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"QUANDO A GENTE TAVA MODA": lazer, identidade e memória na cena black no Sul da Bahia (1970 - 1989) 1 O presente texto se configura como uma simples explanação das intenções do projeto de pesquisa que se encontra em estágio inicial, onde coloca como problemática a ressiginificação e construção do Movimento Black Music no Sul da Bahia e sua relação com o processo de identificação e afirmação de uma coletividade negra. Desta forma, o mesmo, pretende investigar o movimento Black Music no Sul da Bahia, considerando seus antecedentes, articulações e desdobramentos no cenário cultural da região, ao longo das décadas de 1970 e 1980 por meio da memória de seus participantes, bem como analisar o impacto gerado pela Black Music norte-americana no cenário musical e cultural da região nos anos 70 e 80. Além disso, buscará caracterizar os bailes black que ocorriam nos clubes da cidade de Ilhéus, entendidos aqui como espaços de sociabilidade e afirmação identitária, enveredando pelas memórias e as sensibilidades de ex-frequentadores e também investigar as repercussões do Movimento Black na organização e afirmação identitária negra com ênfase no processo de constituição dos grupos afro culturais que surgiam na cidade de Ilhéus e região. Durante boa parte da minha vida, observei a intensa ligação que o meu pai e meu tio tinham com gêneros e estilos musicais da Black Music norte-americana dos anos 70 e 80, esse fato despertou meu interesse em relação a esse tema. A vontade de entender o que os leva até hoje a se reunirem para ouvir, relembrar histórias e até dançar essas músicas, mesmo sem saber direito as traduções, foi o ponto inicial dessa jornada. A partir daí notei que outras manifestações como estas com o intuito de rememorar os "bons tempos que não voltam mais", são recorrentes. A primeira edição do baile "Geração 80" realizada em 2016, promovido pelo DJ Carlinhos no bairro Banco da Vitória é outro exemplo. Do mesmo modo, podemos verificar esse episódio se repetir em várias partes do Brasil, temos em Belo horizonte o Quarteirão do Soul criado em 2004 e, no Rio de Janeiro e em São Paulo anualmente são 1 Graduada em História-Licenciatura pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Email: [email protected].

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Page 1: QUANDO A GENTE TAVA MODA: lazer, identidade e memória na ...€¦ · Quarteirão do Soul criado em 2004 e, no Rio de Janeiro e em São Paulo anualmente são 1 Graduada em História-Licenciatura

"QUANDO A GENTE TAVA MODA": lazer, identidade e memória na

cena black no Sul da Bahia (1970 - 1989)1

O presente texto se configura como uma simples explanação das intenções do projeto

de pesquisa que se encontra em estágio inicial, onde coloca como problemática a

ressiginificação e construção do Movimento Black Music no Sul da Bahia e sua relação com o

processo de identificação e afirmação de uma coletividade negra. Desta forma, o mesmo,

pretende investigar o movimento Black Music no Sul da Bahia, considerando seus

antecedentes, articulações e desdobramentos no cenário cultural da região, ao longo das

décadas de 1970 e 1980 por meio da memória de seus participantes, bem como analisar o

impacto gerado pela Black Music norte-americana no cenário musical e cultural da região nos

anos 70 e 80. Além disso, buscará caracterizar os bailes black que ocorriam nos clubes da

cidade de Ilhéus, entendidos aqui como espaços de sociabilidade e afirmação identitária,

enveredando pelas memórias e as sensibilidades de ex-frequentadores e também investigar as

repercussões do Movimento Black na organização e afirmação identitária negra com ênfase

no processo de constituição dos grupos afro culturais que surgiam na cidade de Ilhéus e

região.

Durante boa parte da minha vida, observei a intensa ligação que o meu pai e meu tio

tinham com gêneros e estilos musicais da Black Music norte-americana dos anos 70 e 80, esse

fato despertou meu interesse em relação a esse tema. A vontade de entender o que os leva até

hoje a se reunirem para ouvir, relembrar histórias e até dançar essas músicas, mesmo sem

saber direito as traduções, foi o ponto inicial dessa jornada. A partir daí notei que outras

manifestações como estas com o intuito de rememorar os "bons tempos que não voltam mais",

são recorrentes. A primeira edição do baile "Geração 80" realizada em 2016, promovido pelo

DJ Carlinhos no bairro Banco da Vitória é outro exemplo. Do mesmo modo, podemos

verificar esse episódio se repetir em várias partes do Brasil, temos em Belo horizonte o

Quarteirão do Soul criado em 2004 e, no Rio de Janeiro e em São Paulo anualmente são

1 Graduada em História-Licenciatura pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Email: [email protected].

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promovidos bailes black pelas antigas equipes de som. São fatos que denotam a importância

dada ao movimento por alguns indivíduos ao longo do tempo.

A notável produção acadêmica ou audiovisual existente a respeito dessa temática tão

pertinente nos permite ter uma noção e até adentrar no universo dos bailes, das músicas, dos

estilos, dos clubes, das pessoas de suas "práticas e representações", mas está quase restrito ao

Sudeste. Por conseguinte, a invisibilidade ocasionada pela carência de estudos dificulta

localizar onde está situado o interior da Bahia nos debates que giram em volta do movimento

encadeado pela Black Music.

Em vista disto, a investigação sobre a cena black no Sul da Bahia tendo como ponto de

partida a região de Ilhéus, se configura como um passo para a compreensão do que

representou e como se desenvolveu o fenômeno no Sul da Bahia durante os anos 70 e 80.

Também oferece uma pequena contribuição para a história da cidade, visto que criou-se uma

imagem da região baseada no "tempo dos coronéis e da cacauicultura" (NEVES, 2007, p. 62)

na qual a história da população negra não ganha protagonismo ao longo do século XX2.

A música é um dos meios pelos quais o ser humano expressa suas emoções,

sentimentos, visão de mundo e também registra suas experiências. Embora cada cultura

possua suas próprias formas musicais, as mesmas são dinâmicas e mutáveis. Em se tratando

de música negra, isso é evidente quando levamos em consideração a infinita gama de gêneros

e estilos musicais que emergiram ou se transformaram em decorrência da diáspora negra3.

Nesse sentido, a emergência da Black Music norte-americana tem muito a nos dizer sobre os

negros da diáspora. Esse movimento artístico, estético e político emergiu marcando

2 É inegável que a história do município percorre pela trajetória do "fruto de ouro", dos grandes coronéis e

atravessa as linhas rabiscadas das obras de ilustres autores como Jorge Amado e Adonias Filho. Todavia, esse é

apenas um lado do prisma. 3Ocasionada pelos países europeus, a diáspora africana é entendida aqui, não apenas como a dispersão de povos

por razões políticas ou religiosas, mas como um processo que possibilitou a construção, apropriação e

ressignificação de identidades culturais. Usando como exemplo, a experiência da diáspora negra afro-caribenha

no pós-guerra, Stuart Hall (2003) aborda uma interessante discussão sobre as posições e conceitos em relação a

diáspora.

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importantes momentos na história dos Estados Unidos, sobretudo, no que diz respeito ao

movimento pelos direitos civis nos anos 19604.

O som do Blues, do Soul, do Jazz, do Rhythm and Blues, do Funk ou Hip-Hop

ecoaram mundo afora. No Brasil, a partir do final da década de 1960 e início dos anos 1970,

foi se formulando uma atmosfera em torno da Black Music norte-americana, estando em alta

os ritmos Soul e Funk5. Uma atmosfera construída não apenas através da assimilação e

apropriação de uma “moda soul” ou de símbolos da cultura afro-americana, mas também por

intermédio do deslocamento e da transformação desses elementos recebidos. A Black Music

veio acompanhada de todo um conjunto de signos musicais, estéticos, indumentários, étnicos

e carregando em seu bojo um forte discurso político que encontrou aqui, um cenário onde se

destacava de um lado a ditadura civil-militar que, dentre outras coisas, reforçava o discurso da

democracia racial e ausência de racismo e, do outro, a articulação do movimento negro e de

entidades de cultura afro-brasileira.

Esse movimento musical se desenvolveu inicialmente na região Sudeste onde ficaram

conhecidos os famosos bailes black que aconteciam todos os finais de semana de preferência

nos clubes e até nas quadras das escolas de samba das periferias, reunindo ao som da Black

Music a juventude negra em sua maioria, como indica Paiva (2015, p.118) e Sansone (2004,

p.172). O Rio de Janeiro foi a primeira cidade em que se formulou essa cena black ficando

conhecida como movimento Black Rio6 que depois passou a influenciar outras capitais,

surgindo então Black São Paulo, Black Porto, Black Uai, Black Bahia dentre outros (SILVA,

2013, p. 129; RIBEIRO, 2008, p. 122; SANSONE, 2004, p.173; ALVES, 2012, p. 6).

4Junto com figuras como Martin Luther King, Malcon X, Angela Davis, assim como o movimento Black Power,

o Comitê de Coordenação Não-Violenta Estudantil e o Partido dos Panteras Negras a música Soul (alma) surge

reforçando o orgulho de ser negro, o movimento 'Black Power' e 'Black is Beautiful' como uma proposta de

resgate de uma musicalidade "autenticamente negra", especificidade que muitos julgavam ter se perdido ao se

popularizar entre os brancos. (ALVES, 2011, p.67). 5 No começo não havia uma distinção exata dos estilos e gêneros da Black Music, contudo o gênero Soul se

destacava no final dos anos 1960. Dessa forma, no Brasil o termo Soul e depois Funk passaram a representar a

música popular negra dos Estados Unidos, sendo usados indiscriminadamente e sem significar o que eram

originalmente. (SANSONE, 2004, p.171-172). 6A reportagem de Lena Frias publicada no Jornal do Brasil em 1976 sobre o universo dos bailes black levou a

classe média e a alta da zona sul carioca a conhecer o mundo dos bailes, da soul music, das equipes de som, do

estilo Black Power e de certos usos do disco de vinil (BRAGA, 2015, p.11)

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Na medida em que crescia a popularidade da Black Music impulsionada tanto pela

indústria fonográfica quanto pela produção musical brasileira nesses estilos destacando

grandes nomes como Jorge Ben, Tony Tornado, Wilson Simonal, Gerson King Combo, Tim

Maia, Sandra de Sá e a Banda Black Rio, os bailes black bem como as equipes de som se

multiplicavam e as que já existiam ganhavam mais notoriedade. No Rio de Janeiro, Hanchard

(2001, p. 136) ressalta que equipes como a Soul Grand Prix de Dom Filó reuniam inúmeros

jovens negros nos bailes conhecidos como Noites do Shaft7 realizados no Clube Renascença.

De acordo com Silva (2013, p.133-134), em São Paulo a Chic Show e a Zimbabwe eram as

principais equipes que animavam os bailes black paulistanos. Já em Belo Horizonte o

fenômeno começou na periferia e seguiu em direção ao centro, sendo o Máscara Negra o baile

mais importante da cidade, (RIBEIRO, 2008, p. 126). Miranda (2014, p. 25) afirma que a

partir de 1979 os bailes que ocorriam no Esporte Clube Periperi eram o ponto de encontro

entre as equipes de dança e seus simpatizantes em Salvador. A adesão ao movimento era

percebida através da “moda soul”, como aponta Xavier (2016, p.206): "os cabelos afro

imensos, as calças boca de sino, cores psicodélicas, os sapatos plataforma para homens, os

decotes profundos, vestidos justos e minissaias para mulheres", além do gosto musical.

É inegável a repercussão que o movimento teve no Brasil, chegando a deixar vestígios

significativos no processo de construção de uma identificação negra brasileira (HANCHARD,

2001, p. 135). A partir da considerável produção acadêmica sobre o assunto podemos

identificar um interessante conjunto de discussões que o tornam ainda mais intrigante: a

maioria desses estudos abordam as relações do fenômeno da Black Music e dos bailes black

em grandes capitais do Sudeste, a exemplo de Rio de Janeiro e São Paulo, contudo verifica-se

uma escassez de trabalhos relacionados à versão Black Bahia do movimento.

Existem alguns autores que tocam no tema. No capítulo 4 do livro Negritude sem

etnicidade: o local e o global nas relações raciais e na produção cultural negra do Brasil,

Sansone (2004) ao tratar sobre o Funk na Bahia e no Rio de Janeiro, expõe alguns detalhes a

respeito da Black Bahia baseado nos trabalhos de Antônio Risério (1981) e Suylan de

7 Nome inspirado no filme norte-americano Shaft de 1971, onde o personagem principal era um detetive negro.

O filme teve duas sequências em 1972 e 1973. Virou série de TV nos Estados Unidos entre 1973 e 1974. Já nos

anos 2000 foi feita uma sequência estrelando Samuel L. Jackson como protagonista.

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Almeida Midlej e Silva (1996). Silva (2004) sublinha a influência dos bailes black na história

do bloco afro Ilê Aiyê, criado em 1975. O cientista social Jorge Hilton, músico e estudioso do

Rap e do Hip Hop, reconhece suas ligações com o movimento desencadeado pela Black Music

dos anos 1970. Se há uma escassez de produções dessa natureza na capital Salvador, pode-se

afirmar uma carência de estudos no interior da Bahia, onde há fortes indícios da passagem

desse fenômeno e, de acordo com o projeto de pesquisa ora apresentado, podem ser alvo de

análise histórica. Afinal, a música, os bailes e todos os elementos que compuseram o

movimento black não se configuraram da mesma maneira em todos os lugares, tendo

diferentes repercussões nas sonoridades e nos movimentos socioculturais negros que

ascenderam entre os anos 1970 e 1980, resultando em diferentes vivências, diferentes

construções de identidade e sentimentos. Neste sentido, podemos identificar que algumas

cidades do Sul da Bahia8 também vivenciaram o movimento black nos anos 70 e 80. Desse

modo,o presente projeto se propõe a investigar a repercussão do fenômeno na cidade de Ilhéus

como ponto de partida deste estudo, com o intuito de compreender de que forma se desenhou

o fenômeno e os sentidos atribuídos a ele. Sentidos esses que perpassam pelo cotidiano, pela

visão de mundo, e atravessam o processo de construção de uma identificação negra daqueles

que participaram direta e indiretamente do movimento.

Em Ilhéus, o fenômeno teve seu auge e declínio curiosamente no decorrer da década

de 1980, segundo alguns relatos. Entretanto, os bailes realizados nos clubes da cidade como o

Clube Social do Pontal, Clube Social do Malhado, Clube 19 de Março, Clube Social de

Ilhéus, Clube dos Bancários entre outros sempre fizeram parte do lazer da sociedade ilheense,

principalmente no período de carnaval, fato que pode ser denotado ao examinar os jornais

locais da época.

Os ritmos da Black Music, principalmente o Funk e o Charme passaram a ser

introduzidos nos bailes e nas “matinês"9 por algumas equipes de som como a Top Som criada

em 1972, a Gepy Som, a Good Som, a Saravedo e Max Som. Essas equipes buscavam sempre

8Conforme "Jorjão", ex-integrante da equipe de som Good Som de Ilhéus, a equipe chegou a possuir um ônibus e

viajavam para diversas cidades vizinhas promovendo festas. Além disso, a maioria dos colaboradores se referem

à equipe Som Brunau de Uruçuca, a qual também realizava bailes na região. 9 Festas nas quais os menores de idade podiam participar, pois ocorriam geralmente aos domingos durante a

tarde.

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estar atualizadas com os hits do momento, então muitos recorriam à amigos ou parentes para

comprarem fitas e discos no Rio de Janeiro, São Paulo ou em Salvador dada a dificuldade de

encontrá-los na cidade. Às vezes encontravam um ou outro LP na loja Casa do Disco na

cidade vizinha Itabuna. Além das mixagens feitas pelas equipes de som houve também uma

produção musical na região. A conhecida atualmente como Banda Lordão, quando ainda era a

Super Som Lord, lançou em 1979 a música "O Vento e o Tempo"10 no ritmo da Black Music

norte-americana.

Os bailes black mais famosos seguiam o circuito: Clube Social do Pontal - Clube

Social do Malhado - Clube 19 de Março. Ainda se tem notícias de bailes que ocorriam no

Clube do Banco da Vitória e no espaço da paróquia Santa Rita no bairro Alto da Conquista.

Entretanto, nem todos os clubes da cidade realizavam bailes na configuração dos intitulados

bailes black. Vale ressaltar que os bailes black de Ilhéus não eram denominados com essa

nomenclatura recebiam nomes como "Festa do Côco", e assim eram anunciados nos carros de

som pela cidade: "Festa do Côco hoje no Clube do Pontal com a equipe Good Som", por

exemplo. Contudo, o cabelo "Black Power" acompanhado de um ouriçador, o figurino, o

sapato "monobloco" branco, as calças com fitas brilhantes, as danças e a música break

marcavam a presença do movimento. Os tipos de bailes também eram identificados pelos

frequentadores a partir das atrações anunciadas, no caso dos bailes black, a presença das

equipes de som que os caracterizavam como black ou apontavam que haveria um momento

black.

Durante a década de 1980, a região também experimentou o surgimento de grupos afro

culturais como os blocos afro Lê-guê Depá e o Miny Kongo em Ilhéus. No único registro até

agora encontrado o qual se refere ao tema em Ilhéus, Cruz da Silva (2004) sugere que os

"movimentos negros" que emergiam receberam alguma influência dessa cena black, um

desses foi o grupo afro cultural Dilazenze Malungo que passou a realizar o concurso "Garota

Black Dilazenze" inspirado no movimento.

Diante destas e outras evidências, fica claro que o fenômeno da Black Music não

passou despercebido no Sul da Bahia e deixou marcas ainda latentes na memória, história e

10 LP: Ritmos Lord - Baile Espetacular 1979.

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identidade daqueles que foram envolvidos por ele, fatos que demonstram que ainda há muito

que investigar.

Além disso, examinar a cena black na região possibilitará entender o grau de

repercussão desse movimento na construção de uma identificação negra, uma vez que o

surgimento dos blocos e entidades afro culturais se deu durante os anos de 1980 e era

recorrente a colaboração e mútua participação e presença de integrantes desses grupos nos

bailes black.

Deste modo, a validade da proposta se reflete na persistência dos rastros desse

passado, na infinidade de questões que eles suscitam e especialmente pela disponibilidade de

acesso à memória viva dos sujeitos que participaram do movimento. Indivíduos que desejam

narrar suas experiências expondo suas subjetividades e assim seus sentidos, os quais ajudarão

a desvelar a versão do movimento Black Bahia no sul do estado.

UMA DISCUSSÃO TEÓRICA

O Movimento Black Soul como chamou Hanchard (2001) e Sansone (2004) é objeto

de investigação em vários campos do saber, desde a Antropologia à Geografia. Esses estudos,

mesmo trazendo menções às obras de Vianna11 e Essinger12 - considerados maiores

referências no assunto, além das contribuições de Giacomini13, apresentam debates complexos

que ora confluem ora divergem. Contudo, são essenciais para a compreensão do fenômeno no

Sul da Bahia.

As pesquisas bibliográficas de Xavier (2015), as análises de Paiva (2015) sobre a

produção musical nos gêneros da Soul Music de cantores e compositores negros no Brasil em

1970 ou o diagnóstico feito por Braga (2015) a respeito da circulação de discos de vinil na

cena Black Rio, ressaltam o caráter mercadológico e "importado" que embasaram inúmeras

11VIANNA, Hermano. O Baile Funk Carioca: festas e estilos de vida metropolitanos. UFRJ/Museu Nacional.

Rio de Janeiro, 1987. 12ESSINGER, Sílvio. Batidão: uma história do funk. Rio de Janeiro: Record, 2005. 13GIACOMINI, Sonia Maria. A alma da festa: família, etnicidade e projetos num clube social da Zona Norte do

Rio de Janeiro – o Renascença Clube. Belo Horizonte: Editora UFMG; Rio de Janeiro: IUPERJ, 2006.

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críticas à autenticidade do movimento musical14. Desta forma, esses textos ajudam a pensar a

cena e a produção musical na região, bem como o acesso às músicas por parte dos

frequentadores e das equipes de som da cidade.

Os estudos também apontam, com certas ressalvas, para outro aspecto do fenômeno: a

visão do movimento como contribuinte no processo de construção de uma identificação entre

a juventude afro-brasileira, sendo os bailes espaços de sociabilidade onde essas identidades

eram tecidas e, ainda são para alguns autores que trabalham com o movimento Hip-Hop.

Nesse sentido, pesquisadores como João Batista de Jesus Félix - que em seu estudo se propôs

a fazer uma descrição dos bailes da Chic Show e Zimbabwe em São Paulo e uma análise das

práticas sociais dos seus frequentadores, discordam da perspectiva de Vianna (1987) que,

segundo Félix (2000, p. 175), não julgava os bailes como espaços de construção de

identidades entre os visitantes.

Entretanto, essa perspectiva não é tão simples assim, basta refletirmos sobre as

questões que Braga (2015) indaga em suas conclusões: "o quão negra (black) foi (ou é) a cena

Black Rio?"; "a cena Black Rio foi mesmo um movimento político de organização e

consciência negra, ou foi apenas lazer e diversão?". Por esse ângulo, as considerações de

Amilcar Pereira (2010) sobre o movimento negro contemporâneo, se utilizando

principalmente da análise de entrevistas com várias lideranças negras, torna-se um meio de

compreender as relações e reflexões entre os movimentos negros que ocorreram na segunda

metade do século XX. Em certa medida, o trabalho etnográfico de Cruz da Silva (2004) sobre

os bloco afro de Ilhéus também nos traz um fio de memória que liga os fundadores dos blocos

e os bailes black na década de 1980.

Assim como Braga (2015), as produções de Silva (2013), Ribeiro (2008), Paiva

(2015), Félix (2000), Sansone (2003) e Xavier (2016) reconhecem que nos bailes emergiram

"identidades negras diversas", identidades chamadas de blacks por alguns, tecidas no processo

14De certa forma, a crescente popularização da Black Music e dos bailes causou um incômodo na cultura

dominante, sendo percebido no discurso da imprensa, do governo, de uma parte da população e de intelectuais

como Gilberto Freyre que o viam como impuro, inautêntico ou uma cópia da cultura dos Estados Unidos que não

condizia com a realidade brasileira Hanchard (2001, p.138-139). Além disso, há indícios de que alguns

organizadores de bailes bem como integrantes de equipes de som foram perseguidos pelo regime militar, de

acordo como o jornalista Flávio Oliveira em matéria publicada em 2015 no jornal O Globo com o seguinte título:

"A ditadura perseguiu até bailes black no Rio de Janeiro".

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de apropriação e transformação o que, visto à luz de Certeau (1994) seriam as "maneiras de

fazer", as quais torna possível o cotidiano se recriar constantemente. Esses autores também

compreendem, auxiliados nas ponderações de Stuart Hall e Paul Gilroy que estas identidades

foram formadas através dos "fluxos culturais do Atlântico negro", sendo a música um dos

principais elementos.

Seguindo as contribuições desses pesquisadores dos Estudos Culturais que esta

investigação discutirá a respeito dos conceitos de identidade e cultura negra no contexto da

diáspora negra, onde acredita-se que “a auto identidade, a cultura política e a estética que

distinguem as comunidades negras, foram construídas por meio de sua música e pelos

significados culturais e filosóficos que fluem na sua produção, circulação e consumo”

(GILROY, 2001, p. 208). Nesse mesmo sentido dinâmico entende-se a "identidade como um

lugar que se assume, uma costura de posição e contexto, e não uma essência ou substância a

ser examinada". (HALL, 2003, p. 15).

Braga (2015), ao destacar a existência dessas múltiplas identidades afirma que: "cabe

agora os investigadores das culturas da Diáspora apurar como estas adaptações e

ressignificações são efetivadas". Desse modo, a obra de Silva (2013) O Som da diáspora: A

influência da Black Music norte-americana na cena black paulistana aparece como um

exemplo dessa ótica. A autora por meio de pesquisas bibliográficas, observações de

experiências pessoais e entrevistas realizadas com diferentes gerações de frequentadores da

cena black propõe observar como se estabelece tal relação em suas três fases, como ela

dividiu o processo.

Entende-se aqui que buscar compreender as relações estabelecidas entre o fenômeno e

os envolvidos por ele, significa observar os sentidos expressados por meio das representações.

Assim sendo, a proposta de realizar um estudo a respeito do movimento estimulado pela

Black Music no Sul da Bahia no período (1970-1989) se apoiará na concepção e no aporte

teórico da História Cultural, tendo em vista que ela trabalha com a perspectiva do “resgate de

sentidos conferidos ao mundo” que se apresentam de diferentes formas seja por meio de

palavras, discursos, imagens, coisas e práticas (PESAVENTO, 2012, p. 09).

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Tratar dos sentidos na História Cultural é também falar do conceito de sensibilidades,

o qual Pesavento (2012) aponta como sendo o cerne do processo de representação ao dar

atenção às sensações, o emocional e a subjetividade. A discussão acerca do papel da

subjetividade na elaboração da identidade também aparece em Woodward (2000), onde

enfatiza que essa concepção possibilita percorrer alguns caminhos traçados pelos sentimentos

nesse processo, uma vez que "a subjetividade envolve nossos sentimentos e pensamentos mais

pessoais".

Desta maneira, embora as sensações e os sentimentos apareçam em variados tipos de

fontes, os sentidos atribuídos ao movimento na cidade de Ilhéus bem como na região se

manifestam especialmente nos relatos orais. Vale lembrar que a utilização de relatos pela

maioria dos estudos aqui apresentados foi fundamental na composição dos mesmos. Portanto,

eles se fazem essenciais para esta pesquisa, pois de acordo com Portelli (1997, p. 31): “fontes

orais contam-nos não apenas o que o povo fez, mas o que queriam fazer, o que acreditava

estar fazendo e o que agora pensa que fez".

A popularização da Black Music no Brasil se deu a partir dos nos 1970 e o auge dos

bailes black no decorrer desse mesmo período. Em Ilhéus de acordo com a coleta de dados

exploratória, o clímax dos bailes black ocorreu entre 1980 e 1986, quando o Funk estava em

alta. Embora tocasse com pouca frequência, o Charme figurava entre os sucessos do momento

ao lado de Michael Jackson e o reggae do inglês Bernie Lyon. Os relatos indicam 1987 como

início do declínio, momento em que a violência passou a estar mais presente dentro dos

clubes prejudicando principalmente a imagem das equipes de som. Deste modo, a análise

desse fenômeno se dará dentro do recorte 1970-1989, tendo em vista que algumas equipes de

som foram criadas na década de 1970, como foi o caso da primeira equipe de som da cidade, a

Top Som, fundada em 1972.

Apesar de aparentemente ter durado pouco tempo, se comparado às capitais do sudeste

brasileiro, o que chama atenção são os vestígios que o fenômeno deixou, mostrando sua

relevância na vida, identidade e memória daqueles que vivenciaram. Logo, o modo como se

desenvolveu e o que significou será avaliado especialmente através da História Oral, esta

recolhida em entrevistas com ex-frequentadores, donos ou responsáveis de clubes, ex-

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integrantes de equipes de som e integrantes de movimentos afro culturais, os quais serão

coletados respeitando os princípios éticos e morais privilegiando a percepção dos sujeitos

participantes.

A disponibilidade dos sujeitos históricos em corroborarem na constituição dessa

história evidencia a importância da utilização da História Oral na investigação. Contudo, a

História Cultural como enfatiza Pesavento (2012, p.41), ao se consolidar trouxe uma

"renovação das correntes da história e dos campos de pesquisa, multiplicando o universo

temático e os objetos, bem como a utilização de uma multiplicidade de novas fontes".

Assim, para ajudar na composição dos bailes, dos estilos, ou seja, da cena black no Sul

da Bahia, serão analisados fontes materiais, fotográficas e fonográficas, os quais carregam

registros de experiências passadas. O exame crítico também se aplicará ao código de conduta

vigente na cidade nos anos 80, aos jornais da época por trazerem em algumas sessões noções

do que era considerado lazer naquele período sendo possível encontrar notícias15 em relação

aos blocos e também informações a respeito de algumas equipes de som, como notas16 sobre

eventos tendo como atração uma dada equipe de som. Por mais que haja um silêncio em

relação aos bailes black, os jornais se tornam elementos importantes para apreendermos o

contexto no qual se configurou o fenômeno. Da mesma forma, a utilização de uma

bibliografia a respeito do tema também se faz necessário no estudo, tanto com o propósito de

agregar outros conceitos que surgirão no decorrer da pesquisa quanto auxiliar na identificação

das especificidades do movimento no Sul da Bahia.

Os bailes black representavam em alguns momentos um estar junto para a população

negra e de alguma forma promovia uma identificação, seja pelos tipos de roupas, cabelo,

dança ou música. De certa modo, esses espaços se constituíram em territórios de resistência

que abrigavam elementos da cultura negra, muitas vezes negados e discriminados. Entretanto,

15"Falta de dinheiro poderá prejudicar carnaval de Ilhéus”

O bloco afro ilheense “Lê Guê De Pá” não participará do carnaval de 1983, segundo disse o seu diretor, o

dançarino Luís Antônio Teixeira Carilo, ao comentar que a Prefeitura Municipal não dará verba com esse

objetivo [...] (Diário da Tarde 07/01/1983. CEDOC - UESC) 16"Festa no Clube Social do Malhado"

Está sendo programado para o próximo sábado no Clube Social do Malhado um grande Festival de Regae

animado pela Ekip Good Som, com início marcado para às 23 horas [...] (Diário da Tarde 29/01/1982. CEDOC

- UESC)

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percebe-se que a incorporação, tradução e utilização dessas ferramentas fornecidas pelo

movimento black music tomaram proporções e rumos distintos possibilitando a produção de

diferentes identidades negras, assim, reforçando a concepção de que a identidade, bem como a

cultura são plurais, estando em constante processo de conservação, apropriação e

transformação segundo os teóricos Stuart Hall e Paul Gilroy.

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