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  • 7/31/2019 Queiroz Neto

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    ANLISE ESTRUTURAL DA COBERTURA PEDOLGICA:UMA EXPERINCIA DE ENSINO E PESQUISA

    Jos Pereira de Queiroz Neto*

    Resumo: O acordo CAPES/COFECUB permitiu ao Departamento de Geografia desenvolver, entre 1980 e 1995, um programa de ensino epesquisa em ps-graduao, com a participao da cole Nationale Suprieure Agronomique de Rennes, do Centre de GomorphologieCNRS, de Caen e do Centre ORSTOMde Caiena, sob o tema Anlise estrutural da cobertura pedolgica e suas aplicaes nos ambientestropicais. O programa compreendia uma parte terica e outra prtica, com levantamento e cartografia de coberturas pedolgicas emdiferentes reas de So Paulo, Paran, Santa Catarina e Minas Gerais. Com base nesses trabalhos foram elaboradas sete dissertaes demestrado e 18 teses de doutorado: seus resultados cientficos representam uma significativa contribuio ao conhecimento da pedognesee da dinmica pedolgica atual, relacionada gnese e evoluo dos relevos e a questes de uso dos solos. Os resultados so sintetizadosem dois conjuntos temticos: 1- sistemas pedolgicos: gnese e dinmica; 2- funcionamento hdrico e eroso.

    Palavras-chave: Sistemas de transformao pedolgica; Linhas de pedra; Couraas ferruginosas; Dinmica da gua e eroso.

    Introduo: uma nova viso dos solosA anlise estrutural da cobertura pedolgica, introduzida

    por BOULET (1978), tem sua origem mais longnqua no conceitode catena de MILNE (1934): representa a preocupao dospedlogos em compreender a distribuio dos solos nas verten-tes e nas paisagens, suas causas e fatores, isto , procurainterpretar os processos responsveis por essa distribuio.

    Para MILNE (1934): catena uma unidade prtica de

    mapeamento [...] que agrupa solos que, a despeito de estarem

    colocados em pontos diferentes de um sistema natural de

    classificao, tendo em vista suas diferenas morfolgicas e

    fundamentais1, esto, no entanto relacionadas na sua ocor-

    rncia por condies topogrficas e se repetem nas mesmas

    posies uns em relao aos outros, sempre que aquelas

    condies esto presentes (MILNE, 1934).

    No entanto, MILNE (1936) responsabilizava a eroso comoa principal responsvel pela disposio de catenasao longo dasvertentes, mesmo assinalando tambm outros fatores.

    Dez anos mais tarde, GREENE (1945) afirmaria que essasseqncias so comuns nos trpicos, e o que se observaequivaleria a horizontes de lixiviao e acumulao: as partesaltas seriam de exportao, similares aos horizontes A, ao

    passo que as inferiores seriam de acumulao, semelhantesaos horizontes B. Entretanto, essas observaes genricas deGREENE (op. cit.) no tiveram seqncia.

    Vinte anos depois, DELVIGNE (1965) retoma pesquisassobre distribuio da alterao de granitos ao longo dasvertentes, em regio equatorial da frica, publicando sua tesede doutorado. Havia estudado seqncias de perfis de altera-

    o e solos em vertentes, com auxlio das anlises qumicas emineralgicas (sobretudo difrao de raios X), da interpreta-o de lminas delgadas em microscopia ptica (micromorfo-logia) e do emprego de microscopia eletrnica de transmisso.Demonstra que efetivamente as posies do topo das verten-tes so de exportao (sobretudo SiO2 e bases, mas tambmAl2O3),deixando um resduo principalmente gibbstico; para-lelamente, os sops podem ser zonas de acumulao, comneoformao de caulinita.

    BOCQUIER (1973) fornece, a seguir, uma contribuiofundamental ao estudo da pedognese, com sua tese dedoutorado sobre a gnese e a evoluo de duas toposseqn-cias de solos no Chade, cujas condies ambientais em climasemi-rido a submido da frica Central seriam similares sdas reas estudadas por MILNE (1934). Empregou tcnicas deobservao e anlise similares s de DELVIGNE (1965), pormcom muito maior ateno para os solos.

    * Departamento de Geografia USP, C.P.26097, 05513-970 So Paulo (SP), Brasil. e-mail: [email protected] genticas? (observao do autor).

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    Caracterizou as diferentes organizaes e estruturaspedolgicas ao longo das vertentes, relacionando-as com ostipos de alterao do substrato e as neoformaes mineralgi-

    cas; verificou que as diferenciaes pedolgicas verticais elaterais dos horizontes so o resultado de processos de trans-formao e seus agentes so os fluxos internos da gua. Essasestruturas pedolgicas dinmicas testemunham, ao mesmotempo, os processos que lhes deram origem. Nesse quadrobiogeodinmico, as diferenciaes pedolgicas e geoqumicasresultam de autodesenvolvimento, em sistemas condicionadospelos agentes bioclimticos; as acumulaes de matria jusante podem bloquear a sada dos elementos, promovendomodificaes estruturais e neoformaes mineralgicas remon-tantes ao longo das encostas, a partir dos sops.

    Com base nesses resultados e no conhecimento adqui-

    rido no continente africano, BOCQUIER et al. (1974) esten-dem as observaes a outras condies ambientais, mos-trando que o zoneamento e o conceito de zonalidadedependem do condicionamento topogrfico e da circulaodas solues; estas, por sua vez, dependem das condies deumidade do clima.

    As bases da anlise estrutural da cobertura pedolgicaestavam lanadas: pouco tempo depois, BOULET (1978), quehavia apresentado na sua tese de doutorado uma abordagemsimilar de BOCQUIER (1973), prope esse procedimento, quepermite a reconstituio da distribuio espacial das organi-zaes pedolgicas ao longo das encostas. Inicia-se pela

    reconstituio bidimensional da organizao dos solos comseus horizontes, em toposseqncias, estabelecidas no senti-do de maior declive das vertentes: as escalas de representaogrfica dos resultados dos trabalhos so geralmente muitograndes, variando de 1:100 a 1:1.000. Trincheiras abertas empontos privilegiados permitem observar as transies verticaise laterais entre horizontes. Num segundo momento, comoutras toposseqncias transversais e paralelas, reconstitui-se a distribuio espacial (tridimensional) das organizaespedolgicas; os limites entre horizontes so colocados emmapas, sob a forma de curvas de isodiferenciao, querepresentam posies onde se iniciam ou terminam horizon-tes e/ou outras feies pedolgicas ou geolgicas.

    Alguns aspectos servem de embasamento para esseprocedimento (BOULET et al., 1982):

    1. O solo um meio organizado e estruturado, constitu-indo uma cobertura contnua ao longo das vertentes;

    2. As organizaes pedolgicas e suas estruturas apre-sentam, assim, trs dimenses espaciais, donde seu carter de

    tridimensionalidade e uma dimenso temporal; as caracters-ticas dessa organizao e das estruturas devem estar presen-tes em todas as escalas de observao, desde a da paisagem

    at a do microscpio;3. Como decorrncia, e independentemente das aplica-es, o estudo dos solos deve basear-se no reconhecimentodessas organizaes e estruturas pedolgicas, em todas asescalas, no das caractersticas e propriedades, de seu funcio-namento e de sua histria.

    Esses princpios tm importncia para a determinao dofuncionamento e comportamento dos solos face aos diferentesmodos de utilizao: agrcola, silvicultura, urbanismo, enge-nharia, prospeco geolgica e mineral, etc.

    O procedimento da anlise estrutural da cobertura pedo-lgica, introduzido no Brasil no incio da dcada de 1980

    (QUEIROZ NETO, 1988; QUEIROZ NETO et al., 1981) permitiu,concretamente, superar algumas dificuldades propostas origi-nalmente pelo conceito de catena de MILNE (1934), que via assucesses de solos ao longo das encostas como uma simplesjustaposio de perfis verticais. Essa viso reducionista foisubstituda pela percepo do solo como um meio contnuo,cujas diferenciaes so devidas ao movimento interno dassolues, tal como GREENE havia suspeitado em 1945.

    Esse corpo contnuo, organizado e estruturado comocobertura pedolgica, apresenta diferenciaes laterais, prin-cipalmente ao longo das encostas, que no se manifestamsimultaneamente em todos os horizontes presentes: assim,

    estes no se sucedem apenas verticalmente, como se observanuma trincheira, mas tambm lateralmente. O estudo dossolos tornou-se muito mais completo e complexo para oconhecimento da pedognese, permitindo perceber a impor-tncia dos processos biogeoqumicos responsveis, sobretudorelacionados circulao lateral das solues.

    O estudo deve ser realizado em todas as escalas deobservao disponveis, da macromorfolgica de campo, pas-sando pela micromorfolgica em escala de microscopia pticaat as escalas ultramicroscpicas, incluindo a que atinge adistribuio dos elementos. Isso quer dizer que a viso do solo,por meio da anlise estrutural da cobertura pedolgica, integraessas diferentes escalas de observao, que se completam.

    Alm disso, a aplicao do conceito de cobertura pedolgi-ca como corpo natural contnuo nas encostas completadopelas anlises laboratoriais para determinao de suas caracte-rsticas e propriedades fsicas, qumicas, fsico-qumicas, minera-lgicas, biolgicas, etc. Enfim, a caracterizao do comporta-mento hdrico dos solos feita tanto no campo, por meio de

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    Anlise estrutural da cobertura pedolgica: uma experincia de ensino e pesquisa

    medidas diretas do estado da gua superficial, subsuperficial eprofunda, quanto em laboratrio, em particular a determinaoqualitativa e quantitativa das porosidades, reteno de gua, etc.

    A experincia de ensino e pesquisa no BrasilEm 1980, o programa de ensino e pesquisa foi organiza-

    do no mbito dos convnios qinqenais Capes/Cofecub (pro-jeto 35/80, renovado em 1987 como 35/87), tendo como temaa anlise estrutural da cobertura pedolgica e suas aplicaes(QUEIROZ NETO et al., 1986; RUELLAN et al., 1984/1985). Esseprograma reuniu o Departamento de Geografia, da Faculdadede Filosofia, Letras e Cincias Humanas da Universidade de SoPaulo (FFLCH-USP), a cole Nationale Suprieure Agronomique(Rennes), oCentrede GomorphologieCNRS(Caen)e oCentreORSTOM(Caiena), e contou com o apoio financeiro da Fapesp,

    da CCInt-USP e do acordo CNPq/CNRS. A coordenao brasilei-ra esteve a cargo de Jos Pereira de Queiroz Neto e de AlainRuellan, pela parte francesa. Em 1994, o projeto foi renovado(projeto 151/94), tendo Selma Simes de Castro assumido acoordenao pela equipe brasileira.

    Esse programa respondia a algumas questes levantadasanteriormente a respeito da natureza dos colvios e solos,genericamente denominados formaes superficiais. Essasquestes haviam surgido durante o desenvolvimento de umprograma de colaborao entre o Departamento de Geografiada USP e o Centre de Gomorphologie CNRSdeCaen, sobre oEstudo comparado das formaes superficiais tropicais e

    temperadas midas,que terminaria com a realizao de umColquio Franco-Brasileiro em 1978.

    O novo programa envolvia operaes conjugadas deensino e pesquisa:1 - Vinculava-se ps-graduao em Geografia Fsica do

    Departamento de Geografia;2 - Apoiava-se em duas disciplinas:

    2.1 - Pedognese e Geomorfologia(responsvel J. P. Queiroz Neto)

    2.2 - Anlise Estrutural da Cobertura Pedolgica(responsvel A. Ruellan).

    3 - A disciplina Anlise Estrutural da Cobertura Pedolgicatinha dois momentos:3.1 - uma parte terica (concentrada em tempo inte

    gral em sala de aula), e,3.2 - a parte prtica, em seqncia, 2 a 4 semanas de

    trabalhos de campo.4 - O desenvolvimento das pesquisas, em continuidade aos

    trabalhos de campo, constitua o inicio de um trabalho

    de ps-graduao de estudantes que visavam prepararseus mestrados ou doutorados.

    5 - As reas de pesquisa em que desenvolver-se-ia a parte

    prtica da disciplina eram definidas anualmente, e aparte terica tinha lugar no mesmo local, desde que ascondies fossem adequadas.Orientaram os trabalhos de campo os pesquisadores france-

    ses Jol Pellerin, Pierre Curmi e Ren Boulet, alm dos doiscoordenadores. Os estudantes engajados no programa e cujaspesquisas individuais visavam a realizao de dissertaes ou tesesaumentavam sua experincia participando tambm como monito-res (S. S. Castro, R. P. Dias Ferreira, F. X. T. Salomo, entre outros).

    Inicialmente, procurou-se implantar pesquisas em reas comalgum conhecimento prvio, fosse por meio das cartas geomorfo-lgicas e de formaes superficiais, como em Marlia e So Pedro,

    fosse mediante outros estudos, sobretudo de solos, como nos casosde Botucatu e Ilha Solteira. Posteriormente, as pesquisas foramdesenvolvidas onde havia algum problema decorrente do uso dossolos: eroso, compactao, etc. (Bauru, Guaira). Finalmente, foramimplantadas pesquisas em regies geogrficas que atendiamtambm aos interesses e s possibilidades dos estudantes que iriamdesenvolv-las (Florianpolis, Londrina, Salvador, etc.).

    Dos resultados alcanados, sobretudo por meio daspesquisas dos ps-graduandos, destacaremos dois conjuntos: sistemas pedolgicos: gnese e evoluo. As pesquisas

    envolveram tcnicas e procedimentos expostos maisatrs: minucioso trabalho de campo para a caracteriza-

    o macromorfolgica bi e tridimensional das cobertu-ras pedolgicas, anlises micromorfolgicas mediante amicroscopia ptica de lminas delgadas, anlises fsicas,qumicas e mineralgicas, etc;

    funcionamento hdrico e eroso.Os trabalhos envolverammedidas de porosidade, condutividade hidrulica, infiltra-o bsica, marcha anual da umidade atual dos solos,dinmica das guas subterrneas (piezometria), etc.Em cada item a seguir esto indicadas as dissertaes de

    mestrado e as teses de doutorado cujo desenvolvimento relaci-ona-se com o tema. Esses trabalhos, includos na bibliografia,esto disponveis no CDH (Centro de Documentao Histrica)da Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas da USP.

    Nos textos dos itens, tambm foram citadas outraspublicaes que trouxeram informaes importantes, arrola-das na bibliografia.

    No Anexo 1 esto relacionadas as dissertaes de mestra-do e as teses de doutorado iniciadas durante a vigncia dosprojetos 35/80 e 151/94, mesmo se terminadas depois desta.

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    1 Sistemas pedolgicos: gnese e dinmica

    1.1 Sistemas de transformao de solos com horizonte B

    latosslico e solos com horizonte B textural no PlanaltoOcidental Paulista em Marlia (FERNANDES BARROS, 1986; CAS-TRO, 1989) e em Bauru (SALOMO, 1994; SANTOS, 1995, 2000).

    As pesquisas desenvolvidas no Planalto Ocidental Paulis-ta, sobretudo em Bauru e Marlia, permitiram mostrar que,nesse relevo aparentemente uniforme, alternam-se reas comcolinas mais amplas, longas encostas de baixa declividade ereas com colinas de encostas mais curtas com declividadesmais fortes, denominadas respectivamente colinas amplas ecolinas mdias (SO PAULO, 1981). Enquanto as primeiras sorecobertas por solos com horizonte B latosslico at quase abase das vertentes, ponto em que passam a areias hidromrfi-

    cas, as outras so recobertas por solos com B latosslico notopo e com B textural a partir do tero superior ou da metadedas vertentes, ou apenas com B texturais em toda a extensoda colina. Em ambos os casos, os solos derivam da alterao deformaes arenosas do Grupo Bauru, tendo sido estudadas,sobretudo as que se desenvolvem sobre as formaes Marlia,com cimento calcrio, e Adamantina. Em Bauru, alm domapeamento regional dos solos, os dois tipos de relevo comsuas coberturas pedolgicas foram estudados (SALOMO,1994); em Marlia, as pesquisas dirigiram-se apenas ao estudodaquelas sobre colinas mdias, que apresentam o sistema detransformao lateral dos B latosslicos em B texturais, com

    degradao do topo do horizonte B dos ltimos e a transforma-o no sop das vertentes em areias hidromrficas (FERNAN-DES BARROS, 1986; CASTRO, 1990).

    Nas colinas mdias, as observaes de campo realizadaspor FERNANDES BARROS (1986), CASTRO (1989), SALOMO(1994) e SANTOS (1995, 2000) mostraram a continuidade dacobertura pedolgica, desde o topo das colinas at o sop dasvertentes e/ou o eventual afloramento de rocha, apenas coma passagem lateral dos B latosslicos para os B texturais. Noincio da transformao lateral do horizonte B latosslico, suaestrutura microagregada, com porosidade de empilhamento,sofre adensamento e fissurao, com reorientao plsmica epequena mobilizao da argila. Macromorfologicamente per-cebe-se o inicio da formao da estrutura polidrica subangu-lar, que se acentua em direo base da vertente e caracterstica dos solos com B textural; a formao daestrutura polidrica acompanhada pelo aparecimento deporosidade fissural, que, aos poucos, passa a ser dominante.Esse processo tem incio na base da vertente, formando uma

    frente de transformao remontante em direo ao topo dacolina: nos estgios mais avanados, a transformao atinge atotalidade das colinas (QUEIROZ NETO, 1993).

    A modificao da porosidade acarreta uma forte diminui-o da macroporosidade do horizonte A para o B com forterestrio circulao hdrica vertical, que se acentua parajusante, com saturao de gua pelo menos durante a estaochuvosa (FERNANDES BARROS, 1986; MANFREDINI & QUEIROZNETO, 1993). Assim, no topo do horizonte Bt comeam amanifestar-se fenmenos de hidromorfia, sinalizada pela presen-a de mosqueamento. Essa hidromorfia indicadora de um meioredutor, que favorece a dissociao do ferro e da argila, comeliminao do primeiro e processos de eluviao da argila que, noentanto, so localizados (CASTRO, 1989). Em conseqncia, huma concentrao residual das areias, que passam a constituir as

    nicas componentes do horizonte A. Nestes, aparecem pequenosvolumes avermelhados, de contorno definido, e bandas ondula-das que originam-se no topo do horizonte Bt e dissipam-se parajusante, em poucos ou vrios metros. Trata-se de relquias dohorizonte Bt, apresentando caractersticas internas similares aeste. Alm disso, nesse horizonte aparecem figuras de iluviao,ligadas decantao intergros de argila, indicando tambm apresena de processos de degradao dessas estruturas (CASTRO,1989). Tais caractersticas morfolgicas testemunham frentes detransformao vertical, de cima para baixo, que provocam adegradao dohorizonte B por hidromorfia e seu rebaixamentoprogressivo no interior do perfil.

    A circulao lateral da gua se d em dois nveis: nocontato da rocha, em profundidade, em que ocorre o lenolpermanente, e na transio entre os horizontes A e B, em queaparece um lenol suspenso sazonal, funcional principalmen-te na estao chuvosa (SALOMO, 1994). No sop dasvertentes h uma conjugao desses lenis, promovendo oaparecimento de uma hidromorfia em todo o perfil de solo,provocando a desestabilizao total das ligaes Fe-argila, aexportao do primeiro e a provvel destruio das argilas,deixando apenas areias residuais hidromrficas acinzentadas(QUEIROZ NETO et al., 1981; FERNANDES BARROS, 1986;CASTRO, 1989; SANTOS, 1995, 2000).

    Levantamento regional realizado ao longo do vale doPeixe, que comparou as relaes entre as formas de relevo e ossolos, confirmou o mapeamento realizado em Bauru sobre arelao apontada acima, entre tipos de relevo e coberturaspedolgicas, permitindo a generalizao dos resultados (PELLE-RIN & QUEIROZ NETO, 1992; QUEIROZ NETO, 1993): nos relevosde colinas amplas, vertentes mais longas e de menor declivida-

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    de, em que a densidade da drenagem menor, os Latossolos soquase exclusivos e esto em equilbrio dinmico. Nas colinas demenor amplitude e maior declividade, com rede de drenagem

    densa, ao contrrio, ocorrem as coberturas pedolgicas comsistemas de transformao B latosslico em B textural.

    1.2 Alterao de basalto, solos e formao de couraaferruginosa em Guaira (KERTZMAN 1990, 1996; LADEIRA,1995)e Londrina (FERNANDES BARROS, 1996)

    Em Londrina foram estudados dois sistemas que envolvi-am a alterao de basalto e a formao de coberturas latossli-cas. Nas partes mais altas da paisagem, em relevo de baixadeclividade com topos extensos e baixa densidade de drena-gem, as encostas apresentam latossolos em toda a extenso emostram, no sop, uma couraa pisoltica sobre rocha (FER-

    NANDES BARROS & QUEIROZ NETO, 1994). Quando a rede dedrenagem torna-se mais densa e entalhada, com vertentes maiscurtas e de maior declividade, ocorrem coberturas com sistemasde transformao lateral dos Latossolos Roxo para Terras RoxasEstruturadas, de modo similar aos encontrados nos arenitos doPlanalto Ocidental (FERNANDES BARROS, 1996).

    As seqncias Latossolo Roxo-Couraa-Basalto forammais estudadas em Guaira (KERTZMAN, 1990; LADEIRA, 1995).As coberturas latosslicas, contendo pisolitos (conhecidos comochumbinhos de caa), dominam as vertentes; na passagempara o tero inferior destas, a densidade de pisolitos aumentaem profundidade, at alcanar um alinhamento de concrees

    ferruginosas; esse alinhamento torna-se cada vez mais denso econtnuo para jusante, ao mesmo tempo em que aumentam asdimenses das concrees, at constiturem-se em blocosdecimtricos a mtricos; estes passam, a seguir, para umacouraa pisoltica gradualmente mais espessa. As observaesno sop da vertente mostram, entre o topo do basalto e a basedas couraas, uma zona de hidromorfia intensa (lenol fretico)com material muito argiloso; nessa posio, em meio redutor, acouraa estaria em desequilbrio. Na parte superior, o desequil-brio tambm se manifesta, e a perda do cimento ferruginosoliberaria os pisolitos, que, por seu lado, tambm se alterariam edesapareceriam parcialmente para o topo do perfil.

    As observaes efetuadas em lminas petrogrficas doslatossolos mostram que as assemblias de base so homog-neas at grande profundidade, com algumas feies seme-lhantes s da alterao das couraas: a presena de glbulas(pisolitos) constituiria relquia destas (LADEIRA, 1995). EmLondrina, inclusive, a presena de pisolitos bem maisconspcua at na superfcie dos solos.

    Assim, as couraas aparecem como o material de origemdos Latossolos Roxo no tero final das vertentes; a presena depisolitos seria indcio de que, para montante, o mesmo processo

    estaria presente. Em Londrina, por exemplo, foi possvel obser-var, no topo de uma colina, um perfil at a rocha mostrando, emsua base, uma seqncia anloga encontrada no sop davertente: acima do basalto, observa-se o horizonte de alteraocom hidromorfia, acinzentado escuro, sotoposto a blocos deci-mtricos e mtricos de couraa pisoltica; finalmente, a passa-gem para o horizonte inferior do latossolo, com estruturamicroagregada e alguns pisolitos, se d a 9-10 metros deprofundidade (FERNANDES BARROS & QUEIROZ NETO, 1994).

    Alm disso, LADEIRA (1995) no descarta a possibilidadede uma alterao e pedoplasmao direta do basalto, comformao de estrutura microagregada tpica, como tambm

    fora assinalado em Botucatu por MIKLOS (1986).Esses indicadores mostram que a formao de couraas

    pode ser um fenmeno contnuo no espao e no tempo, nose constituindo necessariamente um testemunho de proces-sos em climas passados mais secos.

    1.3 Depresses fechadas na bacia sedimentar de Taubat,SP (FILIZOLA, 1993) e sobre migmatitos em Sorocaba doSul, SC (BELTRAME, 1997).

    No relevo levemente ondulado da bacia sedimentar deTaubat ocorrem colinas extensas, com vertentes convexas debaixa declividade que terminam em formas cncavas que

    correspondem a vales secos. As pesquisas realizadas na regiomostraram que as coberturas pedolgicas latosslicas socontnuas desde o topo at a base das vertentes, sobretudonas reas deprimidas das cabeceiras muito abertas, com perfilcncavo, ou como verdadeiras depresses (FILIZOLA, 1993;FILIZOLA & BOULET, 1993).

    H uma passagem gradual dos latossolos mais aver-melhados das partes cimeiras para solos mais amarelados notero inferior das vertentes, mantendo porm a estruturamicroagregada. Em direo ao centro das depresses, jprximo ao fundo, aparecem horizontes escuros enterradossob colvios pouco espessos, inicialmente como pequenosvolumes pretos que, mais a jusante, concentram-se em turfas(FILIZOLA, 1993; FILIZOLA & BOULET 1993). Fora esses col-vios, no fundo das depresses no h outros vestgios demateriais de origem sedimentar. Os horizontes orgnicos queaparecem no sop das vertentes e os colvios que os recobremapresentam-se ligeiramente deformados, e esse conjuntoassenta-se diretamente sobre o substrato alterado.

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    Dataes realizadas nos horizontes orgnicos com 14Cmostraram idades entre 12 e 17.000 BP. Relacionando amagnitude daquelas deformaes com as idades determina-

    das, FILIZOLA & BOULET (1993) chegaram a valores entre 12 a23 cm/1.000 anos de aprofundamento das depresses, por viageoqumica. O exame de fotografias areas mostrou que asformas embaciadas e as depresses apresentam orientaesconcordantes com as direes estruturais regionais, apontan-do para uma relao entre sua gnese e a ocorrncia defraturas e falhas (FILIZOLA & BOULET, op.cit.).

    Depresses fechadas no topo de colinas esculpidas emmigmatitos, num primeiro nvel topogrfico da serra do Mar, emSorocaba do Sul, estado de Santa Catarina, so bastante freqen-tes (BELTRAME, 1997; BELTRAME et al., 1993). A aplicao daanlise estrutural para o estudo dessas depresses permitiu

    assinalar a importncia da via geoqumica na sua elaborao. Acobertura pedolgica mostra continuidade at o fundo delas, commudanas de cor muito graduais, passando do avermelhado paraamarelado. No fundo das depresses aparece mosqueamento emprofundidade, sobre um nvel de ndulos de mangans. A geome-tria dos horizontes, a presena de indcios de hidromorfia na partecentral, a presena do nvel de ndulos de mangans e a ausnciade materiais de origem sedimentar no seu interior, inclusivecolvios, apontam para a natureza geoqumica dessas depresses.

    1.4 Ao biodinmica da mesofauna em Botucatu (MIKLOS,1986, 1995), dos vegetais superiores em Londrina (FERNAN-

    DES BARROS, 1996) e de processos mecnicos na organiza-o dos solos em Ilha Solteira (NICOLA, 1992).

    As coberturas pedolgicas estudadas em Botucatu mos-tram a continuidade entre os latossolos areno-argilosos verme-lho-amarelos nas partes altas das vertentes, derivados de areni-tos do Grupo Bauru, para os Latossolos Roxos, que aparecem meia encosta e para as Terras Roxas estruturadas, que aparecemno tero inferior, os dois ltimos argilosos e derivados daalterao de basaltos (MIKLOS, 1995). Nos termos latosslicoscom estrutura microagregada da seqncia, a partir do terosuperior da vertente aparecem sucessivamente, em profundida-de, um horizonte smbrico escurecido por matria orgnica, umalinhamento de carvo vegetal e uma linha de pedras. SegundoMIKLOS (1995), a origem das estruturas microagregadas doslatossolos pode ser imputada a trs processos: por alterao e pedoplasmao direta da rocha (arenito

    ou basalto); por transformao da estrutura polidrica em microagrega-

    da, nos termos mais argilosos, por fissurao e bioturbao;

    biofabricao em profundidade e remonte superfciepor insetos, promovendo a formao residual em pro-fundidade de stone lines por triagem de tamanho, e o

    soterramento do horizonte superficial, originando oshorizontes smbricos.Dataes efetuadas nos carves enterrados, cujo alinha-

    mento bastante concordante com a posio do horizontesmbrico, permitiram avaliar a importncia do trabalho deremonte de material por formigas e cupins: 12.000 T/4.400anos, ou cerca de 2.7 T/ano.

    Em Ilha Solteira, foram estudadas vrias pedotopos-seqncias em colinas com solos e alteraes de basalto quemostravam passagens laterais bastante complexas, entrebrunizems e/ou solos com estrutura polidrica no topo, parasolos com caractersticas vrticas na base das vertentes

    (NICOLA, 1992). Alm disso, essas seqncias mostravam apresena de concentraes de pequenas concrees ferrugi-nosas e linhas de seixos de quartzo, situadas no topo da colinana parte mais superficial dos solos. A partir da meia encosta,essas concentraes de elementos grosseiros aprofundam-senos solos, as concrees desaparecem aos poucos e os seixos,em que as caractersticas vrticas comeam a aparecer,migram em profundidade, formando novo alinhamento nolimite com a rocha em alterao (NICOLA & BOULET, 1987).

    Esses dados remetem a uma antiga questo, que dizrespeito gnese de linhas de pedras ou de seixos: em ambosos casos, Botucatu e Ilha Solteira, os seixos de quartzo so

    alctones e em aparente desacordo litolgico/petrogrficocom as alteraes dos basaltos. Suas disposies no interiordas coberturas pedolgicas dizem respeito, em Botucatu, aatividades biolgicas e, em Ilha Solteira, a migraes mecni-cas provavelmente relacionadas com a intensa movimentaocausada pelas caractersticas vrticas dos solos.

    Em reas de experimentao agronmica no campus daUniversidade Estadual de Londrina, a encosta apresenta co-bertura pedolgica derivada da alterao de basalto, com umatransio progressiva de latossolos com estrutura microagre-gada, na parte alta, para solos com B textural e estruturapolidrica, no tero inferior (FERNANDES BARROS, 1996).Uma parte da encosta ocupada, longitudinalmente, por umHorto Florestal com vegetao original remanescente. Ostrabalhos de campo mostraram que a transio lateral, dohorizonte com estrutura microagregada para estrutura poli-drica, encontra-se em posio mais alta da encosta na partecultivada do que sob floresta. Essa diferena da posio datransio entre as duas estruturas ressalta que o desmata-

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    Anlise estrutural da cobertura pedolgica: uma experincia de ensino e pesquisa

    mento teria acelerado a progresso remontante da frente detransformao da estrutura microagregada (Latossolo Roxo)para estrutura polidrica (Terra Roxa Estruturada). Seria

    preciso averiguar se esse fato no estaria relacionado aomaior ressecamento do solo devido ao desmatamento.Ao mesmo tempo, no entanto, interessante observar

    que a implantao de uma parcela com eucaliptos, no teroinferior da encosta, no teria tido maior influncia sobre adinmica pedolgica, a no ser pelo aparecimento em superf-cie da serrapilheira.

    Essas constataes levaram FERNANDES BARROS (1996)a efetuar uma experimentao in vitro sobre a influncia dosistema radicular de vegetais superiores na alterao do basal-to. Apesar do perodo curto das experincias (cerca de 40 dias),foi possvel observarliberaes seletivas de elementos, direta-

    mente a partir do p de rocha e em funo do vegetal ensaiado.

    2. Funcionamento hdrico e eroso em Marlia(FERNANDES BARROS, 1986; SANTANA, 1991), Bauru(SALOMO, 1994), Rancharia (OLIVEIRA, 1994), em Cunha(FURIAN, 1995), So Pedro (DIAS FERREIRA, 1997) eSorocaba do Sul - SC (BELTRAME, 1997).

    Em Marlia, a aplicao da anlise estrutural na recons-tituio da geometria da distribuio vertical e lateral doshorizontes ao longo das vertentes permitiu ressaltar, nossistemas pedolgicos com transformao lateral, alguns as-

    pectos relacionados com a dinmica da gua (QUEIROZ NETOet al., 1981; FERNANDES BARROS, 1985). A cartografia dascoberturas pedolgicas em curvas de isodiferenciao levou apropor, nas vertentes, a distino de cinco zonas diferenciadasquanto dinmica da gua no solo (PELLERIN et al., 1984;FERNANDES BARROS, 1986): nas partes cimeiras, as organizaes latosslicas micro-

    agregadas com porosidade de empilhamento no apre-sentam nenhum impedimento circulao vertical dassolues: o escoamento superficial muito pequeno,pois somente nas chuvas mais pesadas o limite deinfiltrao bsica superado;

    na zona de transio, com estrutura polidrica incipiente,comea a haver modificao da porosidade de empilha-mento (estrutura microagregada) para fissural (estruturapolidrica), com restrio drenagem vertical; observam-se sulcos de eroso rasos e geralmente anastomosados;

    na poro mais extensa da encosta, com solos comhorizonte B textural de estrutura polidrica bem desen-

    volvida, a porosidade fissural testemunha a diminuiodrstica dos poros de maior tamanho; a presena demosqueamento no topo do horizonte Bt indica forte

    restrio drenagem vertical: em muitas ocasies,mesmo na estao seca foi possvel observar nessatransio a presena de gua livre em bolses; os sulcosmultiplicam-se, ficam mais profundos, tornam-se per-manentes e coincidem, muitas vezes, com antigos cami-nhos e carreadores, indicando forte eroso por escoa-mento superficial concentrado;

    na nova zona de transio do tero inferior da vertente,os horizontes Bt e o BI sotoposto desaparecem gradual-mente, os indcios de hidromorfia acentuam-se, atingin-do progressivamente a totalidade dos perfis, eliminandoas argilas e tornando arenosos os solos; da mesma forma,

    os indcios de eroso por escoamento concentrado tor-nam-se mais complexos, podendo envolver pequenosmovimentos coletivos dos solos por liquefao;

    a parte terminal arenosa, onde a hidromorfia toma contade todo o perfil, corresponde a uma zona de circulaohdrica muito lenta; com os solos saturados, passam aocorrer fenmenos complexos de eroso, com movimentosde massa localizados e riscos de formao de voorocas.Os trabalhos realizados em Bauru permitiram constatar

    uma situao similar, podendo-se comparar a incidncia daeroso linear, tanto sobre as coberturas pedolgicas comsistema de transformao lateral quanto sobre as coberturas

    latosslicas em equilbrio dinmico (SALOMO, 1994). Ravinase voorocas manifestam-se de modo muito mais intenso noprimeiro caso, ao passo que, sobre os latossolos, sua ocorrnciaest relacionada ao mau uso do solo, seja pelos caminhos ecarreadores, seja pelo plantio vertente abaixo, o que facilita oaparecimento de escoamento superficial concentrado, visvelsobretudo na periferia das zonas urbanas (SALOMO, 1994).

    Todos os resultados levaram realizao de observaesem diferentes escalas espaciais e temporais: evoluo das formas de eroso no perodo 1962-1984,

    em Marlia, relacionando-as s formas de relevo, ao tipode cobertura pedolgica, profundidade do substratogeolgico e ao uso do solo (SANTANA, 1991);

    estudo do comportamento hdrico dos solos, tanto emMarlia, em sistemas com transformao lateral (FER-NANDES BARROS, 1986; MANFREDINI & QUEIROZNETO, 1993) quanto em Bauru, nos sistemas pedolgi-cos com transformao lateral e nos sistemas latossli-cos dominantes (SALOMO,1994).

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    J. P. Queiroz Neto / Revista do Departamento de Geografia, 15 (2002) 7790.

    As observaes efetuadas em Marlia, no perodo 1962-1984, indicaram que os traos de eroso pelo escoamentoconcentrado mostravam certa estabilidade, sem aumento

    sensvel dos seus comprimentos e larguras ou da densidade deocorrncia (SANTANA, 1991). As modificaes do uso do solo,nesse perodo, parecem, assim, ter tido influncia relativa-mente pequena na intensificao desses processos erosivosem relao situao em 1962. Concluiu-se, a exemplo doque fora tambm observado na regio de Rancharia (OLIVEI-RA, 1994), que o essencial dessas formas de eroso instalou-se logo aps o desmatamento, ocorrido na dcada de 1920, ea evoluo posterior teria sido mais lenta.

    Os efeitos erosivos em perodos de chuvas pesadas,sobretudo nos solos com culturas anuais (1972 e 1988),podem originar sulcos e ravinas de forma intensa e rpida,

    porm os trabalhos agrcolas posteriores, ou mesmo a reinsta-lao de pastagens, seriam capazes de apagar ou mesmomascarar os efeitos dessas chuvas.

    Para estudar a dinmica da gua nesses solos, foramrealizados ensaios de campo e de laboratrio: caracterizaes fsicas em amostras de solo: densidade

    real e densidade do solo para clculo da porosidadetotal; textura (FERNANDES BARROS, 1986; MANFREDI-NI & QUEIROZ NETO, 1993);

    determinao do comportamento hdrico potencial: in-filtrao bsica em meio saturado; curvas de retenoem amostras indeformadas (MANFREDINI & QUEIROZ

    NETO, 1993); determinao do comportamento hdrico atual: perfis

    potenciomtricos com tensiometria em dois perodosdistintos (estao seca e chuvosa); determinao daumidade atual em Marlia (MANFREDINI & QUEIROZNETO, 1993);

    caracterizaoda influncia da heterogeneidade estru-tural na circulao da gua: aplicao de traadoresqumicos P (KH2PO4) e Cl (CaCl2) em condies de fluxosaturado em Marlia (MANFREDINI & QUEIROZ NETO,1993);

    caracterizao do funcionamento do lenol fretico:instalao de baterias de piezmetros em Bauru (SALO-MO, 1994).Os resultados mostraram, em primeiro lugar, que h uma

    forte restrio na permeabilidade dos sistemas com transforma-o lateral, que se acentua vertente abaixo. Os valores dainfiltrao bsica, em Marlia, mostram-se 35% inferiores nosperfis com Bt em relao aos B1. Alm disso, o alongamento do

    bulbo de molhamento para jusante, mapeado aps o ensaio,indica que a restrio ao fluxo vertical ocorre j na interface E/Bte mostra tambm a interferncia de bandas onduladas (MAN-

    FREDINI & QUEIROZ NETO, 1993). A determinao da condutivi-dade hidrulica dos diferentes horizontes mostra uma efetivarestrio ao nvel dos horizontes Bt, que chegam a apresentar umvalor K mais de 10 vezes menor que nos Bl (SALOMO, 1994).

    Os perfis potenciomtricos determinados em perodo deausncia de chuvas mostram que essas diferenas so exten-sivas ao movimento no saturado das solues: a pequenavariao de potencial nos perfis com Bt expressa essa baixamobilidade da gua, ao contrrio dos perfis Bl e mesmo nos datransio. A determinao da umidade atual comprova aacumulao da gua na interface dos horizontes E e Bt.

    A distribuio de poros fornece outro subsdio para a

    compreenso do funcionamento hdrico desses sistemas comtransformao lateral. Bastante homognea em profundidade,nos perfis latosslicos a macroporosidade ocupa 50% doespao poroso, favorecendo os fluxos verticais. Ao contrrio, oshorizontes B texturais apresentam forte diminuio da macro-porosidade: acima de 50% da porosidade total nos horizontesarenosos superficiais E, passa para menos de 35% nos Bt.

    Os resultados dos ensaios com emprego de traadoresqumicos permitiram constatar, desde o horizonte E dos perfiscom B textural, a coexistncia de caminhos preferenciais dofluxo saturado com regies menos disponveis (MANFREDINI& QUEIROZ NETO, 1993). Esse fato acentua-se ao nvel do

    horizonte Bt: no primeiro caso, as restries esto relaciona-das presena de bandas onduladas, ao passo que no Bt apassagem das solues se d preferencialmente ao longo deporos fissurais e canais biolgicos.

    A instalao de baterias de piezmetros, em Bauru,permitiu ressaltar outra diferena importante entre as cober-turas pedolgicas com sistemas de transformao lateral e aslatosslicas (SALOMO, 1994). Nas primeiras, o monitora-mento dos piezmetros indicou que os fluxos internos soconvergentes e concentram-se, constituindo sistemas depiping, origem de nascentes localizadas em geral sobre arocha alterada. Ao contrrio, nas encostas em que os Latosso-los so dominantes, o lenol profundo aflora de modo maisdifuso na superfcie, sem provocar fluxo em pipe (duto),acarretando uma hidromorfia mais difusa no sop.

    Esses resultados permitem as seguintes consideraes arespeito das relaes entre o comportamento hdrico dessascoberturas pedolgicas e a eroso linear pelo escoamentosuperficial:

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    Anlise estrutural da cobertura pedolgica: uma experincia de ensino e pesquisa

    as coberturas latosslicas no apresentam restrio aofluxo interno das solues. A disposio difusa do lenolfretico no sop das vertentes no determina stios de

    maior sensibilidade eroso. Somente o uso inadequadodos solos capaz de desencadear processos intensos deeroso pelo escoamento concentrado;

    as coberturas com Bt em sistemas de transformaomostram que: a) a acumulao de gua no limite E/Bt, apresena do horizonte Bt, com pequena capacidade deinfiltrao e o fluxo concentrado em subsperficie (piping),favorecem os processos de eroso; b) pontos de instabili-dade podem ocorrer nos sops das vertentes com asaturao dos horizontes arenosos, devido conjugaodos fluxos subsuperficiais sazonais e do fluxo profundopermanente do lenol fretico o material arenoso, satu-

    rado de gua, torna-se instvel sendo arrastado; atingidoo horizonte Bt, seus agregados instveis ngua desman-cham-se, facilitando o aprofundamento do entalhe pelasguas pluviais e dando o inicio formao das voorocas.As observaes realizadas permitiram apresentar, em

    Bauru, um diagnstico do comportamento hdrico das cober-turas pedolgicas das bacias dos rios Bauru e alto Batalha, e aelaborao de carta de riscos eroso com classificaes decapacidade de uso agrcola e de condicionamento geotcnicoem reas urbanas (SALOMO, 1994).

    Alguns desses procedimentos e tcnicas foram utilizadospara diagnosticar o comportamento hdrico de coberturas

    pedolgicas em Sorocaba do Sul, Santa Catarina, em vertentesadjacentes a reas de depresses fechadas nos topos de colinassobre migmatitos, referidas anteriormente (BELTRAME, 1997).Nessas colinas com vertentes de declividade elevada, procurou-se caracterizar o funcionamento hdrico atual: em climapraticamente sem estao seca e sobre solos com indicadoresde condies medocres de drenagem interna, h poucos sinaisde eroso por escoamento superficial, apesar do uso bastanteintenso pela agricultura e pecuria. Os resultados obtidosmostram uma situao bastante diversa daquela encontrada noPlanalto Ocidental Paulista: face sua condio climticapeculiar, os solos mantm-se midos o ano todo, permitindo apresena de fluxos internos contnuos de gua, apesar dasporosidades no serem das mais favorveis. H um escoamentosuperficial difuso importante, porm com efeito erosivo muitopequeno, quando sob pastagem. No entanto, nos terrenos aolado dos ensaios e cultivados com milho ou mandioca, aparece-ram sinais de processos erosivos, como sulcos rasos, que soapagados pelos trabalhos agrcolas posteriores.

    Consideraes finaisOs resultados alcanados pela aplicao do procedimen-

    to da anlise estrutural da cobertura pedolgica no estudo

    dos solos, no mbito do convnio Capes/Cofecub e por meioda ps-graduao do Departamento de Geografia (FFLCH-USP), foram bastante expressivos.

    No tocante ao ensino, nos 15 anos de implantao edesenvolvimento do programa, conforme exposto no quadrosintico anexo, foram concludos: No Brasil:

    7 dissertaes de mestrado;16 teses de doutorado (15 no Departamento de Geogra-fia e 1 no Instituto de Geocincias);

    Na Frana:2 DEA;

    2 teses de doutorado.Outro resultado expressivo foi o nmero de pessoas que

    participaram anualmente dos cursos (partes terica e prtica),entre 20 e 30. Eram estudantes de ps-graduao, profissio-nais de diferentes formaes, como gegrafos, gelogos,engenheiros agrnomos e bilogos, que procuravam conhecero novo procedimento, e professores universitrios.

    Com relao aos conhecimentos cientficos alcana-dos, possvel citar a demonstrao de que as coberturaspedolgicas recobrem extensivamente as encostas, sendointerrompidas apenas por afloramentos de rocha, corposdgua ou sedimentaes de fundo de vale.

    Nas pesquisas relatadas, dois casos se apresentaram: coberturas pedolgicas cujos horizontes recobrem con-

    tinuamente as vertentes, transformando-se nos sopsem solos hidromrficos;

    coberturas pedolgicas que apresentam sistemas detransformao lateral de horizontes, atingindo quaseexclusivamente os horizontes B.Supera-se, assim, o conceito reducionista do perfil de

    solo como uma sucesso apenas vertical de horizontes,conceito esse que marcou a pedologia desde os seus primrdi-os at o presente.

    As coberturas pedolgicas derivam, nos casos estuda-dos, da alterao do substrato geolgico sotoposto. Nosexemplos da alterao de rochas bsicas, foi possvel mostrarque h uma etapa intermediria entre a rocha e os solos,representada pela formao de couraas ferruginosas: estasse formam diretamente pela alterao do basalto e, por suavez, alteram-se na sua parte superior para originar a estrutu-ra microagregada dos Latossolos Roxos. Mostrou-se, assim,

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    J. P. Queiroz Neto / Revista do Departamento de Geografia, 15 (2002) 7790.

    QUEIROZ NETO, J. P. (2002) Structural analysis of the pedological cover: an experience on teaching and research. Revista doDepartamento de Geografia, n.15, p. 77-89.

    Abstract: This paper reports the scientific results of CAPES/COFECUB cooperation project 35/8, entitled Structural analysis of thepedological cover and its application in tropical environments. This project was developed as a graduate programme by the Department ofGeography USP (So Paulo,Brazil), cole Nationale Suprieure Agronomique (Rennes, France), Geomorphological Center CNRS (Caen,France) and ORSTOM Center (Cayenne, French Guyane)from 1980 to 1995. Several soil surveys and cartography of the pedological covertook place in So Paulo, Paran, Santa Catarina and Minas Gerais states and 7 M.Sc. and 18 Ph.D theses were concluded. These resultsrepresent an expressive contribution to the knowledge of pedogenetical and present-day soil processes, as well as to morphogenesis andlandform evolution relationships with soil evolution. Results are presented under two labels: 1- pedological systems: soil genesis anddynamics; 2- hydrological processes and soil erosion.

    Key words: Pedological transformation systems; Stone lines; Ferruginous cuirasses; Water dynamics and erosion.

    Recebido em 13 de agosto de 2002; aceito em 21 de agosto de 2003.

    que as couraas ferruginosas seriam resultantes principal-mente de acumulaes residuais de sesquixidos, com for-mao contnua no espao e no tempo, no correspondendo,

    necessariamente, a materiais de alteraes antigas, herdadasdo passado ou resultantes de acumulaes absolutas dossesquixidos de ferro.

    As pesquisas mostraram tambm que os horizontespresentes, com suas organizaes e estruturas, ao mesmotempo em que condicionam os fluxos internos verticais elaterais das solues, so o resultado biogeoqumico dessasmesmas aes.

    A anlise estrutural da cobertura pedolgica revelou-se,ainda, um importante instrumento para o diagnstico deproblemas de degradao dos solos por eroso, ao definir adinmica das guas nas vertentes, sua interao com as

    organizaes pedolgicas, podendo contribuir de modo deci-

    sivo para a tomada de decises quanto s medidas que devemser tomadas para a conservao dos solos.

    Para finalizar, citamos DIAS FERREIRA (1997) que, no seutrabalho sobre solos e morfognese em So Pedro (SP), concluiu

    que: O estudo morfolgico da cobertura pedolgica permitiu

    avanar no rumo da compreenso dos processos e mecanismos

    geradores do modelado, sobretudo no que diz respeito aos

    condicionantes da dissecao, relao existente entre formas

    e materiais e ao funcionamento hdrico do conjunto.

    Essa frase ressalta a importncia do estudo da organiza-o das coberturas pedolgicas para a compreenso darelao entre pedognese e a evoluo do relevo, que consti-tui outro captulo importante da aplicao da anlise estrutu-

    ral da cobertura pedolgica.

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    Anlise estrutural da cobertura pedolgica: uma experincia de ensino e pesquisa

    Anexo I

    DISSERTAES DE MESTRADO E TESES DE DOUTORADO1

    1a. FASE: IMPLANTAO

    INCIO - REA AUTOR TTULO (DATA DE APRESENTAO) ORIENTADOR ; NVEL

    1981 Marlia O. N. FERNANDES BARROS Anlise estrutural e cartografia detalhada dos solos QN; MSem Marlia: ensaio metodolgico (1986)

    S. S. CASTRO Sistemas de transformao pedolgica em Marlia: QN; DRB latosslicos e B texturais (1989)

    M. A. SANTANA Avaliao dos fatores responsveis pela fragilidade dos solos QN; MS eroso na regio de Marlia (1991)

    1983 Botucatu A. A. W. MIKLOS Rlations entre laltration et la pedogense dans um profil vertical FR; DEAsur basalte de la rgion de Botucatu (S. Paulo-Brsil) (1986)

    A. A. W. MIKLOS Biodynamique d une couverture pdologique FR; DRde la rgion de Botucatu (S. Paulo, Brsil) (1995)

    1985 Ilha Solteira S. NICOLA Sistemas pedolgicos desenvolvidos sobre basaltos IG; DRna regio de Ilha Solteira (estado de So Paulo). (1992)

    1987 Bauru F. X. T. SALOMO Processos erosivos lineares em Bauru (SP): regionalizao QN; DRe cartografia aplicada ao controle preventivo urbano e rural (1994)

    L. C. J. SANTOS Estudo morfolgico da toposseqncia da Pousada da Esperana, SC; MSBauru, SP:subsdios para a compreenso da gnese, evoluoe comportamento atual dos solos (1995)

    L. C. J. SANTOS Pedognese no topo do plat de Bauru (SP): SC; DRo caso da bacia do crrego da Ponte Preta (2000)

    L. M. FERREIRA As interaes entre a frao mineral e a frao orgnica QN;DRem solos da regio de Bauru SP (1997)

    Rancharia A. M. S. OLIVEIRA Depsitos tecnognicos e assoreamento de QN; DRreservatrios: o exemplo do reservatrio de Capivara,rio Paranapanema (SP-PR) (1994)

    2. FASE: EXPANSO

    1988 Guaira F. F. KERTZMAN Modifications de la structure et des propriets physiques des couches FR; DEAsuperficielles dun Latossolo Roxo (Guaira, SP) soumis lirrigationpar aspersion (1990)

    F. F. KERTZMAN Modificaes na estrutura e comportamento de um Latossolo Roxo QN; DRprovocadas pela compactao na regio de Guaira (SP) (1996)

    F. S. B. LADEIRA Estudo micromorfolgico de um Latossolo Roxo SC; MSno municpio de Guaira (1995)

    Uberlndia S. C. LIMA As veredas no ribeiro Panga no Tringulo Mineiro e a evoluo QN; DRda paisagem (1996)

    A. FELTRAN FILHO A estruturao das paisagens nas chapadas do Oeste Mineiro (1997) QN; DR

    1989 Londrina O. N. FERNANDES BARROS Formao de horizontes pedolgicos em solos sobrebasaltos (Londrina, PR) e ao biolgica no intemperismo (1996) QN; DR

    Caapava H. F. FILIZOLA O papel da eroso geoqumica na evoluo do modelado LC; DRda bacia de Taubat (1993)

    Cunha S. FURIAN Morphogense/pedogense em milieu tropical humide FR; DRde la serra do Mar, Brsil: contribution de laltrationet de la pedogense une dynamique actuelle (1995)

    1 as orientaes esto assinaladas por: QN = J.P. Queiroz Neto; SC = Selma S. Castro; LC = Lylian Coltrinari; IG = Inst. Geocincias USP; FR = tese ou DEAapresentado na Frana. O nvel do trabalho est indicado por MS para mestrado e DR para doutorado.

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    J. P. Queiroz Neto / Revista do Departamento de Geografia, 15 (2002) 7790.

    INCIO - REA AUTOR TTULO (DATA DE APRESENTAO) ORIENTADOR ; NVEL

    1990 Sorocaba A. V. BELTRAME Estudo das propriedades fsicas do solo visando conhecer seu QN; DRdo Sul funcionamento hdrico: Sorocaba do Sul , Biguau (1997)

    1991 Mesa Redonda (Caen): Organisation et dynamique interne de la couverture pedologique et son importance pour la comprhensionde la morphogense. Prsentation des rsultats des recherches ralises dans le cadre du projet CAPES/COFECUB 35/80. Organizao: JOLPELLERIN & JOS PEREIRA DE QUEIROZ NETO

    1992 NW Paran J.E.CUNHA Caracterizao morfolgica (macro e micro) e comportamento hdrico SC; MSde duas seqncias em Umuarama PR: subsdios para avaliaodos processos erosivos (1996)

    A. ZAGO Sistema pedolgico Latossolo-Argissolo e seu comportamento SC; DRfsico-hdrico em Mambor, PR (2000)

    P. NAKASHIMA Sistemas pedolgicos da regio noroeste do estado do Paran: SC; DRdistribuio e subsdios para o controle da eroso (2000)

    1993 So Pedro R. P. DIAS FERREIRA Solos e morfognese em So Pedro SP (1997) QN; DR

    D. OLIVEIRA Estudo macro e micromorfolgico de uma toposseqncia SC; MSna bacia do crrego do Retiro em So Pedro SP (1997)

    E. BUZATO Distribuio atual e tipos de ferricretes nas serras do Itaqueri SC; MSe So Pedro (SP) e sua relao com o relevo (2000)

    1995 Seminrio So Paulo Paran: Morfologia dos sistemas pedolgicos tropicais: relao com seu funcionamento hdrico e fertilidade.Balano geral dos resultados obtidos com a aplicao do procedimento da anlise estrutural da cobertura pedolgica ao estudo dos solos.Organizao: SELMA. S. CASTRO.

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    Anlise estrutural da cobertura pedolgica: uma experincia de ensino e pesquisa

    FERNANDES BARROS, O.N.; QUEIROZ NETO, J.P. (1994)Microagrgation des sols, cuirasse frrugineuse et

    altration de basaltes Londrina (tat du Paran, Brsil).In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE CINCIA DO SOLO,15., Mxico, 1994., Resumen n. 1.218.

    FILIZOLA, H. (1993) O papel da eroso geoqumica na evolu-o do modelado da bacia de Taubat. 2 v. Tese (Doutora-do) - Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas,Universidade de So Paulo.

    FILIZOLA, H.; BOULET, R. (1993) Une valuation de la vitesse delrosion gochimique partir de ltude de deprssionsfermes sur roches sdimentaires quartzo-kaoliniques duBrsil. C.R.Acad. Sc. Paris, v.316, Srie II, p.693-700.

    FURIAN, S. (1995) Morphognse/pedogense em milieu

    tropical humide de la Serra do Mar, Brsil: contributionde laltration et de la pedogense une dynamiqueactuelle.1 v. Tese (Doutorado) - Universit de Caen.

    GREENE (1945) Classification and use of tropical soils. SoilScience Society of Amerian Proceedings, v. 10, p. 392-396.

    KERTZMAN, F. F. (1990) Modifications de la structure et desproprits physiques des couches superficielles dunLatossolo Roxo (Guara,SP) soumis lirrigation paraspersion, 1 v. Dissertao (D.E.A.) - cole NationaleSuprieure Agronomique de Rennes, Frana.

    KERTZMAN, F. F. (1996) Modificaes na estrutura e comportamen-to de um Latossolo Roxo provocadas pela compactao, na re-

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