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Química das Águas - parte 3
Prof. Rafael SousaDepartamento de Química – UFJF
2º período de 2014
QUÍMICA AMBIENTAL
Purificação de águas -Tratamento de água para abastecimento- Tratamento de esgoto
INTRODUÇÃO
A ÁGUA usada para ABASTECIMENTO
� A água para essa finalidade sempre deve ser tratada ?
� FONTES potáveis:Processo de desinfecção
� FONTES não potáveis:Estação de Tratamento de Água (ETA)
FONTES de água para abastecimento
� Águas superficiais (geralmente menos “puras”)Expostas continuamente a vários tipos de poluentes
� Águas subterrâneas
FIGURA: http://www.grupoescolar.com/a/b/FA37F.jpg, acessada 10-06-132
ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DA ÁGUA (ETA)
PROCESSO REALIZADO EM ETAPAS
1º- Coagulação/floculação2º- Decantação
3º- Filtração4º- Desinfecção
Estas operações têm como principais objetivos:
- A remoção de material particulado, bactérias e algas
- Remoção da matéria orgânica dissolvida que confere cor à água
-.Remoção ou destruição de organismos patogênicos tais comobactérias e vírus
Estas operações podem sofrer variações dependendo da fonte de água e dos padrões de qualidade a serem alcançados 3
A ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DA ÁGUA
Esquema simplificado de uma ETA *(Linha líquida)
A ETA também tem uma estação de tratamento de sólid os (Linha sólida )
São os resíduos gerados na Linha líquida
(*) http://www.aguasdesantoandre.pt/layout.asp?area=9&subarea=25, acessado dia 05-06-134
AS ETAPAS DO TRATAMENTO DA ÁGUA1a- Captação
A água que chega à Estação de Tratamento de Água é captada diretamente nosrios (águas superficiais) ou no subsolo (águas subterrâneas)
� LINHA LÍQUIDA
2a- Gradagem
São retirados da água os resíduos de maior dimensão como folhas, ramos,embalagens, etc., que ficam retidos em grades por onde a água é forçada a passar
� PROCESSOS DE CLARIFICAÇÃO
3a- Floculação/ coagulação
São formados “flocos” com as susbtâncias dispersas e um reagente floculante:os contaminantes co-precipitam com o Al(OH)3, p. ex., na etapa de Decantação
� melhora os índices de cor e sabor (partículas < 10-4 mm) e, turbidez(partículas > 10-4 mm)
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AS ETAPAS DO TRATAMENTO DA ÁGUAFloculação/ coagulação
São formados “flocos” com as susbtâncias dispersas e um reagente floculante:os contaminantes co-precipitam com o Al(OH)3, p. exx., na etapa de Decantação
� melhora os índices de turbidez (partículas > 10-4 mm), cor e sabor (partículasmenores que 10-4 mm)
- Uso de agentes “floculantes”: Al2(SO4)3 , sais de ferro e polímerosorgânicos
Necessidade de remoção de Mg2+: Al2 (SO4)3 + NaAlO2
Ex de reação em água levemente alcalina:
Al2(SO4)3 14,3 H2O + 3Ca(HCO3)2 � 2 Al(OH)3 + 3CaSO4 + 6CO2 + 14,3H2O
� ANÁLISES PRÉVIAS são importantes para ajustar o pH , quando necessário
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Água superficial sendo tratada em uma ETA, após a adição de um agente floculante
AS ETAPAS DO TRATAMENTO DA ÁGUA
Esta etapa é realizada em câmaras (floculadores) onde a água é levementeagitada, facilitando a aglutinação de impurezas
� Parte da purificação da água ocorre por meio de um processo de “transferência de fase”
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AS ETAPAS DO TRATAMENTO DA ÁGUA
4a- Decantação
É um processo de separação física das partículas em suspensão,clarificando a água e reduzindo em grande porcentagem as impurezas
� As partículas decantadas, mais “pesadas” que a água, ficamdepositadas no fundo do decantador
� Processo que dura, em média, 3 h
5a- Filtração
A água passa por filtros de areia e/ou carvão ativado, nos quais ficamretidas as partículas pequenas (não decantadas) e uma infinidade desubstâncias solúveis (adsorção no carvão) � melhora mais acentuada nascaracterísticas como odor e sabor
� PROCESSOS DE DESINFECÇÃO 8
AS ETAPAS DO TRATAMENTO DA ÁGUA
6a- Desinfeção
Geralmente cloração ou ozonização ou radiação UV)
É a eliminação de microorganismos não retidos nas etapas anteriores
� Adição de “cloro” (gás ou solução de hipoclorito)
� Fluoretação: adição de “flúor”(fluorsilicato de sódio ou ácido fluorsilícico)
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H2SiF6
CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO DA ÁGUA (DESINFECÇÃO)
• A desinfecção ocorre para assegurar que a água esteja livre demicroorganismos patogênicos
• Os processos utilizados tem vantagens e desvantagens !
A cloração é o método de desinfecção mais comumente utilizadona maioria dos países
É um método confiável, de relativo baixo custo, simplicidadeoperacional e cujo excesso, no tratamento, favorece a biossegurança noarmazenamento e transporte da água tratada
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Reações químicas:
O gás cloro reage quase completamente com a água formando oácido hipocloroso:
Cl2 + H2O HOCl + H+ + Cl-
Em meios mais alcalinos, o ácido hipocloroso se dissocia, gerandoos íons H+ e OCl-:
HOCl H+ + OCl-
ESPÉCIES BACTERICIDAS DE “CLORO LIVRE”MAS o Cl2 reage também com outras espécies
presentes na água, antes de se converter em HOCl ou OCl-
CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO DA ÁGUA: DESINFECÇÃO COM CLORO
“Problema”: o cloro reage com substâncias orgânicas presentesna água produzindo trialometanos (THM): CHX3 (X = cloro, bromo ouuma combinação de ambos) 11
... Problemas da desinfecção com cloro !
• O composto de maior preocupação é o CHCl3: clorofórmio
Produto da reação do HOCl com matéria orgânica
• Os THM não são removidos da água através do tratamentoconvencional !!
� Deve-se assegurar que a matéria orgânica esteja ausenteda água que vai ser submetida à cloração !
O risco de contrair doenças causadas por esses compostos é menor do que o de contrair doenças por organismos patogênicos !
CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO DA ÁGUA: DESINFECÇÃO COM CLORO
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Se a água contém fenol ou um derivado, o cloro substitui facilmente osátomos de hidrogênio do anel para dar lugar a fenóis clorados que alémdo gosto e odor “ofensivos”, são tóxicos
Troca-se o cloro por dióxido de cloro quando o suprimentode água bruta está contaminado temporariamente com fenóis, sendoisto usando especialmente nos EUA e Europa
ENTRETANTO, o uso do ClO2.
não é uma cloraçãopropriamente
Reação de obtenção
Obtenção a partir de clorito: ClO2- ClO2
. + e- (realizada in situ)oxidação
� Outro problema da desinfecção com cloro
CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO DA ÁGUA: DESINFECÇÃO COM CLORO E DIÓXIDO DE CLORO
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Vantagens na utilização de dióxido de cloro
O dióxido de cloro não é um agente de cloração: geralmente nãointroduz átomos de cloro nas substâncias com as quais reage
Oxida a matéria orgânica formando quantidades muito menoresde subprodutos orgânicos tóxicos que quando é usado cloro molecular
CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO DA ÁGUA: DESINFECÇÃO COM CLORO E DIÓXIDO DE CLORO
Desvantagens na utilização de dióxido de cloro
• Assim como o ozônio, não pode ser estocado (explosivo) sendo geradoin situ
• “Pequenas” frações de dióxido de cloro são convertidas em íons ClO2-
e ClO3- cuja presença RESIDUAL na água final pode causar problemas
de saúde
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AS ETAPAS DO TRATAMENTO DA ÁGUA
� IMPORTÂNCIA DAS ANÁLISES DE CONTROLE
ETAPA FINAL: análises físico-químicas e microbiológicas paraatestar a qualidade da água (Portaria número 2914 do Ministério da Saúde, de12 de dezembro de 2011)
ARMAZENAGEM
DISTRIBUIÇÃO PARA AS RESIDÊNCIAS(podem ocorrer contaminações)
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� No tanque de decantação ficam resíduos:tratamento da Linha SÓLIDA
Desidratação de Lamas“Sobram” resíduos provenientes dos processos de clarificação: lamas
� São encaminhadas para a desidratação (estabilização química eestabilização microbiológica) devido à grande quantidade de água
- A desidratação (secagem) pode ser feita de várias formas:evaporação em leitos, uso de filtros (tipo prensa), etc
- A lama tratada é transportada para um destino final adequado, sendo possívelo seu aproveitamento como adubo orgânico:
Composição, em % média, de lamas de ETAs após tratam ento
AS ETAPAS DO TRATAMENTO DA ÁGUA
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� Águas naturais podem estar POLUÍDASTratamentos químicos são necessários para assegurar a saúde dos
consumidores
- Desinfecção microbiológica(águas com parâmetros de potabilidade adequados)
- Tratamento em estação de tratamento de água(descontaminação física � química � microbiológica)
� Águas residuais também precisam de tratamento
- “Convencionais”:Tratamento de esgoto
- Específicos (Processos Oxidativos Avançados – POAs):Efluentes químicos
Recapitulando ...
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TRATAMENTO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS(Tratamento de esgoto)
A necessidade (ou importância) do tratamento ?
� O esgoto, sem tratamento, provoca dois efeitos negativos na águaem que é lançado :
1) Diminuição do O2 dissolvido
2) Aumento na emissão de gases do efeito estufa (CH4 e CO2)
� Possibilidades para tratamento � decomposição da matériaorgânica antes do seu lançamento em corpos de água
1) Tratamentos aeróbios
2) Tratamentos anaeróbios
3) Tratamento “misto” (processo aeróbio combinado a um anaeróbio)
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TRATAMENTO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS
O esgoto doméstico não tem apenas matéria orgânica
� Contém 99,9% de água e 0,1% de sólidos:
- sólidos suspensos- sólidos dissolvidos- matéria orgânica não dissolvida- nutrientes minerais - N e P (principalmente)- organismos patogênicos - vírus, bactérias, protozoários e
helmintos
� O esgoto deve ser tratado em local apropriado (Estações deTratamento de Efluentes – ETEs)
A água resultante pode ser:- Reutilizada (processos industriais)- Lançada nos rios
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TRATAMENTO DE EFLUENTES DOMÉSTICOSO tratamento convencional envolve 3 etapas principais
� Tratamento preliminar
- Remoção de sólidos grosseiros e areiaUtilização de grades e “caixas” de sedimentação (Caixa de areia)
� Tratamento primário
- Remoção de sólidos sedimentáveis, substâncias flutuantes e parte da matéria orgânica EM SUSPENSÃO
Utilização de decantadores (tanques) no qual o sólido sedimentado é chamado de LODO PRIMÁRIO BRUTO
� Tratamento secundário
- Remoção da MATÉRIA ORGÂNICA dissolvida e daquela ainda em suspensão
Utilização de processos que empregam microorganismos20
TRATAMENTO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS
Descrição do tratamento convencional
� Tratamento preliminar – primário - secundário – Tratamento do lodo
ESGOTO
LatasPapelãoTecidos
...
Sedimentaçãoda
“areia”
TRATAMENTOPRIMÁRIO
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TRATAMENTO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS
Descrição do tratamento convencional
� Tratamento preliminar – primário – secundário - Tratamento do lodo
TRATAMENTOPRELIMINAR
DecantadorSólidos sedimentáveis
Matéria orgânica (suspensão)
TRATAMENTOSECUNDÁRIO
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TRATAMENTO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS
Descrição do tratamento convencional
� Tratamento preliminar – primário – secundário - Tratamento do lodo
“Remoção”:- Matéria orgânica dissolvida- Matéria orgânica ainda em suspensão
Diferentes processos:- Decomposição aeróbia e/ou anaeróbia- Diferentes configurações da estação (volume e custo)
TRATAMENTOPRIMÁRIO
Degradação biológicaLANÇAMENTO
EM RIOS
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TRATAMENTO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS
Descrição do tratamento convencional
� Tratamento preliminar – primário – secundário - Tratamento do lodo
Sistemas aeróbios usados para o Tratamento secundário
� Lagoas de estabilização� Sistemas de lodo ativado
Lagoas de estabilização – exemplos:
- Lagoas facultativas: decomposição natural, em contato com oar e a luminosidade ambientes
mais simples, adequadas: pequenas comunidades
- Lagoas anaeróbias – lagoas facultativassistema de duas lagoas, eficiência (e custo) superior
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Descrição do tratamento convencional
� Tratamento preliminar – primário – secundário - Tratamento do lodo
Sistemas aeróbios usados para o Tratamento secundário
� Lagoas de estabilização – exemplos:
- Lagoas facultativas- Lagoas anaeróbias – lagoas facultativas
VARIAÇÕES...
� Lagoa aeradada facultativa:(processo aeróbio) catalisado pela aeraçãobastante eficiente, custos consideráveis
� Lagoa aerada de mistura completa – lagoa de decantação:sistema que envolve processos de aeração e agitaçãoeficiente, rápido mas exige uma lagoa de decantação
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TRATAMENTO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS
Descrição do tratamento convencional
� Tratamento preliminar – primário – secundário - Tratamento do lodo
Ilustração da Lagoa aerada facultativa
ESGOTO
As Lagoas de estabilização envolvem principalmente processos aeróbios
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TRATAMENTO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS
Descrição do tratamento convencional
� Tratamento preliminar – primário – secundário - Tratamento do lodo
Sistemas aeróbios usados para o Tratamento secundário
� Sistemas de Lodo ativado - Composição básica:
1) Reator (tanque de aeração )� Processo de degradação (aeróbio)
2) DecantadorLodo residual (composição básica: microorganismos)
3) Sistema de recirculação de lodoParte do lodo residual “alimenta” o reator ou tanque paraaumentar a concentração de microorganismos
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Descrição do tratamento convencional
� Tratamento preliminar – primário – secundário - Tratamento do lodo
Sistemas aeróbios usados para o Tratamento secundário
Ilustração de um sistema convencional de Lodo ativado
ESGOTO
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� Tratamento preliminar – primário – secundário - Tratamento do lodo
Sistemas aeróbios usados para o Tratamento secundário
Sistemas de Lodo ativado
Outros sistemas possíveis ( variações ):
� Lodos ativados de aeração prolongada
- Não possuem o decantador primário mas levam mais tempo para degradarem todo o material orgânico
� Lodos ativados com fluxo intermitente
- Não possuem o decantador primário e nem o secundário: todo o processo ocorre no mesmo “tanque”, sequencialmente
- (Simplicidade) Leva-se mais tempo para tratar o efluente 29
� Tratamento preliminar – primário – secundário - Tratamento do lodo
Sistemas anaeróbios usados para o Tratamento secundário
Geralmente geram menos lodo (crescimento dos microorganismos) e têm uma eficiência menor que a dos processos aeróbios
1) Digestores de lodo
2) Tanques sépticos Fossa séptica-filtro anaeróbio(um dos sistemas de “alta carga”)
3) Lagoas anaeróbias
Uma FOSSA remove a maior parte dos sólidos:
sedimentam, e “já” se decompõem
Um “FILTRO” (fechado) remove a MO residual
MO = Matéroa orgânica30
Considerações finais
A ÁGUA PARA O ABASTECIMENTO DEVE SER TRATADA Demanda de água tratada é um desafio atual e futuro
O crescimento populacional, aliado ao desenvolvimento industrial e anecessidade por alimentos está aumentando a demanda por água tratada(de qualidade boa e que deve ser constantemente atestada).
O TRATAMENTO DE EFLUENTES PRESERVA AS CARACTERÍSTICAS DOS CORPOS D´ÁGUA ONDE SÃO
LANÇADOSAs diferentes opções de sistemas de tratamento têm o mesmo objetivo
Simular os fenômenos naturais em condições controladas e otimizadas,resultando em um aumento da velocidade e da eficiência de estabilização damatéria orgânica, bem como outras substâncias presentes no meio.
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Referências Bibliográficas
1– BAIRD, C.,Química Ambiental, Bookman, 2002.
2– Pita, F. A. G. Armazenamento e tratamento de resíduos. Vol. II – Tratamento de Águas Residuais Domésticas, Universidade de Coimbra, 2002.
3- http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/01/aguas.pdf, acessado 13-11-12.
4- Nascentes, C. C.; Costa, L. M. Química Ambiental. UFMG, 2011.
5- http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/01/esgotos.pdf, acessado 09-06-13.
http://www.daaeararaquara.com.br/ete.htm, acessado 09-06-13.
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