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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE - FAC CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILIDADE EM JORNALISMO RADIALISTA SEBASTIÃO BELMINO O “Showman” do Ceará? Francisco Aristóteles de Paula Fortaleza-Ceará 2013

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE - FAC

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILIDADE EM JORNALISMO

RADIALISTA SEBASTIÃO BELMINO

O “Showman” do Ceará?

Francisco Aristóteles de Paula

Fortaleza-Ceará

2013

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FRANCISCO ARISTÓTELES DE PAULA

RADIALISTA SEBASTIÃO BELMINO

O “Showman” do Ceará?

Monografia apresentada como exigência para

obtenção do título de bacharelado ao Centro de

Ensino Superior do Ceará sob orientação do

professor Paulo Paiva.

Fortaleza – Ceará

2013

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PAULA, Francisco Aristóteles de.

Radialista Sebastião Belmino “Showman” do Ceará/Francisco

Aristóteles de Paula. 2013.

44 f.il.

Orientador: Prof. Esp. Paulo Augusto dos Santos Paiva.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Faculdade

Cearense, Curso de Comunicação Social – habilitação em

Jornalismo, 2013.

1. Showman. 2.Programa Esportivo. 3Radialista

CDU

Bibliotecária Maria Albaniza de Oliveira CRB-3/867

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Monografia defendida e apresentada em _____ de ____________________,

2013 pela banca examinadora constituída pelos professores:

____________________________________________

Prof. Paulo Paiva

____________________________________________

Prof. Gevan Oliveira da Silva

____________________________________________

Prof. Michel Wanderson Oliveira de Barros

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“A maior sabedoria é a Sabedoria Divina!”

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AGRADECIMENTOS

A Vilma de Sousa Paula, por me colocar nesse mundo.

A Karla Érika, pelo apoio nas pesquisas e realização do trabalho.

Ao Paulo Paiva, meu orientador, por acreditar na minha capacidade de reverter situações

adversas.

Ao Jorge Hidelmar, por me ajudar nos momentos difíceis.

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RESUMO

O trabalho científico consistiu em identificar como um apresentador de programa esportivo diferenciado é

rotulado de “Showman”. Para isso primeiramente foi necessário buscar aspectos históricos da divisão do

jornalismo, a evolução do jornalismo esportivo no Brasil, a origem da crônica esportiva e dos programas

esportivos no Ceará. Analisamos a relação entre esporte, TV e público, a empatia entre profissionais da editoria

esportiva, atletas e telespectadores. O aprofundamento das pesquisas foi direcionado para a emoção que o

esporte passa para o torcedor, através das imagens na televisão. Incluíram-se nos estudos os ícones do jornalismo

esportivo do Brasil e no Ceará, merecendo destaque Milton Neves, Galvão Bueno, Luciano do Vale, Milena

Ceribeli, Glenda Kozlowski, Juca Kifuri, Léo Batista, Tom Barros, Sérgio Pinheiro, Carlos Fred e Sebastião Belmino, figura princiapla da presente pesquisa, com sua trajetória na televisão cearense, seu carisma com o

público, seu dialeto popular que o levou ao sucesso. Belmino começou na produção de programas esportivos na

TV Ceará, afiliada da TV Tupi, que logo após com a falta do apresentador Nei Boto, do programa Na Boca do

Túnel foi apresentar seu primeiro programa e desde então passou a ser apresentador oficial. Comandou também

programas na TV educativa, Rede Manchete, e na TV Diário, “A Grande Jogada” que o consagrou como

“Showman”. Para que nós pudéssemos construir a imagem de Sebastião Belmino, foi necessários articular teorias

de autores como: Paulo Vinicius Coelho, Martin Heródoto Barbeiro, Mauro Betti, Andrea Rangel e Jocimar

Daolio. Esses autores nos embasaram para a construção dos capítulos com o objetivo de identificar Belmino

como “Showman” do Ceará. As pesquisas se realizaram sem Fortaleza, nas bibliotecas das Faculdades

Cearenses, Universidade de Fortaleza e Universidade Federal do Ceará, no SINDJOCE (Sindicato dos Jornalistas

do Ceará) e na TV Diário, com entrevistas aos parceiros do programa de Sebastião Belmino e com o próprio apresentador. Pesquisamos as conquistas e a quebra de paradigmas que a editoria esportiva conseguiu no Brasil,

o esporte fazendo parte das grades de programação das emissoras de televisão brasileiras, profissionais

anteriormente adaptados, agora, especificamente na área de esportes, multifunção para os jornalistas e a

principal, a inclusão de mulheres com âncoras esportivas na televisão nacional. Relatamos a evolução

tecnológica das transmissões esportivas e os investimentos de emissoras como a Rede Globo de Televisão para

obtenção do lucro comercial. Estudamos a representação de um determinado jornalista esportivo com um evento

esportivo, notório na visão do torcedor como Galvão Bueno e Seleção Brasileira de Futebol causado pela

exclusividade das transmissões de Copas do Mundo de Futebol pela Rede Globo de Televisão. Por fim,

percebemos que com a articulação entre as teorias dos autores e entrevistas, nota-se que as características de

Sebastião Belmino se encaixam no perfil do profissional chamado de “Showman”, aqueles profissionais de um

talento peculiar, com um carisma muito forte com o telespectador, capaz de chamar atenção do programa sem

perder a essência da informação.

Palavras chaves: Showman. Programa Esportivo. Radialista

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 08

2. CARACTERÍSTICAS DO JORNALISMO.................................................................. 11

2.1 JORNALISMO ESPORTIVO NO BRASIL ............................................................... 12

2.2. ORIGEM DOS PROGRAMAS ESPORTIVOS NA TV............................................ 13

2.3 OS PROFISSIONAIS DO ESPORTE ......................................................................... 15

2.4 ORIGEM DOS PROGRAMAS ESPORTIVOS NO CEARÁ .................................... 16

2.5 OS PRINCIPAIS PROGRAMAS ESPORTIVOS DO CEARÁ ................................. 17

3. TRANSMISSÃO E PRODUÇÃO DE PROGRAMAS ESPORTIVOS ....................... 18

3.1. A FIGURA DO APRESENTADOR ESPORTIVO.................................................... 20

3.2. A LINGUAGEM ESPORTIVA NA TV ..................................................................... 22

3.3. O NARRADOR “SHOWMAN” .................................................................................. 25

3.4 A RELAÇÃO PÚBLICO, ESPORTE E TV ............................................................... 27

4. NASCE UM “SHOW MAN” NO CEARÁ .................................................................... 29

4.1. ÂNCORA “AMIGÃO” DO POVO ............................................................................ 31

4.2. O PROFISSIONAL POPULAR, BELMINO. ............................................................ 32

4.3. O FUTEBOL CEARENSE CONSAGRA BELMINO ............................................... 33

4.4. O “SHOW MAN”12

E A TV CEARENSE .............................................................. 34

4.5 ESPONTANEIDADE: SINÔNIMO DO TRABALHO .............................................. 34

4.6. BELMINO, INFORMAÇÃO É SHOW. .................................................................... 36

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 37

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 38

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1. INTRODUÇÃO

Ao longo dos tempos, as diversas formas de comunicação foram se aperfeiçoando e,

hoje, podemos citar várias modalidades, entre elas a forma escrita, na qual temos: jornais,

revistas, cartas, bilhetes, internet, livros. A forma verbal que se expressa através da fala e a

forma corporal, que se expressa por gestos, olhares, etc.

Com o advento da modernidade estão amadurecidas as condições para o

desenvolvimento de uma racionalidade comunicativa, isto é, constituída na interação

comunicativa de sujeitos capazes de linguagem e ação.

Isso ocorre na medida em que a emancipação progressiva do homem do jugo da

tradição e da autoridade confere ao mesmo a possibilidade de estar sujeito apenas à força da

argumentação. A comunicação assume assim um lugar destacado nas suas reflexões.

As necessidades de comunicação trouxeram para o cenário moderno novos modos de

expressão, através dos quais idéias, conceitos, cultura e informação de toda forma passaram a

constituir o cotidiano das pessoas, exigindo que as mesmas estejam, interagindo, se

comunicando e recebendo informações das mais diversas formas.

A relação do esporte com a televisão e, consequentemente com a comunicação de

massa é, sinônimo de reciprocidade de emoção, identificação, proximidade de pessoas que

nem mesmo se conhecem, e exibição de profissionais diferenciados, que pode ser um atleta,

técnico ou jornalista esportivo.

O tema desenvolvido nesta monografia, à primeira vista, parece muito complexo,

exigindo do pesquisador um tempo quase que integral de dedicação, visto que a proposta da

mesma é o de conhecer através de uma pesquisa de campo como um radialista esportivo,

consegue através de seu trabalho ser considerado por muitos como um “showman”, visto que

o papel da comunicação, aqui introduzido, nos remete a uma figura conhecida do nosso rádio

e televisão.

Nesse sentido a pesquisa tem como objetivo geral analisar a construção da

imagem de Sebastião Belmino como “Showman”, os objetivos específicos buscam mostrar a

figura de Sebastião Belmino, não apenas como apresentador de cunho comercial e, sim

identificar o mesmo como um âncora esportivo diferenciado; conhecer a história dos

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programas esportivos no Ceará, bem como são produzidos os mesmos, ressaltar o dialeto dos

cearenses como uma linguagem de identificação no esporte.

A presente pesquisa é de cunho bibliográfico e também se caracteriza como uma

pesquisa do tipo exploratória, pois tem seu processo de pesquisa flexível e análise dos dados

primários de forma qualitativa. Segundo Gil (1991 p.45) as pesquisas exploratórias tem como

objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais

explicito ou construir hipótese.

Mattar (2007, p. 18) explica que a pesquisa exploratória visa prover o pesquisador

de maior conhecimento sobre o tema ou problema da pesquisa em perspectiva.

Para a escolha do tipo de pesquisa, utilizou-se a metodologia proposta por Mattar

(2007) sobre a natureza da pesquisa, se qualitativa ou quantitativa. As pesquisas qualitativas,

segundo Mattar (2007), procuram identificar a presença ou ausência de algo, as pesquisas

quantitativas procuram medir o grau em que algo está presente. Há também diferenças

metodológicas entre estas duas formas de pesquisa. Na pesquisa quantitativa, os dados são

obtidos com um grande número de entrevistas e utilizando escalas, geralmente numéricas, as

respostas são submetidas à análise estatística.

Assim, optou-se por utilizar a pesquisa qualitativa, pois de um modo geral,

pesquisas de cunho qualitativo exigem a realização de entrevistas, quase sempre longas e

semiestruturadas. Nesses casos, a definição de critérios segundo os quais serão selecionados

os sujeitos que vão compor o universo de investigação é algo primordial, pois interfere

diretamente na qualidade das informações a partir das quais será possível construir a análise e

chegar à compreensão mais ampla do problema delineado. (MATTAR, 2007).O presente

trabalho se utilizou de uma pesquisa de campo, pois, segundo (VERGARA, 2005) a pesquisa

se caracteriza como de campo, uma vez que a pesquisa se deu no local onde se encontra o

objeto estudado.

Assim, quanto à estratégia da fonte utilizada e o local específico de coleta, optou-

se por desenvolver uma pesquisa de campo, onde foi empreendido um estudo com o objetivo

de construir a imagem de Sebastião Belmino como “Showman”, foram entrevistados seus

companheiros de trabalho com perguntas e critérios estabelecidos em que as questões mais

importantes foram abordadas através das perguntas que conduziram facilmente os

entrevistados as respostas e outras colocações pertinentes ao objetivo geral do estudo.

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Foram feitas três entrevistas: a primeira foi com um grupo de três jornalistas,

Carlos Fred, Tom Barros e Juciê Cunha, que fazem parte do programa; a segunda foi

individualmente com o próprio Sebastião Belmino e a terceira com dois jornalistas, Lima

Junior, editor de texto do programa e Sérgio Pinheiro, comentarista esportivo. Foram usados

gravadores com fita K7 de 60 minutos: as entrevistas ocorreram na TV Diário, onde se realiza

o programa.

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2. CARACTERÍSTICAS DO JORNALISMO

A informação é uma ferramenta imprescindível na construção da cidadania de

um povo. Porém, é admissível que nem sempre o tipo de comunicação acolhe aos diferentes

públicos. Por meio da comunicação, uma pessoa convence, persuade, atrai, muda ideias,

influi, gera atitudes, desperta sentimentos provocam expectativas e, induz comportamentos. O

poder da comunicação pode ser designado como poder expressivo. Sem comunicação, não há

como fazer uma disputa de ideias na sociedade.

A necessidade de transformar a informação em notícia com mais especificidade,

dividiu o jornalismo em departamentos, cuja função é nortear o público. Segundo Rossi

(1980), o jornalismo independente da editoria, é uma busca incansável pela atenção dos

receptores, usando palavras e imagens com o poder de persuadir opiniões tendo como canais

responsáveis por explorar essas mensagens os meios de comunicação de massa.

[...] jornalismo, independentemente de qualquer definição acadêmica, é uma fascinante batalha pela conquista das mentes e corações dos seus alvos:

leitores, telespectadores ou ouvintes. Uma batalha geralmente sutil e que usa

uma arma de aparência extremamente inofensiva: a palavra, acrescida, no caso da televisão, de imagens (ROSSI, 1980, p.7).

Diante dessa visão de notícia, a imprensa começou a tratar a informação com

caráter comercial. De acordo com Neto (1998), o jornalismo atual define-se como

“publijornalismo”, pois, as edições só contestam, esclarece ou investigam com o intuito de

transformar suas publicações em produtos vendáveis. Segundo ele, a informação como

produto não perde o valor da notícia e que a imprensa ainda vive esse drama mais que logo

chegará ao fim.

O Novo Jornalismo é o chamado jornalismo das notícias positivas,

mostrando só o lado bom do que acontece na sociedade. Mas isso, não

significa o fim da obrigação da imprensa, que é servir a sociedade,

informando de maneira critica o que acontece dentro dela (SIROTSKY,

1998).

Para Amaral (2006), o conceito ocidental, produto das teorias da liberdade de

imprensa, do iluminismo e da responsabilidade social. Dessas três vertentes, pode-se deduzir a

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noção de que o jornalismo é uma atividade cuja imagem é de defender o interesse publico, de

estar direcionado ao bem estar social, e de não se submeter aos interesses particulares, embora

atividade jornalística seja condicionada historicamente sociais e econômicos e tenha as marca

da transformação do jornal em mercadoria ao longo da história.

2.1 JORNALISMO ESPORTIVO NO BRASIL

Com a divisão do jornalismo em editorias, o esporte ganhou espaço nos

noticiários brasileiros. Conforme Coelho (2008), o jornalismo esportivo no Brasil, iniciou na

década de 1910, com a divulgação das primeiras páginas esportivas no Jornal Fanfulla1 que se

tornou a fonte de arquivos mais importante para os palmeirenses2. Segundo ele, no meio da

Segunda Guerra Mundial, as poucas páginas do jornal dedicado ao esporte, falava de outra

guerra, a luta entre o são – paulinos3 e palestrinos

2 para tomar a força do Estádio Parque

Antártica.

Ainda com resistência devido o receio da falta de interesse do público, em 1922 o

jornalismo esportivo no Brasil conseguiu mais popularidade com inclusão de negros nos

clubes do Rio de Janeiro. Coelho (2008), afirma que o fato aconteceu, quando o Clube de

Regatas Vasco da Gama, incluiu jogadores negros no Campeonato Carioca de 1923. Na

mesma década,em 1928, o noticiário esportivo consolidava-se em São Paulo, com um jornal

de circulação diária, como suplemento semanal, chamado “A Gazeta Esportiva”, vinculada a

Gazeta de São Paulo, que patrocinou importantes competições de repercussão nacional, como

a Corrida de São Silvestre.

“[...] Era a popularização que faltava. Os negros entravam de vez no futebol, toavam à ponta no esporte. O Vasco foi campeão carioca pela primeira vez

em 1924, apesar da oposição dos outros grandes, que sonhavam tirá-lo da

disputa alegando que o clube dos portugueses e negros não possuía estádio a

altura de disputar a Primeira Divisão. [...]” (COELHO, 2008, p.8).

Em meio a esse cenário de popularidade, as editorias foram se transformando em

jornais genuinamente esportivos. Para Antunes (1999), o pioneiro na valorização do

jornalismo esportivo como editoria no Brasil, foi Mario Filho, por organizar nos anos de

1930, um caderno totalmente dedicado aos esportes nos jornais A Manhã e Critica

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propriedades do seu pai Mario Rodrigues, ainda fundou o mundo esportivo, e posteriormente,

o Jornal dos Sports, os primeiros jornais totalmente dedicados aos esportes no Brasil.

2.2. ORIGEM DOS PROGRAMAS ESPORTIVOS NA TV

Depois de ganhar espaço no jornal impresso e no rádio, o jornalismo esportivo no

Brasil, tem a possibilidade de adquirir uma afinidade maior com o torcedor, através da

chegada da TV em 1950. Segundo Sousa (2009), foi possível assistir o time preferido através

de imagens pela TV Tupi de São Paulo, faz a primeira transmissão externa da TV brasileira

apresentando ao vivo o jogo entre São Paulo e Palmeiras e logo após exibiu a pela primeira

reportagem de jornalismo esportivo na televisão brasileira, uma matéria sobre o jogo entre

Portuguesa de Desportos e São Paulo.

Com o sucesso das transmissões esportivas pela TV Tupi, em 1955 a TV Record,

faz a primeira transmissão externa de um jogo de futebol, foi à partida entre Santos e

Palmeiras, no ano seguinte, mas especificamente no dia 1º de julho, a TV Record se uni a TV

Rio para transmitir ao vivo do Rio de Janeiro para São Paulo uma partida de futebol entre

Brasil 2 x 0 Itália, diretamente do Maracanã.

No gramado, a equipe da TV Record fazia milagres para agradar o chefe. O

repórter de campo não tinha retorno na base- só sabia a hora de entrar no ar

depois que o motorista do ônibus de externas da emissora, Geraldo Campos acenava com a mão para Silvio Luiz iniciar as entrevistas. Durante a partida,

dois fotógrafos, cada um atrás de gol, registravam os lances mais perigosos e

polêmicos. No começo do intervalo corriam para revelar as fotos que minutos depois eram exibidas na televisão. Era replay caseiro inventado

pelos diretores de TV, Tuta e Salvador Tredice, o Dodô. (CARDOSO,

ROCKMANN, 2005. p. 133-134, apud GUERRA, 2006, p. 106).

A TV Globo se manifestou em transmissões esportivas em 1965, com a

transmissão de uma partida de futebol, no estádio do maracanã, entre Brasil contra União

Soviética. Segundo relatos do jornalista Teixeira Heizer6, no programa Esporte Espetacular,

da TV Globo, na edição do dia 25 de novembro de 2005, o jogo aconteceria às quatro horas

da tarde, e sua transmissão iria ao ar às oito horas da noite, ele afirma que não se conformava

da Rede Globo não transmitir esporte, o que já acontecia a dez anos em outras emissoras.

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Se as transmissões esportivas na TV em preto e branco, já era febre nacional, a

identificação com o esporte principalmente o futebol, ganhou dimensões maiores com

exibição da copa do mundo do México, onde o Brasil se tornou tri-campeão mundial em

1970, em que a novidade foi á transmissão a cores para quem tinha aparelhos adaptados. Os

eventos esportivos acabaram por desencadear programas esportivos tanto de esporte amador

como profissional, uma das pioneiras nesse tipo de editoria no telejornal brasileiro foi a TV

Cultura com os programas “História do Esporte” e “É Hora de Esportes”, este último, com

longa carreira na grade da emissora.

A partir de 1973, os programas esportivos começaram a evoluir paralelamente ao

crescimento tecnológico de equipamentos de comunicação das grandes coberturas esportivas,

Esse avanço, faz com que as emissoras de TV no Brasil incluam programas esportivos em sua

grade de programação. O “Esporte Espetacular” que estreou na TV Globo em 8 de dezembro

de 1973, invocando na área televisiva a linguagem dos esportes. Depois de dois anos fora do

ar voltou em 1992 no horário de sábado á tarde, para atingir um público jovem, o programa

passou a investir no humor com clipes, brincadeiras, charges e edições ousadas. Com

experiência rentável de patrocinadores na copa de 1970, a Rede Globo, resolveu investir alto

na Copa do Mundo de 1982, com 150 horas de transmissão, percebendo que investir no

futebol seria lucrativo, a TV Bandeirantes estreou em 1983, o programa “Show do Esporte”,

aos domingos.

A televisão começa a perceber um público apaixonado por esporte, e que

investir nesse tipo de programação poderia gerar retornos bastante favoráveis. As transmissões ainda eram de esporte e atletas estrangeiros. A

TV Rio mostrou ao vivo a luta de Box entre Cassius Clay e George Foreman

realizada no Zaire, em 1974. (SCHETINI, 2006, p. 40)

A emissora ficou conhecida como o “Canal dos Esportes”, pois transmitia de

automobilismo aos jogos de sinuca, sendo a pioneira a exibir liga profissional de basquete

americano Nacional Basketball Association (NBA)., entre outros programas.

2.3 OS PROFISSIONAIS DO ESPORTE

Os programas esportivos descobriram de maneira espontânea, grandes

profissionais que se tornaram especialistas, e ícones da crônica esportiva brasileira. Para

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Sousa (2009), não se pode falar em esporte se citar Luciano do Vale, Marcio Guedes,

FernandoVanucci, Leo Batista, Juca kfouri e Galvão Bueno, identificado com a seleção

brasileira de futebol, pela a exclusividade de transmissão da copa do mundo de futebol pela

Rede Globo.

Michel e Soares (2009), outra conquista do esporte na televisão brasileira, foi a

participação de âncoras femininas, no programas esportivos brasileiros. , algumas mulheres se

destacaram nesse gênero por muito tempo masculino, Glenda Kozlowski, Cristiane Dias

Mylena Ciribelli, e Renata Fan.

Foram às mulheres, alias que consagraram a expressão “torcer”. Como não

ficava bem para uma dama se descabelar, gritar, chorar, com seu time de

coração, elas levavam para o estádio pedaços de pano, os quais torciam durante as partidas para aliviar a tensão. O hábito as fez ficar conhecidas

como “torcedoras5” e não demorou muito para o termo ser adotado para

designar todos aqueles que compareciam com freqüência às partidas no

intuito de incentivar as equipes (CAPELLANO, R. 1999, p. 28-29).

Após as partidas de futebol, os programas esportivos tomaram um estilo

diferenciado, a chamada “Mesa Redonda”, onde era compostos por um apresentador,

convidados e comentaristas. A TV Gazeta em 1985, foi responsável pela reunião do maior

número de ancoras esportivos, o famoso “Mesa Redonda Esportiva”, faziam parte da atração

Milton Peruzzi. O programa teve outros nomes como, “Onze na Copa” e “Mesa Redonda

Futebol é com Onze”, que contava com grandes jornalistas como Zé Italiano, Peirão de

Castro, Roberto Petri e Dalmo Pessoa.

Outro representante desse estilo é o programa “Super Técnico”, exibido aos

domingos, comandado pelo “rei do arquivo” do futebol brasileiro, Milton Neves, o programa

reunia técnicos de ponta do futebol brasileiro para discutirem sobre esquema tático das

equipes, polemicas da rodada e transações de jogadores. Atualmente, “Terceiro Tempo” na

TV Bandeirantes e o “Esporte Record” na TV Record, são responsáveis pela cobertura dos

grandes eventos esportivos nacionais, quebrando a hegemonia da Rede Globo de Televisão.

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2.4 ORIGEM DOS PROGRAMAS ESPORTIVOS NO CEARÁ

No estado do Ceará, os programas esportivos tiveram um processo de evolução

gradativo, iniciando-se no inicio da década 30. Barros (2009) informa que em 1931, que

podemos considerar como a primeira transmissão esportiva do rádio cearense, o relato de

lance de uma partida de futebol realizada no Campo do Prado, próximo ao bairro do Benfica,

através de uma ligação telefônica, e tem como autor o radialista José Cabral de Araújo.

Consideramos Ceará Radio Clube com precursora das transmissões esportiva no

Ceará. Fred (2009) relata que a primeira reportagem esportiva foi realizada por Oduvaldo

Cozzi, em 1931, com jogadores que participaram da partida realizada no campo do prado.

Segundo ele o programa “Boletim Esportivo” comandado por Jose Cabral de Araujo foi o

pioneiro e durava por cerca de 15 minutos indo ao ar as 12h30min, na radio chamada “a

pioneira”.

Nesse período não havia repórteres e nem comentaristas, as informações, emoções

e acontecimentos da partida eram passadas através dos gritos dos torcedores durante o

intervalo do jogo. Em 1950, aconteceu a primeira transmissão interestadual direto de Belém

do Pará, que colocou um canal para a Rádio Iracema e Ceará Rádio Clube.

A partir da pioneira, “Ceará Rádio Clube” crescia a audiência dos programas de

transmissão esportiva, consequentemente o surgimento dos locutores e redatores

especializados na cobertura esportiva, como, Antonio de Almeida, Afrânio Peixoto, José

Ramos, Mozart Marinho, Luiz Carlos, Alfredo Sampaio, Mauricio Carvalho e Iran Benevides.

Nesse período de especialista em esporte na imprensa cearense, a Ceará Rádio

Clube, começa a estruturar sua programação esportiva. Segundo Fred entrevista (2009), em

1956, “A Pioneira” tinha como concorrente a Rádio Uirapuru, para ganhar a concorrência,

começou a preparar roteiros, audições editadas e scripts baseados nas emissoras do Sul do

Brasil. Fortalecido pelas transmissões esportivas pelo o rádio cearense, jornalismos esportivo

começa a ganhar espaço na TV cearense. Segundo Carvalho (1996), o primeiro programa

esportivo da TV cearense veio em maio de 1961, "Punhos de Campeão", patrocinado por

Água Mineral Verdes Mares.

O cenógrafo Rinauro Moreira, responsável pelo cenário do Estúdio B,

transformava o estúdio em ringue de boxe. Nesse período a televisão ainda era uma novidade

em Fortaleza. Os estúdios transformados em ringues atraíam mais de 700 espectadores para

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assistir às lutas no bairro Estância Castelo, atual Dionísio Torres. Em seguida o programa foi

substituído por outro formato, chamado "Telecatch Montilla", menos técnico e com aspecto

mais popular. Os combates envolviam atores cujas papeis tinham como objetivo realizar lutas

de caráter artístico. O Telecatch foi um sucesso de público na televisão durante toda a década

de 1960.

2.5 OS PRINCIPAIS PROGRAMAS ESPORTIVOS DO CEARÁ

Assim como no sudeste, as transmissões esportivas no Ceará originaram dos

programas esportivos na televisão cearense, O Globo Esporte lidera na televisão cearense, vai

ao ar de segunda a sábado, após o CETV 1ª edição, falando de futebol e esporte amador,

sempre focando a superação e o esforço dos nossos atletas. Atualmente apresentado por

Alysson Oliveira, Celso Tomaz e Luis Costa.

Seguindo o estilo TV Verdes Mares, a TV Jangadeiro, criou o “Jangadeiro

Esporte Clube”, que vai a ar de segunda a sexta ás 11h40min, apresentado por Sandra Chaves

e Alan Neto. A TV Diário, afiliada a Verdes Mares, se destaca por fazer uma adaptação de

profissionais esportivos do rádio para a TV, com os programas “Na Boca do Túnel” que vai

ao ar as quintas-feiras a partir das 23h00, apresentado por Carlos Fred e Gomes Farias,

baseado na interação entre torcida dos principais clubes cearenses Ceará e Fortaleza com o

público em geral.

Com estilo mesa redonda a televisão tem O programa “Debate Bola”, apresentado

por Tom Barros e comentários de Lima Junior e convidados que vai ao ar aos domingos após

as rodadas dos campeonatos de futebol brasileiro ou estadual. Segundo Fontenele (2009) o

grande destaque do tele-esporte cearense fica por conta do programa “A Grande Jogada”,

ancorado pelo irreverente Sebastião Belmino e uma mesa redonda composta por grandes

comentaristas do futebol cearense Carlos Fred, Sérgio Pinheiro, Tom Barros e Dacildo

Mourão na parte de arbitragem, com reportagens de André Alencar.

Na noite de segunda-feira a TVC apresenta ao torcedor5 cearense “Com a Bola

Toda" programa voltado para o futebol, com o melhor time de profissionais da cidade: Artur

Ferraz, Wilton Bezerra e Sergio Ponte. Eles analisam os campeonatos, as equipes, do

desempenho dos técnicos e jogadores. Completam com entrevistando personalidades do

futebol e reportagens sobre os jogos profissionais.

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3. TRANSMISSÃO E PRODUÇÃO DE PROGRAMAS ESPORTIVOS

Num contexto mais generalizado, podemos falar que as transmissões esportivas

são fundamentais na produção dos programas de esporte, tendo o futebol uma das principais

“armas” das emissoras na busca da audiência. Segundo Barbeiro e Rangel (2006), a copa do

mundo de futebol é um exemplo que mais retrata a composição de uma produção esportiva.

Eles afirmam que, existem investimentos altíssimos na tecnologia de transmissões esportivas,

mas que é preciso ter consciência para que essas modernizações nunca atrapalhem a

transmissão da informação real. Concordando com Barbeiro, (2003) “é possível usar o

computador em todas as fases da produção jornalística: arquivos, textos, acessos a páginas

eletrônicas de informações e até mesmo para a troca de e-mails com o público alvo. É preciso

tomar cuidado com a veracidade das notícias que são divulgadas na internet”.

Diante do avanço tecnológico nas transmissões esportivas, os profissionais se

tornaram diferenciados das outras editorias, fazendo algo a mais nas suas funções especificas,

sempre com objetivo de transformar uma simples transmissão em uma decisão de

campeonato. Conforme Barbeiro e Rangel (2006), “o produtor, por exemplo, é antes de tudo

um repórter. Ele funciona como elo entre a reportagem e a emissora e também entre

apresentadores com operadores técnicos”.

A proatividade e, criatividade desses profissionais é uma das diferenciações dessa

editoria, quando as condições de local e equipamentos estiverem inadequadas para uma boa

transmissão esportiva, eles procurarão manter a qualidade de transmissão perante o público.

Para Barbeiro e Rangel (2006), a produção dos programas é o melhor lugar para se definir

algumas regras de conduta, uma vez que pode centralizar todas as informações e praticas

inclusive a pronúncia de nomes estrangeiros.

A transmissão esportiva nada mais é, do que um programa que sai do estúdio para

o estádio, a edição é preparada para construir ídolos, e deve ter uma sequência lógica com

combinações de sons e imagens. Barbeiro e Rangel (2006) afirma que o editor deve destacar o

que merece destaque, ser criativo na linguagem e na apresentação das matérias, e não

subestimar a inteligência do público, estimulando-o sempre a pensar e a exigir mais cada

edição, assim todo mundo sai ganhando. De acordo com Barbeiro e Rangel (2006) “o material

especial não pode ter o mesmo tratamento de algo banal. A edição precisa ter o máximo

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cuidado e tratar o material especial como deve ser. Senão corre o risco de ficar tudo nivelado

por baixo”.

A figura de chefe ou “dono” na produção de programas esportivos é inexistente, a

pauta sempre vai estar aberta a sugestões e críticas, por isso não se deve confundir com

agenda, que é apenas um indicativo do que vai acontecer sem sofrer nenhum tipo de avaliação

crítica. Para Barbeiro e Rangel (2006), a âncora não é dono de programa, chefe de reportagem

não é dono do repórter e pauteiro7 não é o dono da pauta. Ele defende que a pauta não há

donos ou “senhores feudais”8, monopolizador ou guru onisciente, e que não é repositório do

saber universal.

Nesse contexto de democracia nas produções esportiva, o intuito maior, é a busca

de identificação perante o público, e tornar transparente a relação entre torcedor e atleta.

Segundo Barbeiro e Rangel (2006) o jornalista esportivo, quando está diante de um

entrevistado, deve saber que é o representante do público diante deste tema, e que uma

pergunta bem colocada instiga o público como se fosse ele público, o entrevistador.

Cuidado para não indeusar ou demonizar o entrevistado, atitude muito comum no esporte. A intenção é compreendê-lo. Ás vezes a torcida o trata

como um deus, outras vezes como o quinta-coluna que entregou o jogo para

o adversário. O jornalista deve ficar fora desse emocionalismo e procura

ficar o mais próximo possível da racionalidade (BARBEIRO e RANGEL 2006, p. 37).

A relação entre o esporte e TV fica ainda mais sólida quando seus profissionais

“produzem” emoção, sem dosar coração e razão, em nenhuma outra área de jornalismo a

informação e entretenimento estão tão próximos. Por isso, os jornalistas devem saber que

quando surgem paixões, o equilíbrio balança, ou seja, a mente emocional toma o comando e

inunda a mente racional. (BARBEIRO & RANGEL, 2006)

O entrosamento entre torcedor, televisão e esporte não se resume apenas em

receptor, canal e emissor, existe o entendimento mais minucioso de cada lance ou atuação de

um atleta. Barbeiro e Rangel (2006) afirma que, o profissional chamado de comentarista, tem

a função nobre de explicar e permitir ao torcedor que acompanhe o jogo de forma

diferenciada. Para eles, não adianta falar o óbvio, ou seja, esperar as coisas aparecerem para

dar sua versão e sua análise. É preciso antever.

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Segundo Barbeiro e Rangel (2006), o comentário não deve ser discursivo.

Ninguém está à beira do “túmulo de César”, mesmo em uma final eletrizante e cheia de

emoções. Discursos ficam bem em palanques políticos e em bancas de trabalhos acadêmicos.

O uso desses métodos ajuda muito o telespectador ou ouvinte a mudar de emissora.

A transmissão esportiva retrata detalhadamente a competição entre seres humanos

e suas habilidades, incluindo seus esforços físicos, treinamentos, superação pessoal, e emoção

de cada vitória ou derrota. Para Barbeiro e Rangel (2006), a emoção é a própria alma do

esporte. Ela está nos olhos do jogador que faz o gol do título, na decepção da derrota, nas

piscinas, quadras e pistas.

3.1. A FIGURA DO APRESENTADOR ESPORTIVO

Responsáveis por cativar milhares de pessoas em todo país, as transmissões

esportivas tem nos seus âncoras, independente do canal de comunicação, televisão, rádio ou

internet, são figuras primordiais na audiência. Segundo Barbeiro e Rangel (2006), o que o

torcedor quer saber no momento em que liga a televisão, o rádio ou o computador é o

resultado do jogo naquele instante, qual o tempo de partida, os autores dos gols e algum

eventual acontecimento extraordinário.

O âncora na transmissão esportiva é o condutor da reportagem que tem a

finalidade de levar ao telespectador ou ouvinte um evento esportivo. Ele é o

responsável pela maioria das intervenções e a “cara da reportagem”, é o principal repórter do evento (BARBEIRO e RANGEL 2006, p. 75).

Ao pesquisarmos as características dos apresentadores esportivos verificamos que

não houve uma mudança profunda ao longo do tempo. Coelho (2006) os âncoras

contemporâneos, seja de qual conteúdo, ainda tem uma postura jornalística e trata os eventos

com os mesmos critérios que os outros jornalistas cuidam do político, economia, arte e

espetáculos etc.

No entanto, por falta de um debate mais amplo entre jornalistas, estudantes e dirigentes de veículos de comunicação, o modelo arcaico permanece atrelado

a um saldosismo demodé e é reproduzido por jornalistas jovens que se

inspiram em modelos antigos (BARBEIRO & RANGEL 2006 p. 74).

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O âncora tem a missão de discernir o que é informativo, interpretativo e opinativo,

e A interatividade com o público deve ser constante, tanto por meio dos repórteres no estádio,

que não estarão mais postados atrás do gol, como pela a internet, ferramenta fundamental para

qualquer estúdio de transmissão. Conforme Babeiro e Rangel (2006), o âncora participa de

todas as etapas de transmissão, desde a reunião de pauta até a avaliação final. É ele que

comanda a equipe dentro e fora do ar. Por isso é o que mais trabalha e divide os erros e acerto

com todos, buscando a objetividade e a relevância dos fatos, daí a necessidade de estudar o

esporte como ninguém.

Consideramos que existe uma preocupação entre os âncoras esportivos, em não

agradar cartolas ou torcedores, é preciso manter sempre uma postura crítica como qualquer

outro jornalista, conhecer bem as regras de esporte, ter noção de conduta jornalística e ler livros

do esporte. Para Betti (1957), a transmissão televisiva de esporte é chamada de telespetáculo,

pois a repetição de lances mais violentos ou espetaculares, o fanatismo da torcida junto a sua

euforia, favorece a comercialização do esporte, e nesse âmbito, alguns apresentadores se

destacaram ao longo da história da crônica esportiva brasileira.

O âncora Milton Neves atualmente da TV Banderantes foi taxado em 2004 pelo

jornalista Ricardo Valadares da Revista Veja, como um homem de respeito e de uma bela

trajetória no meio esportivo. Segundo Valadares, Neves é considerado um jornalista mais bem

sucedido do ponto de vista comercial no esporte.

Adorado e criticado com a mesma intensidade, o locutor e apresentador Galvão Bueno

da Rede Globo, que é a “voz do esporte no país”, é considerado torcedor com microfone que é a

“voz do esporte do país”, é considerado torcedor com microfone nas mãos. Para Orrichio

(2007), Galvão gera empatia e rejeição em milhões de brasileiros, nas transmissões de tudo,

jogos de futebol, vôlei, corridas de automóvel, luta de boxe, abertura de Olimpíada, Copa do

Mundo e até desfile de Escola de Samba. Mas mesmos seus críticos mais contundente, ao

menos a maioria, mantém a TV sintonizada na Rede Globo, ainda que haja outra emissora

transmitindo o evento.

Os jornalistas esportivos precisam avaliar corretamente a relação que o

esporte tem com os setores políticos e econômicos da sociedade. Essa atividade mexe com o poder e é responsável por grandes verbas publicitárias

públicas ou privadas. Por isso o ideal olímpico por vezes é substituído por

conluio, corrupção, manipulação e ausência de interesse público, que, em última análise, é o que define o jornalismo (BARBEIRO & RANGEL 2006,

p.118).

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A polêmica faz parte da busca de audiência da mídia esportiva, um apresentador

que marcou época na TV brasileira, foi Jorge Kajuru, que mesmo fora do ar da TV aberta,

ainda é guardado na memória dos brasileiros pela sua maneira diferente de apresentar seus

programas. O jornalista Carlos (2004), afirma que é difícil saber com quem ele não anda as

“turras”, e que desde que deixou de Goiânia onde era dono de rádio, para vir para São Paulo,

Kajuru só tem se metido em confusões com colegas da mídia esportiva.

Destaque como narrador de rádio, o jornalista Luciano do Valle se destacou na

televisão esportiva brasileira por, sua sinceridade e voz inconfundível, apareceu na mídia

narrando a copa do mundo 1982 pela a rede globo e o auge na TV Bandeirante com o

programa “Show do Esporte” (RODRIGUES, 2007).

3.2. A LINGUAGEM ESPORTIVA NA TV

Ao estudarmos a historia da crônica esportiva na TV brasileira, a linguagem

se tornou uma ferramenta fundamental na comunicação e identificação entre torcedor

apaixonado, atleta e profissionais da informação dessa editoria. Arbex (2003), afirma que:

É a linguagem que condiciona o homem, sua forma de agir e de se

relacionar com o mundo e com os outros homens, com a cultura, enfim, aqui entendida em seu sentido mais amplo, como ambiente construído

pelos homens e que constrói os homens segundo seus próprios códigos,

linguagens que agem sobre os corpos e delimitam o seu campo de

percepção.

A migração de vários profissionais de outras editorias para o esporte,

transformou a linguagem esportiva na TV brasileira sem padrão definido, mesclando

linguagem técnica com “jargões” do cotidiano esportivo.

Arbex (2003) esclarece ainda que historicamente, descendente da língua

inglesa, o futebol possui um linguajar peculiar, que foi se adaptando a linguagem

brasileira, um dos fatores que contribuíram em muito para o desenvolvimento da

linguagem radiofônica. A linguagem futebolística é rica em metáforas, em expressões e

onomatopeias. O linguajar atípico (desviante) desenvolvido pelo comunicador esportivo

possui alguns motivos, como por exemplo, a necessidade de fugir do comum, de atrair o

ouvinte por meio de uma terminologia muitas vezes inédita, de criar uma marca pessoal,

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além de incessante corrida pela audiência, afinal o principal objetivo do rádio sempre foi

atingir as massas, através de uma comunicação mais breve e atraente. Uma das principais

formas utilizadas para atingir esse objetivo é o uso do tom coloquial. A linguagem

coloquial além de chegar mais rápido ao ouvinte o aproxima daquela informação e cria a

sensação de identificação.

Barbeiro, Rangel (2006) relata que em 1932, início das transmissões

esportivas no rádio, a linguagem usada era de pura emoção. Segundo eles, os locutores

chegavam a gritar para demonstrar a explosão do gol.

Aliás, os esportes e jogos são impregnados de vocábulos ou expressões que só são entendidas por quem faz parte da comunidade de iniciados,

ficando na fronteira entre o idiomatismo e a gíria, mormente os boleiros

(CORTELLA, 2006, p. 60. apud, BABEIRO 2006).

Na década de 1950, as prosas e crônicas começam a fazer sucesso nos jornais

impressos, até os jogos ruins e violentos podiam virar quase um romance nas linhas desses

periódicos. Essa forma de falar de esporte começa a ser substituída no final dos anos 80 e

inicio de 90, isso devido á precisão dos lances que tornou o “esporte quase frio” (BARBEIRO

& RANGEL 2006).

A separação da editoria de esporte nos anos 90 caracterizou a linguagem

jornalística esportiva de emissora para emissora. Para Barbeiro, Rangel (2006), algumas TV’s

adotam o estilo do jornalista personagem, em que a função não é só passar a informação,

relatar o fato. Ele acrescenta que é preciso “viver” aquela emoção para o telespectador. Para

Betti (1998) o esporte já não seria uma pratica “real”, mas uma “falação”, e que há um

distanciamento progressivo que se estabelece entre a natureza lúdica inicial do fato esportivo

e sua transformação em espetáculo.

O poder da linguagem no esporte chega a misturar emoção e realidade em

proporções muitas vezes equivalentes. Para Coelho (2008) é possível fazer uma brilhante

matéria de economia falando de futebol, ele cita que a crise do Flamengo incapaz de saldar

dívidas e de manter seu orçamento no azul há mais de dez anos, pode render peça jornalística

primorosa e repleta de realidade sobre a administração dos Clubes do país.

Hoje o discurso jornalístico esportivo é voltado para emoção, mas há uma

preocupação nas redações, que essa mesma emoção possa ferir a imparcialidade do repórter

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para com um determinado atleta ou Clube de futebol. Conforme Barbeiro e Rangel (2006), se

o tom redação é ser mais humanista, pode ocorrer de o repórter tomar participação na vida de

um Clube, de um atleta deixar um profissional comprometido.

Considerando que a busca de audiência das emissoras através da linguagem

esportiva, adicionou-se a linguagem coloquial dos atletas e torcedores principalmente de

futebol, para ser integrantes de parte dos textos jornalísticos esportivo. Para a televisão, o

esporte e o seu conteúdo minucioso, devem ser apresentado em mesma proporção, uma

conseqüência imediata é a fragmentação e distorção do fenômeno esportivo, pois a televisão

seleciona imagens e as interpretações para nós, propondo um certo “modelo” do que é o

“esporte” e “ser esportista” (BETTI 1998).

Já Digel (1990) apontou o fato de que os jornalistas são capazes de

influenciar as ações de atletas e espectadores mediante o uso da linguagem; a mídia gera uma nova hierarquia de valores, determina em grande medida a

atitude do consumidor e tem grande efeito na prática do esporte em si

(BETTI, 1998 p. 34).

Na metade dos anos de 1990, a internet se tornou febre nacional, alguns sites11

esportivos foram lançados como o www.lance.net, UOL, que foi uma junção entre grupo da

Editora Abril e Folha de São Paulo, isso acabou tirando alguns dos melhores profissionais do

jornalismo esportivo, como José Eduardo de Carvalho que trabalhava no Jornal da Tarde.

Segundo Coelho (2008), essa migração de jornalistas para internet causou uma

falta de critério jornalístico, e cuidado na informação. Para ele as grandes empresas ligadas à

internet, chamadas “Portais” valorizam mais a dinâmica da informação do que o seu critério.

Nas palavras de Barbeiro & Rangel (2006, p. 119), estes esclarecem que é preciso se codificar

sempre. É verdade que uma parte do público não acompanha o esporte, mas quando há um

grande acontecimento, passa a fazê-lo. Piadinhas à parte, ele tem o direito de entender o que

se passa, e para isso é necessário explicar técnicas, regras e termos usados na competição.

Quantos sabem as regras do futebol americano, ou do golfe, ou beisebol? É preciso conquistar

audiência sempre, e uma das formas é com a linguagem acessível aos “leigos”

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3.3. O NARRADOR “SHOWMAN”

Consideramos que o esporte o fenômeno social de massa, e a competição um

espetáculo para entreter a massa, o ídolo se torna um dos componentes mais importantes desse

processo. Camargo (1998) afirma que o esporte é uma fábrica de ídolos, assemelha-se a outras

formas de espetáculo como cinema e música que se utilizaram do recurso de mídia para

divulgar e vender imagens e objetos de seus astros.

A televisão encontra nos eventos esportivos momentos bastante adequados para

explorar a imaginação do individuo, aliados a linguagem do narrador, os fatos orientam os

pensamentos dos receptores, criando expectativas. Desta forma, um simples jogo de futebol

torna-se uma batalha, a vitória de um atleta torna o percurso de um guerreiro e a superação

dos limites, transforma-se em atos heroicos. Estes processos representam a espetacularização

(DEBORD, 2002).

Transmissão esportiva é um programa como outro qualquer, por isso precisa de um

apresentador ou narrador, que por muito tempo foi chamado de locutor, figura de muito

carisma e popularidade.

Conforme Barbeiro (2008), o narrador era conhecido como “showman”,

ou seja,

“Homem show”, homem que faz espetáculo, onde toda a equipe girava em torno dele. Para

ele o locutor perseguia de maneira incansável a ação dos jogadores, esquecendo os fatos

relevantes no estádio ou no campo. Didaticamente narrar significa apenas expor, relatar ou

descrever um fato. O narrador vai muito, além disso, ele deixa transparecer seu entusiasmo

por seu time de futebol de coração, deve passar emoção da competição narrada. Barbeiro,

Rangel (2006).

Ainda hoje, por vezes, o ator principal do espetáculo é o narrador, em torno

dele gira a transmissão. Ele adquire mais importância do que o próprio jogo e permite apenas poucas e pobres intervenções do comentarista. Há pouca

avaliação técnica do arbitro e muita avaliação emocional, uma vez que o

sensacionalismo é uma ferramenta constante e contribui para a espetacularização da notícia (BARBEIRO & RANGEL 2006, p. 67).

Considerando diferenças entre a narração no radio e narração na TV, há uma

característica que é comum, a improvisação. O improviso do “showman”12

é sinônimo de

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preparo e conhecimento do assunto. Para Barbeiro, Rangel (2006), as transmissões de

televisão exigem menos do narrador, que não tem a necessidade de suprir os “vazios” que

aparecem durante as competições.

O narrador “showman” tem sua marca na narração esportiva, mas isso não basta,

ele tem conhecimento do esporte no qual esta narrando, embasamento cultural, no âmbito de

falar outras línguas, curso e informações adquiridas. É por meio da popularidade dos astros

esportivo, da constante recepção de informações e imagem sobre o esporte, e da combinação

do sucesso com a imagem do produto, que o esporte se torna interessante para a indústria.

(WEIS, 1986).

Para Barbeiro e Rangel (2006), o “showman” é própria alma dos esportes, ele está

nos olhos do jogador que faz o gol do título, na decepção da derrota, nas piscinas, quadras e

pistas. Para ela, eles são “shows” por que narram com coração, mexendo com as emoções do

torcedor, transformando um evento esportivo em grande espetáculo no qual o simples passe

de jogador para outro é narrado com grande entusiasmo e exagero.

Alguns narradores que migraram do rádio para TV serviram de inspiração para

outro, Silvio Luiz da Rede TV, se caracteriza por identificação com os torcedores através do

uso de “jargões”, como o grito emocionado de “no pau” quando a bola bate na trave, Galvão

Bueno que mais representa a relação, torcedor, Seleção Brasileira de Futebol e narrador, e

Gomes Farias da TV Diário que faz das transmissões no radio um espetáculo de teatro com

expressões como “Abrem-se as Cortinas” para começar o jogo de futebol. (RODRIGUES,

2007)

Os veículos eletrônicos estimulam a transformação de locutores, comentaristas, repórteres, narradores em “artistas” e estes julgam parte do

show e por isso têm o direito e o dever de participar como uma personagem.

Durante muito tempo, as transmissões consagraram esse estilo e ainda hoje

ele pontifica nos programas de “debates esportivo” quando cada participante assume um personagem que se repete nos programas seguintes (BARBEIRO

& RANGEL 2006, p. 93).

Para Betti (1998), além do narrador show, o esporte como espetáculo, tem uma

participação preponderante do espectador. Ele afirma que é o espectador que está disposto a

pagar para assistir a uma competição esportiva, assim financiar o sistema comercial do

esporte.

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3.4 A RELAÇÃO PÚBLICO, ESPORTE E TV

A identificação do público com esporte que já acontecia nas transmissões de

radio, veio ficar mais solidificada com a modificação da audiência para a televisão em todo

mundo. Segundo Betti (1998), o primeiro contato, televisão, esporte e público, aconteceu na

transmissão dos Jogos Olímpicos de Berlim em 1936, no ano seguinte, a TV inglesa BBC,

televisionou o torneio de tênis de Wimbledom e, em julho de 1962 foi inaugurado o sistema de

satélite norte-americano, possibilitando, transmissões de eventos esportivos em todo mundo.

Consideramos que há uma diferença visual entre o torcedor pela TV, e o

torcedor no Estádio de futebol. A autonomia visual do telespectador esportivo é prejudicada, pois ele só pode ver o que a câmara lhe mostra,

além de ser atividade solitária, que contrasta com a coletividade da multidão

no estádio, pois a reações afetam na avaliação de uma partida de futebol, por

exemplo. (BETTI, 2006).

Dessa forma, procurarmos compreender que para TV possa ter qualquer efeito

sobre os telespectadores, primeiro os programas precisam ser percebidos e compreendidos.

Barbeiro e Rangel (2006) sugere que devemos nos ater a um critério: o que importa, entre

outros fatores, é o modo como à indústria televisiva semantiza e recicla as demandas oriundas

dos “públicos” e seus diferentes usos.

Para Buarque (2006), a relação do publico com o esporte e a televisão, há uma

“briga” pela atenção do publico, com dois grandes pilares da indústria do entretenimento: o

cinema e o esporte o show business13

. Todavia o esporte apresenta característica que o

diferenciam dos demais. (BUARQUE, 2005).

Segundo Buarque (2005), essas diferenças se encontram; na imprevisibilidade

durante as transmissões, onde os telespectadores jamais saberão como um evento esportivo

terminará diversão familiar, no qual somente o esporte pode ser desfrutado simultaneamente

por vários membros da família, e lealdade, fácil de entender para os brasileiros, basto lembrar

do civismo que a nação atravessa nos períodos de Copa do Mundo.

Durante anos, os programas de esporte apostaram na audiência fidedigna do

publico masculino, baseado em estereótipos que permeiam o universo esportivo. Mas esse

cenário começa se alterar na década de 1990, quando as emissoras passam a buscar novas

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audiências, entre elas, a das mulheres, modificando a linguagem e a estrutura do noticiário

esportivo (GORITO, 2009).

Conforme Gorito (2009), o programa televisivo “Globo esporte” exibido pela TV

Globo, líder de audiência no gênero, tem a audiência masculina equiparada à feminina, e que

algumas cidades, a masculina se torna inferior.

Gorito (2009) acrescenta que para as mulheres a televisão e o jornalismo não

podem esquecer o papel de entreter e educar. Segundo coelho (2004), era praticamente

impossível ver mulheres no esporte, até o inicio dos anos 70. Aos poucos a situação foi sendo

alterada, na televisão uma das primeiras a iniciar o processo de ruptura deste paradigma, foi à

jornalista Isabela Scalabrini, primeira mulher, a integrar a equipe de esportes da Rede Globo,

começando um programa de estagio da emissora, em 1980.

Partindo do pressuposto, que o jornalismo esportivo na televisão, conseguiu

atingir uma dimensão bastante considerável de pessoas envolvidas, na produção e recepção,

percebemos que essa editoria passou de transmissões esporádicas, para o cotidiano da

televisão brasileira. Betti (1998), afirma que o esporte está em toda parte, nos desenhos

animados, nos programas de entrevista e de auditório, nos quadros humorísticos, nos seriados,

novelas e filmes, integrando o cotidiano do público como todo.

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4. NASCE UM “SHOWMAN” NO CEARÁ

Em 1965 iniciava-se trajetória de Sebastião Belmino, na TV Ceará, como sua

maneira inusitada de apresentar, foi como começou sua carreira na televisão cearense.

Segundo o próprio Belmino (2009), tudo começou quando seu irmão Marcos Belmino o levou

para a TV Ceará, filial da TV Tupi em Fortaleza, para trabalhar na parte técnica como contra

regra, e depois de passar por todas as funções que fica por traz das câmeras, foi convidado

para substituir o então consagrado apresentador do programa “Na Boca do Túnel”, Nei Boto

Guimarães, que pediu para que ele não mudasse seu jeito pessoal para dirigir o programa.

Diante dessa experiência na TV Ceará demonstrou as características de um âncora

espetáculo, verificamos que ele não foi construído, ele tinha um talento peculiar, e que seu

lado pessoal faz parte do profissional. Para Belmino (2009), durante os três anos que passou

na TV Ceará, não precisou se transformar diante das câmeras para chamar atenção do público,

apenas o modo de conduzir os programas de maneira autêntica, o transformou em um

“apresentador de situação” em um “amigo do telespectador”.

Sem nenhum “esforço” para fazer uma comunicação diferenciada, Belmino

chamou atenção de outras emissoras e foi contratado para trabalhar na TV Educativa.

Belmino (2009) informa que após o sucesso como apresentador na TV Ceará, mesmo “sem

querer”, no qual passou três anos, percebeu que a televisão com o futebol, aproxima as

pessoas, mas que seu lado pessoal o fez tratar todos os assuntos da mesma forma

descontraída; como política, economia e outros interesses do público.

A maneira de noticiar espetacularmente na TV Educativa, o tornou realidade na

crônica esportiva cearense, e no ano de 2001 foi contratado pela a TV Manchete, uma

emissora de maior expressão. Segundo Belmino (2009), passou sete anos na produção e

apresentação do programa Manchete Esportiva, mas teve que sair do ar, pois a emissora foi

comprada, ele relata que durante as edições do programa a emissora o tratava como

“Bichão”13

, isso deixava muito orgulhoso por uma carreira que nem esperava.

O período de compra da TV Manchete, pela Rede TV, em meados de 2007, era de

evolução da TV cearense, e o intuito era exportar a cultura cearense para o Brasil, nesse

âmbito foi criada A TV Diário, filiada a TV Verdes Mares. Daí surgiu à oportunidade de

Sebastião Belmino se confirmar como um “Showman”12

cearense, ao ser convidado para

apresentar o programa “A grande jogada”.

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Na TV Diário ele foi contratado com um “estrela”, com a função exclusiva de ler

as noticias da sua maneira. Conforme Belmino (2009), o programa inicialmente transmitido

em rede nacional, fez dele o “interlocutor entre o povo cearense e o Brasil”, para isso ele foi

para as ruas, se aproximou das pessoas de maneira mais intensa, e usou a televisão para

divulgar o dialeto do meio esportivo local.

Ainda no contexto de usar a TV para representar o telespectador cearense, o

programa A Grande Jogada adquiriu com Belmino, Uma representação através de um “grande

nome”, e quando se trata de evento esportivo, apenas Show Man12

tem a capacidade de dividir

as atenções do publico, entre a competição e seu divulgador. Para Belmino (2009): o seu

modo “muleque” de se comunicar com os telespectadores, é sinônimo de lealdade diante dos

mesmos, e que tira sua linguagem do próprio povo, de conversa com os amigos, como

“sapeca aí”, “cururu da montanha”, isso faz dele um” comunicador do povo”, um homem

espetáculo”.

A mesma relação com o público, é com os companheiros de trabalho, do

programa “A grande jogada”, onde ele expõe seu atual show de apresentação. Sebastião

Belmino (2009) ratifica que sua relação com seus companheiros de trabalho é como se fosse

uma “bagunça organizada”, muita diversão, descontração, mas sem perder o foco da

informação, e que essa identificação mutua com seus companheiros é resultado do prazer que

faz o seu trabalho. Nossa pesquisa nos levou a concluir que programas esportivos têm sua

identidade, e “A grande jogada” é a “sua cara” e que se sair o programa perde sua

identificação com o publico (BELMINO, 2009).

Em quanto à identificação de Sebastião Belmino com o publico cearense, crescia

em maiores proporções, o programa “A Grande Jogada” se tornava em espetáculo, mesmo

sem ser proveniente de uma transmissão esportiva. Para Belmino (2009), não se considera um

narrador de estúdio, pois não sabe gritar “GOOOOOOOOL”, mas a liberdade da editoria

esportiva aguça sua criatividade de “homem espetáculo”, ele que substitui o grito pelo o

jargão “tome pufo”, onde aprendeu com o povo nos torneios de futebol suburbano. Acrescenta

ainda, o que “mancha” o esporte como espetáculo, principalmente o futebol, são os

“vândalos”, que se dizem torcedores, mostrando que “Showman”12

também tem característica

criticas.

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4.1. ÂNCORA “AMIGÃO” DO POVO

A aproximação do povo através do programa “A grande jogada” fez de Sebastião

Belmino, um “amigão do povo”, rotulo protagonizado por uma caracterização, não construída

didaticamente. Segundo Filho (2009) produtor e apresentador do mesmo programa, a “não

evolução” didática de Sebastião Belmino, que ele chama de “gordinho mais sex do Brasil” o

traria uma provável descaracterização, e arranharia essa forte identificação com o

telespectador. Ele afirma que essa proximidade entre Belmino e o público foi solidificado

pelo contexto do meio em que ele vive que é o do futebol e a massificação da televisão.

Ainda falando da relação de Belmino com o público cearense, comparamos aos

estudos da relação entre o “Showman”12

e torcedor, onde existe uma representação para uma

determinada emoção que o esporte nos proporciona. Conforme Barros (2009), locutor e

narrador esportivo, isso é muito natural da pessoa, o próprio jeito dele transmite para o

público aquilo que o público gosta, pela convivência, linguagem de brincar, eu já não sei

fazer, cada profissional tem um tipo de participação, o Belmino pela descontração e até pela

linguagem popular que ele usa o torna mais próximo do público, até eu tento brincar mais não

consigo, isso se torna mais distante do público.

Existe na comunicação, o profissional que você jamais vai formar na faculdade, Abelardo Barbosa, “o chacrinha”, o Gomes Farias, eles tem

adesão junto ao público, e uma ascendência o que desrespeita a essa

comunicação mais povo, mais aproximada com a grande massa, então o Belmino conseguiu monopolizar ao longo dos anos, as atenções e o

programa A Grande Jogada é a “cara do Belmino”, e Belmino é a “cara da

Grande Jogada”, o Tom com 40 anos de profissão, narrador, comentarista,

jornalista, cantor e dos bons, faz o programa, mais ele mesmo sabe que quando faz, o público queria ver o Belmino naquele momento em ação

(FRED, 2009).

Partindo do pressuposto que um profissional diferenciado no jornalismo esportivo

não se constrói segundo Fred (2009), incluímos a linguagem como fator primordial na relação

de “amizade” entre o “Showman”12

e os desportistas. Para Filho (2009), o jornalismo

esportivo já é uma coisa mais leve, então o Belmino se enquadra nesse padrão, que se procura

muito, e colocou como um norte, mas isso é um grande diferencial, talvez seja por isso, que

ele tenha tanta adesão, tanta simpatia com o telespectador, por que ele fala muito fácil, ele fala

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que está acostumado a ouvir, acho que na verdade quando agente entra no ao vivo a gente

muda, o Belmino não.

4.2. O PROFISSIONAL POPULAR, BELMINO.

Ainda sobre o contexto da linguagem como ponte entre o homem espetáculo, e os

apaixonados ou não por esporte, percebemos que a maneira de cativar não vem apenas da

comunicação falada, mas através de forma que podem representar um dialeto popular. Mas

para Fred (2009), comentarista de rádio e TV a identificação de Belmino, não é a linguagem,

é o jeito dele como um todo, até por que o futebol engloba todas as classes, essa é a questão

imediata da influência da e ele está inserido no contexto de atingir todas as classes.

O Belmino tem uma grande virtude, o fato dele não se preocupar com o

conteúdo do programa “A Grande Jogada”, que tem o principal foco o assunto de futebol, faz com que ele use seu modo autêntico de descontração,

mesmo sem participar na produção do programa, atrair vários perfis de

público, para ele isso se deve transmissão da linguagem do povo através da

sua maneira de noticiar. Armando Lima Junior, editor de texto do programa A Grande Jogada (2009).

O fato de não mudar diante das câmeras, mostrou mais uma característica de

“Showman” a naturalidade do seu trabalho, e o mais perceptível, é que essa espontaneidade

não diminui o seu profissionalismo. Junior (2009) informa que a relação de Sebastião

Belmino, com seus companheiros de programa, é a mais autêntica possível, segundo ele, não

existe nenhum esforço para isso, pois Belmino sem mudar seu jeito consegue uma harmonia,

aceitável sobre todos os aspectos, resultando na atração do publico para o programa.

Consideramos que ser natural no jornalismo esportivo, seja sinônimo de talento, e

que um jogador de futebol pode ser um comunicador através de comentários, o “Showman”,

não precisa ter conhecimento da modalidade esportiva, para transformar um determinado

evento em espetáculo, isso é superado devido sua inteligência, pró- atividade e conhecimentos

que compõe uma transmissão esportiva. Conforme Lima Junior editor de texto do programa

“A Grande Jogada” (2009), Belmino não entende de futebol, mas tem um grande

conhecimento técnico, sabe se colocar diante das câmeras, que somado com seu carisma e

poder de comunicação, consegue chamar atenção do programa para si.

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As entrevistas nos evidenciaram que o homem espetáculo, não se restringe

apenas, a popularidade, ele constrói uma harmonia, entre a brincadeira e a informação, sem a

primeira prejudicar. Segundo Junior (2009), o Belmino realmente é um showman12

, pois ele

transforma a “notícia em espetáculo”, mas ele ressalta que por muitas vezes, ele não se atem à

importância da informação, e sua figura show tira o foco do telespectador.

O programa “A grande jogada” é a maior “esculhambação”, tudo que falo ao

vivo, ou fora do ar , aprendi com o povo no “mei da rua”,é como se fosse uma bagunça organizada,e que o esporte já é um espetáculo,por isso ele trata

a sua profissão como uma diversão,e que se sair do programa, ele perde sua

identidade (BELMINO, 2009).

Ao relacionarmos a figura de Sebastião Belmino “a notícia espetáculo”,

verificamos que para que isso ocorra, é necessário adequar todo o trabalho, a uma figura

principal, para que o mesmo adquira um grau notável de popularidade. Segundo Junior

(2009), a construção do texto do programa A Grande Jogada é todo moldado, de acordo com

suas característica, respiração, deixa para as brincadeiras, e liberdade para o uso de jargões,

autorizados pela a emissora.

4.3. O FUTEBOL CEARENSE CONSAGRA BELMINO

Quando o programa A Grande Jogada resolveu se adequar à Sebastião Belmino,

ele foi favorecido pelo o momento que passava os clubes do futebol cearense. Em 2002, o

futebol cearense consegue projeção nacional, com ascensão do Fortaleza Esporte Clube a

divisão de elite do futebol brasileiro, com isso o programa “A Grande Jogada” é beneficiado

pelo momento de euforia dos torcedores, que queriam saber informação sobre seu clube.

Segundo Junior (2009), nesse ano Belmino estreava no programa, e durante as coberturas das

partidas de futebol, os torcedores não se cansavam de demonstrar o carinho pelo o

apresentador.

A afinidade se tornava, transparente de varias formas, gritos de expressões

faladas por Belmino, como; “macho vei, macha veia”, “sem ele não tem graça”, manda um alô pra mim!,diz a ele que assisto o programa! Isso era

uma prova que o homem espetáculo de ceará já dividia as atenções de um

aliado poderoso, que era a paixão pelo o clube de futebol Fred (2009).

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Como as grandes estrelas dos espetáculos, o showman, acaba representando, e

resumindo a sua pessoa determinado evento, programa ou clube de futebol. Filho (2009)

retrata a marca do programa que era “A Grande Jogada” muitas vezes era substituida por “o

programa do Belmino”, que ele vê com aversão, pois a notícia tem que estar acima de tudo, e

só a figura como Sebastião Belmino para conseguir isso.

Mesmo com assédio dos torcedores, e pessoas não interessadas em futebol,

Sebastião Belmino se diferenciou da crônica esportiva cearense que tem por tradição, uma

identificação mesmo que com os clubes do futebol cearense, tornado difícil uma massificação

em dimensões maiores com os torcedores. Segundo Barros (2009), Sebastião Belmino

consegue agradar todas as torcidas, mesmo dizendo publicamente que torce pelo Ferroviário

Esporte Clube, que ele chama “I Love you Ferrão”

Para Belmino (2009), se pudesse “vestiria” todas as camisas de clubes de futebol,

apenas para se sentir amigo de todos, e retribuir o carinho dos torcedores, que para ele são os

grandes responsáveis pela sua popularização.

4.4. O “SHOWMAN” E A TV CEARENSE

Considerando que Sebastião Belmino, teve sua projeção como Showman cearense,

devido a uma massificação promovida pelo futebol, e principalmente pela televisão, então ele

seria parte fundamental na evolução do esporte na televisão do Ceará. Belmino (2009) relata

que passou sete anos apresentando o programa “manchete esportiva”, na atual Rede TV,

segundo ele foi onde começou a sentir sua identificação com o povo cearense, não apenas

pelos apaixonados por futebol, mas também com pessoas sem nenhum vinculo com clubes de

futebol do Estado do Ceará, pois ao passar nas ruas era cumprimentado por criança, adultos, e

pessoas com todos os níveis de instrução.

Fonte: o autor (2013)

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Ainda no contexto de que Sebastião Belmino, seja considerado figura importante

da televisão cearense, ele consegue ser considerado como Showman pela a própria emissora.

Segundo Filho (2009), a emissora atribui a Belmino como realmente uma estrela, pois ela não

participa da produção do programa, tem autonomia de acrescentar textos já editados, e

representa literalmente o projeto de divulgação da cultura do Ceará.

Belmino é a cara do povo cearense, seu talento não precisa se adequar, as normas

jornalísticas, seja qual for a emissora, a emissora que tem que se adequar e ele, pois ele um

profissional diferenciado, ele é um show a parte, é uma artista fantasiado de apresentador, é

uma pessoa que cria uma expectativa todos os dias (JUNIOR, 2009).

4.5 ESPONTANEIDADE: SINÔNIMO DO TRABALHO

A “liberdade” que a TV Diário possibilitou para que Sebastião Belmino, tornar-se

público a espontaneidade do seu trabalho, era a certeza que sua criatividade superaria a

didática da programação. Conforme Barros (2009), ele é um apresentador irreverente, tem sua

própria maneira, ele foge aos padrões, se você for buscar aquele tipo rebuscado de

apresentação, que exige a configuração da linguagem, a dicção, nada disso é testado, ele faz

da maneira dele, até a linguagem, por exemplo, a palavra apreensiva , ele fala “apreesser”, ele

leva na brincadeira.

O testemunho dele é forte, a pesquisa de mercado exige que ele seja o

homem a definir aquela publicidade no momento, a cada programa dele, sai

uma renovação, não é toda vida do mesmo jeito não, mais sempre com a brincadeira do lado, que dar uma ascensão fortíssima a ele

profissionalmente, e o mercado o torna uma pessoa de bastante valia naquilo

que ele se propõe a fazer (FRED, 2009).

Segundo Filho (2009), “Belmino, é o mesmo ao vivo, essa é uma característica

dele, não vejo como erro ou como acerto eu acho para agente se posicionar na frente de uma

câmera a gente deve mudar, isso é natural, até por que tudo na televisão ganha uma super

dimensão, um gesto superdimenciona, e o Belmino não tem essa preocupação.

Partindo do pressuposto que a editoria esportiva, dar uma liberdade para os

profissionais que a compõe, mesmo assim apenas pessoa com potencial diferenciado

conseguiria se destacar em meio essa democracia de expressões. Para Pinheiro (2010),

Belmino, consegue ser diferente, sem se esforçar, isso é um “dom” que lhe é peculiar, que não

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tem referência, e é insubstituível. Para Fred (2009), ele nasceu com o cacife da “mulecagem”,

ele é tão brincalhão no ar como fora do ar, até fora do ar é mais “brincalhão do que sair um

palavrão, mais é camarada que tem um poder de comunicação muito grande”. Ele é um

“mestre”

4.6. BELMINO, INFORMAÇÃO É SHOW.

Todo o projeto tinha o intuito de analisar a figura do apresentador Sebastião

Belmino com um Showman da TV cearense, e os relatos nos apontam, que a noticia é tratada

de uma forma diferenciada na sua voz. Para Barros (2009), de certa forma dar pra se pensar

porque, ele traz toda pra si dentro daquele estilo que ele adotou todas as atenções, e ele faz o

show, na verdade, é um “homem show”, o showman12

, se você pegar um programa

apresentado pelo o Belmino é um show especial daquele estilo que ele adora se pegar um

apresentado por “mim’, eu já não sou.

Segundo Fred (2009), ele uma homem show por que é imprevisível, ele diz coisa

que todo mundo começa a rir. Para o próprio Belmino, a sua profissão é uma festa, que

realmente se considera realmente um “Showman”12

, pois o esporte é um espetáculo, e TV é o

local do espetáculo. Segundo Filho (2009), ele um “monstro da TV cearense” capaz de

superar até essência da informação, que ele ver como ponto negativo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embasado nas teorias dos autores que falam de esporte, percebe-se que existe uma

relação de identificação, entre televisão, esporte, torcedor e em meio a essa reciprocidade,

considera-se que na editoria esportiva há um profissional diferenciado, que trata a informação

de maneira espetacular, transformando fatos ou eventos esportivos sem importância em

“Show”.

Nesse contexto foi necessário fazer um apanhado histórico para perceber que esse

modelo de informar espetacularmente, caminhou gradativamente com a própria origem da

editoria esportiva no Brasil e no Ceará. Verifica-se que para tornar um noticiário, uma

narração de futebol ou uma apresentação de programa esportivo carismática, é necessário que

tenha profissionais diferenciados.

Esses profissionais para tornarem-se diferenciados foi preciso apresentar

qualidades que a própria editoria esportiva o exigia, como, pro atividade, criatividade,

inteligência e talento peculiar, algo não construído didaticamente e sim uma relação de

proximidade entre o público e sua empatia. Essa identificação foi solidificada pelo meio dos

quais os profissionais do jornalismo esportivo se incluem, principalmente o futebol,

exercendo na televisão a “liberdade” de comunicação.

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ANEXOS

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ENTREVISTA SEBASTIÃO BELMINO

1. POR QUE O MODO QUE VOCÊ APRESESNTA TRAZ O TELESPECTADOR

NORDESTINO PARA PRÓXIMO DO SENHOR?

RESPOSTA: EU SOU APRESENTADOR DA SITUAÇÃO, TANTO DE ESPORTE OU

DE OUTRO ASSUNTO.

2. APRESENTA DO MESMO JEITO?

RESPOSTA: TENHO 45 ANOS DE TELEVISÃO , TRABALHEI NA TV CE EM 65

ANTIGA REDE TUPI, FUI LEVADO PELO MEU IRMÃO MARCOS BELMINO QUE

ERA CONTRA-REGRA, COMECEI ARRUMANDO O CENARIO, FUI ASSISTENTE DE

STUDIO, DEPIS OPERADOR DE MICROFONE, DE AUDIO, CAMERA MAN, E

PRODUTOR DE TV. AGORA APRESENTADOR E DESDE 1980 NO PROGRAMA “A

BOCA DO TÚNEL” DA TV EDUCATIVA. O DIRETOR DE JORNALISMO ROBERTO

MOREIRA, PEDIU AUTORIZAÇÃO PRA FAZER UM NOVO PROGRAMA NA TV

DIÁRIO E EU FUI PRA LÁ. PASSEI 7 ANOS NA REDE MANCHETE COMO

APRESENTADOR E PRODUTOR. FUI DIRETO DA TV EDUCATIVA QUE PASSEI 8

ANOS PRA TV MANCHETE APRESENTAR UM PROGRAMA ESPORTIVO.

3. O SR. SE ESPELHOU EM ALGUÉM PARA APRESENTAR DESTA FORMA?

RESPOSTA: SIM, ME ESPELHEI NO NEY BOTO GUIMARÃES PRA APRESENTAR

DO JEITO DELE PRA SUBSTITUIR ELE QUANDO ELE FOI EMBORA DO

PROGRAMA “NA BOCA DO TUNEL”.

4. O SR. SEMPRE APRESENTOU DESSA FORMA?

RESPOSTA: SEMPRE APRESENTEI DA MESMA FORMA DESDE O INICIO.

5. E OS PATROCINADORES CONCORDAM COM O JEITO QUE O SR.

APRESENTA?

RESPOSTA: OS PATROCINADORES AUMENTAM QUANDO EU APRESENTO,

QUANDO VOU SAIR DE FÉRIAS DEIXO AS PROPAGANDAS GRAVADAS.

6. A LINGUAGEM QUE O SR. USA o Sr. SE INSPIROU EM ALGUÉM?

RESPOSTA: USO A LINGUAGEM QUE SE IDENTIFICA COM TODAS AS CLASSES,

CRIANÇAS, ADULTOS, IDOSOS, SENHORAS QUE NÃO GOSTAM ASSISTEM PELOS

JARGÕES, APRENDO AS PALAVRAS COM OS POPULARES, NOS JOGOS

SUBURBANOS.

7. O SENHOR SE ENQUADRA COMO APRESENTADOR “SHOWMAN”?

RESPOSTA: CHEGUEI NA TV DIARIO EM 2002, O “SHOWMAN” NASCE COM O

DOM.

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8. O QUE VOCÊ ACHA DE APRESENTAR O PROGRAMA A GRANDE JOGADA?

RESPOSTA: A NOSSA RELAÇÃO É DE IRMÃOS, O PROGRAMA É UMA BAGUNÇA

ORGANIZADA, UM “PUTEIRO”, TENHO O PROGRAMA COMO DIVERSÃO PORQUE

FAÇO COMO GOSTO. “TOME TUFO”, TIREI DO JOGO SUBURBANO, USO A

CRIATIVIDADE, MEU CASAMENTO COM O LIMA JUNIOR FOI PERFEIRO PARA A

EDIÇÃO ESPORTIVA.

9. VOCÊ PENSA EM SAIR DO PROGRAMA?

RESPOSTA: SE EU SAIR DO PROGRAMA ELE VAI PERDER A IDENTIDADE DELE.

10. VOCÊ SE ACHA UM NARRADOR ESPETÁCULO?

RESPOSTA: NÃO SOU NARRADOR PORQUE NÃO SEI GRITAR “GOL”.

11. O QUE O SENHOR ACHA DO ESPORTE?

RESPOSTA: O ESPORTE JÁ É UM ESPETÁCULO, O QUE MANCHA ESSA IMAGEM

SÃO OS VÂNDALOS QUE SE DIZEM TORCEDORES, MAS VÃO PRO ESTÁDIO

FAZER BADERNA, QUEBRA-QUEBRA.

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ENTREVISTA COM LIMA JUNIOR

1. QUAL A IDENTIFICAÇÃO DO BELMINO COM O PÚBLICO?

RESPOSTA: O BELMINO TEM UM DIFERENCIAL, NÃO SE PREOCUPA COM O

CONTEUDO COMO FUTEBOL, O FIGURINO DELE É O DIFERENCIAL DE TODAS

AS PESSOAS, DESCONTRAÇÃO.

2. VOCÊ O CONSIDERA UM NARRADOR DE STUDIO?

RESPOSTA: NARRADOR DE STUDIO NÃO, APRESENTADOR DE STUDIO

DIFERENCIADO.

3. QUAL A IMPORTÂNCIA DO BELMINO PARA O MARKETING DO

PROGRAMA?

RESPOSTA: ELE ATRAI MUITOS PATROCINADORES, NÃO TEM COMO IMITÁ-LO.

4. QUAL A RELAÇÃO DO BELMINO COM O SENHOR (LIMA JUNIOR)?

RESPOSTA: A RELAÇÃO COM OS COMPANHEIROS É AUTÊNTICA, COM OS

AMIGOS É ELE MESMO PRÓPRIO.

5. VOCÊ O CONSIDERA COMO “SHOWMAN”?

RESPOSTA: NÃO ELE É DIFERENTE, AGORA O EDITOR QUE TRANSFORMA A

NOTICIA EM ESPETÁCULO.

6. O QUE VOCÊ ACHA DA LINGUAGEM UTILIZADA PELO BELMINO?

RESPOSTA: A LINGUAGEM É IMPORTANTE NA AUDIÊNCIA QUE FALA A

LINGUAGEM DO POVO.

VOCÊ ACHA QUE O BELMINO SE ESPELHA EM ALGUÉM?

7. RESPOSTA: ELE NÃO SE ESPELHA EM NINGUÉM, MAS TEM CONHECIMENTO

TÉCNICO, FAZ O TEXTO PARA ELE SE ADAPTAR (ELE USA A CRIATIVIDADE),

EM 1975 ELE LEVOU PARA O STUDIO UM LITRO DE VODKA PARA COMENTAR O

JOGO.