quase eliminacao dos agravos interno e regimental

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http://www.abdpc.org.br/artigos/artigo1063.htm A NOVA DISCIPLINA DO RECURSO DE AGRAVO Luiz Henrique Borges Varella Assessor de Juiz Especialista em Direito Processual Civil Membro da Academia Brasileira de Direito Processual Civil 3.7 A quase extinção dos agravos interno e regimental A mudança derradeira da Lei n.º 11.187/2005 foi quanto ao parágrafo único do art. 527 do CPC. “Na resposta, o agravado observará o disposto no § 2º do art. 525” era a redação anterior. Como esta regra foi incorporada à redação do inciso II do art. 527, referido parágrafo inovou completamente. A redação atual é: “A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e III do caput deste artigo, somente é passível de reforma no momento do julgamento do agravo, salvo se o próprio relator a reconsiderar.” Este dispositivo tem sido alvo de artilharia pesada. Em primeiro lugar por ser parcialmente incoerente, haja vista que estabelece a possibilidade de reforma no momento do julgamento do agravo para o caso do inciso II do art. 527 (conversão da modalidade do agravo). Ora, o julgamento do agravo retido convertido, pelo tribunal, se dá em preliminar de apelação. Então, de quê vale reconsiderar a decisão de conversão em sede de apelação? Nada. É inócuo. Não há qualquer lógica. Sequer há, como ressaltou Fabiano Carvalho , maneira viável de se aplicar os brocardos “prefira-se a inteligência do texto que torne viável o seu objetivo, em vez da que os reduza à inutilidade” e “deve-se compreender as palavras como tendo alguma eficácia”. A mesma interpretação se confere aos casos do inciso III do art. 527 (concessão de efeito suspensivo e ativo). Se a decisão quanto à suspensão da decisão é modificada somente no julgamento do agravo não há qualquer utilidade, porque a decisão deste sempre substituirá a proferida pelo juiz de primeiro grau. Quanto à antecipação de tutela recursal idem. O julgamento do mérito do recurso tem o poder de revogar uma decisão liminar que foi dada em juízo sumário de cognição. Destarte, temos que é totalmente desnecessária a previsão de que a decisão poderá ser reformada quando do julgamento do recurso,

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http://www.abdpc.org.br/artigos/artigo1063.htmA NOVA DISCIPLINA DO RECURSO DE AGRAVOLuiz Henrique Borges VarellaAssessor de JuizEse!ialis"a e# Direi"o Pro!essual Ci$il%e#&ro da A!ade#ia Brasileira de Direi"o Pro!essual Ci$il3.7A quase extino dos agravos interno e regimentalA mudana derradeira da Lei n. 11.187/00! "oi #uanto ao par$gra"o %nicodo art. !7 do &'&. ()a resposta* o agra+ado obser+ar$ o disposto no , doart. !!-eraareda.oanterior. &omoestaregra"oi incorporada/reda.o do inciso 00 do art. !7* re"erido par$gra"o ino+ou comp1etamente. Areda.o atua1 2: (A decis.o 1iminar* pro"erida nos casos dos incisos 00 e 000 docaputdeste artigo* somente 2 pass3+e1 de re"orma no momento do4u1gamento do agra+o* sa1+o se o pr5prio re1ator a reconsiderar.-6ste dispositi+o tem sido a1+o de arti1haria pesada.6m primeiro 1ugar por ser parcia1mente incoerente* ha4a +ista #ueestabe1ece a possibi1idade de re"orma no momento do 4u1gamento doagra+o para o caso do inciso 00do art.!7 7con+ers.o da moda1idade doagra+o8. 9ra* o 4u1gamento do agra+o retido con+ertido* pe1o tribuna1* se d$em pre1iminar de ape1a.o.6nt.o*de #u: +a1e reconsiderar a decis.o decon+ers.o em sede de ape1a.o; )ada. < in5cuo. ).o h$ #ua1#uer 15gica.=e#uer h$* como ressa1tou >abiano &ar+a1ho* maneira +i$+e1 de se ap1icaros brocardos (pre?ra@seainte1ig:nciadoteAto#uetorne+i$+e1 oseuob4eti+o* em +eB da #ue os reduBa / inuti1idade- e (de+e@se compreender aspa1a+ras como tendo a1guma e?c$cia-.Amesma interpreta.o secon"ereaos casos doinciso 000 doart. !77concess.o de e"eito suspensi+o e ati+o8. =e a decis.o #uanto / suspens.oda decis.o 2 modi?cada somente no 4u1gamento do agra+o n.o h$ #ua1#ueruti1idade* por#ue a decis.o deste sempre substituir$ a pro"erida pe1o 4uiB deprimeiro grau. Cuanto / antecipa.o de tute1a recursa1 idem. 9 4u1gamentodo m2rito do recurso tem o poder de re+ogar uma decis.o 1iminar #ue "oidada em 4u3Bo sum$rio de cogni.o.Destarte* temos #ue 2 tota1mente desnecess$ria a pre+is.o de #ue adecis.o poder$ ser re"ormada #uando do 4u1gamento do recurso* por#uantose trata de pro+id:ncia 15gica. >rente a isto* me1hor seria se o 1egis1adoroptasse por uma reda.o mais bre+e e sem incoer:ncias* por eAemp1o: (dasdecisEes do re1ator cabe somente pedido de reconsidera.o-.6msegundo1ugar por#uereBa#ueadecis.o2pass3+e1 dere"ormaporreconsidera.o do re1ator* mas nada "a1a sobre como se "aria ta1reconsidera.o.6m terceiro e%1timo 1ugar porter#uaseeAtinto auti1iBa.odos agra+osinternoeregimenta1 paraatacar asdecisEesmonocr$ticasdore1ator. 9impedimento do uso da#ue1es recursos tem gerado repercussEes ruins* antea gra+idade de uma decis.o* por eAemp1o* #ue antecipa os e"eitos da tute1a.Fem@seargGido* por isto* ainconstituciona1idadedodispositi+o. 6duardoFa1aminipensa assim:6m #ua1#uer caso* a atua.o iso1ada do integrante do tribuna1 submete@se aumacondicionante para#ue se4acompat3+e1 com a &onstitui.o.Fer$deeAistir Hsobpenadeinconstituciona1idadeHmecanismo#uepermitaacon"er:ncia* por parte do 5rg.o co1egiado* do correto desempenho daati+idadede1egada. As partes necessariamente ter.o dedispor deuminstrumento#ue1hespermita1e+arasdecisEesindi+iduaisdore1ator ao5rg.o co1egiado. 6ssa 2 a "orma de +eri?car se o re1ator correspondeu* napr$ticadoato#ue1he"oi de1egado* aopretendidope1o5rg.oco1egiado.).o+emos moti+os paradiscordar. Asupress.odapossibi1idadedeserecorrer de uma decis.o #ue antecipa os e"eitos da tute1a pareceinconceb3+e1. &omisto seriamprestigiadas e+entuais arbitrariedades emitigar@se@ia* sobremodo* o direito sagrado / amp1a de"esa* assegurado pe1oartigo !* inciso LI da &onstitui.o >edera1. Ademais* o princ3pio daina"astabi1idade da 4urisdi.o* #ue preconiBa a n.o eAc1us.o de aprecia.o*pe1oJudici$rio* de1es.oouameaaadireito7art. !o* inc. KKKI* &>/888tamb2mrestaria"u1minado. 0mpu1sionadosportamanhace1euma* muitostem cogitado a ressurrei.o do mandado de segurana contra ato 4udicia1*cu4a eAtin.o "oi um dos maiores ob4eti+os da re"orma de 1LL!. 6star3amos*decertomodoeconse#Gentemente* andandoemc3rcu1os. Lament$+e1.>oroso sa1ientar #ue o agra+o regimenta1* #ue guarda grande seme1hanacom o agra+o interno* tamb2m restou a"etado pe1a proibi.o do par$gra"o%nico do art. !7 do &'&. 9 agra+o regimenta1 2 o cab3+e1 contra decisEespro"eridas pe1o re1ator singu1armente* e encontra pre+is.o nos regimentosinternos dos tribunais p$trios 7da3 sua nomenc1atura8.Dessa "orma* como os regimentos internos dos tribunais n.o podemcontrariar a 1egis1a.o "edera1 7art. L6* inc. 0* (a- da &onstitui.o >edera18*+is1umbra@se sua t$cita derroga.o #uanto / permiss.o de recursos sobre asdecisEes do re1ator cu4o conte%do e#ui+a1ha aos incisos 00 e 000 do art. !7 do&'&. 0n"ere@se* dessarte* #ue o agra+o interno te+e sua uti1idade bastanteminimiBada* ho4e restrita aos casos do , 1o do art. !!7