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Queridos fiéis, Queira Deus que a Sua obra, que é a Igreja católica, possa expandir-se cada vez mais com a nossa modesta colaboração. Os santos nunca se achavam mais do que pequenos e modestos elementos nesta colaboração. Cada Fiel católico pode ser um tal pequeno elemento que Deus na Sua providência utiliza no plano divino. Também ordens religiosas podem, e deveriam, ser tais elementos. Hoje, no tempo do modernismo, geralmente quase já o não são. Temos, no entanto, a certeza que a nossa Fraternidade tem igualmente uma função importante no plano divino nos tempos actuais. Todos os dias rezamos, para que tudo o que fazemos seja sempre agradável nos olhos de Deus e capaz de contribuir no plano da divina Providência. Comprámos uma igreja, enfim e depois de muitos anos de procura – uma igreja que ainda não é igreja. Uma vez comprada, esperamos agora que esta aquisição possa servir no Seu plano, transformando o edifício pouco a pouco num sítio onde poderá ser realizado dignamente o Santo Sacrifício. Há dois assuntos que ocupam as mentes de alguns fervorosos Fiéis portugueses, nomeadamente se é com as decisões tomadas que melhor servimos a Deus ou se não serviríamos talvez melhor de outra maneira ou até de maneira contrária. Um primeiro assunto está relacionado com a compra deste edifício, e a questão que se coloca é se esta foi a melhor opção. Devemos saber que não se conseguiu encontrar melhor e que, graças a Deus, pode muito provavelmente tornar-se em igreja bastante bela e digna. O segundo assunto em que têm surgido dúvidas e interrogações é a questão das chamadas “relações com Roma”. É sempre preciso não julgar apressada e temerariamente, numa ou noutra direcção, em qualquer dos dois assuntos mencionados. Devemos, como dizem os santos, ter a virtude de discrição e da prudência. A prudência é silenciosa, é sempre acompanhada por um senso de temor que a faz cauta na difusão de novidades; prefere falar pouco do que falar demais, e julgar menos do que pecar por julgamentos temerários. Pode ser-se imprudente no falar e as palavras podem causar inquietação, incómodo e aborrecimento em quem escuta, em vez de serem elementos no plano divino. Quem é imprudente no actuar, é precipitado; não pondera as coisas. A virtude da prudência é uma virtude cardial; é como uma coluna que sustenta, junto com a paciência, o nosso edifício espiritual. Precisamos nas duas mencionadas preocupações mais disto do que de julgamentos. Para além disso devemos, evidentemente, rezar para que a Fraternidade em Portual e a Fraternidade no seu todo possam sempre ser elementos no plano divino. Que Deus vos abençoe! Padre Anselmo

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Queridos fiéis,

Queira Deus que a Sua obra, que é a Igreja católica, possa expandir-se cada vez mais com a nossa modesta colaboração. Os santos nunca se achavam mais do que pequenos e modestos elementos nesta colaboração.

Cada Fiel católico pode ser um tal pequeno elemento que Deus na Sua providência utiliza no plano divino. Também ordens religiosas podem, e deveriam, ser tais elementos. Hoje, no tempo do modernismo, geralmente quase já o não são. Temos, no entanto, a certeza que a nossa Fraternidade tem igualmente uma função importante no plano divino nos tempos actuais. Todos os dias rezamos, para que tudo o que fazemos seja sempre agradável nos olhos de Deus e capaz de contribuir no plano da divina Providência. Comprámos uma igreja, enfim e depois de muitos anos de procura – uma igreja que ainda não é igreja. Uma vez comprada, esperamos agora que esta aquisição possa servir no Seu plano, transformando o edifício pouco a pouco num sítio onde poderá ser realizado dignamente o Santo Sacrifício.

Há dois assuntos que ocupam as mentes de alguns fervorosos Fiéis portugueses, nomeadamente se é com as decisões tomadas que melhor servimos a Deus ou se não serviríamos talvez melhor de outra maneira ou até de maneira contrária. Um primeiro assunto está relacionado com a compra deste edifício, e a questão que se coloca é se esta foi a melhor opção. Devemos saber que não se conseguiu encontrar melhor e que, graças a Deus, pode muito provavelmente tornar-se em igreja bastante bela e digna. O segundo assunto em que têm surgido dúvidas e interrogações é a questão das chamadas “relações com Roma”.

É sempre preciso não julgar apressada e temerariamente, numa ou noutra direcção, em qualquer dos dois assuntos mencionados. Devemos, como dizem os santos, ter a virtude de discrição e da prudência. A prudência é silenciosa, é sempre acompanhada por um senso de temor que a faz cauta na difusão de novidades; prefere falar pouco do que falar demais, e julgar menos do que pecar por julgamentos temerários. Pode ser-se imprudente no falar e as palavras podem causar inquietação, incómodo e aborrecimento em quem escuta, em vez de serem elementos no plano divino. Quem é imprudente no actuar, é precipitado; não pondera as coisas. A virtude da prudência é uma virtude cardial; é como uma coluna que sustenta, junto com a paciência, o nosso edifício espiritual.

Precisamos nas duas mencionadas preocupações mais disto do que de julgamentos. Para além disso devemos, evidentemente, rezar para que a Fraternidade em Portual e a Fraternidade no seu todo possam sempre ser elementos no plano divino.

Que Deus vos abençoe!

Padre Anselmo

��

�)AsexortaçõesdeNossaSenhoradoRosárioemFátimasobreoterçodiá-rio.

13 de Maio de 1917:“Recitai o terço todos os dias, afim de obter a paz para o mundo e o fim da guerra”.

13 de Junho de 1917:“Eu quero…que rezeis o terço todos os dias”.

13 de Julho de 1917:“Eu quero…que continueis a recitar o terço todos os dias em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela vos pode-rá socorrer”.

19 de Agosto de 1917: “Eu quero…que continueis a recitar o terço todos os dias”.

13 de Setembro de 1917:“Continuai a recitar o terço afim de obter o fim da guerra”.

13 de Outubro de 1917: “Continuai sempre a recitar o terço todos os dias”.

Eis em complemento, o belo comen-tárioespiritualdaIrmãLúciasobreaexortação à recitação do terço diáriofeita por Nossa Senhora em Setem-bro:

“A Mensagem pede-nos a perseveran-ça na oração, quer dizer, continuai a rezar para obter o fim da guerra. É ver-dade que naquela altura a Mensagem

falava da guerra mundial que atormen-tava a humanidade. Mas esta guerra é também o símbolo de muitas outras guerras que nos rodeiame das quais temos necessidade de ver o fim através da nossa oração e sacrifício. Penso nas guerras que nos fazem os inimigos da nossa salvação eterna: o demó-nio, o mundo e a nossa própria na-tureza carnal”.

Estas exortações ao terço diário daRainha do Céu, são as únicas queNossaSenhorarepetiuemcadaumadas seis aparições. A Irmã Lúcia emalgumasdassuascartasacentuouvi-gorosamenteestainsistênciadeNos-saSenhoraafimdenosexortaraficarfiéisaonossoterçodiário.

��) As principais graças que atraemsobre as almas a recitação do terçodiário.

NascélebrespalavrasdoPadreFuen-tes,a��6deDezembrode�957,aIrmãLúciaafirmaemprimeirolugarqueoCéu, nos nossos tempos tão tristes,concedeu uma eficácia particular àmeditaçãodiáriadoterço:

“Repare, Padre, a Santíssima Virgem, nestes últimos tempos em que vivemos, deu uma nova eficácia à recitação do Rosário, de tal modo que não existe qualquer problema, por mais difícil que seja, temporal ou sobretudo espiritual,

AsprincipaisgraçasqueameditaçãoquotidianadoTerçoatraesobreasalmas

relacionado com a vida pessoal, das nos-sas famílias, das famílias do mundo in-teiro, ou das comunidades religiosas ou mesmo da vida dos povos e das nações, não há nenhum problema, digo eu, mesmo complicado que seja, que não possamos resolver pela oração do Santo Rosário. Com o Santo Rosário salvar-nos-emos, santificar-nos-emos, consolaremos Nosso Senhor e obteremos a salvação de muitas almas.”

EstanovaeficáciadadapelaSantíssi-maVirgemaoterçoédevidaàaposta-siaquecaracterizaonossotempo.AIrmãLúciaindica-nosclaramente,emalgumasdascartasqueforampublica-das,a principal causa desta apos-tasia: é o abandono da oração. Arecitaçãodiáriadoterçopermitelutareficazmentecontraesteabandonodaoração muito expandido nos nossosdiaseconservarasnossasalmasele-vadasparaoBomDeus,paraoCéuepara as realidades sobrenaturais. Es-cutemosaIrmãLúcia:

“A decadência que existe no mundo é,sem dúvida alguma, a consequência da falta de espírito de oração. Foi em ante-cipação desta desorientação que a vir-gem Santíssima recomendou com tanta insistência a recitação do terço”.

“Devemos rezar o terço todos os dias. É a oração de Nossa Senhora, mais recomendada, para nos precaver para estes dias de campanha diabólica! O de-mónio sabe que nos salvaremos pela oração. Assim, é contra Ela que ele con-duz a sua campanha para nos perder.”

“Rezemos o terço todos os dias. Nos-sa Senhora repetiu isso em todas as suas aparições como para nos precaver contra estes tempos de desorientação diabólica, para que não nos deixemos enganar pe-las falsas doutrinas e que por meio da oração, a elevação da nossa alma a Deus não diminua.”

AIrmãLúciasublinhaqueamedita-ção diária do terço atrai sobre as al-mastrêsgraçasprincipais:

a)A graça da conservação da ver-dadeira fé: “…Como o terço é, depois da Santa Liturgia Eucarística, a oração mais eficaz para conservar a fé nas al-mas, o demónio desencadeou a sua luta contra ele. Infelizmente assistimos às desgraças que ele causou. (…) O rosário é a arma mais poderosa para nos defen-der no campo de batalha.”

b) A graça da lucidez que preser-va a cegueira do espírito: “De fac-to é triste que tantas pessoas se deixem dominar pela vaga diabólica que varre o mundo e que estejam cega a ponto de não verem o erro! A sua principal culpa é terem abandonado a oração. Afastaram-se assim de Deus, e sem Deus, tudo o res-to lhes faz falta: «Sem Mim nada podeis fazer».”

c) A graça da força sobrenatural:“O diabo é muito ardiloso e procura os pontos fracos para nos atacar. Se não es-tamos concentrados e atentos em obter a força de Deus, sucumbiremos, porque o nosso tempo é muito difícil e somos fra-cos. Só a força de Deus nos pode valer.”

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Que todas as considerações tão pro-fundasdavidentedeFátimavosaju-demaredobraroardoregenerosidadepoiséesteofimdosacontecimentossobrenaturais de Fátima: “Salvar as

almas, muitas almas, todas as al-mas”.

PadreFabrícioDelestre

AlgumasforçasocultasquemanipularamoVaticanoII

«PioIXdizia,emtemposdoConcílioVaticanoI,queoconcíliofaziam-nooEspíritoSanto,oshomenseodiabo…eu vejo(…) em certas ambiguidadeslitúrgicasedisciplinares(…)noplura-lismoteológico(…)apresençado“ini-micushomo”,aobradeSatanás,querdizer,deumdostrêspersonagensqueoperaramnoVaticanoII»(PadreGa-brieleAllegra, ideomultumtenemurEi, caderno III, ��� Agosto de �975).O profeta Ezequiel foi levantado emespíritoetransportadoaoTemplodeJerusalémporumsoproDivino.«Fi-lho do homem, eleva os olhos e vê»,disseoSenhoraoseuProfeta.EoPro-fetacontemplouosantuário,apartemaissantadoTemploeviuneleumídolo,oídolodociúme.EsteeraBaal,amaisinfamedetodasasdivindadesfenícias, como assim a denominavao próprio Deus, ferido no coração. EquemestavaprostradoperanteBaal?Osacerdócio!(…)sim,umapartedo

sacerdócio:algunssacerdotesapósta-tas.OProfetaquedou-seestupefacto,masentãoosoproDivinoarrebatou-oaoutrapartedoTemplo:«Filhinhodohomem,escavaaparede».EoPro-feta descobriu diante da brecha umaposento secreto, e viu, pintadas naparede ao redor da mesma, imagensderépteisebestas(abomináveis),queeram adoradas por setenta homenscom turíbulos nas mãos. As setentapessoas eram setenta próceres, istoé,aclassedirigentedopovohebreu.E a classe dirigente havia apostata-do.OProfetatremia,todaviaosoproDivinotransladou-o,umavezmais,aoutra parte do Templo: «filhinho dohomem, volta-te para aqui e verás».E o Profeta viu umas mulheres sen-tadas em terra e chorando; todaviachoravamaodeusdavoluptuosidade,que se pretendia estar morto. Eramagoraasvirgensasquehaviamapos-tatado. Deus transportou o Profeta

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pelaquartavez,masagoraaoátriodoTemplo: « Viste, filho do homem?».Pois verás abominações muito maisgravesdoqueesta.EoProfetaolhoueviuoutrosvinteecincohomensqueseencontravampróximodovestíbu-lo,decostasparaoTemplodoSenhor,e adoravam o sol. Ora bem, os ditosvinte e cinco homens pertenciam aopovo, pelo que também este dava ascostasaoTemplodoSenhor(Ez8,�ess).

DeusmanifestouaEzequielasuain-dignaçãonestestermos:«Filhodoho-mem, viste? Constituirá coisa ligeiraparaacasadeJudáprocederàsabo-minações que neste lugar se fazem,que cumularam a terra de violênciasparaMeirritar?Atélevamavaranonariz! Pois também Eu procedereicom furor, o Meu olho não se apie-daráenãotereicompaixão,equandogritaremaosMeusouvidos,comotro-vões,nãoosescutarei.E clamouaosmeus ouvidos com voz forte: Acer-cai-vos,aquelesquehão-decastigaracidade!Echegaramseishomenspelocaminho da porta superior do ladosetentrional,cadaumcomoseuins-trumento destruidor na mão (…). EDeusdisse-lhes:Passai(…)pelacida-deeferi.Queovossoolhonãoperdoenem tenha compaixão: velhos, man-cebos e donzelas, mulheres e crian-ças, matai-os até os exterminar (…).ComeçaipeloSantuário.Começaram,pois, pelos anciãos que se encontra-vamdiantedoTemplo:Profanaitam-bémoSantuário,encheidemortosos

átrios.Saí,pois.Saíram,epuseram-seamatarpelacidade».(Ez8,�7-9,8).

O modernismo “sociedade secreta” e sua revivescência

Explicava São Pio X aos bispos noMotupróprio«SacrorumAntistitum,nodiaprimeirodeSetembrode�9�0,depois de ratificar a condenação domodernismo, como “cloaca de todasas heresias”(encíclica Pascendi, 8 deSetembrode�907),queomovimentomodernista diferia de todos os mo-vimentos heterodoxos que haviamatravessadoaHistóriadaIgreja,eas-semelhava-seaumsó,ognosticismodoséculoII,naexactamedidaemquesegundoomesmoquadroconceptual,queria modificar a partir de dentro,nodizerdoPapa,tantoaSantaIgreja,quantoocristianismo,integrando-osnum mero conhecimento filosóficopanteísta(gnose).

O gnosticismo havia sido debeladopelos Padres da Igreja; o modernis-mo,pelocontrário,mesmodepoisdegolpeadocomdurezapela“Pascendi,”acolheu-senasentranhasdaIgreja:osmodernistasocultaram-seoucoloca-ram-seemestadode“hibernação”parapoderem modificar, furtivamente, aSanta Igreja Romana. O Papa Sartoescrevia o seguinte no supracitadomotupróprio:

“Os modernistas, mesmo após lhestersidoarrancadaamáscarapelaen-cíclica PASCENDI DOMINI GREGIS,nãoafrouxaramnoseupropósitodeperturbarapaznoseiodaIgreja.Efec-

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tivamente, não desistiram de buscarnovosadeptos,congregando-osnumasociedade secreta (foedus clandesti-nus).(…)Sãoadversáriostantomaistemíveisquantomenospercebidos».

A existência desta seita secreta mo-dernistanoseiomesmodaSantaIgre-ja,confirmam-naosprópriosmoder-nistas.Citemos,paranoslimitarmosaumexemplo,oqueescreviaAlbertHoutin,oqualafirmavaqueoautên-ticomodernista,aindaquetenhaper-didoaféporcompleto,nãoteriaporissodesairdaIgreja,diferentementedos hereges clássicos, mas que, pelocontrário, nela deveria permanecer,o mais possível, com o objectivo deinocularanovadoutrinanasveiasdaSantaIgreja, transformando-aapar-tir de dentro; “ Nenhum verdadeiromodernista, seja leigo ou sacerdote,podedeixaraIgreja,oupôrdeparteabatina,porqueseassimproceder,dei-xará de ser nesse mesmo momentoummodernistaautêntico».(�)

Neste enquadramento, surge-nos osecretismo como conatural ao mo-dernismo,oqualparapoderalteraradoutrinadaSantaMadreIgreja,me-dianteosubjectivismoeorelativismodafilosofiamoderna,nãovacilouemconstituir-secomosociedadesecretapara minar a Santa Igreja de Deus,como um tumor maligno, sem quefossepossível expulsá-loouarrancá-lodapartesãdaEsposadeNossoSe-nhorJesusCristo.Efectivamente,en-quantoalguémsenãodácontadeque

temumcâncer,estepodedisseminaras suas metástases por todo o orga-nismo, tornando-se impossível todae qualquer amputação, ou qualquertipodecura,conduzindoàdissoluçãodetodooorganismoenfermo.

Omodernismoclássico-oquefoicon-denadoporSãoPioX–fingiudesapa-recer,parareaparecer,comtodaasuavirulência,porvoltadosanosquaren-ta, até ser condenado pelo Papa PioXII,comoneo-modernismo,naencí-clicaHumaniGeneris(���deAgostode�950).Asuavirulênciafoital,quecomparadocomele,escreveuJacquesMaritain, o modernismo condenadoporSãoPioXpareciasomente“umamodestarinitealérgica”.(��)

Note-sequeosectarismocaracterizadomesmomodo,nãosóognosticis-moantigo,mastambémamaçonaria(V.R.Esposito,Lareconciliazionetrala Chiesa e la Massoneria, Ravena;Longoed,�979;cfSÌSÌNONO,edi-çãoemItaliano,anoIII,nº���,pag��eaoJudaísmotalmúdico(.SÌSÌNONO,versãoItaliana,�5e�0deAbrilde��009.

A Shoah e a Nostra Aetate

Jáantesestudámosagénesedodocu-mentoconciliar“NostraAetate”(SÌSÌNONOediçãoitaliana��9deFeverei-rode��008,pp.��-7).Acrescentemosagorasomente,paranãoaborreceroleitor, que o Cardeal Agostinho Bea,aquemJoãoXXIIIhaviaencarregadode redigir a supramencionada decla-raçãoconciliar,haviasido“engancha-

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do” pelo rabino chefe de Roma, ElioToaff,noPontifícioInstitutoBíblico,noiníciodosanoscinquenta.Estera-bino foi quem mais tarde, em �986,recebeuJoãoPauloIInasinagogadeRoma,emqueopapaWojtylaapelidoude“irmãosmaioresnafédeAbraão”aosjudeuspós-Bíblicos,quenãocrê-ememCristoenegamomistériodaSantíssimaTrindade,diferentementedeAbraão,oqual“seregozijou”anteopensamentodeveraNossoSenhorJesus Cristo, e em virtude de umailustraçãoDivina,Oviuese“alegrou”portal.(Jn8,56).

Toaffescreve:«Onossoconhecimen-to ( entre ele e Bea) transformou-semuito rapidamente em amizade, eum dia Monsenhor Bea confiou-meque sendo alemão de nascimento,sentiatodoopesododanoqueoseupovohaviainfligidoaosJudeuseque-ria fazeralgoparaoreparar.Surgiu-lheaideiadeumconcílioecuméniconoqualsedeveriaaprovarumdocu-mento sobre os Judeus» (�). Comosevê,ashoahdesempenhouobjecti-va e històricamente, desde a décadade cinquenta, um papel decisivo narevolução da Teologia Católica rela-tivamente ao Judaísmo pós-cristão;prosseguiu desempenhando essepapel, em l965, durante o concílio eulteriormente no pós-concílio, sobos pontificados de João Paulo II (“ aantigaaliança jamaisserárevogada”,Maguncia, l980;” irmãos maiores nafé de Abraão”, Roma, �986) ; e Ben-toXVI(obrigaçãodeprofessaravul-

gata exterminacionista, sob pena deexclusão da Igreja, Roma ��009; “ OsJudeus, pais na fé dos cristãos”, em«Luz do mundo», ed, Herder, ��0�0)para não falar das vergonhosas aju-das para uma apresentação correctado Judaísmo, de �985, em que nosaltaresdaapologiadoJudaísmofari-saico,sechegaanegarahistoricidadedos Evangelhos, bem como as sole-nes condenações que neles figuram,atribuindo-se estas últimas a uma“invenção”urdidapelosevangelistas,quandoaIgrejanascenteeasinagogaentraramemconflito(v.SÌSÌNONO,ediçãoitaliana,Agostode�985,pp.�ess).

Quemnãocompreenda,oufinjanãocompreender ( porque decidiu subiraocarrodajudaizaçãovencedoraafimdeobter“umaboaposição”),opapeleminentemente “teológico” e dissol-ventedoholocaustodeNossoSenhorJesusCristoqueashoahrepresenta,dispõe-seapercorrerasmesmasviasdeBea,Roncalli,WojtylaeRatzingernajudaizaçãodaTeologiacatólica,ca-minhos que conduzem directamenteà apostasia de Nosso Senhor JesusCristo, Redentor Único da humani-dade, e por isso mesmo, Redentortambém desses mesmos Judeus quesevangloriamdepodersalvar-sesemEle.

OJudaísmo,queprossegueaobradeAnãs e Caifás, exactamente como aEsposadeNossoSenhorJesusCristoprossegueaObradoVerboEncarna-

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do,diligenciousempre,desdeos iní-cios do Cristianismo, infiltrar-se noseu interior, para destruí-lo, de cadavez que não lograva acabar com elemedianteasperseguiçõesquedesen-cadeavaapartirdoexterior.AIgrejavê-se hoje como um “eccehomo” pe-ranteashoah,aqualfoiusadacontraela,comoumaríete,noVaticanoII(v.SÌSÌNONO,ediçãoitaliana,�5deMaiode�986,pp.�ess:Amudançaoperada no Novo Testamento com aapologiafilojudaica).

O problema secular dos marranos, a estranha “conversão” do Cardeal Lustiguer, e uma confissão sincera

CecilRoth,quefaleceuem�970,de-pois de haver sido por muitos anosprofessor de estudos hebraicos emOxford, presidente da Jewish Histo-ricalSocietyofEnglandedirectordaEnciclopédia Judia, escrevia que se-gundoasnormasrabínicas,eralícito,parasalvaravida,oupatapoderper-manecernopaísdosantepassadosdealguém, ocultar as próprias crençasjudias e até negá-las exteriormente.Daquiseinfereoproblemaseculardocriptojudaísmo,istoé,dosJudeusqueaparentavamtornar-secristãos,masqueseguiamsendoJudeusnoseuco-ração e praticavam os ritos Judaicosàsescondidas.

Félix Vernet escrevia por sua vez noDicionárioapologéticodaFéCatólicaque«houveconversõesinsincerasdejudeus ao Cristianismo desde o ano���até��00(…)algunsJudeusfingi-

ramconverter-sedesdeoano��00até�500 (…). Em Espanha, milhares deJudeussolicitaramobaptismoduran-teatormentade��9�.Amaiorpartesomente manteve uma aparência decristianismo, pois celebrava furtiva-menteosritosJudaicos.Opovoquesenãoenganavanoconcernenteaossentimentos íntimos de tais Judeus,apelidava-osde“marranos,”eevitava-os»(��).

Osmarranoscaracterizavam-se,afir-maLeonPoliakov,pela “obsessãodosegredo”eporuma“duplicidadeine-vitável”. Muitos deles até «se faziamfrades (…) outros iam para a cortePontifícia» (5).«osmarranosportu-gueses, muito mais calejados que os“conversos” espanhóis na prática docriptojudaísmo, derramaram-se emgrande número por toda a penínsu-la. Sumamente adestrados na lutacontra a Inquisição, mantinham emRomaumaespéciede“lobby”perma-nenteque(…)lhesgranjeavaperdõescolectivos…»(6).ApósaexpulsãodePortugal, continua Poliakov, «umanotávelvagadeemigrantesarribouàcolóniaportuguesadoBrasil(…)porisso o Brasil se locupletou de “cris-tãos novos” de duvidosa ortodoxia»(7). «Ser marrano- prossegue- Po-liakov-equivaliaaestarfiliadonumavasta sociedade secreta de protecçãoeassistênciamútuas»(8),comoumaespéciedemaçonariaouclubrotario“ante litteram” ( ou seja: adiantadoem relação ao seu tempo próprio).O marrano constituía, e permanece

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constituindo,umarealidademaisin-quietanteeexasperante,parausaraspalavrasdePoliakov,doqueoJudeudeclarado,porquepareceserumcris-tão,enquantoquenarealidadeéuminimigodeNossoSenhorJesusCris-to.Eaquisecolocaumaquestãoper-turbadoraebastanterecente.

OCardealJeanMarieLustiguer,Ju-deudenascimento,e“convertido”ao

catolicismo em �9��0, concedeu umaentrevista, já Cardeal, à agência Te-legráfica Judia, que foi reproduzidapela Documentação Católica do diaprimeiro de Março de �98�. Expres-sou nessa entrevista posições teoló-gicas que é impossível que não nosfaçamduvidardasinceridadedasua“conversão”.

Começaporafirmarque«adecisãode

Efectivamente, tributando estas honras à soberania real de Nosso Senhor Jesus Cristo, recordarão necessariamente os homens que a Santa Igreja, como sociedade perfeita, instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo, exige- por direito próprio e impossivel de renunciar- plena liberdade e independência do poder civil; e que em cumprimento do ofício encomendado a ela por Deus, de ensinar, reger e conduzir à eterna felicidade a quantos pertencem ao reino de cristo, não pode depender de ninguém. mais ainda: o estado deve também conceder a mesma liberdade às ordens e congregações religiosas de ambos os sexos, as quais, … cooperam grandemente no estabelecimento e propagação do reino de nosso senhor jesus cristo.

Pio XI, Encíclica Quas Primas, 1925.w

fazer-mecristãonãomepareceuumanegação da minha identidade Judia,pareceu-mesimumaconfirmaçãodamesma». Lustiguer deveria ter dis-tinguidoaqui,aindaqueonãotenhafeito,entreojudaísmomosaico,cujaconsumação se processa no Cristia-

nismo, e o Judaísmo pós-cristão, epor isso mesmo anti-católico, nega-dordeNossoSenhorJesusCristo,umJudaísmoquedeveráserabjuradope-losJudeuscujaconversãosejasincera(“nãosepodeserviradoissenhores,”disse Jesus). Lustiguer afirma em

�0

segundo lugar: «Proselitismo não! (da IgrejaparacomosJudeus-enten-da-se).Carecedetodoosentido(…).TantoaféJudaicacomoaCristãcons-tituemumapelodeDeus».Estaúlti-maasserção,queposicionanomesmoplanooJudaísmoeoCristianismo,énotoriamentecontráriaàFéCatólica,aqualprofessaaDivindadedeNossoSenhor Jesus Cristo, uma Divindadenegada pelo Judaísmo pós-cristão,peloquesóumadasditas“fés”podeserverdadeira,aooporem-secontra-ditoriamenteumaàoutra.Quantoao“proselitismo,” que no dizer de Lus-tiguer,carecedetodoosentidoparaosJudeus,osquaisdispõem,segun-doparece, de umcorredor privadoeprivilegiadoparaalcançarasalvação,observemos o seguinte: Como pro-cedeu pessoalmente Nosso SenhorJesusCristo,senãoevangelizandoosJudeus? Como procedeu Santo Estê-vão,aopreçodoseumartírio?ComoprocedeuSãoPauloantesdesedirigiraospagãos?O”proselitismo”entreosJudeus, iniciou-o Nosso Senhor Je-susCristo,eprosseguiram-noosSeusApóstolos e sucessores, a quem foraordenadopraticá-lo(Lc��7,��7).Een-tão,comopodeumCardealdaSantaIgrejaRomanaafirmarqueo“prose-litismo” entre os Judeus “carece detodoosentido”?

Lustiguer prossegue: «A vocação deIsraeléfacultaraluzaos“goyim”(osnãoJudeus).(…)CreioqueoCristia-nismo é uma forma de consegui-lo».NÃO! A Luz é Nosso Senhor Jesus

Cristo (« Eu sou a luz do mundo; equemMeseguenãoandanastrevas,maspossuiráaLuzdaVida»),ea“vo-caçãode Israel”cumpriu-se jácomo“pequeno resto”que n’Ele acreditou.O Cristianismo constitui a única viapara alcançar a Nosso Senhor JesusCristo, enquanto que o actual Juda-ísmo anti-cristão, que vilipendiou econtinuaavilipendiarNossoSenhorJesusCristo,bemcomoàLuzqueElenosoutorgou(osantoEvangelhoeaSanta Madre Igreja), esse Judaísmocaminhanastrevasenãopodeilumi-naraninguém.

Após haver subordinado o Cristia-nismoà“vocação”deIsrael,queparaele prossegue a sua plena vigência,Monsenhor Lustiguer persevera “increscendo”emsuasasserções:«Pensoque sou discípulo de Cristo à minhamaneira (à ma façon) …». Neste en-quadramento,aquelemesmoaquemJoão Paulo II criou cardeal da IgrejaCatólica,profereaquiumadeclaraçãoexplícita de heresia ( do grego aire-sis:eleição,escolha),desercristão“àsua maneira”e não como Deus orde-na,procedendoàeleiçãodaquiloqueagradanocristianismoerechaçandoo que não gosta, ou que não combi-na com o seu pensamento. Esta fé“suigeneris,”queobjectivamentenãoconstituiavirtudesobrenaturaldaFéTeologal,massomentea“fé”detodososhereges,fundamenta-sesobretudo,comoLustiguerafirmarapoucoantes,naconsideraçãodequeocristianismoconstituiapenasumaviaparaalcan-

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çara luzquepromanadoJudaísmo.Orabem,écaracterísticadomarrano,professar abertamente uma religião,enquanto pratica outra em segre-do;daquise infere,quesejamaisdoque lícito interrogarmo-nos sobre asinceridade da conversão do cardealLustiguer,quequisprosseguirsendoJudeu ( ou melhor: um híbrido), in-clusivamente na sua própria morte,tendosolicitadoqueserecitassemso-breoseuataúde,naCatedraldeParis,aoraçãoJudiapelosdefuntos(v.SÌSÌNONO,ediçãoitaliana,�5Dezembro��007.

Todavia, ainda que a “conversão” doJudeu Lustiguer permaneça incerta,não o é, pelo contrário, a influênciaexercidaporcertosambientesJudeussobreoConcílioeosPapas“concilia-res”. Reconheceu-o, ainda que semmedirtodooalcancedoseureconhe-cimento, o dominicano Pierre M. deContenson, secretário, na época, daComissão Vaticana para as relaçõesreligiosas (?) com o Judaísmo. Efec-tivamente,oreferidodominicanoes-creviaoseguintenaapresentaçãodaEdiçãoItalianadolivrodojudeuJulesIsaac,GesúeIsraele:«Noqueconcer-ne à eficácia (…) da causa defendida(…) pelo autor, basta confrontar assuasconclusõescomosensinamentosdeNostraAetate,eaindacomosdasorientaçõesdoprimeirodeDezembrode�97��,paracomprovarainfluênciaqueexerceudefacto:oqueolivropro-punha em �959 foi incorporado nassuas partes essenciais, proclamou-se

e propôs-se como norma por partedas autoridades centrais da IgrejaCatólica em �965 ( com Nostra Ae-tate)eeml97��(comasorientações,e pior ainda em l985, com as ajudassupra-mencionadas)«.Eaqui,maisdoquedeixar-sever,oquesemanifestaclaramenteéumadas“forçasocultas”quemanipularamoConcílioeprosse-guemincessantementeessamanipu-laçãonopós-Concílio.

A Gaudium et Spes e o maio de 1968

Antes de concluir queremos refe-rir-nos a um dos amargos frutos doConcílio,amargonãosóparaaIgreja,mas também para a sociedade civil.Jáabordámosnoutrasocasiõesopro-blemadGaudiumetSpes,documen-to conciliar panteísta e antropolátri-co,todaviaagoravamosverificarqueessedocumento influiunarevoluçãoestudantil que dissolveu a sociedadecivil,afamíliaeoprópriohomemnasprofundidadesdasuaalmaracionaleespiritual(.SÌSÌNONO,ediçãoIta-liana,Agostode��009,pp.�ess).

O espírito anti-hierárquico do Maiode �968, que se consubstanciava noaforismo“éproibidoproibir,”possuíaoseucorrelativonaaversãoconciliaràCúriaRomana,bemcomoaoprimadomonárquicodoPapa,ena lufadaex-travagantedeoptimismoutópicoquequerianãocondenarmais,mas“usardamedicinadamisericórdiamaisdoqueadaseveridade”(JoãoXXIII).Re-conheceu-o o teólogo conciliar René

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Laurentin:«Asreivindicaçõesdomo-vimentodeMaiode�968coincidiamemboapartecomasgrandesideiasdoConcílio, particularmente com as daconstituição sobre a Igreja e o Mun-do(GaudiumetSpes).(…)Deresto,oVaticanoIIhaviaconstituídojá,emcerta medida, um protesto contra aCúriaporpartedumgrupodebisposcomprometidos.»(9).Efectivamente,muitosexpoentesdomovimentoes-tudantil,comoMárioCapanna(�0)eMarcoBoato(��),provinhamdeam-bienteseclesiásticos.Capannachegouadizer,numaentrevistaaoL’Avvenire(��0deMarçode�998):«Passávamosnoitesinteirasestudando(naUniver-sidadeCatólicadeMilão)osteólogosqueentãoseconsideravamdeprimei-ralinha;Rahner,Schillebeck(…)juntocomosdocumentosconciliares».Ro-bertoBeretta(���)escreveque,sedes-cobreaolerostextosdeMaiode�968,queosmesmosseencontramrepletosdecitaçõesdoConcílio(LumenGen-tium e Gaudium et Spes) bem comodasencíclicasdospapas“conciliares”(JoãoXXIII,PaceminTerrisePauloVI,PopulorumProgressio).

A “Primavera Antropolátrica” do Concílio

Enquantosenãoextirparemascausasremotas(subjectivismoeimanentis-mo)detantosmalesquesemanifes-taraminopinadamenteedeformapa-roxística na década de sessenta, nãohaverácuraparaafebrequecontinuacorroendoasociedadecivileeclesiás-

tica.Creioqueaprincipaldestascau-saséoantropocentrismo.

PauloVI,peseemboraaalgunsdiscur-sosquehaviapronunciadojá,sobreatragédiadasituaçãopós-conciliar,nosquaissereferiaá«auto-demoliçãodaIgreja(…)golpeadaporquemformaparte dela» ( discurso ao SeminárioLombardo, em Roma, 7 de Dezem-brodel968),mesmoassim,tornouaabordar o tema da grandeza infinitadoHomem,porocasiãododesembar-quenaLuadosprimeirosastronautas( ��� de Julho de �969), em perfeitacontinuidadecomoirrealistaoptimis-moconciliar,esimultaneamente,emabsolutadescontinuidadecomorea-lismoda“auto-demolição,”quehaviadenunciado. Efectivamente, afirmouno Angelus de �� de Julho de �969que o Homem, nesse caso da aluna-gem,«serevelacomoumgigante.Re-vela-secomoDivino,nãoemsi,masnoseuprincípioeseudestino.HonraaoHomem,honraàsuadignidade,aoseuespírito,eàsuavida»(��).

Nãoécertamente,acoincidênciadosopostos,acontinuidadenadesconti-nuidade, o que fará ganhar juízo aoambienteeclesialdevastadopela“pri-maveraantropolátricadoconcílio”.Émisterregressarrealmente,defacto,quenãosódepalavras,àsverdadeirasfontesdoCatolicismoTeocêntricotalcomoseencontramnaSagradaTradi-çãoenasSagradasEscrituras,fontesqueaEscolásticaexaminouafundo(especialmenteSãoTomás)edasquais

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permanentemente se utilizou o Ma-gistério da Santa Madre Igreja, atéPioXII.

Asmedidastomadasameias,asmeiasverdades,“somenteaMissa,”nãobas-tamparacurarumcâncer.“Paragran-des males, grandes remédios”. Nãobastou produzir a asserção, no pas-sado,deque“oFumodeSatanásha-via penetrado no Templo de Deus” (PauloVI)econtinuaroperandocomosenãosepassassenada;ehojenãoésuficienteafirmar,semodemonstrar,queoVaticanoIIseencontraemper-feita sintonia com a Tradição Apos-tólica. É necessário prová-lo porque:Quodgratisaffirmaturgratisnegatur(oquegratuitamenteseafirmagra-tuitamente se nega). Neste quadroconceptual,nãoseconfiguramprovassérias duma tal sintonia, enquantoque muitas foram facultadas pro-vando o contrário ( começando peloBreve exame crítico do Novus OrdoMissae,apresentadoaPauloVI,pelosCardeaisOttavianieBacci,equeain-daesperaresposta).

Conclusão

OtextodoPadreGabrieleAlegra,quecitámos no início deste artigo (���)habilita-nos a compreender a gravi-dade preternatural da situação emquetombámosporacçãodoConcílioedopós-concílio.Nestaperspectiva,humanamente falando, sentimo-nosesmagados neste combate contraum inimigo tão poderoso; mas comoauxíliodaBem-Aventuradasempre

Virgem Maria,“debeladora de todasas heresias” podemos tornar a “veraestrela”.Somenteoimensocastigoprofetizado pela Virgem de Fátimanospoderáresgatardoestadoemquejazem uma Humanidade e um am-biente eclesiástico tão degradados:Portae inferi non praevalebunt (asportasdo Infernonãoprevalecerão);“Finalmente o Meu Coração Imacu-lado prevalecerá”Não sabemos onde,nem como, nem quando, mas esta-mos seguros de que triunfaremos, etriunfaremoscomjuros.

Gregorius

(do Si Si No No 234)

NOTAS:

A. Houtin, Histoire do ModernismeCatholique, Paris �9��, pp. ��6 e�����(ediçãodoautor)J. Maritain, El campesino de laGarona,cap.�.E.Toaff,PérfidosJudios–hermanosmayores, Milão: ed. Mondadori,�987,p.���5F. Vernet, Juifs et Chrétiens, emDiccionaire de la Foi Catholique,Paris:ed.Beauchesne,�9��,tomoII,cols.�676-�68�.L. Poliakov, História delantisemitismo, Florencia: ed. Lanuova Itália, �97��, vol. II, pp. �89-�9�.L.Poliakov,ibid,p.���5.Poliakov,ibid.,pp.����6-����7.Poliakov,ibid,.p.��56.

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5.

6.7.8.

���

R. Laurentin, Crisis de la Iglesia ysegundo sínodo episcopal. Brescia:ed.Morcelliana,�969,pp.���-�5.M. Capanna, Aquellos formidablesaños,Milão:ed.Rizzoli,�968.M.Boato,Contra la Iglesiadeclase.Documentos de la protesta eclesialenItália,Pádua:ed.Marsilio,�969.R. Beretta, Cantábamos “Dios hámuerto.”O68deloscatólicos,CasaleMonferrato: ed. Piemme, ��008,p. 6�. Véase asimismo R. Beretta,El largo otoño. Contrahistoria delsesenta e ocho católico, Milão, ed.Rizzoli,�998;R.Cerratto.Elsesenta

9.

�0.

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���.

eochoyelmundocatólicoenItáliaen�968:entre lautopiayelevangelio,curante A. Giovagnoli, Roma, ed.Ave,��000;AA.VV.Enciclopédiadel68,Roma,Manifesto-libri,��008.Paulo VI, Enseñanzas, vol. VII,�969,pp.��9�-��9��.PadreGabrieleAllegra,Ideomultumtenemur Ei, cuaderno III, ��� deAgosto de �975, en S. Oppes, Lasmemorias de Fray Gabriel MariaAllegra,OFM,el“SanJerónimo”deChina,CiudaddelVaticano,ed.Lev,��005,p.���6.

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���.

OdilemadosnossosbastiõesdaFé

Consistirá a nossa função, essencial-mente,emconstituirmosbastiõesdaFéencarregadosdeapreservar,intac-ta, esperando dias mais favoráveis;e secundariamente em sermos maismissionáriosetrabalharmosempro-pagarmaisdilatadamenteaNossoSe-nhorJesusCristoànossavolta?Ou,inversamente,seráquedevemosser,antesdetudo,missionários,eaciden-talmentesermosbaluartesdaFé?

Se nós optarmos pela primeiraresposta,comodevemosprocederpara preservarmos e robustecer-

moseficazmenteaFénosnossosprioradoseparóquias?

Se nós optarmos pela segundaresposta,comodevemosnóspro-ceder para sermos missionários,nãoemvoto,masdemaneirapro-funda, sobrenaturaledurável?EdeformaanãoenfraquecermosanossaFé?

Defender a Fé

Observemos como procederam osgrandesdefensoresdaFé:

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AexemplodeSantoAtanásio,nósdevemos expor a nossa própriapessoa às calúnias, às violênciaseàscondenações,parapreservar-mos a Fé Católica. E não repre-sentarmos um agrupamento depusilânimes, que não procuramsenãodefender-sedopróximo.

A exemplo de São Cirilo de Ale-xandria, nós devemos contactarosheréticosparadiscutir,eassimafinar os nossos argumentos fa-zendo-lhes compreender os seuserros. E não sermos como DonQuixote,batendo-secontranadamais do que folhas de papel ourostosnapantalhadatelevisão.

A exemplo de Santo Hilário dePoitiers,nósdevemosprotegeraFé mediante o estudo da Tradi-ção,diligenciandoiraofundodasdificuldades.Enãocultivandoso-menteaaparênciadesermosseusdefensores.

AexemplodumSãoGregórioNa-zianzeno,nósdevemosrenunciaràs nossas ideias pessoais paramelhordefendermosaFé.Enãoutilizaracriseda Igrejaparade-fendermosasnossasopiniõeste-ológicas.

Preservarmos a nossa Fé

A melhor forma de preservarmos anossaFéconsisteemimpregnarmo-nos nEla.

Eisporqueéqueospapasdefenderamsempreaescolacatólica.Eisporqueé

queocatecismodeveiniciar-sedesdetenraidade.Eisporqueéqueéneces-sário assistir ao Santo Sacrifício daMissacomextremasolicitude,seguir-mosdesveladamenteasacçõeslitúrgi-cas,bemcomoostextostradicionais,afeiçoadospelaFé,eformatandoemnósessamesmaFé.

UmoutromeiodepreservaranossaFéconsisteemafastar tudo o que a enfraquece; meios de comunicação,Internet,publicaçõessubversivas.AsmissasditasdePauloVI, traduzindooutracoisaquenãoaFé tradicional,são perigosas, e debilitaram e amo-leceram milhões de fiéis em França,tendo posteriormente abandonadoemdefinitivoapráticareligiosa.

O espírito de compromisso com o mal e o relativismo do erro deveserabsolutamentecombatidopoiseledesarmatodaaresistênciapelabase.Reflictamosnisso.

Nestequadroconceptual,desdeLeãoXIII, os papas produzem incessante-mente a mesma asserção: que é ne-cessárioestudaroCatecismodoCon-cíliodeTrento,estudarSãoTomásdeAquino, bem como as encíclicas dosPapas, tudo para nos dotarmos demeios eficazes para bem defender osagradodepósitodafé.

Jovens que abandonam a Tradição

Ora,mesmoembastiõesdeverdadei-rapreservaçãoedefesadaFé,verifi-ca-se que fiéis e jovens que aí forameducadosseafastampaulatinamente

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daTradição.

Équenãobastaserumbastião.Um bastião que vive recurvado sobre si mesmo, cinde-se contra si pró-prio.Poisque«láondeháhomens,láestaráahumanacondição».

Um jovem educado num bastião, aoser enviado no meio do mundo, nãoseencontrapreparadoparaestacon-frontação. Somente os mais fortespermanecerão vivos. Muitos perece-rão.Éoquesepassaactualmente.

A função do baluarte constitui por-tanto em fortalecer pacificamente ajuventude, mas a confrontação como mundo deve processar-se pouco apouco,antesdalargadadefinitiva.

Para educar a inteligência dos jo-vens, não é suficiente outorgar-lhes os princípios, é necessário que a sua inteligência os assimile mediante a confrontação com o erro(aquelaqueestáaoseualcance).

Para educar o coração dos nossos jovens, não é suficiente facultar-lhes o amor do bem, mas igual-mente o ódio ao mal(vistoqueope-cadopermanecerásempreatractivo).

O papel do apostolado exterior

Nestaperspectiva,paraaprópriasub-sistência dos baluartes, torna-se ne-cessáriaumaconfrontaçãoapostólicacomoqueseposicionanoexterior.

Todavia a medida deste apostoladoconstituirá precisamente na preser-vaçãodaFéCatólica.Nósvamosdis-

cutir, mas sem corrermos o risco deofenderanossaFéeanossaMoral.

Destemodo-semdefinircategorias,epermanecendoporoutroladotodasasoutrasrealidadesemigualdadedecircunstâncias–osdoistiposbásicosdejovensquenosdeixamsão:

Aqueles que são superprotegi-dos(entendendoportalumsufo-carderegrasdemasiadominucio-sas, ou não amadas, porque nãocompreendidas, por virtude danecessáriaconfrontação–sempreproporcionadaàidade)equeaca-bamporsacudirumjugojulgadoinsuportável.

Aqueles que, inversamente, frequentaram meios liberais,com abertura de espírito – «eunão estou entalado». O relativis-modoutrinaledifica-sedestafor-ma.

Um verdadeiro afrontamento com omundodevepossuirum só objecti-vo–oapostólico,ouseja,fazerreinaraNossoSenhorJesusCristoemsienosoutros.

Um verdadeiro apostolado, para serfrutuoso, deve possuir duas carac-terísticas: ser sobrenatural, e seradaptado ao meio a converter.

Missas-shows atraíram multidõesmasnãoproduziramosfrutosalme-jados.Estenaturalismonãoécomen-surávelcomastécnicasdeApostoladodoSalvador…

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Os nossos Priorados, na medida emque tentam ser verdadeiramente so-brenaturais,nãoatraemtantoquantodeveriam.Porquê?Nóssomos,inega-velmente, frequentemente inacessí-veisaoshomensdehoje.Anossafina-lidade próximanãoéevidentementeatrairtodaagente,massimasalmaspossuindo uma certa disposição deaberturaàFéeaoAmordeDeus.Masmesmo estas almas se desencorajamporvezesfrequentandoasnossasca-pelas. As razões? Uma desconfiançamarcada,divisõesecríticasqueape-nas demonstram orgulho, censurasdesagradáveisacercadovestir,discus-sõespolíticasásperaseinúteis.Mercêaos instrumentos inconscientes dodemónio…Mercêàquelaspessoasquecompreenderam melhor que Deusa que velocidade é necessário fazeravançarasalmas…

Esforcemo-nos por atenuar os obs-táculosàsconversõesemlugardeosintensificar.Masissonãoésuficiente:nós devemos atrair. Os missionáriossempre têm realizado isso desde há��000anos-adaptarem-seaomáximoàpopulaçãovisada,integradosnumafinalidade de princípios morais cris-tãos.

O «meio tradi»

Não deve existir o «meio Tradi». ATradiçãoCatólicanãodeveconstituirummeiosocial,porqueocristianismonão o é. A Tradição deve congregartodososmeiossociais,acolhendo-oscom a sua identidade própria. Nós

não somos favoráveis ao desapareci-mentodasclasses.Osmodosdeves-tir que se impuseram paulatinamen-teentrenósreflectemamodéstia-oqueénecessário;todaviaamodéstianãosereduzaosmodosdaindumen-tária tradis. Por se pretender imporexcessivamente regras de vestuário,desgosta-semaisdoqueseforma.Aconsequênciaconsubstancia-senumaespéciedelibertaçãoexageradadessasregras-aqualiráentãoferiramodés-tia.Asegundaconsequênciaconstituiuma espécie de imagem esclerosadadaTradição,aqualpareceviveraindanosanoscinquenta–poucoatraente!

Entretanto a força deste reagrupa-mento no seio da Tradição Católicaconsiste na coerência lógica entre anossa Fé e a nossa vida quotidiana.Estaadequaçãodevereflectiranossaconvicçãoeanossasinceridade,enãoapenas regras. Ela constitui um ver-dadeiro resplandecer qualificado daVerdadeCatólica.Eéissoqueatrai.

Mas permaneçamos sempre o maispossível ao alcance dos nossos con-temporâneosdeboavontade.Nósde-vemosportantoserfirmesconnoscopróprios,masirradiandomisericórdiae compreensão pelo nosso próximo.Eleamaráentãoanossafirmeza.

PadreGuillaumeGaud

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OsJesuítasemPortugal

A história dos jesuítas em Portugalestá dividida em quatro períodos: oprimeirovaide�5��0a�759,osegun-dode�8��9a�8���,oterceirode�8��8a�9�0,eoquartoeúltimodoexílioàactualidade.

Primeiro período (1540 a 1759)

A vinda dos jesuítas para Portugaldeve-seaoreiD.JoãoIIIaquemDio-go de Gouveia indicara a existênciade um grupo de clérigos capazes deconverter a Índia. Então Inácio deLoiolaenviouparaPortugalonavarroFranciscoXaviereoportuguêsSimãoRodrigues.

Oprimeiropartiunoanoseguintepa-rawwaÍndiaenquantoqueosegundoficouencarreguedecriaraProvínciade Portugal, que foi criada em �5��6tendo sido a primeira província daOrdem.

Foi graças a alguns benfeitores, comespecialdestaqueparaafamíliareal,que o crescimento da CompanhiadeJesusemPortugalsedeudeumamaneira extremamente rápida. Em�5����,foifundadooColégiodeJesusemCoimbraquetinhacomoobjectivoaformaçãodosmembrosmaisnovosdaOrdem.

FoinoentantoemLisboanoanode�55� que foi inaugurado o primeiro

Colégionoqualosjesuítasderamau-laspúblicas:OcolégiodeSantoAntão.Em�559,foifundadapeloCardealD.Henrique a Universidade de Évora eentregueàCompanhiadeJesus.

Comodecorrerdotempo,aacçãope-dagógicadosjesuítasfoi-seespalhan-doaoutrascidadesdopaíscomoBra-ga, Bragança, Funchal, Angra, PontaDelgada,Faro,Portalegre,Santarém,Porto,Elvas,Faial,Setúbal,Portimão,BejaeGouveia.Àmedidaqueiamau-mentandoonúmerodecasas,iatam-bémaumentandoonúmerodejesuí-tas:��00em�560,6��0em�60�,66��em�6�5,6�9em�6�9,770em�709,86�em�7��9e789em�759.

Os jesuítas em Portugal chegaram adirigir cerca de �0 estabelecimentosdeensinoqueformavamaúnicaredeescolar orgânica e estável do País. Oensinoeragratuitoeabertoatodasasclasses. Em meados do século XVIII,onúmerototaldealunosrondavaos��0000 numa população de �000000dehabitantes.

Mas,emPortugal,osjesuítasnãoes-tavamsóligadosàeducação.Tambémdavam catecismo e entregavam-seaosministériossacerdotaiseaobrasdecaridade.Ocupavam-sedospresos,visitavamhospitais,assistiamoscon-denados à morte e, indiferentes aosperigos, excediam-se em generosida-

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deporocasiãodeepidemiasecalami-dades.

Uma das prioridades da CompanhiadeJesuseraaactividademissionária.Assim,àmedidaqueosportuguesesforam chegando cada vez mais lon-ge, os jesuítas acompanharam a suaexpansão. Em �5����, Francisco Xa-vier desembarcou em Goa com doiscompanheiros e, depois de percor-rer várias regiões da Índia, esteveem Malaca e nas Molucas, chegandoaoJapãoem�5��9.Veioafalecerem�55��quandoestavaprestesaentrarna China. Apesar disso, as missõescontinuaram e os jesuítas chegaramaMacau,aoimpériodoGrãoMogol,àChina,aPegu,aBengala,àCochin-china,aoCambodja,aoTibete,aTon-quim, ao Sião e ao Laos. Em África,os jesuítas estiveram no Congo, emAngola,naEtiópiaeemMoçambique.Maistardeiniciaramumamissãoquepassava por Cabo Verde e que os le-varia depois à Guiné e à Serra Leoa.AprimeiraexpediçãoaoBrasildeu-seem�5��9e,apartirdaí,verificaram-senumerosaslevasdemissionários.

TodaestaactividadefoibruscamenteinterrompidapordecisãodoMarquêsdePombalem�759aodecretaraex-pulsãodosjesuítasdetodososterri-tórios portugueses. As causas destadecisão foram sobretudo de ordemideológica e política. Para A Compa-nhiadeJesusconstituíaumobstácu-lo à implementação do seu projectopolíticoiluministaecentralizador.

Umavezqueos jesuítasdominavamosistemadeensinoemPortugalenoUltramar e tinham um patrimóniocultural invejável, eles constituíamum motivo mais do que suficienteparasetornaremumaameaçaparaaimplementaçãodosistema.FoientãoqueoMarquêsdePombaliniciouumacampanha anti-jesuítica tendo feitouma série de acusações contra os je-suítasqueforamespalhadasportodaaEuropa.

Segundo período ( 1829 a 1834 )

Em �8��� a Companhia de Jesus foirestauradapeloPapaPioVII.Noen-tanto, os jesuítas só regressaram aPortugalem�8��9.PorintermédiodoreiD.Miguel,chegaramaLisboaoitojesuítasquetraziamcomosuperiorobelgaP.FilipeJoséDelvaux.AbriramumnoviciadoeiniciaramactividadesapostólicasentreapopulaçãodeLis-boaedosarredores.Em�8���,D.Mi-guel entregou-lhes o Colégio das Ar-tes,emCoimbra,masdevidoàguerracivil as aulas só se iniciaram no anoseguinte. Em �8��� o exército liberalocupouCoimbraeos jesuítas forampresoseescoltadosatéLisboa tendoficadopresosnofortedeS.JuliãodaBarradondepartiramparaItália.

Nesta curta passagem por Portugal,onúmerodejesuítasfoide����eparaalém de terem retomado as activi-dades escolares, estiveram tambémempenhados em dar assistência aosferidosdaguerracivileàsvítimasda

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epidemia de cólera que ocorreu em�8��.

Terceiro período (1848 a 1910)

O principal responsável por este re-gresso a Portugal foi Carlos JoãoRademaker, que tinha entrado paraaCompanhiadeJesusemItália, em�8��6.

Rademaker veio para Portugal como intuitoderestauraraProvínciadePortugal.Em�858,deuinícioaoCo-légiodeCampolide,tendotidoacola-boraçãodemaisdoisjesuítas,umpor-tuguêsaindadostemposdeD.Miguele um espanhol. Nos anos seguintesjuntaram-se mais jesuítas principal-mentevindosdeItáliaeabriu-seumnoviciadonolugardoBarro.Em�86�,foiconstituídaoficialmenteaMissãoPortuguesa que teve como primeirosuperioroitalianoP.FranciscoXavierFulconis.Aindaem�86�,os jesuítastomaramcontadoOrfanatodeS.FielquetransformaramemColégio.

No iníciode�880,aMissãocontavanovecomunidadescom��7jesuítas.Estavamreunidasentãoascondiçõespara ser restaurada a Província dePortugaldaCompanhiadeJesus.

OsdoisColégios,CampolideeS.Fiel,alémdeoutrosimportantesestabele-cimentos de ensino, foram locais deintensa actividade científica. Em S.Fiel,em�90��,foicriadaarevistaBro-téria que, dirigida pelos professoresdo Colégio, publicava artigos de in-

vestigação nomeadamente nas áreasdabotânicaedazoologia.

Em relação à actividade missionária,osjesuítastiveramumadifícilmissãonaZambéziaparaondeforamenvia-dos entre �880 e �9�0. Os jesuítasda Província de Portugal estiveramtambémpresentesnaÍndia,MacaueTimor.

EmOutubrode�9�0aCompanhiadeJesus foi pela terceira vez expulsa eespoliadadosseusbensemPortugal.O ambiente de perseguição existiadesdeosúltimosanosdamonarquia,mas foi depois da revolução republi-canaqueogovernoprovisóriodaRe-pública restauroua leipombalinade�759. Os membros da Província dePortugaleramnessaaltura�60.

Quarto período ( do exílio à actualidade )

Depois de consumada a expulsão, apolítica seguida teve duas vertentes:emprimeirolugar,conservarnaEu-ropaonúcleocentraldaProvínciadePortugal, constituído pelas casas deformação e algumas residências. Emsegundolugar,reforçarasmissõesnaÍndiaque,porseencontrarememter-ritório inglês, podiam ser mantidase, simultaneamente, procurar novoscampos de actividade, principalmen-tenoBrasil.

Depoisdetemporariamentesetereminstalado na Holanda e na Bélgica,as principais casas estabeleceram-seem Espanha: o noviciado, o junio-

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radoefilosofadoemSantaMariadeOya,naGaliza,oColégioparaosalu-nos portugueses em La Guardia, noladoespanholdorioMinho,aEscolaApostólicaemS.MartinhodeTrebejoearedacçãodarevistaBrotériaedoMensageiro do Coração de Jesus emPontevedra.

Apesar do exílio, a Província de Por-tugalaumentouosseusefectivos.Em�9��5 eram �80, �79 sacerdotes, 8��irmãose��7estudantes.Apartirde�9���, abriram algumas residênciasemPortugal.AscasasdeformaçãoeoColégiodeLaGuardiaregressaramem �9���. A Constituição de �9��aboliuasleisdeexcepçãopormotivosreligiosos,eodecretode���deMaiode�9���,quereconheciaaCompanhiade Jesus como corporação missioná-ria,permitiramnormalizarasituaçãojurídicadosjesuítasemPortugal.

Duranteosanosquarentaecinquen-ta,osprincipaiscentrosdapresençados jesuítas adquiriram o estatutoqueaindamantêm.Nosanossetenta,apesardeteremdiminuídoonúmero

de efectivos, aumentaram a sua pre-sença a Sul do Tejo, principalmenteem zonas pobres e pertencentes àclasseoperária.

Para além da educação, os jesuítascontinuaram a publicação regular daBrotéria e surgiram novas revistasde investigação como a Revista Por-tuguesa de Filosofia e Economia eSociologia. A publicação da Verbo. AEnciclopédia Luso-Brasileira de Cul-tura,resultoudacolaboraçãoentreaeditorialVerboeasinstituiçõescultu-raisdaCompanhiadeJesus.

Em relação à actividade missionária,osjesuítasestiveramsemprepresen-tes na Índia portuguesa, até à ane-xação pela União Indiana, em �96�de Goa, Damão e Dio. Expulsos daÍndia, os jesuítas foram para Macau,Moçambique,TimoreAngola.Ades-colonizaçãoabalouprofundamenteaactividade missionária tendo muitosmissionários, vítimas de inúmerasperseguições,tidoqueregressaràEu-ropa.

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Diz uma piedosa e antiquíssimatradição repetida e confirmada nascélebres visões que a grande místicaCatarina Emerich teve sobre a vidade Nosso Senhor Jesus e tudo oque a Ele se refere que «quando aSagrada Família fugiu para o Egiptofoisurpreendidapelanoiteenquantoatravessavaodeserto.

Distinguindo ao longe umas luzes,para lá se encaminharam os santosviandantes, para pedir pousada.Breve se viram rodeados, José eMaria com Menino nos braços, poruma quadrilha de salteadores quecostumavam acender fogueiraspara atrair os caminhantes a quemmatavamdepoisdeosterroubado.

Ochefedobandoavançoucompunhalna mão, enquanto os companheiros,segurando archotes, rodeavam oshumildes esposos. Cruzaram-se osseus olhos com os de Maria e deJosé e, sobretudo com os d’AqueleMeninoencantador;algosepassadeespecialquenãosabeexplicar.Aferatransforma-se em manso cordeiroe, com espanto dos camaradashabituadosaosaqueeàmorte,ouvem-seestaspalavras:-«Vindeparaminhagrutaparapassardesanoite livredeperigo; a minha mulher cuidará devósedar-vosdecomer».

Entramtodoseaprimeiracoisaque

a esposa do chefe dos bandidos trazé uma bacia de água, para que osviandantes lavem os pés e para darbanhoaoMenino.

SaiobandidoeaSagradaFamíliaficasó,comamulherquetemtambémumfilhinho da mesma idade que Jesus,mas, infelizmente, jáatacadodomalda lepra. Aquele casal impressionatanto,tanto,estapobremãeque,semsaber bem porque, instintivamente,quando levou a água da lavagemcom que a Virgem dera banho a SeuFilho,lavoucomelaoseupequeninoleproso que, maravilha de Deus,ficou sarado. Com lágrimas nosolhos,vaicontá-loàVirgemedepois,logo de manhã, ao marido quandoeste chegou da sua má vida. Não hápalavrasparaexplicaragratidãodospobresinfelizesedosdacamarilhaaotomarem conhecimento do milagre!Todoschoramemocionadoseécheiosde reverência que acompanham aSagrada Família até à fronteira doEgipto.

Passam-se anos, precisamente ��;é o dia da morte de Jesus que vaiser crucificado com dois ladrões. Éo momento do Pai Eterno pagar demaneiradivina,dandooqueninguémpode dar, a generosidade dumsalteador que outrora poupara o seuBenditoFilho,MariaeJosé,livrando-osdamorte.Dimas,omeninoleproso

SãoDimas

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curadomilagrosamenteequesucederaa seu pai como chefe dos bandidos,ali está à Sua Direita. Ele insurge-secontra o companheiro da esquerdaqueblasfemavaediz-lhe:

«Cala-te, és um insensato, nósmerecemos a morte pelos nossoscrimes,masEstenãofezmalalgum,é um inocente. Senhor, lembrai-vosde mim quando estiverdes no VossoReino!»

«Em verdade, em verdade te digoque hoje mesmo estarás comigo noParaíso»,disseJesus.

Ó recompensa Divina! O pai ladrãopoupou Jesus da morte temporal.

O Pai Eterno poupa Dimas, o filhodo ladrão, da morte eterna. Dimas,o assassino e ladrão, tornou-se, pelacontrição perfeitíssima, S. Dimas, oSantoqueopróprioDeuscanonizouaindaemvida.

TenhamtodosacertezaqueamaiorherançaqueospaispodemdeixaraosfilhosdestemundoéaBênçãoDivinaquelhesvirápelacaridadequetiverempraticado, pelas suas intenções eSalvação Eterna. Nada do que se fazporamordeDeusficasónestaTerra,massobesempreaoCéu.

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É com grande alegria que comunicamos a aquisiçao de um imóvel em Lisboa, na freguesia do Beato, não longe do Priorado, que será convertido em igreja.O valor pago ascendeu a cerca de 430 mil euros.Agradecemos à Divina Providência esta grande graça. Também aos fieis, cuja generosidade e perserverança ao longo dos anos tornou esta possível.

NovaIgrejadaFSSPX