quinta-feira, 11 de março de 2021 sumário - anfip

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Sumário Número de notícias: 18 | Número de veículos: 14 FOLHA DE S. PAULO - SP - MERCADO RECEITA FEDERAL DO BRASIL Governo é forçado a desidratar PEC Emergencial para não sofrer derrota 3 O ESTADO DE S. PAULO - ECONOMIA E NEGÓCIOS RECEITA FEDERAL DO BRASIL Câmara tira dispositivo que liberaria R$ 65 bi 7 O GLOBO - RJ - ECONOMIA RECEITA FEDERAL DO BRASIL Câmara mantém reserva de recursos para o Fisco 8 O GLOBO - RJ - ECONOMIA SEGURIDADE SOCIAL Margem de consignado é elevada para até 40% 9 VALOR ECONÔMICO - SP - POLÍTICA SERVIDOR PÚBLICO Senado torna perene programa de crédito para micro e pequena empresa 11 ESTADO DE MINAS - MG - OPINIÃO REFORMA TRIBUTÁRIA Zonas francas: impulso que falta para o Brasil (2) 12 VALOR ECONÔMICO - SP - OPINIÃO REFORMA TRIBUTÁRIA Sobre caminhoneiros e desempregados (2) 13 FOLHA DE S. PAULO - SP - MERCADO TRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS Congresso dos EUA dá aprovação final para pacote de US$ 1,9 trilhão 15 O ESTADO DE S. PAULO - NOTAS E INFORMAÇÕES TRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS Vacinar para crescer (3) 19 O ESTADO DE S. PAULO - ECONOMIA E NEGÓCIOS TRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS EUA desistem de sobretaxar alumínio 20 O GLOBO - RJ - MUNDO TRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS Os Estados Unidos voltam a sonhar - GUGA CHACRA 21 VALOR ECONÔMICO - SP - INTERNACIONAL TRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS Biden agora mira pacote trilionário de infraestrutura 22 VALOR ECONÔMICO - SP - EMPRESAS TRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS União indica mais dois nomes para Petrobras 24 CORREIO BRAZILIENSE - DF - MUNDO ECONOMIA Caminho aberto para agenda social 26 FOLHA DE S. PAULO - SP - MERCADO ECONOMIA O Brasil caminha para a estagflação? - SOLANGE SROUR 27 Quinta-Feira, 11 de Março de 2021 1

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SumárioNúmero de notícias: 18 | Número de veículos: 14 FOLHA DE S. PAULO - SP - MERCADORECEITA FEDERAL DO BRASIL

Governo é forçado a desidratar PEC Emergencial para não sofrer derrota 3 O ESTADO DE S. PAULO - ECONOMIA E NEGÓCIOSRECEITA FEDERAL DO BRASIL

Câmara tira dispositivo que liberaria R$ 65 bi 7 O GLOBO - RJ - ECONOMIARECEITA FEDERAL DO BRASIL

Câmara mantém reserva de recursos para o Fisco 8 O GLOBO - RJ - ECONOMIASEGURIDADE SOCIAL

Margem de consignado é elevada para até 40% 9 VALOR ECONÔMICO - SP - POLÍTICASERVIDOR PÚBLICO

Senado torna perene programa de crédito para micro e pequena empresa 11 ESTADO DE MINAS - MG - OPINIÃOREFORMA TRIBUTÁRIA

Zonas francas: impulso que falta para o Brasil (2) 12 VALOR ECONÔMICO - SP - OPINIÃOREFORMA TRIBUTÁRIA

Sobre caminhoneiros e desempregados (2) 13 FOLHA DE S. PAULO - SP - MERCADOTRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS

Congresso dos EUA dá aprovação final para pacote de US$ 1,9 trilhão 15 O ESTADO DE S. PAULO - NOTAS E INFORMAÇÕESTRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS

Vacinar para crescer (3) 19 O ESTADO DE S. PAULO - ECONOMIA E NEGÓCIOSTRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS

EUA desistem de sobretaxar alumínio 20 O GLOBO - RJ - MUNDOTRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS

Os Estados Unidos voltam a sonhar - GUGA CHACRA 21 VALOR ECONÔMICO - SP - INTERNACIONALTRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS

Biden agora mira pacote trilionário de infraestrutura 22 VALOR ECONÔMICO - SP - EMPRESASTRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS

União indica mais dois nomes para Petrobras 24 CORREIO BRAZILIENSE - DF - MUNDOECONOMIA

Caminho aberto para agenda social 26 FOLHA DE S. PAULO - SP - MERCADOECONOMIA

O Brasil caminha para a estagflação? - SOLANGE SROUR 27

Quinta-Feira, 11 de Março de 2021

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O ESTADO DE S. PAULO - POLÍTICAECONOMIA

Lula diz estar livre da Lava Jato e faz aceno ao centro 29 O ESTADO DE S. PAULO - ECONOMIA E NEGÓCIOSECONOMIA

Esperança e desconfiança na América Latina (3) 31 O GLOBO - RJ - OPINIÃOECONOMIA

Lula em plena campanha para voltar ao poder (3) 32

Quinta-Feira, 11 de Março de 2021

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Governo é forçado a desidratar PECEmergencial para não sofrer derrota

FOLHA DE S. PAULO / SP - MERCADO - pág.: A17. Qui, 11 de Março de 2021RECEITA FEDERAL DO BRASIL

Danielle Brant e Bernardo Caram

Sob risco iminente de que a estrutura principal da PECEmergencial fosse derrubada, o governo foi forçadonesta quarta-feira (10) a fazer uma desidrataçãoparcial do texto. Em votação na Câmara dosDeputados, articuladores do Planalto aceitaram abrirmão de medidas de ajuste fiscal defendidas peloMinistério da Economia.

O texto-base da PEC foi aprovado na madrugadadesta quarta em primeiro turno na Câmara. Aproposição recebeu 341 votos favoráveis e 121contrários -eram necessários pelo menos 308 votos.

Ainda é preciso votar outros destaques. Em seguida, aPEC será votada em segundo turno e precisa receberao menos 308 votos favoráveis para ser aprovada. Senão houver mudanças, segue para promulgação peloCongresso, uma vez que já foi passou pelo Senado.

Pela negociação na Câmara, serão retirados do textodispositivos que impediriam progressões e promoçõesde carreira de servidores e agentes públicos. Com amedida, mesmo em casos de emergência fiscal oucalamidade pública todos os servidores seguirão como direito a avançar nas carreiras, aumentando assimseus salários.

Até as 2ih, os deputados analisavam destaques quepoderiam alterar o teor do texto. Após a conclusão, aexpectativa era que o texto fosse votado em segundoturno ainda nesta quarta para posteriormente seguirpara promulgação.

Destaque apresentado pelo PT tinha como objetivo

retirar o artigo da PEC que estabelece gatilhos deajuste fiscal nos estados e municípios quando adespesa corrente ultrapassar 95% da receita corrente.

Pelo artigo, nesses casos, podem ser adotadosmecanismos para reduzir o endividamento, com aproibição de concessão de aumentos a servidores,realização de concursos públicos ou criação dedespesas obrigatórias.

Na prática, porém, a retirada desse dispositivo nãoinviabilizaria apenas o ajuste dos governos regionais,mas também da União. Ainda tomaria sem efeito oajuste fiscal proposto em caso de decretação decalamidade, enterrando o protocolo de crise elaboradopelo Ministério da Economia.

Esse efeito em cascata ocorreria porque nos casos decalamidade ou de crise fiscal na União, a PEC afirmaque serão adotados os ajustes previstos no artigo quetrata de estados e municípios -e que quase foidescartado pelos deputados.

Esses mecanismos são o pilar da proposta defendidapela equipe econômica. O ministro Paulo Guedes(Economia) chegou a dizer a interlocutores quepoderia deixar o cargo se o Congresso não aprovasseas medidas de ajuste como contrapartida à liberaçãoda nova rodada do auxílio emergencial.

Para evitara aprovação do dispositivo, o acordoconstruído, formalizado pelo líder do governo naCâmara, R icardo Bar ros (PP-PR) , inc lu i aapresentação, no segundo turno, de um destaque parasuprimir da PEC todos os dispositivos que impedem aprogressão e promoção de agentes públicos. EstevesColnago, assessor especial de Guedes, esteve noplenário para ajudar a costurar o pacto.

De acordo com interlocutores de Guedes, o ministrodeu aval ao acordo para liberar as progressões. Aestratégia foi abrir mão de um ponto consideradomenor para salvar todo o resto da proposta. Aavaliação é que a eliminação dos gatilhos de ajustefiscal teria sido uma das maiores derrotas destegoverno no Congresso.

Levantamento preliminar do Ministério da Economiaindica que o impacto da liberação das promoções eprogressões é de cerca de R$ 1,5 bilhão em um ano

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FOLHA DE S. PAULO / SP - MERCADO - pág.: A17. Qui, 11 de Março de 2021RECEITA FEDERAL DO BRASIL

para o governo.

O custo total da medida será mais alto porque tambémse estende a servidores estaduais e municipais.

Os gatilhos para suspensão de reajustes salariais emcaso de calamidade, inclusive de policiais, no entanto,foi mantido. Um destaque apresentado para derrubaros gatilhos foi derrotado após governo e partidosfenarem acordo abrindo mão da restrição à progressãoe promoção na carreira.

"Que fique muito claro, não se trata de umaexclusividade para a questão da segurança. Estamospermitindo, com essas supressões, as progressões epromoções a todas as categorias. Que a gente possafazer o mínimo possível de estrago", disse o relator dotexto, Daniel Freitas (PSL-SC), que manteve o textocomo veio do Senado.

O presidente Jair Bolsonaro e deputados ligados àsegurança pública tentaram excluir do ajustecategorias como policiais e militares, o que foi negado.Coma sensação deque foram traídos pelo presidente,os integrantes da UPB (União dos Policiais do Brasil)ameaçam paralisação e rompimento com o atualgoverno.

Depois de quase duas horas de votação aberta e como acordo formalizado, o texto-base da PEC foi mantidopor 319 votos a 181.

Mais cedo, na votação de um destaque do PDT sobredesvinculação de receitas de fundos e órgãos, ogoverno foi derrotado por seis votos.

Com isso, o governo não poderá remanejar recursosde fundos como o de meio ambiente, cultura, aviaçãocivil, saúde e social. Também será obrigado a manteros repasses à Receita Federal.

Além de representantes da Economia, o ministro LuizEduardo Ramos (Secretaria de Governo) tambémesteve no plenário para ajudar a costurar o acordo.Ele, porém, minimizou as derrotas sofridas. "Ademocracia impõe o debate e o voto. Se o voto dequem queria manter os votos ganhou, cabe aogoverno ou quem está disputando respeitar oresultado", disse.

"A democracia impõe a naturalmente a divergência deopiniões. Isso aí é previsto. Eu sempre digo semquerer ofender ninguém: na Coréia do Norte, deve sermais fácil. Não deve teressapluralidade."

A PEC foi aprovada no Senado na quinta (4). Atramitação acelerada tem como objetivo destravar opagamento do auxíl io emergencial em março.

Segundo Guedes, as parcelas irão variar de R$ 175 aR$ 375. O valor médio será de R$ 250.

A PEC autoriza o uso do saldo financeiro dos fundospúblicos para compensar a dívida pública. A medida éuma forma de balancear o endividamento a serrealizado para pagar o novo auxíl io e outrasconsequências da crise.

Site: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/

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FOLHA DE S. PAULO / SP - MERCADO - pág.: A17. Qui, 11 de Março de 2021RECEITA FEDERAL DO BRASIL

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FOLHA DE S. PAULO / SP - MERCADO - pág.: A17. Qui, 11 de Março de 2021RECEITA FEDERAL DO BRASIL

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Câmara tira dispositivo que liberaria R$ 65bi

O ESTADO DE S. PAULO - ECONOMIA E NEGÓCIOS - pág.: B01. Qui, 11 de Março de 2021RECEITA FEDERAL DO BRASIL

Idiana Tomazelli, Camilla Turtelli

O plenário da Câmara dos Deputados derrubou umdispositivo da PEC emergencial que daria maisflexibilidade ao governo na gestão do Orçamentofederal.

Os parlamentares aprovaram um destaque do PDTque retirava do texto a possibilidade de desvinculaçãode receitas hoje carimbadas para órgãos, fundos oudespesas específicas.

Foram 178 votos a favor e 302 contra a retirada - eramnecessários 308 votos contrários para manter o textodo relator.

Segundo apurou o Estadão/ Broadcast, cálculos dogoverno apontavam inicialmente que o dispositivo dedesvinculação dessas receitas poderia liberar cerca deR$ 72 bilhões por ano. Nos trâmites finais da PEC noSenado, esse valor já havia caído a cerca de R$ 65bilhões, pois os congressistas ampliaram a lista deexceções, ou seja, fundos ou classes de despesasimunes à vinculação. Como mostrou a reportagem,uma das alterações de última hora beneficiou açõesde "interesse à defesa nacional" e "destinadas àatuação das Forças Armadas".

Os recursos não seriam dinheiro novo para gastar,mas ficariam disponíveis para bancar gastos de outrasáreas, que eventualmente precisem ser financiadoscom recursos obtidos com a emissão de títulos dadívida pública. Hoje, a receita atrelada a determinadofundo ou órgão não pode ser utilizada para outrafinalidade, o que foi mantido com a derrubada dodestaque.

A desvinculação é uma das bandeiras defendidas peloministro da Economia, Paulo Guedes, desde acampanha eleitoral.

O dispositivo inserido na proposta, porém, tinhaalcance mais limitado do que o desejado pela equipeeconômica e já vinha ganhando uma lista ainda maiorde exceções.

Parlamentares do PDT comemoraram a manutençãodos recursos vinculados para despesas nas áreas deeducação, saúde e assistência, mas a medida tambémbeneficiou auditores fiscais, que eram contrários à

desvinculação de recursos que abastecem fundos daReceita Federal usados no pagamento de bônus aosprofissionais do órgão.

A equipe econômica foi contra a derrubada dodestaque, embora parlamentares alinhados aogoverno tenham defendido a mudança. "Não é justofalar em equilíbrio f iscal t irando recursos daadministração tributária", disse o deputado CelsoSabino (PSDB-PA).

Site: http://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo

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Câmara mantém reserva de recursos para oFisco

O GLOBO / RJ - ECONOMIA - pág.: 16. Qui, 11 de Março de 2021RECEITA FEDERAL DO BRASIL

FERNANDA TRISOTTO E BRUNO GÓES

Após pressão de servidores da Receita Federal eintervenção do ministro da Economia, Paulo Guedes, aCâmara dos Deputados retirou da proposta deemenda à Constituição (PEC) Emergencial o trechoque acabaria com os recursos carimbados para oFisco.

Os par lamentares aprovaram um destaque,apresentado pelo PDT, que mantém a vinculação derecursos do Fundo Especial de Desenvolvimento eAperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização(Fundaf).

A mudança ocorre após mobilização nacional dacategoria - na terça-feira, 90% dos oito mil auditoresfiscais pararam -e da ameaça de uma entrega emmassa de cargos de chefia na Receita caso o fim dareserva dos recursos não fosse retirado do texto. OSindifisco Nacional estimava que cerca de 220diretores colocariam os cargos à disposição caso adesvinculação de receitas avançasse.

Hoje, a Constituição proíbe que receitas sejamvinculadas para despesas ou órgãos, mas abreexceções. Uma delas é para "at iv idades daadministração tributária". O texto que havia sidoaprovado no Senado, porém, acabou com essaproteção.

COMUNICADO INTERNO

Com a mudança aprovada ontem pela Câmara, aredação do texto constitucional permanece como está.Também sai da PEC a proteção de verbas paramilitares, que havia sido incluída de última hora.

Além da mobilização dos servidores, o secretárioespecial da Receita, José Barroso Tostes Neto haviasolicitado reunião interna com Guedes.

Na ocasião, ele disse que não concordava com amudança na regra e informou que entrou em contatocom a Secretaria de Governo para que a pastapedisse à presidência da Câmara a manutenção daredação que, na prática, permite carimbar as receitasdo Fisco. A informação consta de um comunicadointerno de Tostes a auditores fiscais, ao qual OGLOBO teve acesso, e foi confirmada por fonte

próxima a Guedes.

GARANTIA DE ARRECADAÇÃO

A manutenção do atual texto constitucional foidefendida pelo deputado Celso Sabino (PSDB-PA),com o argumento de que, em meio a uma crise, deve-se preservar a Receita Federal, que garante recursospara áreas como saúde e educação. A fala foiendossada por Coronel Tadeu (PSL-SP), da base dogoverno, que recordou a previsão de aumento de R$34 bilhões em arrecadação no Orçamento deste ano.

Já o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), defendeu o texto aprovado no Senado:

- A posição do governo é votar, manter o texto dorelator. O deputado Daniel Freitas ouviu a todos,debateu, e o seu texto deve ser mantido.

O presidente do Sindifisco Nacional, Kleber Cabral,disse que a categoria recebeu a aprovação dodestaque com "surpresa e alívio":

-Foi uma vitória que parecia impossível. A matéria eramuito em favor do próprio Estado, não era umaquestão corporativa que se misturava com outrosassuntos da PEC, como o congelamento de salários egatilhos que afetam os servidores.

A previsão era que ontem mesmo os fiscais da Receitaencerrassem a mobilização já programada, além desuspender a entrega de cargos de chefia, para avaliaros próximos passos. Apesar de considerar ummomento de comemoração, Cabral diz que esseepisódio não põe fim a outros problemas que aReceita enfrenta dentro do Ministério da Economia edo governo.

Site: https://jornaldigital.oglobo.globo.com/

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Margem de consignado é elevada para até40%

O GLOBO / RJ - ECONOMIA - pág.: 17. Qui, 11 de Março de 2021SEGURIDADE SOCIAL

STEPHANIE TONDO

O Senado aprovou ontem o projeto de lei deconversão da medida provisória (MP) 1006/2020, queaumenta de 35% para 40% a margem queaposentados e pensionistas do INSS poderãocomprometer com crédito consignado. Também foramincluídos no texto militares e servidores públicos detodas as esferas. O projeto foi aprovado um dia antesde perder a validade e agora segue para sanção dopresidente Jair Bolsonaro. Se não houver vetos, entraem vigor a partir da data de publicação no DiárioOficial.

Com a aprovação, o limite de 40% para o créditoconsignado, que deixou de valer em janeiro, fica emvigor até 31 de dezembro. Dos 40% da renda quepoderão ser comprometidos com a dívida, 5%continuarão sendo destinados à modalidade de cartãode crédito consignado, como já ocorria com o teto de35%.

Relator do projeto no Senado, o senador Plínio Valério(PSDB-AM) salientou que a medida "não é o ideal",mas que, neste momento, é o mais sensato a fazer:

-Se o aposentado e o pensionista não tiver comobuscar o consignado, iria recorrer à rede bancária e seendividar ainda mais. Não é o ideal, mas é o que sepode fazer.

JUROS MENORES

Para o presidente da Confederação Brasileira deAposentados e Pensionistas (Cobap), Warley Martins,a medida é positiva, já que na pandemia muitosbeneficiários do INSS tiveram de assumir as principaisdespesas da famíl ia, devido ao aumento dodesemprego e a redução de renda de filhos e netos.

No entanto, ele pede que os segurados tenhamcuidado para não se endividarem de forma a perder ocontrole do orçamento.

-A maioria pega empréstimo para comprar remédios ecomida, porque não dá para sobreviver com o queganha. E é por isso que pedimos cuidado, senãodepois o aposentado acaba tendo a aposentadoriamuito reduzida com o pagamento das parcelas -explica.

Para Alexandre Espírito Santo, economista da Óramae professor de Finanças do Ibmec/RJ, o créditoconsignado é uma alternativa "bastante razoável" aoutros tipos de empréstimo disponíveis no mercado,que têm juros muito mais altos, como o cartão decrédito rotativo e o cheque especial. Ele tambémreforça, porém, que é preciso cautela:

- O ideal é que a pessoa não comprometa mais do que25% ou 30% da renda com dívidas. É claro queestamos vivendo um momento atípico e grave, quemexe com a v ida de todos . Mu i tos es tãodesempregados, e as famílias enfrentam dificuldadesfinanceiras. Mas devemos cortar supérfluos e evitargastos desnecessários.

Em nota, a Associação Nacional dos Profissionais eEmpresas Promotoras de Crédito e Correspondentesno País (Aneps) comemorou a decisão. O presidenteda entidade, Edison Costa, disse que irá trabalhar paraque a ampliação da margem se torne permanente:

- Temos pouco mais de oito meses para intensificar asarticulações em Brasília e apresentar um projetoconsistente e legítimo. A aprovação da MP mostra queestamos no caminho certo.

AUXÍLIO-DOENÇA

O texto aprovado no Congresso também autoriza ogoverno a conceder o auxílio-doença por meio doenvio de atestado médico e documentos peloaplicativo ou site do Meu INSS, sem que o seguradotenha de passar por perícia médica presencial. Essadispensa tem caráter excepcional, também até 31 dedezembro de 2021, e o benefício por incapacidadetemporária não poderá ter duração superior a 90 dias.

Os requisitos para apresentação e a forma de análised o a t e s t a d o m é d i c o e d o s d o c u m e n t o scomplementares serão estabelecidos em ato conjuntoda Secretaria Especial de Previdência e Trabalho e doINSS.

Site: https://jornaldigital.oglobo.globo.com/

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O GLOBO / RJ - ECONOMIA - pág.: 17. Qui, 11 de Março de 2021SEGURIDADE SOCIAL

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Senado torna perene programa de créditopara micro e pequena empresa

VALOR ECONÔMICO / SP - POLÍTICA - pág.: A10. Qui, 11 de Março de 2021SERVIDOR PÚBLICO

Vandson Lima e Renan Truffi

O Senado aprovou ontem projeto que tomapermanente o Programa Nacional de Apoio àsMicroempresas e Empresas de Pequeno Porte(Pronampe) como uma política oficial de crédito.

As instituições financeiras poderão emprestar créditono âmbito do programa com taxa de juros anualmáxima de 6% ao ano mais a Selic. Para osempréstimos tomados no ano passado, quando oprograma ainda era considerado uma medidaemergencial, a taxa era de 1,5% mais a Selic. Amatéria vai à Câmara dos Deputados.

A ideia é dar um tratamento diferenciado às micro epequenas empresas, consolidando os pequenosnegócios "como agentes relevantes de sustentação,transformação e desenvolvimento da economianacional", apontou a relatora, senadora Kátia Abreu(PP-TO). "Essas pequenas e micro empresasempregam 50% da mão de obra de carteira assinadado país, são 90% cias empresas e produzem 27% doPIB", defendeu.

O Pronampe concedeu mais de R$ 37,5 bilhões emempréstimos em 2020, abrangendo mais de 440 milempreendedores. Apesar disso, Kátia diz que ainda háresistência do setor financeiro em apoiar essesnegócios. "Há uma descrença e uma falta deentusiasmo do sistema financeiro brasileiro definanciar essas micro e pequenas empresas. Issoprecisa ser restabelecido e modificado, e um dosinstrumentos poderosos que nós temos para isso éesse projeto de lei".

A linha de crédito concedida no âmbito do Pronampecorresponderá a até 30% da receita bruta anual obtidano ano anterior. No caso das empresas que tenhammenos de um ano de funcionamento, o limite doempréstimo corresponderá a até 50% do seu capitalsocial ou a até 30% de 12 vezes a média da suareceita bruta mensal apurada no período, desde oinício de suas atividades - o que for mais vantajoso.

As instituições participantes do Pronampe operarãocom recursos próprios e contarão com garantia a serprestada pelo FGO Pronampe, de até 100% do valorde cada operação garantida, com cobertura pelo fundol im i tada ao va lo r máx imo segregado pe lo

Administrador do FGO para a garantia da carteira dainstituição participante do Pronampe, não podendoultrapassar 85% da respectiva carteira.

O ponto mais controverso da matéria foi a prorrogaçãodo prazo de carência dos empréstimos concedidos pormais seis meses, a partir da publicação da lei. Naterça-feira, o governo já havia autorizado umalongamento de três meses no prazo, de oito para 11meses. O líder do governo, senador Fernando Bezerra(MDB-PE), avisou que a base do governo vai trabalharpara retirar este dispositivo durante a análise daproposta na Câmara.

O plenário também aprovou a Medida Provisória queeleva de 35% para 40% a margem do créditoconsignado para alguns grupos. Inicialmente, amedida proposta pelo governo previa a ampliaçãodessa margem apenas para os aposentados. Pordecisão dos parlamentares, no entanto, o novo limitebeneficiará também mil i tares, pensionistas eservidores públicos, desde que 5% sejam destinadospara amortizar empréstimos do cartão de crédito ousacar dinheiro no caixa com as mesmas taxas docartão.

Por fim, o Senado também aprovou e remeteu àCâmara dos Deputados projeto de lei que criacondições para se implantar nas rodovias concedidasum sistema de cobrança de tarifa por quilômetrorodado, chamado passagem livre, ou "free flow".

Com ele, todos os veículos que trafegarem na rodoviapagarão pedágio, mesmo naqueles casos em que omotorista usa a via diariamente. A diferença é que acobrança será feita de maneira proporcional ao seuuso. A proposta ganhou importância porque consta dalista de 35 prioridades legislativas do governo, que foientregue ao Congresso Nacional no início de fevereiro.

Site: https://valor.globo.com/impresso

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Zonas francas: impulso que falta para oBrasil (2)

ESTADO DE MINAS / MG - OPINIÃO - pág.: 07. Qui, 11 de Março de 2021REFORMA TRIBUTÁRIA

Ângelo Ambrizzi

Já imaginou uma pequena área de produção industrialser capaz de gerar riqueza para todo o país? NoBrasil, a Zona Franca de Manaus pode ser vista comoum grande exemplo de ambiente físico com incentivoseconômicos, que se fosse replicado para outrasregiões poderia auxiliar positivamente no cenárioeconômico no qual vivemos.

Prova disso está nos dados divulgados pelaSuperintendência da Zona Franca de Manaus(Suframa) no final de 2020. Em meio a todainstabilidade econômica causada pela pandemia, opolo faturou R$ 95,49 bilhões entre janeiro e outubro -um aumento de 9,71% em relação ao mesmo períodode 2019.

O sucesso econômico que as zonas francasconquistam é devido ao seu sistema de funcionamentomuito simples, mas altamente eficiente: incentivar ainstalação de polos industriais na região em troca daisenção dos principais tributos sobre consumo dopaís - o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) eo ICMS (Imposto sobre Operações Relativas àCirculação de Mercadorias e Prestação de Serviços deTransporte Interestadual e Intermunicipal e deComunicação).

Com tantos benefícios comprovados, a grandequestão é: por que não existem outras zonas francasno Brasil?. Existem várias respostas, mas acredito quea mais coerente está na lógica do regime tributário emarrecadar e não incentivar a geração de riquezas.

A estratégia tributária brasileira para aumentar aarrecadação é aumentar a carga tributária, em vez deincentivar o crescimento econômico para que as novasriquezas geradas aumentem a arrecadação, mesmocom uma carga tributária menor que a atual. Esse tipode atitude governamental tem apenas visão de curtoprazo.

O grande problema da equação tributária utilizada noBrasil é que ela produz uma curva negativa ao invésde ser próspera, ou seja, o alto custo tributário nãopotencializa o crescimento, mas sim o achatamento daeconomia. Isso porque a carga tributária eleva ospreços e inviabiliza ou diminui o consumo pelapopulação.

Em 2019, por exemplo, a carga tributária do paísalcançou seu patamar recorde de 35,17% do PIB,segundo um estudo levantado pelos economistas JoséRoberto Afonso e Kleber Pacheco de Alves. O últimopico registrado foi em 2008, no percentual de 34,64%.

Precisamos urgentemente de uma reforma tributáriaintegral que altere de vez essa estratégia negativapara a economia. O caminho mais viável é por meio daredução da carga e a consequente diminuição dospreços de produtos e serviços, o que aumentará oconsumo, gerando um ciclo virtuoso de arrecadaçãono país.

A criação de novas zonas francas seria uma ótimaforma de estimular essa mudança e o impulsoeconômico que todo país necessita. Outro ponto daimplementação da zona franca é o desenvolvimentoregional ocasionado pela demanda de mão de obraespecializada, bem como estrutura de rodovias, hotéis,entre outros.

Além disso, as zonas francas incentivam ainda oinvestimento estrangeiro no país, uma vez que aexistência de legislação que incentiva os benefíciosfiscais por período certo gera segurança jurídica eprevisibilidade para possíveis investidores.

A criação de novas zonas francas pode contribuir - emuito - para melhorar a situação econômica do país.Para isso, contudo, é necessário que haja umalinhamento entre a União, estados e municípios,tendo como premissa de curto prazo a diminuição dacarga tributária pelos incentivos fiscais. A longo prazo,elas contribuirão para um aumento da riqueza do país,e, consequentemente, melhora no volume arrecadado.

Para a cultura política do Brasil pode parecer umaproposta ousada. No entanto, é a ordem tributáriamais eficiente.

Ângelo Ambrizzi, Advogado, especialista em direitotributário pelo Ibet, Apet e FGV, com extensão emfinanças pela Saint Paul e em turnaround pelo Insper,líder da área tributária do Marcos Martins Advogados

Site: http://digital.em.com.br/

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Sobre caminhoneiros e desempregados (2)

VALOR ECONÔMICO / SP - OPINIÃO - pág.: A18. Qui, 11 de Março de 2021REFORMA TRIBUTÁRIA

Roberto Troster

A desoneração do diesel, o aumento da tributação dosbancos e a PEC, prorrogando o auxílio emergencial,têm um lado positivo: ilustram qualidades da políticaeconômica. Uma é a complexidade desnecessária datributação, o Brasil está entre os dez piores do mundo.

A tributação do diesel mostra bem. Nele incidemquatro impostos -Cide, PIS/Pasep, Cofins e ICMS,dos quais os três primeiros são federais. Leia-se trêsalíquotas diferentes para calcular e três guiasdiferentes para pagar ao mesmo ente do governo. Já oICMS tem 27 alíquotas diferentes, uma em cadaEstado.

A baixa efetividade da política econômica também éilustrada com as medidas adotadas para baixar ocusto do diesel. Depende de três fatores: datributação, reduzida temporariamente, do preço dopetróleo, que é parametrizado no exterior, e da taxa decâmbio. O mais importante é o dólar.

Desde o começo do governo, o preço do barril depetróleo subiu 19,4% e o dólar 47,3%, mais do que odobro. O dólar depende da política cambial dogoverno, que muda muito pouco. Há quatro tipos deregimes cambiais: câmbio fixo, bandas cambiais,câmbio flutuante e câmbio tupiniquim. O regimecambial brasileiro é único no mundo.

A ausência de uma estratégia de atuação conhecida

do Banco Central, a fragmentação do mercado, comburocracia no mercado à vista e eficiência operacionalno mercado futuro, tributação maior de operações dosetor não financeiro do que do financeiro e reservasrígidas, tomam o câmbio volátil e incerto, em vez deflutuante.

As variações da divisa são danosas para o setor detransportes, para a inflação, para o comérciointernacional, para os investimentos externos e para ageração de empregos. De acordo com a TheEconomist, é o segundo país que mais desvalorizouno último ano, só perde para a Argentina, mas é maisvolátil aqui. Haverá avanços com a nova lei cambial,mas é um mudar sem mudar muita coisa. Pode-sefazer mais.

Outra qualidade da política econômica que veio à tona,é que apesar da arrecadação tributária ser superior aum terço do PIB, o espaço para gastos com subsídiosao diesel e com o auxílio emergencial não existe. Éuma dificuldade que pode ser resolvida com ajustesinstitucionais. Mas os que são feitos agravam oproblema. Um exemplo é a emenda do teto dosgastos.

Foi aprovada para melhorar a dinâmica dívida/PIB.Limita o crescimento dos gastos à inflação do anoanterior. A variável importante, que é a relaçãodívida/PIB não entra na regra. Se sobe o PIB arelação cai, se cai a relação aumenta, e a regra é amesma. Apenas se tangencia na solução, em vez deresolver o problema.

A estratégia para o ajuste da dinâmica PIB guardaparalelos com a adotada na Grécia, que está com PIB30% abaixo da crise de 2008 e a dívida pública maiordo que então. A experiência brasileira é melhor; nosúltimos quarenta anos, a relação dívida PIB caiu emquinze anos, em 1990, com "congelamento", em 2003,com arrocho, e em treze anos em que o PIB cresceumais de 3%. Historicamente, trabalhar no denominadorda fração, crescer, é melhor que no numerador,arrochar. O placar é 13 a 2.

Tributar os lucros dos bancos pode parecer popular.Mas é pouco efetivo. O que vai acontecer é que asinstituições financeiras vão recolher o tributo, masquem vai pagar o aumento são os tomadores decrédito, fragilizados com as sequelas da pandemia eque já pagam 6,5% do PIB de juros ao sistemafinanceiro ao que se deve acrescentar o peso dasdívidas que não estão mais no ativo dos bancos, mas

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VALOR ECONÔMICO / SP - OPINIÃO - pág.: A18. Qui, 11 de Março de 2021REFORMA TRIBUTÁRIA

continuam onerando as empresas.

O Brasil está no que é conhecido na literaturaeconômica como o trecho negativo da curva de Lafer.Explica que o excesso de voracidade de arrecadaçãopode resultar em menos arrecadação, em vez de mais.A preocupação deveria aumentar a base de tributaçãoa longo prazo e não cavar um buraco agora, para terque tampar um maior depois.

Outro destaque é o auxílio emergencial. É necessárioe urgente, são 14 milhões de desempregados aos quese devem adicionar 6 milhões de desalentados. Mas éum empurrar com a barriga. Antes da pandemia, já eraum problema, com 12 milhões de desempregados.Com a pandemia, muitos postos de trabalho foramdestruídos.

O problema é estrutural. Políticas para gerar postos detrabalho são necessárias e urgentes. A pandemia vaiacabar e o desemprego vai continuar se nada for feito.Fazendo um paralelo com os caminhoneiros: nosúltimos oito anos, enquanto o número de veículosaumentou 15% o PIB caiu 3%. Nem diesel grátisresolve. A solução definitiva para ambos é outra.

Um aspecto adicional cia política econômica é amiopia. Está focada em respeitar o teto de gastos,obter recursos para o auxílio emergencial e assistir oscaminhoneiros. São importantes. Todavia, atua poucoou nada na variável mais importante para reduzir arelação dívida/PIB, aumentar a demanda de fretes,reduzir o desemprego e elevar o investimento. Écrescer.

Há muito que pode ser feito. Uma medida pode ser aeliminação da correção pela Selic das dívidas fiscais.Note-se que a moeda nacional é o real, as empresas ecidadãos faturam em reais, o governo emite reais acusto zero e é responsável pela manutenção de seuvalor. Se administra mal, passa a conta a quem deveem reais corrigidos pela Selic.

Empresas e cidadãos com dificuldades temporárias decaixa vêm suas dívidas fiscais se multiplicarem e, namaioria dos casos, ficam inadimplentes com o fisco edemais credores. O ajuste proposto daria uma injeçãode recursos e de ânimos na economia sem afetar odéficit primário e a dívida pública bruta.

Uma reforma tributária mais abrangente que a atual,ajustes na política cambial, remoção do entulhoinflacionário da intermediação, uma modernizaçãoinstitucional, melhoria na alocação de gastos fiscais,uma renegociação estruturada de dív idas eadequações na indexação podem fazer muitadiferença. O importante é o foco: fazer o Brasil dofuturo virar o Brasil do presente. Os resultados podem

surpreender os brasileiros e o mundo.

É isso.

R o b e r t o L u i s T r o s t e r é e c o n o m i s t a .r o b e r t o t r o s t e r @ u o l . c o m . b r .

Site: https://valor.globo.com/impresso

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Congresso dos EUA dá aprovação final parapacote de US$ 1,9 trilhão

FOLHA DE S. PAULO / SP - MERCADO - pág.: A20. Qui, 11 de Março de 2021TRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS

Felipe Loureiro, Maria Antonieta Del Tedesco Lins

O Congresso dos Estados Unidos deu a aprovaçãofinal nesta quarta-feira (10) para o abrangente pacotede estímulo do presidente Joe Biden, de quase US$1,9 trilhão.

Por 220 a 211 votos, a Câmara dos Deputadosaprovou a medida e a liberou para a assinatura deBiden, confirmando uma das maiores injeções deajuda federal desde a Grande Depressão. Bidendeverá assinar o projeto de lei nesta sexta-feira (12).Todos os deputados democratas votaram a favor, comexceção de Jared Golden, do Maine.

O plano proporcionará mais uma rodada depagamentos diretos a muitos americanos, umap ro r rogação dos bene f í c i os f ede ra i s aosdesempregados e bilhões de dólares para distribuirvacinas contra o coronavírus e fornecer ajuda aescolas, estados, governos tribais e pequenasempresas que enfrentam dif iculdades com apandemia.

A votação foi o ápice de um rápido movimento deBiden e dos democratas, que agora detêm o controledas duas Casas do Congresso e da Casa Branca,para enfrentar a pandemia e começar a implementarsua agenda econômica mais ampla.

O pacote inclui um conjunto de medidas que poderáreduzir a pobreza em um terço neste ano epotencialmente cortar a pobreza infantil pela metade,incluindo o aumento de créditos fiscais, ajudaalimentar e assistência a aluguéis e hipotecas.

"Com uma canetada, o presidente Biden vai tirarmilhões e milhões de crianças da pobreza neste país",

disse a deputada democrata Rosa De-Lauro, deConneetieut.

"É hora de fazer um investimento ousado na saúde ena segurança da população americana -um momentodivisor de águas."

Enquanto os republicanos afirmavam que o plano, cujocusto final foi estimado em US$ 1,856 trilhão, erainchado e inacessível, as pesquisas indicam que eletem amplo apoio, com a aprovação de 70% dosamericanos, segundo pesquisa do Pew ResearchCenter divulgada nesta quarta.

"Os deputados democratas abandonaram qualquerpretensão de união", disse o deputado KevinMeCarthy, da Califórnia, líder da minoria republicana."Este não é um projeto de lei de resgate, não é umprojeto de lei de alívio. É uma longa lista deprioridades da esquerda que antecede a pandemia."

Biden e os democratas plane j ara m um esforço elabora -do para promovê-lo em todo o país, correndopara reivindicar o crédito pela ajuda ao coronavírus eum conjunto de dispositivos que esperam tornarpermanentes nos próximos anos, e para punirpoliticamente os republicanos por não apoiarem nadadisso.

A aprovação final ocorreu menos de dois mesesdepois que Biden assumiu o cargo e cerca de um anodepois que cidades e estados de todo o paíscomeçaram a fechar as portas para conter adisseminação do coronavírus.

A medida fornecerá US$ 350 bilhões aos governosestaduais, locais e tribais e US$ 10 bilhões paraprojetos críticos de infraestrutura estadual; US$ 14bilhões para a distribuição de vacinas e US$ 130bilhões para escolas primárias e secundárias.

A lei inclui US$ 30 bilhões para órgãos de transportes,US$ 45 bilhões em ajuda para aluguéis, serviçospúblicos e hipotecas, e outros bilhões para pequenasempresas e locais de apresentações ao vivo.

Ela proporcionaria mais uma rodada de pagamentosdiretos aos contribuintes, enviando cheques de atéUS$ 1.400 aos que ganham US$ 80 mil ou menos porano, para pais ou mães solteiros que ganham US$ 120

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FOLHA DE S. PAULO / SP - MERCADO - pág.: A20. Qui, 11 de Março de 2021TRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS

mil ou menos e casais com renda anual familiar inferiora US$160 mil.

Os pagamentos de auxílio-desemprego federal de US$300 por semana serão prorrogados até 6 de setembro,e até US$ 10.200 de auxílio-desemprego do anopassado ficarão isentos de impostos para famíliascom renda infer ior a US$ 150 mil . Tambémproporcionaria um benefício de US$ 300 por criançamenor de 5 anos e US$ 250 por criança de 6 a 17anos, aumentando o valor do chamado crédito fiscalinfantil.

A legislação ainda contém uma expansão substancial,embora temporária, dos subsídios à saúde que podereduzir os pagamentos mensais do seguro aos queadquirirem cobertura pela Lei de Acesso à Saúde. E,durante seis meses cobriria totalmente os custos desaúde do plano Cobra, para pessoas que perderam oemprego ou tiveram horas de trabalho reduzidas e queadquirirem cobertura de seu antigo empregador.

OPINIÃO

Plano é cor reção de rumo para combaterdes igua ldades apro fundadas na pandemia

O Plano de Resgate da Economia dos EUA, aprovadopelo Congresso americano, representará muito maisque um simples resgate econômico. Na realidade,trata-se de uma importante correção de rumo, nosentido de combate à pobreza e às desigualdadessociais aprofundadas pela pandemia.

A perspectiva da volta do crescimento e a questão docombate às desigualdades constituem aspectosentrelaçados no pacote de Biden. Isso porque oprincipal elemento do programa está na transferênciafinanceira direta a famílias de baixa renda, que têmmaior propensão a consumir em comparação a gruposmais afluentes.

O contraste com o programa aprovado pelo governoTrump, em março de 2020, em resposta à crisesanitária -que somou, à época, US$ 2,2 trilhões, quaseUS$ 400 bilhões a mais do que o programa atual-, nãopoderia ser maior.

Enquanto o pacote de Trump destinou grande parcelade recursos a empresas, muitas das quais grandescorporações que não precisavam de ajuda, o pacotede Biden fará o inverso: concederá ajuda limitada àclasse empresarial, com exceção de restaurantes ecasas artísticas -dois dos setores que mais sofremcom a pandemia-, concentrando recursos em formatode auxílio financeiro direto a famílias de classesmédias e baixa.

É verdade que o aumento da renda das famílias maispobres impulsionado pelo pacote só será traduzidomajoritariamente em consumo se a pandemia forvencida nos próximos meses.

Os dois elementos estão profundamente interligados:quanto mais o viras estiver sob controle, mais aeconomia reabrirá; quanto mais a economia reabrir,mais o incremento de renda proveniente do programatenderá a se r gasto e m consumo, no tadamente emserviços, muitos dos quais dependem da presençafísica dos consumidores para serem comercializados.

O programa de Biden assume como pressuposto essaconexão entre economia e saúde pública, tanto é quemais de US$ 100 bilhões serão destinados a vacinas etestes. Isso tenderá a aumentar ainda mais o ritmo devacinação, já acelerado (2 milhões de doses por dia,em média), abrindo reais perspectivas de controle dapandemia para os próximos meses, salvo um cenáriode descontrole provocado por variantes do vírus.

Não à toa, dado o potencial círculo virtuoso entreaumento da renda dos mais pobres, reabertura daeconomia e controle do vírus, estima-se que ocrescimento econômico norte-americano mais do quedobrará em 2021, superando p at amares que não vis -tos há décadas, e alçando os Estados Unidos ao postode uma das principais locomotivas do crescimentoglobal pós-Covid, ao lado da China.

A questão do tratamento conjunto entre crescimento edesigualdade também aparece no plano de Biden emoutros aspectos essenciais: da concessão designificativo aumento nos subsídios tributários afamílias mais pobres em proporção ao número defilhos -o que reduzirá drasticamente a pobreza infantilem 2021- à ampliação de subsídios para que gruposde classes baixa e media possam contratar seguros desaúde privados no âmbito do Obamacare.

Tudo somado, não há dúvida de que o pacote agoraaprovado representa uma grande vi tór ia daadministração Biden, lançando boas perspectivas paraque os democratas não só consolidem o apoio junto aminorias negras e latinas como também reconquistemparte da base de trabalhadores brancos sem ensinosuperior que migrou para o trumpismo.

A grande questão é saber se Biden estará disposto a iralém do temporário, liderando mudanças estruturaisque viabilizem redução de desigualdades a longoprazo.

Para tal, será necessário adotar posturas ainda maisduras diante dos republicanos, deixando de lado atradição legislativa da necessidade de mínimo apoiobipartidário para aprovação de leis não orçamentárias

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FOLHA DE S. PAULO / SP - MERCADO - pág.: A20. Qui, 11 de Março de 2021TRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS

no Senado. Sem isso, os importantes efeitos dopacote econômico ficarão restritos aos primeiros doisanos de governo.

Felipe Loureiro é professor e coordenador do curso deRelações Internacionais da USP

OPINIÃO

Ação de países ricos revela como nossa caixinha deferramentas é enferrujada

A apreciação, pelo Congresso dos EUA, de um planode recuperação de US$ 1,9 trilhão diante da pandemiaé mais uma oportunidade para refletir sobre o quãodesigual é a caixinha de ferramentas de que dispõecada um dos países do mundo para enfrentar umacrise de amplitude fenomenal que afeta a todos.

Para a maior economia do mundo -nação que emite amoeda aceita em todo tipo de transação e cujo títulode dívida pública é a referência de investimento semriscos-, a implementação de um pacote de estímuloseconômicos só pode encontrar resistências na frentepolítica, dada a sua enorme (ilimitada, diriam alguns?)capacidade de aumentar gastos.

É difícil pensar em outro país que possua tamanhamargem de ação. Sim, a China seria um possívelexemplo, mas em circunstâncias muito distintas.

Há ainda a União Europeia, que, em menor escala eenfrentando uma enorme complexidade institucional,também aprovou um plano de recuperação imponente,totalizando 1,8 trilhão para seus 27 membros. Ele sedistingue do pacote aprovado pelos parlamentaresestadunidenses por ter um horizonte de tempo maislongo, priorizando investimentos em atividades digitaise mais verdes.

O plano de recuperação proposto por Biden écomposto por iniciativas de curto prazo.

Entre os grandes blocos de medidas, estão:transferência de recursos diretamente a indivíduos emsituação de vulnerabilidade (isso inclui, além de um"cheque de estímulo", benefícios a desempregados ecrédito fiscal a famílias com crianças); aumento dosalário mínimo; dinheiro para elevar a testagem contraa Covid e fomentar o processo de vacinação, além deum tipo de complementação do Obamacare, comampliação dos subsídios para acesso a planos desaúde para famílias de renda baixa e média.

Somando, dá US$ 1,9 trilhão, cujo ingresso naeconomia deve acontecer rapidamente. O apoio aoscidadãos para aderir a planos de saúde tem umhorizonte de dois anos, enquanto as transferências de

renda devem ir até setembro. Os impactos diretosdessa política são, evidentemente, sobre a economiadoméstica via consumo e gastos de empresas quedeixarão de quebrar.

Só que, como bem sabemos há bastante tempo,sempre que a economia dos EUA se mexe na piscinaglobal, espalha água para todo lado. Desta veztambém podemos esperar transbordamentos, osfamosos "spillovers", tão familiares aos economistas.

Americanos gastando a renda adicional significa maiordemanda por exportações do resto do mundo, isso ésimples e positivo, a priori.

Também já se discute que, pelo lado monetário, a forteexpansão econômica projetada, dado 0 papel do dólarcomo moeda de reserva internacional, deve levar osdemais países a rever suas políticas monetárias ecambiais. Isso porque essa política deve elevar ainflação por lá e depreciar o dólar nos mercados. Ocrescimento rápido pode também trazer mais liquidezaos mercados financeiros e, consequentemente,mudanças de posição de invest idores, maisvolat i l idade.

Tal cenário permite prever rodadas de afrouxamentode política monetária em países industrializados, porvezes acompanhadas de aumento de incerteza. Osamericanos crescendo forte, a Europa evitando oaprofundamento da crise e projetando investimentosde longo prazo, a governança econômica da Chinafacultando a seus dirigentes diferentes políticas...

Resta saber que margem de manobra têm osemergentes e, ainda mais grave, os menosdesenvolvidos para se reorganizar durante a pandemia-que claramente terá maior duração em países como oBrasil, sem resposta política organizada e comvacinação lenta- e depois dela.

Para nós, os tempos não são só de incerteza, sãoterrivelmente sombrios. Não bastassem os muitosproblemas que enfrentamos, haveremos de driblar asmudanças na economia global, sendo que em nossaca ix inha fa l tam fer ramentas ou e las estãoenfer ru jadas.

Maria Antonieta Del Tedesco Lins Economista, éprofessora associada do Instituto de Relaçõesinternacionais da USP

Site: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/

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FOLHA DE S. PAULO / SP - MERCADO - pág.: A20. Qui, 11 de Março de 2021TRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS

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Vacinar para crescer (3)

O ESTADO DE S. PAULO - NOTAS E INFORMAÇÕES - pág.: A03. Qui, 11 de Março de 2021TRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS

Apressar a vacinação em todo o mundo, medida"fundamental" para uma recuperação segura esustentável, é a primeira recomendação da OCDE, aOrganização para Cooperação Econômica eDesenvolvimento, em seu novo relatório sobre asperspectivas globais. "A velocidade é crucial", disse osecretário- geral da entidade, Angel Gurría. "Não hámargem para autocomplacência", acrescentou.

Para isso será necessário, segundo ele, melhorar acooperação e a coordenação internacionais.

A projeção de crescimento mundial em 2021 foielevada de 4,2%, número divulgado em dezembro,para 5,6%. O avanço calculado para o Brasil passoude 2,6% para 3,7%. É uma estimativa mais otimistaque a do mercado brasileiro: 3,26%, de acordo com apesquisa Focus divulgada pelo Banco Central (BC) nasegunda-feira passada.

Houve acentuada melhora das perspectivas globaisnos últimos meses, segundo o relatório.

A mudança é atribuída à distribuição gradual devacinas, ao anúncio de novas medidas fiscais de apoioeconômico e a sinais de maior sucesso nas açõescontra o vírus. O estímulo fiscal de US$ 1,9 trilhãoprogramado nos Estados Unidos dará um forteimpulso adicional à economia americana, comcrescimento agora estimado em 6,5%, e deverátambém proporcionar benefícios a seus principaisparceiros comerciais.

Restrições sanitárias são tratadas, no relatório, comopolíticas normais, ajustáveis de acordo com o avançono controle da pandemia. Por isso, os países commaior sucesso no combate ao coronavírus poderãocolher resultados econômicos mais rapidamente. Emnenhum momento se defende o afrouxamento demedidas preventivas para apressar a liberação dasatividades econômicas.

Os economistas da OCDE, assim como seus colegasde outras instituições multilaterais e dos governosmais bem-sucedidos, ficam longe das políticasdefendidas pelo presidente Jair Bolsonaro e por seusseguidores mais irresponsáveis.

A retomada global, depois do impacto causado em2020 pela covid-19, foi mais rápida do que se previa.Até o meio deste ano a produção mundial deverá,segundo o relatório, voltar ao nível pré-pandemia.

Pelas contas da OCDE, o Produto Mundial diminuiu3,4% no ano passado. O ritmo de expansão previstopara 2021 (5,6%) deve recompor com alguma folgaaquela perda. Esse resultado geral deverá sergarantido pelo desempenho de alguns países, comoChina, Índia, Estados Unidos, Coreia, Japão eIndonésia. Não será o caso dos países da zona doeuro nem do Brasil.

A OCDE manteve, no caso brasileiro, uma estimativade perda econômica de 4,4% em 2020. Mas o recuofoi de 4,1%, segundo o Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE).

Mesmo com esse recuo, no entanto, será impossível oretorno, em 2021, ao patamar pré-crise, se o PIBbrasileiro crescer de acordo com as projeçõescorrentes. Com o resultado de 2020, o País saiu dogrupo das dez maiores economias.

Com a recuperação lenta, a defasagem será maior emrelação aos países menos emperrados.

Para prolongar e fortalecer a recuperação global, serápreciso, segundo a OCDE, manter políticas monetáriasestimulantes, com juros baixos e crédito fácil, eprolongar, ou retomar, os incentivos fiscais, commaiores gastos públicos, linhas de auxílio emergenciale/ou redução da cobrança de tributos. As políticasdependerão, naturalmente, das condições de cadapaís - do espaço disponível em suas contas públicas,de seu endividamento, etc. Estímulos com foco maisdefinido são recomendados para maior eficiência daspolíticas.

Recuperação desigual entre setores, insegurançaquanto à evolução da pandemia e surgimento depressões inflacionárias são alguns dos problemasdestacados no relatório. Todos esses problemas,pode-se acrescentar, são visíveis no Brasil. Sementrar nesse detalhe, o relatório fica longe, também,de outras particularidades brasileiras, como a lentidãoda política econômica, o desprezo do presidente àprevenção sanitária, a prioridade por ele atribuída aseu interesse eleitoral e seu desprezo à vida dosbrasileiros.

Site: http://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo

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EUA desistem de sobretaxar alumínio

O ESTADO DE S. PAULO - ECONOMIA E NEGÓCIOS - pág.: B08. Qui, 11 de Março de 2021TRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS

Lorenna Rodrigues

Os Estados Unidos encerraram investigação desubsídios sobre exportações brasileiras de chapas deliga de alumínio sem imposição de sobretaxas aoproduto nacional, informaram, em nota conjunta, osMinistérios das Relações Exteriores e da Economia.

Ainda está em curso investigação dos EUA sobredumping (prática comercial que consiste em venderprodutos a preços menores que os custos paraeliminar concorrentes) no mesmo caso.

"(O governo brasileiro) recebeu com satisfação oencerramento da investigação sobre subsídios emedidas compensatórias, que foi concluído sem aimposição de sobretaxas ao produto nacional. Ogoverno brasileiro continuará acompanhando ainvestigação antidumping, ainda em curso, sobre omesmo produto. A autoridade americana considerouter havido dumping nas exportações brasileiras, masdeve concluir análise de dano para que se determine aeventual aplicação de medidas", diz a nota.

Em 2019, os EUA compraram US$ 104 milhões dechapas de alumínio brasileiras, 40% do total exportadopelo País. Durante o governo Donald Trump foramadotadas medidas contra o alumínio e o aço brasileiro,em uma escalada protecionista da administraçãoamericana. Com a eleição de Joe Biden, háexpectativa nos dois setores de reversão dessasmedidas e de um menor protecionismo pelo paísnorte-americano.

De acordo com o Itamaraty, a investigação no setor dealumínio examinou 23 programas governamentais

brasileiros, como o programa de Financiamento deMáquinas e Equipamentos do Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social (Finame), oprograma de drawback, que devolve ao exportadortributos sobre a produção vendida ao exterior, e aisenção de PIS/Cofins. A conclusão é que osprogramas não configuram subsídios.

"Os resultados contribuirão também para fortalecerainda mais as relações econômico-comerciais entreBrasil e EUA", completa a nota.

A Associação Brasi le i ra do Alumínio (Abal)comemorou a decisão do governo norte-americano.

"O resultado favorável ao nosso pleito fortalece arelação das empresas brasileiras do alumínio com ummercado e um parceiro comercial estratégico", disse aassociação, em nota.

Site: http://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo

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Os Estados Unidos voltam a sonhar - GUGACHACRA

O GLOBO / RJ - MUNDO - pág.: 20. Qui, 11 de Março de 2021TRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS

GUGA CHACRA

Enquanto o Brasil vive o seu pior pesadelo napandemia, com o número de mortes ultrapassando amarca de 2 mil ontem, os EUA começam a sonhar. Avacinação avança, e a previsão de 100 milhões dedoses aplicadas nos 100 primeiros dias de governoBiden será alcançada na metade do tempo. Até overão no Hemisfério Norte, entre junho e agosto,quase toda a população adulta americana estarávacinada. A economia também dá sinais derecuperação, e este ano deve quebrar o recorde decrescimento do PIB em décadas com o ambiciosoplano de estímulo do governo democrata.

A atmosfera j á mudou aqui em Nova York. Não é aNova Zelândia, mas há um horizonte claro no fim dotúnel. O inverno fica para trás, e entramos napr imavera com a expectat iva de derrotar ocoronavírus. Casos, mortes e hospitalizações porCovid-19 diminuem todos os dias. Milhões sãovacinados diariamente.

Na economia, o programa de estímulo de Joe Bidencustará menos do que a Guerra do Iraque custou nogoverno de George W. Bush (2001-2009). Mas, emvez de gastar em bombas em um conflito provocadocom base em informações falsas, o atual governousará os US$ 1,9 trilhão para superar a criseeconômica causada pela pandemia da Covid-19.Finalmente, um presidente colocou "America First", ou"Estados Unidos em primeiro lugar".

Por ser residente fiscal dos EUA e ter dois filhos, tereidireito a US$ 7.200 de crédito fiscal. São US$ 3.600para cada criança com menos de 5 anos (meu caso) eUS$ 3 mil para cada filho abaixo dos 17 anos. Comoeu, dezenas de milhões de pais e mães serãobeneficiados no país. Quem recebe até US$ 75 mil (ouUS$ 150 mil para casais) anuais terá uma ajudaadicional de US$ 1.400, que se somam a outros US$600 aprovados ainda no governo Trump. Um total deUS$2 mil.

Obviamente, difícil imaginar um americano da classemédia que não esteja feliz com o plano, aprovadoontem na Câmara, que prevê ainda ajuda na área dasaúde, um suplemento de US$ 300 semanais deauxílio desemprego, além de financiamento parapequenos e médios negócios e governos municipais e

estaduais. De acordo com pesquisa da Pew Research,70% dos americanos aprovam o programa deestímulo. Mesmo entre os republicanos, o apoio é de41%. Algo quase impensável nos EUA polarizados dehoje.

O argumento de que "elevará a dívida pública"levantado por republicanos até é real. Ao mesmotempo, a dívida pública americana cresceu mais deUS$ 6 trilhões no governo Trump. O ex-presidentenunca foi um conservador fiscal. Reduziu os impostosao mesmo tempo em que elevou os gastos. Longe deter sido um entusiasta de um Estado mínimo. Alémdisso, o Partido Republicano nunca ligou se trilhõessão gastos em guerras. Por que não gastar na guerracontra a Covid-19? Em vez de destruir o Iraque ou aLíbia, é melhor reconstruir os EUA.

Acreditem, dá para sonhar quando uma pessoa normalque acredita na ciência está no poder como Biden nosEUA. Não interessa se é mais à esquerda, comoJacinda Ardern, na Nova Zelândia, ou à direita, comoBenjamin Netanyahu em Israel. O importante é não sernegacionista, os responsáveis pelos pesadelos nestapandemia.

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Biden agora mira pacote trilionário deinfraestrutura

VALOR ECONÔMICO / SP - INTERNACIONAL - pág.: A16. Qui, 11 de Março de 2021TRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS

Courtney Weaver

Com a aprovação ontem do projeto de lei de Joe Bidencom estímulos econômicos de US$ 1,9 trilhão, opresidente americano e seus aliados se voltam parasua próxima grande iniciativa parlamentar: um pacotede infraestrutura de vários trilhões de dólares.

Alguns democratas têm a esperança de que umpacote cie infraestrutura cie grande abrangência possaganhar apoio bipartidário, ao contrário do que se viuno pacote de estímulos, aprovado sem um único votorepublicano.

Mas o governo poderá encontrar dificuldade paraelaborar um projeto que seduza republicanos com arenovação de pontes, estradas e redes de banda largae, ao mesmo tempo, atenda às ambições de Biden deenergia limpa e igualdade racial.

"Ele [Biden] quer se mexer o mais rápido possível"disse o democrata Peter DeFazio, presidente daComissão de Transportes e Infraestrutura da Câmarados Representantes, após encontro na Casa Branca,na semana passada. "Ele quer que seja muito grandee sente que isso é essencial para o pacote derecuperação."

DeFazio sinalizou que o Congresso poderia aprovar oprojeto de lei de infraestrutura por meio de umprocesso conhecido como "reconciliação", a mesmamanobra usada para levar adiante o projeto deestímulos no Senado sem nenhum apoio republicano.

Um amplo pacote de infraestrutura incluiria bilhões dedólares para renovar estradas, pontes e redes de águae esgoto, assim como para expandir redes de bandalarga a áreas rurais.

Na semana passada, a Sociedade Civil Americana deEngenheiros deu uma nota "C menos" para ainfraestrutura dos EUA c disse que o país precisagastar US$ 2,8 trilhões nos próximos dez anos paraatualizar suas estradas e ferrovias.

Embora alguns projetos tenham potencial para ganharapoio republicano, Biden também quer usar o pacotepara cumprir a meta do governo de eliminar asemissões de carbono do setor elétrico até 2035, o queserá mais difícil de atrair apoio da oposição.

Expandir a construção de moradias sustentáveis e oacesso a transporte público para melhorar a igualdaderacial são pontos que também poderíam serimpopulares para alguns republicanos.

Os gastos em infraestrutura - e os empregos criadospor projetos de alto orçamento - gozam de alto apoiopúblico, e alguns republicanos têm indicado queaprovariam um projeto de lei mais específico, cujo focofossem estradas e redes de banda larga.

Mas esse apoio é comedido, já que eles também têmexpressado preocupações sobre como o pacote seriacusteado. Na campanha , Biden indicou que poderiafinanciá-lo com o aumento de impostos sobreempresas e os mais ricos, mas alguns em seu entornodizem que ampliar o déficit permitiria ao governoavançar mais rápido.

Bill Galston, pesquisador sênior no centro cie estudosBrookings Institution, que foi auxiliar de política internado presidente Bill Clinton, disse que o governo Bidendeveria considerar desmembrar o pacote deinfraestrutura em uma série de projetos de leimenores, incluindo um dedicado unicamente aoacesso universal à banda larga, que tem apoiobipartidário.

Ele acredita que a experiência de ter levado a cabo ogrande pacote de estímulos de US$ 1,9 trilhão semapoio republicano poderia dar a alguns democratas aconf iança de usar a mesma cart i lha para ainfraestrutura.

Galston disse que eles poderiam achar que, "sepensaram grande uma vez, podem fazê-lo de novo - ese tiverem que fazê-lo apenas com democratas, eles ofarão". Mas advertiu que eles "provavelmentedeveriam pensar duas vezes" a esse respeito.

Democratas progressistas discordam e argumentamque o governo Biden seria ingênuo se estreitasse oalcance de suas ambições na infraestrutura, emespecial as ligadas à igualdade racial e às mudançasclimáticas.

Kevin DeGood, diretor de políticas de infraestrutura noliberal Center for American Progress, disse que osdemocratas aprenderam duas lições importantes na

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VALOR ECONÔMICO / SP - INTERNACIONAL - pág.: A16. Qui, 11 de Março de 2021TRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS

Presidência de Barack Obama.

A primeira é que o pacote de estímulos de Obama em2009 foi demasiado pequeno, o que serviu decatalisador para, desta vez, aprovarem um bem maior,de US$ 1,9 trilhão. A segunda é que não podem sepermitir ficar esperando enquanto tentam conseguir oselusivos votos republicanos no Senado.

"Você não pode [...] correr indefinidamente atrás dessacenoura do bipartidarismo pendurada [à frente], seisso significar que vão se passar seis meses, ou umano, ou um ano e meio, e que ainda assim o acordoacabará se desintegrando."

Análise

Plano americano mostra novo caminho para retomada

Para a década que se seguiu à crise financeira de2008/2009, muitos analistas apontavam que a políticamonetária se tornara a "única via possível". Com osgovernos preocupados em reparar seus balançospatrimoniais enquanto as receitas de impostosdesabavam depois da crise, sobrou para os bancoscentrais a tarefa de tentar estimular a economia pormeio de d inhe i ro bara to e programas nãoconvencionais de compra de ativos. O gigantescopacote de estímulo aprovado nos EUA porá fim a esseregime. O alcance da mudança se estenderá paramuito além das fronteiras dos EUA.

As ú l t imas prev isões da Organização paraCooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)são de que o programa de gastos do governo dopresidente Joe Biden - que equivale a 8,5% cia rendanacional dos EUA-Juntamente com a rápidaimplementação dos planos de vacinação, elevará arenda mundial em 1 % neste ano.

A organização estima que o PIB global se expandiráem 5,6% neste ano. A previsão anterior, de dezembro,apontava alta de 4,2%.

Uma economia em expansão nos EUA significa que ademanda vai "se espalhar" para o resto do mundo,especialmente para seus vizinhos mais próximos(México e Canadá), assim como para as economiasvoltadas para a exportação no leste cia Ásia e naEuropa.

Para as economias avançadas, as implicações de umcrescimento mais rápido nos EUA são quaseinteiramente positivas - ao aumentar o potencial deexportações e encorajar o sentimento de "disposiçãoao risco" que impulsiona o investimento.

No entanto, um superaquecimento dos EUA - se a

demanda maior por bens e serviços levar a restriçõesde capacidade e a uma inflação mais alta - poderiaprecipitar a elevação das taxas de juro em todo omundo. Investidores apostam que o Fed (BCamericano) ou será obrigado a aumentar as taxas dejuro para deter a pressão inflacionária ou se sentirá àvontade para remover estímulos quando a economiaretornar a algo próximo do pleno emprego.

Os membros do conselho do Banco Central Europeujá estão preocupados com a possibilidade de que issopossa elevar o custo do crédito - o que reduziria aeficácia de suas iniciativas de estímulo em uma regiãoonde a política monetária continua a ser de longe amaior forma de estímulo.

Países mais pobres que enfrentam problemas paratomar crédito nas próprias moedas terão maisdificuldades para se ajustar. O aumento dos jurosreverterá alguns dos fluxos de capital que têmfinanciado economias frágeis.

Cargas mais altas da dívida do setor público significamque para muitos países pobres o aumento das taxasse fará sentir tanto por déficits governamentais quantoem conta corrente. O aumento dos preços dascommodities-empurrado pelas iniciativas de estímulosda China e dos EUA - ajudará os exportadores, masserá um problema a mais para os importadores.

Em última análise, porém, a combinação de políticas éum avanço com relação à dependência da políticamonetária do período pós-2008. Se a OCDE estivercerta sobre o impacto do programa de estímulo deBiden - e há boas razões para pensar que está -, umaeconomia americana mais forte ajudará a impulsionara recuperação mundial. Isso seria ainda melhor se omundo não tivesse mais que depender de apenas umafonte de estímulo e outros países ricos fossemigualmente ambiciosos.

Site: https://valor.globo.com/impresso

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União indica mais dois nomes para Petrobras

VALOR ECONÔMICO / SP - EMPRESAS - pág.: B03. Qui, 11 de Março de 2021TRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS

André Ramalho e Gabriela Ruddy Do Rio

O governo apresentou, ontem, mais duas indicaçõespara o conselho de administração da Petrobras. Aengenheira Cynthia Silveira, oriunda da indústria deóleo e gás, e a advogada Ana Silvia Corso Matte, comexperiência em conselhos de empresas do setorelétrico, completam a lista dos oito nomes quecompõem a chapa de indicações da União para aeleição do colegiado na assembleia geral que seráconvocada, possivelmente para abril, com o objetivode eleger o general da reserva Joaquim Silva e Lunacomo conselheiro - uma condição necessária para queo diretor de Itaipu Binacional seja efetivado napresidência da estatal.

O currículo dos candidatos indicados pela Uniãosinaliza para uma possível mudança no perfil dacomposição do conselho de ad ministração, por meiodo aumento da presença de pessoas com experiênciana indústria de óleo e gás. Se todos os nomesapresentados pelo governo forem de fato eleitos, ocolegiado poderá ter quatro membros oriundos dosetor petrolífero - o equivalente a praticamente umterço do total.

Hoje, o conselho é composto por onze integrantes, deperfis variados, e só um membro vêm da indústria: ageofísica Rosângela Buzanelli, funcionária de carreirada Petrobras e representante dos empregados -embora outros nomes tenham experiência na área,como Ornar Carneiro da Cunha Sobrinho, ex-presidente da Shell Brasil.

Na eleição para o conselho da estatal, oito das onzecadeiras estarão em jogo na assembleia de acionistas,depois que o governo pediu a troca no comando daempresa. Isso porque Roberto Castello Branco foi umdos conselheiros eleitos em 2020, ao lado de outrossete nomes, pelo voto múltiplo-ferramenta prevista naLei das S.A. que permite distribuir os votos emassembleia por "cabeça" (candidatos). Pelas regras, asaída de qualquer membro eleito por esse mecanismoimplica em nova eleição para escolha de todos ostitulares das cadeiras que haviam sido definidas pelovoto múltiplo.

Dentre as oito indicações da União, três tem origem naindústria de óleo e gás. Murilo Marroquim, geólogo, ex-funcionário da Petrobras e ex-presidente da DevonEnergy do Brasil; e Márcio Weber, engenheiro, ex-Petrobras, ex-diretor da Petroserv e ex-presidente daBOS Navegação, são da cadeia fornecedora da

indústria de óleo e gás. E Cynthia Silveira, engenheira,foi diretora da francesa Total e do Instituto Brasileirode Petró leo ( IBP), a lém de conselhei ra daTranspor tadora Associada de Gás (TAG) eTransportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil(TBG). Se eleitos, o número de membros oriundos daindústria de óleo e gás, no conselho da Petrobras,pode subir para quatro - considerando Rosângela, cujomandato está garantido até 2022.

Os nomes sugeridos pelo governo podem não sertodos eleitos, uma vez que acionistas minoritários compelo menos 5% do capital da empresa podem solicitareleição por voto múltiplo. Quando esse mecanismo éacionado, novos candidatos podem ser sugeridos emalternativa à chapa apresenta da pelo governo. OBanco Clássico já indicou o nome de LeonardoAntonelli para a disputa, caso o voto múltiplo sejaacionado.

A chapa apresentada pela União é composta, além dotrio Marroquim, Weber e Cynthia, por mais cinconomes: Ruy Schneider e o almirante Eduardo Bacellar,que concorrem à reeleição; o general Silva e Luna,indicado pelo governo para assumir a presidência daestatal; Sonia Villalobos, oriunda do mercado decapitais e que foi conselheira da estatal entre 2018 e2020, eleita por minoritários; e Ana Matte, advogadacom passagens como diretora de Recursos Humanosno Jornal do Brasil, CSN, Sendas e Telsul e que foiconselheira na Cemige Renova Energia.

O analista da Ativa Investimentos Ilan Arbetmancomenta que, apesar de haver uma clara tendência debusca da União por nomes com experiênciaoperacional no setor de energia, ainda é cedo paraapontar qual direção a petroleira vai seguir. "Vai haveruma boa oxigenação no quadro de conselheiros, éuma mudança grande em cargos de peso, masprecisamos ver qual vai ser a filosofia de trabalhodesse pessoal", comenta.

Segundo uma fonte próxima à Petrobras, o aumentodos riscos associados à interferência do governo naempresa pode ter dificultado a atração de conselheirosoriundos do mercado de capitais e de governançacorporativa, o que ajuda a explicar a presença denomes mais técnicos da indústria.

Na outra direção, estão de saída do conselho daPetrobras João Cox Neto, Nivio Ziviani, Paulo Césarde Souza e Silva e Ornar da Cunha Sobrinho, quedecidiram não ser reconduzidos, segundo fontes, em

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VALOR ECONÔMICO / SP - EMPRESAS - pág.: B03. Qui, 11 de Março de 2021TRIBUTOS - CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS

meio ao aumento dos riscos associados à intervençãodo governo na empresa.

- Se todos os indicados da União forem eleitos,conselho pode ter quatro oriundos da indústria de óleoe gás

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BR vai elevar alavancagem para sustentar aquisições

De olho no movimento de transição energética parauma economia de baixo carbono, a BR Distribuidoraplaneja se posicionar ativamente no mercado embusca de oportunidades de aquisições em novosnegócios e, assim, reduzir a dependência da rede depostos de combustíveis. A companhia concluiu emfevereiro a compra da Targus, uma comercializadorade energia elétrica, mas mantém "várias frentesparalelas" de negociações no setor de energia, disseontem o diretor financeiro, André Natal. Para financiaros novos negócios, a empresa sinalizou que pretendese alavancar.

A BR fechou 2020 com uma alavancagem, medidapela relação entre dívida líquida e Ebitda (lucros antesde juros, impostos, depreciação e amortização) de1,2 vez e vê espaço para assumir mais dívidas parasustentar o reposicionamento estratégico. Adistribuidora decidiu aumentar o teto da meta dealavancagem para até 2,5 vezes, ante a faixa de 1 veza 1,5 vez com a qual a companhia vinha operandodesde que foi privatizada, em 2019.

Natal afirmou que a companhia participa, nestemomento, de "várias frentes" de oportunidades decrescimento. "Continuamos muito ativos na ponta de MA [fusões e aquisições]. Tem muita coisa acontecendoe estamos muito atentos, participando de várias coisas[oportunidades] paralelas", disse o executivo, duranteteleconferência com analistas e investidores.

Questionado se a BR está disposta a investir emaquisições de ativos grandes, Natal respondeu que aempresa "não tem preferência por tamanho"."Queremos que sejam negócios que realmenteacreditamos que tenham potencial de geração devalor, a preços interessantes de entrada e ondeentendemos ter vantagens competitivas sustentáveis",disse. "Não temos uma preferência particular portamanho. O portfólio que olhamos hoje tem das duascoisas [ativos menores e maiores]", acrescentou.

A definição dos rumos futuros da BR caberá ao novopresidente da companhia, Wilson Ferreira Júnior. Oatual presidente da Eletrobras toma posse na BRainda neste mês. Enquanto isso, a distribuidora éliderada interinamente pelo diretor de Operações e

Logística, Marcelo Bragança, com apoio de um comitêde transição composto por quatro membros doconselho de administração: Mateus Bandeira, CarolinaLacerda, Ricardo Maia e Alex Carneiro.

Ainda sob a gestão do ex-presidente Rafael Grisolia, aBR fez os primeiros movimentos de reposicionamentono ano passado, ao adquirir 70% da Targus e criaruma comercializadora de gás natural. Parte dosinvestidores vinha cobrando uma estratégia mais clarae agressiva da companhia para o futuro, uma vez quea BR é uma distribuidora com forte geração de caixa e,portanto, capitalizada.

Atualmente, os negócios da BR a inda sãodependentes da rede de postos - responsável por 62%das receitas líquidas. A empresa vê oportunidades naabertura do mercado brasileiro de gás natural e templanos de entrar na comercialização de etanol. Outraaposta para reduzir a dependência das energiasfósseis está na expansão da rede de lojas deconveniência. Em fevereiro, a empresa anunciou acriação de uma joint venture com a Lojas Americanasque prevê a integração das 1.255 lojas das marcas BRMania e Local em uma nova sociedade, cujo capitalserá dividido em partes iguais entre as duas.

Natal disse que a ideia da em presa é equilibrar aestratégia de alocação de capital entre compras deativos e, eventualmente, distribuições adicionais dedividendos. "O que gostaríamos muito de conseguirfazer é ter um balanceamento de alocaçãointeressante em oportunidades orgânicas einorgânicas, complementadas com distribuiçõesadicionais de dividendos sempre que isso fizersentido", completou o executivo.

Segundo o diretor financeiro, a revisão da meta dealavancagem é fruto da queda dos custos decaptação, associada em parte ao corte das taxas dejuros e em parte à melhora da percepção do mercadosobre a resiliência e margens da empresa. (AR)

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Caminho aberto para agenda social

CORREIO BRAZILIENSE / DF - MUNDO - pág.: A16. Qui, 11 de Março de 2021ECONOMIA

Numa importante vitória para o início de seu mandatopresidencial, o democrata Joe Biden conseguiu aaprovação, ontem, na Câmara de Representantes, aaprovação do gigantesco plano de estímulo de US$1,9 trilhão (em torno de R$ 11 trilhões), com o qualpretende contornar a crise econômica e socialprovocada pela covid. "Esta lei trata de dar à espinhadorsal desta nação - os trabalhadores essenciais, opovo trabalhador que construiu este país, as pessoasque mantêm o país funcionando - uma chance delutar", celebrou, em nota, o presidente, que esperasancionar o pacote amanhã.

O plano foi aprovado sem nenhum voto republicano naCâmara baixa, onde os democratas têm maioria. Osadversários políticos de Biden são contrários aoprograma de alívio devido ao seu custo alto, que,segundo eles, aumentará o deficit fiscal e a dívida paraas futuras gerações.

A nova lei inclui o pagamento de US$ 1,4 mil (poucomais de R$ 7,9 mil) em ajudas diretas através decheques para as famílias com renda menor e aextensão da duração do seguro-desemprego atésetembro para muitos trabalhadores que iriam perderseus benefícios este mês.

Além de injetar dinheiro na economia e incentivar oconsumo - que é o motor do PIB americano -, o pacotetem um caráter social marcante, que inclui auxíliospara melhorar o acesso às creches para os maispobres e fundos de auxílio-moradia para salvar osinquilinos dos despejos.

De acordo com a Casa Branca, a legislação "histórica"pode criar até 7 milhões de novos empregos este anoe vai ajudar a salvar vidas e também a reduzir apobreza infantil.

Um ano depois do surgimento da pandemia, queprovocou uma grave crise econômica que deixoumilhões de desempregados, o projeto tambémcontempla fundos para a vacinação.

"É a lei mais importante votada pelo Congresso emvárias décadas para ajudar os trabalhadores",celebrou o senador progressista Bernie Sanders, quedisputou as primárias democratas do ano passado."Finalmente, nosso governo responde ao sofrimentoda classe trabalhadora", acrescentou o parlamentarindependente.

Colapso No ano passado, com a pandemia docoronavírus, a economia americana sofreu um colapsocom uma contração de 3,5% do PIB, uma crise semprecedentes desde 1946. Segundo o Escritório deOrçamento do Congresso (CBO), o mercado detrabalho voltará ao seu nível anterior à pandemiaapenas em 2024, se nenhuma medida de estímulo foraplicada.

"Este é um momento crítico na história de nosso país",disse a presidente democrata da Câmara, NancyPelosi, antes da votação. "A ajuda está a caminho",acrescentou ela, enquanto a Câmara começava avotar. A Casa Branca espera que a legislação sejaenviada ao presidente ainda hoje para promulgaçãoamanhã.

Para os republicanos, o pacote, na verdade, poderácomprometer ainda mais a situação do país. "Isso nãoé uma lei de resgate, não é uma lei de alívio", afirmouo líder da minoria da Câmra, Kevin McCarthy. "É umalonga lista de prioridades de esquerda que antecede apandemia e que não satisfaz as necessidades dasfamíl ias americanas", acrescentou. Para seucorreligionário Tom McClintock, trata-se da lei mais de"esquerda" já votada pelo Congresso dos EstadosUnidos.

» Procurador-geral é confirmadoO Senado confirmou,ontem, o veterano magistrado Merrick Garland comoprocurador-geral do governo Joe Biden. Há quatroanos, ele foi vetado pela Câmara Alta como juiz daSuprema Corte americana. O nome de Garland, 68anos, recebeu os votos de 70 senadores - 30 seopuseram ao candidato da Casa Branca para assumiro Departamento de Justiça. Entre os 20 republicanosque votaram a favor da estava Mitch McConnell, que,em 2016, como líder da bancada da maioria, bloqueoua indicação feita pelo presidente democrata BarackObama para colocar Garland na Suprema Corte.

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O Brasil caminha para a estagflação? -SOLANGE SROUR

FOLHA DE S. PAULO / SP - MERCADO - pág.: A22. Qui, 11 de Março de 2021ECONOMIA

Solange Srour

A combinação de estagnação econômica, desempregoelevado e inflação alta não é usual. A inflação é umfenômeno muito mais comum em economias comexcesso de demanda do que um evento típico deeconomias fracas. A estagflação é uma anomalia, emgeral, decorrente de políticas governamentais queinterrompem o funcionamento normal do mercado.

Está cada vez mais evidente que as políticas públicasadotadas no combate à crise sanitária e seus impactoseconômicos tendem a empurrar o Brasil para aestagflação.

Quando a calamidade sanitária atingiu o Brasil, jáenfrenta vamos sérias limitações ao crescimento. Apandemia não só escancarou o desequilíbrio estruturaldas contas públicas, a baixa produtividade e osenturves ao investimento como também adicionou aesse rol a in capacidade de gestão de riscos.

A/alta de coordenação e governança no enfrentamento da pandemia contribuiu para o elevado grau decontágio do vírus e para repetidos ciclos de abertura efechamento da economia. O atraso na formulação doprograma de imunização tirou do Brasil a vantagem depossuir uma ampla rede de saúde pública que seriacapaz de promover a vacinação de forma rápida eeficiente.

A conjunção desses/atores gerou sucessivaspror rogações de uma expansão f isca l semprecedentes, cujos resultados ficaram bem aquém dodeseja do. Nada surpreendente.

Em momento nenhum nós prezamos pelo bomdesenho da política pública, tivemos discernimentopara deixar c laro quais ser iam os objet ivospretendidos, nem fizemos escolhas por instrumentosmais eficazes para tal. Pelo contrário.

Flertamos com o populismo na discussão sobre alimitação dos juros cobrados no cartão de crédito, nosocorro aos estados e municípios, na investida de tiraro Bolsa Família do teto de gastos e nas inúmerastentativas de controle de preços.

Não há motivos para comemorar o /ato de que asprojeções para o crescimento do PIB deste ano

estejam próximas de 3,0%, dada a baixa base decomparação de 2020. Tais previsões refIetem nadamais do que a expectativa de que a economia encerre0 ano em nível inferior ao de dezembro do anopassado.

Na contramão do resto do mundo, novas revisões parabaixo nessas estimativas são bastante prováveis -nãosó em razão das novas medidas de restrição demobilidade mas principalmente pelo aperto dascondições financeiras: alta de juros, desvalorizaçãocambial e ampliação do prêmio de risco do país.

E nesse ambiente que cresce o risco de umaaceleração da inflação ainda mais forte do que aelevação já em curso. Em que pesem os altos preçosdas commodities e as rupturas nas cadeias produtivas,é a/alta de uma âncora fiscal crível que aumenta 0nível de transmissão desses choques para os demaispreços da economia.

Tal movimento é turbinado pelas taxas de jurosextremamente baixas e pelo aumento do risco-país,que impulsionam 0 processo de desvalorização docâmbio. O movimento da moeda é visto como maispersistente, intensificam do demais 0 grau de repassepara os preços domésticos.

Inflação alta pode parecer pouco usual para umaeconomia fraca, mas não o é para uma economiaextremamente vulnerável.

Infelizmente não resta ao Banco Central outra saídasenão tentar conter 0 risco de a inflação sair docontrole a médio prazo. Bem sabemos que, uma vezque 0 gênio da inflação sai da lâmpada, é difícildomá-lo de volta. As inflações implícitas nos títulosindexa dos ao IPCA já operam acima de 4,5% para ospróximos anos.

É passada a hora de o Banco Central reconhecer quea aceleração da inflação não é um fenômenotemporário, e sim reflexo de um gradual -poréminequívoco- processo de enfraquecimento dos nossosfundamentos macroeconômicos.

Em 2022, a pandemia deixará de ser um problemapara diversos países, enquanto para 0 Brasil aestagnação do crescimento e a alta da inflaçãolevarão a um maior empobrecimento da população. A

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FOLHA DE S. PAULO / SP - MERCADO - pág.: A22. Qui, 11 de Março de 2021ECONOMIA

saída de processos de estagflação exige medidasamplas de ajuste, vontade e apoio político.

A dificuldade enfrentada para passarmos a PECEmergencial sem grandes modificações no Congressoe a possibilidade de enfrentarmos em 2022a mesmapolarização da eleição passada trazem uma grandedúvida- se tal combinação é factível.

Solange Srour, Economista-chefe de Brasil do bancoCredit Suisse. É mestre em economia pela PUC-Rio

Site: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/

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Lula diz estar livre da Lava Jato e faz acenoao centro

O ESTADO DE S. PAULO - POLÍTICA - pág.: A04. Qui, 11 de Março de 2021ECONOMIA

Adriana Ferraz Bruno Ribeiro Matheus Lara Apto adisputar a eleição de 2022 após ter suas condenaçõesna Lava Jato anuladas pelo ministro do SupremoTribunal Federal (STF) Edson Fachin, o ex-presidenteLuiz Inácio Lula da Si lva usou seu primeiropronunciamento após a decisão do magistrado paraenviar recados ao "mercado" e à classe política, alémde críticas ao ex-juiz Sérgio Moro e ao presidente JairBolsonaro. Em discurso de duas horas, ontem, noSindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardodo Campo, o petista afirmou que está "livre da LavaJato" e vai procurar políticos não só da esquerda, masdo centro, em busca de uma "solução" para a atualcrise. Em tom de candidato, se disse "conciliador" edeclarou que deve conversar com empresários: "Nãotenham medo de mim".

Alternando declarações mais calmas com durosataques ao presidente, Lula fez um contraponto àconduta do governo no combate à pandemia. "Nãosiga nenhuma decisão imbecil do presidente daRepública ou do ministro da Saúde. Tome vacina."Questionado sobre a decisão de Fachin, o ex-presidente agradeceu ao ministro, mas questionou o"timing". "O meu tempo não era o tempo deles (PoderJudiciário)." Fora da Lava Jato, Lula ainda é réu emseis ações penais que tiveram origem em outrasinvestigações.

l Haddad

Em fevereiro, o ex-prefeito de São Paulo FernandoHaddad disse que aceitou a orientação de Lula para"rodar o País" e "colocar o bloco na rua".

ELEIÇÃO DE 2022.

Lula disse não aceitar se colocar como candidatoagora nem dizer se o PT vai encabeçar uma chapa,mas não descartou aliança com partidos de centro."Temos de esperar chegar o momento, é aí que se vaidecidir se será possível uma candidatura única e sepodem ser feitas alianças só na esquerda. A gente nãopode f icar respondendo à insistência sobrecandidatura agora. O que precisamos é andar. O(Fernando) Haddad pode fazer isso nas universidades.E depois a gente discute o resultado do que fomoscapazes de produzir." POLARIZAÇÃO. Segundo Lula,"não se pode ter medo de polarizar".

"Tem que ter medo é de ficar esquecido. Gosto deeleição em dois turnos justamente para construir asalianças e reunir o País. Se o adversário vai serBolsonaro, não sei. Ele tem 20% de milicianistas,vamos ver."

FRENTE AMPLA.

O ex-presidente questionou a criação de uma frenteampla, com partidos do centro e da esquerda contraBolsonaro. "Uma frente de esquerda é mais fácilconstruir para produzir um programa contra o que estáacontecendo com a direita, mas esse programa podeenvolver setores conservadores.

Se colocar na frente a questão eleitoral, se truncaqualquer negociação. Vejo muita gente falar sobre"frente ampla", mas o que se fala agora é frente deesquerda. Ela será ampla se conseguirmos conversarcom outras forças políticas."

l Frente

Ciro Gomes e Luciano Huck aparecem nas conversassobre a construção de uma "frente ampla" contra JairBolsonaro.

Lula criticou.

CIRO E HUCK.

Lula ainda criticou o ex-ministro Ciro Gomes (PDT)."Quando chegar a época da eleição, as coisas vãoacontecer, não estou preocupado.

Só o Ciro está preocupado. Se ele continuar comessas grosserias, o fim dele vai ser sem apoio daesquerda e sem confiança da direita." Sobre oapresentador Luciano Huck, apontado como potencialcandidato ao Planalto, o petista respondeu àdeclaração do empresário de que "figurinha repetidanão completa álbum". "Figurinha repetida carimbadavale pelo álbum inteiro", disse Lula.

l Justiça

Edson Fachin anulou as condenações de Lula na LavaJato. O petista, porém, ainda é réu em ações de outrasoperações, como Zelotes e Janus.

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O ESTADO DE S. PAULO - POLÍTICA - pág.: A04. Qui, 11 de Março de 2021ECONOMIA

LAVA JATO.

O ex-pres idente a f i rmou que a Lava Ja to"desapareceu" de sua vida, embora a decisão deFachin possa ser objeto de recurso por parte daProcuradoria e analisada pelo plenário do STF. "Estousatisfeito que tenha sido reconhecido aquilo que meusadvogados vem dizendo. Agora quero dedicar o restode vida para voltar a andar por esse País paraconversar com esse povo." Sobre Moro, disse que vaicontinuar "brigando" para que o ex-juiz sejaconsiderado suspeito.

PETROBRÁS.

Para Lula, a Lava Jato causou prejuízos à Petrobrás.

"Por conta da Lava Jato, o Brasil deixou de terinvestimentos de R$ 172 bilhões." Para o ex-presidente petista, a operação poderia ter atuado sematingir as "empresas geradoras de empregos".

Covid Apesar do discurso em defesa da vacina, Lulareuniu apoiadores ontem em evento presencial.

E, na hora do pronunciamento, tirou a máscara.

BOLSONARO E PANDEMIA.

Lula criticou Bolsonaro ao dizer que ele "passou 32anos como deputado e conseguiu passar para asociedade que não era político".

Vocês imaginam o poder do fanatismo? Através defake news, o mundo elegeu um Bolsonaro." O ex-presidente afirmou ainda que vai se vacinar contra acovid-19 e que fará "propaganda". "Não siga nenhumadecisão imbecil do presidente da República ou doministro da Saúde. Tome vacina", disse.

Ele ressaltou ainda o papel dos governadores noenfrentamento do coronavírus e prestou solidariedadeàs vítimas e aos "heróis e heroínas do SUS".

PRIVATIZAÇÕES.

O petista citou o ministro da Fazenda, Paulo Guedes,para falar sobre privatizações e crescimentoeconômico.

"Você já viu o Guedes falar uma palavra dedesenvolvimento econômico e distribuição de renda?O que vai fazer nossa dívida diminuir em relação aoPIB é o investimento público.

Se o Estado não confia na sua política e não investe,por que o empresário vai investir?"

2018 Nas eleições, a onda conservadora que elegeuBolsonaro levou a uma renovação do Legislativo, coma criação da "bancada bolsonarista".

CONGRESSO.

Lula disse que gostaria de ter um Congressocomposto por pessoas "de esquerda, genteprogressista", mas que, uma vez que "o povo elegeuquem quis", afirmou que iria "dialogar com todos"."Não tenham medo de mim. Eu sou radical porquequero ir até as raízes dos problemas do País."MERCADO. O ex-presidente buscou fazer umaseparação entre "mercado produtivo" e "mercadofinanceiro", acentuando críticas ao segundo.

"Por que o mercado tem medo de mim? Quer ver opovo consumir, tem que gostar de mim."

Pena Lula foi preso em 2018 para cumprir pena pelacondenação na ação do triplex.

A sentença da 1ª instância foi confirmada pelo TRF-4 epelo STJ.

PRISÃO.

"Fui vítima da maior mentira jurídica contada em 500anos de história. Se tem brasileiro que tem razão deter mágoas, sou eu. Mas não estou."

Site: http://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo

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Esperança e desconfiança na América Latina(3)

O ESTADO DE S. PAULO - ECONOMIA E NEGÓCIOS - pág.: B02. Qui, 11 de Março de 2021ECONOMIA

Ao contrário do que pensam uns poucos dirigentespolíticos desconectados da realidade, que veem nosdados do aumento de casos de contaminação e demortes pela covid-19 apenas uma tentativa dos meiosde comunicação de disseminar o pânico, analistaseconômicos sensatos estão revendo para baixo suasprojeções de crescimento das economias de seuspaíses em 2021 justamente por causa da pandemia.

É isso que mostra a Sondagem Econômica daAmérica Latina elaborada pelo Instituto Brasileiro deEconomia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/ FGV)com base em entrevistas feitas em dez países.

O Brasil é um caso exemplar. Dos brasileirosentrevistados, 66,7%, ou exatamente dois terços,reviram para baixo as projeções que faziam no últimotr imestre de 2020. A projeção média para ocrescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiroem 2021 agora é de 3%.

Talvez na nova pesquisa, a ser realizada no segundotrimestre, a projeção seja novamente revista. Osdados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografiae Estatística (IBGE) sobre o desempenho da economiabrasileira em 2020 mostram uma desaceleração daatividade nos meses finais do ano passado, numatendência que dados preliminares indicam estar serepetindo no início de 2021.

A despeito de números ainda preocupantes daatividade econômica na América Latina e da lentidãocom que, na maioria dos países da região, avança avacinação contra o novo coronavírus, houve melhorano clima econômico entre o último trimestre de 2020 eo primeiro de 2021, de 60,7 para 70,5 pontos.

Mas os próprios responsáveis pela pesquisa tratam delimitar o alcance desse movimento. "Apesar da alta de9,8 pontos, o indicador continua na zona desfavoráveldo ciclo econômico, com uma combinação deavaliações desfavoráveis sobre o presente eexpectativas otimistas em relação ao futuro próximo."O principal fator de otimismo é o início do programa deimunização contra a covid-19 também na região.

No país que mais se preparou para essa etapa, oChile, todos os consultados pela pesquisa revirampara cima suas projeções para o PIB chileno em 2021.

O Brasil l idera a classif icação do número deespecialistas que ficaram mais pessimistas. Razõespara essa mudança não faltam.

Site: http://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo

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Lula em plena campanha para voltar aopoder (3)

O GLOBO / RJ - OPINIÃO - pág.: 02. Qui, 11 de Março de 2021ECONOMIA

Para quem, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula daSilva, diz ser prematuro falar em candidatura oucampanha e le i to ra l , só o fa to de fazer opronunciamento de ontem na sede do Sindicato dosMetalúrgicos em São Bernardo do Campo já seria umacontradição. A anulação dos processos da Lava-Jatocontra ele era só pretexto. Com a verve conhecida e otalento incomparável para o palanque, Lula não fezoutra coisa além de campanha durante as duas horase meia em que ficou diante do microfone.

Suas contradições não se limitaram a agir comocandidato ou a repetir a versão sem pé nem cabeçaque sempre manteve diante dos fatos apurados pelaOperação Lava-Jato, que desvendou suas relaçõespromíscuas com os maiores empreiteiros do país. Lulafez questão de repetir uma visão econômica que,quando não está apenas defasada (ainda fala naprodução de carros e petróleo, quando o mundo jámigra para a era de energia limpa), é simplesmenteerrada (espanta-se que mercado financeiro o temapara, quase na mesma frase, criticar a autonomia doBanco Central).

"Não é possível permitir que o preço do combustíveltenha que seguir o preço internacional se nós nãosomos importadores de petróleo", afirmou, num ecoquase literal de palavras do presidente Jair Bolsonaro.Demonstra a mesma incapacidade de entender comofunciona o mercado de combustíveis. No governoDilma, o PT fez aquilo que Bolsonaro não tevecoragem de fazer: à moda da Venezuela, congeloupreços de derivados do petróleo, numa tentativainsensata de controlar a inflação. Ao mesmo tempo,elevou as despesas públicas, na vã esperança de aeconomia voltar a crescer. O resultado é conhecido: opaís mergulhou numa recessão brutal, Dilma sofreuimpeachment por não cumprir regras fiscais, e até hojeo Brasil não saiu do buraco.

Lula continua o mesmo: um animal político hábil elábil, capaz de adaptar suas palavras ao ouvido dointerlocutor e de manter a aura que encanta políticosde diversos matizes (ontem houve até aceno aRodrigo Maia) e ainda seduz multidões. Tambémrepete as mesmas ideias e propostas de sempre. OPT de volta ao poder dificilmente desafiaria ascorporações incrustadas no Estado ou faria asprivatizações e reformas necessárias para o Brasilavançar. Da última vez, em lugar disso, deixou como

herança a recessão, o buraco fiscal sem fundo e ointervencionismo desastrado. Não há como esperarum programa diferente de quem ainda afaga ditadoresem países como Cuba e Venezuela.

Não que Lula esteja errado em tudo. Entrou no palcode máscara, passou álcool nas mãos e prestousolidariedade às vítimas do coronavírus. Defendeu avacina, lembrou a campanha bem-sucedida contra agripe H1N1 em seu governo e usou até o Zé Gotinha,personagem que chamou de apartidário, para falar natradição brasileira na vacinação. São atitudes dignasde aplauso, que contrastam com o descaso, airresponsabilidade e a falta de compostura deBolsonaro diante da pandemia.

O futuro jurídico de Lula depende do que o SupremoTribunal Federal decidir sobre os processos em que foicondenado na Lava-Jato. O político desde ontem ficouevidente: está em campanha para voltar ao poder.Seria bom se o tempo em que ficou preso e os errosdo passado tivessem ensinado algo a ele e ao PT.Infelizmente, pelo que se ouviu no discurso, nãoaprenderam nada.

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