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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE CECE - CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO “STRICTO SENSU” EM ENGENHARIA QUÍMICA NÍVEL MESTRADO ANDREINE ALINE ROOS DEGRADAÇÃO FOTOCATALÍTICA DO PRINCÍPIO ATIVO SULFAMETOXAZOL UTILIZANDO COMO CATALISADORES O COMPÓSITO DE ACETATO DE CELULOSE/TiO 2 E ZINCO RECOBERTO COM ZnO TOLEDO-PR 2013

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE

CECE - CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO “STRICTO SENSU” EM ENGENHARIA

QUÍMICA – NÍVEL MESTRADO

ANDREINE ALINE ROOS

DEGRADAÇÃO FOTOCATALÍTICA DO PRINCÍPIO ATIVO

SULFAMETOXAZOL UTILIZANDO COMO CATALISADORES O

COMPÓSITO DE ACETATO DE CELULOSE/TiO2 E ZINCO RECOBERTO

COM ZnO

TOLEDO-PR

2013

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[i]

ANDREINE ALINE ROOS

DEGRADAÇÃO FOTOCATALÍTICA DO PRINCÍPIO ATIVO

SULFAMETOXAZOL UTILIZANDO COMO CATALISADORES O

COMPÓSITO DE ACETATO DE CELULOSE/TiO2 E ZINCO RECOBERTO

COM ZnO

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Química da Universidade

Estadual do Oeste do Paraná, como

requisito para a obtenção do Grau de

Mestre em Engenharia Química, área de

concentração em Monitoramento e Controle

Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. Élvio Antonio de

Campos.

Coorientadora: Profa. Dra Mônica Lady

Fiorese

TOLEDO-PR

2013

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[ii]

Catalogação na Publicação elaborada pela Biblioteca Universitária

UNIOESTE/Campus de Toledo.

Bibliotecária: Marilene de Fátima Donadel - CRB – 9/924

Roos, Andreine Aline

R781d Degradação fotocatalítica do princípio ativo

sulfametoxazol utilizando como catalisadores o compósito de

acetato de celulose/TiO2 e zinco recoberto com ZnO / Andreine

Aline Roos. -- Toledo, PR : [s. n.], 2013.

xvi, 100 f. : il. (algumas color.), figs., tabs.

.

Orientador: Prof. Dr. Élvio Antonio de Campos

Coorientadora: Profa. Dra. Mônica Lady Fiorese

Dissertação (Mestre em Engenharia Química) -

Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Campus de Toledo.

Centro de Engenharias e Ciências Exatas.

1. Engenharia química – Dissertações 2. Resíduos

farmacêuticos – Tratamento fotocatalítico 3. Fotocatálise

heterogênea 4. Processos oxidativos avançados 5. Poluentes

orgânicos – Tratamento I. Campos, Élvio Antonio de, Orient.

II. Fiorese, Mônica Lady, Coorient. III. T

CDD 20. ed. 660.2995

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[iii]

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[iv]

A todas as pessoas que contribuíram

diretamente e indiretamente para a

realização deste trabalho. Em

especial, aos meus pais e irmãos

pelo apoio incondicional em todos os

momentos.

DEDICO

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[v]

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, que permitiu que tudo isso se tornasse

realidade.

Aos meus pais e irmãos, que sempre estiveram presentes, motivando e

acreditando em minha capacidade.

Ao Prof. Dr. Élvio Antonio de Campos, pela orientação e seus

ensinamentos.

A Bruna Coutinho, primeiramente pela amizade e, pela ajuda em todos

os momentos.

A Maycon Pércio, Marciano e João Pagliari pelo ajuda e discussões

que acrescentaram e colaboraram para que o trabalho fosse elaborado.

Aos meus amigos (as), pelo apoio e força nesses anos.

A todo o corpo docente do Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Química.

A todos os colegas do corpo discente do Programa de Pós-Graduação

em Engenharia Química.

A Cleusa pela disponibilidade e ajuda.

A Juliana, Deoclécio, Ângela e Helen pelo apoio técnico.

E a todos os envolvidos neste trabalho...

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[vi]

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ....................................................................................... VIII

LISTA DE TABELAS ......................................................................................... X

LISTA DE EQUAÇÕES..................................................................................... XI

ABREVIATURAS ............................................................................................ XIII

RESUMO ......................................................................................................... XIV

ABSTRACT ..................................................................................................... XVI

CAPÍTULO 1 – Introdução ................................................................................ 1

1.1 Introdução................................................................................................ 1

CAPÍTULO 2 – Revisão bibliográfica .............................................................. 3

2.1 A indústria farmacêutica ........................................................................ 3

2.1.1 Os antibióticos .................................................................................... 4

2.2 Contaminação de ambientes aquáticos por resíduos farmacêuticos 5

2.2.1 Ocorrência de resíduos farmacêuticos em ambientes aquáticos ........ 6

2.2.1.1 Ocorrência de fármacos em ambientes aquáticos no Brasil ......... 8

2.2.2 Fontes de contaminação ambiental por resíduos farmacêuticos ........ 8

2.2.3 Efeitos toxicológicos ......................................................................... 10

2.3 Legislação.............................................................................................. 12

2.4 Tratamentos de Resíduos .................................................................... 14

2.4.1 Tratamentos convencionais de resíduos farmacêuticos ................... 14

2.4.2 Os processos oxidativos avançados ................................................. 15

2.4.2.1 Processo UV/H2O2 ...................................................................... 18

2.4.2.2 Processo Fenton......................................................................... 20

2.4.2.3 Processo foto-Fenton ................................................................. 21

2.4.2.4 Fotocatálise heterogênea ........................................................... 24

2.4.2.4.1 Catalisadores ....................................................................... 27

2.4.2.4.1.1Semicondutores .............................................................. 28

2.4.2.4.1.2 Compósitos .................................................................... 31

2.4.2.4.1.2.1 Compósitos polímero/óxido ..................................... 32

2.4.2.4.1.3 Placa de Zn recoberta com ZnO .................................... 32

2.5 Determinação da concentração dos fármacos ................................... 34

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[vii]

2.6 Intermediários da degradação de fármacos, biodegradabilidade e

toxicidade .................................................................................................... 36

2.7 Considerações Parciais ........................................................................ 37

CAPÍTULO 3 – Objetivos ................................................................................ 38

3.1 Objetivos gerais .................................................................................... 38

3.2. Objetivos específicos .......................................................................... 38

CAPÍTULO 4 - Materiais e métodos............................................................... 39

4.1 Reagentes .............................................................................................. 39

4.2 Catalisadores ......................................................................................... 39

4.2.1 Preparação do compósito acetato de celulose/TiO2 ......................... 39

4.2.2 Preparação da placa de Zn recoberta com ZnO ............................... 40

4.2.3 Caracterização dos catalisadores ..................................................... 40

4.2.3.1 Análise termogravimétrica (TG) .................................................. 40

3.2.3.2 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) ................................ 40

4.2.3.3 Difratometria de raio-X (DRX) ..................................................... 41

4.2.3.4 Espectroscopia Raman ............................................................... 41

4.3Testes fotocatalíticos ............................................................................ 41

4.3.1 Testes preliminares ........................................................................... 43

4.3.2 Planejamento experimental .............................................................. 44

4.3.3 Teste da eficiência catalítica da placa de Zn recoberta com ZnO e

determinação de Zn ................................................................................... 45

4.3.4 Fotodegradação do sulfametoxazol em função do tempo ................ 45

4.3.4.1 Determinação da demanda química de oxigênio (DQO). ........... 46

4.3.4.2 Determinação de nitrato ............................................................. 46

4.3.5 Monitoramento da degradação do sulfametoxazol ........................... 47

CAPÍTULO 5 - Resultados e discussão ........................................................ 49

5.1 Compósito acetato de celulose/TiO2 ................................................... 49

5.1.1 Caracterização do compósito ........................................................... 49

5.1.1.1 Análise termogravimétrica .......................................................... 49

5.1.1.2 Microscopia eletrônica de varredura ........................................... 51

5.1.1.3 Difração de raio-X ....................................................................... 51

5.1.1.4 Espectroscopia Raman ............................................................... 52

5.2 Placa de Zn recoberto com ZnO .......................................................... 53

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[viii]

5.2.1 Microscopia eletrônica de varredura ................................................. 53

5.3 Degradação fotocatalítica..................................................................... 58

5.3.1 Comparativo entre solução aquosa e etanólica de sulfametoxazol .. 58

5.3.2 Fotocatálise utilizando como catalisador o compósito acetato de

celulose/TiO2.............................................................................................. 62

5.3.3 Fotocatálise utilizando a placa de zinco recoberta com ZnO ............ 65

5.4 Planejamento experimental e análise estatística ............................... 66

5.5 Estudo da eficiência catalítica da placa de zinco recoberta com ZnO

e determinação da concentração de zinco ............................................... 70

5.6 Fotodegradação do sulfametoxazol em função do tempo ................ 72

5.6.1 Estudo cinético.................................................................................. 74

5.6.2 DQO .................................................................................................. 77

5.6.3 Concentração de nitrato .................................................................... 78

CAPÍTULO 6 – Conclusões ............................................................................ 80

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 82

ANEXO I: Cromatogramas de acompanhamento da fotodegradação do

sulfametoxazol em função do tempo com a placa de zinco recoberta com ZnO

para o processo de decomposição fotocatalítica do sulfametoxazol, sob

radiação artificial. ............................................................................................. 96

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[ix]

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1: Estrutura química do sulfametoxazol e estrutura química geral das

sulfonamidas, respectivamente. ......................................................................... 5

Figura 2.2: Mecanismo de fotoativação do catalisador.................................... 24

Figura 2.3: Níveis energéticos de materiais condutores, semicondutores e não

condutores. ....................................................................................................... 28

Figura 4.1: Sistema utilizado para as reações sob radiação artificial. ............. 42

Figura 5.1: Análise termogravimétrica do compósito acetato de celulose /TiO249

Figura 5.2: Imagem obtida por elétrons secundários do compósito acetato de

celulose/TiO2, com magnificação de 4500 vezes. ............................................ 51

Figura 5.3: Difratograma de raio-X do compósito acetato de celulose/TiO2. ... 52

Figura 5.4: Espectro Raman do compósito acetato de celulose/TiO2 .......................53

Figura 5.5: Micrografia da placa de zinco sem o recobrimento com ZnO com

magnificação de 100 vezes .............................................................................. 54

Figura 5.6: Micrografia da placa de zinco sem o recobrimento com ZnO com

magnificação de 500 vezes. ............................................................................. 54

Figura 5.7: Micrografia da placa de zinco sem o recobrimento com ZnO

magnificação de 3000 vezes. ........................................................................... 55

Figura 5.8: Micrografia da placa de zinco recoberta com ZnO com

magnificação de 100 vezes. ............................................................................. 56

Figura 5.9: Micrografia da placa de zinco recoberta com ZnO com

magnificação de 500 vezes. ............................................................................. 56

Figura 5.10: Micrografia da placa de zinco recoberta com ZnO com

magnificação de 1000 vezes. ........................................................................... 57

Figura 5.11: Micrografia da placa de zinco recoberta com ZnO com

magnificação de 3000 vezes. ........................................................................... 57

Figura 5.12: Fotodegradação de uma solução (A) aquosa e (B) etanólica de

sulfametoxazol utilizando o TiO2 como catalisador, sob radiação solar........... 59

Figura 5.13: Fotodegradação de uma solução (A) aquosa e (B) etanólica de

sulfametoxazol utilizando o TiO2 como catalisador, sob radiação artificial ...... 61

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[x]

Figura 5.14: Fotodegradação do sulfametoxazol com o compósito acetato de

celulose/TiO2, sob radiação .............................................................................. 62

Figura 5.15: Comparativo entre o uso do TiO2 e o compósito acetato de

celulose/TiO2 como catalisador, na fotodegradação do sulfametoxazol sob

radiação artificial: (A) sem H2O2 e (B) com H2O2.............................................. 64

Figura 5.16: Fotocatálise do sulfametoxazol utilizando como catalisador uma

placa de zinco recoberta com ZnO e 266 mg mL-1 de H2O2, sob radiação

artificial. ............................................................................................................ 65

Figura 5.17: Correlação entre os valores observados para a degradação do

antibiótico e seus valores correspondentes previstos pelo modelo estatístico

proposto para a fotocatálise ............................................................................. 67

Figura 5.18: Gráfico de Pareto – influência das variáveis na degradação (%) do

sulfametoxazol. ................................................................................................ 68

Figura 5.19: Superfície de resposta para o percentual de degradação do

sulfametoxazol. ................................................................................................ 70

Figura 5.20: Concentração de zinco presente na solução sulfametoxazol

degradada por fotocatálise em função do tempo de reação............................. 72

Figura 5.21: Fotodegradação do sulfametoxazol utilizando a placa de zinco

recoberta com ZnO e 466 mg L-1 de H2O2, sob radiação artificial, acompanhada

por espectrofotometria UV-Vis e cromatografia líquida de alta eficiência......... 73

Figura 5.22: Cinética da fotodegradação do sulfametoxazol, sob radiação

artificial, utilizando uma placa de zinco recoberta com ZnO em presença de 466

mg L-1 de H2O2 ................................................................................................. 76

Figura 5.23: Intermediários formados na fotodegradação do sulfametoxazol

utilizando o TiO2 como catalisador (HU et al., 2007) ........................................ 78

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[xi]

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1: Ocorrência e concentração de fármacos detectados em diferentes

países. ................................................................................................................ 7

Tabela 2.2: Concentração de sulfametoxazol e trimetoprima em diversas fontes

de contaminação ambiental em Taiwan. .......................................................... 10

Tabela 2.3: Principais sistemas de POAs ........................................................ 15

Tabela 2.4: Áreas de aplicação dos POAs ...................................................... 17

Tabela 2.5: Vantagens e desvantagens do processo UV/H2O2 ....................... 19

Tabela 2.6: Vantagens e desvantagens do processo Fenton .......................... 21

Tabela 2.7: Vantagens e desvantagens do processo foto-Fenton ................... 23

Tabela 2.8: Vantagens e desvantagens do processo de fotocatálise

heterogênea ..................................................................................................... 27

Tabela 4.1: Planejamento Experimental Fatorial 22 ......................................... 44

Tabela 5.1: Condições experimentais e resultados de degradação do

sulfametoxazol pela fotocatálise heterogênea .................................................. 66

Tabela 5.2: Tabela dos efeitos das interações dos coeficientes. ..................... 67

Tabela 5.3: Anova em relação a % de degradação do sulfametoxazol ........... 69

Tabela 5.4: Eficiência catalítica da placa de zinco recoberta com ZnO em

seguidas repetições do processo fotocatalítico de degradação do

sulfametoxazol ................................................................................................. 71

Tabela 5.5: Determinação de DQO de amostras de sulfametoxazol ............... 77

Tabela 5.6: Determinação da concentração de nitrato de amostras de

sulfametoxazol ................................................................................................. 78

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[xii]

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 2.1: Potencial padrão de redução do radical hidroxila ...................... 15

Equação 2.2: Reação de fotólise do peróxido de hidrogênio .......................... 18

Equação 2.3: Reação de consumo do radical hidroxila com peróxido de

hidrogênio em excesso..................................................................................... 18

Equação 2.4: Reação de consumo do radical hidroxila com peróxido de

hidrogênio em excesso..................................................................................... 18

Equação 2.5: Reação de consumo do radical hidroxila com peróxido de

hidrogênio em excesso..................................................................................... 18

Equação 2.6: Reação de seqüestro do radical hidroxila pelo íon bicarbonato 19

Equação 2.7: Reação de seqüestro do radical hidroxila pelo íon carbonato ... 19

Equação 2.8: Reação de Fenton ..................................................................... 20

Equação 2.9: Reação de decomposição do radical hidroxila .......................... 20

Equação 2.10: Reação de Fenton e a sua dependência do pH ...................... 21

Equação 2.11: Reação de foto-Fenton ............................................................ 22

Equação 2.12: Reação de consumo do radical hidroxila ................................. 22

Equação 2.13: Reação de consumo do radical hidroxila ................................. 22

Equação 2.14: Reação de fotocatálise heterogênea ....................................... 25

Equação 2.15: Reação de geração de radical hidroxila pelo mecanismo

indireto.............................................................................................................. 25

Equação 2.16: Reação de geração de radical hidroxila pelo mecanismo direto

Equação 2.17: Reação de recombinação do par elétron-lacuna ..................... 25

Equação 2.18: Reação de fotocatálise heterogênea com dissolução de

oxigênio ............................................................................................................ 25

Equação 2.19: Reação de fotocatálise heterogênea com dissolução de

oxigênio ............................................................................................................ 26

Equação 2.20: Reação de fotocatálise heterogênea com dissolução de

oxigênio ............................................................................................................ 26

Equação 2.21: Reação de fotocatálise com adição de peróxido de hidrogênio 26

Equação 4.1: Intensidade de irradiação UV emitida pela lâmpada de vapor de

mercúrio ........................................................................................................... 43

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[xiii]

Equação 5.1: Equação gerada pelo modelo do planejamento experimental ... 68

Equação 5.2: Reação de oxidação completa do sulfametoxazol .................... 74

Equação 5.3: Expressão que representa as reações envolvidas nos POAs ... 74

Equação 5.4: Equação de lei de velocidade de pseudo primeira ordem ......... 75

Equação 5.5: Equação da lei de velocidade de reação de pseudo primeira

ordem rearranjada ............................................................................................ 75

Equação 5.6: Equação da lei de velocidade de pseudo primeira ordem

integrada .......................................................................................................... 75

Equação 5.7: Equação linear gerada a partir da equação de velocidade de

pseudo primeira ordem..................................................................................... 75

Equação 5.8: Expressão para calcular o tempo de meia vida de uma reação de

primeira ordem ................................................................................................. 76

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[xiv]

ABREVIATURAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

BC Bandas de condução

BV Bandas de valência

CG-MS Cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas

CLAE Cromatografia líquida de alta eficiência

COT Carbono orgânico total

DBO5 Demanda bioquímica de oxigênio após 5 dias

DQO Demanda química de oxigênio

IMS International Medical Statistics

ISO Organização Internacional para Padronização

Egap Energia de “band-gap”

ETE Estação de tratamento de esgoto

EUA Estados Unidos da América

Febrafarma Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica

LC-MS Cromatografia líquida acoplada a espectrometria de massa

LC-MS/MS Cromatografia líquida acoplada a espectrometria de massa em

série

MEV Microscopia eletrônica de varredura

POA Processo Oxidativo Avançado

TG Análise termogravimétrica

UV-Vis Radiação ultravioleta e visível

DRX Difração de raio-X

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[xv]

ROOS, A. A. Degradação fotocatalítica do princípio ativo sulfametoxazol

utilizando como catalisadores o compósito de acetato de celulose/TiO2 e zinco

recoberto com ZnO. 2013. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química).

Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

RESUMO

A contaminação ambiental é um grave problema da sociedade atual e há anos

desperta o interesse dos pesquisadores. Os poluentes com atividade

farmacológica vêm preocupando a comunidade científica pela crescente

detecção dos mesmos em ambientes aquáticos, em concentrações que variam

de µg L-1 a ng L-1, os quais são resistentes aos tratamentos convencionais

empregados nas estações de tratamento de esgoto. Dessa forma, torna-se

necessário a investigação de tratamentos mais eficientes para minimizar a

contaminação ambiental. Os Processos Oxidativos Avançados vêm

despertando interesse como tratamentos promissores para remoção de

poluentes orgânicos, dentre os quais destaca-se a fotocatálise heterogênea,

cujo principal empecilho é a dificuldade de separação do catalisador da solução

degradada. Para tentar solucionar o problema, o trabalho propõe a utilização

de catalisadores diferenciados como, compósito acetato de celulose/TiO2 e

uma placa de zinco metálico recoberto com ZnO para a fotodegradação do

princípio ativo sulfametoxazol. Contudo, o compósito acetato de celulose/ TiO2

não apresentou a eficiência similar ao TiO2 como era esperado, e assim optou-

se por prosseguir os estudos de fotocatálise heterogênea utilizando a placa de

zinco recoberta com ZnO como catalisador. O planejamento experimental

fatorial, 22 com triplicata no ponto central, mostrou que o modelo utilizado foi

válido, e que o processo é favorecido com quantidades maiores de H2O2 em pH

ácido. O tempo de equilíbrio para a fotodegradação do sulfametoxazol

utilizando a placa de Zn recoberta com ZnO foi de 120 minutos com remoções

de 95%, sob radiação artificial, seguindo uma lei de velocidade de pseudo-

primeira ordem. A determinação de DQO e da concentração de nitrato

indicaram que houve uma pequena mineralização do poluente, apesar da

elevada remoção, mostrando que provavelmente houve a formação de

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[xvi]

espécies intermediárias. Além disso, a placa de zinco recoberta com ZnO

apresentou uma eficiência catalítica praticamente inalterada em até 10

repetições de fotodegradação. No entanto, ao final do processo a concentração

de zinco na amostra degradada estava acima da permitida pelos órgãos

ambientais, sendo necessário a utilização de um pós-tratamento para a

remoção do zinco ou a utilização de solução de sulfametoxazol com pH mais

próximo da neutralidade para evitar a dissolução do metal do catalisador.

Palavras – chave: Sulfametoxazol, Híbrido acetato de celulose/TiO2,

Compósito, Zinco recoberto com ZnO, Fotocatálise heterogênea

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[xvii]

ROOS, A. A. Photocatalytic degradation of sulfamethoxazole using the cellulose

acetate/TiO2 composite and the zinc coated with ZnO as catalysts. 2013.

Dissertation (Master’s Degree in Chemical Engineering). Universidade Estadual

do Oeste do Paraná.

ABSTRACT

Environmental contamination is a serious problem in today's society and for

years aroused the interest of researchers. The pollutants with pharmacological

activity are worrying the scientific community by increasing detection of these

aquatic environments at concentrations ranging from µ L-1 to ng L-1, which are

resistant to conventional treatments used in sewage treatment plants. Thus, it

becomes necessary to investigate more effective treatments to minimize

environmental contamination. The Advanced Oxidation Processes have

attracted interest as promising treatments for removal of organic pollutants,

among which stands out the heterogeneous photocatalysis whose the main

drawback is the difficulty of separating the catalyst from solution degraded. To

try to solve the problem, this work proposes the use of cellulose acetate/TiO2

composite and zinc metal plate coated with ZnO as catalysts for

photodegradation of sulfamethoxazole. The composite was prepared by phase

inversion of a solution of cellulose acetate and titanium tert-butyl orthotitanate

that resulted in a composite with around 4% (in mass %) if TiO2.This composite

proved not to be efficient in the degradation of sulfametoxazol in the presence

of hydrogen peroxide under both, sunlight or artificial radiation. For this reason

the continuity of the work occurred only with zinc plate coated with ZnO

obtained by hydrothermal method. The 22 factorial experimental design, with

triplicate on central point showed that the model was valid, and that the process

was favored with increasing amounts of H2O2 at acidic pH. The equilibrium time

for the photodegradation of sulfametoxazol using a plate Zn/ZnO was 120

minutes with removal of 95%, under artificial radiation, obeying the rate law of

peudo-first order. The COD and nitrate concentration indicated that there was a

small mineralization of the pollutant, despite the high removal, showing that

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[xviii]

there was probably the formation of intermediate species. Furthermore, the

Zn/ZnO showed a catalytic efficiency almost unchanged up to 10 repetitions of

photodegradation. However, at the end of the process the zinc concentration in

the sample was above the allowed degraded by environmental agencies,

necessitating the use of a post-treatment for removal of zinc or use of

sulfametoxazol solution with pH closer to neutrality to avoid dissolution of the

metal catalyst.

Keywords: Sulfamethoxazole, Hybrid cellulose acetate/TiO2, Composite, Zn

metal coated with ZnO, Heterogeneous photocatalysis

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[1]

CAPÍTULO 1 – Introdução

1.1 Introdução

Por muitos anos o principal foco dos trabalhos na área de tratamento

de resíduos era voltado a uma classe prioritária de poluentes, correspondente a

espécies orgânicas resistentes e de acentuado caráter tóxico. No entanto,

atualmente outros micropoluentes vêm ganhando destaque nesta área, como

por exemplo, os compostos que apresentam atividade farmacológica.

Os antibióticos constituem uma classe de fármacos amplamente

consumida no mundo. Após o uso, esses compostos são parcialmente

metabolizados e excretados inalterados ou como espécies intermediárias

juntamente com a urina e as fezes, e subsequentemente entram nas estações

de tratamento de esgoto (ETEs), onde são tratados juntamente com outros

compostos orgânicos e inorgânicos presentes no efluente. Porém, vários

estudos têm relatado que esses fármacos não são completamente removidos

nas ETEs e, consequentemente, são encontrados em efluentes de ETEs,

águas superficiais e subterrâneas (IKEHATA et al., 2006).

A ocorrência de fármacos em ambientes aquáticos e em água potável

levanta a questão sobre o impacto no meio ambiente e na saúde da população.

Os efeitos adversos causados por compostos farmacêuticos incluem toxicidade

aquática, desenvolvimento de resistência em bactérias patogênicas,

genotoxicidade e distúrbios endócrinos. A presença de fármacos residuais na

água potável é uma questão de saúde pública, pois pouco se sabe do potencial

efeito na saúde a longo prazo (TAMBOSI, 2008).

Assim, é extremamente importante o desenvolvimento de processos de

tratamento eficientes para a remoção total dos fármacos. Os Processos

Oxidativos Avançados (POAs) vêm ganhando destaque no tratamento de

efluentes, sendo promissores para a remoção de fármacos. Dentre os POAs a

fotocatálise heterogênea tem chamado a atenção da comunidade científica,

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[2]

pela sua elevada eficiência na degradação de compostos orgânicos em

diversas matrizes ambientais. A fotocatálise heterogênea consiste na formação

de um poderoso agente oxidante, o radical hidroxila, a partir da ativação de um

semicondutor pela radiação solar ou artificial. No entanto, o principal empecilho

desse processo é a dificuldade de separação do catalisador da solução

degradada.

Desta forma, o objetivo deste trabalho é preparar catalisadores com o

intuito de serem de fácil separação de uma solução degradada e estudar sua

aplicação na fotodegradação do sulfametoxazol utilizando como catalisador o

compósito acetato de celulose/TiO2 e uma placa de Zn recoberta com ZnO, sob

radiação solar ou artificial.

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[3]

CAPÍTULO 2 – Revisão bibliográfica

2.1 A indústria farmacêutica

A indústria farmacêutica surgiu no século XIX, juntamente com a

Segunda Revolução Industrial, em um momento em que a Europa e os EUA

desfrutavam de uma relativa estabilidade social e política e ambos tinham

anseios de crescimento e expansão. Para isso era necessário aumentar a

expectativa de vida da população, que era baixa, sendo raros os indivíduos que

ultrapassavam os 40 anos de idade (BASTOS; 2005 VALDUGA, 2009).

Essa situação começou a ser modificada com o surgimento do primeiro

comprimido, em 13 de março de 1877 (registro da patente) pelo funcionário da

John Wyeth & Brother nos EUA, o qual teve a idéia de utilizar a máquina do

artista plástico William Brockedon, cuja finalidade era fabricar mina de grafite

de melhor qualidade para o lápis utilizado em seus desenhos, a qual foi

utilizada pelo funcionário da empresa norte-americana para dar o formato de

pequenos tabletes aos remédios, que conhecemos hoje como comprimidos

(VALDUGA, 2009).

A utilização da máquina de Brockedon foi o marco para o

desenvolvimento da indústria farmacêutica, que se desenvolveu a partir desse

momento juntamente com o progresso nas áreas da medicina, química,

biologia e farmacologia.

Segundo dados da International Medical Statistics - IMS, em 2002

haviam no mundo 10 mil fabricantes de produtos farmacêuticos, sendo que

apenas 100 respondiam por 90% dos produtos destinados aos humanos.

Atualmente os EUA, União Européia e Japão respondem por 85% do

faturamento anual deste tipo de indústria, enquanto a América Latina por

apenas 4%. As maiores indústrias desse setor são: Pfizer (EUA),

GlaxoSmithKline (Reino Unido), Novartis (Suiça), Sanofi-Aventis (França),

AstraZeneca (Suiça), Roche (Suiça), Johnson & Johnson (EUA), Merck & Co

(EUA), Abbott (EUA), Eli Lilly (EUA). Os medicamentos mais vendidos são:

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[4]

Lípitor® (Pfizer) e Zocor® (Merck), ambos para a redução do colesterol;

Novarsc® (Pfizer) para hipertensão; Prevacid® (TAP) e Nexium®

(AstraZeneca) para distúrbios gástricos (ANDRADE; 2010; VALDUGA, 2009).

Segundo a Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica

(Febrafarma), o Brasil em 2005 ocupava a 10a colocação no ranking do

mercado farmacêutico mundial (varejo farmacêutico), com um faturamento

anual de R$ 22,2 bilhões (CAPANEMA, 2006). De acordo com a Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) (citado por ANDRADE, 2010) 40%

dos medicamentos consumidos no Brasil são antibióticos, sendo que em 2009

a venda destes medicamentos no país movimentou R$ 1,6 bilhões.

2.1.1 Os antibióticos

Os antibióticos são compostos polares, não voláteis, hidrofílicos, semi-

sintéticos e sintéticos, utilizados contra infecções causadas por bactérias e

fungos em humanos e animais, os quais também podem ser usados como

promotores de crescimento para a produção de gado, coccidiostáticos

(medicamento a base de sulfa que age impedindo o desenvolvimento do

parasita protozoário causador da doença coccidiose em aves) na produção

avícola e aditivos alimentares na criação de peixes. Podem ser administrados

parenteralmente, oralmente ou topicamente (BRENNER, 2009).

O sulfametoxazol denominado pela IUPAC 4-amino-N-(5-metil-3-

isoxazolil) benzenossulfonamida, tem fórmula molecular C10H11N3O3S e massa

molecular 253,27 g mol-1, seu ponto de fusão é de 166-169°C e seus pKas 1,85

e 5,60. É uma sulfonamida, as quais foram as primeiras drogas antibacterianas

sistemáticas eficazes, utilizadas em pacientes humanos. Elas são

primariamente bacteriostáticas e atuam interferindo na síntese bacteriana do

ácido fólico (BABIC et al., 2007).

Na Figura 2.1 está representada a estrutura química geral das

sulfonamidas e do sulfametoxazol.

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[5]

Figura 2.1: Estrutura química do sulfametoxazol e estrutura química geral das

sulfonamidas, respectivamente.

O sulfametoxazol apresenta picos de concentração plasmática de 1 a

4 horas, tempo de meia-vida de 11 horas, sendo eliminado quase

exclusivamente pela urina, em uma proporção de 10-30% inalterado

(BRENNER, 2009).

O sulfametoxazol é comercializado em associação com a trimetoprima,

sendo o Bactrim um exemplo dessa combinação. Essa associação é indicada

no tratamento de infecções do trato respiratório superior e inferior (ex:

bronquite, faringite, sinusite e otite), no tratamento de infecções do trato

urinário e renal, infecções gastrointestinais e outras infecções bacterianas

(IQUEGO). Essa combinação também é muito utilizada no tratamento de

infecções na medicina veterinária.

A associação sulfametoxazol e trimetoprima age sinergicamente,

bloqueando duas enzimas que catalisam estágios sucessivos na biossíntese do

ácido folínico no micro-organismo. Este tipo de ação é conhecido como

antagonismo metabólico, que nada mais é do que uma inibição competitiva,

sendo frequentemente eficaz contra germes que são resistentes a um deles

isoladamente (BRENNER, 2009).

2.2 Contaminação de ambientes aquáticos por resíduos farmacêuticos

A contaminação de ambientes aquáticos por poluentes de qualquer

natureza desperta preocupação devido à extrema importância da água para os

seres vivos.

Por muito tempo, os trabalhos sobre tratamento de efluentes eram

voltados para poluentes com efeitos tóxicos elevados ou espécies orgânicas

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[6]

resistentes, porém atualmente os poluentes com atividade farmacológica estão

despertando interesse, principalmente pelo seu uso massificado, baixa

eficiência dos tratamentos de esgoto convencionais e o desenvolvimento de

técnicas analíticas de detecção mais sensíveis que possibilitam detectar

concentrações na ordem de ng L-1 e µg L-1. Além disso, ainda não se tem

conhecimento sobre as implicações destes micropoluentes no meio ambiente

(CRUZ et al., 2010).

2.2.1 Ocorrência de resíduos farmacêuticos em ambientes aquáticos

A primeira ocorrência de compostos farmacêuticos em águas residuais

foi relatada em 1976 nos EUA, no qual foi detectado o ácido clofíbrico, um

antilipêmico (medicamento que previne ou se contrapõe ao acúmulo de

substâncias gordurosas no sangue), em concentrações na faixa de 0,8-2 µg L-1

(GARRISON, 1976, citado por FENT et al., 2006).

Nos últimos anos vários fármacos como antibióticos, anestésicos, anti-

inflamatórios, antilipêmicos, hormônios, foram detectados em esgotos

domésticos, águas superficiais e subterrâneas, em vários países dentre os

quais cita-se Alemanha, Brasil, Canadá, Holanda, Inglaterra, Itália, Suécia,

EUA e Reino Unido, conforme apresentado na Tabela 2.1.

A Tabela 2.1 mostra que o antibiótico sulfametoxazol foi detectado em

concentrações diferentes em vários países, principalmente nos efluentes de

ETEs, sendo relatado com frequência nos últimos anos em monitoramentos de

ambientes aquáticos. O fato da concentração presente no meio ambiente variar

pode estar relacionado com o padrão de consumo dos mesmos pela

população, com as taxas de remoção nas ETEs, com o tipo de efluente que

chega as ETEs e com a sazonalidade.

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[7]

Tabela 2.1: Ocorrência e concentração de fármacos detectados em diferentes

países.

Fármaco Concentração

média (µg L-1

) Matriz/País Referência

Ácido Acetilsalicílico1 0,2200 Efluente de ETE/Alemanha Ternes, 1998

Ácido Clofíbrico2 0,0010-0,0090 Água superficial/Suécia Buser et al., 1998

Amoxicilina3 0,0130 Esgoto doméstico/ Itália Castiglioni et al., 2006

Betaxolol4 0,0570 Efluente de ETE/Alemanha Ternes, 1998

Bezafibrato2 0,0250 Água superficial/Brasil Stumpf et al., 1999

Carbamazepina5 1,0000 Efluente de ETE/Grécia Andreozzi et al., 2003

Cetoprofeno6 0,2000 Efluente de ETE/Alemanha Ternes, 1998

Ciprofloxacin3 0,0200 Água natural/EUA Kolpin et al., 2002

Clorotetraciclina3 0,4200 Água natural/EUA Kolpin et al., 2002

Diazepam5 0,0350 Efluente de ETE/Alemanha Ternes et al., 2001

Diclofenaco6 0,3500 Esgoto bruto/Finlândia Lindqvist et al., 2005

17 α-etinilestradiol7 0,0730 Água superficial/EUA Kolpin et al., 2002

Ibuprofeno6 0,7900 Efluente de ETE/Canadá Gagné et al., 2006

Lincomicina3 0,0130 Efluente de ETE/Taiwan Lin et al., 2008

Norfloxacina3 0,1200 Água natural/EUA Kolpin et al., 2002

Oxitetraciclina3 0,3400 Água natural/EUA Kolpin et al., 2002

Penicilina3 0,0018-0,0059 Água superficial/Alemanha Mulroy, 2001

Progesterona7 0,1100 Água natural/EUA Kolpin et al., 2002

Propranolol4 0,0300 Efluente ETE/Suécia Bendz et al., 2005

Sulfametoxazol3 0,0500 Água superficial/EUA Stackelberg et al., 2004

0,0490 Efluente de ETE/Canadá Gagné et al., 2006

0,0900 Efluente de ETE/França Andreozzi et al., 2003

0,0900 Efluente de ETE/Grécia Andreozzi et al., 2003

0,0300 Efluente de ETE/Itália Andreozzi et al., 2003

0,0200 Efluente de ETE/Suécia Andreozzi et al., 2003

0,0700 Efluente de ETE/Suécia Bendz et al., 2005

Tetraciclina3 0,0100 Água superficial/Itália Calamari et al., 2003

Trimetoprima3 2,5000 Efluente de ETE/Alemanha Hirsch et al., 1999

0,0650 Efluente de ETE/Canadá Gagné et al., 2006

0,0800 Efluente de ETE/Grécia Andreozzi et al., 2003

0,1300 Efluente de ETE/Itália Andreozzi et al., 2003

0,0500 Efluente de ETE/Suécia Andreozzi et al., 2003

0,0400 Efluente de ETE/Suécia Bendz et al., 2005

1 - Analgésico; 2 – Antilipêmico; 3 – Antibiótico; 4 – β –bloqueador; 5 – Anticonvulsionante; 6 –

Anti-inflamatório; 7 – Hormônio;

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[8]

2.2.1.1 Ocorrência de fármacos em ambientes aquáticos no Brasil

No Brasil, um dos primeiros trabalhos sobre a ocorrência de fármacos

em ambientes aquáticos foi publicado por Stumpf et al. (1999) os quais

detectaram a presença de fármacos cuja concentração variou de 0,1 a

1,0 µg L-1 em efluentes de ETEs e de 0,02 a 0,04 µg L-1 em águas superficiais.

A eficiência de remoção destes fármacos nas ETEs também foi estudada neste

trabalho, a qual variou entre 12 a 90%. Ternes et al. (1999) realizaram um

estudo semelhante, no qual detectaram os hormônios 17β – estradiol e estrona

em efluentes de ETEs em concentrações médias de 0,021 e 0,040 µg L-1.

Ghiselli (2006) investigou a presença de interferentes endócrinos,

produtos farmacêuticos e de higiene pessoal em diversas matrizes ambientais

em Campinas: esgoto bruto e tratado proveniente da ETE Samambaia, águas

superficiais e água potável distribuída à população da cidade. Altos níveis das

seguintes substâncias foram detectadas em pelo menos uma das matrizes

estudadas: ibuprofeno, paracetamol, dietilftalato, pentaclorofenol, cafeína,

4-nonilfenol, dibutilftalato, diclofenaco, bisfenol A, estrona, estradiol,

etinilestradiol, progesterona, benzo[a]pireno, coprostanol, colesterol, colestanol

e estigmasterol.

Sodré et al. (2007) também realizaram estudos de detecção de

interferentes endócrinos e produtos farmacêuticos em águas superficiais da

região de Campinas em três períodos diferentes: maio, junho e agosto de 2006.

Em 83% das amostras analisadas foram detectadas as substâncias de

interesse do estudo. Os fármacos paracetamol e ácido acetilsalicílico foram

detectados em concentrações de 0,84 e 4,15 µg L-1 apenas na campanha de

agosto, que pode ter ocorrido devido a menor pluviosidade no mês em questão

e consequentemente houve um menor efeito de diluição.

2.2.2 Fontes de contaminação ambiental por resíduos farmacêuticos

Existem várias fontes de contaminação ambiental por compostos com

atividade farmacológica, que vão desde a indústria e a agropecuária, até o

esgoto doméstico.

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[9]

Nas indústrias e farmácias de manipulação, os resíduos podem ser

oriundos da área de produção, desde a pesagem ao acondicionamento do

produto final, descarga de resíduos industriais e lixiviados em aterros

sanitários, processos de operações de manutenção e limpeza de áreas de

fabricação e equipamentos, inutilização e/ou destruição de lotes de

medicamentos com prazo de validade vencido, que são recolhidos do mercado.

Os medicamentos, segundo Ikehata et al. (2006), após serem

administrados pelos pacientes, são absorvidos, parcialmente metabolizados e

excretados pelo organismo. O metabolismo elimina moléculas de medicamento

em excesso, assim como outros compostos tóxicos xenobióticos, via uma série

de biotransformações enzimáticas e os converte em compostos mais polares e

hidrofílicos. Os fármacos são excretados inalterados ou parcialmente

metabolizados juntamente com a urina e as fezes humanas e vão para as

ETEs, onde muitas vezes persistem até mesmo após o tratamento de esgoto.

Esse quadro é agravado em países subdesenvolvidos como o Brasil, que não

possui infraestrutura adequada de saneamento básico, sendo que apenas

20,2% dos municípios coletam e tratam o esgoto doméstico, 32% só dispõem

do serviço de coleta e em 47,8% dos municípios o esgoto não coletado é

lançado diretamente em águas superficiais (IBGE, 2007).

Os antibióticos não são utilizados somente na medicina humana, mas

também na veterinária, sendo que a contaminação também ocorre pela

excreção do princípio ativo inalterado ou parcialmente metabolizado, cujos

dejetos muitas vezes são utilizados na adubação de lavouras, contaminando o

solo e os rios por lixiviação.

Lin et al. (2008) analisaram a concentração de alguns compostos

farmacêuticos em seis fontes de contaminação diferentes em Taiwan: três

instalações de produção de medicamentos, seis hospitais, quatro estações de

tratamento de esgotos, cinco pontos de descarga de águas residuais

domésticas antes de serem lançadas em rios e oceanos, duas fazendas

pecuaristas e três aquiculturas. A média da concentração do sulfametoxazol e

trimetoprima nessas fontes pode ser observada na Tabela 2.2.

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[10]

Tabela 2.2: Concentração de sulfametoxazol e trimetoprima em diversas fontes

de contaminação ambiental em Taiwan.

Antibiótico Sulfametoxazol Trimetoprima

Fontes de

contaminação de

ambientes

aquáticos -

Concentração

média (µg L-1

)

Instalações de produção de

medicamentos 0,022 ND

Hospitais 0,647 1,040

ETEs 0,226 0,321

Descarga de águas residuais

domésticas 0,282 0,803

Fazendas pecuaristas 0,010 0,032

Aquicultura 0,229 0,085

Concentração máxima (µg L-1

) 5,823 2,993

Frequência de detecção (%) 96,000 87,000

ND: não foi detectado. Fonte: Lin et al., 2008

Na Tabela 2.2 podemos constatar que a excreção pelo organismo

humano do composto ativo inalterado é uma das principais fontes de

contaminação ambiental, uma vez que a concentração dos mesmos foi maior

em hospitais, descargas de águas residuárias domésticas e ETEs em Taiwan.

2.2.3 Efeitos toxicológicos

Os resíduos farmacêuticos encontrados no meio ambiente podem

atingir os animais pelas mesmas rotas metabólicas para as quais foram

produzidos para serem utilizados pelos humanos. No entanto, não são

conhecidas todas as rotas metabólicas e o efeito específico de todos os

medicamentos, podendo assim afetar os outros organismos por modos de ação

diferenciados daqueles que ocorre nos humanos (TAMBOSI, 2008).

A presença de antibióticos no meio ambiente é de grande preocupação

por ocasionarem o desenvolvimento de resistência em populações bacterianas,

podendo ser irreversível a longo prazo. Em concentrações baixas, faixa em que

geralmente são relatados nos estudos de detecção em ambientes aquáticos, o

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[11]

desenvolvimento da resistência é favorecida, de acordo com Jorgensen e

Halling-Sorensen (2000, citado por TAMBOSI, 2008).

Os estrogênios naturais e contraceptivos são outra classe de

medicamentos que vem despertando interesse dos pesquisadores por

causarem perturbações endócrinas em humanos e animais, os quais podem

estar relacionados com doenças como câncer de mama, testicular e de

próstata, ovários policísticos e redução de fertilidade masculina (TAMBOSI,

2008).

Os efeitos da toxicidade em peixes por um período de tempo mais

prolongado foi estudado por Rodgers-Gray et al. (2001), o qual expôs peixes

jovens da espécie Rutilus rutilus a concentrações gradativas de efluentes de

ETE por 150 dias, contendo, além de outros perturbadores endócrinos,

estrogênios sintéticos. Os resultados mostraram que a exposição induziu a

feminização de peixes machos. Em seguida, os peixes foram expostos

gradativamente a águas naturais por mais 150 dias, resultando na diminuição

da proteína vitelogenina (cuja síntese é controlada por estrogênios, portanto

encontrada em fêmeas) no plasma, porém, não se observou alteração no

sistema sexual feminizado dos peixes, demonstrando que a anomalia não foi

revertida.

Andreozzi et al., (2004) estudou a toxicidade frente a algas (inibição de

crescimento) do antibiótico amoxicilina, mostrando-se altamente tóxico para

cianofíceas Synechococcus leopolensis, e sem toxicidade para clorofiláceas

Pseudokirkneriella subcapitata e Closterium ehrenbergii.

Nos ensaios toxicológicos as espécies químicas são classificadas de

acordo com concentrações efetivas, que provocam a inibição do crescimento

de 50% da população sob o teste (EC50), sendo classificadas em: muito tóxicas

com EC50 < 1 mg L-1, tóxicas com EC50 de 1 a 10 mg L-1, prejudicial com EC50

de 10 a 100 mg L-1 e com valores de EC50 > 100 mg L-1 não apresentam riscos

(BRENNER, 2009).

Kim et al. (2007) avaliaram a toxicidade de seis principais

sulfonamidas, entre elas o sulfametoxazol e trimetoprima em meio ambiente

aquático na Coréia. Os organismos indicadores de toxicidade utilizados foram:

bactéria marinha Vibrio fischeri, um invertebrado de água doce Daphnia magna

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[12]

e um peixe japonês medaka Oryzias lapides. Para o sulfametoxazol a bactéria

marinha V. fischeri apresentou um EC50 de 78,1 mg L-1, em 15 minutos de

exposição, mostrando-se prejudicial para esta classe. Para espécies D. magna

e O. lapides o sulfametoxazol e a trimetoprima não apresentaram riscos, uma

vez que o EC50 apresentou-se > 100 mg L-1.

Lindberg et al. (2007) avaliaram os efeitos causados pelo

sulfametoxazol na planta aquática Lemna gibba. Com sete dias de exposição o

EC50 foi de 81 µg L-1, sendo classificado como muito tóxico.

Como pode ser observado, na literatura existem dados sobre efeitos de

resíduos de fármacos em organismos aquáticos, porém os efeitos crônicos são

pouco avaliados, pois requerem um período longo de constatação, além disso,

não é conhecida a concentração prejudicial do resíduo farmacêutico e muito

menos para que tipo de organismo é prejudicial, sendo importante a adoção de

medidas para minimizar a contaminação do ambiente aquático com essa

classe de resíduos.

2.3 Legislação

A Legislação ambiental é um instrumento que assegura o direito de

todo cidadão de viver em condições dignas de sobrevivência, num ambiente

saudável e ecologicamente correto.

A Constituição Federal, promulgada em 1988, garante a necessidade

da proteção ambiental, ao definir, em seu artigo 225: “Todos têm o direito ao

meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e

essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à

coletividade o dever de defendê-lo e preservar para as presentes e futuras

gerações” (BRASIL, 1998a).

No Brasil várias legislações envolvendo o meio ambiente têm sido

implantadas nos últimos anos. As principais foram sancionadas em 1997 e

1998: a Lei 9433, de 08 de janeiro de 1997, e a Lei 9605, de 13 de fevereiro de

1998 (BRASIL, 1997; BRASIL, 1998b). A primeira institui a Política Nacional de

Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

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[13]

Hídricos. Essa lei, em seu artigo 1º, ressalta que a água é um bem de domínio

público e recurso natural limitado, dotado de valor econômico.

A Política Nacional de Recursos Hídricos no capítulo IV diz que a

indústria farmacêutica irá pagar pela água que utiliza e pela quantidade de

efluente lançado no recurso hídrico.

A Lei n° 9605 de 13 de fevereiro de 1998, por sua vez, dispõe sobre as

sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao

meio ambiente. O artigo 2° responsabiliza a todos aqueles que fazem parte da

empresa pela degradação ambiental gerada por ela.

A Resolução RDC n° 306 de 07 de dezembro de 2004 tem sido muito

comentada, apesar de ser mais voltada para resíduos hospitalares. O

capítulo II abrange também indústrias farmacêuticas, drogarias e farmácias. A

RDC 306 obriga a elaboração de um plano de gerenciamento de resíduos de

serviços de saúde, no qual devem ser estabelecidos procedimentos para serem

seguidos desde a geração dos resíduos, tratamento e sua disposição final

(ANVISA, 2004).

A questão ambiental atualmente vem sendo usada até mesmo como

mecanismo de marketing para os produtos pelas empresas que procuram

adequar-se a ISO, um conjunto de normas técnicas referentes a métodos e

análises que permitem certificar que determinado produto foi fabricado com

redução ao mínimo de danos ambientais e dentro da legislação. A ISO 14000

foi implementada em 1996, sendo uma norma de processo e não de

desempenho, que certifica o produto com o selo verde (MAZZER;

CAVALCANTI, 2004).

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[14]

2.4 Tratamentos de Resíduos

2.4.1 Tratamentos convencionais de resíduos farmacêuticos

Os tratamentos convencionais utilizados nas ETEs não são eficientes

para a completa remoção de fármacos residuais, pois esses medicamentos

possuem ação biocida ou estruturas químicas complexas não passíveis de

biodegradação, fatos comprovados por estudos que evidenciam a presença

desse tipo de contaminante em efluente de ETE (MELO et al., 2009).

Nas ETES processos convencionais mais utilizados são os biológicos,

pois permitem o tratamento de grandes volumes, conseguem alcançar altas

taxas de remoção de matéria orgânica e os custos são baixos. No entanto,

alguns compostos recalcitrantes podem ser tóxicos até mesmo para os micro-

organismos. Alguns estudos demonstram que a taxa de degradação de

fármacos em ETE pelo processo convencional de lodo ativado é de

aproximadamente 50% (CLARA et al., 2005; RADJENOVIC et al., 2007).

Os processos físicos (decantação, flotação, filtração, adsorção) são

caracterizados pela transferência de fase do contaminante, sem que o mesmo

tenha sido degradado. Geralmente, esses processos são úteis como pré ou

pós-tratamento no processo final (FREIRE et al., 2000; KUNZ et al., 2002). A

adsorção é o principal mecanismo de remoção de fármacos lipofílicos como os

estrógenos em ETEs que operam com sistema de lodos ativados (FENT et al.,

2006).

Os processos químicos baseados na oxidação dos contaminantes pela

reação com agentes oxidantes fortes são capazes de promover a

mineralização dos fármacos ou sua transformação em produtos que não

apresentam efeitos adversos ao meio ambiente, porém, dependendo do

fármaco, a oxidação dos mesmos pode ser incompleta e ocorrer a formação de

subprodutos mais tóxicos que o original (MELO et al., 2009).

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[15]

2.4.2 Os processos oxidativos avançados

Os Processos Oxidativos Avançados (POAs) vêm despertando o

interesse da comunidade científica e industrial. São processos baseados na

formação do radical hidroxila (●OH), altamente oxidante. Devido ao seu elevado

potencial padrão de redução (Equação 2.1), este radical é capaz de oxidar

vários compostos orgânicos a CO2, H2O e íons inorgânicos provenientes de

heteroátomos.

2.1

O radical hidroxila é geralmente formado por reações que combinam

agentes oxidantes como, o ozônio e o peróxido de hidrogênio, com a irradiação

artificial ou solar e catalisadores, como os íons metálicos ou os

semicondutores. Diferentes reações envolvendo o radical hidroxila podem

ocorrer dependendo da estrutura dos contaminantes orgânicos, sendo elas:

abstração de átomo de hidrogênio, adição eletrofílica a substâncias contendo

insaturações e anéis aromáticos, transferência eletrônica e reações radical-

radical, de acordo com Nogueira et al. (2007).

Os POAs podem ser divididos em sistemas homogêneos e

heterogêneos, com ou sem irradiação conforme a Tabela 2.3.

Tabela 2.3: Principais sistemas de POAs

Sistemas homogêneos Sistemas heterogêneos

Com irradiação Sem irradiação Com irradiação Sem irradiação

UV/H2O2 H2O2/O3 UV/TiO2 Eletro-Fenton

UV/O3 O3/OH- UV/TiO2/H2O2 Fe

0

Feixe de elétrons Fe2+

/H2O2 (Fenton) Fotoeletrocatálise

Fonte: Morais (2005)

Os sistemas homogêneos são aqueles onde não existe a presença de

catalisadores na forma sólida. A degradação dos poluentes ocorre pelo

mecanismo de fotólise direta com irradiação artificial e geração do radical

hidroxila. Os sistemas heterogêneos são aqueles em que existe a presença de

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[16]

catalisadores semicondutores, aumentando assim a velocidade de reação até

atingir o equilíbrio químico sem sofrerem alterações químicas.

Segundo Tambosi (2008) os POAs apresentam uma série de

vantagens, como:

- Mineralizam o poluente e não somente transferem-no de fase;

- São utilizados para a degradação de compostos refratários

transformando-os em compostos biodegradáveis;

- Podem ser combinados com outros processos (pré e pós-tratamento);

- Forte poder oxidante com rápida cinética de reação;

- São capazes de mineralizar os contaminantes e não formar

subprodutos, ao utilizar quantidades adequadas de agente oxidante;

- Geralmente melhoram as propriedades organolépticas da água

tratada;

- Em alguns casos, consomem menos energia, acarretando menor

custo;

- Possibilitam tratamento in situ.

As principais desvantagens e/ou limitações desses processos são:

- Elevado custo dos reagentes;

- Elevado custo com fontes de energia quando o sistema de tratamento

envolve a luz artificial.

- Em alguns casos, elevado consumo de energia.

A Tabela 2.4 apresenta um panorama das aplicações dos POAs. É

importante sempre avaliar a necessidade de combinação com outros processos

como um pré e/ou pós-tratamento do efluente.

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[17]

Tabela 2.4: Áreas de aplicação dos POAs

Substâncias nocivas Lençol freático

contaminado

Efluentes de processos

e de indústrias

Água de

infiltração

Compostos orgânicos

halogenados voláteis,

adsorventes de

organohalogenados

BTEX aromáticos

Resíduos provenientes

da indústria: química,

metalúrgica, elétrica,

gráfica, de tintas.

Indústria em geral.

Indústria: química,

metalúrgica, gráfica, de

material elétrico, de

tintas.

Indústria em geral.

Aterros

sanitários.

Carvão ativado pulverizado,

fenol

Usinas de gás,

refinação de carvão.

Usinas de gás, refinação

de carvão.

TNT

Resíduos provenientes

de: fábricas de

munição, áreas de

treinamento militar.

Fábrica de munição.

Defensivos agrícolas Estações ferroviárias,

agricultura. Indústria química.

DQO/COT

Indústria: química,

farmacêutica, eletrônica,

de cosméticos. Lavagem

de automóveis e

lavanderias.

Aterros

sanitários.

Formadores de complexos,

cianetos

Indústria: química,

metalúrgia e

eletro/eletrônica.

Tintas

Indústria: têxtil

(lavanderias),

papel/celulose, couro,

cosméticos.

Odor, ar e efluentes

Indústria: couro,

papel/celulose. Água

proveniente de lavadores

de gás.

Fonte: Hassemer (2006)

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[18]

2.4.2.1 Processo UV/H2O2

O processo UV/H2O2 tem demonstrado ser uma excelente alternativa

para o tratamento de efluentes devido ao peróxido de hidrogênio ter uma ótima

solubilidade em água e disponibilidade comercial, além de elevada eficiência

na geração de radical hidroxila (VANDEVIVERE et al., 1998).

A fotólise com peróxido de hidrogênio e luz ultravioleta para obtenção

de radical hidroxila ocorre via a clivagem homolítica de uma molécula de H2O2,

em que ocorre a quebra da ligação sigma oxigênio-oxigênio com elevada

energia (48,5 K mol-1). A energia requerida corresponde à radiação ultravioleta

(a qual é emitida por lâmpadas de vapor de mercúrio de média ou baixa

pressão), com comprimento de onda de 254 nm. O resultado é a produção de

dois mols de radical hidroxila por mol de fóton absorvido, conforme a Equação

2.2 (LEAHY; SHREVE, 2000).

2.2

O processo de fotólise é dependente do pH e da concentração de

H2O2. Em meio alcalino a dissociação do H2O2 é favorecida formando o íon

HO2-, que apresenta maior absortividade molar. Já altas concentrações de

peróxido de hidrogênio podem ocasionar em reações que consomem o radical

hidroxila (Equações de 2.3 a 2.5) (DOMÈNECH, et al., 2001, citado por MELO,

et al., 2009).

2.3

2.4

2.5

Outro fator que contribui para a redução da eficiência do processo

UV/H2O2 é a presença de íons carbonatos, bicarbonatos, sulfatos e cloretos

que podem capturar os radicais hidroxilas fotoquimicamente produzidos na

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[19]

reação conforme apresentado nas Equações 2.6 a 2.7 (DOMÈNECH, et al.,

2001, citado por MELO, et al., 2009).

2.6

2.7

A Tabela 2.5 apresenta as vantagens e desvantagens do processo

UV/H2O2.

Tabela 2.5: Vantagens e desvantagens do processo UV/H2O2

Vantagens Desvantagens

Livres de formação de lodos e outros

resíduos; A baixa absorção molar do peróxido de

hidrogênio para o comprimento de onda de

254 nm compromete a velocidade de

formação dos radicais hidroxilas;

Reduz DQO e COT;

Fácil biodegradação de compostos

oxigenados de baixo peso molecular;

Fácil controle da velocidade da reação com

adição de irradiação artificial.

Limitado por carbonatos e bicarbonatos por

reações químicas laterais.

Fonte: GARCIA (2006).

Vogna et al. (2004) realizaram um estudo comparativo do diclofenaco

entre o processo UV/H2O2 e O3. A solução de diclofenaco (296 mg L-1) foi

degradada somente pela radiação artificial em 45% em 1,5 horas, usando uma

lâmpada de vapor de mercúrio de 17 W, já com a adição de peróxido de

hidrogênio (170 mg L-1) a degradação aumentou para 90% em 2 horas. A

remoção de carbono orgânico total (COT) foi de aproximadamente 40%

durante o tratamento.

Andreozzi et al. (2003b) estudaram o tratamento por UV/H2O2 e

ozonização de uma solução aquosa de paracetamol e compararam os

resultados. Utilizando somente a radiação artificial a degradação da solução de

paracetamol (1,51 mg L-1 e pH= 5,5) foi baixa, sendo de apenas 25%. Ao

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[20]

adicionar 170 e 680 mg L-1 de H2O2 a degradação foi de aproximadamente 90%

e a remoção de COT de 21% e 40%, respectivamente em tempo de reação de

4 minutos.

2.4.2.2 Processo Fenton

Segundo Nogueira et al. (2007) há mais de um século, Fenton relatou a

oxidação catalítica de ácido tartárico na presença de sais ferrosos e peróxido

de hidrogênio, a qual mais tarde ficou conhecida como “Reação de Fenton”.

A reação de Fenton é aquela em que ocorre a geração de radicais

hidroxilas pela decomposição de H2O2 catalisada por Fe2+ em meio ácido,

como representada na Equação 2.8.

2.8

O radical hidroxila formado na Equação 2.8 pode oxidar outro íon

Fe (II), na ausência de um substrato (Equação 2.9). Os íons ferrosos são

doadores de elétrons para sistemas radicalares, e assim favorecem a

decomposição do radical hidroxila (NOGUEIRA et al., 2007):

2.9

A reação paralela de decomposição do radical hidroxila possui cinética

semelhante a degradação de compostos orgânicos (k = 1010 mol L-1 s-1),

concluindo-se assim que a matéria orgânica compete diretamente com os íons

ferrosos e, portanto ambas são beneficiadas por Fenton. Para evitar a

competição é necessário adicionar prótons para que haja a formação de água,

conforme a Equação. 2.10, que indica que a reação de Fenton é fortemente

dependente do pH da solução (MORAIS, 2005; MANENTI, 2011; MELO et al.,

2009).

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[21]

2.10

Na Tabela 2.6 estão apresentadas algumas vantagens e desvantagens

do processo Fenton.

Tabela 2.6: Vantagens e desvantagens do processo Fenton

Vantagens Desvantagens

Reagentes atóxicos, simples e de fácil

transporte;

Necessita de acidificação do efluente

antes do processo, pH inicial < 4;

Sistemas homogêneos e integração a outros

processos;

Adição de íons Fe2+

ao efluente e sua

posterior remoção;

Operação mais simples, custo de capital e

operacional menores em relação a outros POAs;

Processo interrompido após a total

oxidação dos íons Fe2+;

Não necessita irradiação. Aumento da salinidade (hidróxido

férrico).

Fonte: GARCIA (2006).

A utilização do processo Fenton é reportada na literatura no tratamento

de efluentes de indústrias têxteis (SALGADO et al., 2009), de papel e celulose

(TAMBOSI et al., 2006) e couros (SCHRANK et al., 2005), porém há poucos

trabalhos referentes a remoção de fármacos por esse processo.

2.4.2.3 Processo foto-Fenton

O processo Fenton associado à irradiação UV-B (280 - 320 nm), UV-A

(320 – 400 nm) e Vis (400 – 800 nm) é conhecido como foto-Fenton.

No processo foto-Fenton os íons Fe3+, formados na reação de Fenton

em solução aquosa, existem na forma de aquo/hidro complexos, cuja

proporção depende do pH. A irradiação destes complexos com radiação

artificial/solar pode promover um elétron de um orbital centrado no metal,

resultando na redução de Fe3+ a Fe2+ e oxidação do ligante (Equação 2.11).

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[22]

Dessa forma esse processo aumenta a eficiência de oxidação, pela

regeneração de Fe2+ para a reação com H2O2 e produz radicais hidroxilas

adicionais (MELO et al., 2009).

2.11

A reação de foto-Fenton é influenciada por três fatores: pH inicial,

concentração de íons ferrosos e de H2O2. Em pH > 6 pode ocorrer a

precipitação dos íons de ferro na forma de hidróxidos, interferindo na

velocidade de degradação dos compostos orgânicos, sendo o pH inicial ácido,

em torno de 3 ideal para o processo foto-Fenton. Nessa condição as espécies

de Fe3+ dominantes em soluções aquosas são os Fe(OH)2+ (PÉREZ et al.,

2002; BAUER, FALLMANN, 1997). A concentração de ferro ideal também

precisa ser determinada para o processo: ao aumentá-la a taxa de remoção de

substrato aumenta até alcançar um valor onde a adição de mais fontes não

altera a velocidade de reação e, além disso, ferro em excesso torna o meio

opaco, reduzindo a quantidade de foto-energia transferida (SANZ et al., 2003).

A determinação da concentração de H2O2 ideal é importante para evitar a

formação de produtos intermediários não desejados entre o substrato e o

produto final de reação esperado. Um aumento no número de mols H2O2

produz um efeito negativo que pode ser explicado pela reação entre o peróxido

de hidrogênio em excesso com radicais hidroxilas, cujo resultado é a formação

do radical hidroperoxila, os quais são menos reativos que os radicais hidroxila,

prejudicando a degradação dos compostos orgânicos. Além disso, podem

ocorrer uma série de reações de consumo de radicais hidroxilas reduzindo a

capacidade oxidativa, conforme apresentado nas Equações 2.12 e 2.13, nas

quais o radical hidroperoxila reage com o radical hidroxila formando moléculas

de H2O e O2, não ocorrendo assim a formação de radicais hidroxilas (PARK et

al., 2006).

2.12

2.13

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[23]

A Tabela 2.7 apresenta as vantagens e desvantagens do processo

foto-Fenton.

Tabela 2.7: Vantagens e desvantagens do processo foto-Fenton

Vantagens Desvantagens

Reagentes atóxicos de simples e fácil

transporte; Controle rigoroso do pH inicial (< 4);

Sistemas homogêneos de fácil integração a

outros processos;

Requer capacitação para a otimização das

variáveis;

Elevada biodegradação de compostos

orgânicos e inorgânicos; Possível geração de lodo contaminado;

Operação simples de baixo custo de

implantação e operacional; Acrescer de custo o processo com a

necessidade de tratamento do resíduo sólido

e deposição controlada; Elevada cinética de reação;

Pode utilizar energia solar como fonte de

irradiação.

Ação não prolongada, já que é limitada pelo

término do peróxido.

Fonte: GARCIA (2006).

Shemer et al. (2006) estudaram a degradação do fármaco metronidazol

pelo processo Fenton e foto-Fenton (com radiação artificial) e verificaram que a

eficiência de remoção do composto aumentou 20% para o processo foto-

Fenton quando comparado com o processo Fenton. A degradação do fármaco

seguiu uma cinética de reação de pseudo-primeira ordem.

González et al. (2007) verificaram a degradação de uma solução

sintética de sulfametoxazol (200 mg L-1) pelo processo foto-Fenton, alcançando

uma remoção completa do composto com dose de H2O2 maior que 300 mg L-1

e concentração de Fe2+ de 10 mg L-1. Segundo os autores o tratamento é eficaz

para aumentar a biodegradabilidade de efluentes contendo o sulfametoxazol,

uma vez que ela aumentou de 0 para valores maiores que 0,3. Testes no

efluente tratado apresentaram ausência de toxicidade e nenhuma inibição na

atividade do lodo ativado.

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[24]

2.4.2.4 Fotocatálise heterogênea

A fotocatálise heterogênea tem sua origem na década de 70 quando

começaram a ser desenvolvidas pesquisas em células fotoeletroquímicas a fim

de produzir combustíveis a partir de materiais baratos, transformando energia

solar em energia química. Em 1972, Fujishima e Honda descreveram a

oxidação da água em suspensão de TiO2 irradiado em uma célula

fotoeletroquímica, produzindo hidrogênio e oxigênio. A partir dessa época,

foram desenvolvidos vários trabalhos a fim de compreender os processos

fotocatalíticos envolvendo a oxidação da água e de íons inorgânicos

(NOGUEIRA; JARDIM, 1998).

O princípio da fotocatálise heterogênea envolve a ativação de um

semicondutor por luz solar (bandas de absorção da maioria dos

semicondutores no UV próximo, 320 - 400 nm) ou artificial. Um semicondutor é

caracterizado por bandas de valência (BV), região com energia mais baixa e

que os elétrons não possuem movimento livre, e bandas de condução (BC),

região com energia mais alta e que os elétrons são livres para moverem-se

através do cristal, produzindo condutividade elétrica similar aos metais (DAVIS;

HUANG, 1989). Entre essas duas regiões existe a zona de “band-gap”, que é a

energia mínima necessária para excitar o elétron e promovê-lo de uma banda

de menor energia para outra de maior energia. A Figura 2.2 representa um

mecanismo simplificado para a fotoativação de um semicondutor.

Fonte: MONTAGNER et al.,(2005).

Figura 2.2: Mecanismo de fotoativação do catalisador.

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[25]

As partículas de um semicondutor (no caso, será utilizado como

exemplo o TiO2) ao serem irradiadas absorvem fótons que podem excitar

elétrons da banda de valência para a banda de condução, se a energia da

radiação for igual ou maior do que a do “band-gap”, gerando assim elétrons e

lacunas ou buracos (Equação 2.14).

2.14

As lacunas da banda de valência possuem caráter oxidante gerando

radicais hidroxila pela oxidação de moléculas de água adsorvidas na superfície

do semicondutor (mecanismo indireto) (Equação 2.15) e também é capaz de

oxidar diretamente moléculas orgânicas via lacuna fotogerada (Equação 2.16).

No entanto, o mecanismo indireto de degradação dos contaminantes

predomina sobre o direto, devido à alta concentração de moléculas de água

adsorvidas na superfície do semicondutor (LEGRINI et al., 1993 citado por

MELO et al., 2009).

2.15

2.16

Um dos principais problemas desse processo é a recombinação do par

elétron-lacuna (Equação 2.17), que pode ser evitado dissolvendo-se oxigênio

que funciona como receptor de elétrons na banda de condução gerando

radicais superóxido (O2.-), que subsequentemente geram H2O2 (Equação 2.18 à

2.20) (LEGRINI et al., 1993 citado por MELO et al., 2009).

2.17

2.18

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[26]

2.19

2.20

Uma alternativa mais vantajosa do que o borbulhamento de oxigênio na

solução é a adição de H2O2 que atua também como receptor e ainda evita o

arraste de compostos voláteis, tornando o processo mais eficiente pela geração

de radicais hidroxila adicionais (Equação 2.21) (LEGRINI et al., 1993 citado por

MELO et al., 2009).

2.21

A fotocatálise heterogênea é uma técnica versátil, uma vez que é

possível a degradação de uma gama de compostos orgânicos em fase aquosa,

como alcoóis, cetonas, alcanos, alcenos, clorados e éteres, com potencialidade

de aplicação à remediação de solos e águas contaminadas, bem como a

desodorização de ambientes (NOGUEIRA; JARDIM, 1998). Essa técnica

mostrou-se eficiente na degradação de corantes (OLIVEIRA, 2010), fármacos

(CRUZ et al. 2010), efluentes de curtume (SCHRANK et al., 2004), defensivos

agrícolas (PRESTES et al., 2010), entre outros.

As vantagens e desvantagens da fotocatálise heterogênea são

apresentadas na Tabela 2.8.

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[27]

Tabela 2.8: Vantagens e desvantagens do processo de fotocatálise

heterogênea.

Vantagens Desvantagens

Elevada degradação de contaminantes

orgânicos e inorgânicos tóxicos;

Dificuldade de penetração da irradiação no

meio reacional;

Atividade bactericida de alguns

semicondutores;

Separação dos catalisadores que são

utilizados como finas suspensões;

Operação simples de baixo custo de

implantação e operacional; Dificuldade de controle da temperatura

Elevada cinética de reação; Dificuldade de controle da intensidade de

radiação

Pode utilizar energia solar como fonte de

irradiação.

Recombinação do par elétron/lacuna

diminuindo o potencial de degradação dos

poluentes.

Fonte: Melo et al.(2009)

2.4.2.4.1 Catalisadores

Os catalisadores são classificados quanto à sua condutividade elétrica

em:

1. Condutores: onde os níveis de energia são contínuos e não há

separação entre a banda de valência e a banda de condução;

2. Semicondutores: onde existe uma descontinuidade de energia

entre as bandas, porém os elétrons podem superá-la, sendo

promovidos da banda de valência para a banda de condução,

gerando um par elétron-lacuna e assim apresentar

condutividade elétrica;

3. Não condutores: onde existe uma descontinuidade muito grande

de energia entre as bandas, sendo a promoção eletrônica

impossível.

A Figura 2.3 apresenta um esquema mostrando os materiais

condutores, semicondutores e não condutores.

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[28]

Fonte: Davis & Huang, 1989, adaptado por Manenti (2011).

Figura 2.3: Níveis energéticos de materiais condutores, semicondutores e não

condutores.

A escolha de um catalisador depende de vários fatores como: atividade

catalítica, resistência ao envenenamento e estabilidade no uso prolongado para

temperaturas elevadas, estabilidade mecânica e resistência ao atrito, não

seletividade e estabilidade química e física em diversas condições

(SZPYRKOWICZ et al., 2001).

2.4.2.4.1.1Semicondutores

Os semicondutores nomeados como fotocatalisadores são aqueles que

apresentam alta fotoatividade para que ocorra a rápida transferência de

elétrons na superfície, ocasionando reações. São diversos os fotocatalisadores

disponíveis, tais como: TiO2, ZnO, Fe2O3, SiO2, Fe2+, Fe3+, ZnS, CdS e V2O5. A

fotoatividade de um catalisador pode ser afetada pelo tamanho da partícula,

área superficial, cristalinidade, habilidade de adsorção, intensidade da luz,

concentração do catalisador e pH da solução (SHOURONG et al., 1997).

O TiO2 (Egap= 3,2 eV) é o semicondutor mais estudado devido a sua

alta fotoatividade, fotoestabilidade e estabilidade química em uma ampla faixa

de pH, baixo custo e insolubilidade, quando comparado com os demais

semicondutores. O TiO2 não apresenta especificidade ácida ou básica, sendo

portanto classificado como anfótero, apesar de apresentar mais características

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[29]

ácidas do que básicas, uma vez que a superfície dos óxidos apresenta sítios

ácidos, devido a polarização ou despolarização existente na ligação entre o

metal e o oxigênio (NOGUEIRA; JARDIM, 1998).

O TiO2 existe em três formas cristalinas alotrópicas: anatase

(tetragonais), rutilo e bruquita (ortorrômbica), o que confere ao óxido uma maior

rigidez (características de metais do bloco d), sendo as duas primeiras

produzidas comercialmente. A forma rutilo e bruquita são inativas para a

fotodegradação de compostos orgânicos, provavelmente pela baixa capacidade

de adsorção de O2 em sua superfície. O TiO2 com fotoatividade mais alta é o

fabricado pela Degussa-Evonik (TiO2 P 25 – 80 % anatase), devido a sua alta

área superficial, em torno de 50 m2 g-1 e a sua complexa microestrutura

cristalina resultante do seu método de preparação, que promove melhor

separação de cargas inibindo a recombinação. No entanto, apesar de todas as

vantagens do TiO2, principalmente de sua alta fotoatividade, a recombinação

elétron-lacuna continua sendo o fator limitante para o rendimento total da

fotocatálise heterogênea (NOGUEIRA; JARDIM, 1998). Além disso, o valor da

banda de energia proibida do TiO2 corresponde a comprimentos de onda

menores do que 370 nm, o que significa que a fotocatálise é ativada somente

com a radiação ultravioleta (200 - 400 nm) que corresponde a 4% da

iluminação solar incidente sobre a Terra.

O TiO2 também possui atividade bactericida comprovada com a

inibição de micro-organismos tais como Lactobacillus acidophilus,

Sacharomyces cerevisiae e Escherichia Coli pela reação com os radicais

hidroxila gerados pela irradiação do semicondutor (MATSUNAGA et al., 1985;

IRELAND et al., 1993, citado por NOGUEIRA; JARDIM, 1998).

O ZnO (Egap = 3,37 eV) também vem sendo bastante estudado por ser

um dos principais materiais inorgânicos, com propriedades catalíticas, elétricas,

opticoeletrônicas e fotoquímicas, o que tem estimulado a investigação de sua

aplicabilidade. O uso do ZnO como fotocatalisador para a degradação de

poluentes é vantajoso por ser um material não tóxico, de baixo custo e alta

reatividade assim como o TiO2 (SILVA et al., 2010). Porém o ZnO perde sua

eficiência na fotocatálise ao ser irradiado com luz artificial devido sua tendência

a fotocorrosão, problema que pode ser solucionado mantendo o catalisador em

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[30]

solução aquosa na escuridão, esse processo é chamado de efeito memória,

recuperando a superfície do catalisador, o que depende do intervalo de tempo

(NUNES, 2010). O ZnO possui maior atividade do que o TiO2 na faixa de

radiação visível, com bandas de energia proibidas que correspondem a

comprimentos de onda menores que 385 nm.

O ZnO pode apresentar-se em estruturas cristalinas de três tipos:

wurtzita, blenda de zinco ou sal de rocha, porém a fase termodinamicamente

estável em condições ambientais é a wurtzita que possui uma célula unitária

hexagonal, onde cada ânion está rodeado por quatro cátions nos vértices de

um tetraedro e vice-versa (OLIVEIRA, 2009).

Uma das principais dificuldades para a implantação em escala

industrial do processo de fotocatálise heterogênea com TiO2 e ZnO é a

dificuldade de separação dos catalisadores que ficam em suspensão nas

soluções degradadas, sendo necessário então realizar filtrações com

membranas elevando o custo do processo tornando-o até mesmo inviável.

Cruz et al. (2010) estudaram a degradação fotocatalítica de soluções

aquosas de sulfametoxazol, trimetoprima e diclofenaco (20 mg L-1), utilizando o

TiO2 e ZnO. Primeiramente foi realizado o planejamento experimental para

determinar as condições ideais para o processo, sendo elas: pH da solução 4 e

concentração do catalisador de 200 mg L-1. Em seguida, foram realizados

testes fotocatalíticos com radiação artificial e borbulhamento com oxigênio

comercial, cujo resultado de remoção alcançado foi de 90% em 30 minutos

para sulfametoxazol e diclofenaco, e 120 minutos para a trimetoprima com

TiO2. A eficiência do ZnO foi menor do que do TiO2 para a remoção dos

fármacos estudados, sendo de 90% para o sulfametoxazol e 70% para o

diclofenaco e trimetoprima em 120 minutos de reação.

Uma estratégia que Silva et al. (2010) adotaram para melhorar a

fotodegradação de contaminantes foi a obtenção de nanocompósitos do tipo

semicondutor/TiO2, cujo semicondutor utilizado foi o ZnO a fim de aliar as

ótimas características de ambos para o processo. Os autores avaliaram a

fotocatálise do corante reativo vermelho Drimaren (50 mg L-1) com o ZnO, TiO2

e nanocompósito ZnO/TiO2, com diferentes proporções de ZnO sob radiação

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[31]

artificial, e verificaram uma velocidade de reação de descoloração do corante

maior ao utilizar o ZnO puro e o nanocompósito ZnO/TiO2 3%.

2.4.2.4.1.2 Compósitos

Os compósitos são formados por uma mistura de dois ou mais

materiais combinados para formar um novo material com propriedades

diferentes aos dos componentes puros, podendo ser obtidos por combinação

de metais, materiais cerâmicos ou polímeros. A maioria dos compósitos são

constituídos por duas fases: a matriz, que confere a ele a estrutura contínua

que envolve as demais fases e os reforços ou fase dispersa, que são

responsáveis por realçar as propriedades físicas e químicas dos compósitos.

Os compósitos podem ser preparados via dois processos:

I. Mistura termomecânica dos componentes: os materiais que irão

compor o compósito já existem e são misturados fisicamente

sob pressão e/ou temperatura.

II. Método químico: o modificador é inserido dentro da matriz

através de reações químicas ou é formado in situ, ou seja,

dentro da matriz.

Os materiais compósitos podem ser classificados de acordo com a

estrutura química ou a geometria do modificador. No primeiro caso, os

compósitos são classificados de acordo com a classe ou função química dos

componentes em: polímero-polímero ou blendas, polímero-óxido, metal-

polímero e cimento-polímero. No segundo caso, os compósitos são

classificados conforme a natureza geométrica do modificador em: particulados,

fibrosos, filamentosos e laminares. O tamanho do modificador incorporado na

matriz também pode ser utilizado para classificar os compósitos em:

macrocompósitos > 1 µm no seu eixo maior, microcompósito entre 10 e 100 nm

e nanocompósito < 10 nm (RODRIGUES FILHO, 1996).

O uso dos compósitos ocorre desde a pré-história, cuja mistura de

argila com palha de trigo ou arroz produzia materiais com melhor maleabilidade

e menor desenvolvimento de fraturas. O primeiro compósito moderno foi o

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[32]

poliestireno reforçado com fibra de vidro, projetado por Bradt em 1951 para o

exército norte-americano. Desde então diversos outros materiais compósitos

foram projetados para as mais diversas aplicações como, por exemplo:

indústria aeronáutica no projeto de peças mais leves para aviões; indústria de

construção civil, para aumentar a durabilidade de pontes; indústria marítima,

para construção de barcos; indústria de lazer, em esquis, raquetes, tacos de

golfe, cordas, bicicletas, capacetes; indústria automobilística, para peças de

automóveis como pára-choques (RODRIGUES FILHO, 1996; FURTADO,

2009).

2.4.2.4.1.2.1 Compósitos polímero/óxido

A formação do compósito polímero/óxido ocorre pela combinação de

uma matriz polimérica orgânica com um material inorgânico, em que há a

dispersão da porção inorgânica sob a matriz. Essa combinação alia a rigidez

dos óxidos com a facilidade de modelagem de uma matriz orgânica, resultando

em materiais com inúmeras aplicações em processos de troca iônica, catálise,

osmose reversa e como suporte de enzimas (CAMPOS, 1998).

A fotocatálise de uma solução aquosa de corante azul de metileno

(0,0038 g L-1) utilizando 0,1 g de um compósito polímero/óxido (acetato de

celulose/TiO2) foi estudado por Oliveira (2010). Os resultados mostraram uma

redução de 90% na absorbância do corante em tempos de exposição de

60 minutos com radiação solar e 75 minutos com radiação artificial (lâmpada de

vapor de mercúrio de 125 W). Os testes foram realizados sob agitação

magnética e sem a adição de agentes oxidantes.

2.4.2.4.1.3 Placa de Zn recoberta com ZnO

O processo fotocatalítico depende essencialmente da área superficial

do semicondutor, sendo interessante o uso de fotocatalisadores em escala

pequenas. Para que um nanomaterial tenha eficiência na aplicação que se

deseja é necessário desenvolver um método de síntese que possibilite a

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[33]

obtenção de partículas pequenas em uma determinada fase cristalina, com

tamanho e morfologia controlada.

Xu et al. (2007) utilizaram placas de Zn recobertas com ZnO

nanométrico, cuja síntese foi pelo método hidrotérmico, para a fotodegradação

do fenol sob radiação artificial, alcançando remoções de 81% do poluente

utilizando o nanomaterial como catalisador, enquanto o zinco em pó alcançou

remoções de apenas 45% em 60 minutos de reação.

Os principais métodos de síntese de nanoestruturas são: sol-gel

hidrolítico, precursores poliméricos, hidrotermais e solvotermais. Neste trabalho

só será utilizado o hidrotermal.

Os métodos hidrotérmico e solvotérmico são alternativas para

cristalização sem o uso de tratamento térmico em temperaturas elevadas,

sendo aplicável em escala industrial. Em condições hidrotermais a solubilidade

das partículas amorfas é aumentada e a cristalização pode ocorrer

concomitantemente com processos de redissolução e reprecipitação – porém

no núcleo cristalino (MOURÃO et al., 2009).

O tratamento hidrotermal já foi utilizado em sínteses para a obtenção

de nanoestruturas de semicondutores. Pequenas variações nos parâmetros de

síntese, como pH e concentração do precursor podem causar mudanças

substanciais na morfologia, tamanho e constituição química das nanoestruturas

sintetizadas.

O controle do pH nas sínteses deve ser realizado com soluções, cujos

contra-íons não se intercalem na rede cristalina do produto cristalino final

(MOURÃO et al., 2009).

A concentração do precursor é importante por determinar a fase e

morfologia do material sintetizado. Isso ocorre pelo fato da concentração ser

um fator chave na cinética reacional, influenciando na mobilidade das

partículas suspensas e na proporção dos choques efetivos (MOURÃO et al.,

2009).

O processo fotocatalítico é um fenômeno de superfície, a análise dos

planos cristalográficos preferencialmente expostos em uma determinada

morfologia torna-se importante. Superfícies sólidas de diferentes orientações

cristalográficas possuem diferentes energias de superfície e consequentemente

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[34]

diferentes afinidades com determinados íons ou moléculas (MOURÃO et al.,

2009).

2.5 Determinação da concentração dos fármacos

A degradação de fármacos pelos POAs pode gerar vários

intermediários, podendo ser até mais nocivos do que o fármaco original, sendo

importante determiná-los assim como identificar as rotas de degradação.

Segundo Melo et al. (2009) muitos trabalhos relatam o uso da técnica

de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa (CG-MS), para a

identificação dos intermediários de degradação. No entanto, dependendo da

propriedade dos compostos é necessário a derivatização para facilitar a sua

volatização, o que pode ocasionar inexatidão dos resultados. Outra técnica

muito utilizada para a determinação dos intermediários de degradação é a

cromatografia líquida acoplada a espectrometria de massa (LC-MS), uma vez

que grande parte dos fármacos são compostos polares contendo grupos

funcionais como fenóis, ácidos carboxílicos e aminas, além de não necessitar

de derivatização como a técnica anterior. Uma grande exatidão da massa

molar dos intermediários é alcançada ao utilizar o analisador massa/carga TOF

(Time of Flight) (LC-MS-TOF) facilitando a identificação dos subprodutos

formados.

Cruz et al. (2010) estudaram a degradação fotocatalítica de soluções

aquosas de sulfametoxazol, trimetoprima e diclofenaco com TiO2 e ZnO, com

borbulhamento de oxigênio comercial. A degradação foi acompanhada por

medidas espectroscópicas realizadas em um espectrofotômetro, utilizando

cubetas de quartzo, no qual foi avaliado o decaimento da área espectral

integrada de 190 a 350 nm. Os autores também realizaram medidas

cromatográficas dos substratos em estudo por um cromatógrafo líquido de alta

eficiência (CLAE) Varian 920-LC, equipado com coluna C18, detector UV

(254 nm) e fase móvel constituída por acetonitrila (222 mL), água deionizada

(777 mL) e trietilamina (1,1 mL) com vazão de 1 mL min-1 para o

sulfametoxazol e trimetoprima. Metodologia também utilizada por Cordeiro et

al., (2008).

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[35]

Payán et al. (2011) desenvolveram um método de microextração em

fase líquida com fibras ocas para aumentar a sensibilidade para a

determinação de sulfonamidas e seus metabólitos por CLAE. O cromatógrafo

utilizado foi o LaChrom® VWR-Hitachi com arranjo de diodo e detecção por

fluorescência, equipado com coluna C18 e tamanho de 5 µm, a fase móvel

consistia em ácido fórmico a 1% (pH 2,6) e acetonitrila com taxa de fluxo de

0,4 mL min-1.

Pedroso et al. (2011) desenvolveram métodos de análises por

CLAE-UV da tetraciclina, sulfametoxazol e trimetoprima utilizando materiais a

base de sílica como sistemas de pré-concentração. As análises

cromatográficas do sulfametoxazol e trimetoprima foram realizadas pelo

cromatógrafo líquido de alta eficiência com detector ultravioleta da Shimadzu

LC-10A, equipado com detector de UV-Vis SPD-10A e com coluna Shimadzu

Shim-pack CLC-C8 de 5 µm e pré-coluna GC8. O comprimento de onda do

detector foi de 280 nm para o sulfametoxazol e trimetoprima, cuja fase móvel

utilizada foi H2O:acetonitrila:trietilamina na proporção de 799:200:1 (v/v)

(pH: 5,9 ± 0,1 corrigido com ácido acético). A vazão da fase móvel foi de

1 mL min-1 em modo isocrático e volume de injeção de 20 µL.

Brenner et al. (2009) estudaram a degradação do sulfametoxazol e

trimetoprima através da eletrocoagulação. A determinação da concentração

dos fármacos após a degradação foi realizada por medidas cromatográficas em

um cromatógrafo líquido de alta eficiência acoplada ao espectrômetro de

massas API 4000 Q-Trap em série com fonte de ionização de eletrospray,

utilizando uma coluna cromatográfica Eclipse XDB-C18 com 5 µm e fase móvel

constituída por metanol:água:ácido acético nas proporções 49,5:49,5:1(v/v) e

acetato de amônio 1 mmol L-1. A vazão foi de 600 µL min-1, a temperatura do

forno da coluna foi mantida em 30°C e o tempo de corrida foi de 5 minutos.

Krause (2009) estudou a ozonização do sulfametoxazol, cuja

determinação da concentração do antibiótico foi por meio de um cromatógrafo

líquido de alta eficiência Shimadzu, modelo LC-20A, equipado com uma coluna

C18 e um detector UV/Vis. A temperatura da coluna foi mantida em 40°C,

utilizando uma vazão de 1 mL min-1, com fase móvel composta por 60% de

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[36]

acetonitrila e 40% de água ultra pura em pH 2,2. A detecção do composto foi

no comprimento de onda de 265 nm e volume de injeção de 20 µL.

O acompanhamento da degradação do sulfametoxazol pelo

espectrofotômetro UV-Vis não é o ideal, uma vez que os intermediários podem

absorver no mesmo comprimento de onda do antibiótico dando falsos

resultados. Desta forma, o ideal é utilizar a cromatografia líquida de alta

eficiência cujos resultados são apenas da concentração do sulfametoxazol,

porém essa técnica não permite identificar a formação de intermediários além

do seu elevado custo.

2.6 Intermediários da degradação de fármacos, biodegradabilidade e

toxicidade

A degradação de fármacos pelos POAs envolve diferentes etapas e

várias reações que geram diferentes subprodutos que podem apresentar maior

ou menor toxicidade, ou até mesmo manter a atividade funcional do fármaco

original, tornando-se importante complementar as análises químicas com testes

de toxicidade e biodegradabilidade.

Existem vários testes de toxicidade, os quais podem ser baseados, por

exemplo, na alteração da luminescência da bactéria Vibrio fischeri ou na perda

de mobilidade do crustáceo Daphina magna. A biodegradabilidade é um

parâmetro que também permite avaliar a toxicidade dos intermediários. É dada

pela razão entre a demanda bioquímica de oxigênio após 5 dias e a demanda

química de oxigênio (DBO5/DQO).

González et al. (2007) avaliaram a toxicidade e biodegradabilidade dos

intermediários da degradação de uma solução de sulfametoxazol (200 mg L-1)

via processo foto-Fenton. Pelos resultados da razão DBO5/DQO foi observado

que ao aumentar a dose de H2O2 de 50 a 550 mg L-1 durante o tratamento,

houve um aumento na biodegradabilidade. Além disso, a toxicidade da solução

com menor dose de H2O2 (50 mg L-1) aumentou quando comparado com o

fármaco original, sendo mais tóxicos os intermediários formados no processo

nessas condições, porém ao utilizar concentrações maiores de H2O2 isso não

foi observado, sugerindo que os intermediários formados podem ser diferentes

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[37]

dependendo das condições experimentais ou que esses compostos sejam

rapidamente degradados.

A degradação do sulfametoxazol pelo processo de fotocatálise

heterogênea foi estudada por Abellán et al. (2007) os quais observaram uma

variação da eficiência de remoção de carbono orgânico total (COT) com o pH

da solução. Essa variação pode ter ocorrido pela diferença nas rotas de

degradação, as quais levam a formação de compostos que não contêm o anel

benzênico ou anel isoxazol. A razão DBO5/DQO demonstrou um aumento da

biodegradabilidade da solução de sulfametoxazol, enfatizando a aplicabilidade

do processo.

O principal metabólito do sulfametoxazol detectado no meio ambiente é

o N4-acetilsulfametoxazol que apresenta atividade antimicrobial reduzida

(BRENNER, 2009).

Hu et al. (2007) identificaram três intermediários do sulfametoxazol

gerados pela aplicação do processo de degradação fotocatalítica com TiO2,

usando a técnica LC-MS/MS. O primeiro intermediário foi identificado como

sendo o sulfametoxazol hidroxilado, com m/z = 270 MH+. O segundo

intermediário foi identificado como sulfametoxazol dihidroxilado, m/z = 288

MH+. E o terceiro intermediário foi identificado como sendo o 3-amino-5-

metilisoxazol m/z = 99 para MH+.

2.7 Considerações Parciais

A fotocatálise é um processo amplamente utilizado no tratamento de

diversos contaminantes ambientais, porém possui algumas limitações que

dificultam sua aplicação em larga escala. Sua principal limitação é a separação

do catalisador da solução degradada. O trabalho em questão busca

desenvolver catalisadores que possuem a mesma eficiência, porém que seja

de fácil separação.

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[38]

CAPÍTULO 3 – Objetivos

3.1 Objetivos gerais

Preparar e caracterizar catalisadores que possam ser facilmente

separados da solução a ser degradada e aplicá-los na fotodegradação de uma

solução sintética de sulfametoxazol.

3.2. Objetivos específicos

- Preparar o compósito de acetato de celulose/TiO2 com teor de óxido,

em massa, de 5%;

- Recobrir uma placa de zinco metálico com ZnO;

- Caracterizar tanto o compósito, quanto a placa de zinco recoberta,

por análises físico-químicas (TG, MEV, DRX e Raman);

- Realizar testes catalíticos de fotodegradação do sulfametoxazol

utilizando os catalisadores preparados;

- Otimizar o processo de degradação fotocatalítica do sulfametoxazol

pelo controle de variáveis físico-químicas como tempo, pH, temperatura e

concentração de agente oxidante.

- Estudar a cinética da reação de degradação do sulfametoxazol.

- Estudar a perda de eficiência catalítica da placa de zinco recoberta

com ZnO.

- Verificar a concentração de zinco presente na solução degradada,

proveniente da dissolução do metal ou do óxido metálico e compará-la com as

normas ambientais.

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[39]

CAPÍTULO 4 - Materiais e métodos

Os experimentos de preparação dos catalisadores e os tratamentos

fotocatalíticos foram realizados no Laboratório de Análises e Pesquisas

Ambientais (LAPA) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. A

caracterização dos catalisadores foi realizada no Departamento de Química da

Universidade Estadual de Maringá - UEM.

4.1 Reagentes

Todos os reagentes utilizados nos experimentos foram de grau de

pureza analítica, exceto a acetonitrila que foi de grau de HPLC.

4.2 Catalisadores

4.2.1 Preparação do compósito acetato de celulose/TiO2

Primeiramente foi preparada a solução base para a obtenção do

compósito, dissolvendo-se 20 g de acetato de celulose em 200 mL de uma

mistura ácido acético:acetona na proporção percentual de 30:70 (v/v). A

mistura ficou em repouso por 24 horas para solubilização. Em seguida

adicionou-se a essa solução 5,3 mL de tetra tert-butilortotitanato

[Ti(OC(CH3)3)4] para, depois da hidrólise e condensação, resultar num

compósito com 5% de TiO2, em massa. Depois de 4 horas de agitação

magnética, foi realizada a inversão de fase, gotejando 400 mL de água

destilada sob a mistura, em agitação, sendo depois a mistura deixada em

repouso por 12 horas. O sólido obtido foi filtrado sob vácuo e lavado com água

destilada e, em seguida, seco em estufa a 80°C por 8 horas.

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[40]

4.2.2 Preparação da placa de Zn recoberta com ZnO

Para a obtenção das placas de zinco recobertas com ZnO foi utilizada

a metodologia descrita por Xu et al. (2007). Primeiramente as placas de zinco

de 2 cm2 foram lavadas com água destilada e sabão, depois com uma solução

de ácido HNO3 a 30% e novamente com água destilada e posteriormente

secas à temperatura ambiente.

A síntese foi realizada pelo método hidrotérmico, na qual foi preparada

uma solução aquosa contendo 0,075 mols de ZnSO4 e (NH4)2SO4 (razão molar

NH4+/Zn2+ 30:1), cujo pH foi ajustado para 11,5 com NaOH. A solução foi

transferida para uma autoclave de teflon e as placas foram suspensas de

maneira que ficassem totalmente mergulhadas na solução. Em seguida o

aparato ficou na estufa por 13 horas a 70°C. Após esse período as placas

foram lavadas com água destilada e secas em estufa por 2 horas a 80°C.

4.2.3 Caracterização dos catalisadores

4.2.3.1 Análise termogravimétrica (TG)

A análise termogravimétrica foi utilizada para determinar o teor de TiO2

e a estabilidade térmica do compósito acetato de celulose/TiO2 como auxílio de

um analisador termogravimétrico Shimadzu, modelo T50, em uma célula de

platina, sob fluxo de N2 de 20 mL min-1 e taxa de aquecimento de 20°C até

800º C.

3.2.3.2 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

A microscopia eletrônica de varredura foi realizada para ambos os

catalisadores. O compósito precisou passar por uma preparação para a análise

posterior, o qual foi suspenso em etanol com auxílio de ultrassom por 2 minutos

e, posteriormente seco em estufa à 80°C por 2 horas. Com o auxílio de um

metalizador BAL-TEC, modelo SCD050, as amostras, tanto do compósito

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[41]

quanto a placa de Zn recoberta com ZnO foram recobertas com ouro e

analisadas em um microscópio eletrônico de varredura Zeiss, modelo EVO 050.

4.2.3.3 Difratometria de raio-X (DRX)

A fase cristalina do compósito acetato de celulose/TiO2 foi analisada

por difratometria de raio-X (difratômetro Rigaku-ROTALEX Dmax/2500PC)

usando a radiação Kα do cobre, com voltagem de 40 kV e monocromador de

grafite. Os difratogramas foram obtidos no intervalo de 2θ entre 5 e 50º com

variação de 0,030º s-1.

4.2.3.4 Espectroscopia Raman

Os espectros Raman (espectrômetro Bruker RFS 100) foram obtidos

usando um laser Nd:YAG com comprimento de onda contínuo de 1064 nm e

95 mW em temperatura ambiente.

4.3Testes fotocatalíticos

Os testes fotocatalíticos foram realizados com uma solução aquosa de

20 mg L-1 de sulfametoxazol, sob radiação solar e artificial. A concentração da

solução de sulfametoxazol utilizada nos estudos seguiu a metodologia de Cruz

et al. (2010) e está acima daquela encontrada em ambientes aquáticos (faixa

de µg L-1 e ng L-1), cuja determinação só seria possível por meio de técnicas

analíticas sensíveis, motivo pelo qual optou-se por utilizar uma concentração

em escala maior. O reator utilizado foi um béquer de borossilicato de 250 mL

com volume de solução 250 mL. Foram utilizados agitadores magnéticos para

homogeneizar constantemente a solução, permitindo que as camadas mais

profundas na solução emergissem e também ficassem expostas à radiação.

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[42]

Os testes sob radiação solar foram realizados no período das 9 às

17 horas nos meses de fevereiro a junho de 2012 na Universidade Estadual do

Oeste do Paraná, Campus Toledo.

Nos testes sob radiação artificial, o reator foi montado no interior de

uma caixa de madeira (80 cm x 80 cm x 50 cm) revestida com papel alumínio

para maximizar a irradiação por reflexão. A radiação foi fornecida por duas

lâmpadas de vapor de mercúrio de 250 W sem o bulbo externo, presas na

parede interna superior da caixa a uma distância de aproximadamente 10 cm

uma da outra e 30 cm do reator.

Para minimizar os efeitos da temperatura dentro da caixa com as

lâmpadas, foram fixados ventiladores nas paredes laterais da mesma e nos

testes referentes ao planejamento estatístico experimental e a cinética de

reação o reator foi equipado com um sistema de refrigeração por água, uma

vez que somente os ventiladores não foram suficientes para controlar a

temperatura. A Fig. 4.1 apresenta o sistema utilizado para a reação

fotocatalítica sob radiação artificial.

Fonte: adaptado de Garcia (2006)

Figura 4.1: Sistema utilizado para as reações sob radiação artificial.

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[43]

Para o processo com radiação artificial, pode-se calcular pela Equação

4.1 a intensidade de irradiação emitida pela lâmpada de vapor de mercúrio.

4.1

Sendo:

I = intensidade da irradiação;

Pot = potência da lâmpada em W;

A = área de incidência de irradiação no reator em m2.

4.3.1 Testes preliminares

Inicialmente foram realizados testes comparativos entre uma solução

aquosa (CRUZ et al., 2010) e uma solução etanólica 5% em volume

(CORDEIRO et al., 2008) de sulfametoxazol, uma vez que há divergência

sobre a solubilização do substrato na literatura em trabalhos envolvendo POAs.

O pH das soluções foi ajustado para 4 e a massa do catalisador foi de 0,05 g

de TiO2, realizando comparações entre soluções sob radiação artificial e solar,

com e sem agente oxidante (266 mg L-1 de H2O2) e com e sem catalisador, em

tempos de exposição a radiação de 3 horas. As alíquotas das amostras

(10 mL) foram retiradas em tempos pré-determinados de (0, 5, 10, 30, 45, 60,

90, 120 e 180 minutos) e filtradas em membranas de acetato de celulose de

0,45 µm de porosidade para posterior leitura em um espectrofotômetro UV-Vis.

Em seguida foram realizados testes para determinar o tempo de

degradação da solução de sulfametoxazol com 1 g de compósito acetato de

celulose/TiO2, sob radiação solar em 1400 horas (esse tempo inclui o período

noturno em que a solução ficou sem radiação). Além disso, foram realizados

testes com 1 g do compósito, com e sem agente oxidante (266 mg L-1 de H2O2)

sob radiação artificial com o pH da solução ajustado para 4. As alíquotas das

amostras foram retiradas com o auxílio de uma seringa adaptada com algodão

na ponteira nos tempos pré-determinados, já citados anteriormente.

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[44]

Nos testes fotocatalíticos utilizando como catalisador a placa de Zn

recoberta com ZnO, a mesma foi presa por um fio de nylon, totalmente

submersa na solução de sulfametoxazol com pH da solução ajustado para 4 e

266 mg L-1 de H2O2, em um reator de 250 mL sob refrigeração com água e

radiação artificial, em tempos exposição a radiação de 3 horas. A retirada das

alíquotas foi similar ao processo da degradação com o compósito, porém sem

a necessidade de nenhum tipo de filtração. Procedimento similar foi realizado

para o planejamento experimental.

O pH da solução de sulfametoxazol foi ajustado com ácido fosfórico a

85% e hidróxido de sódio 0,1M.

4.3.2 Planejamento experimental

É de extrema importância a determinação das condições ideais dos

parâmetros operacionais na procura da melhor eficiência do processo de

fotocatálise heterogênea, para isso foi proposto o planejamento experimental,

no qual os resultados experimentais baseados na absorbância, foram

submetidos a análise estatística, visualizados por superfície de resposta e

validados pela ANOVA.

O delineamento utilizado foi um Planejamento Experimental Fatorial 22,

seguindo a metodologia de Cruz et al.(2010), conforme a Tabela 4.1, assim o

efeito das variáveis foi estudado em dois níveis (ensaios em duplicata),

acrescidos de um ponto central ensaiado em triplicata.

Tabela 4.1: Planejamento Experimental Fatorial 22

Experimentos pH Concentração

de H2O2 (mg L-1

)

1 4 (-1) 66 (-1)

2 4 (-1) 466 (1)

3 6 (0) 266 (0)

4 6 (0) 266 (0)

5 6 (0) 266 (0)

6 8 (1) 66 (-1)

7 8 (1) 466 (1)

OBS:catalisador utilizado é uma placa de Zn recoberta com ZnO, sob radiação artificial

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[45]

A escolha dos níveis para o planejamento experimental fatorial foram

baseados nos estudos de Cruz et al.(2010). Além disso, não era possível

utilizar pH extremamente ácido, uma vez que provocaria a dissolução do

catalisador e nem pH extremamente básico, que provocaria a deposição de

hidróxidos e óxidos sobre a placa de Zn recoberta com ZnO. A concentração

de peróxido também não poderia ser elevada para não danificar o catalisador.

4.3.3 Teste da eficiência catalítica da placa de Zn recoberta com ZnO e

determinação de Zn

A partir das condições ideais obtidas com o planejamento experimental

estatístico foram realizadas 10 fotodegradações seguidas utilizando a mesma

placa de Zn recoberta com ZnO sem realizar o processo de recobrimento entre

as fotodegradações para verificar a eficiência do catalisador. Posteriormente,

as soluções degradadas foram submetidas à leitura de absorbância na região

de interesse em espectrofotômetro UV-Vis e determinada a concentração de

zinco por meio de espectrometria de absorção atômica, usando um

equipamento de absorção atômica Perkin Elmer, modelo AAnalyst 700 em

chama ar/acetileno com comprimento de onda de 219,3 nm, cuja curva de

calibração foi realizada com soluções de zinco de 0,1; 0,3; 0,5; 0,7; 1; 2; 3 e

4 mg L-1. Foi necessário diluir as amostras de sulfametoxazol 20 vezes para

realizar as leituras de concentração de zinco. Além disso, foi realizado um

acompanhamento da concentração de zinco em função do tempo de

fotodegradação do sulfametoxazol.

4.3.4 Fotodegradação do sulfametoxazol em função do tempo

A cinética de reação da fotodegradação do sulfametoxazol foi

determinada a partir das condições ótimas obtidas com o planejamento

experimental fatorial. Para cada tempo pré-determinado já citado

anteriormente, foram preparadas soluções de sulfametoxazol (em duplicata)

até encontrar o tempo de equilíbrio. As alíquotas das amostras foram

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[46]

analisadas por espectrofotometria UV-Vis e cromatografia líquida de alta

eficiência.

4.3.4.1 Determinação da demanda química de oxigênio (DQO).

A DQO baseia-se na oxidação química da matéria orgânica por

dicromato de potássio a temperaturas elevadas e em meio ácido contendo

sulfato de mercúrio como catalisador.

Primeiramente foram preparadas as seguintes soluções:

- Digestora: preparada a partir de 0,6129 g de dicromato de potássio

(K2Cr2O7) e 50 mL de água em um balão volumétrico de 500 mL, cujo

volume é completado com ácido sulfúrico.

- Catalítica: 10 g de sulfato de prata (Ag2SO4) para cada 1000 mL de

ácido sulfúrico.

- Preparo da ampola: 300 mL da solução digestora de DQO com 400 mL

da solução catalítica.

Em frascos de digestão (16 x 100 mm) foram adicionados 3,5 mL da

solução de preparo da ampola, uma pitada de sulfato de mercúrio e 4 mL da

amostra (solução inicial e após 240 minutos de reação de sulfamentoxazol). A

mistura foi aquecida a 150°C por um período de 2 horas. Após esfriar a

temperatura ambiente, foi realizada a leitura de absorbância em 602 nm. A

concentração de oxigênio da amostra foi obtida por meio da curva de

calibração com uma solução padrão de biftalato de potássio com

concentrações de 5, 10, 25, 40, 50 e 55 mg O2 L-1.

4.3.4.2 Determinação de nitrato

A determinação de nitrato seguiu a metodologia de Mackereth et al.

(1978). Primeiramente foi necessário lavar os grânulos de cádmio com solução

de cloreto de mercúrio a 1%, com uma solução de cloreto de amônio 2,6% e

água destilada, sendo que cada procedimento foi repetido por 3 vezes.

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[47]

Em seguida foram adicionados, em frascos de polietileno com tampa,

um grânulo de cádmio, 10 mL da amostra (solução de sulfametoxazol inicial e

após 240 minutos de degradação), 3 mL da solução de cloreto de amônio e

1 mL da solução de bórax 2,1%. Os frascos foram tampados e agitados por

20 minutos. Posteriormente, foram transferidos 7 mL da solução para tubos de

ensaio e 1 mL de uma solução de sulfanilamida. Após 5 minutos, foi adicionado

1 mL de uma solução de naftil. A leitura da absorbância foi realizada em um

espectrofotômetro UV-Vis em 543 nm, cuja curva de calibração foi obtida com

uma solução padrão de nitrato de potássio nas seguintes concentrações: 100,

200, 400, 800 e 1000 µg L-1.

4.3.5 Monitoramento da degradação do sulfametoxazol

O monitoramento foi realizado pelo decaimento de absorção do pico

com maior comprimento de onda (266,2 nm), verificado pelo espectro de

absorção molecular entre 190 a 350 nm, em um espectrofotômetro SHIMADZU

modelo UV-1601 PC. A curva de calibração foi realizada com soluções de

sulfametoxazol variando de 1 a 20 mg L-1.

A degradação também foi acompanhada na cinética de reação pela

cromatografia líquida de alta eficiência em um equipamento SHIMADZU,

modelo LC-20A, com coluna C18 (25 cm de comprimento) e detector UV-Vis

(218 nm). A temperatura da coluna foi mantida em 40°C e o volume de injeção

de amostra foi de 20 µL. A fase móvel utilizada foi trietilamina 1%: acetonitrila

na proporção 70:30, respectivamente.

A solução de trietilamina 1% foi preparada com água ultra pura e o pH

ajustado para 5 utilizando uma solução de ácido fosfórico 85%, a solução foi

filtrada em membranas de acetato de celulose de 0,45 µm de porosidade para

remover pequenas partículas (os primeiros 10 mL filtrados foram desprezados),

homogeneizada em um frasco de âmbar e levada ao ultra-som por 15 minutos.

A preparação da acetonitrila foi somente levá-la ao ultrassom por 15 min.

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[48]

O tempo de análise utilizado foi de 5 minutos, com tempo de retenção

de aproximadamente 3,2 minutos. A curva de calibração foi obtida com

concentrações de sulfametoxazol de 1, 3, 5, 8, 12, 15, 20 e 25 mg L-1.

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[49]

CAPÍTULO 5 - Resultados e discussão

5.1 Compósito acetato de celulose/TiO2

O acetato de celulose é suscetível ao ataque de solventes (ácido

acético e acetona) e sua dissolução ocorre de maneira rápida, dependendo da

quantidade em massa do polímero. Ao adicionar o tetra-tert-butilortotitanato à

solução polimérica, espera-se que ele seja hidrolisado à Ti(OH)4 e depois

condensado à TiO2 hidratado. Como a mistura encontra-se na forma líquida,

para obter o compósito na forma sólida foi realizada a inversão de fase, que

consiste na adição de um não solvente, no caso uma substância polar. Com

isso, ocorre uma competição entre as substâncias líquidas presentes no

sistema, e, por afinidade, a água acaba sendo miscibilizada aos demais

solventes. Assim, a fase em massa acaba perdendo a solvatação dos

solventes já presentes e desta maneira forma-se um agregado pastoso em

suspensão. O agregado foi separado por filtração a vácuo e posteriormente

submetido a temperatura de 80°C para evaporar água e uma porção da matéria

orgânica, restando o acetato de celulose impregnado com dióxido de titânio.

5.1.1 Caracterização do compósito

5.1.1.1 Análise termogravimétrica

A curva da análise termogravimétrica (TG) do compósito acetato de

celulose/TiO2 é mostrada na Figura 5.1, a qual indica que a degradação do

compósito ocorreu em três etapas.

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[50]

Figura 5.1: Análise termogravimétrica do compósito acetato de celulose/TiO2

A primeira etapa corresponde à perda de massa de material volátil e de

água, este fenômeno ocorre entre 25 e 230°C, apresentando uma umidade de

3,16%, valor obtido pela diferença entre a massa inicial e a massa apresentada

no primeiro patamar.

A segunda etapa iniciou em 250°C e terminou em 400°C,

correspondendo a degradação das cadeias de acetato de celulose e indicando

uma estabilização térmica do compósito ligeiramente inferior do acetato de

celulose puro (que varia de 300–500°C).

A terceira etapa, a qual ocorre entre 400 e 555°C corresponde ao TiO2.

O teor de dióxido de titânio pode ser calculado pela divisão entre a

massa no primeiro patamar, com a ausência de umidade e a massa no último

patamar, sendo de 4,7%, enquanto o esperado era de 5% indicando um bom

rendimento e alguma perda por solubilização. O preparo do compósito foi

baseado no estudo de Oliveira (2010), o qual preparou compósitos de acetato

de celulose/TiO2 utilizando diferentes teores do precursor do TiO2 (5, 10 e

15%). No entanto, ao realizar a análise termogravimétrica dos compósitos

obtidos verificou que o teor do óxido não variou, ou seja, todos os compósitos

possuíam aproximadamente 3,6 – 4,7% de TiO2 em massa, concluindo assim

que a quantidade do precursor do óxido não tem influência na quantidade final

de TiO2 no material obtido, sendo assim viável a utilização de quantidades

menores do precursor, como a utilizada neste trabalho.

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[51]

5.1.1.2 Microscopia eletrônica de varredura

A micrografia na Figura 5.2 mostra detalhes da morfologia de superfície

do compósito. Observa-se na imagem que a amostra possui partículas porosas

com diâmetro de aproximadamente 20 micrometros, cavidades, reentrâncias e

poros menores provavelmente originados pela quebra dos agregados maiores,

apresentando assim características que indicam que o material possui boas

propriedades catalíticas. Além disso, aparentemente não há uma separação de

fases.

Figura 5.2: Imagem obtida por elétrons secundários do compósito acetato de

celulose/TiO2, com magnificação de 4500 vezes.

5.1.1.3 Difração de raio-X

A Figura 5.3 é um difratograma de raio-X do compósito acetato de

celulose/TiO2 que mostra a difração dos picos característicos do polímero e do

óxido. Os picos de baixa intensidade em 8°, 13°, 20° e 31° são característicos

de derivados de celulose acetilada semicristalina (BARUD et al., 2008). Estes

picos se destacam no parâmetro halo, indicando a natureza predominante não

cristalina do polímero. O difratograma também mostra picos pequenos e não

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[52]

claros, em 25°, 36° e 47°, os quais estão próximos dos picos correspondentes

a fase anatase do TiO2 cristalino (HUBER et al., 2003), sendo que o pico base

de um difratograma de raio-x do TiO2 na fase anatase é encontrado em 26°,

sendo característico do plano 101 Horn et al.,1970 citado por Silva, 2012 (ICSD

9852).

10 20 30 40 50 60 70

200

400

600

Graus (2)

Inte

nsid

ad

e (

u.a

.)

Figura 5.3: Difratograma de raio-X do compósito acetato de celulose/TiO2.

5.1.1.4 Espectroscopia Raman

O espectro Raman do TiO2 puro exibe bandas características das duas

fases cristalinas mais comuns: anatase – que mostra bandas em 640 (Eg), 515

(B1g + A1g) e 397 cm-1 (B1g), e rutilo – com bandas em 610 (A1g) e 446 cm-1 (Eg)

(JACKSON, 1998; BONÂNCEA, 2005). As bandas fixas observadas no

espectro Raman do compósito acetato de celulose/TiO2 (Figura 5.4) são em

655, 512 e 380 cm-1 (muito fraca) confirmando a presença de TiO2 na fase

anatase adsorvido no acetato de celulose. A anatase também tem uma banda

em 150 cm-1 (Eg), que torna-se mais larga quanto menor for o tamanho da

partícula, uma vez que o aumento da agregação do óxido conduz à violação da

regra de seleção do vetor de onda k = 0 (SHARYGIN, VOVK, 1997).

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[53]

Figura 5.4: Espectro Raman do compósito acetato de celulose/TiO2

5.2 Placa de Zn recoberto com ZnO

5.2.1 Microscopia eletrônica de varredura

As Figuras 5.5 a 5.7 mostram a morfologia da superfície da placa de

zinco sem o tratamento de recobrimento com ZnO, as quais indicam que a

placa de Zn sem o processo de tratamento de recobrimento com ZnO não

apresenta uma superfície lisa, característica de material metálico, ou seja, a

placa sem o tratamento já apresentava ZnO na superfície, sendo resultante

provavelmente do processo de lavagem com uma solução de ácido nítrico

empregado na preparação prévia da placa.

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[54]

Figura 5.5: Micrografia da placa de zinco sem o recobrimento com ZnO com

magnificação de 100 vezes

Figura 5.6: Micrografia da placa de zinco sem o recobrimento com ZnO com

magnificação de 500 vezes.

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[55]

Figura 5.7: Micrografia da placa de zinco sem o recobrimento com ZnO

magnificação de 3000 vezes.

As Figuras 5.8 a 5.11 apresentam as micrografias da placa de zinco

recoberta com ZnO pelo método hidrotérmico.

As micrografias apresentadas nas Figuras 5.8 a 5.11 da placa de zinco

recoberta com ZnO mostram uma superfície diferente daquela apresentada nas

Figuras 5.5 a 5.7, altamente porosa, com reentrâncias e cavidades, indicando

prováveis propriedades catalíticas. Nas Figuras 5.10 e 5.11 observa-se que o

ZnO apresenta um hábito plumoso com filamentos bastante finos (da ordem de

algumas dezenas de nanômetros), porém, de comprimento em torno de 5

micrometros. Um procedimento similar, investigado por Xu et al. (2007), usando

uma placa de zinco metálico sem o tratamento prévio com ácido aqui utilizado,

resultou num óxido de zinco hexagonal com cristais de escala nanométrica,

portanto de hábito e estrutura cristalina diferentes do aqui obtido. Ressalta-se

que foi utilizado a mesma metodologia de deposição do ZnO. Apesar dessa

divergência, o material apresenta boas características catalíticas, sendo o

comprimento dos filamentos de escala micrométrica e o diâmetro de escala

nanométrica.

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[56]

Figura 5.8: Micrografia da placa de zinco recoberta com ZnO com

magnificação de 100 vezes.

Figura 5.9: Micrografia da placa de zinco recoberta com ZnO com

magnificação de 500 vezes.

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[57]

Figura 5.10: Micrografia da placa de zinco recoberta com ZnO com

magnificação de 1000 vezes.

Figura 5.11: Micrografia da placa de zinco recoberta com ZnO com

magnificação de 3000 vezes.

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[58]

5.3 Degradação fotocatalítica

5.3.1 Comparativo entre solução aquosa e etanólica de sulfametoxazol

Os testes comparativos entre soluções aquosas e alcoólicas de

sulfametoxazol foram realizados com o intuito de observar qual das soluções

solubilizava melhor o substrato e a sua interferência na degradação

fotocatalítica utilizando como catalisador o TiO2, sob radiação artificial e solar.

Esta dúvida surgiu com a divergência entre os trabalhos de Cruz et al.(2010),

que utilizaram soluções aquosas do antibiótico e de Cordeiro et al. (2008) que

utilizaram soluções etanólicas 5% (vol.) de sulfametoxazol, e de Payán et al.

(2011) e Krause (2009), que utilizaram soluções estoque de sulfametoxazol de

1000 mg L-1 em metanol.

A Figura 5.12 mostra a fotodegradação, sob radiação solar, de

soluções aquosa e etanólica de sulfametoxazol, utilizando como catalisador o

TiO2 puro, comumente utilizado nos estudos citados anteriormente.

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a

intensidade média da incidência dos raios solares na região de Toledo-PR é de

16,54 W m-2.

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[59]

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

Sem TiO2 e sem H

2O

2

Sem TiO2 e com H

2O

2

Com TiO2 e sem H

2O

2

Com TiO2 e com H

2O

2

[ ] re

lativa

de

su

lfa

me

toxa

zo

l (%

)

Tempo (min)

(A)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

Sem TiO2 e sem H

2O

2

Sem TiO2 e com H

2O

2

Com TiO2 e sem H

2O

2

Com TiO2 e com H

2O

2[ ] re

lativa

de

su

lfa

me

toxa

zo

l (%

)

Tempo (min)

(B)

Figura 5.12: Fotodegradação de uma solução (A) aquosa e (B) etanólica de

sulfametoxazol utilizando o TiO2 como catalisador, sob radiação solar.

Na Figura 5.12 é possível observar que a fotodegradação foi mais

eficiente utilizando a solução aquosa de sulfametoxazol, alcançando uma

remoção de quase 90% ao utilizar o catalisador e um agente oxidante. A

solução etanólica, nas mesmas condições apresentou apenas 25% de remoção

de sulfametoxazol. Pela Figura 5.12 constata-se também, que em ambos os

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[60]

testes catalíticos não houve a degradação do sulfametoxazol somente pela

irradiação solar, ou seja, sem a utilização de catalisador e agente oxidante.

Além disso, sem a adição do peróxido de hidrogênio a solução aquosa

alcançou uma remoção de apenas 45%, enquanto a etanólica foi de apenas

20%, confirmando a necessidade da adição do agente oxidante, que atua como

receptor de elétrons na banda de condução, contribuindo para a diminuição da

recombinação do par elétron/lacuna aumentando a atividade oxidativa do

processo.

A incidência de irradiação das lâmpadas de vapor de mercúrio

utilizadas na fotocatálise do sulfametoxazol com irradiação artificial foi de

625 W m-2. A temperatura média dentro do sistema de irradiação variou de 30 a

50°C, podendo provocar pequenas alterações entre um processo e outro.

A Figura 5.13 apresenta a fotodegradação do sulfametoxazol em

soluções aquosa e etanólica, com TiO2 sob radiação artificial.

Nos testes comparativos apresentados na Figura 5.13 observa-se um

aumento na fotodegradação do sulfametoxazol em todos os ensaios, isso

porque o TiO2 utilizado como catalisador absorve maior radiação no

comprimento de onda correspondente a faixa da radiação artificial, facilitando a

formação do par elétron/lacuna. A solução aquosa de sulfametoxazol sem a

adição de catalisador e peróxido de hidrogênio somente com a radiação

artificial apresentou uma degradação de quase 50%. A solução aquosa com o

catalisador e o agente oxidante, sob radiação artificial, apresentou uma

remoção de mais de 90%, sendo o ensaio que apresentou os melhores valores

de degradação. A solução etanólica, mesmo com a radiação artificial,

apresentou resultado de degradação inferiores ao da solução aquosa, tal como

observado sob radiação solar. Isso se deve, provavelmente, à degradação do

etanol no processo catalítico, competindo com o substrato de interesse

(sulfametoxazol) com as espécies envolvidas na catálise.

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[61]

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110 Sem TiO2 e sem H

2O

2

Sem TiO2 e com H

2O

2

Com TiO2 e sem H

2O

2

Com TiO2 e com H

2O

2

[ ] re

lativa

de

su

lfa

me

toxa

zo

l (%

)

Tempo (min)

(A)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

Sem TiO2 e sem H

2O

2

Sem TiO2 e com H

2O

2

Com TiO2 e sem H

2O

2

Com TiO2 e com H

2O

2

[ ] re

lativa

de

su

lfa

me

toxa

zo

l (%

)

Tempo (min)

(B)

Figura 5.13: Fotodegradação de uma solução (A) aquosa e (B) etanólica de

sulfametoxazol utilizando o TiO2 como catalisador, sob radiação artificial.

Dessa forma, nos demais testes fotocatalíticos foram utilizados

soluções aquosas de sulfametoxazol, uma vez que houve melhores

degradações e solubilização do substrato ao utilizar a água como solvente.

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[62]

5.3.2 Fotocatálise utilizando como catalisador o compósito acetato de

celulose/TiO2

Nos testes anteriores da fotodegradação do sulfametoxazol

comprovou-se a eficácia do TiO2 como catalisador do processo, porém como já

foi discutido anteriormente é difícil separá-lo da solução degradada. Por isso,

foi obtido nesse trabalho um compósito de acetato de celulose/TiO2, com o

intuito de que o mesmo possa possuir as mesmas propriedades do óxido,

porém ser de fácil separação da solução depois da fotocatálise.

A remoção de sulfametoxazol em solução aquosa através da

fotocatálise utilizando o compósito acetato de celulose/TiO2 como catalisador

não é reportada na literatura. Sendo assim, o tempo necessário para que

ocorra a remoção do poluente em questão não é conhecido. Porém, esperava-

se que fosse similar ao do TiO2, de aproximadamente 120 minutos encontrado

por Cruz et al.(2010).

A Figura 5.14 apresenta o resultado da fotodegradação de uma

solução aquosa de sulfametoxazol utilizando o compósito acetato de

celulose/TiO2, sob radiação solar.

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

Composito acetato de celulose/TiO2

[ ] re

lativa

de

su

lfa

me

toxa

zo

l (%

)

Tempo (min)

Figura 5.14: Fotodegradação do sulfametoxazol com o compósito acetato de

celulose/TiO2, sob radiação solar.

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[63]

Verifica-se que a remoção do sulfametoxazol em solução aquosa, sob

radiação solar e sem a presença de um agente oxidante é de

aproximadamente 20% depois de 1400 min, demonstrando que o processo é

ineficiente sob radiação solar. O intervalo de tempo sem pontos na Figura 5.14

corresponde ao período noturno em que a solução não esteve exposta à

radiação.

A Figura 5.15 apresenta um comparativo entre o uso do TiO2 e o

compósito acetato de celulose/TiO2 como catalisador na fotodegradação do

sulfametoxazol sob radiação artificial, com e sem adição de peróxido de

hidrogênio.

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[64]

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

TiO2

Composito acetato de celulose/TiO2

[ ] re

lativa

de

su

lfa

me

toxa

zo

l (%

)

Tempo (min)

(A)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110 TiO

2/H

2O

2

Composito acetato de celulose/TiO2/H

2O

2

[ ] re

lativa

de

su

lfa

me

toxa

zo

l (%

)

Tempo (min)

(B)

Figura 5.15: Comparativo entre o uso do TiO2 e o compósito acetato de

celulose/TiO2 como catalisador, na fotodegradação do sulfametoxazol sob

radiação artificial: (A) sem H2O2 e (B) com H2O2.

Observa-se que, independente da adição ou não de um agente

oxidante, o compósito acetato de celulose não apresenta um resultado de

fotodegradação do sulfametoxazol semelhante ao TiO2. Nota-se que a remoção

alcançada utilizando o compósito como catalisador na fotodegradação do

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[65]

sulfametoxazol sem o uso do peróxido de hidrogênio foi de aproximadamente

30% do antibiótico, enquanto o óxido nas mesmas condições alcançou

remoção de quase 85%. Estes resultados podem ser devido à dificuldade de

difusão da molécula do sulfametoxazol para o interior da partícula do

catalisador, uma vez que o óxido está disperso pela estrutura polimérica do

acetato de celulose e, consequentemente, diminui a eficiência do processo

catalítico. O teste similar ao anterior, porém com adição de peróxido de

hidrogênio como agente oxidante, não apresentou uma melhora na remoção do

sulfametoxazol utilizando o compósito. Neste caso pode ter ocorrido a

degradação do polímero pelo H2O2, que pode ter competido com a degradação

do poluente pelo agente oxidante, diminuindo a eficiência da reação principal

de degradação do contaminante. Dessa forma o compósito mostrou-se

ineficiente para a fotodegradação do sulfametoxazol e optou-se por estudar a

utilização de outro catalisador para a fotodegradação do antibiótico.

5.3.3 Fotocatálise utilizando a placa de zinco recoberta com ZnO

A Figura 5.16 mostra a fotocatálise do sulfametoxazol utilizando como

catalisador a placa de zinco recoberta com ZnO em presença de 266 mg L-1 de

H2O2, sob radiação artificial.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

[ ] re

lativa

de

su

lfa

me

toxa

zo

l (%

)

Tempo (min)

Figura 5.16: Fotocatálise do sulfametoxazol utilizando como catalisador uma

placa de zinco recoberta com ZnO e 266 mg L-1 de H2O2, sob radiação artificial.

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[66]

Na Figura 5.16 observa-se que a remoção do antibiótico foi de quase

85% em apenas 180 min quando se utiliza como catalisador o sistema Zn/ZnO.

Além disso, observa-se uma remoção de quase 40% do sulfametoxazol em

apenas 15 minutos, sendo um processo com cinética inicial rápida. Estes são

indícios de que o catalisador pode ser eficiente para o processo de

fotodecomposição do sulfametoxazol.

Um fato interessante observado na fotocatálise do sulfametoxazol com

a placa de zinco recoberta com ZnO foi a ausência de desprendimento de

partículas do óxido da placa metálica, não necessitando assim de nenhum tipo

de filtração.

5.4 Planejamento experimental e análise estatística

O delineamento experimental utilizado para a interação entre todas as

variáveis e níveis e os resultados obtidos de degradação, que apresentou

diminuição da concentração do antibiótico entre 55 e 89 %, (monitorada a partir

da absorbância máxima de absorção), são apresentados na Tabela 5.1.

Tabela 5.1: Condições experimentais e resultados de degradação do

sulfametoxazol pela fotocatálise heterogênea

Experimentos pH Concentração

de H2O2 (mg L-1

) Degradação do antibiótico (%)

1 4 (-1) 66-(1) 70

2 4 (-1) 466 (1) 89

3 6 (0) 266 (0) 79

4 6 (0) 266 (0) 76

5 6 (0) 266 (0) 75

6 8(1) 66 (-1) 55

7 8(1) 466 (1) 79

Obs: Solução aquosa de sulfametoxazol, utilizando como catalisador a placa de zinco recoberta com ZnO e sob radiação artificial.

Os resultados obtidos resultaram em um bom ajuste para o modelo

linear entre os valores previstos e observados para a degradação (r2 = 0,956),

conforme mostrado no gráfico da Figura 5.17.

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[67]

50 55 60 65 70 75 80 85 90 95

Degradação observada

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

Degra

daçã

o p

revis

ta

Figura 5.17: Correlação entre os valores observados para a degradação do

antibiótico e seus valores correspondentes previstos pelo modelo estatístico

proposto para a fotocatálise.

A Tabela 5.2 apresenta os efeitos das interações dos coeficientes

previstos para a eficiência da fotocatálise heterogênea.

Tabela 5.2: Tabela dos efeitos das interações dos coeficientes.

Fatores Efeito Erro padrão

do efeito p - valor Coeficiente

Erro padrão do

coeficiente

Média/ Intercepto

74,7143 1,168609 0,000008 74,71429 1,168609

pH -12,5000 3,091848 0,027236 -6,25000 1,545924

H2O2 21,5000 3,091848 0,006101 10,75000 1,545924

pH x H2O2 2,5000 3,091848 0,477932 1,25000 1,545924

A partir dos dados apresentados na Tabela 5.2, pode-se concluir que

as variáveis, pH e quantidade de H2O2 apresentam uma resposta significativa,

com p-valor abaixo dos 5% proposto como intervalo de confiança. A interação

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[68]

entre as variáveis pH versus concentração de peróxido de hidrogênio

apresenta uma resposta não significativa para o processo, com p-valor maior

do que o intervalo de confiança.

A equação do modelo (Equação 5.1) pode ser obtida pelos coeficientes

gerados pela Tabela 5.2

Degradação (%) = 74,71 – 6,25*pH + 10,75*H2O2 5.1

Uma observação mais criteriosa do nível de significância da variável

durante o processo pode ser obtido através do gráfico de Pareto, apresentado

na Figura 5.18. O gráfico de Pareto mostra que a concentração de peróxido de

hidrogênio utilizado no processo influencia muito mais nos valores da

degradação do que o pH.

-6,00481

10,32827

p=,05

Valor Absoluto

(1)pH

(2)Peróxido de hidrogênio

Figura 5.18: Gráfico de Pareto – influência das variáveis na degradação (%) do

sulfametoxazol.

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[69]

A Figura 5.18 do gráfico de Pareto mostra que o peróxido de hidrogênio

tem um coeficiente positivo, indicando que a eficiência da fotodegradação é

maior quanto maior for a quantidade de H2O2, já o coeficiente do pH é negativo

indicando que a eficiência da fotodegradação é maior quanto menor for o valor

do pH da solução.

A análise de variância, ANOVA, é o método mais usado para se avaliar

numericamente a qualidade do ajuste de um modelo. Os resultados para a

análise variância são apresentados na Tabela 5.3.

Tabela 5.3: Anova, em relação a % de degradação do sulfametoxazol

Fatores Soma

Quadrática Graus de liberdade

Média dos quadrados

F p-valor

pH 156,2500 1 156,2500 17,89366 0,013369

H2O2 462,2500 1 462,2500 52,93661 0,001896

Erro 34,9286 4 8,7321

Soma Quadrática

total 653,4286 6

A análise da ANOVA mostrou que o modelo obtido pela Equação 5.1 é

válido no intervalo de confiança de 95% ou mais, sendo que o valor do

Fcalculado (71,36) > Ftabelado (2,00) mostrando que os valores das respostas

experimentais resultaram em uma reprodução muito boa dos dados obtidos.

Segundo a análise estatística e a interpretação dos resultados obtidos,

a maior eficiência do processo é alcançada com o pH inicial ácido e

concentrações de peróxido de hidrogênio maiores. Os resultados podem ser

visualizados melhor pela Figura 5.19, que apresenta os gráficos-3D construídos

utilizando o modelo estatístico proposto a partir dos experimentos do

planejamento experimental fatorial.

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[70]

Figura 5.19: Superfície de resposta para o percentual de degradação do

sulfametoxazol utilizando o sistema Zn/ZnO.

A Figura 5.19 mostra que a degradação do sulfametoxazol é favorecida

em pHs que vai de ácido a neutro e concentração de peróxido de hidrogênio

que vai do nível intermediário ao nível máximo, sendo que o melhor valor de

fotodegradação encontrado foi com pH 4 e concentração de H2O2 máxima.

5.5 Estudo da eficiência catalítica da placa de zinco recoberta com ZnO e

determinação da concentração de zinco

A placa de zinco passa por um tratamento para ser recoberta com ZnO

e é desejável que não haja a necessidade de realizar esse processo toda vez

que for utilizar o catalisador para a fotodegradação do sulfametoxazol, o que

implicaria em um aumento do custo do processo e do consumo de reagentes.

A Tabela 5.4 apresenta os dados de remoção do sulfametoxazol

utilizando a mesma placa de zinco recoberta com ZnO em 10 repetições

consecutivas de fotodegradação do poluente, sob as mesmas condições. Além

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[71]

disso, traz as concentrações de zinco na solução degradada, para verificar se o

processo de fotocatálise empregado não está introduzindo no meio ambiente

um novo poluente.

Tabela 5.4: Eficiência catalítica da placa de zinco recoberta com ZnO em

seguidas repetições do processo fotocatalítico de degradação do

sulfametoxazol.

Número de fotodegradações de

sulfametoxazol utilizando o mesmo

catalisador

Remoção de sulfametoxazol

após a fotodegradação

(%)

Concentração de zinco (mg L-1)

1 72,14 9,40

2 76,55 12,96

3 90,30 8,12

4 90,83 7,76

5 93,30 7,30

6 92,59 8,72

7 93,30 6,24

8 93,38 9,84

9 93,38 8,08

10 93,38 8,90 Obs: Os dados referentes a concentração de sulfametoxazol foram obtidas pela absorbância

no máximo de absorção.

Na Tabela 5.4 observa-se que a remoção de sulfametoxazol na

fotodegradação vai aumentando até atingir uma estabilização com o passar

das repetições (utilizando a mesma placa de zinco). Além disso, a Tabela 5.4

mostra que a concentração de zinco nas soluções degradadas variou de 6 a

12 mg L-1, o que está em desacordo com a Resolução 357/05 cujo limite fixado

é de 5 mg L-1 de zinco.

A concentração de zinco também foi avaliada em função do tempo no

processo de fotodegradação do sulfametoxazol, cujos resultados podem ser

visualizados na Figura 5.20.

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[72]

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

0

2

4

6

8

10

12

[ ] d

e Z

n (

mg

L-1)

Tempo (min)

Figura 5.20: Concentração de zinco presente na solução sulfametoxazol

degradada por fotocatálise em função do tempo de reação.

Verifica-se que houve um aumento na concentração de zinco na

solução de sulfametoxazol submetida ao processo fotocatalítico em função do

tempo de reação, sendo que após 45 minutos de reação a concentração de Zn

está acima dos valores permitidos pela legislação ambiental.

Uma alternativa à esse inconveniente seria a utilização de um pH mais

próximo da neutralidade para evitar solubilização do metal. Isso prejudicaria

minimamente a eficiência do processo catalítico, uma vez que a influência do

pH não é determinante para o processo de decomposição catalítica.

5.6 Fotodegradação do sulfametoxazol em função do tempo

A Figura 5.21 mostra a fotodegradação de uma solução aquosa de

sulfametoxazol, sob radiação artificial, partindo-se das condições “ideais”

obtidas com o planejamento experimental fatorial. As alíquotas foram retiradas

em tempos pré-determinados, já citados anteriormente e analisadas por

espectrofotometria UV-Vis e cromatografia líquida de alta eficiência.

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[73]

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

[ ] re

lativa

de

su

lfa

me

toxa

zo

l (%

)

Tempo (min)

[ ] de sulfametoxazol (CLAE)

[ ] de sulfametoxazol (UV-Vis)

Figura 5.21: Fotodegradação do sulfametoxazol utilizando a placa de zinco

recoberta com ZnO e 466 mg L-1 de H2O2, sob radiação artificial, acompanhada

por espectrofotometria UV-Vis e cromatografia líquida de alta eficiência.

A partir da Figura 5.21 observa-se que o tempo de equilíbrio foi atingido

em aproximadamente 120 minutos de reação, com remoções de

aproximadamente 95% de sulfametoxazol quando a solução foi acompanhada

por CLAE. Além disso, verifica-se que a cinética de reação inicial foi rápida,

uma vez que nos primeiros 30 minutos houve uma redução de

aproximadamente 70% da concentração do poluente. Os cromatogramas da

fotodegradação do sulfametoxazol encontram-se no Anexo I.

No entanto, quando a solução foi acompanhada por espectrofotometria

UV-Vis o tempo de equilíbrio não foi atingido em 240 minutos de reação e a

remoção do sulfametoxazol foi somente de aproximadamente 80%.

Pela Figura 5.21 verifica-se que foram obtidos valores de remoções de

sulfametoxazol maiores ao acompanhar a reação de fotodegrdação por CLAE

do que por espectrofotometria UV-Vis, indicando que provavelmente há a

formação de espécies intermediárias, não completamente oxidadas, que

provavelmente absorvem na mesma região do espectro em que o

sulfametoxazol absorve.

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[74]

5.6.1 Estudo cinético

O estudo cinético rigoroso torna-se inviável para as reações envolvidas

nos POAs, devido sua complexidade (FREIRE, 2007). A oxidação completa do

sulfametoxazol está representada pela Equação 5.2.

5.2

De acordo com a literatura, os POAs geralmente seguem uma lei de

velocidade de primeira ordem, onde existe uma proporcionalidade direta entre

a velocidade da reação e a concentração dos reagentes. Assim, as reações

envolvidas nos POAs podem ser representadas pela Equação 5.3 (FREIRE,

2007):

5.3

Onde:

P: representa o parâmetro de avaliação;

R: representa os radicais hidroxila (principal reagente envolvidos nos

POAs);

Poxid: representa os intermediários e produtos da degradação;

k: é a constante de velocidade.

A cinética da reação descrita pela Equação 5.3 depende somente da

remoção de P, uma vez que a concentração de R geralmente é constante e

está em excesso em relação a P. Quando processos químicos complexos,

como as reações envolvidas nos POAs, podem ser ajustados de tal forma que

a velocidade de reação global torna-se dependente de apenas um dos termos

dos reagentes, denomina-se essas reações de pseudo-primeira ordem

(SILVEIRA, 1996).

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[75]

Para verificar se o POA testado no trabalho seguia a lei de velocidade

de pseudo-primeira ordem, foi utilizado o método gráfico, no qual foram

lançados em um gráfico os valores de ln(Cp/Cp0) versus o tempo, onde Cp é a

concentração final do sulfametoxazol e Cp0 sua concentração inicial. No

entanto, primeiramente será relembrado o processo para chegar ao método

gráfico.

A velocidade de reação de pseudo-primeira ordem pode ser expressa

conforme Equação 5.4

5.4

Rearranjando a Equação 5.4 obtém-se a Equação 5.5.

5.5

Integrando a Equação 5.5 tem-se (Equação 5.6).

5.6

A Equação 5.6 após a integração gera uma equação linear (Equação

5.7).

5.7

A partir Equação 5.7 foi construído o gráfico da Figura 5.22. Se a

reação for de pseudo-primeira ordem, obtém-se uma reta de coeficiente

angular –k.

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[76]

0 20 40 60 80 100 120

-3,5

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

R2 = 0,9776

k = - 0,0261 min-1

ln[C

p/C

p0]

Tempo (min)

Figura 5.22: Cinética da fotodegradação do sulfametoxazol, sob radiação

artificial, utilizando uma placa de zinco recoberta com ZnO em presença de

466 mg L-1 de H2O2.

A partir da Figura 5.22 verificou-se que a fotodegradação do

sulfametoxazol segue uma lei de velocidade de reação de pseudo-primeira

ordem, uma vez que apresentou uma razoável correlação linear para o modelo

e a constante de velocidade apresentou um resultado negativo que foi de

0,0261 min-1.

Outro parâmetro cinético importante é o tempo de meia vida (t1/2), que

expressa o tempo necessário para que a concentração de um reagente

diminua para a metade do seu valor inicial. O tempo de meia vida pode ser

calculado pela seguinte expressão considerando o processo como sendo de

pseudo-primeira ordem.

t1/2 = 0,693/k 5.8

O tempo de meia vida para a fotodegradação do sulfametoxazol sob

radiação artificial utilizando a placa de zinco recoberta ZnO foi de 26,55

minutos.

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[77]

5.6.2 DQO

Durante todo o trabalho não houve a preocupação para verificar se

ocorreu a mineralização do poluente (o que não era o objetivo), para tanto foi

realizada a análise de DQO.

A DQO foi determinada para uma solução inicial (20 mg L-1) e final

(após 240 minutos de reação de fotodegradação) do sulfametoxazol, cujos

resultados são apresentados na Tabela 5.5.

Tabela 5.5: Determinação de DQO de amostras de sulfametoxazol

Amostras DQO (mg O2 L-1)

Solução de sulfametoxazol (20 mg L-1) 7,30

Solução de sulfametoxazol após 240 min de

fotodegradação 7,30

Calculado 41,59

Pelos resultados do ensaio de DQO observa-se que não houve

mineralização do sulfametoxazol, uma vez que os valores de quantidade de

matéria orgânica foram iguais para a amostra antes e após a fotodegradação

do sulfametoxazol, além de estar muito abaixo do valor calculado. No entanto,

nos estudos anteriores observou-se que houve uma diminuição de

aproximadamente 95% da concentração do sulfametoxazol, indicando que

houve a quebra da molécula do poluente em moléculas menores e não em

CO2, H2O e íons inorgânicos conforme a Equação 5.2. Essas moléculas

menores podem ser iguais ou semelhantes a aquelas encontradas por Hu et al.

(2007), representadas na Figura 5.23, que também estudou a fotocatálise

heterogênea do sulfametoxazol, porém utilizando o TiO2 como catalisador.

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[78]

Figura 5.23: Intermediários formados na fotodegradação do sulfametoxazol

utilizando o TiO2 como catalisador (HU et al., 2007)

5.6.3 Concentração de nitrato

A determinação da concentração de nitrato foi realizada com o mesmo

intuito que a DQO, verificar a mineralização do sulfametoxazol. Os resultados

são apresentados na Tabela 5.6.

Tabela 5.6: Determinação da concentração de nitrato de amostras de

sulfametoxazol

Amostras Concentração de nitrato

(mg L-1)

Solução de sulfametoxazol (20 mg L-1) 0,0102

Solução de sulfametoxazol após 240 min de

fotodegradação 0,0284

Calculado 14,8000

Observa-se na Tabela 5.6 que a concentração de nitrato foi maior na

solução de sulfametoxazol após a reação do que antes, no entanto está bem

abaixo da concentração de nitrato calculada para a mineralização completa do

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[79]

sulfametoxazol, indicando que houve uma pequena mineralização e, que a

maior parte do nitrogênio deve estar na forma de íons amônio, uma vez que o

nitrogênio passa pelo estado amoniacal antes de tornar-se nitrato, o que

ocorreria em velocidade lenta.

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[80]

CAPÍTULO 6 – Conclusões

A fotocatálise heterogênea é um processo promissor para a remoção

do sulfametoxazol, porém seu principal empecilho é a retirada do catalisador da

solução final, problema que pode ser solucionado com a utilização de

catalisadores alternativos.

O solvente utilizado para a solubilização do sulfametoxazol interfere no

processo de fotodegradação do substrato, sendo a água mais eficiente do que

uma solução etanólica.

O compósito acetato de celulose/TiO2 mostrou-se ineficiente para o

processo de decomposição fotocatalítica do sulfametoxazol, tanto sob radiação

artificial quanto natural, reduzindo a concentração do antibiótico em

aproximadamente 30%.

O planejamento fatorial 22 com triplicata no ponto central utilizando

como catalisador a placa de Zn recoberta com Zn sob radiação artificial,

mostrou que melhores valores de degradação do sulfametoxazol são obtidos

com pH 4 e 466 mg L-1 de peróxido de hidrogênio e que não há influência de

interação entre essas duas variáveis.

O tempo de equilíbrio foi atingido em 120 minutos de reação, com

diminuição acima de 95% da concentração de sulfametoxazol, utilizando as

condições obtidas no planejamento experimental para a placa de Zn recoberta

com ZnO. A lei de velocidade foi de pseudo-primeira ordem. Além disso, é

possível realizar 10 fotodegradações utilizando o mesmo catalisador sem a

necessidade de realizar o processo de recobrimento entre as repetições.

No entanto, o principal inconveniente deste processo foi a

concentração de zinco na solução degradada encontrar-se acima daquela

permitida pela CONAMA, sendo interessante a realização de estudos utilizando

soluções de sulfametoxazol próximas ao pH neutro que evitaria a dissolução do

metal sem grandes prejuízos para a fotodegradação do sulfametoxazol.

Além disso, ocorreu somente a quebra da molécula de sulfametoxazol

em moléculas menores, não havendo a mineralização do substrato, sendo

interessante a realização do espectro de massa da solução para verificar quais

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[81]

foram os intermediários formados, assim como a realização de testes

antibacterianos para verificar se essas espécies formadas apresentam a

mesma atividade que o antibiótico.

Outras propostas para trabalhos futuros seria o estudo da

fotodegradação com a placa de zinco recoberta com ZnO utilizando uma

solução sintética do medicamento comercializado (associação sulfametoxazol-

trimetoprima) e com o efluente real.

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[96]

ANEXO I: Cromatogramas de acompanhamento da fotodegradação do

sulfametoxazol em função do tempo com a placa de zinco recoberta com ZnO

para o processo de decomposição fotocatalítica do sulfametoxazol, sob

radiação artificial.

0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 min

0

100

200

300

mVDetector A:218nm

/1.9

83

/45

88

5

Sulf

am

eto

xaz

ol/

3.2

68

/353

590

8

Cromatograma 1: Concentração inicial de sulfametoxazol (20 mg L-1).

0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 min

0

100

200

300

mVDetector A:218nm

/1.9

81

/10

20

62

/2.9

75

/79

41

Sulf

am

eto

xaz

ol/

3.2

73

/343

125

0

Cromatograma 2: Concentração de sulfametoxazol após 5 minutos de reação.

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[97]

0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 min

0

50

100

150

200

250

300

350

mVDetector A:218nm

/1.9

72

/11

92

68

Sulf

am

eto

xaz

ol/

3.2

65

/334

790

9

Cromatograma 3: Concentração de sulfametoxazol após 10 minutos de

reação.

0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 min

0

50

100

150

200

250

300

mVDetector A:218nm

/1.9

74

/22

45

26

/2.3

41

/33

13

8

Sulf

am

eto

xaz

ol/

3.2

66

/316

981

6

Cromatograma 4: Concentração de sulfametoxazol após 15 minutos de

reação.

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[98]

0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 min

0

50

100

150

200

mVDetector A:218nm

/1.9

80

/43

06

99

/2.4

92

/27

29

1

Sulf

am

eto

xaz

ol/

3.2

73

/260

883

4

Cromatograma 5: Concentração de sulfametoxazol após 30 minutos de

reação.

0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 min

0

50

100

150

200

mVDetector A:218nm

/1.9

66

/64

99

64

Sulf

am

eto

xaz

ol/

3.2

64

/253

330

2

Cromatograma 6: Concentração de sulfametoxazol após 45 minutos de

reação.

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[99]

0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 min

0

50

100

150

200

mVDetector A:218nm

/1.9

74

/63

20

16

Sulf

am

eto

xaz

ol/

3.2

73

/236

519

4

Cromatograma 7: Concentração de sulfametoxazol após 60 minutos de

reação.

0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 min

0

50

100

150

200

mVDetector A:218nm

/1.8

35

/96

30

3

/1.9

77

/41

28

09

/2.9

37

/71

74

Sulf

am

eto

xaz

ol/

3.2

76

/190

424

8

Cromatograma 8: Concentração de sulfametoxazol após 120 minutos de

reação.

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[100]

0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 min

0

50

100

150

mVDetector A:218nm

/1.8

23

/11

12

16

/1.9

67

/34

82

25

/2.9

51

/49

42

Sulf

am

eto

xaz

ol/

3.2

66

/180

737

3

Cromatograma 9: Concentração de sulfametoxazol após 180 minutos de

reação.

0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 min

0

50

100

150

mVDetector A:218nm

/1.8

39

/10

42

15

/1.9

81

/37

28

97

/2.9

49

/64

12

Sulf

am

eto

xaz

ol/

3.2

81

/184

384

4

Cromatograma 10: Concentração de sulfametoxazol após 240 minutos de

reação.