questões soares e sousa

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INSTRUÇÃO: Para responder às questões de 98, 99 e 100, leia o texto EM QUE SE DECLARA O MODO E A LINGUAGEM DOS TUPINAMBÁS. Ainda que os tupinambás se dividiram em bandos, e se inimizaram uns com ou falam uma língua que é quase geral pela costa do Brasil, e todos têm uns c modo de viver e gentilidades; os quais não adoram nenhuma coisa, nem têm n conhecimento da verdade, nem sabem mais que há morrer e viver; e qualquer digam, se lhes mete na cabeça, e são mais bárbaros que quantas criaturas D Têm muita graça quando falam, mormente as mulheres; são mui compendiosas n linguagem, e muito copiosos no seu orar; mas faltam-lhes três letras das d R grande ou dobrado, coisa muito para se notar; porque, se não têm F, é po nenhuma coisa que adorem; nem os nascidos entre os cristãos e doutrinados Companhia têm fé em Deus Nosso Senhor, nem têm verdade, nem lealdade a nen pessoa que lhes faça bem. E se não têm L na sua pronunciação, é porque não que guardar, nem preceitos para se governarem; e cada um faz lei a seu mod sua vontade; sem haver entre eles leis com que se gover nem, nem têm leis outros. E se não têm esta letra R na sua pronunciação, é porque não têm re quem obedeçam, nem obedecem a ninguém, nem ao pai o fi lho, nem o fi lho a um vive ao som da sua vontade; para dizerem Francisco dizem Pancico, para Lourenço dizem Rorenço, para dizerem Rodrigo dizem Rodigo; e por este modo todos os vocá bulos em que entram essas três letras. [SOUSA, Gabriel Soares de. Tratado descritivo do Brasil. In: . Cronistas do Descob GLOSSÁRIO - Gentilidades: paganismo, religião dos gentios. - Compendiosas: resumidas, sintéticas. - Copiosos: abundantes, grandes, extensos. 98. (UFPARAIBA 2007 PAS) Em seu texto, Gabriel Soares de Sousa (A) limita-se à descrição dos costumes indígenas, sem emitir nenhum juízo (B) destaca apenas qualidades negativas dos índios tupinambás, a quem chama de “bárbaros”. (C) exalta à liberdade em que vivem os índios, reconhecendo-a, indiscutive valor intocável. (D) reconhece a inferioridade da cultura dos tupinambás, ao compará-la com do Brasil. (E) tece considerações críticas a respeito da liberdade excessiva dos índi 99. (UFPARAIBA 2007 PAS) Leia o fragmento. [...] nem os nascidos entre os cristãos e doutrinados pelos padres da Comp Deus Nosso Senhor, nem têm verdade, nem lealdade a nenhuma pessoa que lhes A leitura desse fragmento permite afirmar que o autor (A) considera eficaz a ação dos jesuítas na conversão dos indígenas. (B) mostra surpresa diante do fato de os índios não terem fé em Deus, mesm doutrinados no cristianismo. (C) defende, em princípio, que não se deve cobrar dos índios a fé em Deus. (D) reconhece a obediência dos tupinambás à conversão cristã. (E) ressalta a presença das doutrinas cristãs nas práticas religiosas dos 100. (UFPARAIBA 2007 PAS) A ausência das letras F, L, R na linguagem dos tupinam comentada pelo autor do texto para (A) justificar a natureza mais simples da linguagem dos índios. (B) denotar apenas a diferença entre a língua dos brancos portugueses e a (C) enfatizar, sobretudo, a criatividade na expressão lingüística dos povo (D) criticar, principalmente, a inexistência da fé, da lei e do rei na cul (E) revelar somente os aspectos pitorescos na maneira de falar dos índios.

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INSTRUO: Para responder s questes de 98, 99 e 100, leia o texto EM QUE SE DECLARA O MODO E A LINGUAGEM DOS TUPINAMBS. Ainda que os tupinambs se dividiram em bandos, e se inimizaram uns com outros, todos falam uma lngua que quase geral pela costa do Brasil, e todos tm uns costumes em seu modo de viver e gentilidades; os quais no adoram nenhuma coisa, nem tm nenhum conhecimento da verdade, nem sabem mais que h morrer e viver; e qualquer coisa que lhes digam, se lhes mete na cabea, e so mais brbaros que quantas criaturas Deus criou. Tm muita graa quando falam, mormente as mulheres; so mui compendiosas na forma da linguagem, e muito copiosos no seu orar; mas faltam-lhes trs letras das do ABC, que so F, L, R grande ou dobrado, coisa muito para se notar; porque, se no tm F, porque no tm f em nenhuma coisa que adorem; nem os nascidos entre os cristos e doutrinados pelos padres da Companhia tm f em Deus Nosso Senhor, nem tm verdade, nem lealdade a nenhuma pessoa que lhes faa bem. E se no tm L na sua pronunciao, porque no tm lei alguma que guardar, nem preceitos para se governarem; e cada um faz lei a seu modo, e ao som da sua vontade; sem haver entre eles leis com que se gover nem, nem tm leis uns com os outros. E se no tm esta letra R na sua pronunciao, porque no tm rei que os reja, e a quem obedeam, nem obedecem a ningum, nem ao pai o fi lho, nem o fi lho ao pai, e cada um vive ao som da sua vontade; para dizerem Francisco dizem Pancico, para dizerem Loureno dizem Roreno, para dizerem Rodrigo dizem Rodigo; e por este modo pronunciam todos os voc bulos em que entram essas trs letras.[SOUSA, Gabriel Soares de. Tratado descritivo do Brasil. In: . Cronistas do Descobrimento.]

GLOSSRIO - Gentilidades: paganismo, religio dos gentios. - Compendiosas: resumidas, sintticas. - Copiosos: abundantes, grandes, extensos. 98. (UFPARAIBA 2007 PAS) Em seu texto, Gabriel Soares de Sousa (A) limita-se descrio dos costumes indgenas, sem emitir nenhum juzo de valor. (B) destaca apenas qualidades negativas dos ndios tupinambs, a quem chama de brbaros. (C) exalta liberdade em que vivem os ndios, reconhecendo-a, indiscutivelmente, como um valor intocvel. (D) reconhece a inferioridade da cultura dos tupinambs, ao compar-la com a de outros ndios do Brasil. (E) tece consideraes crticas a respeito da liberdade excessiva dos ndios. 99. (UFPARAIBA 2007 PAS) Leia o fragmento. [...] nem os nascidos entre os cristos e doutrinados pelos padres da Companhia tm f em Deus Nosso Senhor, nem tm verdade, nem lealdade a nenhuma pessoa que lhes faa bem. A leitura desse fragmento permite afirmar que o autor (A) considera eficaz a ao dos jesutas na converso dos indgenas. (B) mostra surpresa diante do fato de os ndios no terem f em Deus, mesmo sendo doutrinados no cristianismo. (C) defende, em princpio, que no se deve cobrar dos ndios a f em Deus. (D) reconhece a obedincia dos tupinambs converso crist. (E) ressalta a presena das doutrinas crists nas prticas religiosas dos ndios. 100. (UFPARAIBA 2007 PAS) A ausncia das letras F, L, R na linguagem dos tupinambs comentada pelo autor do texto para (A) justificar a natureza mais simples da linguagem dos ndios. (B) denotar apenas a diferena entre a lngua dos brancos portugueses e a dos ndios. (C) enfatizar, sobretudo, a criatividade na expresso lingstica dos povos indgenas. (D) criticar, principalmente, a inexistncia da f, da lei e do rei na cultura tupinamb. (E) revelar somente os aspectos pitorescos na maneira de falar dos ndios.