raça.pdf

9
Raça 1 Raça A raça é um conceito que obedece diversos parâmetros para classificar diferentes populações de uma mesma espécie biológica de acordo com suas características genéticas ou fenotípicas; é comum falar-se das raças de cães ou de outros animais. [1] A antropologia, entre os séculos XVII e XX, usou igualmente várias classificações de grupos humanos no que é conhecido como "raças humanas" mas, desde que se utilizaram os métodos genéticos para estudar populações humanas, essas classificações e o próprio conceito de "raças humanas" deixaram de ser utilizados, [2] , persistindo o uso do termo apenas na política, quando se pede "igualdade racial" ou na legislação quando se fala em "preconceito de raça", como a lei nº 12.288 [3] , de 20 de julho de 2010, que instituiu, no Brasil, o Estatuto da Igualdade Racial. Um conceito alternativo e sinônimo é o de "etnia". O vocábulo raça aparecia normalmente nos textos científicos (como os livros de geografia de Aroldo de Azevedo e a coleção "História das Raças Humanas", de Gilberto Galvão, que detalha todas as raças, com fotografias) até a década de 1970, quando começou a ser questionado como racismo, especialmente com o advento do politicamente correto na década de 1980. [carece de fontes?] . Do ponto de vista científico, como já demonstrou o Projeto Genoma, o conceito de raça não pode ser aplicado a seres humanos por não existirem genes raciais na nossa espécie; isso corrobora teses anteriores, que negavam a existência de isolamento genético dentre as populações. Assim, para a espécie humana "raça" corresponde a um conceito social, não a conceito científico. Uma pesquisa do IBGE, divulgada em 22 de julho de 2011, revelou que a maioria dos brasileiros acredita que a cor e a raça do indivíduo influenciam o trabalho e a vida cotidiana das pessoas. [4] O termo "raça" ainda é aceito normalmente para designar as variedades de animais domésticos e animais de criação como o gado (nelore, gir e zebu). Abaixo discutem-se os conceitos biológicos de raça, várias definições históricas destes conceitos e um resumo da história e utilização das classificações de raças humanas. Raça em biologia Os zoólogos geralmente consideram a raça um sinónimo das subespécies, caracterizada pela comprovada existência de linhagens distintas dentro das espécies, portanto, para a delimitação de subespécies ou raças a diferenciação genética é uma condição essencial, ainda que não suficiente. Na espécie Homo sapiens - a espécie humana - a variabilidade genética representa 3 a 5% da variabilidade total, nos sub-grupos continentais, o que caracteriza, definitivamente, a ausência de diferenciação genética. Portanto, inexistem raças humanas do ponto de vista biopolítico matematicamente convencionado pela maioria. No "Código Internacional de Nomenclatura Zoológica" (4ª edição, 2000) não existe nenhuma norma para considerar categorias sistemáticas abaixo da subespécie. Para os botânicos de acordo com o "Código Internacional de Nomenclatura Botânica" - as variantes duma espécie são explicitamente denominadas "subespécies" (subsp.), variedades (var.) e formas (f.) que na verdade são matrizes das espécies. Por exemplo, para o pinheiro negro europeu, Pinus nigra, é aceite uma subespécie - Pinus nigra subsp. nigra na região oriental da sua área de distribuição, desde a Áustria e nordeste da Itália até à Crimeia e Turquia, com as seguintes variedades: Pinus nigra subsp. nigra var. nigra pinheiro negro austríaco; Pinus nigra subsp. nigra var. caramanica - pinheiro negro turco; e Pinus nigra subsp. nigra var. pallasiana - pinheiro negro da Crimeia. Para alguns biólogos, a raça é um grupo distinto constituindo toda ou parte duma espécie. Uma espécie monotípica não tem raças, ou melhor a "raça" é toda a espécie. As espécies monotípicas podem apresentar-se de várias maneiras:

Upload: jose-costa

Post on 22-Nov-2015

8 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

  • Raa 1

    RaaA raa um conceito que obedece diversos parmetros para classificar diferentes populaes de uma mesma espciebiolgica de acordo com suas caractersticas genticas ou fenotpicas; comum falar-se das raas de ces ou deoutros animais.[1]

    A antropologia, entre os sculos XVII e XX, usou igualmente vrias classificaes de grupos humanos no que conhecido como "raas humanas" mas, desde que se utilizaram os mtodos genticos para estudar populaeshumanas, essas classificaes e o prprio conceito de "raas humanas" deixaram de ser utilizados,[2], persistindo ouso do termo apenas na poltica, quando se pede "igualdade racial" ou na legislao quando se fala em "preconceitode raa", como a lei n 12.288[3], de 20 de julho de 2010, que instituiu, no Brasil, o Estatuto da Igualdade Racial.Um conceito alternativo e sinnimo o de "etnia".O vocbulo raa aparecia normalmente nos textos cientficos (como os livros de geografia de Aroldo de Azevedo e acoleo "Histria das Raas Humanas", de Gilberto Galvo, que detalha todas as raas, com fotografias) at adcada de 1970, quando comeou a ser questionado como racismo, especialmente com o advento do politicamentecorreto na dcada de 1980. [carecede fontes?]. Do ponto de vista cientfico, como j demonstrou o Projeto Genoma, oconceito de raa no pode ser aplicado a seres humanos por no existirem genes raciais na nossa espcie; issocorrobora teses anteriores, que negavam a existncia de isolamento gentico dentre as populaes. Assim, para aespcie humana "raa" corresponde a um conceito social, no a conceito cientfico.Uma pesquisa do IBGE, divulgada em 22 de julho de 2011, revelou que a maioria dos brasileiros acredita que a cor ea raa do indivduo influenciam o trabalho e a vida cotidiana das pessoas.[4]

    O termo "raa" ainda aceito normalmente para designar as variedades de animais domsticos e animais de criaocomo o gado (nelore, gir e zebu).Abaixo discutem-se os conceitos biolgicos de raa, vrias definies histricas destes conceitos e um resumo dahistria e utilizao das classificaes de raas humanas.

    Raa em biologiaOs zologos geralmente consideram a raa um sinnimo das subespcies, caracterizada pela comprovada existnciade linhagens distintas dentro das espcies, portanto, para a delimitao de subespcies ou raas a diferenciaogentica uma condio essencial, ainda que no suficiente. Na espcie Homo sapiens - a espcie humana - avariabilidade gentica representa 3 a 5% da variabilidade total, nos sub-grupos continentais, o que caracteriza,definitivamente, a ausncia de diferenciao gentica. Portanto, inexistem raas humanas do ponto de vistabiopoltico matematicamente convencionado pela maioria. No "Cdigo Internacional de Nomenclatura Zoolgica"(4 edio, 2000) no existe nenhuma norma para considerar categorias sistemticas abaixo da subespcie.Para os botnicos de acordo com o "Cdigo Internacional de Nomenclatura Botnica" - as variantes duma espcieso explicitamente denominadas "subespcies" (subsp.), variedades (var.) e formas (f.) que na verdade so matrizesdas espcies. Por exemplo, para o pinheiro negro europeu, Pinus nigra, aceite uma subespcie - Pinus nigra subsp.nigra na regio oriental da sua rea de distribuio, desde a ustria e nordeste da Itlia at Crimeia e Turquia, comas seguintes variedades: Pinus nigra subsp. nigra var. nigra pinheiro negro austraco; Pinus nigra subsp. nigra var. caramanica - pinheiro negro turco; e Pinus nigra subsp. nigra var. pallasiana - pinheiro negro da Crimeia.Para alguns bilogos, a raa um grupo distinto constituindo toda ou parte duma espcie. Uma espcie monotpicano tem raas, ou melhor a "raa" toda a espcie. As espcies monotpicas podem apresentar-se de vrias maneiras:

  • Raa 2

    Todos os membros da espcie so semelhantes e ento a espcie no pode ser dividida em subcategorias comsignificado biolgico.

    Os membros da espcie mostram considervel variao, mas esta ocorre aleatoriamente e tambm no temsignificado biolgico uma vez que a transmisso gentica destas variaes no constante; o que acontece commuitas plantas e por isso que os horticulturistas interessados em preservar uma determinada caractersticaevitam a propagao por sementes e usam mtodos vegetativos.

    A variao dentro de uma espcie evidente e segue um padro, mas no h divises claras entre os diferentesgrupos, mas apenas um gradiente de tamanhos, formas ou cores. Este tipo de variao clinal significa que existeum fluxo de genes substancial entre os grupos aparentemente separados que formam a(s) populao(s) e normalnas espcies monotpicas e o caso da espcie humana.

    Uma espcie politpica tem raas distintas, que so grupos separados que normalmente no se cruzamgeneticamente (embora possa haver zonas relativamente estreitas de "hibridizao"), mas que poderiam cruzar-see produzir descendentes com caractersticas mistas (ou iguais a cada um dos progenitores) se as condiesambientais o permitissem normalmente isto passa-se entre populaes geograficamente isoladas da mesmaespcie, que podem ser consideradas subespcies ou variedades.

    importante notar que os grupos que normalmente no se cruzam, apesar de viverem na mesma rea geogrfica, noso raas, mas sim espcies diferentes. Os verdadeiros hbridos de espcies diferentes, como por exemplo, da guacom o jumento, do sempre descendentes estreis, como o so, os machos e as mulas.O advento da sntese moderna e as tcnicas moleculares para estudar o fluxo de genes levam alguns bilogos arejeitar a noo de "raa" e at de "subespcies".

    Definies biolgicas de raa (Long e Kittles, 2003).

    Conceito Referncia Definio

    Essencialismo Hooton(1926)

    "A raa a grande diviso do gnero humano, caracterizado como grupo por partilhar uma certa combinao decaractersticas derivadas da sua descendncia comum, mas que constituem um vago fundo fsico, normalmenteobscurecido pelas variaes individuais e mais facilmente apreendido numa imagem composta."

    Populao Dobzhansky(1970)

    "Raas so populaes mendelianas geneticamente distintas. No so populaes individuais nem gentiposespecficos, mas consistem em indivduos que diferem geneticamente entre si."

    Taxonomia Mayr (1969) "Raa um agregado de populaes fenotipicamente similares duma espcie, habitando uma subdiviso da reageogrfica de distribuio da espcie e diferindo taxonomicamente de outras populaes dessa espcie."

    Linhagem Templeton(1998)

    "Uma subespcie (raa) uma linhagem evolucionariamente distinta dentro duma espcie. Esta definio requerque a subespcie seja geneticamente diferenciada devido a barreiras troca de genes que persistiram durante longosperodos de tempo, ou seja, a subespcie deve ter uma continuidade histrica, para alm da diferenciao genticaobservada."

    Raas humanasJ os egpcios classificavam os seres humanos com base na cor de pele: vermelho- egpcios, amarela- asiticos,branca- populaes do norte, preta- populaes subsarianas, etc. Vrios investigadores demonstraram que a distnciagentica fortemente associada distncia geogrfica entre as populaes, esta associao torna-se mais forte setivermos em conta as migraes entre continentes ao longo de toda a histria da humanidade[5].O conceito de raas humanas foi usado pelos regimes coloniais e pelo apartheid (na frica do Sul), para perpetuar asubmisso dos colonizados; actualmente, s nos Estados Unidos se usa uma classificao da sua populao em raas,alegadamente para proteger os direitos das minorias.[6]

    A definio de raas humanas principalmente uma classificao de ordem social, onde a cor da pele e origem social ganham, graas a uma cultura racista, sentidos, valores e significados distintos. As diferenas mais comuns referem-se cor de pele, tipo de cabelo, conformao facial e cranial, ancestralidade e, em algumas culturas,

  • Raa 3

    gentica. O conceito de raa humana no se confunde com o de sub-espcie e com o de variedade, aplicados a outrosseres vivos que no o homem(embora humanos e animais estejam exatamente sobre o mesmo tipo de seleogentica, apesar das pomposas fachadas pseudo-civilizatrias). Por seu carter controverso (seu impacto naidentidade social e poltica), o conceito de raa questionado por alguns estudiosos como constructo social; entre osbiolgos, um conceito com certo descrdito por no se conformar a normas taxonmicas aceites.Algumas vezes utiliza-se o termo raa para identificar um grupo cultural ou tnico-lingstico, sem quaisquerrelaes com um padro biolgico. Nesse caso pode-se preferir o uso de termos como populao, etnia, ou mesmocultura.A primeira classificao dos homens em raas foi a "Nouvelle division de la terre par les diffrents espces ou racesqui l'habitent" ("Nova diviso da terra pelas diferentes espcies ou raas que a habitam") de Franois Bernier,publicada em 1684. No sculo XIX, vrios naturalistas publicaram estudos sobre as "raas humanas", como GeorgesCuvier, James Cowles Pritchard, Louis Agassiz, Charles Pickering e Johann Friedrich Blumenbach. Nessa poca, as"raas humanas" distinguiam-se pela cor da pele, tipo facial (principalmente a forma dos lbios, olhos e nariz), perfilcraniano e textura e cor do cabelo, mas considerava-se tambm que essas diferenas reflectiam diferenas noconceito de moral e na inteligncia, pois uma caixa cranial maior e/ou mais alta representava um crebro maior, maisalto e por consequencia maior quantidade de clulas cerebrais).A necessidade de descrever os "outros" advm do contacto social entre indivduos e entre grupos diferentes. Noentanto, a classificao de grupos traz sempre consequncias negativas, principalmente pelo facto dos termosempregados poderem ser considerados pejorativos pelos grupos visados (ver, por exemplo amerndio e hotentote).Tradicionalmente, os seres humanos foram divididos em trs ou cinco grandes grupos de linhagem (dependendo deinterpretao), mas a denominao de cada um pelo motivo indicado tem variado ao longo do tempo:

    Mongoloide (raa amarela): povos do leste e sudeste asitico, Oceania (malaios e polinsios) e continenteamericano (esquims e amerndios).Caucasoide (raa branca): povos de todo o continente europeu, norte da frica e parte do continente asitico(Oriente Mdio e norte do Subcontinente Indiano).Negroide (raa negra): povos da frica Subsaariana.

    Os outros dois grupos de linhagem humana poderiam ser:Australoide: sul da ndia (drvidas), negritos das Ilhas Andaman (Oceano ndico), negritos das Filipinas,aborgenes de Papua-Nova Guin, aborgenes da Austrlia e povos melansios da Oceania.Capoide: tribos Khoisan (extremo sul do continente africano).

    Apesar de poderem ser considerados como dois grupos distintos de linhagem humana, australoides e capoidestambm podem ser considerados como negroides, de acordo com essa mesma classificao tradicional.Como qualquer classificao, esta imperfeita e, por isso, ao longo do tempo, foram sendo usados outros termos,principalmente para grupos cujas caractersticas no se ajustavam aos grupos "definidos", como o caso dos pardospara indicar os indgenas do sub-continente indiano, entre outros. De notar que, a par desta classificao baseada emcaractersticas fsicas, houve sempre outras, mais relacionadas com a cultura, principalmente a religio dos "outros",como os mouros ou "infiis", como os europeus denominavam os muulmanos, ou os judeus.No incio do sculo XX, Franz Boas ps em causa a noo de raa e foi seguido por outros antroplogos, comoAshley Montagu, Richard Lewontin e Stephen Jay Gould. Contudo, alguns poucos cientistas como J. PhilippeRushton, Arthur Jensen, Vincent Sarich e Frank Miele (autores de "Race: The Reality of Human Differences")proclamam que no s essa tese falsa, mas que foi politicamente motivada e no tem bases cientficas.Existem tambm estudos que procuram mostrar que a percepo social da cor como definidora de uma diviso humana em "raas" no mais do que uma construo scio-cultural. Assim, durante a montagem do sistema escravista moderno, no qual milhes de africanos foram transferidos compulsoriamente para as Amricas para o trabalho escravo, fortaleceu-se o conceito de uma "raa negra", superpondo-se a toda uma grande quantidade

  • Raa 4

    diferenas tnicas que existiam na frica, e que ainda existem hoje. Os africanos nas sociedades que precederam omoderno sistema escravista, no se viam como "negros", tal como sustenta Jos D'Assuno Barros em seu livro AConstruo Social da Cor (2009). Na frica, os africanos enxergavam-se a partir de identidades tnicasdiferenciadas, e no de uma nica "raa negra", um conceito que para eles no existia. Os interesses do trficolevavam os comerciantes a motivar a diferena tnica na ponta africana do trfico negreiro, pois os comerciantes deescravos conseguiam escravos das guerras intertribais, nas quais as tribos vencedoras vendiam os indivduospertencentes s tribos vencidas. Mas, ao mesmo tempo, na ponta final do processo de escravizao, quando o escravodeveria ser vendido nas Amricas e incorporado ao trabalho no sistema colonial, j interessava aos comerciantes esenhores de engenhos - ou ao sistema escravista, de modo geral - criar uma categoria nica para os "negros"africanos, inclusive misturando africanos procedentes das vrias etnias de modo a que no se concentrassem eem ummesmo local indivduos pertencentes a uma mesma etnia de origem naAfrica, pois os vnculos de identidadepoderiam favorecer as revoltas. Percebe-se, portanto, que a construo da idia de "negro", altura da montagem dosistema escravista, foi um processo complexo, que recobriu, embora sem elimin-las totalmente, as etnias africanasde origem.Anlises genticas recentes permitem que a evoluo e migraes humanas seja representado duma forma cladstica.Estes estudos indicam que, como pensam os que defendem a teoria da origem nica, a frica foi o bero dahumanidade, outros defendem a teoria da origem multiregional[7] . Verificou-se que os aborgenes australianos foramoriginados num grupo que se isolou dos restantes h muito tempo e que todos os outros grupos, incluindo"europeus", "asiticos" e "nativos americanos" perfazem um nico grupo monofiltico resultante das migraes parafora do continente africano e que poderia dividir-se no equivalente aos oeste- e leste "euro-asiticos", reconhecendosempre haver muitos grupos intermdios.

    Raas no BrasilO gegrafo Aroldo de Azevedo classificou as "raas" no Brasil como sendo: branco, o europeu imigrado para o Brasil. negro da terra, o ndio, dividido em vrias naes. mulato, oriundo do cruzamento do branco com o negro. caboclo, oriundo do cruzamento do branco com o ndio. cafuz ou cafuzo, oriundo do cruzamento do ndio com o negro. cabra: oriundo do cruzamento do mulato com o negro.Alguns autores da historiografia luso-brasileira so importantes para compreendermos as interpretaes em torno doconceito de raa no Brasil. Essa reviso tambm contribui para que possamos vislumbrar as transformaes e ascontinuidades a cerca das concepes e das classificaes de raa articuladas por intelectuais de outras reas, como ado gegrafo Aroldo de Azevedo, demonstrada acima.Na primeira metade do sculo XIX, Jos Bonifcio de Andrade e Silva demonstrou em seu trabalho umapreocupao referente a diversidade de raas existentes no territrio brasileiro. Sobre isso Lopes alega: Diversasvezes ao longo de sua obra, Bonifcio manifestou a preocupao com a heterogeneidade da formao social noBrasil, produzindo inmeras recomendaes sobre como forjar o cidado adequado as novas exigncias dotempo.[8]Bonifcio destacou em seu projeto os sentidos atribudos a noo de raa no Brasil e os lugares reservadosaos grupos sociais dentro desta tipologia na construo de um projeto nacional. Essa proposta foi desenvolvida tendocomo plano de fundo os ideais de civilizao e de nacionalidade difundidos por Bonifcio nos crculos institucionaise intelectuais no momento em que se destacava o reformismo ilustrado portugus.Na obra "Representao", publicada em 1825, Jos Bonifcio evidenciou uma proposta que previa a cessao gradual do trfico negreiro e da escravido, visto que a proliferao de panfletos alertavam a possibilidade de uma revolta de escravos ou a ecloso de uma onda denominada Haitismo, devido ao episdio da ilha de So Domingos. Assim, Bonifcio argumentou que a escravido tiranizava e reduzia os negros condio de brutos animais e

  • Raa 5

    inoculavam toda a sua imoralidade e todos os seus vcios[9]Bonifcio concluiu que a nao brasileira teria na suaconstituio a marca da heterogeneidade fsica e civil, j que a populao era composta por negros, ndios, mestiose brancos. Logo, seu entendimento em torno do conceito raa destacava estas quatro classificaes tnicas, sendo amestiagem um produto da relao entre as mesmas.Em 1840 o rtulo miscigenao racial apareceu em um concurso promovido pelo Instituto de Histria e GeografiaBrasileira IHGB. Neste momento, destacou-se a tese Como se escrever a histria do Brasil do naturalista alemoKarl Friedrich Philipp von Martius. Este afirmou que para compreender a histria brasileira era necessrio levar emconta e estudar a mistura das trs raas o que seria um dos constituintes da identidade nacional e o alicerce para aconstruo do mito da democracia racial proferido por Gilberto Freyre no sculo XX. Como naturalista ilustrado,Martius priorizou a contribuio portuguesa apontando o branco como o civilizador. O indgena teve ateno, pois seconsiderava a possibilidade de utiliz-lo como representante da nacionalidade brasileira na construo de um mitonacional. Quanto ao negro, Martius chegou a citar sua influncia na formao cultural brasileira, todavia,destacando-o como um empecilho no processo de civilizao.Em 1850 foi publicada a tese determinista do conde Arthur de Gobineau que defendia as virtudes civilizatrias dobranco europeu. Em 1853 Gobineau publicou o Ensaio Sobre a Desigualdade das Raas (1853-1855). Nesta obra,justificou as diferenas sociais entre negros e brancos pela inferioridade biolgica do africano. A partir destacontestao, sua tese alega que a desigualdade seria superada com o branqueamento dos negros que dessa formaassimilariam a cultura europia, logo se civilizando. Gobineau esteve no Brasil como embaixador francs. Foi amigopessoal de D. Pedro II e desembarcou na ex-colnia portuguesa em 1869.No estatuto de 1851 foi lanada a proposta de incorporar aos estudos desenvolvidos pelo IHGB linhas de pesquisasnos campos da etnografia e da arqueologia, em especfico que tratassem da cultura indgena brasileira. Assim,atravs de uma argumentao cientfica poderia se explicar a inferioridade desta cultura frente a cultura civilizatria.No, entanto nota-se tambm um movimento na literatura que busca demonstrar o indgena como cone da essncianacional brasileira.A publicao Histria Geral do Brasil de Francisco Adolpho de Varnhagen em 1854 com o patrocnio imperial, nopriorizou o estudo em torno das raas, nem mesmo se fundamentou na tese de Gobineau. Nota-se apenas acontribuio do autor ao informar sobre os costumes e sobre as crenas dos tupis, identificando-os como brbaros eselvagens e se opondo ao projeto romntico que visava transformar o ndio em cone nacional. O negro, assim como,os aspectos de suas culturas no foram mencionados. A idia de miscigenao permanece oculta na obra deVarnhagen.Joaquim Nabuco tambm foi outro autor que problematizou a questo da raa no Brasil. Afirmou que a atribuionegativa a raa negra se justificou pela escravido, dessa forma no se podia alegar que os aspectos pejorativos eraminerentes a raa. A reduo dos negros ao cativeiro, logo, provocou uma mestiagem atravs de meios negativos,segundo Nabuco, como pela promiscuidade, pelo abuso nas senzalas e pelo concubinato.Todavia, em seu discurso tambm se destacou o tom pejorativo em relao a cultura negra: O principal efeito daescravido sobre a nossa populao foi, assim, africaniz-la, satur-la de sangue preto, como o principal efeito dequalquer empresa de imigrao da China seria mongoliz-la, satur-la de sangue amarelo.[10]Essa afirmaodemonstra uma concepo corrente no sculo XIX a qual empregava generalizaes visando compreender associedades humanas divididas pela lngua, pela raa e pela cor da pele, sendo a formao europia sobressalente asdemais. Da a idia de povos civilizados e de povos brbaros e incultos disseminada pelo racismo cientifico. A partirdisso, Nabuco apresentou a seguinte concepo: a histria do mundo a prova de que as raas mais inteligentes,mais brilhantes, postas em contato com raas inferiores, so muitas vezes vencidas e sucumbem. [11]

    Dentro da concepo difundida pela teoria das raas destacam-se tambm os trabalhos de Nina Rodrigues. Este afirmou que o povo brasileiro seria formado pela juno entre indgenas, brancos e negros. Fundamentando-se na linha evolucionista da escola histrica protagonizada pelo conde Arthur de Gobineau que defendeu a raa como fator determinante na histria humana. Assim como Nabuco, Rodrigues percebeu os sinais de africanizao na

  • Raa 6

    constituio da cultura brasileira, ou seja, uma explcita influncia negra na lngua, na educao, nas maneirassociais e nas prticas religiosas, entendidos como sintomas do atraso e da barbrie. Logo, destinou aos africanos eaos seus descendentes o patamar de atraso e de inferioridade. Euclides da Cunha, Silvio Romero e Mello Moraestambm so outros nomes da intelectualidade brasileira que se inspiraram na raciologia para compreender a relaoentre civilizao e mestiagem no Brasil. O trabalho de Capistrano de Abreu que marcou o incio do sculo XX naproduo historiogrfica brasileira no se diferenciou muito dos trabalhos citados no que diz respeito a concepo deraa no Brasil. Vainfas alega que o historiador reproduziu esteretipos sobre os negros e sobre os mestios, porexemplo, afirmando que eram indceis e abusados. Assim, Capistrano, em certa medida, tambm sofreu influnciasde uma raciologia cientificista despertada na Europa e interiorizada pela elite intelectual brasileira. No entanto, possvel observar uma abordagem mais cultural em sua obra, por exemplo, quando discute sobre a diversidade emtorno dos costumes e das particularidades regionais do Brasil. Gilberto Freyre cujo trabalho possui direta influnciade Capistrano, confronta os pressupostos da raciologia predominante em vrios pensadores do sculo XIX, quandosugere a fuso tambm no sentido cultural, no somente a gentica com o propsito de branqueamento. Esseargumento se apresenta diretamente influenciado pela sua formao na antropologia culturalista de Franz Boas daescola norte-americana. Portanto, essa viso que destaca a mescla entre a miscigenao e a cultura, tentando destacaraspectos tambm civilizatrios das culturas indgenas e africana, fica evidenciada na sua publicao Casa-grande esenzala (1933) a qual apresenta os cenrios desta miscigenao racial e cultural, segundo Vainfas. Em 1934 Freyreorganiza no Recife o 1 Congresso de Estudos Afro-Brasileiros.Neste momento, entre as dcadas de 20 e de 30, na Europa despertava o movimento de intelectuais negros, comoLeopold Sedar Senhgor, Aim Cesaire, que reivindicavam a dissoluo dessa concepo que prorrogava asuperioridade da raa branca em relao as demais, difundida pelas escolas de teorias raciais no sculo XIX,conforme Skidmore, e mesmo antes disso, em alguns registros historiogrficos. Estes africanos e afro-descendentesse mobilizaram no sentido combater os propsitos racistas do processo de colonizao, assim como, de resgatar aintegridade e a identidade negra, levando em conta suas matrizes scio-culturais na defesa de um Pan africanismo.Retomando as primeiras organizaes destes intelectuais, Diouf salienta que o Congresso Pan-Africano ocorrido em1919 em Londres, sob a iniciativa do advogado da Trinidade, Henry Sylvestre Williams, teve a participao denegros provenientes da frica, dos Estados Unidos e das Antilhas.[12]

    A partir disso, tornou-se vivel o surgimento dos Movimentos negros na segunda metade do sculo XX. O marcofundador destes foi atribudo ao movimento Black Power lanado nos EUA em 1960 o qual difundiu o conceito denegritude dispora caribenha e sulamericana. No Brasil o movimento negro se revelou na dcada de 70 com asiniciativas polticas e culturais as quais valorizavam a negritude e promoviam uma conscincia negra.[13]Nestemomento destaca-se o envolvimento poltico e cultural do Bloco Afro Il Aiy em Salvador, Bahia.Em 2001 foi articulado o plano de ao contra o racismo, discriminao social e xenofobia, articulado na frica doSul, Durbam, que teve suma importncia na difuso de propostas afirmativas em outros pases. No Brasil em 2003,foi sancionada a lei 10.639 com o carter de poltica de educao. Esta vincula a rede de ensino a abordagem daHistria da frica e da Cultura afro-brasileira, a fim de desmistificar as abordagens eurocntricas sobre o negroafricano e sobre o afro-brasileiro.[14]Em 2011 a lei foi modificada incluindo o ensino das culturas indgenasbrasileiras.[1] Fdration Cynologique Internationale Nomenclature des races (http:/ / www. fci. be/ nomenclature. aspx) acessado a 20 de maio de 2009[2] American Association of Physical Anthropologists Declarao sobre os aspectos biolgicos da raa (http:/ / www. physanth. org/ positions/

    race. html) acessado a 20 de maio de 2009[3] http:/ / legis. senado. leg. br/ legislacao/ ListaPublicacoes. action?id=261827& tipoDocumento=LEI& tipoTexto=PUB[4] http:/ / noticias. terra. com. br/ mundo/ noticias/ 0,,OI5255862-EI294,00-Maioria+ dos+ brasileiros+ considera+ que+ cor+ ou+ raca+

    influencia+ vida+ cotidiana. html[5][5] Gravlee, C. C. (2009). "How race becomes biology: Embodiment of social inequality." American Journal of Physical Anthropology 139(1):

    47-57.[6] Classificao racial na pauta de discusses do movimento negro (http:/ / www. ibase. br/ modules. php?name=Conteudo& file=index&

    pa=showpage& pid=1598). Em IBASE. Acessado em 15 de outubro de 2007.

  • Raa 7

    [7] http:/ / www. sciencedaily. com/ releases/ 2007/ 04/ 070423185434. htm The Emerging Fate Of The Neandertals[8] LOPES, Valdei. Jos Bonifcio, Shakespeare e os gregos: a lngua do Brasil e a imagem nacional. In: Almanack braziliense, n04,

    novembro de 2006. p.85[9] ANDRADA E SILVA, J. B. de (1965). Representao Assemblia Constituinte sobre a Escravatura. In: FALCO, E. C. (org.). Obras

    cientficas, polticas e sociais de Jos Bonifcio de Andrada e Silva. P.130.[10][10] NABUCO, J. (1988). O abolicionismo. Petrpolis: Vozes. p.104[11] NABUCO, J.1949) Discursos parlamentares (1879-1889). In: Obras Completas de Joaquim Nabuco, XI. So Paulo: Instituto Progresso

    Editorial S.A. p.63[12] Diouf sustenta que desde o inicio at o Congresso de 1956, sempre notou-se a ausncia dos negros da Amrica Latina. Em 1956, o Brasil

    representado por Jorge Amado. In. DIOUF, Mamadou. LAfrique au 21eme. sicle: Integration et renaissance. Les intellectuels africains et dela diaspora sur lunit de lAfrique. Conference. dakar, 6-9 Octobre de 2004.

    [13] CSAIRE, Aim. Discursos sobre Negritude./Aim Csaire; Carlos Moore (Org.) Belo Horizonte; Nandyala, 2010. ( Col. Vozes daDispora Negra, V.03)

    [14][14] LOPES, Ana Mnica. Histria da frica: uma introduo. Belo Horizonte: Crislida, 2005. p. 98.

    Bibliografia Bamshad, Michael; Wooding, Stephen; Salisbury, Benjamin A.; Stephens, J. Claiborne (2004). Deconstructing

    The Relationship Between Genetics And Race. Nature Reviews Genetics 5, 598609. ( Artigo da Nature (http:/ /www. nature. com/ cgi-taf/ DynaPage. taf?file=/ nrg/ journal/ v5/ n8/ abs/ nrg1401_fs. html)); reprint-zip Formatozip (http:/ / www. xmission. com/ ~wooding/ pdfs/ bamshad_race04. zip)

    Barros, Jos D'Assuno (2009). A Construo Social da Cor, Editora Vozes. Cavalli-Sforza, Luigi Luca; et al (1995). The History and Geography of Human Genes. Princeton University

    Press. COSTA, Ricardo Csar Rocha. O pensamento social brasileiro e a questo racial: da ideologia do

    branqueamento s divises perigosas. In.: frica e africanidades Ano 03 n.10, agosto, 2010 ISSN 19832354.

    DINIZ, Almachio, Histria Racial do Brasil, Editora Cultura Moderna, 1934. DIOUF, Mamadou. LAfrique au 21eme. sicle: Integration et renaissance. Les intellectuels africains et de la

    diaspora sur lunit de lAfrique. Conference. Dakar, 6-9 Octobre de 2004. Dobzhansky, T. (1970). Genetics of the Evolutionary Process. New York, NY: Columbia University Press. GALVO, Gilberto, Histria das Raas Humanas, 5 volumes, Consrcio Editorial Brasileiro, So Paulo, s/d. GUIMARES, Manuel Salgado. Nao e civilizao nos trpicos: o Instituto Histrico e Geogrfico Brasileiro e

    o projeto de uma histria nacional. In.: Estudos histricos, Rio de Janeiro, n.1,1988, pp. 5-37. Hooton, E.A. (1926). Methods of racial analysis. Science 63, 7581. Jorde, Lynn B.; Wooding, Stephen P. (2004). Genetic variation, classification and race. Nature Genetics 36,

    S28S33. ( Artigo da Nature (http:/ / www. nature. com/ cgi-taf/ DynaPage. taf?file=/ ng/ journal/ v36/ n11s/ full/ng1435. html))

    Long J.C., Kittles R.A. (2003). Human genetic diversity and the nonexistence of biological races. Hum Biol. 75,44971.

    Mayr, E. 1969. Principles of Systematic Zoology. New York, NY: McGraw-Hill. NILMA, Limo Gomes. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre as relaes raciais no Brasil: uma

    breve discusso. In.: Educao anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal n 10.639/03/ Secretaria deEducao Continuada, Alfabetizao e Diversidade, 2005. Coleo Educao para todos. Ed.MEC/BID/UNESCO

    Olsen, Steven (2003). Mapping Human History : Genes, Race, and Our Common Origins, Mariner Books. Parra, Flavia C.; et al (2003). Color and genomic ancestry in Brazilians. PNAS 100 (1), 177182. ( The National

    Academy of Sciences of the U.S.A. (http:/ / www. pubmedcentral. nih. gov/ articlerender. fcgi?artid=140919)) RODRIGUES, Nina. Os africanos no Brasil. 6 ed. Braslia: Universidade de Braslia, 1982. ROMERO, Silvio & RIBEIRO, J. Compendio de Histria da Literatura Brasileira. So Paulo: Francisco Alves,

    1909.

  • Raa 8

    SKIDMORE, Thomas. Preto no branco. So Paulo: Paz e Terra, 1976. Templeton, A.R. 1998. Human races: A genetic and evolutionary perspective. Am. Anthropol. 100, 632650. Raa Palavra Tabu. Cf. FERRAROTTI, F. Ibden, p 77-84. VAINFAS, Ronaldo. Colonizao, miscigenao e questo racial: notas sobre equvocos e tabus da historiografia

    brasileira. In.: Tempo 08, agosto, 1999.

    Ligaes externas Times Online, 27 October 2004 - "Gene tests prove that we are all the same under the skin" (http:/ / www.

    timesonline. co. uk/ article/ 0,,8122-1331319,00. html) Catchpenny mysteries of ancient Egypt - "What race were the ancient Egyptians?", por Larry Orcutt (http:/ /

    www. catchpenny. org/ race. html) ABC Science Online, Wednesday, 14 July 2004 - "New twist on out-of-Africa theory", por Judy Skatssoon (http:/ /

    www. abc. net. au/ science/ news/ stories/ s1153697. htm) Scientific American, December 2003 - "Does Race Exist?", por Michael J. Bamshad, Steve E. Olson (http:/ /

    www. sciam. com/ article. cfm?chanID=sa006& colID=1&articleID=00055DC8-3BAA-1FA8-BBAA83414B7F0000)

    Federal Register, 30 October 1997, OMB Statistical Directive 15 - "Standards for Maintaining, Collecting, andPresenting Federal Data on Race and Ethnicity" (http:/ / www. doi. gov/ diversity/ doc/ racedata. htm)

    "The Reification of Race in Health Research", por Sandra Soo-Jin Lee, Joanna Mountain, and Barbara A. Koenig(http:/ / academic. udayton. edu/ health/ 08Research/ research01. htm)

    "The Use of Race in Medicine as a Proxy for Genetic Differences", por Michael Root (http:/ / philsci-archive. pitt.edu/ archive/ 00001094/ )

    Prof. Dr. Kabengele Munanga (USP). Uma abordagem conceitual das noces de raa, racismo, identidade e etnia(https:/ / www. ufmg. br/ inclusaosocial/ ?p=59) Prof. Dr. Kabengele Munanga (USP).

  • Fontes e Editores da Pgina 9

    Fontes e Editores da PginaRaa Fonte: http://pt.wikipedia.org/w/index.php?oldid=39753460 Contribuidores: Adailton, Agil, Al Lemos, AltCtrlDel, Bons, Chronus, Colaborador Z, Criarconta, Dantadd, Darwinius,Davemustaine, Dianakc, Eduardo.a.a, FML, Filhosdasputas, GRS73, Geosapiens, Gil Costa, GoEThe, Gustavo neto, HJS, HVL, Hannahlima, Homemculto, Jbribeiro1, Joaopaulopontes, JooSousa, KEst, Kaktus Kid, Kenchikka, Koni, Lcchueri, Leon saudanha, Lijealso, Lugusto, Luiza Teles, Mandorla, Marco Tarnovski, Marynanynha, Nemracc, Nuno Tavares, OS2Warp, OffsBlink,PTROCHA, PatrciaR, Prima.philosophia, Quintinense, RafaAzevedo, Redemundial, Rei-artur, Reynaldo, Ricardoteles, Robertogilnei, Rui Silva, Sa33mu, Salvadorjo, Santana-freitas, Scheridon,Sei Shonagon, Snakeep, Speakhits, Spentloose, Stuckkey, Sturm, Sucamattos, Slvia Gomes, Tandava, Thecpozzoli, Thrasherbermensch, WalmirBSB, William leonardo, Wilson simo, Zozimo,95 edies annimas

    LicenaCreative Commons Attribution-Share Alike 3.0//creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/

    RaaRaa em biologia Raas humanas Raas no BrasilBibliografiaLigaes externas

    Licena