesa, Olaria e Mesquita, todas no Rio de Janeiro, e afirmou que “clu-

bes da primeira divisão do Rio não oferecem estrutura como a do PoAFC”. Baiano, joga de vo-lante, tem 29 anos e passou por três peneiras até ser aprovado nos testes do time gaúcho.

O Porto Alegre trabalha co-mo uma empresa, atingindo as suas metas. “O trabalho está dentro das nossas expectati-vas”, disse o supervisor de fu-tebol, Denilson Fraga. O clube lidera o seu grupo na Segundo-na Gaúcha.

O clube também se envolve em ações sociais, tanto que

tem um projeto chamado R10. Esse projeto é uma espécie de escola de futebol no Japão, Oriente Médio e EUA, fazendo um intercâmbio entre jogadores desses países com os brasilei-ros. Além disso, divulgar a mar-ca R10, do craque Ronaldinho.

No meio do ano, o clube vai abrir as categorias de base do mirim ao juvenil. Os jovens vão receber moradia, refeição, estudo, acompanhamento psicológico e salário para jo-garem no PoAFC.

O clube pretende formar

atletas para lucrar em futuras negociações com grandes equipes da Europa. É o caso do jovem zagueiro Wagner Sil-va, de apenas 17 anos, que te-ve o seu passe vendido ao Bar-celona, conforme afirma Fraga. O PoAFC quer consolidar o seu espaço entre as grandes po-tências do futebol gaúcho. Com a formação de jovens jo-gadores, as possíveis vendas no futuro devem render milhões a Assis, que hoje é um dos mais conceituados empresá-rios do futebol mundial.

Cassius Zeilmanne ney martins

Fernando Ferreira

Baiano (esquerda) em ação contra o Cruzeiro de Porto Alegre, no estádio Parque Lami

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Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA julho de �007 15Geral

EPTC: educaçãopreventiva

Segundo relatório totaliza-do pela empresa entre 1º de janeiro e 30 de abril de 2007, ocorreram na Capital 748 aci-dentes, todos envolvendo jo-vens de 16 a 30 anos, com o total de 34 vítimas fatais e 1020 feridos, sendo 40% com pedestres, em razão de atro-pelamento. O restante são di-luídos entre motociclistas, ci-clistas e outros envolvendo veículos. A principal causa dos acidentes, ocorridos en-tre os jovens, é o uso de bebi-das alcoólicas e o excesso de velocidade, causados em sua maioria pelos homens.

Em função desse quadro, a coordenadora da Assesso-ria de Educação para o Trânsi-to (ASSET) da Empresa Públi-ca de Transporte e Circulação (EPTC), Luciana Pereira da Sil-va, esclarece o trabalho que a EPTC realiza para a conscien-tização das pessoas, que tem como objetivo diminuir o nú-mero de acidentes na capital porto-alegrense. O Governo Federal prevê repasse de 5% do valor arrecadado em mul-tas, que deve ser destinados para a educação no trânsito, mas essa porcentagem passa primeiramente por outras áre-

as como planejamento, sinali-zação gráfica e equipamen-tos. Somente o restante é re-passado à educação.

A EPTC passou a fazer projetos na busca de educar a população quanto aos perigos existentes no trânsito e com as questões envolvendo álco-ol e direção. Levam em consi-deração a educação, a fiscali-zação e a engenharia que aborda a questão das condi-ções de infra-estrutura. Com isso, são criadas campanhas de conscientização. Realiza-das nas ruas, escolas, semi-nários e eventos públicos.

Campanhas como “Faixa de Segurança”, “Espaço de Todos”, “Liberdade Sim, Ra-cha na Rua Não”, são feitas pela ASSET. O projeto de educação desenvolvido pela empresa pública prevê ativi-dades nas diversas áreas po-tencialmente envolvidas co-mo formação de educadores para o trânsito, público infan-til-crianças do ensino básico e fundamental, público jo-vem-adolescentes, produção de mídias, grupos de teatro (para todas as idades), de-senvolvimento de cursos e campanhas institucionais.

Vainer Heleno rocha

soluÇÃo dos alagaMentos Prejudica coMércio

luiz mangabeira

O conduto Álvaro Chaves-Goethe tem o intuito de solucionar 90% do problema de alagamentos em nove bairros da Capital gaúcha, beneficiando em média 100 mil moradores. O investi-mento de 50 milhões, tem 66% do valor financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e outros 34% pela Prefeitura. Dados publicados no site da Prefeitura municipal de Porto Alegre.

Um dos canteiros de obras na rua Cristóvão Colombo impe-de a circulação de carros pelo local. O trânsito que ali passava teve de ser desviado para a rua Marques do Pombal. Moradora do bairro há mais de 30 anos, Neide Campos Vilella passa todos os dias pela obra: “No horário de movimento é difícil atravessar a rua no local, uma vez eu vi um jovem quase ser atropelada”.

Os comerciantes da Cristóvão Colombo tiveram as suas vendas afetadas desde que iniciaram as escavações. “O nú-mero de pessoas que circulam no local diminuiu e a poluição sonora é grande”, diz Maria do Carmo Soares, dona de uma loja de roupas. No período de Natal e Ano Novo, época de maior movimento de clientes, os donos das lojas conseguiram que as obras fossem paralisadas.

Com cerca de 30% na queda de suas vendas, uma loja de moda unisex, com o intuito de superar os prejuízos, promoveu um desfile da sua moda outono-inverno no quarteirão do lado da obra. Os modelos eram os seus próprios clientes, que desfi-laram com capacetes e ferramentas dos operários.

Protesto contra abertura de rua no Moinhos

mirna Winter

O projeto que visa a abertura de uma área no encontro das ruas Xavier Ferreira e Mata Bacelar, entre os bairros Moinhos de Vento e Auxiliadora, não está agradando os moradores. A proposta surgiu como uma alternativa para desafogar o trânsito da rua 24 de Outubro e visa a ligação entre o trecho e a rua Coronel Bordini, desviando o fluxo para o local.

Os moradores foram informados de que havia um pedido de estudo para a abertura do trecho, ligando-o à Coronel Bordini. “A meta atende a interesses estranhos à comunidade e nunca fomos consultados à respeito”, relata o sociólogo e morador da rua Mata Bacelar, João Corrêa, enfatizando que os morado-res não querem que a rua perca as características locais, com trânsito tranqüilo e livre.

Ele, junto ao arquiteto Fernando Bahima, organizou a mobi-lização comunitária: “Passagem para Pedestres: SIM! Rua para Carros: NÃO!”, com a coleta de 250 assinaturas. Dos participan-tes, mais de 220 são a favor da construção de uma passagem de pedestres na área. Entre esse número, há pessoas como o funcionário público Paulo Nührich: “Sou totalmente contra a abertura da rua, o trânsito ficará horrível”. Conforme o Supervi-sor do Escritório de Projetos e Obras da SMOV, Adriano Gularte, não há previsão para a execução do projeto.

oBairro sofre com poluição

Os altos níveis de polui-ção sonora, visual e ambien-tal atingem os moradores da Azenha, prejudicando a qua-lidade de vida na região. O fluxo intenso de veículos, o não funcionamento de equi-pamentos de medição e o excesso de campanhas pu-bl icitárias são alguns dos problemas do bairro, que é um dos mais movimentados da Capital.

Desde que o açoriano São Francisco da Silveira instalou seu moinho às margens do Arroio Dilúvio na metade do século 18, a Azenha sofreu grandes transformações. Ho-je, o bairro tem como princi-pais características o comér-cio de móveis, bares, farmá-cias, bancos, lancherias, lojas de vestuário e de calçados, além das tradicionais casas de autopeças.

A poluição sonora é a prin-cipal reclamação dos morado-res. A aposentada, Jane Tere-zinha Schweitzer, afirma que o barulho é constante, “quando não é o som dos ônibus, que transitam em horários freqüen-tes, ou as buzinas, sempre há

alguma outra atividade que gera desconforto aos mora-dores”. Ela cita os trabalhos de melhoria da pavimentação, realizados recentemente pela Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov). “Sabemos que foi uma iniciativa positiva, mas durante as obras o baru-lho incomodou. É sempre as-sim aqui, quando não é uma coisa é outra, um horror”, diz a aposentada.

De acordo com o arquiteto da equipe de controle e com-bate à poluição visual da Se-cretaria Municipal do Meio ambiente (Smam), Carlos Gil-

berto Santana, as condições são péssimas. Diz que há uma cultura entre lojistas de que se deve colocar anúncios, out-doors, cartazes, formas diver-sas de propaganda, com mui-tas mensagens. Para ele, isso prejudica o entendimento e torna a comunicação inócua, além de trazer prejuízos estéti-cos à paisagem urbana.

poluição amBienTalTamBém preoCupaDevido à greve dos munici-

pários, a Smam não está for-necendo informações sobre o assunto, mas, segundo uma

funcionária que não quis se identificar, o medidor de polui-ção do ar do bairro não está funcionando. Conforme a ge-rente de uma loja infantil, que se localiza na avenida Azenha, Maria Santos, há uma grande incidência de doenças respi-ratórias entre funcionários, de-vido à poluição do ar.

Outro fator que prejudica o trabalho dos comerciantes é a sujeira. A vendedora de uma loja de calçados, Gisela Mora-es, fala que é preciso uma lim-peza constante no local, pois é visível a camada de pó preto sobre móveis e produtos.

Juliana schweitzer

A principal reclamação dos moradores é o excesso de ruídos na Azenha

Evidente poluição visual em uma das ruas do bairro Azenha

Juliana Schweitzer

Participação Popular em ViamãoA prefeitura da cidade criou

um projeto que conta com a participação direta da popula-ção para calçar suas ruas. O projeto, que tem o nome de Calçamento Comunitário Par-ticipativo, funciona da seguin-te maneira: o processo de cal-çamento de ruas é registrado nas Plenárias Regionais do Orçamento Participativo (OP) por um morador da região, no mínimo, e deve ser protocola-do para a Coordenadoria de Relações com a Comunidade (CRC) – órgão criado para in-tegração da prefeitura e co-munidade – com um abaixo assinado contendo os nomes e endereços dos moradores interessados na parceria, no prazo de até dez dias antes dessa Plenária.

O projeto possui mais de 40 Km de ruas calçadas e a tendência é que esse número

aumente, devido a quantidade cada vez maior de pessoas presentes nas plenárias do OP.

Algumas pessoas, como o morador de uma das ruas que aderiram ao programa, João Pedro Reis, demonstram real-mente satisfação com os re-sultados da parceria.

“Gostei muito do resultado sim. Agora nós saímos nos dias de chuva e não ficamos mais com os sapatos cheios

de barro. Além disso, para quem tem automóvel, reduz muito o custo em manuten-ção, pois não precisa mais passar por aqueles buracos que existiam anteriormente”, afirma Reis.

Mas também existem mo-radores que não concordam com o Projeto e debatem se realmente é posit iva esta união. “Não acredito que pa-gamos todos os impostos e

ainda temos que pagar pelo calçamento da nossa rua”, diz um morador vizinho a uma das ruas que aderiram ao projeto e que preferiu não se identificar.

Segundo o funcionário da CRC, Rodrigo de Quadros da Costa, “a Prefeitura não tem a obrigação de calçar as ruas, a obrigação dela é com o sane-amento básico. Além disso é a comunidade que adere ao programa”.

Tailor Carvalho

Obras do projeto Calçamento Comunitário em uma das ruas de Viamão

Lixo nas praças do Menino Deus

Considerado o mais antigo bairro de Porto Alegre, o Meni-no Deus que teve início apartir de dois caminhos abertos na década de 1840, obtendo apenas algumas chácaras e cerrados. Esses caminhos

transformaram-se nas aveni-das Getúlio Vargas e José de Alencar. Devido à crença pelo Menino Deus, costume trazido por colonos açorianos, origi-nou-se o nome do bairro.

A Capela Menino Deus

construída em 1853, na pra-ça com o mesmo nome, re-cebia a visita de moradores do centro da cidade e de ou-tros bairros que estavam sen-do formados. Com a constru-ção de casas ao redor da ca-pela e a abertura de novas ruas, como a Botafogo em 1858, auxiliou muito no de-senvolvimento da região.

Hoje, esse bairro passa por problemas sérios na área da limpeza, foi realizado um le-vantamento de quantas lixei-ras restaram entre a rua José de Alencar e Getúlio Vargas, a maioria delas foi destruídas por vândalos. Além disso, al-guns moradores depositam o seu lixo doméstico em locais e praças próximas a suas resi-dências, deixando de respei-tando horários e locais indica-dos. Com isso, juntam ratos e outros animais impedindo o acesso da circulação de crian-ças e adultos.

Segundo o gerente da Zo-nal Sudeste do Departamento Municipal Limpeza Urbana (DMLU), Eduardo Menezes, a dificuldade maior vem com a falta de colaboração dos pró-prios moradores. O pior dia, declara os funcionários, é a segunda-feira, alguns aprovei-tam o domingo para colocar a casa em ordem, descendo os lixos e largando em qualquer outro longe de suas residên-cias. Com a idéia de economi-zar, os carroceiros, solicitados para pequenos carretos, aca-bam deixando esse lixo no meio do caminho. Foram fei-tas campanhas, apelos no jor-nal de bairro, para que cada um preserve e use os serviços disponíveis.

Geralmente, a população costuma sempre apontar um culpado, nunca reconhecen-do que falta aquele exame de consciência, para a melhora absoluta do bairro.

márcia maria santos silva

Moradores largam lixos em Praças do bairro Menino Deus

Márcia Maria Santos Silva

Tailor Carvalho

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C

16 julho de �007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA Geral

O 35 CTG alcança os seus 50 anos de existência e busca promover à comunidade show, invernadas e Domingueiras. O patrão Clóvis Fernandes in-centiva a participação “afinal, o espírito galdério está em to-dos que se consideram gaú-chos de coração” .

No final da II Guerra Mun-dial, o principal centro de ir-radiação da moda, da cultura e das elites urbanas foi o estilo way of life, por causa da gran-de influência exercida pela po-sição dos Estados Unidos. Com o fim da ditadura de Ge-túlio Vargas, a imprensa esta-va amordaçada, dificultando o desenvolvimento e a prática das culturas regionais.

Em agosto de 1947, alu-nos do Colégio Júlio de Casti-lhos criaram o Departamento de Tradições Gaúchas, lidera-dos por Paixão Cortes. O ob-jetivo era preservar as tradi-ções gaúchas e desenvolver e revitalizar a cultura riogranden-se. Com esse espírito que foi criada a Ronda Crioula, que acontece de 7 à 20 de setem-bro, datas mais significativas

para os gaúchos.Entusiasmados com a

idéia, entraram em contato com a Liga de Defesa Nacio-nal, falaram com o Major Darcy Vignolli, responsável pela orga-nização das festividades da Semana da Pátria. A proposta era retirar uma centelha do Fo-go Simbólico da Pátria para t ransformá- la em Chama Crioula, reforçando os laços do Rio Grande com a Pátria Mãe.

Nessa oportunidade, Cor-tes foi convidado a formar uma guarda de gaúchos pil-chados, em homenagem ao herói David Canabarro, que iria de Santana do Livramento a Porto Alegre. Ele formou, então, um piquete de oito gaú-chos que no dia 5 de setem-bro prestara homenagem a Canabarro, hoje conhecido como o Grupo dos Oito ou Pi-quete de Tradição. Essa é considerada a primeira se-mente na criação do 35 CTG.

O escritor Manoelito de Or-nelas foi chamado para noti-ciar os acontecimentos da Ronda Crioula pelo Jornal Correio do Povo. Os pioneiros do evento participaram de programas da Rádio Farroupi-

lha, o que ajudou outros jo-vens a se engajarem na come-moração.

As primeiras reuniões do grupo aconteciam aos sába-dos à tarde, na casa de Cyro Dutra Ferreira. O grupo cres-ceu tanto que José Laerte Vieira Simch cedeu o porão dos Simch, na rua Duque de Caxias nº 704. Passado algum tempo, o porão também tor-nou-se pequeno foi, então, que os encontros passaram a ser no terraço da FARSUL. Após a concretização da fun-dação oficial da nova entidade em 24 de abril de 1948, co-meçaram as se realizar, no au-ditório da FARSUL. Eram con-ferências, sessões de estudo,

Cinquenta anos do 35 CTG

tertúlias e outros eventos ar-tísticos culturais.

Após a consolidação da fundação, os jovens trataram de escolher o nome do CTG. Surgiram oito propostas, to-das em homenagem a 1935, data de início da Revolução Farroupilha. Por fim, elegeram o nome 35 Centro de Tradi-ções Gaúchas.

O símbolo do centro, logo-tipo, foi escolhido por Ferreira, ele havia mandado confeccio-nar cartões de visita, onde ti-nha um índio gineteando um bagual. O número 35 vinha en-trecortado, da esquerda para a direita e de baixo para cima, por uma lança, numa referên-cia à Revolução Farroupilha.

Desrespeito à lei prejudica PPNE’s“Possibilidade e condição

de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de co-municação, por pessoas por-tadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida”. Essa é a primeira disposição do art. 1° da lei federal de n° 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece as normas ge-rais para a promoção da aces-sibilidade das pessoas porta-doras de deficiência.

Por desconhecimento da legislação ou omissão, não é

raro encontrar sinais de des-respeito à lei, o que é favoreci-do pela falta de fiscalização por parte do poder público. É o que afirma o médico Luis Fer-nando Knaack, que, cansado de esperar dos governantes o cumprimento da legislação que regulam o acesso dos de-ficientes aos diversos estabe-lecimentos, começou a denun-ciar o não cumprimento das leis através de publicações na Internet. “Por falta de interesse e conscientização, as prefeitu-ras não fiscalizam. Resta então ao cidadão fazer o trabalho braçal”, disse Knaack.

Com um breve olhar pelo centro de Porto Alegre, é pos-sível ter uma visão abrangente

da gravidade da situação. Pré-dios sem a infra-estrutura ade-quada para acesso de defi-cientes, escassez de vagas especiais em estacionamentos e ruas e calçadas inadequadas para a circulação de cadeiran-tes estão entre as constantes reclamações dos deficientes fí-sicos e defensores da causa.

De acordo com a advoga-da Neila Farias, mãe de Diego de Matos Farias, portador de Esclerose Lateral Amiotrófica, doença degenerativa que pa-ralisa gradativamente os mús-culos do corpo, a dificuldade de acesso ocorre inclusive em prédios públicos. Ela afirma que é “inadmissível o fato de tu teres que subir 20 degraus de

escada para ter acesso a uma repartição pública. Tenho que pedir auxílio para outras pes-soas quando levo o meu filho comigo, pois raramente há rampas especiais para cadei-ras de rodas ou equipamentos adequados para o transporte”.

Knaack afirma ainda que para diminuir os obstáculos de acesso dos deficientes físicos, a população também tem de contribuir, através da fiscaliza-ção e denúncia de irregularida-des nos locais de acesso. “Na-da mais fazemos do que assu-mir o trabalho dos nossos go-vernantes, em todos os níveis, igualmente omissos no trato da acessibilidade do deficiente físi-co”, complementa o médico.

Bruna Cabrera

a vida no aeroPorto

mariana soares

“A vida dentro do aeroporto é uma correria só”, declara o gerente geral da loja Wega, Ricardo Ellensohn. Com o fluxo intenso de passageiros, o aeroporto Internacional Salgado Filho torna-se um local bastante agitado. A supervisora comercial da loja Wega Livros e Revistas, localizada no aeroporto, Luciene Prieto, conta que a movimentação aumentou com a recente crise nos aeroportos: “O apagão aéreo nos ajudou, aumentando nosso número de vendas”. Prieto revela ainda que os períodos de dezembro a fevereiro e de junho a julho são aqueles em que o fluxo de passageiros cresce, devido aos meses de férias.

O passageiro Alberto Coelho diz que a crise deixou vestí-gios no aeroporto. E completa que não está satisfeito com o acúmulo de passageiros no saguão, formando enormes filas. A comissária de bordo, Tânia Anacleto, conclui que o as filas são conseqüências do baixo número de funcionários em serviço. Formada em Letras na PUCRS, tornou-se aeromoça, pois era um desejo de infância. Para realizá-lo, foi preciso estudar as línguas inglesa e francesa, além de aprender a lidar com a saudade. Após 21 anos de profissão, viajando pelo mundo inteiro, Ana-cleto revela que para seguir a carreira de aeromoça, é preciso gostar muito do que se faz. E, acima de tudo, ter de abrir mão de muitas prioridades, principalmente a família.

O movimento diário do Aeroporto Salgado Filho é de 174 aeronaves de vôos regulares, ligando Porto Alegre direta ou indiretamente às capitais do país, às cidades do interior dos estados do Sul e São Paulo, além de linhas internacionais com vôos diretos aos países do Cone Sul. A funcionária da Varig, Sandra Araújo, declara que os destinos mais procurados no Brasil e no mundo, tanto no inverno, quanto no verão, são o Nordeste e a Europa.

O aeroporto possui uma área de aproximadamente 3,6 mi-lhões de metros quadrados e está situado no bairro São João, zona norte da cidade de Porto Alegre. Dividido em quatro pavi-mentos, o terminal de passageiros do aeroporto pode receber até 28 aeronaves de grande porte, simultaneamente, tornando-se o principal aeroporto e com maior embarque e desembarque de passageiros do sul do país.

O antigo terminal do Salgado Filho, inaugurado em 3 de ju-lho de 1940, foi utilizado até 11 de setembro de 2001, data em que o novo aeroporto entrou em atividade, com infra-estrutura moderna e tecnologia avançada. É oferecido aos passageiro um centro de comércio e lazer, funcionando 24 horas, que inclui três salas de cinema, as primeiras a serem implantadas em um aeroporto do Brasil. Ao todo, as salas comportam 456 espec-tadores e contam com ar condicionado, acesso e localização para deficientes.

Um simples passeio pelo centro de Porto Alegre é o necessário para se observar a situação das praças públi-cas. A depredação, o lixo no chão, a falta de cuidado dos freqüentadores acabam pre-judicando o visual das pra-ças. A falta de conscientiza-ção das pessoas e o desca-so do serviço público são os múltiplos fatores que contri-buem para a degradação da qualidade de vida dessa re-gião da Capital. A moradora da região, Lucila Martins Bar-cellos, 34 anos, que vive no bairro desde o seu nasci-mento, e Evandro Marques, 47, secretário da Divisão de Arborização de praças Par-ques e Jardins (DAPPJ), opi-naram sobre essas situações precárias.

Barcellos é freqüentadora da praça Brigadeiro Sam-paio, a primeira a ser urbani-zada, em 1865, que se tem registro. “Não tem seguran-ça, policiamento. A limpeza é boa, só nós finais de semana que ficam a desejar, muitos dos brinquedos estão que-brados, poderia ter regular-mente uma manutenção e mais lixeiras”, afirmou.

São três gerações da fa-mília Martins que frequentam a praça. “Antigamente minha mãe levava-me, agora fre-qüento com minha filha e meu cachorro, fim de sema-na as famílias se reúnem pa-

ra fazerem churrascada e to-marem chimarrão”, relembra Martins.

A Secretaria do Meio Am-biente (SMAM) é responsável por cuidar da arborização dos parques, praças, reser-vas e áreas verdes públicas. Em 2005, a SMAM plantou 16 mil árvores, resultado do plano diretor que possui em conjunto de métodos e medi-das adotadas para a preser-vação, manejo e expansão das áreas verdes na cidade.

Marques diz que, através da fiscalização da DAPPJ, duas prestadoras de serviço terceirizado atuam na poda e remoção de vegetais irregu-lares na zona sul e na zona leste. De acordo com secre-tário, a DAPPJ realiza um mutirão para retirar os mora-dores de rua das praças, mas eles sempre acabam re-tornando para elas.

A conservação das pra-ças, com todos os seus atri-butos, pode ser o ponto de partida numa grande cruza-da de resgate da qualidade de vida, sendo muito ocupa-da pelas crianças, jovens, idosos.

Avô de dois netos, Carlos Berta, 52, brinca com Maria-na, 7, e Bruna, 5, nas praças do Centro todos os finais de semana. “Eu arr isco até umas brincadeiras com elas”, comenta, sem importar-se com o vandalismo.

sandra m. s. Costa

Conservação das praças

Diversão não tem idadeJantares e bailes melhoram a qualidade de vida da maturidade

Cabelos grisalhos, cadeira de balanço são sinônimos de avó e avô? Para eles, estar na terceira idade, vai além de fi-car cuidando da casa, almo-çar com toda a família reuni-da ou passear com o cachor-ro. Festas, diversão e alegria são grandes oportunidades de distração para muitas pes-soas que passaram dos 60 anos. O que importa, é estar de bem com a vida.

Quando o assunto em dis-

cussão é diversão e qualidade de vida, não se pode deixar de lembrar os bailes da terceira idade como exemplo. Idosos optam por dar um “plus” a su-as vidas: dançar, fofocar e na-morar como se estivessem novamente na adolescência. “Essa é a proposta do Salão Oliveira”, afirma o dono do es-tabelecimento, localizado no bairro São Lucas, em Viamão, Adão Oliveira.

“É muito bom poder deixar o trabalho de lado por alguns momentos para descansar, se divertir e namorar um pouqui-

nho”, alega o pedreiro, Antô-nio Malta. Quando se encon-tram, esquecem dos proble-mas, das doenças e da soli-dão. “Sinto-me relaxada. Dan-çar é melhor que fisioterapia”, comenta, a namorada do seu Malta, Olga Silva, que também é participante assídua dos bai-les no Salão Oliveira.

Ao terminarem as festas, os novos encontros são agen-dados para dar continuidade à diversão. “Dá uma saudade dos meus amigos. Sempre fi-co ansiosa para revê-los”, conclui Silva.

luluZinHasHá 35 anos, um grupo de

senhoras formadas pelas es-posas dos diretores da Socie-dade Gondoleiros, no bairro São Geraldo, reuniu-se para um almoço de confraterniza-ção. Laura Fulginitti, Fifa Ma-chado e Irene Vieiro eram al-gumas das responsáveis pela organização. Nasceu, então, o Clube das Luluzinhas.

O almoço começou a fazer tanto sucesso que anos de-pois, passou para jantares anuais. “Sempre usávamos uma roupa diferente, foi assim que resolvemos fazer uma apresentação das Luluzinhas durante o evento”, esclarece Viero. Além da apresentação com fantasias luxuosas, ocor-re ainda show com banda.

A Sociedade Gondoleiros apóia a produção do jantar. A presidente, Fifa Machado, le-va adiante a tradição femini-na. Viero, por sua vez, relata que é maravilhoso distrai e traz lembranças. “Hoje tem muitas mulheres novas en-volvidas na organização. Elas têm que sentir o que nós sen-timos: uma grande satisfação e fel icidade”, conclui com emoção.

Kamila Johanne mariana pires

Luluzinhas reunidas, no centro Irene Viero (segurando uma pasta)

Mariana Pires

robson pandolfi

Leonardo Ferreira

Há 50 anos valorizando a cultura gaúcha

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Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA julho de �007 17Geral

Abandono na 3ª perimetral

A obra inicial do projeto Terceira Perimetral, em Por-to Alegre, foi inaugurada no ano de 2003. A primeira es-tação foi construída no bair-ro Petrópolis, no cruzamento das avenidas Carlos Gomes e Protásio Alves. O projeto foi inaugurado há quatro anos. Não há segurança po-licial no local e os assaltos são constantes.

Visitando a Terceira Peri-metral é possível ver o aban-dono, pois de dia ou de noite não há segurança. É o que pensam pessoas como o professor de Filosofia, Jona-tam Leandro: “Apesar de to-das as ocorrência prestadas na delegacia nunca foram to-madas nem um tipo de atitu-de sobre os assaltos”. A mesma opinião tem outros usuários como a auxiliar de serviços gerais, Leila Lenes Ferreira, “prefiro me arriscar correndo no meio dos ôni-bus” e o pedreiro, Sessi Abraão, “nunca vi nem um guarda nesta parada, deveria ter uma viatura que pudesse amedrontar os bandidos”.

A grade de segurança foi arrancada pelos pedrestes, com esse ato o local está propenso a acidentes, aos próprios, que temem usar os demais recursos da Terceira Perimetral e arriscam as suas vidas dividindo a pista com os carros. No ano passado, foram instaladas câmeras para ajudar o monitoramento nas paradas de embarque e desembarque do terceiro pi-so, comenta o funcionário da Prefeitura e monitor da obra há dois anos, Luiz Henrique

Rosa da Rosa.O monitor relata que,

quando acontece algum as-salto ou outra emergência, auxil ia a vítima a prestar queixa na delegacia mais próxima. Além dos assaltos, depredações, ocorreram, também, casos de violência sexual. “Já teve vigilância por parte da Guarda Munici-pal, mais foi apenas por al-guns dias e não voltaram ao local”, revela. E acrescenta, “não trabalho armado, meu auxilio é apenas um rádio”.

Segundo informações obtidas no 11º Batalhão da Brigada Militar, situado no bairro Jardim Botânico, “o patrulhamento é feito em to-da a extensão dos bairros Jardim Botânico e Protásio Alves, porém não existe se-gurança específica, apenas para a Terceira Perimetral”.

Um soldado da Brigada Militar, que preferiu não se identificar, afirma que a única maneira de controlar os acontecimentos na estação são por parte das denúncias através do 190. Procurados os responsáveis, por parte da Prefeitura de Porto Ale-gre, não quiseram prestar nenhum tipo de informação sobre o caso.

Há uma visão otimista de alguns usuários como o pes-quisador Alexandre Faria. “Acredito que o local poderia ser utilizado de forma criati-va, poderiam permitir que os grafiteiros expusessem a sua arte na obra que está bas-tante prejudicada pelas pixa-ções do vandalismo”, finaliza Faria.

Kizzy martins Borges

Geração POA oferece oficinasLocalizado em um prédio

próprio da prefeitura, em um bairro de classe média da ci-dade, encontra-se um estabe-lecimento pouco conhecido. O Projeto Geração POA Ofici-na Saúde e Trabalho existe desde 1996 e está fixado nes-se local desde 2001. Conheci-do antes como Oficina de Ge-ração de Renda, teve o nome modificado após a ampliação dos seus eixos de ação. O lu-gar, hoje, acolhe os usuários da saúde mental e do trabalho e planeja dar um apoio maior a idosos e seus cuidadores, um projeto que está no papel, mas que deverá ser posto em prática logo. Encaminhados por outros serviços da rede de

saúde, os usuários têm de manter critérios básicos para participar das oficinas, como o desejo de retornar para o mercado de trabalho (sem ne-nhuma imposição médica ou familiar), a vinculação com o tratamento e, por último, a possibilidade de circular com autonomia pela cidade.

Acompanhados pela tera-peuta, Carmen Vera Passos Ferreira, e demais colegas, os usuários participam de ofici-nas de trabalhos artesanais, aprendendo a fazer cartões, embalagens, luminárias, papel reciclado, customização, seri-grafia e sabonetes aromáti-cos. O local é cedido, tam-bém, para a realização de um projeto chamado “Todas as Letras”, onde é realizada uma

oficina de alfabetização.O objetivo do projeto é in-

serir os usuários na sociedade, contando com a equipe de te-rapeutas que acompanha os trabalhos e com a colaboração de neurologista, assistentes sociais, psicóloga, educadora, entre outros. O papel da Ofici-na é ajudar a gerar renda para essas pessoas, auxiliando na construção e elaboração dos materiais e depois colocando-os à venda em pontos próprios da cidade. Os recursos para a aquisição das matérias-pri-mas, quando não fornecidos pela prefeitura, são adquiridos com a própria renda da comer-cialização dos produtos.

V. K., 40 anos, morador da Vila Farrapos e P. C., 53, mora-dor da Vila Jardim, ambos en-

caminhados por profissionais da saúde e usuários da saúde mental, estão na Oficina desde 1999, trabalhando, atualmente, nas segundas-feiras pela ma-nhã com o papel reciclado. Eles estão satisfeitos com o trata-mento que recebem e dispos-tos a fazer os seus trabalhos, mesmo tendo uma renda bai-xa, como informa a terapeuta.

Os trabalhos realizados pelos usuários podem ser en-contrados através das lojas da Economia Solidária - POA Solidária situada nas lojas 89 e 90 no Mercado Público e Etiqueta Popular no Mercado do Bom Fim -, Casa do Arte-são, na Júlio de Castilhos e Vitrine do Papel na Usina do Gasômetro, além de outras feiras na cidade.

mariana Blessmann

m

Profissionais do sexo tomam conta das esquinas da Zona Sul

Mulheres vendem o corpo em Ipanema

Meninas com idade entre 15 e 30 anos, de baixa renda, sem oportunidade de estudo e que não tiveram chances no mercado de trabalho, em bus-ca de uma vida melhor para suas famílias acabam nas ruas para trabalhar como prostitu-tas, todas as noites, nos bair-ros da zona sul. Na Capital existem inúmeras profissionais do sexo sob as mais diversas condições, em bares, boates e ruas. Elas estão em todos os lugares, inclusive em bairros mais tranqüilos da zona sul, como Ipanema, que não pos-suía pontos de prostituição e agora aparece como um novo local para a venda do corpo.

Segundo C.R.S, 27 anos, uma das prostitutas do ponto, o bairro é um lugar bom e tran-qüilo para trabalhar, pois os clientes geralmente são os mesmos, o que traz mais segu-rança. Algumas possuem filhos, são separadas, perderam o emprego. E, em busca de uma vida melhor e dinheiro para sus-tentar a família, tiveram como última saída a prostituição. Em muitos casos lamentam ter es-colhido esse caminho, pois não possuem experiência para se-guir outras profissões.

Outras tentam sair o mais rápido possível, uma vez que os seus filhos estão crescendo e desejam saber a profissão das mães. “Já estou cansada de ver minha filha chegar da escola perguntando por que eu cheguei tarde ontem à noite ou por que as crianças da es-

cola a chamam de filha de prostituta”, diz C.R.S, que tem uma filha com dez anos.

Fiscalizações são muito ra-ras, pois, segundo elas, os po-liciais alegam que não podem prendê-las por estarem na es-quina. Afirmam que, muitas ve-zes, pagam um tipo de fiança aos policiais para não serem agredidas fisicamente. A mais nova delas D.G.S.,21, quase apanhou de um policial por es-tar com uma faca na bolsa. “Ti-ve que dar todo o dinheiro da noite para um deles. Ele ia ba-ter na minha cara só porque eu estava com uma faca na bolsa. Eu a carrego para minha segu-rança durante a noite”, diz.

Para as prostitutas, o uso de camisinha é uma regra. Possuem auxílio permanente do Núcleo de Estudo da Pros-tituição (NEP), que visita o ponto de Ipanema todo mês distribuindo preservativos, ofe-recendo assistência médica, cartões com direito a exames mensais e palestras sobre do-enças sexualmente transmis-síveis. Em 1987 foi criada a Rede Brasileira de Prostitutas, que apóia e defende legalmen-te a profissão, conquistando em 2003, pelo Ministério do Trabalho, o reconhecimento da prostituição como uma ati-vidade profissional na Classifi-cação Brasileira de Ocupa-ções (CBO). Ainda, conta com o apoio de Programas gover-namentais de Direitos Huma-nos, de Saúde, de Trabalho e do Ministério Público.

Elas entendem de modaA mais nova invenção da

Rede Brasileira de Prostituição, com a ajuda das profissionais do sexo da ONG D’avida, que são apaixonadas por moda, foi a criação de uma marca de roupas para o cotidiano das prostitutas, a D’aspu.

Elas discutem e desenham os modelos para as roupas de batalha (rua e casa), de lazer

(praia e parques), de folia (fes-tas e carnaval), e de ativismo (direitos humanos e prevenção de DST/Aids). Produzem rou-pas tanto para elas quanto para seus clientes.

Atualmente, são realizados desfiles da marca e as roupas podem ser compradas atra-vés do site da própria institui-ção, na Internet.

Caroline marquesCaroline Marques

Em muitos casos as prostitutas lamentam ter escolhido esse caminho

ONG no Belém Novo é premiadaO Núcleo Comunitário e

Cultural de Belém Novo (NCC) ganhou o prêmio Defesa dos Direitos Humanos no Rio Gran-de do Sul (RS) no final do ano passado, por realizar diversas atividades com a comunidade. Ele oferece às pessoas do bair-ro aulas de língua estrangeira, dança, informática com ênfase em cidadania, canto lírico, vio-lão, culinária, oficinas de arte-sanato, escolinha de futebol, biblioteca, cursos de Geração de Renda e sopão para pesso-as carentes.

O prêmio oferecido pela Or-

rita santosAlan Triumpho

Defesa dos Direitos Humanos

Discriminaçãona Restinga

O núcleo urbano da Res-tinga originou-se na década de 60, por iniciativa do Poder Publico. Uma politica de “des-favelização” foi destinada pa-ra o reassentamento de famí-lias de baixa renda que ocu-pavam áreas consideradas estratégicas, para o desen-volvimento urbano no centro de Porto Alegre. A uma dis-tância de 22km do centro da cidade, os moradores viviam sem luz e água com um ôni-bus que sai às 5 horas e vol-tava às 18 horas.

Depois de muitos anos de luta moradores consegui-ram se estabilizar. “Nossa associação começou a se formar em 81. As conquistas foram fruto do trabalho da associação coma comuni-dade em geral. Nós busca-mos água e energia elétrica. A primeira conquista foi a abertura das ruas, porque

não tinham ainda sido traça-das”, afirma a dona de casa, Rosane Trindade Gomes, uma das primeiras morado-ras do bairro que ajudou na evolução do mesmo.

Ainda hoje, depois de tantos esforços e conquis-tas, os moradores da Res-tinga ainda sofrem com o preconceito social que vem de um longo contexto his-tórico. Um exemplo foi o que aconteceu com o co-merciante Luiz Rocha Fra-ga, quando esteve em uma loja de rede Nacional no bairro Azenha fazer uma compra que pagaria à vista. Quando Fraga disse que morava no bairro Restinga, constou no sistema da loja que era uma área de risco e não poder iam entregar. “Achei um absurdo, e não quis mais comprar”, desa-bafa o comerciante.

marília pereira

ganização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e pela Assem-bléia Legislativa do RS homena-geou pessoas, organizações governamentais e não-gover-namentais do Estado nas cate-gorias Formação de Consciên-cia de Cidadania, Divulgação e Defesa dos Direitos Humanos e Protagonismo Juvenil na Pro-moção dos Direitos Humanos. O NCC concorreu com entida-des como a Ulbra e a UFRGS. A Soldado da Brigada Militar, Cris-tiane Inveninato, que trabalha como voluntária no NCC, afirma que, “foi uma honra concorrer-mos com essas instituições e

ganhar o prêmio, pois são enti-dades que têm recursos para manter seu projeto. Nós traba-lhamos sem fins lucrativos, so-mente com doações”. “O Nú-cleo foi o único candidato que não se inscreveu para concorrer ao prêmio, a própria Unesco o inscreveu, após ter lido uma re-portagem no jornal Zero Hora”, ressalta o Coordenador de Pro-jetos, Alan Triumpho. Nela, foi mostrada uma família beneficia-da pelo projeto.

O Núcleo trabalha com um total de 23 pessoas, entre fun-cionários e voluntários. Na in-tenção de tornar alunos em ci-dadãos.

Beto Rodrigues

Preconceito social ainda existe

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18 julho de �007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA Geral

Cemitério é históriaCemitérios são fontes his-

tóricas para o estudo da so-ciedade. O professor e mes-tre em História, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Har-ry Rodrigues Bellomo, espe-cializado em arte cemiterial, afirmou que “a cidade dos mortos é o reflexo da cidade dos vivos”.

Entre os fatores históricos revelados pelos cemitérios estão a ideologia política, a preservação da história fami-liar, as crenças religiosas, a fonte de formação étnica e a preservação do patrimônio histórico. Sobre a distribuição social dos túmulos, relatou que nos cemitérios se encon-tram elite, classe média e área dos indigentes, ocupa-das por pessoas humildes. Os valores da época são re-presentados em inscrições como “Fulano de Tal, bom pai, bom irmão, bom marido”, considerados importantes e

escritos nos túmulos. Bellomo também citou o

gosto artístico, manifestado através de estatuárias, vitrais, baixos relevos e pinturas. Destacou os túmulos dos po-sitivistas Júlio de Castilhos e Pinheiro Machado, pelo con-teúdo artístico e político.

A produção estatuária dei-xou de existir nos anos 60. Is-so se deve ao fato de que pos-suir um grande túmulo deixou de ser sinal de status. Atual-mente, uma prática funerária em ascensão é a cremação, considerada anti-histórica pelo professor. “É a negação do va-lor histórico do cemitério. A existência da comunidade vira pó, literalmente”, disse. Argu-mentou que os vestígios ma-teriais da existência do morto deixarão de existir. “Geralmen-te, em uma grande civilização, todos os registros da comuni-dade estão nos cemitérios”, citando como exemplo, as pi-râmides egípcias.

O pesquisador lidera um grupo de alunos especializa-

dos no estudo cemiterial. Eles viajam pelo interior, com o objetivo de catalogar as obras do Estado. As pesquisas es-tão no livro “Cemitérios do Rio Grande do Sul: arte, ideo-logia e sociedade”, editado pela PUCRS em 2000.

A precariedade de algumas obras, devido a roubos e van-dalismo, a dificuldade de aces-so a cemitérios abandonados e a falta de documentos que complementem as informa-ções contidas nas lápides são as dificuldades mais encontra-das durante as pesquisas.

Muitas pessoas têm me-do de cemitérios por acredi-tar que neles existam as-sombrações. Bellomo afir-mou que essas lendas refor-çam o receio que a socieda-de tem da morte, mas con-fessa que se deparou com figuras estranhas. “Encontrei coisas esquisitas. De repen-te é algo do inconsciente, esse constante contato com cemitérios pode provocar alucinações”, conclui.

Thays leães

Túmulo-Monumento a Pinheiro Machado

Thays Leães

crise no oriente Médioreflete no bairro boM fiM

A atual crise no Oriente Médio entre judeus-israelenses e árabes-palestinos, a possível retomada das negociações sobre a desocupação e retomada de territórios entre estes dois grupos em Israel têm suscitado reflexões nas comunidades judaicas e árabes do Brasil e sobretudo no bairro Bom Fim, em Porto Alegre, onde também se encontram. O radicalismo, a saudade da Pátria, as opiniões evidenciam a cautela em relação a um tema delicado.

Igal Vischnovetzki, judeu israelense que mora há oito anos no Brasil, casado com Daniela, judia brasileira, descreve a re-lação com os brasileiros como muito boa, pois são acolhedores, carismáticos e tranqüilos. Uma singela alusão às tensas rela-ções entre aqueles grupos no oriente.

No Brasil, segundo Igal, não há animosidades. Árabes são ami-gos dos israelenses. Ele e sua família são proprietários da Cronk’s, sorveteria no coração do Bom Fim, e participam desta relação pacífica, quando, ao trabalharem em eventos, montam tendas árabes sob encomenda. “É uma bandeira da paz.”, enfatiza.

Se aqui a serenidade prepondera, lá “os dois lados têm histórico de radicalismo, tanto palestinos quanto israelenses”, lamenta. Isto não interfere na solidariedade entre os patriotas e conterrâneos, sobretudo existe um fundo de apoio a Israel e para judeus mais carentes no Brasil, organizados pelos judeus brasi-leiros. “Sinto saudade de Israel, pois é minha pátria”, encerra.

Rafael Souq, brasileiro, é empresário do SOUQ Pub Temáti-co, onde encontramos um ambiente originalmente oriental, nas peças, utensílios e costumes, oriundos das viagens aos países árabes. É um conhecedor e admirador destes povos.

Para o empresário, o conflito é injusto e teve o agravante do apoio dos EUA ao Egito, que cooperou com Israel, deixando tensa as relações com países vizinhos. “No Egito, também é tenso o ambiente, uma vez que é freqüente os atos terroristas, principalmente em Sinai, cidade turística onde os hotéis são alvos”, lamenta.

Quanto aos palestinos, que são refugiados neste impasse, ele expõe que estão “magoados” com as atitudes adotadas por Israel, que os mais jovens estão desistindo de viver no oriente e casando-se com europeus, principalmente, e que trabalham em sub-empregos. No Brasil, segundo ele, são bem sucedidos, pois têm vocação para o comércio e cooperam entre si, e que aqui foram bem recebidos. Deste conflito, enfatiza, também, que é difícil a solução por causa do radicalismo.

amélia ricciolini

Rafael em Istambul, Turquia Israel e os vizinhos árabes

Motéis aproximam casais

arthur machado

Os motéis surgiram nos Estados Unidos no início da década de 30 com o objetivo de abrigar o descanso de ca-minhoneiros e viajantes. De lá para cá foram recebendo ino-vações que acabaram por transformar radicalmente a sua finalidade. Motel, hoje, é um ambiente de encontro, um refúgio para a maioria dos ca-sais. Esse é o seu significado principal, mas não o único. Através de entrevistas com funcionários e usuários des-ses estabelecimentos, você leitor saberá o porquê.

Dos estabelecimentos do gênero existentes, o Vison, na avenida Cavalhada, é dos mais modernos e completos. Composto por diversos atrati-vos, entre os quais descontos por assiduidade, o motel cati-vou o público. A assistente geral, Cláudia Costa, explica o motivo: “nos distinguimos da concorrência devido à exce-

lência e discrição na presta-ção dos serviços. Nosso obje-tivo é a satisfação total do cliente”.

Quando questionada so-bre a atração principal que o motel põe a disposição de seus clientes, Costa diz que são as suítes Ilhas, também conhecidas por Ilhas da Fan-tasia. Segundo a assistente, as Ilhas são suítes amplas, com capacidade para até dez pessoas. “As constuímos com o intuito de atender ao público mais liberal, que reivindicava ambientes maiores para a tro-ca de casais”, explica.

Para o advogado André Carús, 25 anos, motel tem um significado especial: “Gosto muito e frequento com relativa assiduidade. É um ambiente estimulante e tranqüilo. Foi nesse ambiente que o meu namoro com a Carla, hoje mi-nha esposa, começou”.

Para o estudante de edu-

cação física, Gilson Müller, 21, que se intitula um ‘exímio co-nhecedor do tema’, motéis são os melhores ambientes fechados do mundo: “Sou fã desses ambientes, gosto mes-mo. Com bastante frequência vou com minha namorada. Nossa meta é conhecer to-dos. Inclusive, já estou a pro-cura de um para o dia dos na-morados”.

Pode parecer estranho mas esses ambientes vem fa-zendo a cabeça também dos casados. Sobre o fato discor-re o funcionário público Leo-nardo Barbosa, 29: “Sou ca-sado há três anos e tenho du-as filhas, uma do meu primeiro matrimônio. Sempre que so-bra algum, levo minha esposa ao motel. Nele nos reencon-tramos, nos reapaixonamos. É o ambiente perfeito para a fu-ga das armadilhas da rotina. Na minha opinião, o medo desta fez com que os casados buscassem alternativas efica-zes de combate, encontrando neste mundo a parte, uma vál-vula de escape interessante e saudável”.

Pelo que se pode perceber após depoimentos de servido-res e usuários desses estabe-lecimentos, o sexo, nos mo-téis da Capital, é só um deta-lhe. Antes são procurados por representarem ambientes afrodisíacos e propícios ao en-lace. O que os deixa como ex-celente opção para os aman-tes, num jantar a luz de velas ou, quem sabe, para uma te-rapia de casal.

p

A disputa de três mulheres promete esquentar as eleições Municipais

Em busca do poderPara quem pensa que 2008

será mais um ano de eleições monótonas para prefeitura de Porto Alegre, prepare-se para a surpresa. Estima-se em tor-no de dez candidatos na dis-puta e pela primeira vez está praticamente confirmada a presença de três mulheres, que prometem fazer a mais acirrada das eleições.

Manuela D’Ávila, 25 anos, (Partido Comunista do Brasil, PcdoB), Luciana Genro, 36, (Partido Socialismo e Liberdade, PSOL) e Maria do Rosário, 41, (Partido dos Trabalhadores, PT), juntas, fizeram mais de meio mi-lhão de votos no Estado na últi-ma eleição, onde concorreram para deputadas federal.

Violência é assunto unânime entre as candidatas e concordam que a mudança é necessária.

Genro afirma que a eleição à prefeitura da Capital será apenas a segunda oportunida-de do PSOL mostrar ao cida-dão gaúcho que é a verdadeira esquerda e que está junto ao povo nas suas lutas diárias.

Para a deputada, uma das causas da violência não é a po-

breza e sim o choque que exis-te entre as classes sociais. Ela diz que a segurança é respon-sabilidade do governo do Esta-do e que só conseguirá melho-rar a situação da Brigada Militar com salários dignos, para que o policial não acabe, também, virando bandido. “Isto não é um problema só de Porto Ale-gre, é um problema do Brasil. Apesar do discurso do Presi-dente Lula a desigualdade so-cial é cada vez maior”, diz.

Luciana entende que “o lançamento da deputada Ma-nuela D’Ávila será uma candi-datura fraca, sem consistência política, sem história, apesar de ser uma pessoa muito sim-pática, isto não dá consistên-cia para uma disputa”.

Manuela argumenta que ao

contrário do que falam não é uma cara nova em disputas:“Foi minha primeira eleição, mas não me construí a partir de elei-ções”. Ela é militante política e estudantil desde os 16 anos. Considera, também, que cons-truiu política alternativa com uma parcela muito grande da população, que é a juventude. Segundo a deputada, a prefei-tura não pode garantir brigadia-nos nas ruas, mas pode minimi-zar áreas de pobreza concen-trada e ter políticas de retirada da juventude do narcotráfico. “Estamos discutindo este proje-to, e é isto que nos motiva”.

Assim como Manuela, Ro-sário começou a sua carreira política no PCdoB, elegendo-se vereadora. Mudou para o PT em 1994, onde foi eleita

vereadora, deputada estadual e duas vezes federal. Na últi-ma campanha municipal para a prefeitura de Porto Alegre concorreu como vice do atual deputado estadual Raul Pont.

Sobre a segurança na Ca-pital, Rosário analisa que a atual administração não tem como manter o discurso so-bre a atual política de segu-rança, mesmo naquilo que é responsabilidade do municí-pio. “Sequer cumpriu sua par-te, que é manter a cidade com as lâmpadas acesas”. Rosário considera muito positivo se ocorrer uma eleição marcada pela presença das mulheres, pois isto demonstra uma mu-dança cultural. “Considero Porto Alegre uma cidade que tem muito de feminino”.

andrei Braga Vessosi

Luciana, Maria do Rosário e Manuela: força, experiencia e juventude na disputa da prefeitura de Porto Alegre

Andrei Braga Vessozi

Albergues têm apoio da FascA Associação Cultural Be-

neficente Ilê Mulher, na rua Gaspar Martins, 216, é conve-niada à Fundação de Assistên-cia Social e Cidadania da Pre-feitura de Porto Alegre (Fasc) para o atendimento diurno à população adulta em situação de rua. Para a Assistente So-

cial, Elizabete Ramos, não há critérios para atendimento na casa: “A chegada até a casa se dá através de procura es-pontânea e abordagem reali-zada pelo Atendimento Social de Rua da FASC. Não há limite de vagas”. O morador de rua, Reginaldo de Oliveira, 20 anos, diz que as vagas são limitadas e que mesmo tendo casa, pre-

fere os abrigos: “Eu tenho ca-sa, mas prefiro as ruas. Às ve-zes, quando procuro um alber-gue, é difícil encontrar, pois eles abrem muito cedo, às 19h. Daí fico nas ruas”.

A Assessora de Comunica-ção da Fasc, Mônica Bidese, discorda da declaração de Re-ginaldo: “O albergue e/ou abri-gos têm regras, como horários

de entrada e saída. Não pode consumir drogas. Então, mui-tos preferem a rua. Não é por-que abrimos cedo ou tarde”.

Não há estatística atualiza-da do número de moradores de rua, mas estima-se que o número seja em torno de 2,4/2,5 mil pessoas. A prefei-tura pretende realizar uma no-va pesquisa, segundo Bidese.

Ciro oliveira pontes

André e Carla Carús em Canela, curtindo um domingo de sol

Artur Machado

Arquivo pessoal

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Informativo do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA julho de �007 19Geral

e

O verde do Jardim Botânico

Um lugar tranqüilo e segu-ro para contemplar, com 41 ha de área total, aberto ao público desde 1958, o Jardim Botânico é um dos cinco maiores do país. Conta com um acervo científico compos-to por cerca de 8 mil plantas

e 1500 espécies de flora nati-va do sul do Brasil. O Jardim Botânico tem como missão realizar a conservação inte-grada da flora nativa e dos ecossistemas regionais, con-solidando-se como centro de referência em educação,

pesquisa, cultura e lazer, con-tribuindo para a melhoria da qualidade de vida.

São muitas as sugestões de roteiro para quem vai ao lo-cal; tais como as Plantas Per-fumadas, os Pinheiros, as Flo-restas de Araucária e do Alto Uruguai, as Leguminosas, as Plantas Medicinais e as Trepa-deiras. Em média 2 mil pesso-as visitam o local por mês. A média é considerada baixa, pois em Porto Alegre e região metropolitana vivem cerca de 4,1 milhões de pessoas. “Mui-ta gente se admira ao saber da existência de um Jardim tão vasto e bonito. Todos gos-tam de vir, mas ainda existem os que não conhecem!”, disse a funcionária do local há 12 anos, Angelita Cunha.

Porto Alegre é uma das capitais mais arborizadas do país. Cada habitante tem di-reito a aproximadamente, 17m² de área verde. O Jardim Botânico ajuda a promover

este índice com o projeto de incentivo ao plantio de árvo-res. Prioritariamente com plantas que estão em extin-ção, há a preocupação de manter vivas populações des-sas espécies.

A obra da Terceira Perime-tral após concluída surtiu uma facilidade maior ao acesso do Jardim, mas teve efeitos ne-gativos. “Não ocorreu nenhum impacto em relação á vegeta-ção, e sim em relação á dre-nagem do solo e á fauna. Por questão dos ruídos dos car-ros e o constante movimen-to”, disse o agrônomo José Fernando Vargas, funcionário do local desde 2001.

Ir conhecer o Jardim Botâ-nico além de ser um passeio é uma oportunidade de aproxi-mação com a natureza, práti-ca fundamental para uma me-lhor qualidade de vida. Fun-ciona de terças a domingo, das 8h às 17h, e seus visitan-tes são muito bem-vindos.

Denise Tam

er

Com lindas paisagens o JB nem parece situado no coração da Capital

Denise Tamer

Moradores da Vila Jardim invadem uma área verde

Ocupantes desmatam área verde no bairro Guarujá em Porto Alegre

Em busca de uma mora-dia, desde abril, foi ocupada mais uma área pública munici-pal na Estrada da Serraria, es-sas ocupações ocorrem, na maioria das vezes, em áreas destinadas a escolas e pra-ças, o qual foi o caso da Vila Jardim das Oliveiras no bairro Guarujá.

“Invasão” é a única alterna-tiva para uma boa parte da po-pulação de baixa renda que têm, nas áreas verdes desocu-padas, uma oportunidade de realizar o velho sonho de con-seguir um lugar para morar.

Para que os moradores possam se organizar, a Vila Jardim das Oliveiras fundou uma associação de morado-res com o objetivo de repre-sentar a comunidade. “Funda-mos uma associação para que a gente pudesse lutar junto aos órgãos públicos via orça-mento participativo”, diz o pre-sidente Altair Mumbach.

A primeira invasão nesse local ocorreu há 13 anos. No decorrer dos anos, as famílias foram aumentando e hoje, de-vido ao fato de haver sub-mo-radia, houve a necessidade de ocupar outra parte da área ain-da vazia, o local que seria des-tinado à área de lazer pelo lote-amento Residencial Ernesto Di Primo Beck. A invasão benefi-ciou em torno de 15 famílias.

A associação trouxe resulta-dos para v i la , através dela tive-ram vários bene-fícios como rede de água, esgoto e energia elé-trica, entre outros. “Estamos na luta para continuar as de-mandas que vem daqui por diante para que eles possam ser regularizados e, também, ter as benfeitorias”, registra Mumbach, referindo-se aos ocupantes da área verde re-cém invadida.

O presidente da entidade observa, ainda, que nunca houve interesse da prefeitura de fazer um projeto habitacio-nal para essa área ou até mes-mo a execução da área de la-

zer. Mesmo assim, pretende levar ao conhecimento dos ór-gãos públicos para que eles, também, sejam parceiros na regularização dos moradores.

O morador Marcos Aurélio Possuelo conta que as famílias acreditam na possibilidade da prefeitura legalizar os terrenos. E, comenta o motivo pelo qual decidiram fazer a invasão.

“O pessoa l que estava ali foi tendo família e não tendo para onde ir, porque o espaço ficou pe-

queno e como existia aquela parte de área de terra ali so-brando”, afirma Possuelo. Acrescenta, também, que al-gumas famílias que moravam de aluguel não tinham mais condições de pagar, porque são assalariados, famílias com número considerável de filhos, outros desempregados e sem condições de adquirir a sua casa própria e que “ali foi o momento certo, a hora certa”.

O ocupante Juliano Cor-rêa dos Santos concorda, “com certeza era o único jei-

to, era a invasão”.Possuelo relembra o dia da

invasão, “então a gente mes-mo pegou um dia de madru-gada, nos reunimos, as dez famílias que precisavam de casa. Aí, invadimos e cada um pegou seu pedaço de terra”.

smam esClareCeSegundo os ocupantes,

mesmo sem o conhecimento da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sman), foi desmatada uma parte da área verde, tirando somente o mato pequeno, árvores pe-quenas, “metemo os peito”, afirma Santos, em referência ao fato de não ter autoriza-ção da Sman.

A arquiteta responsável pe-la Divisão de Projetos e Cons-trução, Valéria Damasceno Ferreira, informou que a ocu-pação mais antiga realmente ocupa parte da área destinada a escola e parte da área desti-nada à praça, pelo loteamento Residencial Ernesto Di Primo Beck. “As ocupações antigas, se atenderem a vários requisi-tos, podem reivindicar a Con-

cessão do Direito Real de Uso”, diz a arquiteta.

Quanto à nova invasão, a Sman tem conhecimento e nesse caso os novos ocupan-tes devem ser retirados ime-diatamente da área pública. Como a Smam é responsável pelas áreas públicas munici-pais que não podem ser usu-capidas, o primeiro passo é tentar retirar as pessoas logo que a ocupação acontece ou entrar com ação de reintegra-ção de posse, afirma Ferreira.

Referente ao desmatamen-to, sempre que acontece um dano ambiental a Smam tem que notificar e paralisar a ação para então responsabilizar o proprietário da área ou os pró-prios ocupantes irregulares. E, se tratando da Vila Jardim das Oliveiras, os responsáveis fo-ram autuados.

Quanto ao processo de re-gularização e quanto à vila possuir uma associação de moradores, a arquiteta enten-de que cabe ao presidente en-caminhar o processo para se cotizar e dar andamento as etapas necessárias.

“Com certeza, a invasão era o único jeito”.

Ocupantes da Estrada da Serraria, na Vila Jardim das Oliveiras, dão início à contrução das casas

Carla OliveiraCarla oliveira

Arquivo O

NG

Patas MoveM coraÇões

Em Porto Alegre, são várias as organizações e pessoas que lutam pelo bem-estar de animais abandonados, na maioria, cães e gatos. Muitos são recolhidos da rua, em péssimo estado, doentes, e tratados até ficarem em condições de adoção.

A professora Josiane Martins criou há um ano o site Focinho Online, que tem como objetivo servir de veículo para todas as ONGs e pessoas que querem ajudar de alguma forma. O site publica os anúncios de adoção disponíveis na cidade e dá apoio especial ao sítio da Dona Nadir, que aos 70 anos de idade, no bairro Belém Novo, cuida sozinha de mais de 150 cães e gatos e conta apenas com donativos e a contribuição de pessoas co-mo Martins. “Tiramos dinheiro do próprio bolso para alimentar os animais e muitas vezes para pagar um veterinário”, conta a professora, que nunca havia trabalhado como voluntária antes e agora busca apoio de algum profissional que possa acompa-nhar os animais do sítio e também de pessoas dispostas a doar tempo, dinheiro e atenção aos animais.

A bibliotecária Luzia Koehler diz que não lembra mais há quanto tempo participa como voluntária, uma vez que recolhe animais em sua própria casa há muitos anos, os trata e os enca-minha para adoção. “Alguns ficam aqui por um tempo e depois são adotados, outros acabam ficando”, conta ela entre risos.

Para adotar um animalzinho, contribuir para a alimentação e cirurgias ou ser voluntário, acesse os sites abaixo:

http://www.focinhoonline.com/http://duasmaosquatropatas.com.br/http://www.bichoderua.com.br/http://www.gatosreden.com/

Sivuca é um dos cães recuperados a espera de um lar

Dani Koetz

história de cinemaO cão “Churras” estrela do filme “Cão sem dono” que

está nos cinemas, foi escolhido no centro de zoonozes da Capital pela equipe de produção do filme e o ator Julio An-drade. “Ele era o mais quieto, todos fizeram festa menos ele, ficou num canto do canil olhando para a rua, como quem sonha com a liberdade”, conta o ator. Após as gravações, Churras pôde escolher seu novo lar, hoje ele vive com Primo Juliani que trabalhou como iluminador na produção.

coPa libertadores Muda rotina eM Porto alegre

Clarissa mendelski e Tatiana nassr

A disputa entre Grêmio e Boca Juniors, pela final da Liber-tadores, no dia 20 de junho, causou euforia nas ruas da Capi-tal. Os bares da cidade ficaram lotados, assim como o Estádio Olímpico, que contou com 46.198 torcedores. O evento alterou o dia-a-dia em alguns bairros, principalmente nos setores do comércio e do policiamento.

O Tenente Rodrigues, integrante da Brigada Militar, prestou serviços no bairro Moinhos de Vento na noite da decisão e consi-dera a mobilização um “evento atípico”. Ele afirma que a seguran-ça foi reforçada, inclusive nas regiões da Grande Porto Alegre.

A BM classificou as ações do dia como “Operação Liberta-dores” e contou com mil policiais distribuídos por toda a região metropolitana. Delegações e torcedores, tanto de argentinos como de brasileiros, tiveram acompanhamento da polícia. As prioridades foram os locais onde ocorre maior circulação de pessoas em dias de jogo de futebol, como terminais de ônibus, estações do Trensurb e bares.

No bairro Azenha, Roger Ilha Moreira, estava no local e re-lata o confronto entre a BM e os torcedores do Grêmio: “Os brigadianos começaram a avançar com os cavalos para cima de todo mundo”. Moreira é morador do bairro Mon’t Serrat e testemunhou também o foguetório provocado pelos gremistas, que iniciou na noite de terça-feira e se estendeu até quarta, em frente ao hotel Holiday Inn, na av. Carlos Gomes.

Houve quem soube tirar proveito do evento. Sônia Ibañez, atualmente desempregada, montou o seu “posto de vendas” de bandeira tricolores na esquina da av.Goethe com a Rua 24 de Outubro.

Policiais mantem a ordem na chegada do Grêmio

Fábio Berriel

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�0 julho de �007 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista IPA Esporte

O estilo radical do MotoCrossMotoCross é um esporte

radical onde força, coragem e determinação são necessários para a prática. Vôos de mais de cinco metros de altura mis-turados às pistas irregulares ou até trilhas em meio a matas fechadas dão ao piloto uma emoção sem limites.

É um espetáculo que leva os torcedores a vibrarem a ca-da manobra realizada. A emo-ção passada pelo ronco dos motores faz o espectador gri-tar e torcer com tal intensidade dando a sensação de estarem correndo junto com os pilotos.

Localizada no Lami, a pri-meira pista de MotoCross de Porto Alegre atrai competido-res de todo o Estado. Funcio-na nas noites de quinta-feira para treinos oficiais do cam-peonato Gaúcho e aos domin-gos, à tarde, para corridas li-vres. O dono da pista, Telmo

Coelho da Costa, 54 anos, lembra que ela foi inaugurada em 2002, quando houve um aumento da procura desse esporte na região.

O engenheiro civil, Alexan-dre Xavier Teixeira, 32, diz que “a construção da pista do La-mi, fez com que eu não preci-sasse sair de Porto Alegre para praticar o esporte”. O profes-sor de Geografia, Carlos Elly,

31, pratica MotoCross desde os 20 anos: “Eu sofri diversos acidentes, uma vez cheguei a quebrar um braço, mas a se-gurança daqui é muito boa. Nunca pensei em parar de cor-rer”. Na pista do Lami foram re-gistrados apenas acidentes com danos materiais.

As modalidades do Moto-Cross são, basicamente, o Cross, o FreeStyle, o Trial e o En-

duro. As duas últimas não são praticadas na pista do Lami.

Pode-se praticar o Moto-Cross a qualquer época do ano. Alguns preferem a pista molhada ou úmida, enquanto outros preferem muita poeira. O inverno é adequado por ser mais fresco, visto que o equi-pamento de segurança e as roupas especiais aquecem o corpo.

Pilotos voam alto no campeonato realizado na pista do Lami no dia 26 de maio

Thiago CorrêaThiago Corrêae athilio Zanon

Tarumã em alta velocidadeO Autódromo Internacional

de Tarumã se localiza no bair-ro que leva o seu nome, em Viamão, cidade vizinha de Porto Alegre. É o circuito mais rápido do Brasil e também um dos mais tradicionais. A sua pista possui cerca de três qui-lômetros de extensão.

Tarumã é o único autódro-mo privado no Brasil. A sua manutenção depende de eventos realizados pelo Auto-móvel Clube do Rio Grande do Sul (ACRGS), que faz mui-to esforço para que a pista se-ja palco de corridas referentes a grandes competições como, por exemplo, o Campeonato Brasileiro de Stock Car, a Fór-mula Truck, a Fórmula Renault, as 12 Horas de Tarumã , o Ra-cha Tarumã, entre outros.

A Stock Car realizou a sua primeira prova na história em

22 de abril de 1979 no circuito viamonense. Outro evento, o Racha Tarumã foi criado por que ,antes, os motoristas fa-ziam os “pegas” nas ruas da cidade, levando perigo para os pedestres e para os partici-pantes. Agora, as disputas acontecem dentro do autódro-mo, onde há mais segurança.

Com quase 37 anos de existência, o autódromo teve poucas reformulações. Acon-teceram apenas algumas re-formas na pista e no setor pa-ra o público. Porém, há um planejamento visando a mo-dernização do local, tanto pa-ra os pilotos e a sua equipe, quanto para os fãs. Mas, o problema é que somente o apoio da ACRGS não trará fundos suficientes para ampa-rar os custos do projeto. Seria necessário a participação de

pelo menos mais um ou dois investidores para que o plano de reforma possa começar a ser executado. O projeto traz mais segurança para os es-pectadores com uma mudan-ça no setor de arquibancadas, o melhoramento da pista e a

modernização na área dos boxes.

Tarumã tem o seu calendá-rio definido para este ano. A principal competição e a mais esperada pelos fãs de alta ve-locidade é a Stock Car, que acontece em 14 de outubro.

Além das quatro linhas

O futebol profissional movimenta milhões de reais em to-do mundo. Publicidade, televisão, estádios lotados e fanáti-cos torcedores tornam esse esporte o mais popular e milio-nário do planeta. Porém, no Parque Ararigbóia, no bairro Jar-dim Botânico, existe outra realidade, o futebol amador, onde toda semana acontecem jogos de torneios da cidade.

Na década de 40, onde hoje existe o parque e o campo do Ararigbóia, existia apenas um terreno abandonado onde o gado pastava e os carros atolavam. Foi então que um emprei-teiro, conhecido apenas como Arino, resolver cercar o local com madeira e construir um gramado de futebol para os seus funcionários. O aterro e a construção do gramado demora-ram dois anos e o local passou a se chamar Sul Brasil.

Em 1951, a prefeitura de Porto Alegre assumiu o terreno por ser público e criou a praça do Ararigbóia, mantendo o gra-mado principal. Em 1966, começaram a ser feitos torneios de futebol amador no local, organizados pelo ex-presidente da praça, Pedro Paulo Antunes, hoje aposentado, e conhecido como Paulinho. Ele trouxe várias equipes amadoras aos gra-mados do Ararigbóia nos seus dez anos de cargo de presi-dente. “Minha vida sempre foi o futebol, meu sentimento sem-pre foi de sentimento e amor à várzea. Fui presidente por dez anos e não ganhava nada. Era por amor.” Essas são palavras de Paulinho, que demonstram que a várzea vai muito além do futebol e da competição.

Atualmente, um assíduo frequentador do parque, Pauli-nho conta que as amizades que fez ao longo dos anos no Ararigbóia são muitas e diz que personagens importantes do futebol profissional, como o técnico da seleção de Portugal, Felipão, ainda hoje joga bola com os amiugos quando possí-vel. Laços das amizades criadas no futebol de várzea.

Disputado nos finais de semana, o futebol amador nos gramados do Ararigbóia movimentam centenas de anôni-mos, comunidades e, orincipoalmente, muita paixão. Muito além das quatro linhas.

Cassiano pedroso

alexandre Bringhenti

Único autódromo privado do Brasil, Tarumã é o circuito mais rápido

Gaúchas buscam espaçoFutebol feminino, em Porto Alegre, sofre com a desorganização

É comum para os brasilei-ros assistirem os meninos da seleção de futebol represen-tando o país, cantando de for-ma emocionada o hino de sua Pátria. As meninas de Porto Alegre gostariam de partilhar do mesmo sentimento, porém a desorganização e a falta de incentivo impedem as atletas de realizarem o seu sonho.

O futebol feminino em Por-

to Alegre não possuía um es-paço, até a formação da es-colinha do Internacional, em 1984. De lá para cá, muita coisa mudou. O esporte foi re-conhecido em nível mundial com a criação da Copa do Mundo, em 1991, tornou-se Olímpico em Atlanta, no ano de 1996. O Grêmio, principal força do Estado, ao lado do Internacional, também decidiu

apoiar a categoria criando a sua escola de futebol femini-no. A iniciativa não obteve su-cesso, pois a taxa de atletas matriculadas na escolinha foi muito aquém da esperada pe-la direção gremista. Segundo o diretor das categorias de base, Fabio Andreta, “o Grê-mio investiu muito na catego-ria e não obteve um retorno, o movimento era pequeno, não tivemos lucro”.

A experiência do Grêmio com o futebol feminino não foi totalmente negativa. As atle-tas Maravilha e Maicon foram convocadas para a seleção. O clube conquistou o principal campeonato do estado em ci-ma do rival Internacional. Ape-sar disso, a direção não pensa em retornar com os treinos fe-mininos. “Possuímos seis campos todos estão ocupa-dos, temos 1,1 mil alunos e mais de 400 na fila de espera o Grêmio não tem mais espa-ço físico para acoplar outra categoria”, diz Andreta.

Ex-jogadora de futebol e professora de educação físi-ca, Eduarda Luizilli, também conhecida como Duda, revo-lucionou o futebol feminino na capital Gaúcha, disponibilizan-

do um espaço para atletas de todas as idades. Atualmente, Duda é proprietária de 11 es-colas de futebol. Para ela, a maior dificuldade do futebol feminino é a falta de organiza-ção por parte da Confedera-ção Brasi le ira de Futebol (CBF). Duda enfatiza que, “as meninas sonham em jogar uma Olimpíada, em ir para a Europa, ou EUA, por que no Brasil não tem como viver só do futebol. Meu papel é fazer com que esse sonho vire reali-dade”. Centro-avante do Tri-color Gaúcho, Moacir Bastos, o Tuta tem na sua concepção que o principal problema do futebol feminino é a falta de in-centivo por parte da imprensa, que não apóia a categoria.

Aluna de uma das escolas da Duda, Luciane Brandelize, 15 anos, é uma das muitas garotas de Porto Alegre que sonha em ser jogadora de fu-tebol. Duda sabe das dificul-dades que o esporte enfrenta, mas acha que nada é impos-sível quando se tem força de vontade. Segundo ela, “as ga-rotas que querem se profissio-nalizar precisam saber que a palavra desistir não pode fazer parte do nosso vocabulário”.

Bruna Geremias

Bruna Geremias

Duda de branco com suas alunas após o treino de futebol

Alexandre Bringhenti

Peteca não, badminton

O badminton, esporte que garantiu uma medalha de bronze nos Jogos Pana-mericanos 2007, até hoje permanece como um espor-te desconhecido do grande público. Quem contou um pouco da história da modali-dade original da Índia foi o representante da Confedera-ção Brasileira de Badminton (CBBd), Hilton Fernando.

O badminton surgiu na Índia, sobre o nome de Poo-na, oficiais ingleses a serviço no país, que na época en-contrava-se sob o controle britânico, gostaram do jogo, em seguida o levaram para a Europa. O Poona passou a chamar-se badminton na dé-cada de 1870, quando uma nova versão do esporte foi jogada na propriedade de Badminton na Inglaterra, pertencente ao Duque de Beaufort’s.

O jogo é disputado com uma raquete e uma peteca. O objetivo é fazer com que a peteca passe por cima da re-de e caia na quadra do ad-versário para que o ponto possa ser computado. Pode ser jogado em simples, um contra um ou em duplas, masculina, feminina, ou du-plas mistas. Uma partida con-siste em três games de 21 pontos sem vantagem, quem vencer dois games primeiro,

automaticamente define-se como vencedor. Praticado ao ar livre, também é jogado em quadra coberta, onde não ocorram correntes de ar. O espaço entre a quadra e as paredes que cercam o recin-to não devem ter menos de um metro nas laterais, e de um 1,5 metros no fundo.

Fernando conta que o apoio financeiro somente vem de recursos da Lei Ag-nelo Piva, de 2001, que esta-beleceu em 2% da arrecada-ção bruta de todas as loterias federais do país sejam repas-sados ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e ao Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB). Do total de recursos repas-sados, 85% são destinados ao COB e 15%, ao CPB: “Es-ses recursos tem que manter tudo, entidade, atletas, com-pra de materiais, e tudo mais, o que acaba dificultando e muito a situação”.

No Brasil, o número de praticantes está em cerca de 9 mil praticantes: “A adesão é muito boa, sempre que al-guém começa praticar bad-minton dificilmente pára”, afirmou o representante da Confederação. Nos Jogos Pan-americanos de 2007, Guilherme Kumasaka e Gui-lherme Pardo, conseguiu o inédito bronze na categoria de duplas masculinas.

Guilherme Kumasaka conquistou a medalha de bronze no PAN

leonardo Ferreira

Arquivo / CBBd