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QUARTEL DO COMANDO GERAL
DIRETORIA DE ENSINO, INSTRUÇÃO E PESQUISA
ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR ARISTARCHO PESSOA
INCIDÊNCIA DA SÍNDROME DE BURNOUT EM CADETES DA
ACADEMIA DE BOMBEIROS MILITAR DA PARAÍBA
MABEL MAGNO DE PAULA TOMAZ NATHÁLIA ANDRADE LIRA
JOÃO PESSOA-PB 2016
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MABEL MAGNO DE PAULA TOMAZ NATHÁLIA ANDRADE LIRA
INCIDÊNCIA DA SÍNDROME DE BURNOUT EM CADETES DA
ACADEMIA DE BOMBEIROS MILITAR DA PARAÍBA
Artigo apresentado à Câmara Técnica Educacional em Pesquisa Científica da Corporação, como requisito para obtenção do Título de Engenheiro de Segurança contra Incêndio e Pânico na Academia de Bombeiro Militar Aristarcho Pessoa.
Orientador: TC Erik Francisco Silva de Oliveira
JOÃO PESSOA-PB
2016
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QUARTEL DO COMANDO GERAL
DIRETORIA DE ENSINO, INSTRUÇÃO E PESQUISA
ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR ARISTARCHO PESSOA
Artigo intitulado “Incidência da Síndrome de Burnout em cadetes da academia de
bombeiros militar da Paraíba” de autoria de Mabel Magno de Paula Tomaz e
Nathália Andrade Lira avaliada pela banca constituída dos seguintes professores:
Aprovada em: 29 de Novembro de 2016.
_________________________________________________
TC Erik Francisco Silva de Oliveira – Orientador
_________________________________________________
Professora: Rosângela Guimarães de Oliveira – Examinadora
__________________________________________________
Doutor Márcio de Lima Coutinho – Examinador
JOÃO PESSOA-PB 2016
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Dedicamos este trabalho primeiramente a Deus, que tem nos guiado ao longo dessa jornada e as nossas famílias, por sempre acreditarem em nossos sonhos.
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AGRADECIMENTOS
A Deus pоr nos ter dado coragem е força para superar as dificuldades dessa longa
jornada.
Aos nossos familiares, pelo amor, incentivo е apoio incondicional.
A Academia de Bombeiros Militar Aristarcho Pessoa, instituição que nos
proporcionou além da formação profissional, o complemento da nossa formação
como seres humanos, realçado em nós valores como hombridade, lealdade,
coragem e o amor imensurável por nossa profissão.
A todos оs professores pоr nos transmitir о conhecimento, e demonstrar todo o
afinco nessa nobre missão de ensinar.
Aоs amigos e companheiros dе profissão, com quem dividimos todos os anseios
dessa jornada, que foram porto seguro e que contribuíram de forma imensurável
para nossa formação. Aos participantes desse estudo, saibam que suas
contribuições foram fundamentais para execução desse trabalho.
A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte dа nossa formação, о nosso
singelo agradecimento, muito obrigada!
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“Sonhos determinam o que você quer. Ação determina o que você conquista”.
Aldo Novak
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RESUMO
Burnout é a síndrome da exaustão emocional e pode ser definida como um distúrbio psíquico de caráter depressivo que consiste na desistência, deixando o indivíduo de investir em seu trabalho e nas relações afetivas que dele decorrem e, aparentemente, tornando-se incapaz de se envolver emocionalmente com suas atividades laborais. A partir deste estudo objetivou-se compreender o estresse ocupacional e a Síndrome de Burnout, além de identificar a existência e a fase da síndrome nos Cadetes que frequentam a Academia de Bombeiros Militar Aristarcho Pessoa no ano de 2016. Para tanto, foi aplicado o questionário elaborado e adaptado por JBEILI(2008) inspirado no Maslach Burnout Inventory – MBI, que é um instrumento de referência para identificar a síndrome e seus níveis. Tal ferramenta foi aplicada a 41 cadetes do 1º, 2º e 3º ano, de faixa etária variável e ambos os sexos. Os resultados demonstraram que todos os cadetes estavam acometidos em algum grau por fatores predisponentes a síndrome, e que 51% deles se enquadraram na fase inicial da síndrome.
Palavras-chave: Síndrome de Burnout. Estresse. Cadetes. Bombeiro Militar.
ABSTRACT
Burnout is the syndrome of emotional exhaustion and can be defined as a psychic disorder of a depressive nature consisting of giving up, leaving the individual to invest in their work and the affective relationships that flow from it and apparently becoming unable to become emotionally involved With their work activities. The purpose of this study was to understand occupational stress and Burnout Syndrome, as well as to identify the existence and stage of the syndrome in the Cadets who attend the Aristarcho Pessoa Military Firemen Academy in the year 2016. For this purpose, the questionnaire Elaborated and adapted by JBEILI (2008) inspired by the Maslach Burnout Inventory - MBI, which is a reference instrument to identify the syndrome and its levels. This tool was applied 41 cadets of the 1st, 2nd and 3rd year, of variable age group and both sexes. The results showed that all the cadets were affected to some degree by factors predisposing to the syndrome, and that 51% of them presented it in its initial phase. Keyswords: Burnout syndrome. Stress. Cadets. Military Firefighter.
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1. INTRODUÇÃO
As relações de trabalho sofreram intensas mudanças em virtude das
evoluções tecnológicas, sociais e econômicas, modificando profundamente os
diversos setores trabalhistas. Logo, o trabalho emerge como atividade indispensável
à formação da identidade do indivíduo na busca da satisfação de suas necessidades
pessoais (MENDES, 1996). Entretanto, o estreitamento dessas relações conflita com
o aumento da prevalência de psicopatologias laborais (FERNANDES, 2006).
A complexidade do Curso de Formação de Oficiais – Bombeiro Militar, que
engloba uma alta carga de atividades teóricas e práticas, resulta em altos níveis de
ansiedade e tensão, especialmente pela elevada responsabilidade que é extrínseca
ao oficial em seu dever de liderar equipes no seu cotidiano profissional. Assim,
diversos fatores destacam-se como contribuintes para tornar o Curso de Formação
de Oficiais estressante, tais como: ambiente de formação e seu “confinamento”, alto
ritmo de atividades físicas, atividades extenuantes, rotinas exigentes, questões
éticas que requerem a tomada de decisões em diferentes graus de dificuldades,
imprevisibilidade e carga de trabalho semanal elevada. (CARLOTTO et al., 2006).
Os autores supracitados relatam que logo, O alargamento do conceito de
Burnout em estudantes em fase pré-profissional, embora já tenha emergido em
alguns estudos dispersos ao longo dos anos, foi proposto com rigor e suporte
empírico por Schaufeli e colaboradores em artigo publicado em 2000.O conceito de
Burnout em estudantes também se constitui de três dimensões: Exaustão
Emocional, caracterizada pelo sentimento de estar exausto em virtude das
exigências do estudo; Descrença, entendida como o desenvolvimento de uma
atitude cínica e distanciada com relação ao estudo; e Ineficácia Profissional,
caracterizada pela percepção de estarem sendo incompetentes como estudantes.
Dessa forma, a exposição progressiva a fatores considerados estressores,
levam ao esgotamento físico e emocional, interferindo na qualidade de vida, e
aumentando a predisposição ao desenvolvimento da Sídrome de Burnout, conforme
os achados de Carlotto et al. 2006, que avaliou 514 estudantes de cursos
universitários na área de saúde. Tal patologia expressa o estágio mais avançado do
estresse, gerando desânimo progressivo e a desmotivação com o trabalho, podendo
evoluir para doenças psicossomáticas, resultando queda no desempenho
profissional.
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Assim, traz consequências em nível individual e organizacional e, está
descrita como um problema de saúde laboral com alta prevalência. Estudos
desenvolvidos com profissionais da área de educação e saúde, a exemplo de
Moreira et al. (2009), que avaliam a prevalência da síndrome em profissionais de
enfermagem em um hospital do Rio Grande do Sul, Camelo e Angerami (2004) que
estudaram a prevalência em profissionais de Núcleos de Saúde da Família, além de
Prefeito e Vicente (2014), que associaram a síndrome as atividades docentes
expõem alta prevalência em determinadas classes profissionais, com médicos,
enfermeiros, professores, entre outras.
Dentro deste contexto, o presente artigo se propôs a compreender o estresse
ocupacional e a Síndrome de Burnout, além de identificar a existência e fase da
Síndrome de Burnout nos Cadetes que frequentam a ABMAP. Sua relevância é
notória, pois a Síndrome de Burnout ainda é pouco conhecida no contexto
organizacional brasileiro, e muitas vezes, pode ser confundida com o estresse. Além
de, a partir desse estudo deixar um espaço aberto para construção de estratégias e
ações voltadas à prevenção desse mal.
1.1 O CORPO DE BOMBEIROS MILITAR - ORIGEM
1.1.1 Mundo
Foi na Roma Antiga que surgiu a primeira equipe formada para impedir os
incêndios. O Imperador Augusto em 27 a.C. formou um grupo de 600 escravos e
designou essa função a eles. Mas era muito precário, tanto é que durante o Império
de César Augusto Germânico houve um grande incêndio e teve duração de sete
dias, destruindo quarteirões e matando várias pessoas (CBMGO, 2016).
1.1.2 Brasil
No Brasil, na época do Império, houve dificuldade em conter os incêndios
porque além das técnicas serem rudimentares e existir muitas construções em
madeira, não havia uma equipe especializada. Os incêndios eram combatidos por
voluntários, milícias e aguadeiro (SOUZA, 2013).
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No dia 2 de julho de 1856 o Imperador D. Pedro II assinou um Decreto
Imperial, regulamentando, pela primeira vez no Brasil, o Corpo de Bombeiros
Provisório da Corte (CBMGO, 2016).
1.1.3 Paraíba
Segundo o Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba (2016) a Capital da
província da Paraíba vivenciou, no ano de 1916, muitos problemas de ordem
estrutural em relação a incêndios, pois os recursos eram escassos tanto para a
prevenção quanto para o combate. E na época não havia um Corpo de Bombeiros
para realizar esse tipo de serviço. No dia 9 de junho de 1917 no governo do doutor
Francisco Camilo de Holanda, foi criada uma Seção de Bombeiros, através do
decreto Estadual de número 844. O órgão contava com 30 homens, que foram
retirados da própria Força Pública, atual Polícia Militar da Paraíba.
1.1.4. Academia de Bombeiro Militar Aristarcho Pessoa – (ABMAP) e o Curso de
Formação de Oficiais – Bombeiro Militar (CFO - BM)
O Curso de Formação de Oficiais oferece a graduação em Engenharia de
Segurança contra Incêndio e Pânico, disponibilizado pela Academia de Bombeiros
Militar Aristarcho Pessoa (ABMAP), que fica situada na cidade de João Pessoa –
PB, contando com uma carga horária de 3.800 horas/aula, distribuídas ao longo de
três anos de curso (SECOM-PB, 2012). Dessa forma, visa o desenvolvimento da
necessidade de produzir e fomentar conhecimentos, formar hábitos, doutrinas e
uniformizar procedimentos, visando à gestão administrativa e os exercícios das
funções profissionais, técnicos, científicas e de Defesa Social, inerentes aos postos
do oficialato a fim de garantir na execução da missão de Estado, a eficiência e
eficácia na solução dos problemas gerenciais e nos atendimentos realizados pelo
Corpo de Bombeiros Militar à sociedade.
1.2 PSICOPATOLOGIAS ORGANIZACIONAIS
Segundo Mendes (1996), com o advento da revolução industrial e o
aprimoramento do processo fabril as atenções dos setores de Recursos Humanos
dentro das organizações se voltaram para a relação saúde-trabalho, uma vez que,
evidenciou-se a interligação entre saúde do trabalhador e atividade laboral. Assim,
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emergiram preocupações quanto aos ambientes considerados penosos, agressivos
e perigosos ao conforto e saúde, já que, podem resultar em danos graves aos
profissionais.
A partir de estudos que demonstram que pressões no ambiente laboral
colocam em risco o equilíbrio e a saúde mental de seus componentes, emergiu a
necessidade da atuação da psicologia na promoção da saúde do trabalhador. Dessa
forma, ainda que o trabalho tenha a finalidade de promover a satisfação das
necessidades humanas, construindo e realizando suas necessidades criativas, além
de constituir uma identidade social, apenas uma minoria alcança essa finalidade.
Assim, esse baixo índice de satisfação está relacionado entre outras causas, à ação
repressora da organização e imposição de altos ritmos de trabalho, resultando em
sintomas psicossomáticos que podem evoluir para transtornos psicológicos
(SANTOS, 2003).
Visando a promoção da saúde mental, o espaço de trabalho deve reunir
condições psicológicas e sociológicas benéficas que atuem de forma positiva no
comportamento das pessoas, uma vez que, o trabalho é o fundamento da vida
humana e da sociedade, constituindo um espaço importante de relações
interpessoais, fonte de realização pessoal, bem como desenvolvimento de
habilidades. Diante disso, deve ser compreendido como um espaço de socialização
e de definição de identidades; e dessa forma, a saúde mental do trabalhador está
diretamente ligada à maneira de viver deste dentro e fora do ambiente de trabalho
(BERLIM; FLECK, 2005; SILVA, 2010).
Nesse contexto, Dalgalarrondo (2008) refere que a psicopatologia pode ser
definida como área do conhecimento que aborda o adoecimento psíquico dos seres
humanos, o qual foi denominado ao longo dos anos de doenças ou transtornos
mentais, podendo estar relacionadas à profissão e condições de trabalho.
Compreende-se como transtornos mentais e comportamentais a expressão
utilizada pela Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à
Saúde, que indica o conjunto de sintomas ou comportamentos reconhecíveis
clinicamente, acompanhados, na maioria dos casos, de sofrimento e interferência
nas funções pessoais, e que podem ser causa, básica ou associada, de morte
(TUONO et al, 2007).
Para Fernandes (2006), o estudo da psicopatologia engloba o sofrimento e as
formas de defesa adotadas pelos trabalhadores, frente a uma organização. O
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sofrimento do trabalho se expressa através de sentimentos de insatisfação e
ansiedade, derivados da falta de significado do conteúdo do trabalho para o sujeito,
da fadiga, do conteúdo ergonômico e das cargas de trabalho.
Há uma importante distinção entre a insatisfação gerada pelo conteúdo
ergonômico (relacionado com a falta de adequação do conteúdo às aptidões e
necessidades do trabalhador) e aquela gerada pelo conteúdo significativo do
trabalho (ou simbólico), a qual engendra um sofrimento cujo impacto é
mental. Nesse contexto, dentre as psicopatologias relacionadas ao trabalho
destacam-se como principais os transtornos de estresse, síndrome de Burnout,
síndrome do pânico (PEREIRA, 2010).
1.2.1 Estresse Ocupacional
O conceito de estresse, dentro da psicologia, foi primeiramente descrito por
Selye em 1959, que o definiu como sendo, essencialmente, o grau de desgaste total
causado pela vida. Selye usou o termo para descrever uma síndrome que havia
identificado e que apresentava importantes ligações com o estado de saúde e
doença dos seres vivos (PEREIRA; ZILLE, 2010).
Verifica-se que algum estresse é importante para as necessidades
adaptativas do homem, porém sua total ausência, bem como o seu excesso, pode
ser prejudiciais à saúde levando a um quadro patológico, originando distúrbios
transitórios ou mesmo doenças graves, como o estresse ocupacional. Cardoso
(1999) afirma que, para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a saúde pode ser
lesada não apenas pela presença de fatores agressivos, mas também pela ausência
de fatores ambientais (fatores de subcarga como a falta de suficiente atividade
muscular, falta de comunicação com outras pessoas, falta de diversificação em
tarefas de trabalho que causam monotonia, falta de responsabilidade individual ou
de desafios intelectuais). Dessa forma, frente ao ambiente social e identitário que o
espaço laboral representa, as doenças ocupacionais encontram terreno para sua
disseminação.
Assim, o estresse ocupacional é decorrente das tensões associadas ao
trabalho e à vida profissional, desencadeado em situações onde o indivíduo percebe
seu ambiente de trabalho como ameaçador, quando suas necessidades de
realização pessoal e profissional e sua saúde física ou mental, prejudicam a
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interação da vida profissional com o trabalho, e este ambiente tenha demandas
excessivas a ela (SILVA, 2000).
Os agentes estressantes ligados ao trabalho têm origem multifatorial,
entretanto, a mais importante fonte de tensão é a condição interior, seguido por
fatores externos e culturais. Nesse contexto, consideram-se estressores do
ambiente físico: ruído, iluminação, temperatura, higiene, intoxicação, clima, e
disposição do espaço físico para o trabalho (ergonomia), e como principais
demandas estressantes: trabalho por turnos, trabalho noturno, sobrecarga de
trabalho, exposição a riscos e perigos (PEIRÓ, 1986; SILVA; MARCHI, 1997).
Algumas possíveis reações físicas e emocionais frente ao estresse são:
aumento da sudorese, tensão muscular, taquicardia, hipertensão, aperto da
mandíbula, ranger de dentes, hiperatividade, náuseas, mãos e pés frios. Somado a
isto, em termos psicológicos, vários outros sintomas podem ocorrer como:
ansiedade, tensão, angústia, insônia, alienação, dificuldades interpessoais, dúvidas
quanto a si próprio, preocupação excessiva, inabilidade de concentrar-se em outros
assuntos que não o relacionado ao estressor, dificuldade de relaxar, ira e
hipersensibilidade emotiva. Além disso, pode desencadear uma série de doenças
como úlceras, hipertensão, crise de pânico, herpes (CAMELO; ANGERAMI, 2004).
Assim, o estresse ocupacional traz prejuízos à saúde do trabalhador e as
organizações, uma vez que pode resultar em baixa produtividade, elevados índices
de afastamento, despesas com saúde em virtude de patologias decorrentes ou
associadas.
1.3. SÍNDROME DE BURNOUT
A qualidade de vida no trabalho quando inexistente leva ao comprometimento
no desempenho das funções, ou seja, comprometimento nas condições de vida no
trabalho, que inclui aspectos de bem-estar, garantia da saúde e segurança física,
mental e social, capacitação para realizar tarefas com segurança e bom uso de
energia pessoal (TOMAZELA; GROLLA, 2007).
Segundo Prefeito e Vicente (2014), no ano de 1974 o médico americano
Freudenberger referiu-se a síndrome de Burnout, também denominada como
síndrome do esgotamento profissional, como um distúrbio psíquico, estando ela
registrada no Grupo V da CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças
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e Problemas Relacionados à Saúde). Assim, para Freudenberger (1970) apud
Tomazela e Grolla (2007), o nome burnout deve origem no verbo inglês toburn outou
queimar-se por completo, consumir-se.
Nesse contexto, a Síndrome de Burnout pode ser definida como um distúrbio
psíquico de caráter depressivo que consiste na desistência, deixando o indivíduo de
investir em seu trabalho e nas relações afetivas que dele decorrem e,
aparentemente, tornando-se incapaz de se envolver emocionalmente com suas
atividades laborais. Logo, pode ser entendida como a consequência de uma
tentativa de adaptação própria das pessoas que não dispõem de recursos para lidar
com o estresse no trabalho. Tal falta de habilidade para enfrentar o estresse é
determinada tanto por fatores pessoais como por variáveis relativas ao trabalho e à
organização (ABREU et al., 2002).
Os autores acima citados relatam que o indivíduo apresenta a tríade:
exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal. Nesse
contexto, a exaustão emocional é caracterizada por um sentimento muito forte de
tensão emocional que produz uma sensação de esgotamento; enquanto que a
despersonalização é o resultado do desenvolvimento de sentimentos e atitudes
negativas com a demanda e objeto de trabalho; por último, a falta de realização
pessoal no trabalho, que caracteriza-se como uma tendência que afeta as
habilidades interpessoais relacionadas com a prática profissional, e influi
diretamente na forma de atendimento e contato com as pessoas usuárias do
trabalho, bem como com a organização.
Algumas classes de trabalhadores podem estar mais susceptíveis, a exemplo
de profissionais das áreas de educação, saúde, assistência social, recursos
humanos, agentes penitenciários, bombeiros, policiais e mulheres que enfrentam
dupla jornada correm risco maior de desenvolver o transtorno (TOMAZELA;
GROLLA, 2007).
Condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes, e
fatores comportamentais são capazes de contribuir para o desenvolvimento da
patologia e envolvem: escolha profissional equivocada, aptidões e características de
personalidade gerando uma sensação de inadequação no trabalho, problemas
pessoais, doenças, mudanças ou conflitos familiares, perdas, despreparo e
competência para desempenhar seu papel; podendo gerar inclusive, um
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afastamento com a família por excesso de trabalho, com isso, perde-se importante
fonte de apoio (WILTENBURG, 2009).
Freudenberger (1970) identifica que especialmente dois tipos de pessoas
estão expostos ao Burnout, sendo elas as pessoas particularmente dinâmicas e
propensas a assumir papéis de liderança ou de grande responsabilidade, e
idealistas que colocam grande empenho em alcançar metas frequentemente
impossíveis de serem atingidas, exigindo muito de si. Para Santos (2003), outros
fatores laborais predisponentes são: papel conflitante dentro da organização, perda
de controle ou autonomia e ausência de suporte social.
É notório, em uma perspectiva psicossocial, que a síndrome, cujos sintomas
são sentimentos de esgotamento emocional, despersonalização e baixa realização
pessoal no trabalho, afetam aqueles indivíduos cujo objeto de trabalho são pessoas.
No entanto, a patologia deve ser entendida como uma resposta ao estresse laboral,
que aparece quando falham as estratégias funcionais de enfrentamento, que são
definidas como sendo o conjunto de esforços que o indivíduo desenvolve para lidar
com as solicitações externas ou internas, avaliadas por ela como acima de suas
possibilidades. Dessa forma, a instalação da Síndrome de Burnout ocorre de
maneira lenta e gradual, de acometimento progressivo (SILVA, 2000).
Assim, Alvarez, Galego e Fernandez Rios (1991) apud Silva (2000),
distinguem três momentos para a manifestação da síndrome. Num primeiro
momento, as demandas de trabalho são maiores que os recursos materiais e
humanos, gerando estresse laboral no indivíduo. Nesta fase, é característico a
percepção de uma sobrecarga de trabalho, tanto qualitativa quanto quantitativa.
Posteriormente, evidencia-se um esforço do indivíduo em adaptar-se e produzir uma
resposta emocional ao desajuste percebido. Aparecem então, sinais de fadiga,
tensão, irritabilidade e até mesmo, ansiedade. Assim, essa etapa, exige uma
adaptação psicológica do sujeito, a qual reflete no seu trabalho, reduzindo o seu
interesse e a responsabilidade pela sua função. Por fim, ocorre o enfrentamento
defensivo, ou seja, o sujeito produz uma troca de atitudes e condutas com a
finalidade de defender-se das tensões experimentadas, ocasionado comportamentos
de distanciamento emocional, retirada, cinismo e rigidez.
A sintomatologia típica da Síndrome de Burnout é a sensação de
esgotamento físico e emocional que se reflete em atitudes negativas, como
ausências no trabalho, agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor,
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irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade,
depressão, pessimismo, baixa autoestima. Além de cefaleia, enxaqueca, cansaço,
sudorese, palpitação, pressão alta, dores musculares, insônia, crises de asma,
distúrbios gastrintestinais são manifestações físicas que podem estar associadas à
síndrome (VARELLA, 2011).
Suas consequências abrangem desde o do ponto de vista pessoal, quanto o
institucional, como é o caso do absenteísmo, da diminuição do nível de satisfação
profissional, aumento das condutas de risco, inconstância de empregos e
repercussões na esfera familiar (WILTENBURG, 2009).
Com base no exposto acima, as organizações devem adotar medidas que
minimizem a evolução do esgotamento profissional propiciando acesso à
psicoterapia e ao apoio social; esclarecimentos que levem à compreensão por parte
dos colegas e chefias; possibilidade de se integrar em comissões de saúde ou
grupos voltados para humanizar a situação de trabalho; além de variação de
atividade e ao apoio familiar. Associado a isto, o uso de medicamentos pode ser
indicado por profissionais competentes. Outros hábitos também podem trazer
benefícios para o paciente, como praticar a meditação ou relaxamento; desenvolver
a espiritualidade; sempre fazer exercícios e estabelecer um ritmo de trabalho para
que não prejudique a sua vida social e evitar a sobrecarga com responsabilidades
(TOMAZELA; GROLLA, 2007).
Baseado nesta compilação de informações, o presente artigo se propôs a
compreender o estresse ocupacional e a Síndrome de Burnout, além de identificar a
existência e fase da Síndrome de Burnout nos Cadetes que frequentam a Academia
de Bombeiros Militar Aristarcho Pessoa
2. METODOLOGIA
O estudo aqui exposto é de caráter investigativo quando buscou a incidência
da Síndrome de Burnout em Cadetes da Academia de Bombeiros Militar Aristarcho
Pessoa, exploratório ao estudar o percurso histórico da instituição Corpo de
Bombeiros Militar e a compreensão de transtornos mentais e psicopatologias
organizacionais, além de descritivo, quando mostra a Síndrome de Burnout
relacionada à atividade laboral do cadete bombeiro militar. A abordagem é
quantitativa, partindo do levantamento das respostas coletadas dos entrevistados.
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A pesquisa descritiva exige do investigador uma série de informações sobre o
que deseja pesquisar. Esse tipo de estudo pretende descrever os fatos e fenômenos
de determinada realidade (TRIVIÑOS, 1987).
A pesquisa investigativa aconteceu quando a opção por atuar no cenário onde
vivemos a experiência cotidiana se conjugou com o problema de investigação. Isso
porque acreditamos podermos contribuir para a exploração do problema, bem como
para sua resolutividade, e tudo em sintonia com o interesse do investigador
(RICHARDSON, 2003).
A pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade
com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. A
grande maioria dessas pesquisas envolve: o levantamento bibliográfico; entrevistas
com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e
análise de exemplos que estimulem a compreensão (GIL, 2007). A investigação
quantitativa atua em níveis de realidade e tem como objetivo trazer à luz dados,
indicadores e tendências observáveis (MINAYO,2001).
Esta pesquisa foi avaliada pelo Comitê de Ética da Secretaria de Saúde do
Estado da Paraíba – SES/PB, após o cadastro do projeto na Plataforma Brasil, onde
foi aprovado sob o número da CAAE: 61382516.3.0000.5186. Posteriormente à
aprovação no Comitê, aplicou-se a coleta de dados utilizando os preceitos da
resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS. A resolução 466/12
incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os referenciais da bioética,
autonomia, não maleficência, beneficência, justiça e equidade, dentre outros, e visa
a assegurar os direitos e deveres que dizem respeito aos participantes da pesquisa,
à comunidade científica e ao Estado. Esta reafirma os princípios da consideração e
do reconhecimento da dignidade, da liberdade e da autonomia do ser humano
participante da pesquisa (BRASIL, 2012).
A pesquisa foi desenvolvida na ABMAP, que fica situada na cidade de João
Pessoa – PB. Essa instituição é responsável pela formação dos cadetes, que de
segunda a sexta-feira em regime integral são treinados e instruídos para que, ao
final do Curso possuam as competências e habilidades necessárias ao exercício do
oficialato.
A população para o desenvolvimento do estudo compreendeu os cadetes em
curso no ano de 2016, totalizando 45 elementos sob estudo, independentemente de
sexo. No entanto, a amostra foi composta por 41 participantes, pois, excetuou-se as
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duas cadetes, pesquisadoras deste estudo e dois cadetes que não puderam estar
presentes no momento da aplicação do questionário, representando 91% dos
cadetes. Os critérios de inclusão foram todos os cadetes que estavam em curso de
formação na Academia de Bombeiro Militar da Paraíba no ano de 2016. Os critérios
de exclusão foram as autoras da pesquisa, além dos cadetes que tinham alguma
doença psicológica preexistente ou doenças degenerativas que causem dor.
Os cadetes foram informados sobre a pesquisa em uma reunião para
esclarecimentos e para aceitação ou não de participação, foi deixado claro que os
cadetes tinham a liberdade para se recusarem a participar, retirar o seu
consentimento ou interromper a participação em qualquer momento. Após estes
esclarecimentos, aqueles que aceitaram o estudo, assinaram o termo de
consentimento livre e esclarecido, e também os pesquisadores já agendaram o local
e horário da aplicação do Instrumento de coleta de Dados que foi realizado nas
dependências da ABMAP, no dia 25 de outubro de 2016, no horário compreendido
entre as 06h50min e às 07h30min, período este designado para a formatura matinal,
não trazendo prejuízo às atividades acadêmicas dos discentes.
O instrumento utilizado para coleta de dados foi o Questionário de
Identificação da Burnout, elaborado e adaptado por Chafic Jbeili, inspirado no
Maslach Burnout Inventory – MBI. Antes da aplicação do questionário, foi informado
sobre seu caráter indicativo, não podendo ser utilizado para fins diagnósticos sem a
avaliação do profissional competente.
O questionário estruturado era composto por 20 alternativas às quais os
voluntários responderam de acordo com os critérios em escala ordinal de 5 pontos,
indicando a frequência com que os indivíduos se identificam com o conteúdo
sugerido pelo item, enumeradas da seguinte forma: 01- Nunca, 02- Anualmente, 03-
Mensalmente, 04- Semanalmente, 05- Diariamente, avaliando três componentes:
exaustão emocional, despersonalização e a realização profissional. A partir das
respostas, era estabelecido o somatório dos itens, e assim divididos nas categorias:
De 0 a 20 pontos - nenhum indício de Burnout; De 21 a 40 pontos - possibilidade de
desenvolver Burnout; De 41 a 60 - fase inicial da Burnout; De 61 a 80 pontos - a
Burnout começa a se instalar; De 81 a 100 - provável fase considerável da Burnout.
A análise dos dados foi realizada através do programa Microsoft Excel a partir
da estatística descritiva com o uso de testes que foram elencados após a coleta e
apresentados sob a forma de tabelas e gráficos.
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Esperou-se com a pesquisa sensibilizar e dar conhecimento ao espaço
pesquisado bem como a comunidade em geral e a população estudada os
resultados obtidos da pesquisa, o conhecimento dos dados indicadores, além da
importância que estes resultados podem trazer para o bem comum da pesquisa
científica e população.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A seguir são apresentados em Tabelas e gráficos os dados coletados pelo
presente estudo, ratificando que todos os sujeitos pesquisados são cadetes da
ABMAP, obedecendo ao critério de inclusão do estudo. Na Tabela a seguir são
apresentados dados sócio profissionais dos participantes do estudo.
Tabela1 – Características sócio profissionais dos participantes. João Pessoa-PB.
VARIÁVEIS N (41) %
Idade
Até 20 anos 6 14,6
21-25 anos 14 34,1
26-30 anos 16 39,0
> 30 anos 5 12,2
Sexo
Feminino 11 26,8
Masculino 30 73,2
Tempo de Curso
1º ano 8 19,5
2º ano 18 43,9
3º ano 15 36,6
Fonte: TOMAZ; LIRA (2016) Dados da pesquisa.
Na Tabela 1, observa-se que a variável referente à idade dos entrevistados,
que apresenta maior frequência na faixa entre 26 e 30 anos (39,0%), seguida por
20
participantes de 21 a 25 anos com 34,1%, indivíduos com menos de 20 anos,
também totalizando 14,6%, e participantes com mais de 30 anos (12,2%). A média
da idade para o público em geral é 24,7 anos, enquanto que para o público feminino
é de 22 anos e para o público masculino é de 26 anos. Para a segunda variável,
sexo dos participantes, temos que, 73,2% são do sexo masculino e 26,8% do sexo
feminino. A terceira variável, que tange ao tempo de curso, a amostra apresenta
maior concentração na faixa do 2º anos (43,9%), seguido pela faixa entre 3º ano
(36,6%), e com menor concentração na faixa de 1º ano de curso (19,5%).
Gráfico 1 – Distribuição dos Níveis da Síndrome de Burnout na amostra.
João Pessoa-PB.
Fonte: TOMAZ; LIRA (2016) Dados da pesquisa.
Tabela 2 – Distribuição da pontuação indicativa dos níveis da síndrome na amostra.
João Pessoa-PB.
Pontuação N(41) %
Nível 1 0-20 0 0
Nível 2 21-40 14 34
Nível 3 41-60 21 51
Nível 4 61-80 6 15
Nível 5 81-100 0 0
Fonte: TOMAZ; LIRA (2016) Dados da pesquisa.
0%
34%
51%
15%
0%
Nível 1:Nenhum Indício
da Burnout
Nível 2:Possiblidade de
desenvolverBurnout
Nível 3: Faseinicial daBurnout
Nível 4: Burnoutcomeça a se
instalar
Nivel 5:Provável fase
considerável daBurnout
Nível da Burnout
21
A partir da análise, percebeu-se que 100% da amostra apresenta sinais indicativos
do estado mórbido, onde 34% se enquadram dentro da possibilidade de desenvolver
a síndrome, 51% foram identificados na fase inicial e 15% em fase de instalação da
patologia. Ainda foi possível inferir que, de acordo com o score registrado, dentro da
amostra, não há indivíduos enquadrados na fase crítica da síndrome. Tais
resultados concordam com as explanações de Baptista (2005) sobre a exposição de
muitos profissionais a situações que lhes exigem um alto grau de controle de suas
respostas emocionais, como policiais e bombeiros, gerando alto grau de estresse
em virtude do forte controle emocional necessário a atividade, resultando em
despersonalização e gerando sentimentos e atitudes negativas, por vezes
indiferentes e cínicas em torno daquelas pessoas que entram em contato direto com
o profissional. Logo, num primeiro momento, pode ser vista como fator de proteção,
mas pode representar um risco de desumanização, constituindo a dimensão
interpessoal de Burnout (ABREU et al., 2002).
Tabela 3 – Distribuição da pontuação do Questionário de Jbeili por faixa
etária. João Pessoa-PB
RESULTADO DO QUESTIONÁRIO DE JBEILI POR IDADE
Até 20 anos 21-25 anos 26-30 anos
Acima de 30 anos
Pontuação N(6) % N(14) % (N16) % (N5) %
0-20 0 0 0 0 0 0 0 0
21-40 3 50 4 28,6 6 37,5 1 20
41-60 3 50 8 57,1 7 43,8 3 60
61-80 0 0 2 14,3 3 18,7 1 20
81-100 0 0 0 0 0 0 0 0
Fonte: TOMAZ; LIRA (2016) Dados da pesquisa.
De acordo com a Tabela 3, percebe-se que entre as faixas etárias houve um
equilíbrio quanto à distribuição do número de indivíduos de acordo com os níveis de
Burnout. Outra perspectiva, é citada por Reis et al (2008), que afirma ter sido
observada uma maior incidência da síndrome em jovens profissionais, nos casos
mais frequentes antes dos 30 anos. Tal fato está em concordância com os achados
22
deste estudo, já que a faixa entre 21-30 anos contém 20 dos 27 cadetes que
encontram-se nos níveis 3 ou 4, sendo, assim, responsável por 74,1% dos que se
encontram nos maiores níveis.
Tabela 4 – Distribuição da pontuação obtida de acordo com o sexo. João Pessoa-
PB.
Homens Mulheres
Pontuação N(30) % N(11) %
0-20 0 0 0 0
21-40 11 36,7 3 27,3
41-60 14 46,7 7 63,6
61-80 5 16,6 1 9,1
81-100 0 0 0 0
Fonte: TOMAZ; LIRA (2016) Dados da pesquisa.
Outro fato a ser observado é a relação dos níveis entre homens e mulheres.
De acordo com a tabela 4, a maioria (83,4%) dos homens encontram-se nos níveis 2
ou 3, mesmo fato observado entre as mulheres, sendo esse percentual de 90,9%.
Sendo assim, podemos observar, também, que o maior nível para homens é o
mesmo para as mulheres, sendo este o nível 3. Reis et al (2008) infere em seus
estudos, que as mulheres têm apresentado pontuações mais elevadas em caso de
exaustão emocional, fato este comprovado na pesquisa, sendo 72,7% das mulheres
entre os níveis 3 e 4, e 63,3% dos homens nesses mesmos níveis.
Tabela 5 – Média de idade por tempo de curso e média da pontuação fornecida pelo
questionário de Jbeili. João Pessoa-PB.
Média de Idades Pontuação média
Tempo de curso
Média geral
Média geral
1º ano 23,4
25 anos
44,4
45,6 2º ano 25,8 46,3
3º ano 24,8 45,3
Fonte: TOMAZ; LIRA (2016)
23
Dados da pesquisa.
Para avaliar a associação entre a idade dos cadetes e as pontuações de
Burnout, foi calculado o coeficiente de correlação de Pearson (r). A correlação é uma
medida padronizada, que varia de -1 a +1, onde quanto mais próximo do valor
absoluto 1, maior a associação; e o sinal da correlação indica em que direção a
associação se dá.
Em relação ao estudo com os cadetes, o valor sugere uma relação positiva,
que indica que as duas variáveis variam na mesma direção, ou seja, à medida que a
idade aumenta, os escores aumentam. Porém fraca e não-significativa já que possui
o resultado seguinte, (r = 0,20, ns). Contudo, o valor obtido pode refletir o tamanho
amostral reduzido, uma vez que foram consultados apenas 41 participantes.
Entretanto, a partir dos dados obtidos é sugestivo uma alta incidência da
Síndrome de Burnout entre os cadetes que estão frequentando o curso de formação
de oficiais no ano de 2016.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste estudo procurou-se explanar sobre a síndrome Burnout, que,
ainda é pouco conhecida para a maioria dos profissionais, mas que pode trazer
prejuízos a curto e longo prazo para os recursos humanos e para a organização
como um todo, requerendo assim um maior aprofundamento sobre suas causas e
consequências. Através do percurso trilhado, os resultados foram sugestivos de que
os cadetes da Academia de Bombeiros Militar Aristarcho Pessoa apresentaram
níveis elevados de esgotamento profissional, o que pode trazer desde uma baixa
autoestima à diversas manifestações físicas. Frequentemente esse esgotamento é
consequência de tentativas frustradas de lidar com o estresse no trabalho, e isso
culmina com o possível desencadeamento da síndrome em parte dos indivíduos
analisados. Vale ressaltar que o estudo é de uso informativo e não substitui o
diagnóstico realizado por profissional competente.
Em virtude da diversidade de formas com que os estudos acadêmicos vêm
assumindo a avaliação da síndrome de burnout, especialmente no que diz respeito à
interpretação do MBI, dificultou-se o estabelecimento de comparações mais
consistentes entre os resultados de nossa pesquisa com os de outros trabalhos
pesquisados na literatura. Bem como quanto ao objeto de estudo, que em sua
24
maioria era composto de categorias profissionais, sendo escassa literatura sobre
profissionais em formação.
Assim, é de extrema importância identificar os fatores estressores na rotina da
Academia que estejam afetando os cadetes. Dessa forma, os aspectos levantados
nesse estudo podem fornecer melhor compreensão dos fatores gerados de
estressores e ampliar a discussão sobre melhorias e medidas preventivas,
minimizando os danos e evitando o alcance de dimensões patológicas significantes.
25
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28
APÊNDICES
29
APÊNDICE “A”
(TCLE está em QAP)
30
31
32
33
ANEXOS
34
ANEXO “A”
35
Anexo “B”