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i FERNANDA FREIRE JANNUZZI QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À FUNÇÃO VISUAL E ADESÃO MEDICAMENTOSA EM IDOSOS COM RETINOPATIA DIABÉTICA CAMPINAS 2009

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i

FERNANDA FREIRE JANNUZZI

QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À FUNÇÃO

VISUAL E ADESÃO MEDICAMENTOSA EM IDOSOS

COM RETINOPATIA DIABÉTICA

CAMPINAS

2009

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iii

FERNANDA FREIRE JANNUZZI

QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À FUNÇÃO

VISUAL E ADESÃO MEDICAMENTOSA EM IDOSOS

COM RETINOPATIA DIABÉTICA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Enfermagem da Faculdade de

Ciências Médicas da UNICAMP para obtenção do título

de Mestre.

Área de Concentração : Enfermagem e Trabalho

Orientadora : Profª Drª Fernanda Aparecida Cintra

Co-orientadora : Profª Drª Maria Cecília Bueno Jayme Gallani

CAMPINAS

2009

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vii

DEDICATÓRIA

Aos meus avós pelo amor e pelo exemplo de

coragem, humildade e equilíbrio,

Com muito carinho.

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ix

AGRADECIMENTOS

A Deus pela benção da vida e por guiar e proteger os meus passos.

À Profa Dra Fernanda Aparecida Cintra pelos ensinamentos preciosos durante

nossos seis anos de convivência; pelo encorajamento em relação à pesquisa e aos estudos;

pelos conselhos e pela confiança, que geraram minha admiração, respeito e gratidão.

À Profa Dra Maria Cecília Bueno Jayme Gallani pelo exemplo de dedicação e

competência profissional e por enriquecer o conteúdo deste trabalho.

À Profa Dra Rosalina Aparecida Partezani Rodrigues por sua atenção e por

contribuir grandemente com o estudo durante as fases de Pré-Banca e Defesa.

À Profa Dra Andréa Mara Simões Torigoe pelo aceite em participar das etapas de

Qualificação, Pré-Banca e Defesa, bem como pelas importantes sugestões oferecidas a esta

pesquisa.

À Profa Dra Roberta Cunha Matheus Rodrigues pelas valiosas contribuições durante

o Exame de Qualificação.

Aos colegas do Ambulatório de Oftalmologia do Hospital de Clínicas da Unicamp ,

em especial à equipe de Enfermagem, pelo apoio e agradável companhia durante os meses

de coleta de dados.

Ao Helymar pelo excelente trabalho estatístico realizado e pela atenção e paciência

diante das nossas solicitações.

À minha família pelo incentivo, compreensão e suporte durante a trajetória desta

caminhada.

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x

Ao Marcelo pelo amor, consolo e encorajamento que foram essenciais para o

enfrentamento das dificuldades e para a conquista de vitórias.

Aos amigos que a vida me presenteou e que são fundamentais na concretização dos

sonhos.

Aos idosos que participaram desta pesquisa pela disposição em compartilhar suas

vivências relacionadas à doença, ao tratamento e à velhice.

Muito obrigada

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xi

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Fluxograma de diagnóstico de tratamento da Retinopatia Diabética (RD)... 38

FIGURA 2 Tradução do modelo conceitual sobre o uso de medicamentos em idosos 42

FIGURA 1 (artigo 2)

Modelo hipotético de relação entre as variáveis ...................................... 92

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xiii

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 (artigo 1)

Caracterização sociodemográfica e clínica dos 100 idosos

entrevistados ......................................................................................

83

TABELA 2 (artigo 1)

Análise descritiva dos escores do instrumento de avaliação da

qualidade de vida relacionada à função visual (NEI VFQ-25) ........

84

TABELA 3 (artigo 1)

Adesão medicamentosa segundo os critérios da proporção, Escala

de Morisky e classificação de acordo com a adequação da dose e

cuidados .............................................................................................

85

TABELA 4 (artigo 1)

Análise de correlação entre a Escala de Morisky e a proporção de

adesão medicamentosa .....................................................................

85

TABELA 5 (artigo 1)

Análise de regressão linear multivariada da proporção de adesão

aos medicamentos segundo a Escala de Morisky .............................

86

TABELA 6 (artigo 1)

Coeficiente de correlação (e respectivo p-valor) entre adesão

medicamentosa (proporção de adesão e Escala de Morisky) e as

variáveis sociodemográficas e clínicas ..............................................

87

TABELA 7 (artigo 1)

Análise de regressão logística univariada para avaliação da não-

adesão medicamentosa (n=100) ........................................................

88

TABELA 1 (artigo 2)

Caracterização sociodemográfica e clínica dos 100 idosos

estudados ...........................................................................................

96

TABELA 2 (artigo 2)

Análise descritiva dos escores dos domínios do instrumento de

avaliação da qualidade de vida relacionada à função visual (NEI

VFQ-25) ..............................................................................................

97

TABELA 3 (artigo 2)

Análise de comparação entre acuidade visual e o escore total do

instrumento de avaliação da qualidade de vida relacionada à função

visual (NEI VFQ-25) ...........................................................................

98

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xv

TABELA 4 (artigo 2)

Adesão medicamentosa segundo os critérios da proporção e

classificação de acordo com a adequação da dose e cuidados ........

99

TABELA 5 (artigo 2)

Análise de regressão logística univariada para não-adesão

medicamentosa (n=100) ....................................................................

99

TABELA 6 (artigo 2)

Análise de regressão logística multivariada para não-adesão

medicamentosa com termo de interação para QVRFV (NEI VFQ-25)

e AV ....................................................................................................

100

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xvii

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 Estratificação dos níveis de Acuidade Visual “para longe” e

classificação da visão ........................................................................

56

QUADRO 2 Estratificação dos níveis de Acuidade Visual “para perto” e

classificação da visão ........................................................................

57

QUADRO 3 Classificação dos idosos conforme a adesão à terapêutica

medicamentosa ..................................................................................

60

QUADRO 1 (artigo 1)

Estratificação dos níveis de acuidade visual para longe e para perto

e classificação da visão .....................................................................

82

QUADRO 2 (artigo 1)

Classificação dos idosos conforme a adesão à terapêutica

medicamentosa, considerando a proporção de doses tomadas e a

adequação dos cuidados necessários ao uso dos medicamentos ....

82

QUADRO 1 (artigo 2)

Estratificação dos níveis de acuidade visual para longe e para perto

e classificação da visão .....................................................................

94

QUADRO 1 (artigo 2)

Classificação dos idosos conforme a adesão à terapêutica

medicamentosa ..................................................................................

95

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AV Acuidade Visual

CD Conta Dedos

DM Diabetes Mellitus

HAS Hipertensão Arterial Sistêmica

NEI VFQ-25 National Eye Institute Visual Function Questionnaire

QVRFV Qualidade de Vida Relacionada à Função Visual

QVRS Qualidade de Vida Relacionada à Saúde

RD Retinopatia Diabética

RDNP Retinopatia Diabética Não Proliferativa

RDP Retinopatia Diabética Proliferativa

SPL Sem Percepção Luminosa

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNICAMP Universidade Estadual de Campinas

WHO World Health Organization

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xxi

SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................................ xxv

ABSTRACT ........................................................................................................................ xxix

I – INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ............................................................................... 33

1.1 Retinopatia diabética: problemática na população id osa ................................ 36

1.2 Qualidade de Vida relacionada à função visual: instrumentos de avaliação . 38

1.3 Adesão medicamentosa nos idosos .................................................................. 41

II – OBJETIVOS ................................................................................................................. 47

2.1 Geral ...................................................................................................................... 49

2.2 Específicos ............................................................................................................ 49

III – MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 51

3.1 Delineamento do Estudo ..................................................................................... 53

3.2 Local ...................................................................................................................... 53

3.3 População e Amostra ........................................................................................... 53

3.4 Coleta de Dados ................................................................................................... 54

3.5 Instrumentos de Coleta de Dados ...................................................................... 55

3.5.1 Caracterização dos Sujeitos .................................................................... 55

3.5.2 Medida da Qualidade de Vida Relacionada à Fun ção Visual ............... 57

3.5.3 Versão Brasileira da Escala de Adesão Medicam entosa de Morisky .. 58

3.5.4 Medida da Adesão Medicamentosa ........................................................ 59

3.6 Análise dos Dados ............................................................................................... 60

3.7 Aspectos Éticos .................................................................................................... 61

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xxiii

IV – RESULTADOS ........................................................................................................... 63

4.1 Artigo 1 : FATORES QUE INTERFEREM NA ADESÃO MEDICAMENTOSA EM

IDOSOS COM RETINOPATIA DIABÉTICA E SUA RELAÇÃO COM QUALIDADE

DE VIDA .......................................................................................................................

67

4.2 Artigo 2 : INFLUÊNCIA DA VISÃO E DA QUALIDADE DE VIDA NA ADESÃO

MEDICAMENTOSA EM IDOSOS COM RETINOPATIA DIABÉTICA .........................

89

V – DISCUSSÃO .............................................................................................................. 107

VI – CONCLUSÃO ............................................................................................................. 115

VII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 119

APÊNDICES ....................................................................................................................... 129

ANEXOS ............................................................................................................................ 135

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DA FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNIC AMP

Bibliotecário: Sandra Lúcia Pereira – CRB-8ª / 6044

Título em inglês : Vision-related quality of life and medication adherence in elderly patients with diabetic retinopathy Keywords: • Quality of life • Health of the elderly • Vision • Medication Adherence Titulação: Mestre em Enfermagem Área de concentração: Enfermagem e trabalho Banca examinadora: Profa. Dra. Fernanda Aparecida Cintra Profa. Dra. Rosalina Aparecida Partezani Rodrigues Profa. Dra. Andréa Mara Simões Torigoe Data da defesa: 21-07-2009

Jannuzzi, Fernanda Freire J263q Qualidade de vida relacionada à função visual e adesão

medicamentosa em idosos com retinopatia diabética / Fernanda Freire Jannuzzi. Campinas, SP : [s.n.], 2009.

Orientadores : Fernanda Aparecida Cintra, Maria Cecília Bueno

Jayme Gallani Dissertação ( Mestrado ) Universidade Estadual de Campinas.

Faculdade de Ciências Médicas.

1. Qualidade de vida. 2. Saúde do idoso. 3. Visão. 4. Uso de Medicamentos. I. Cintra, Fernanda Aparecida. II. Gallani, Maria Cecília Bueno Jayme. III. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. III. Título.

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RESUMO

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RESUMO

QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À FUNÇÃO VISUAL E ADE SÃO

MEDICAMENTOSA EM IDOSOS COM RETINOPATIA DIABÉTICA

A tendência para a não-adesão à terapêutica representa risco para a saúde e pode ter

implicações na qualidade de vida. Entre os idosos portadores de Retinopatia Diabética, esta

problemática repercute na evolução da doença e no prognóstico visual. O objetivo do estudo

foi analisar a relação entre qualidade de vida relacionada à função visual (QVRFV) e adesão à

terapêutica medicamentosa específica em idosos com retinopatia diabética. Foram

entrevistados 100 idosos com diagnóstico de retinopatia diabética, em seguimento

ambulatorial, em uso de antidiabéticos orais/insulina e anti-hipertensivos. Foram utilizados os

seguintes instrumentos: Caracterização dos sujeitos; National Eye Institute Visual Function

Questionnaire – NEI VFQ-25; Escala de Adesão Medicamentosa de Morisky; e Identificação

da Adesão Medicamentosa. Os dados foram submetidos às análises: descritiva, de

comparação e de relação conjunta. Os sujeitos encontravam-se entre 60 e 80 anos. A maioria

(58%) referiu ter utilizado 80% ou mais da dose de medicamentos prescrita e ter seguido os

cuidados necessários na tomada dos medicamentos, sendo classificados como “Aderentes”.

O restante dos idosos (42%) foi considerado “Não Aderente”. A análise de regressão linear

multivariada demonstrou que o item 4 da Escala de Morisky (interromper o uso da medicação

por sentir-se pior) explica a variabilidade da proporção de adesão para os medicamentos anti-

hipertensivos (12.8%) e antidiabéticos orais/insulina (13.5%). A proporção de adesão foi

correlacionada positivamente com a renda mensal, e somente para o uso de medicamentos

antidiabéticos orais/insulina. A qualidade de vida relacionada à função visual (NEI VFQ-25) e

a pontuação na Escala de Morisky influenciaram a adesão medicamentosa: indivíduos com

menor pontuação no NEI VFQ-25 e maior escore na Escala de Morisky apresentaram mais

chance de serem não-aderentes. No teste de interação para estudar os efeitos preditor da

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xxviii

QVRFV e moderador/de interação da acuidade visual na adesão medicamentosa, observou-

se que ambos os efeitos não mostraram significância estatística. Este resultado indica que a

QVRFV é um determinante positivo significativo da adesão medicamentosa, entretanto o

efeito preditor desta variável não é moderado pela medida da acuidade visual. Sugere-se

novas investigações com aplicação conjunta de instrumento genérico de qualidade de vida,

além da pesquisa da influência de outros fatores possivelmente relacionados à adesão, como

suporte social, depressão, relacionamento interpessoal.

Descritores: Retinopatia Diabética; Qualidade de Vida; Saúde do Idoso; Visão; Uso de

Medicamentos.

Linha de pesquisa : PROCESSO DE CUIDAR EM SAÚDE E ENFERMAGEM

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xxix

ABSTRACT

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xxxi

ABSTRACT

VISION-RELATED QUALITY OF LIFE AND MEDICATION ADHER ENCE IN ELDERLY

PATIENTS WITH DIABETIC RETINOPATHY

Non-adherence to treatment represents a risk to health and can have implications in quality of

life. Non-adherence among elderly patients with Diabetic Retinopathy reflects on the disease

development and visual prognosis. This study aimed to analyze the relation between vision-

related quality of life and adherence to specific medication therapy in elderly with diabetic

retinopathy. A hundred elderly patients with diagnosis of diabetic retinopathy in outpatient

follow-up, taking oral antidiabetic/insulin and antihypertensive medication were interviewed.

The following instruments were used: Characterization of participants; National Eye Institute

Visual Function Questionnaire – NEI VFQ-25; Morisky Medication Adherence Scale; and

Identification of Medication Adherence. Data were submitted to the following analyses:

descriptive, comparison and joint relation. Participants were between 60 and 80 years of age.

The majority (58%) reported the use of 80% or more of the prescribed medication dose and

followed necessary care in taking medication, and was classified as “Adherent”. The remaining

(42%) was considered “Non-adherent”. Multivariate Linear Regression analysis revealed that

item 4 of the Morisky Scale (discontinuing medication when feeling worse) explains the

variability of adherence proportion for antihypertensive medication (12.8%) and oral

antidiabetic/insuline (13.5%). Adherence proportion was positively correlated to monthly

income and only for the use of antidiabetic medication/insulin. Vision-related quality of life (NEI

VFQ-25) and score in the Morisky Scale influenced medication adherence: individuals with the

lowest score in the NEI VFQ-25 and the highest score in the Morisky Scale presented higher

probability of being non-adherent. No statistical significance was found in the interaction test to

verify the predictor effect of QVRFV and moderator/interaction effect of visual acuity in

medication adherence. This result indicates that QVRFV is a positive significant determinant of

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xxxii

medication adherence, however the predictor effect of this variable is not moderated by the

visual acuity measure. We suggest new investigations with joint application of the generic

instrument of quality of life in addition to the study of the influence of other factors potentially

related to adherence like social support, depression and interpersonal relationship.

Keywords: Diabetic Retinopathy; Health of the Elderly; Medication Adherence; Quality of Life;

Vision.

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33

INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA I

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35

O envelhecimento populacional é uma característica mundial que se apresenta

vinculada à redução no número de crianças e jovens, bem como ao aumento na proporção de

indivíduos com 60 anos ou mais (1). No Brasil esse fenômeno reflete a tendência

internacional, impulsionado pela queda da taxa de natalidade e pelos avanços da

biotecnologia. Considerando as tendências para as taxas de fecundidade e longevidade da

população brasileira, as estimativas para os próximos 20 anos indicam que a população idosa

poderá ultrapassar 30 milhões de pessoas, representando quase 13% da população (2).

Essa perspectiva indica a necessidade de medidas para melhor atender às

dificuldades desse grupo etário. Conforme aponta Mañas (3), é esperado que a transição

demográfica atual esteja acompanhada de um número crescente de pessoas com

incapacidades e dependência, o qual resulta da menor capacidade de respostas às

modificações ambientais que acompanham o envelhecimento.

Para a Organização Mundial de Saúde, as doenças não-transmissíveis comumente

desenvolvidas na velhice transformam-se nas principais causas de morbidade, incapacidade e

mortalidade em todas as regiões do mundo (1). Trata-se de afecções crônicas que “não

admitem cura e exigem cuidados freqüentes, prolongados e muitas vezes caros, devido ao

uso de técnicas diagnósticas e terapêuticas sofisticadas”. Caracteriza-se, na verdade, por

uma conseqüência natural do envelhecimento da população (4).

As alterações fisiológicas observadas na velhice afetam os aspectos sociais e

psicológicos dos idosos, pela perda gradual da autonomia, do autocuidado e da qualidade de

vida.

Dentre as alterações manifestas no processo de envelhecimento, a queda da acuidade

visual chama a atenção por conduzir a problemas relacionados ao bem-estar físico, emocional

e social, conseqüentes às incapacidades que tendem a se estabelecer nessa faixa etária (5).

A dificuldade visual relacionada ao envelhecimento compreende um processo

fisiológico decorrente do acúmulo dos danos metabólicos e ambientais às estruturas oculares,

e que se desenvolvem de forma progressiva através dos anos (6,7). Nesse processo são

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36

previstas manifestações como redução da acuidade visual, aumento da sensibilidade à luz,

além da perda da nitidez das cores e da capacidade de adaptação noturna.

Concomitante às alterações oftalmológicas inerentes ao envelhecimento, algumas

afecções oculares destacam-se pela evolução progressiva, cronicidade e, especialmente, pela

queda da visão, muitas vezes irreversível. As de maior prevalência na população idosa são:

catarata, glaucoma, degeneração macular e retinopatia diabética (8-11).

No presente estudo interessa a retinopatia diabética pela elevada prevalência nos

idosos, bem como pelo prognóstico visual comumente associado à baixa visão e suas

implicações na qualidade de vida desses sujeitos.

1.1 Retinopatia diabética: problemática na populaçã o idosa

A retinopatia diabética (RD) constitui-se numa das mais prevalentes e incapacitantes

complicações microangiopáticas que, com freqüência, desenvolve-se nos pacientes com

Diabetes mellitus (DM) (12-14). Essa manifestação retiniana é dividida em duas fases: não

proliferativa e proliferativa.

A Retinopatia Diabética Não Proliferativa (RDNP) caracteriza-se por alterações intra-

retinianas associadas ao aumento da permeabilidade capilar e, ocasionalmente, à oclusão

vascular. Nessa fase são encontrados microaneurismas, edema macular e exsudatos duros

(extravasamento de lipoproteínas). Esta evolução clínica é esperada em quase todos os

pacientes com aproximadamente 25 anos de DM (15,16).

A progressão da RDNP associa-se à presença de extensas áreas de isquemia capilar

caracterizada pelos exsudatos algodonosos; veias tortuosas e dilatadas; hemorragias na

superfície da retina, e pelas anormalidades microvasculares intra-retinianas (shunts artério-

venosos associados a áreas de exclusão capilar). Em resposta à isquemia, ocorre a liberação

de substâncias vasoativas, principalmente os fatores de crescimento que estimulam o

surgimento de neovasos. Este estágio compreende a fase proliferativa, ou seja, a Retinopatia

Diabética Proliferativa (RDP), na qual a neovascularização aparece na interface vítrea da

retina (16,17).

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37

O risco de desenvolvimento da RD ou de outra complicação microvascular do DM

depende da duração e severidade da hiperglicemia. Fowler (14) apresenta os diversos

mecanismos patológicos pelos quais o diabetes pode conduzir ao desenvolvimento da RD:

ação da enzima aldose reductase, formação de AGEs (Advanced Glycosylated End Products),

estresse oxidativo, presença de fatores de crescimento, incluindo o fator de crescimento

endotelial vascular (VEGF), fator de crescimento transformante beta (TGF-β) e hormônio do

crescimento.

Os seguintes fatores de risco são apontados para a RD: tempo de duração e tipo do

DM, controle metabólico da doença, níveis de hematócrito e hemoglobina, hemoglobina

glicosilada, colesterol total, proteinúria e Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) (13,18-22).

Dentre tais fatores, a hipertensão arterial destaca-se por ser uma comorbidade comum do

DM, que se apresenta como um fator de risco importante para complicações macro e

microvasculares (23).

A maioria dos casos de cegueira é relacionada à RD e pode ser evitada pelo emprego

de medidas adequadas que incluem, além do controle da glicemia e da pressão arterial

sistêmica, o diagnóstico precoce e a possibilidade de intervenção nos estágios iniciais da

doença. Essas medidas retardam a progressão das alterações retinianas, sem reverter,

contudo, os danos já instalados (24).

Em estudo envolvendo 3.711 sujeitos portadores de RDNP moderada/severa ou RDP

inicial, Fong et al. (25) identificaram as seguintes causas associadas à perda visual severa na

RD: hemorragia vítrea ou pré-retiniana, edema macular ou alterações pigmentares da mácula

relacionadas ao edema macular, descolamento da mácula ou retina e glaucoma neovascular.

Rodrigues et al. (13) relatam que, apesar do tratamento dos múltiplos fatores de risco

da doença, uma proporção significativa de pacientes ainda progride para estágios avançados.

Isso remete à importância do diagnóstico da RD em suas fases iniciais, previamente às lesões

que determinam a queda da visão.

Atualmente existem as seguintes formas de intervenção terapêutica na RD: controle

sistêmico do DM, fotocoagulação, cirurgia vitreo-retiniana, substâncias inibidoras da

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38

angiogênese ocular e proliferação das células endoteliais da retina. Todas exigem grande

empenho e disciplina pelos pacientes, apesar do desconforto e efeitos colaterais

conseqüentes às limitações dos recursos terapêuticos atualmente disponíveis (16).

O Consenso da Sociedade Brasileira de Diabetes e Conselho Brasileiro de

Oftalmologia (1999) propõe um fluxograma de diagnóstico de tratamento da RD, apresentado

abaixo (Figura 1), no qual o tratamento oftalmológico especializado deve ser realizado em

Centros de Referência capacitados (24).

Figura 1 – Fluxograma de diagnóstico de tratamento da Retinopatia Diabética (RD).

Fonte: Gross e Nehme (24).

1.2 Qualidade de Vida Relacionada à Função Visual: instrumentos de avaliação

A qualidade de vida é uma noção iminentemente humana e alcança significados que

refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e da coletividade. Tais

significados repercutem o momento histórico, a classe social e a cultura a que pertencem os

indivíduos (26). Seidl e Zannon (27) acrescentam que se trata de um construto interdisciplinar,

e deve incorporar a contribuição de diferentes áreas do conhecimento.

Sabe-se que a expressão qualidade de vida já era usada desde o fim da década de

1950 e, atualmente, recebe diversos significados quando é analisada nas dimensões médica,

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política, sociológica, econômica e psicológica (28). Nos últimos anos observa-se acentuado

crescimento de estudos sobre qualidade de vida, o que atesta os esforços voltados para o

amadurecimento conceitual e metodológico do uso do termo na linguagem científica (27).

No que concerne à saúde, as diferentes noções de Qualidade de Vida (QV) “se unem

em uma resultante social da construção coletiva dos padrões de conforto e tolerância que

determinada sociedade estabelece, como parâmetros, para si” (26).

Discussões sobre a influência da saúde sobre as condições e a QV, e vice-versa,

estiveram presentes entre políticos e pensadores ao longo da história e, atualmente, passam

a ser estudadas mais profundamente (29). Estudos epidemiológicos e clínicos buscam

reconhecer a percepção do estado de saúde e da QV dos pacientes, bem como o impacto da

sua doença e de seu respectivo tratamento (30).

O termo qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) foi criado para identificar uma

forma mais focalizada da QV, que abrange os aspectos diretamente associados às

enfermidades, ou às intervenções em saúde (27). Segundo Mangione et al. (31), esse

constructo mede o funcionamento e o bem-estar nos domínios físico, mental e social,

refletindo a influência de uma ampla extensão de condições de saúde simultaneamente.

Trata-se de um conceito importante para os profissionais da área, uma vez que pode

ser influenciado pela assistência à saúde, isto é, pelo alívio da dor e o mal-estar, pela atuação

sobre os agravos que podem gerar dependências e desconfortos, seja para evitá-los,

minimizar suas conseqüências ou das intervenções realizadas para diagnosticá-los ou tratá-

los (26).

Ciconelli (30) relata que as formas mais empregadas de avaliação dos indicadores de

QVRS são os questionários, “que têm por finalidade transformar medidas subjetivas em dados

objetivos que possam ser quantificados e analisados de forma global ou específica”.

Os instrumentos de mensuração da QVRS tendem a manter o caráter multidimensional

e avaliam a percepção geral da QV, embora a ênfase habitualmente seja feita sobre os

sintomas, incapacidades ou limitações ocasionados por enfermidades (27).

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40

A esse respeito, diversos instrumentos têm sido propostos e utilizados com a finalidade

de mensurar a QV de indivíduos com diversas enfermidades. Estes instrumentos são

comumente divididos em genéricos e específicos.

As medidas genéricas utilizam questionários de base populacional, sem especificar

doenças, sendo mais apropriadas a estudos epidemiológicos, planejamento e avaliação do

sistema de saúde (26).

Já os instrumentos específicos apontam, em geral, para situações relacionadas à QV

cotidiana dos indivíduos subseqüente à experiência de doenças, agravos ou intervenções

médicas (26). Possuem como principal característica o potencial de serem sensíveis às

alterações, ou seja, apresentam capacidade de detectar alterações decorrentes de

intervenções (30).

Na área oftalmológica, o “National Eye Institute Visual Function Questionnaire” (NEI

VFQ-25) apresenta grande aplicabilidade e relevância na prática clínica, além de demonstrar

parâmetros psicométricos aceitáveis em estudos internacionais e nacionais (32,33).

O NEI VFQ-25 é um instrumento originalmente elaborado na língua inglesa, cuja

finalidade consiste em medir a influência da visão nas múltiplas dimensões da QVRS, bem

como o bem-estar emocional e o funcionamento social. Trata-se de um questionário

específico para ser aplicado em diversas condições oculares crônicas (31). A adaptação

cultural no Brasil foi realizada por Fonseca (33), na qual obteve elevados valores de

consistência interna, com alfa de Cronbach igual a 0.86 e 0.91 sem e com o Apêndice

Opcional, respectivamente.

Tendo em vista a disponibilidade e a aplicabilidade desse instrumento na população

idosa (33), no presente estudo ele será utilizado para avaliar a qualidade de vida relacionada

à função visual (QVRFV) em idosos com RD, considerando que a percepção de piora da QV

pela queda da acuidade visual influencia a adesão à terapêutica medicamentosa.

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41

1.3 Adesão medicamentosa nos idosos

A grande incidência de problemas crônicos de saúde na população idosa está

relacionada à maior utilização de serviços de saúde e ao elevado consumo de medicamentos.

Garcia (34) explica que a redução da mortalidade na idade avançada retardou a instalação de

seqüelas letais pela doença crônica, o que trouxe, em conseqüência, uma longa convivência

com a enfermidade. Desse modo, também há um aumento do consumo de fármacos usados

de forma crônica e por tempo indeterminado para o controle das comorbidades. Esse

fenômeno pode ser observado mundialmente, pelo aumento do número ou tamanho das

prescrições médicas, resultando muitas vezes na polimedicação.

Os idosos têm elevado risco de apresentar doenças induzidas por medicação, devido a

presença de múltiplas condições crônicas de saúde, que são tratadas com uma diversidade

de medicamentos, freqüentemente prescritos por mais de um profissional (35).

Loyola Filho et al. (36), em estudo de base populacional, verificaram que apenas

13,9% dos idosos referiram não ter utilizado nenhum medicamento nos três meses que

antecederam a pesquisa. Foram encontradas associações positivas entre o uso de

medicamentos prescritos em idosos e o sexo feminino, idade avançada (70 anos e mais),

renda familiar elevada, pior percepção da própria saúde, associação de doenças crônicas,

entre outros. Cintra et al. (37), na investigação com idosos em seguimento ambulatorial,

encontraram que os fatores “morar só” e “efeitos colaterais” dos medicamentos, quando

combinados, apresentaram maior chance de predizer a não-adesão à terapêutica

medicamentosa (OR: 4,346 e OR: 8,219, respectivamente).

Enquanto o alto consumo de medicamentos é evidenciado e discutido na literatura, a

não-adesão ao tratamento medicamentoso prescrito também assume importância nas últimas

décadas, concomitante a outros fatores que influenciam o uso racional de recursos

terapêuticos. A relevância de tal questão na terapêutica é indiscutível: “da adesão ao

tratamento depende o sucesso da terapia proposta, a cura de uma enfermidade, o controle de

uma doença crônica, a prevenção de uma patologia” (38).

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42

Para os idosos, que comumente apresentam uma associação de comorbidades e são

sujeitos ao “multiuso”, a não-adesão à terapêutica medicamentosa pode representar risco

para a saúde, resultando num controle inadequado das doenças, o que afeta a QV desses

indivíduos. Numa perspectiva econômica, a não-adesão também pode implicar em maior

utilização dos serviços de saúde, gastos adicionais em hospitalização e uso de uma terapia

medicamentosa ainda mais extensa (39,40).

O uso de medicamentos por idosos é influenciado por uma série de fatores: alguns

estão relacionados à idade, como visão, audição e memória, e outros incluem suporte

ambiental, social e financeiro, e necessidades percebidas. Diante disso, Murray et al. (41)

elaboraram um modelo conceitual baseado nas barreiras apresentadas pelos idosos ao uso

de medicações, com o objetivo de subsidiar intervenções (Figura 2). Fundamenta-se na

relação entre ambiente externo, características do paciente e adesão medicamentosa, como

um processo que afeta fundamentalmente a saúde do sujeito.

Figura 2 – Tradução do modelo conceitual sobre o uso de medicamentos em idosos

Fonte: Murray et al. (41).

CARACTERÍSTICAS DO PACIENTE

IDADE

Recursos Disponíveis

Renda

Distância dos serviços de saúde

Transporte

Seguro/Convênio

Relacionamento com prestadores

Suporte

Supervisão

Necessidade

Percepções de:

Doença

Severidade das complicações

Resposta à prescrição

Deficiências relacionadas

Recursos cognitivos

relacionados à saúde

Recursos Senso-Cognitivos

Características Predisponentes

Conhecimento, atitudes,

crenças e expectativas

Ambiente

Adesão medicamentosa

Ambiente externo Sistema de assistência a saúde

Sistema de uso de medicamentos

Resultados

QVRS

Pressão arterial

Exarcebação

Satisfação com a assistência à saúde

Custos e utilização dos serviços de saúde

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43

Para Tsai (42), as doenças crônicas e inicialmente assintomáticas são aquelas com

maior propensão à não-adesão medicamentosa. Isso remete à problemática dos idosos com

RD cujo diagnóstico muitas vezes é realizado nas fases avançadas da doença, pela ausência

de sinais e sintomas relacionados à visão.

O conceito de adesão varia entre diversos autores, mas, de modo geral, pode ser

compreendido como “a utilização dos medicamentos prescritos ou outros procedimentos em

pelo menos 80% do seu total, observando horários, doses, tempo de tratamento”, e

representa, assim, a etapa final do que se sugere como uso racional de medicamentos (38).

Tsai (42) define adesão como o grau de concordância entre a terapêutica medicamentosa

prescrita e o uso atual de medicamentos pelo paciente.

Em contrapartida, a não-adesão é definida pelo seguimento incorreto das orientações

médicas no uso dos medicamentos (43).

A medida da adesão do paciente à terapêutica medicamentosa pode ser realizada de

forma direta ou indireta, com vantagens e limitações específicas. O uso de questionários de

auto-relato destaca-se pela sua efetividade, baixo custo, conveniência e fácil reprodução.

A Escala de Adesão Medicamentosa de Morisky foi desenvolvida inicialmente para

estudar a adesão medicamentosa em indivíduos hipertensos (44) e, posteriormente, o seu uso

foi ampliado para qualquer medicamento. A literatura atual apresenta a aplicação deste

instrumento para diversas afecções, principalmente em portadores de HIV/AIDS (45,46) e

doenças crônicas (47), como o Diabetes Mellitus (48) e a Hipertensão Arterial (49,50). A

adaptação cultural do instrumento no Brasil foi feita por Ferreira e Gallani (51) em indivíduos

com insuficiência cardíaca.

A utilização dessa escala é amplamente observada em estudos internacionais e tem

demonstrado valores estatísticos satisfatórios quando aplicada com outros instrumentos de

avaliação da adesão medicamentosa (50).

Porém, ressalta-se que o seu propósito não é medir a adesão medicamentosa, mas

avaliar o comportamento do paciente em relação ao uso de medicamentos, por meio da

medida das razões da não-adesão (43,44).

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44

Em estudo realizado por Shalansky et al. (52), em sujeitos portadores de cardiopatias,

o instrumento de Morisky não apresentou alta sensibilidade para identificar pacientes que não

cumpriam a terapêutica medicamentosa. No entanto, a escala mostrou-se preditor

independente da não-adesão. Os autores sugerem o aumento do número de questões e o

oferecimento de maiores possibilidades de resposta.

Gagné e Godin (43), entretanto, apontam que diversos fatores podem afetar o

levantamento da adesão auto-relatada, dos quais destacam o esquecimento e a

desejabilidade social. Para esses autores, o esquecimento é um erro não deliberado e ocorre

quando o respondente não se recorda de um evento ou comportamento. Para superar este

fator os autores recomendam algumas técnicas para estimular a recordação, como: emprego

de palavras familiares, sem múltiplos sentidos e que envolvam uma única idéia; uso de

ferramentas que auxiliam a recuperação da memória; e utilização como referência de um

período de tempo específico (última semana, último mês, entre outros).

A desejabilidade social é entendida por Fowler (53) como a tendência do sujeito em

oferecer a resposta conforme a aceitação social. Trata-se de um erro deliberado,

caracterizado pela relutância em assumir eventos ou ações negativas próprias, o que conduz

o indivíduo a distorcer a resposta e apresentá-la de acordo com o que é aceito socialmente.

Para minimizar a influência deste fator o autor sugere: 1. assegurar a confidencialidade das

respostas; 2. esclarecer de forma clara a importância de oferecer respostas sinceras; e, 3.

reduzir, sempre que possível, a participação de um entrevistador no processo de coleta de

dados.

Apesar das limitações existentes, os métodos de avaliação indireta da adesão à

terapêutica medicamentosa revelam-se úteis para a prática clínica. Dentre eles, a Escala de

Morisky merece destaque por ser amplamente difundida e de fácil aplicação.

Frente ao exposto e assumindo o pressuposto que a adesão medicamentosa é

influenciada predominantemente pela qualidade de vida relacionada à função visual dos

idosos com retinopatia, que por sua vez está associada à visão destes sujeitos, o presente

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45

estudo busca analisar em que medida a qualidade de vida relacionada à função visual

influencia a adesão medicamentosa em idosos portadores de retinopatia diabética.

A elevada prevalência da retinopatia diabética na população idosa, associada ao

impacto de suas complicações no dia-a-dia destes sujeitos, bem como a relevância do uso

correto dos medicamentos, especialmente os antidiabéticos e anti-hipertensivos, remete à

demanda de intervenções na prática educativa, com vistas à prevenção ou controle da doença

e, conseqüentemente, ao melhor prognóstico visual.

Espera-se, por meio deste estudo, obter resultados que permitam instrumentalizar o

enfermeiro nas ações educativas aos idosos diabéticos, particularmente nos aspectos

relacionados à adesão medicamentosa, na compreensão da evolução da retinopatia, do

prognóstico visual e das implicações da queda da visão na qualidade de vida.

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OBJETIVOS II

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49

2.1 Geral

Analisar a relação entre qualidade de vida relacionada à função visual e adesão à

terapêutica medicamentosa específica em idosos com retinopatia diabética.

2.2 Específicos

• Avaliar a qualidade de vida relacionada à função visual dos idosos;

• Caracterizar a adesão à terapêutica medicamentosa específica dos idosos;

• Identificar os fatores relacionados à adesão à terapêutica medicamentosa;

• Analisar o efeito preditor da qualidade de vida relacionada à função visual na adesão

medicamentosa e o efeito moderador/de interação da acuidade visual nesta

associação.

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51

MATERIAL E MÉTODO III

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53

3.1 Delineamento do Estudo

Trata-se de uma pesquisa transversal descritiva/exploratória, do tipo correlacional (54).

3.2 Local

O estudo teve como campo de pesquisa o Ambulatório de Oftalmologia, no setor de

Retina e Vítreo, de um Hospital Universitário no interior do Estado de São Paulo. Os pacientes

atendidos nesta unidade são provenientes, em sua maioria, de Ambulatórios de

Especialidades das cidades da região e de outros setores da própria instituição.

3.3 População e Amostra

Os sujeitos da pesquisa compreendem idosos com diagnóstico de retinopatia diabética

acompanhados no ambulatório selecionado. Foram considerados idosos os indivíduos com

idade igual ou superior a 60 anos, conforme estabelece a Política Nacional do Idoso (55), no

Art. 1°, do Capítulo I.

Os critérios de inclusão consistiram-se em: 1. demonstrar capacidade de compreensão

e de comunicação verbal; e 2. fazer uso contínuo de medicamentos anti-hipertensivos e/ou

antidiabéticos orais/insulina.

Não participaram da pesquisa os idosos que apresentaram pelo menos uma das

seguintes condições: 1. impossibilidade de responder verbalmente os formulários da

entrevista; 2. apresentar outra afecção ocular responsável pela baixa visão, como glaucoma,

doenças oculares congênitas, opacidade de meios que determine baixa visão; e, 3. cirurgias

oculares no período inferior a 30 dias da coleta de dados. A exclusão dos sujeitos no período

pós-operatório mediato relaciona-se a possível motivação destes para o uso correto das

medicações prescritas, tendo em vista a recuperação cirúrgica (37).

Utilizou-se como definição para baixa visão a acuidade visual menor ou igual a 20/60

no melhor olho, com correção óptica se fizer uso, conforme estabelece a Organização Mundial

da Saúde (56).

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54

A inserção de pacientes no estudo seguiu o critério de conveniência, ou seja, foram

incluídos consecutivamente todos os sujeitos que apresentaram todos os critérios de inclusão

e nenhum de exclusão.

O tamanho da amostra foi estimado considerando-se a natureza da pesquisa e a

extensão dos instrumentos de coleta de dados. A partir das variáveis preditoras (tipo da

retinopatia diabética, acuidade visual para perto e para longe, qualidade de vida relacionada à

função visual e os fatores relacionados à adesão – Escala de Morisky para antidiabéticos

orais/insulina e para anti-hipertensivos), determinou-se o valor de oito sujeitos por variável

com acréscimo de 50 sujeitos a esse valor (57). Dessa forma, definiu-se preliminarmente um

tamanho amostral mínimo de 98 sujeitos.

Durante o período estabelecido para a coleta de dados, foram atendidos 560 pacientes

no ambulatório selecionado, no Setor de Retina e Vítreo. Destes, 423 tinham idade igual ou

superior a 60 anos, sendo 171 residentes na Região Metropolitana de Campinas; o restante

era proveniente de outros municípios dos Estados de São Paulo e Minas Gerais. A maior

parte dos idosos era portadora de outras afecções retinianas ou apresentava uma associação

de doenças oculares, como catarata, glaucoma, doença macular relacionada à idade. Estas

condições determinaram a exclusão destes sujeitos da pesquisa.

3.4 Coleta de Dados

Os dados foram obtidos nas datas do atendimento oftalmológico dos pacientes, por

meio de entrevista individual estruturada realizada pela pesquisadora, no período que

antecedeu este atendimento.

Foram utilizados os seguintes instrumentos: 1. Caracterização dos Sujeitos (Apêndice

2); 2. National Eye Institute Visual Function Questionnaire – NEI VFQ-25 (Anexo 1); 3. Versão

Brasileira da Escala de Adesão Medicamentosa de Morisky (Anexo 2); e, 4. Identificação da

Adesão Medicamentosa (Anexo 3), descritos a seguir.

No instrumento “Caracterização dos Sujeitos”, os dados da avaliação oftalmológica

foram obtidos dos registros nos prontuários dos pacientes, após a avaliação oftalmológica

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55

realizada na data da entrevista. As demais informações foram registradas por meio de

entrevista. A aplicação do NEI VFQ-25, da Escala de Morisky e da Identificação da Adesão

Medicamentosa foi feita de forma alternada para evitar possível influência das respostas de

um instrumento no subseqüente.

Na véspera do atendimento oftalmológico a pesquisadora solicitou por contato

telefônico aos pacientes, “potencialmente candidatos” a participar da pesquisa, que

apresentassem no momento da entrevista a(s) receita(s) médica(s) dos medicamentos em

uso contínuo, acompanhada dos frascos ou cartelas das respectivas drágeas/comprimidos.

Esta medida permite garantir a identificação de todos os medicamentos prescritos, bem como

a forma indicada no receituário para a sua utilização. O contato telefônico previamente a

entrevista tem se mostrado efetivo, conforme é verificado em estudos com idosos (58-60).

Ressalta-se que nessa chamada telefônica não foi fornecida nenhuma informação sobre a

pesquisa, tampouco sobre a adesão aos medicamentos.

Na data da entrevista, os pacientes foram esclarecidos que o contato telefônico e a

apresentação dos medicamentos não condicionavam a participação dos mesmos na

pesquisa.

O contato telefônico feito na véspera da entrevista ocorreu, em sua maioria, com o

próprio idoso (n=53; 53%), seguido pelo filho ou filha (n=18; 18%) e cônjuge (n=15; 15%),

Durante a abordagem, apenas três idosos disseram não se recordar da consulta.

Os dados foram coletados no período de fevereiro a dezembro de 2008. Foram

entrevistados 100 sujeitos.

3.5 Instrumentos de Coleta de Dados

3.5.1 Caracterização dos Sujeitos (Apêndice 2)

Esse instrumento é composto por quatro partes: I. Identificação: iniciais e data de

nascimento dos pacientes; II. Perfil Sociodemográfico: dados relativos a gênero, estado civil,

escolaridade, situação de trabalho, arranjo familiar, acompanhante e renda familiar; III.

Caracterização Clínica Auto-relatada: informações sobre as condições clínicas associadas; IV.

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56

Avaliação Oftalmológica: classificação e tempo de diagnóstico da retinopatia diabética,

acuidade visual para longe e para perto, com correção óptica se fizesse uso.

A avaliação da acuidade visual (AV), no serviço ambulatorial selecionado para o

presente estudo, é realizada rotineiramente por médicos oftalmologistas por meio da Tabela

Optométrica de Snellen (para longe) e pela carta de Jaeger (para perto). Em todos os

pacientes que utilizavam correção óptica, a medida da AV foi efetuada com a respectiva

correção.

Para facilitar a análise, os pacientes foram agrupados segundo a AV para longe e para

perto.

No agrupamento dos idosos conforme a AV para longe (Grupos I, II, III e IV) foi

utilizada a classificação da Organização Mundial da Saúde (56), com pequenas adaptações

para esta pesquisa. A estratificação em quatro grupos corresponde aos níveis de AV e à

classificação da visão. No Grupo I foram alocados os sujeitos com Visão Normal ou Próxima

do Normal e no Grupo IV os sujeitos com Visão Próxima à Cegueira ou Cegueira. Os Grupos

intermediários compreendem alterações intermediárias da visão (Quadro 1).

Quadro 1 – Estratificação dos níveis de Acuidade Visual “para longe” e classificação da visão.

Grupo Avaliação da AV * Classificação da visão

I AV ≥ 20/60 Visão Normal ou Próxima do Normal

II 20/60 > AV > 20/200 Baixa Visão Moderada

III AV entre 20/200 (inclusive) e CD** na distância entre 3 metros e 1 metro Baixa Visão Grave / Profunda

IV CD na distância < 1 metro até SPL*** Visão Próxima à Cegueira ou Cegueira

* AV: Acuidade Visual medida na Tabela Optométrica de Snellen. Variação entre 20/20 (melhor visão) e

20/200 (pior visão). ** CD: Conta Dedos. A visão é tão ruim que não permite identificar optotipos de maior tamanho (20/200) na

Tabela de Snellen. O paciente consegue, entretanto, contar dedos do examinador em distâncias variadas. *** SPL: Sem Percepção Luminosa. O paciente não percebe nenhum estímulo luminoso em qualquer

distância.

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57

Para o agrupamento dos idosos de acordo com a AV para perto (Grupos A, B e C) foi

empregada a classificação proposta por Javitt et al. (61) e Katina et al. (22), com pequena

adaptação para esta pesquisa. De forma semelhante, o Grupo A reúne indivíduos com Visão

Normal ou Próxima do Normal, o Grupo B congrega os sujeitos com Baixa Visão e o Grupo C

corresponde à Cegueira (Quadro 2).

Quadro 2 – Estratificação dos níveis de Acuidade Visual “para perto” e classificação da visão.

Grupo Avaliação da AV * Classificação da visão

A AV ≥ J3** Visão Normal ou Próxima do Normal

B J3 > AV ≥ J6 Baixa Visão

C AV < J6*** Cegueira

* AV: Acuidade Visual medida na Carta de Jaeger. ** J: Unidade de medida da Carta de Jaeger. Variação entre J1 (melhor visão) e J6 (pior visão). *** AV < J6: O paciente não consegue identificar nem a maior linha da Carta de Jaeger (J6).

3.5.2 Medida da Qualidade de Vida Relacionada à Fun ção Visual (Anexo 1)

Para a avaliação desse constructo, foi utilizado o National Eye Institute Vision Function

Questionnaire – NEI VFQ-25, questionário composto por 25 itens reunidos em 12 domínios ou

subescalas, sendo que para alguns itens há cinco possibilidades de respostas, e para outros

são oferecidas seis possibilidades (31). Os domínios ou subescalas são: Saúde Geral

(Questão 1); Visão Geral (Questão 2); Visão de Perto (Questões 5, 6 e 7); Visão de Longe

(Questões 8, 9 e 14); Dirigir Automóvel (Questão 15, itens a, b e c; questões 16 e 16a); Visão

Periférica (Questão 10); Visão de Cores (Questão 12); Dor Ocular (Questões 4 e 19);

Aspectos Sociais (Questões 11 e 13); Dependência (Questões 20, 23 e 24); Saúde Mental (3,

21, 22 e 25); e, Limitações na Vida Diária (17 e 18). A pontuação dos escores do instrumento

é obtida pela recodificação dos valores numéricos originais, na qual se obtém uma escala de

zero a 100, sendo zero a pior e 100 a melhor qualidade de vida (Anexo 4). Os itens de cada

subescala são agrupados para a criação de escores individuais dos 12 domínios. Para o

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58

cálculo combinado da pontuação final é considerada a média dos escores das subescalas,

com peso de mesmo valor para cada uma delas.

O NEI VFQ-25 foi traduzido e adaptado para a cultura brasileira por Fonseca (33), em

idosos com baixa visão. No presente estudo, o valor da consistência interna do instrumento,

avaliado pelo Alfa de Cronbach, foi 0,95, desconsiderando sete itens que apresentaram alta

freqüência de dados perdidos (acima de 10%).

3.5.3 Versão Brasileira da Escala de Adesão Medicam entosa de Morisky (Anexo

2)

Instrumento confiável e de fácil aplicação, constituído de quatro perguntas relativas

aos fatores relacionados à não-adesão ao tratamento medicamentoso. As questões referem-

se a: esquecimento, descuido, interrupção do uso do medicamento pela percepção de

melhora, e interrupção da terapia pela percepção de piora do quadro clínico (44). A adaptação

do instrumento para a cultura brasileira foi feita por Ferreira e Gallani (51). A escala foi

inicialmente concebida com possibilidades dicotômicas para as respostas (sim – não). Na

versão utilizada para o presente estudo, as respostas aos itens são estruturadas em escalas

tipo-Likert, como quatro ou cinco opções em cada item, conforme proposto por Curcio et al.

(63), com o objetivo de aumentar a acurácia do instrumento. A soma dos escores dos quatro

itens gera uma pontuação que varia de quatro a 18, ou seja, quanto menor o escore, maior a

favorabilidade de adesão ao tratamento. Para os sujeitos que utilizavam de forma contínua

anti-hipertensivos e antidiabéticos orais/insulina, a Escala de Morisky foi aplicada

separadamente para cada grupo de medicamentos. A consistência interna do instrumento,

avaliada pelo Alfa de Cronbach, foi 0,40 para os anti-hipertensivos e 0,41para os

antidiabéticos orais/insulina.

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3.5.4 Medida da Adesão Medicamentosa (Anexo 3)

Foi considerada segundo dois critérios: proporção de adesão e avaliação global da

adesão.

Proporção de adesão: avaliada por meio de instrumento composto por quatro quadros que

compreendem: 1. Descrição do nome, dosagem e posologia de todos os fármacos prescritos;

2. Descrição da forma de utilização de cada fármaco prescrito, segundo dose e posologia, nas

24 horas anteriores à entrevista; 3. Descrição da utilização dos mesmos na semana anterior à

entrevista; e, 4. Descrição da utilização no mês anterior. Os quadros 2 e 3, referentes ao uso

dos fármacos na véspera e semana anterior, respectivamente, visam obter do paciente

respostas mais acuradas por meio da minimização do viés da memória (64). A adesão é

calculada a partir das doses omitidas do mês anterior, declaradas pelo próprio paciente,

mediante o seguinte cálculo: [(doses prescritas – doses perdidas) x 100 / doses prescritas]

(65). Para efeito de cálculo, os sujeitos que faziam uso da dose superior à prescrita tiveram

seus valores de adesão convertidos para os índices correspondentes, inferiores a 100%.

Dessa forma, um idoso com 120% de adesão, na medida em que ultrapassou em 20% a

completa adesão, corresponderia a um valor de 80% de adesão (embora as crenças e

atitudes que explicariam uma adesão de 120% ao tratamento possam não ser as mesmas que

explicariam 80%. Além disso, o uso da medicação além do prescrito implica em não-adesão)

(66). Para os sujeitos que faziam uso de mais de um medicamento, a proporção final da

adesão foi calculada pela média das porcentagens de adesão de cada fármaco. A proporção

de adesão foi tratada como variável contínua (considerando-se a média da proporção do uso

de todos os medicamentos prescritos), e como variável categórica: dose adequada (quando a

dose utilizada era igual ou superior a 80% da dosagem prescrita) e dose insuficiente (quando

a dose utilizada não atingia 80% da dosagem prescrita).

Avaliação global da adesão: além da proporção do uso de medicamentos também foi

avaliada a sua posologia, ou seja, o número e freqüência dos medicamentos ingeridos e sua

associação com marcadores temporais: jejum, café da manhã, almoço e jantar. Assim, para

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avaliação global da adesão, os pacientes foram classificados em quatro grupos (I, II, III e IV)

(Quadro 3).

Quadro 3 – Classificação dos idosos conforme a adesão global à terapêutica medicamentosa.

Grupo I Grupo II Grupo III Grupo IV

Dose e cuidados adequados à prescrição

Dose adequada e cuidados inadequados

Dose insuficiente e cuidados adequados

Dose e cuidados inadequados

3.6 Análise dos Dados

Os dados obtidos foram inseridos inicialmente em uma planilha de dados do Excel for

Windows (versão 2000) e, posteriormente, transferidos para o programa SPSS (versão 15.0

for Windows) para as seguintes análises:

• Descritiva: Para descrever o perfil da amostra segundo as variáveis em estudo, foram

confeccionadas tabelas de freqüência das variáveis categóricas, com valores de

freqüência absoluta e percentual, e estatísticas descritivas das variáveis contínuas,

com medidas de posição e dispersão (média, mediana, desvio-padrão, valores

mínimos e máximos);

• De comparação: para comparar a freqüência das variáveis categóricas entre os grupos

foi empregado o teste do Qui-Quadrado (χ2) ou, quando necessário, o teste Exato de

Fisher. Para comparar as variáveis numéricas entre os grupos foram utilizados os

testes de Mann-Whitney (2 grupos) e de Kruskal-Wallis (3 ou mais grupos). A análise

da relação entre as variáveis numéricas foi obtida pelo cálculo do coeficiente de

correlação de Spearman;

• De relação conjunta: para estudar os fatores associados à adesão medicamentosa foi

utilizada a análise de regressão logística, modelos univariado e multivariado, com

critério Stepwise de seleção de variáveis.

O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi de 5%.

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61

3.7 Aspectos Éticos

O Projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências

Médicas da Unicamp, Parecer nº777/2007 (Anexo 5). Todos os pacientes arrolados assinaram

o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (Apêndice 1), conforme Resolução

196/96 do Conselho Nacional de Saúde, quando foram orientados sobre o anonimato e a

liberdade em desistir a qualquer momento da pesquisa.

Para os sujeitos com baixa visão e dificuldade para assinar o TCLE, a pesquisadora

fez a leitura do documento e solicitou a assinatura de uma testemunha, mediante o

consentimento verbal destes sujeitos.

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63

RESULTADOS IV

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65

PUBLICAÇÕES:

ARTIGO 1 – FATORES QUE INTERFEREM NA ADESÃO MEDICAMENTOSA EM

IDOSOS COM RETINOPATIA DIABÉTICA E SUA RELAÇÃO COM QUALIDADE DE

VIDA.

ARTIGO 2 – INFLUÊNCIA DA VISÃO E DA QUALIDADE DE VIDA NA ADESÃO

MEDICAMENTOSA EM IDOSOS COM RETINOPATIA DIABÉTICA.

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ARTIGO 1

(a ser submetido ao periódico Journal of Clinical Nursing )

FATORES QUE INTERFEREM NA ADESÃO MEDICAMENTOSA EM IDOSOS COM

RETINOPATIA DIABETICA E SUA RELAÇAO COM QUALIDADE DE VIDA1

Fernanda Freire Jannuzzi2

Fernanda Aparecida Cintra3

Maria Cecília Bueno Jayme Gallani4

RESUMO

Introdução: A tendência para a não-adesão à terapêutica representa risco para a saúde e

pode ter implicações na qualidade de vida. Entre os idosos portadores de Retinopatia

Diabética, esta problemática repercute na evolução da doença e no prognóstico visual.

Objetivo: Analisar os fatores que interferem na adesão à terapêutica medicamentosa e sua

relação com a qualidade de vida em idosos com retinopatia diabética.

Método: Foram entrevistados 100 idosos entre 60 e 80 anos, portadores de retinopatia

diabética em seguimento ambulatorial, em uso de antidiabéticos orais/insulina e anti-

hipertensivos. A adesão foi avaliada por meio da proporção de adesão e de sua associação

com cuidados para o uso dos medicamentos. Foram empregadas as versões brasileiras da

Escala de Adesão Medicamentosa de Morisky e do National Eye Institute Visual Function

Questionnaire – NEI VFQ-25, para avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde

(QVRS). Os dados foram submetidos às análises descritiva, de comparação e de relação

conjunta. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição.

Resultados: A maioria dos idosos (58%) referiu ter utilizado 80% ou mais da dose de

medicamentos prescrita e ter seguido os cuidados necessários na tomada dos medicamentos,

sendo classificados como “Aderentes”. A análise de regressão linear multivariada demonstrou

que o item “interromper o uso da medicação por sentir-se pior” da Escala de Morisky explicou

12.8% e 13.5% da variabilidade da proporção de adesão aos medicamentos anti-hipertensivos

e antidiabéticos orais/insulina, respectivamente. A proporção de adesão foi correlacionada

positivamente com a renda mensal somente para o uso de medicamentos antidiabéticos

orais/insulina. A QVRS (NEI VFQ-25) e a pontuação na Escala de Morisky influenciaram a

1 Artigo extraído da Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da UNICAMP, Campinas, São Paulo. 2 Enfermeira. Pós-graduanda em Enfermagem, nível Mestrado. 3 Enfermeira. Professor Associado, Departamento de Enfermagem, FCM, UNICAMP. 4 Enfermeira. Professor Livre-Docente, Departamento de Enfermagem, FCM, UNICAMP.

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adesão medicamentosa: indivíduos com menor pontuação no NEI VFQ-25 e maior escore na

Escala de Morisky apresentaram maior chance de serem não-aderentes.

Conclusão: A adesão medicamentosa dos idosos com retinopatia diabética é influenciada pela

renda mensal, número de medicamentos em uso, interrupção dos fármacos por sentir-se pior

e pela percepção da qualidade de vida relacionada à função visual. Estratégias de intervenção

nestes fatores poderão contribuir para a efetivação da adesão, com atenção especial às

individualidades e às características intrínsecas ao envelhecimento.

INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

O envelhecimento populacional é uma característica mundial vinculada à redução no

número de crianças e jovens, bem como ao aumento na proporção de indivíduos com 60 anos

ou mais (1). No Brasil este fenômeno acompanha a tendência internacional, impulsionado pela

queda da taxa de natalidade e avanços da biotecnologia.

A manifestação de doenças tende a desencadear ou acentuar a dependência

freqüentemente já instalada no processo de envelhecimento. A queda na acuidade visual (AV)

na velhice contribui de forma expressiva para acentuar essa dependência, pelas mudanças

relacionadas aos aspectos sociais e psicológicos, perda gradual da autonomia, do

autocuidado e da qualidade de vida (2). Algumas afecções oculares responsáveis pela queda

da visão, muitas vezes irreversível, destacam-se pela evolução progressiva, cronicidade e

pelo prognóstico visual. As de maior prevalência na população idosa são: glaucoma,

degeneração macular e retinopatia diabética (RD) (3).

A RD constitui uma das mais incapacitantes complicações microangiopáticas nos

pacientes com Diabetes Mellitus (DM) (4-6), e é dividida em duas fases: não proliferativa e

proliferativa. A Retinopatia Diabética Não Proliferativa (RDNP) caracteriza-se por alterações

intra-retinianas associadas ao aumento da permeabilidade capilar e, ocasionalmente, à

oclusão vascular. Esta evolução clínica é esperada em quase todos os pacientes com

aproximadamente 25 anos de DM (7,8). Na progressão da RDNP observa-se a formação de

neovasos na interface vítrea da retina, o que compreende a fase proliferativa denominada

Retinopatia Diabética Proliferativa (RDP) (8,9).

Os fatores de risco da RD relacionam-se fundamentalmente à hiperglicemia e à

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) (10-12). Nos idosos estes fatores apontam para a

importância do uso regular da terapêutica medicamentosa para o controle da glicemia e dos

níveis pressóricos, com vistas a prevenir a manifestação da doença ou a sua evolução.

Estudo recente aponta que o tratamento anti-hipertensivo de pacientes com RD esteve

associado com 34% de aumento da regressão da retinopatia (11).

Entretanto, na literatura e na clínica observa-se na população idosa uma tendência

para a não-adesão à terapêutica. Para os idosos, que comumente apresentam uma

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associação de comorbidades, ficando, portanto, sujeitos ao “multiuso de medicamentos”, a

não-adesão à terapêutica medicamentosa representa risco para a saúde, por resultar no

controle inadequado das doenças o qual, por sua vez, pode afetar a qualidade de vida desses

indivíduos. Numa perspectiva econômica, a não-adesão também pode implicar em gastos

adicionais em hospitalização e uso de uma terapia medicamentosa ainda mais extensa (13).

As doenças crônicas e inicialmente assintomáticas são aquelas com maior propensão

a não-adesão medicamentosa (14). Isso remete à problemática dos idosos com RD cujo

diagnóstico muitas vezes é realizado nas fases avançadas da doença, pela ausência de sinais

e sintomas relacionados à visão.

Entre os portadores de RD, esta problemática tem implicações na evolução da doença

e no seu prognóstico, que poderá levar à cegueira. Nestes pacientes, a falta de adesão

medicamentosa resulta no controle inadequado da glicemia e da HAS, na progressão das

complicações retinianas e piora da AV que, por sua vez, acomete a qualidade de vida desses

sujeitos.

A qualidade de vida tem sido um conceito bastante estudado na população idosa.

Estudos epidemiológicos e clínicos têm buscado reconhecer a percepção do estado de saúde

e da QV dos idosos, bem como o impacto da sua doença e de seu respectivo tratamento (15).

Instrumentos genéricos e específicos têm sido utilizados para avaliar qualidade de vida

relacionada à saúde (QVRS) entre idosos, porém pouco há relatado sobre avaliação da

qualidade de vida relacionada à função visual (16-19).

Na área oftalmológica, o “National Eye Institute Visual Function Questionnaire” (NEI

VFQ-25) tem grande aplicabilidade e relevância na prática clínica para a avaliação da QVRS,

além de demonstrar propriedades psicométricas satisfatórias em diversos estudos

internacionais (20,21).

O NEI VFQ-25 mede a influência da visão nas múltiplas dimensões da QVRS, bem

como o bem-estar emocional e o funcionamento social, podendo ser aplicado em diversas

condições oculares crônicas (22). A adaptação cultural no Brasil foi realizada por Fonseca, na

qual se obteve elevados valores de consistência interna, com alfa de Cronbach igual a 0.86 e

0.91 sem e com o Apêndice Opcional, respectivamente (21).

Assim, assumindo o pressuposto de que a adesão medicamentosa nos idosos com RD

é influenciada pelas condições sociodemográficas, baixa AV e ainda pela QV, este estudo tem

como objetivo analisar a correlação/associação entre a adesão medicamentosa e as variáveis

sociodemográficas/clínicas e QV de idosos com RD. Em particular, o estudo pretende avaliar:

1. A adesão à terapêutica medicamentosa específica dos idosos (antidiabéticos orais/insulina

e anti-hipertensivos); 2. A QV relacionada à função visual destes idosos; e 3. A relação entre a

adesão medicamentosa e as variáveis sociodemográficas/clínicas e QV relacionada à função

visual.

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MÉTODO

Pesquisa transversal descritiva/exploratória, do tipo correlacional (23) realizada no

Ambulatório de Oftalmologia de um hospital universitário no interior do Estado de São Paulo,

Brasil.

Participaram do estudo 100 idosos com diagnóstico de retinopatia diabética

acompanhados no ambulatório selecionado e que atendiam aos critérios de inclusão: 1.

demonstrar capacidade de compreensão e de comunicação verbal; e, 2. fazer uso contínuo de

medicamentos anti-hipertensivos e/ou antidiabéticos orais/insulina. Os idosos foram incluídos

consecutivamente no estudo desde que apresentassem todos os critérios de inclusão e

nenhum dos de exclusão: 1. apresentar outra afecção ocular responsável pela baixa visão,

como glaucoma, doenças oculares congênitas, opacidade de meios que determine baixa

visão; e, 2. cirurgias oculares no período inferior a 30 dias da coleta de dados. A exclusão dos

sujeitos no período pós-operatório relaciona-se a possível motivação destes para o uso

correto das medicações prescritas, visando à recuperação cirúrgica (24).

O tamanho da amostra foi estimado considerando-se a natureza da pesquisa e a

extensão dos instrumentos de coleta de dados. A partir das variáveis preditoras (acuidade

visual para perto e para longe, qualidade de vida relacionada à função visual e os fatores

relacionados à adesão – Escala de Morisky para antidiabéticos orais/insulina e para anti-

hipertensivos e tipo da retinopatia diabética), determinou-se o valor de oito sujeitos por

variável com acréscimo de 50 sujeitos a esse valor (25).

Coleta de Dados

Os dados foram obtidos entre fevereiro e dezembro de 2008, por meio de entrevista

individual estruturada realizada por uma das autoras, no período que antecedeu o

atendimento oftalmológico dos pacientes.

Foram utilizados os seguintes instrumentos: 1. Caracterização dos Sujeitos; 2. National

Eye Institute Visual Function Questionnaire – NEI VFQ-25; 3. Versão Brasileira da Escala de

Adesão Medicamentosa de Morisky; e, 4. Identificação da Adesão Medicamentosa.

No instrumento “Caracterização dos Sujeitos”, os dados da avaliação oftalmológica

foram obtidos dos prontuários dos pacientes, após a avaliação oftalmológica realizada na data

da entrevista. As demais informações foram registradas por meio de entrevista. A aplicação

do NEI VFQ-25, da Escala de Morisky e da Identificação da Adesão Medicamentosa foi

realizada de forma alternada para evitar possível influência das respostas de um instrumento

no subseqüente.

Na véspera do atendimento oftalmológico era solicitado por contato telefônico aos

pacientes, potencialmente elegíveis para a pesquisa, que trouxessem na data prevista para o

atendimento oftalmológico a(s) receita(s) médica(s) dos medicamentos em uso contínuo,

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acompanhada dos frascos ou cartelas das respectivas drágeas/comprimidos. Esta medida

permitiu garantir a identificação de todos os medicamentos prescritos, bem como a forma

indicada no receituário para a sua utilização (26-28).

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição. Todos os

sujeitos arrolados assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, após

esclarecimento sobre a garantia do anonimato e a liberdade para desistência em qualquer

momento.

Instrumentos

Caracterização dos Sujeitos, composto por quatro partes: I. Identificação; II. Perfil

sociodemográfico (gênero, estado civil, escolaridade, situação de trabalho, arranjo familiar,

acompanhante e renda familiar mensal); III. Caracterização clínica auto-relatada; IV. Avaliação

oftalmológica: classificação e tempo de diagnóstico da RD, acuidade visual (AV) para longe

(Tabela Optométrica de Snellen) e para perto (Tabela de Jaeger), com correção óptica se os

pacientes fizessem uso.

Os idosos foram agrupados conforme a AV para longe (Grupos I, II, III e IV), de acordo

com a classificação da Organização Mundial da Saúde (29). Para classificar a AV para perto

foram criados os grupos A, B e C (30,31). Em ambas as classificações foram efetuadas

pequenas adaptações para esta pesquisa (Quadro 1).

(QUADRO 1)

National Eye Institute Vision Function Questionnair e (NEI VFQ-25), instrumento

específico de avaliação da Qualidade de Vida Relacionada à Função Visual (QVRFV), versão

brasileira culturalmente adaptada por Fonseca (21). É composto por 25 itens reunidos em 12

domínios ou subescalas: Saúde Geral; Visão Geral; Visão de Perto; Visão de Longe; Dirigir

Automóvel; Visão Periférica; Visão de Cores; Dor Ocular; Aspectos Sociais; Dependência;

Saúde Mental; e, Limitações na Vida Diária. O escore total e de cada domínio do instrumento

varia numa escala de zero a 100, sendo zero a pior e 100 a melhor qualidade de vida (22).

Versão Brasileira da Escala de Adesão Medicamentosa de Morisky, constituída de

quatro perguntas relativas a: esquecimento, descuido, interrupção do uso do medicamento

pela percepção de melhora e interrupção da terapia pela percepção de piora do quadro clínico (32,33). Na versão utilizada, as respostas aos itens são estruturadas em escalas tipo-Likert, com

quatro a cinco opções em cada item (34), cuja soma gera uma pontuação que varia de quatro a

18: quanto menor o escore, maior a favorabilidade de adesão ao tratamento. Para os sujeitos

que utilizavam de forma contínua anti-hipertensivos e antidiabéticos orais/insulina, a Escala de

Morisky foi aplicada separadamente para cada grupo de medicamentos. A consistência

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interna do instrumento, avaliada pelo Alfa de Cronbach, foi 0,40 para os medicamentos anti-

hipertensivos e 0,41 para os antidiabéticos orais/insulina.

Medida da Adesão Medicamentosa , avaliada segundo dois critérios: proporção de

adesão e avaliação global da adesão.

Proporção de adesão: avaliada por meio de instrumento composto por quatro quadros que

compreendem: 1. Descrição do nome, dosagem e posologia de todos os fármacos prescritos;

2. Descrição da forma de utilização de cada fármaco prescrito, segundo dose e posologia, nas

24 horas anteriores à entrevista; 3. Descrição da utilização dos mesmos na semana anterior à

entrevista; e, 4. Descrição da utilização no mês anterior. Os quadros 2 e 3, referentes ao uso

dos fármacos na véspera e semana anterior, respectivamente, visam obter respostas mais

acuradas por meio da minimização do viés da memória (35). A adesão é calculada a partir das

doses omitidas no mês anterior, declaradas pelo próprio paciente, mediante o seguinte

cálculo: [(doses prescritas – doses perdidas) x 100 / doses prescritas] (36). Para efeito de

cálculo, os sujeitos que faziam uso da dose superior à prescrita tiveram seus valores de

adesão convertidos para os índices correspondentes, inferiores a 100%. Dessa forma, um

idoso com 120% de adesão, na medida em que ultrapassou em 20% a completa adesão,

corresponderia a um valor de 80% de adesão (embora as crenças e atitudes que explicariam

uma adesão de 120% ao tratamento possam não ser as mesmas que explicariam 80%. Além

disso, o uso da medicação além do prescrito implica em não-adesão) (37). Para os sujeitos que

faziam uso de mais de um medicamento, a proporção final da adesão foi calculada pela média

das porcentagens de adesão de cada fármaco. A proporção de adesão foi tratada como

variável contínua (considerando-se a média da proporção do uso de todos os medicamentos

prescritos), e como variável categórica: dose adequada (quando a dose utilizada era igual ou

superior a 80% da dosagem prescrita) e dose insuficiente (quando a dose utilizada não atingia

80% da dosagem prescrita).

Avaliação global da adesão: além da proporção do uso dos medicamentos também foi

avaliada a sua posologia, ou seja, o número de medicamentos ingeridos e sua associação

com marcadores temporais: jejum, café da manhã, almoço e jantar. Assim, para avaliação

global da adesão, os pacientes foram classificados em quatro grupos (I, II, III e IV) (Quadro 2).

(QUADRO 2)

Análise Estatística

Os dados obtidos foram inseridos em planilha do Excel for Windows (versão 2000) e

transferidos para o programa SPSS (versão 15.0 for Windows).

Após a análise descritiva, verificou-se que as variáveis de interesse apresentavam

distribuição não-normal. Assim, análises inferenciais foram realizadas empregando-se os

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seguintes métodos não-paramétricos: análise de comparação (teste Qui-Quadrado ou Exato

de Fisher, Mann-Whitney, Kruskal-Wallis e coeficiente de correlação de Spearman) e de

relação conjunta (análise de regressão logística, modelos univariado e multivariado, com

critério Stepwise de seleção de variáveis). O nível de significância adotado para os testes

estatísticos foi 5%.

RESULTADOS

As características sociodemográficas e clínicas dos 100 sujeitos estão resumidas na

Tabela 1. Predominou o sexo feminino (62%), idade média de 69,5 (±7,1) anos, média de

escolaridade 4,0 anos de estudo (±3,0), profissionalmente inativos (64%). O rendimento

familiar mensal médio foi US$ 398,3 (±234,5).

Todos os pacientes tinham diagnóstico de Diabetes Mellitus (100%) e 85% de

Hipertensão Arterial Sistêmica, sendo relatado número médio de comorbidades 3,2 (±1,4). Os

pacientes faziam, em média, uso diário de 5,2 medicamentos (±2,3). Do total de fármacos em

uso pelos sujeitos, em média 3,3 (±1,5) fármacos eram destinados ao tratamento de

Hipertensão Arterial Sistêmica e/ou Diabetes Mellitus.

Considerando a estratificação dos níveis de AV, 44% e 63% dos idosos foram

classificados como portadores de visão normal ou próxima do normal para longe e para perto,

respectivamente.

(TABELA 1)

Em relação ao tipo de retinopatia registrada na avaliação oftalmológica, 52 idosos

eram portadores de Retinopatia Diabética Não-Proliferativa, 46 apresentavam o tipo

Proliferativa, e dois sujeitos eram portadores de ambas. O tempo de diagnóstico da retinopatia

variou entre seis e 180 meses, com média igual a 32,7 meses (± 25,6) e mediana 25,5 meses.

Avaliação da Qualidade de Vida Relacionada à Função Visual (NEI VFQ-25)

Na aplicação do NEI VFQ-25 as maiores pontuações foram observadas nos domínios

“Visão de Cores”, “Dirigir Automóvel” e “Função Social”, o que revela uma tendência à melhor

QV nestes domínios. O escore mais baixo foi obtido no domínio “Saúde Geral”. A média do

escore total para os 25 itens do questionário foi 71,8 (±22,7) (Tabela 2).

(TABELA 2)

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Medida da Adesão Medicamentosa específica (anti-hip ertensivos e antidiabéticos orais

e/ou insulina)

Na amostra avaliada, 85% fazia uso de medicamentos anti-hipertensivos e todos

utilizavam antidiabéticos orais e/ou insulina, sendo 48% insulinodependentes. A Escala de

Morisky foi aplicada separadamente para os medicamentos anti-hipertensivos e para os

antidiabéticos orais e/ou insulina. As médias obtidas foram 5,4 (±1,7) e 5,1 (±1,6),

respectivamente.

No mês que antecedeu a entrevista os sujeitos fizeram uso de 86,3% (±18,0) das

doses prescritas de medicamentos para hipertensão arterial e/ou diabetes, variando entre 0 e

100%. Pouco mais da metade do grupo estudado (58%) referiu ter utilizado 80% ou mais da

dose prescrita e ter seguido os cuidados necessários para o uso dos medicamentos (Grupo I).

Os demais idosos distribuídos nos Grupos II, III e IV, foram agregados em uma única classe.

Constituíram-se assim duas classes: “Aderentes” (n=58), formado pelos sujeitos do Grupo I e

“Não-Aderentes” (n=42), formado pelos indivíduos dos Grupos II, III e IV (Tabela 3).

(TABELA 3)

Análise das correlações/associações entre adesão e as variáveis sociodemográficas e

clínicas e a qualidade de vida

Com a finalidade de identificar os fatores possivelmente associados à adesão à

terapêutica medicamentosa entre idosos, foi realizada uma análise exploratória testando a

correlação entre adesão (analisada como variável contínua e a pontuação obtida na Escala de

Morisky) e as variáveis sociodemográficas e clínicas.

A Escala de Morisky, embora tratada por alguns autores como uma medida de adesão,

reúne de fato quatro fatores comumente relacionados a não-adesão, sem mensurar a adesão

propriamente dita. Assim, foi testada inicialmente a correlação entre a Escala de Morisky

(escore total e de cada item) e a proporção de adesão (Tabela 4).

(TABELA 4)

Foi observada correlação negativa entre o escore total da Escala de Morisky e a

proporção de adesão dos medicamentos, tanto anti-hipertensivos como antidiabéticos, o que

significa que quanto mais os pacientes revelaram concordar com os itens da Escala que

levam a não-adesão, menor foi a proporção de tomada dos medicamentos prescritos. Na

análise dos itens separadamente verificou-se que a proporção de tomada tanto dos

medicamentos antidiabéticos como dos anti-hipertensivos correlacionou-se negativamente

com os dois últimos itens (interromper o uso por sentir-se bem e interromper o uso por sentir-

se mal).

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A seguir, foi realizada a análise de regressão linear multivariada para investigar

qual(is) item(ns) da Escala de Morisky efetivamente explicariam a variabilidade da proporção

de adesão (Tabela 5). Somente o item 4 (interromper o uso por sentir-se pior) explicou a

variabilidade da proporção de adesão tanto para os medicamentos anti-hipertensivos (12,8%

da variabilidade) como para os antidiabéticos orais/insulina (13,5% da variabilidade).

(TABELA 5)

Na análise das correlações entre adesão e as variáveis sociodemográficas e clínicas

verificou-se que a proporção de adesão foi correlacionada positivamente com a renda mensal,

somente para o uso dos antidiabéticos orais e/ou insulina (Tabela 6).

(TABELA 6)

O número de medicamentos associados, entretanto, relacionou-se de maneira positiva

com o item 2 (ser descuidado) e o escore total da Escala de Morisky para os medicamentos

antidiabéticos orais/insulina. Ou seja, para aqueles que utilizavam antidiabéticos

orais/insulina, quanto maior o número de medicamentos associados, maior o escore total que

aponta para a não-adesão e maior a concordância do paciente em ser descuidado no uso dos

medicamentos. Ainda neste grupo, o maior número de medicamentos foi negativamente

relacionado ao reconhecimento de interromper o uso do medicamento por sentir-se bem.

Para os anti-hipertensivos obteve-se resultado semelhante, exceto em relação ao

escore total da Escala de Morisky – não sendo observada correlação com o número de

medicamentos associados.

Para a análise dos fatores associados à avaliação global da adesão foi realizada

análise de regressão logística, incluindo como variáveis independentes: AV (para longe e para

perto), QVRFV (NEI VFQ-25) e Escala de Morisky (para anti-hipertensivos e antidiabéticos

orais e/ou insulina). A adesão como variável dependente foi tratada como categórica:

Aderente (dose e cuidados adequados) e Não-aderente (dose e/ou cuidados inadequados)

(Tabela 7).

(TABELA 7)

A análise aponta que a QVRFV e a pontuação na Escala de Morisky (para anti-

hipertensivos e antidiabéticos) influenciaram a adesão medicamentosa: indivíduos com menor

pontuação no NEI VFQ-25 e maior escore na Escala de Morisky têm mais chance de serem

não-aderentes à terapêutica medicamentosa. A acuidade visual parece ser um possível

preditor da adesão medicamentosa, uma vez que tanto a baixa acuidade para longe como

para perto apontaram para maior chance de não-adesão, embora com significância estatística

limítrofe.

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DISCUSSÃO

Este estudo teve como objetivo principal analisar os fatores que interferem na adesão

medicamentosa em idosos com retinopatia diabética, em uso de anti-hipertensivos e

antidiabéticos orais e/ou insulina. A adesão à terapia medicamentosa neste grupo,

especificamente ao uso dos anti-hipertensivos e antidiabéticos, é essencial para o controle da

evolução da retinopatia diabética e conseqüentemente para a prevenção da cegueira.

A adesão foi estudada sob o ponto de vista do auto-relato e manteve-se centrada na

avaliação do uso dos anti-hipertensivos e antidiabéticos orais e/ou insulina. Observou-se um

relato de média de proporção de tomada de medicação acima de 80% para as duas classes

de fármacos, apontando para a adesão. Entretanto, quando a avaliação da posologia (dose e

cuidados relativos à prescrição) foi associada a esta proporção, aproximadamente metade

dos idosos (42%) revelou não-aderência à terapêutica, caracterizada pelas associações: uso

adequado da dose e cuidados inadequados, dose insuficiente e cuidados adequados, dose e

cuidados inadequados.

Uma das limitações do auto-relato refere-se ao efeito da desejabilidade social, que

pode ser mais acentuada na população idosa pela responsabilidade que a sociedade impõe

aos idosos para realizar o autocuidado (38). Dessa forma, é possível a ocorrência de

superestimação no relato do comportamento desejado nas medidas isoladas. A associação

das medidas empregadas neste estudo, entretanto, permitiu detectar com maior sensibilidade

o problema da não-adesão entre os idosos estudados, ratificando a relevância da temática

nesta população.

Passando à análise dos fatores relacionados à adesão ou não-adesão ao tratamento

medicamentoso, observa-se que a única variável sociodemográfica relacionada à proporção

de uso dos medicamentos foi a renda familiar mensal, entre os pacientes que utilizavam

antidiabéticos orais e/ou insulina. Trata-se de achado significativo, considerando que grande

parte dos medicamentos para Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus (DM)

é disponibilizada gratuitamente nos serviços de saúde pública para a população brasileira.

Resultados semelhantes foram encontrados em estudos realizados com populações

portadoras de outras afecções. A esse respeito, observou-se a predominância da não-adesão

em indivíduos adultos portadores do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) sem residência

fixa e com pior condição financeira (39). O ingresso financeiro também mostrou-se fator de

risco para a não-adesão e hospitalização secundária em idosos (40). Estes dados revelam a

importância de serem consideradas as necessidades básicas da população, particularmente

idosa, no planejamento de intervenções direcionadas ao incremento da adesão à terapêutica.

No que se refere aos fatores individuais relacionados à não-adesão, mensurados pela

Escala de Morisky, verificou-se que embora os itens vinculados ao descuido e à interrupção

da medicação ao sentir-se bem ou mal tenham sido correlacionados com a proporção de

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adesão, esta foi efetivamente explicada pelo item 4 que refere-se à interrupção da medicação

por sentir-se pior ao tomá-la.

Portanto, como evidência para ação, destaca-se a relevância de avaliar qual é

exatamente a percepção de piora pelo paciente, ou seja, é preciso investigar se esta

percepção reporta-se de fato a um evento clínico, como hipotensão e hipoglicemia. Se a

investigação apontar para os efeitos colaterais que pioram o quadro clínico ou comprometem

o bem-estar do paciente, o esquema terapêutico deverá ser revisto. Se, ao contrário, a

percepção não estiver associada a nenhum evento que configure comprometimento clínico,

deverão ser elaboradas intervenções educativas voltadas para a auto-avaliação de sinais e

sintomas, controle pressórico e glicêmico, bem como intervenções que permitam melhorar a

auto-eficácia do paciente no manejo correto da terapêutica recomendada.

Outro aspecto importante, observado neste estudo, foi a associação entre o número

total de medicamentos utilizados e a pontuação na Escala de Morisky. Os idosos que faziam

uso de maior número de medicamentos para o tratamento de HAS e DM tendiam a relatar

maior descuido na tomada dos medicamentos e a interromper o uso de uma ou outra

medicação quando se sentiam melhor. As ações educativas devem incluir estratégias que

permitam ao idoso compreender a importância do uso ininterrupto dos fármacos, tanto para a

obtenção como para a manutenção do efeito terapêutico desejado.

Atenção especial deve ser dada também no estabelecimento, em conjunto com os

idosos, de um esquema de utilização da terapêutica medicamentosa compreensível e factível

no seu cotidiano, de forma a garantir o uso adequado de todos os medicamentos prescritos.

Ressalta-se ainda a diferença observada nas relações entre Proporção de

Adesão/Escala de Morisky e as variáveis sociodemográficas e clínicas. Embora tenha sido

constatada relação entre a Escala de Morisky e a Proporção de Adesão, as duas medidas não

quantificam exatamente o mesmo fenômeno.

O comportamento relacionado à adesão é um processo dinâmico, extremamente difícil

de ser mensurado e para o qual pode-se afirmar que não há uma medida padrão ou padrão-

ouro. Na prática, a Escala de Morisky tem se mostrado eficaz para a identificação de algumas

razões para a não-adesão e, comumente, tem sido associada a outcomes ou end-points,

como o controle glicêmico, mensurado pelos níveis de Hemoglobina Glicada (41). Também tem

se mostrado útil para avaliar o tratamento medicamentoso cardiovascular (42).

Entretanto, o nível de confiabilidade desse instrumento tende a oscilar com grande

variabilidade nas diferentes populações estudadas, principalmente quando empregado sob

forma de escalas dicotômicas (do tipo sim/não), com registros de coeficientes de

confiabilidade entre 0,18 a 0,61 (32, 42-44). Neste estudo o coeficiente alfa de Cronbach foi 0,40

para anti-hipertensivos e 0,41 para antidiabéticos/insulina, apontando para a baixa

confiabilidade. Assim, deve ser considerado que embora relevantes para a adesão, os itens

que compõem a Escala de Morisky podem não configurar um único constructo. Daí a

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importância da aplicação desta Escala em associação a outra medida, mais específica, de

adesão medicamentosa.

Os estudos relacionados à adesão concentram-se principalmente na redução de

sintomas e na avaliação de instrumentos de medida. Contudo, não são examinadas as

relações entre adesão medicamentosa e as avaliações globais de bem-estar, o que permitiria

compreender e nortear mais adequadamente o tratamento (45). As medidas de qualidade de

vida relacionada à saúde podem fornecer dados relevantes acerca do comportamento dos

sujeitos em relação ao tratamento e à adesão à terapêutica.

O presente estudo traz contribuição significativa relacionada a este aspecto, ao

mensurar a QVRFV (NEI VFQ-25) e testá-la como variável influenciadora da adesão

medicamentosa.

Na avaliação do NEI VFQ-25 foram observados escores relativamente elevados em

todos os domínios do instrumento, entretanto constatou-se que a percepção de pior QVRFV

foi associada à chance 3.34 vezes de não-adesão à terapêutica medicamentosa. A baixa

visão grave ou cegueira para longe e para perto (embora com significância estatística

limítrofe) foram associadas respectivamente a 2.95 e 2.65 de chance para a não-adesão. Os

dados mostram, assim, que não somente a baixa AV mas também, e principalmente, a

percepção que o idoso tem sobre as limitações impostas pela condição visual à sua qualidade

de vida têm influência sobre a adesão medicamentosa. Assim, o enfermeiro que busca

identificar idosos com maior risco de não-adesão deve direcionar as suas ações não apenas

para os idosos com queda acentuada da AV, mas também aos idosos que percebem piora da

QV decorrente da baixa visão.

Em síntese, o presente estudo apontou a não-adesão como um problema relevante

nos idosos portadores de retinopatia diabética. A adesão ao tratamento antidiabético é menor

entre os pacientes com menor renda mensal; bem como o uso de maior número de

medicamentos está relacionado a fatores individuais de risco para a não-adesão. Um dos

fatores individuais determinantes da menor proporção de adesão foi a interrupção da

medicação por decisão do próprio paciente por sentir-se pior, tanto no uso de anti-

hipertensivos como de antidiabéticos orais e/ou insulina. A qualidade de vida relacionada à

função visual também foi fator determinante da não-adesão.

Considerando que os estudos acerca da relação entre QV e adesão medicamentosa

ainda são raros na literatura, recomenda-se futuras investigações que associem ao

instrumento específico um instrumento genérico de QVRS, bem como que realizem a análise

da influência de outros fatores possivelmente associados à adesão: suporte social, depressão,

arranjos familiares, relação com os profissionais e serviços de saúde.

Estudos longitudinais com vistas à análise do efeito da adesão sobre a evolução da

RD e da QV, relacionada à saúde e à função visual, poderão indicar informações adicionais

para a análise da não-adesão neste grupo de idosos. Além disso, tais investigações permitirão

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avaliar a efetividade de intervenções sobre a adesão, o controle da RD e preservação da

qualidade de vida relacionada à saúde.

Pode-se concluir que a adesão medicamentosa dos idosos com retinopatia diabética é

influenciada pela renda mensal, número de medicamentos, interrrupção dos fármacos pelos

idosos por sentirem-se pior e pela percepção da qualidade de vida relacionada à função

visual. Estratégias de intervenção nestes fatores poderão contribuir para a efetivação da

adesão, com atenção especial às individualidades e as características intrínsecas do

envelhecimento.

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Quadro 1 – Estratificação dos níveis de acuidade visual para longe e para perto e classificação da visão.

Estratificação da AV *

Grupo Avaliação da AV * Classificação da visão

Para longe

I AV ≥ 20/60 Visão Normal ou Próxima do Normal II 20/60 > AV > 20/200 Baixa Visão Moderada

III AV entre 20/200 (inclusive) e CD** na

distância entre 3 metros e 1 metro Baixa Visão Grave / Profunda

IV CD na distância < 1 metro até SPL*** Visão Próxima à Cegueira ou Cegueira

Para perto A AV ≥ J3 Visão Normal ou Próxima do Normal B J3 > AV ≥ J6 Baixa Visão C AV < J6 Cegueira

* AV: Acuidade visual para longe. Variação entre 20/20 (melhor visão) e 20/200 (pior visão). * AV: Acuidade visual para perto. Variação entre J1 (melhor visão) e <J6 (pior visão). ** CD: Conta Dedos. A visão é tão ruim que não permite identificar optotipos de maior tamanho (20/200) na Tabela de Snellen. O paciente consegue, entretanto, contar dedos do examinador em distâncias variadas. *** SPL: Sem Percepção Luminosa. O paciente não percebe nenhum estímulo luminoso em qualquer distância.

Quadro 2 – Classificação dos idosos conforme a adesão à terapêutica medicamentosa, considerando a proporção de doses tomadas e a adequação dos cuidados necessários ao uso dos medicamentos.

Grupo I Grupo II Grupo III Grupo IV

Dose e cuidados adequados à prescrição

Dose adequada e cuidados inadequados

Dose insuficiente e cuidados adequados

Dose e cuidados inadequados

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Tabela 1 – Caracterização sociodemográfica e clínica dos 100 idosos entrevistados.

Variável Média (±dp) Mediana Variação

observada Distribuição em categorias %

Idade

69,5 (±7,1)

69

[60; 86]

60 – 69 70 – 79 ≥ 80

56 36 8

Sexo

--

--

--

Feminino Masculino

62 38

Estado Civil

--

--

--

Casado / Amasiado Viúvo Solteiro, Desquitado ou Divorciado

64 26 10

Escolaridade (anos de estudo)

4,0 (±3,0)

4

[0; 17]

0 – 4 ≥ 5

68 32

Situação de Trabalho

--

--

--

Ativo Inativo Do lar

9 64 27

Arranjo Familiar

--

--

--

Mora acompanhado Mora sozinho

84 16

Renda Familiar Mensal (em US$)

398,3 (±234,5)

342,3

[42,8; 1283,7]

--

--

Número de Comorbidades

3,2 (±1,4)

3

[1; 7]

1 – 2 3 – 4 5 – 7

36 50 14

Número de medicamentos associados

5,2 (±2,3)

5

[1; 12]

1 – 2 3 – 4 5 – 6 7 – 12

13 26 36 25

Número de medicamentos para Hipertensão e/ou Diabetes

3,3 (±1,5)

3

[1; 8]

1 – 2 3 – 4 5 – 8

35 45 20

Estratificação da visão para longe

--

--

--

Grupo I – Visão Normal ou Próxima do Normal 44 Grupo II – Baixa Visão Moderada 37 Grupo III – Baixa Visão Grave / Profunda 17 Grupo IV – Visão Próxima à Cegueira ou Cegueira

2

Estratificação da visão para perto

--

--

--

Grupo A – Visão Normal ou Próxima do Normal 63

Grupo B – Baixa Visão 15 Grupo C – Cegueira

22

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84

Tabela 2 – Análise descritiva dos escores do instrumento de avaliação da qualidade de vida relacionada à função visual (NEI VFQ-25).

NEI VFQ-25 Média (± dp *) Mínimo Mediana Máximo Missing **

25 itens (escore total) 71,8 (±22,7) 12 77,3 99,4 ---

Saúde Geral 46,5 (±28,2) 0 50 100 ---

Visão Geral 59,7 (±19,9) 20 60 100 ---

Dor Ocular 79,7 (±19,8) 25 87,5 100 ---

Visão de Perto 62,2 (±32,2) 0 66,7 100 ---

Visão de Longe 68,9 (±29,1) 12,5 75 100 ---

Função Social 81,0 (±29,4) 0 100 100 2

Saúde Mental 71,3 (±24,6) 12,5 81,2 100 ---

Limitações na vida diária 67,2 (±29,1) 0 75 100 ---

Dependência 67,5 (±31,3) 0 75 100 ---

Dirigir Automóvel 81,2 (±15,6) 50 83,3 100 90

Visão de Cores 89,6 (±26,3) 0 100 100 11

Visão Periférica 74,5 (±28,6) 0 75 100 ---

*dp = Desvio padrão

** Os dados perdidos não foram considerados para o cálculo do escore da escala. As subescalas com, pelo menos, um item pontuado foram usadas para o cálculo do respectivo escore.

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85

Tabela 3 – Adesão medicamentosa segundo os critérios da proporção, Escala de Morisky e classificação de acordo com a adequação da dose e cuidados.

Proporção da adesão medicamentosa

Medicamentos Total (n=100) Indivíduos diabéticos (n=15)

Indivíduos diabéticos e hipertensos (n=85)

Antidiabéticos 87,5 (±19,5) 86,7 (±13,3) 87,6 (±20,5) Anti-hipertensivos 86,2 (±21,1) --- 86,2 (±21,1) Antidiabéticos e Anti-hipertensivos 86,3 (±18,0) --- 86,3 (±18,7)

Escala de Morisky

Medicamentos Itens Total (n=100) Indivíduos diabéticos (n=15)

Indivíduos diabéticos e hipertensos (n=85)

Antidiabéticos orais e/ou Insulina

Total 5,1 (±1,6) 4,6 (±1,0) 5,2 (±1,7) Item 1 1,4 (±0,7) 1,3 (±0,7) 1,4 (±0,7) Item 2 1,4 (±0,9) 1,1 (±0,5) 1,5 (±0,9) Item 3 1,1 (±0,3) 1,1 (±0,3) 1,1 (±0,3) Item 4 1,3 (±0,7) 1 (±0) 1,3 (±0,8)

Anti-hipertensivos

Total 5,4 (±1,7) --- 5,4 (±1,7) Item 1 1,5 (±0,8) --- 1,5 (±0,8) Item 2 1,5 (±09) --- 1,5 (±09) Item 3 1,1 (±0,4) --- 1,1 (±0,4) Item 4 1,3 (±0,7) --- 1,3 (±0,7)

Classificação da adesão global à terapêutica medica mentosa (n=100)

% Aderentes – Doses e cuidados adequados à prescrição 58 Subtotal 58

Não-aderentes – Dose correta e cuidados inadequados 15 – Dose insuficiente e cuidados adequados 11 – Dose e cuidados inadequados 16 Subtotal 42

Tabela 4 – Análise da correlação entre a Escala de Morisky e a proporção de adesão medicamentosa.

Escala de Morisky Proporção de Adesão Medicamentosa

Antidiabéticos Anti-hipertensivos Ambos r p-valor r p-valor r p-valor

Para Anti-hipertensivos (n=85)

Total -- -- -0,45 <0,001 -0,48 <0,001 Item 1 -- -- -0,05 0,624 -0,09 0,409 Item 2 -- -- -0,16 0,150 -0,19 0,078 Item 3 -- -- -0,40 <0,001 -0,40 <0,001 Item 4 -- -- -0,59 <0,001 -0,59 <0,001

Para Antidiabéticos Orais/Insulina (n=100)

Total -0,38 <0,001 -- -- -0,42 <0,001 Item 1 -0,07 0,471 -- -- -0,01 0,910 Item 2 -0,15 0,137 -- -- -0,20 0,044 Item 3 -0,43 <0,001 -- -- -0,39 <0,001 Item 4 -0,40 <0,001 -- -- -0,52 <0,001

r= Coeficiente de correlação de Spearman; n= número de sujeitos.

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86

Tabela 5 – Análise de regressão linear multivariada da proporção de adesão aos medicamentos segundo a Escala de Morisky.

Itens da Escala de Morisky para anti-hipertensivos (n=85)

Proporção de adesão aos anti-hipertensivos

Beta (EP) ** p-valor R 2 Parcial

Item 1* -0.078 (0.119) 0.512 0.005

Item 2* -0.163 (0.125) 0.197 0.022

Item 3* -0.348 (0.220) 0.119 0.027

Item 4* -0.462 (0.189) 0.017 0.128

Itens da Escala de Morisky para antidiabéticos/Insulina (n=100)

Proporção de adesão aos antidiabéticos/insulina

Beta (EP) ** p-valor R 2 Parcial

Item 1* -0.136 (0.119) 0.258 0.011

Item 2* -0.154 (0.120) 0.204 0.017

Item 3* -0.369 (0.211) 0.083 0.030

Item 4* -0.446 (0.158) 0.006 0.135 * Variáveis transformadas em postos (ranks) devido à ausência de distribuição Normal. ** Beta: valor da estimativa ou coeficiente angular (slope) na reta de regressão; EP: erro padrão de beta; R2: coeficiente de determinação. R2 Total (anti-hipertensivos): 0.180. Intercepto (EP): 88.15; p< 0.001. R2 Total (antidiabéticos/insulina): 0.193. Intercepto (EP): 106.24; p< 0.001.

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87

Tabela 6 – Coeficiente de correlação (e respectivo p-valor) entre adesão medicamentosa (proporção de adesão e Escala de Morisky) e as variáveis sociodemográficas e clínicas.

Variáveis sociodemográficas e clínicas

Idade (n=100)

Escolaridade (n=100)

Renda (n=89)

Comorbidades (n=100)

Tempo de Diagnóstico

da RD (n=92)

Número de Medicamentos

Associados (n=100)

Número de medicamentos para HAS e DM

(n=100) Anti -hipertensivos r r r r r r r

Proporção de Adesão 0,10 (0,366)

0,05 (0,674)

0,20 (0,084)

-0,02 (0,878)

0,03 (0,765)

0,03 (0,811)

0,03 (0,779)

Escala de Morisky 0,11

(0,298) 0,02

(0,836) -0,12

(0,301) -0,12

(0,260) -0,07

(0,535) 0,07

(0,552) 0,16

(0,149)

Item 1 0,19 (0,081)

-0,10 (0,361)

-0,11 (0,336)

-0,04 (0,737)

-0,09 (0,444)

-0,03 (0,809)

0,19 (0,080)

Item 2 -0,05 (0,668)

0,11 (0,331)

0,05 (0,675)

-0,07 (0,514)

-0,15 (0,188)

0,27 (0,013)

0,22 (0,046)

Item 3 -0,05 (0,632)

0,06 (0,591)

-0,10 (0,400)

-0,18 (0,093)

-0,00 (0,993)

-0,27 (0,014)

-0,20 (0,061)

Item 4 0,14 (0,204)

-0,00 (0,993)

-0,19 (0,102)

-0,01 (0,958)

0,13 (0,253)

0,04 (0,692)

-0,03 (0,756)

Antidiabéticos/Insulina r r r r r r r

Proporção de Adesão 0,12 (0,905)

0,18 (0,069)

0,39 (<0,001)

0,06 (0,583)

-0,05 (0,664)

-0,02 (0,881)

-0,09 (0,393)

Escala de Morisky 0,09

(0,365) -0,05

(0,642) -0,15

(0,151) -0,12

(0,243) 0,01

(0,965) 0,23

(0,025) 0,22

(0,029)

Item 1 0,12 (0,241)

-0,04 (0,522)

-0,12 (0,253)

-0,03 (0,797)

-0,02 (0,820)

0,11 (0,266)

0,20 (0,045)

Item 2 0,03 (0,739)

-0,01 (0,945)

-0,01 (0,964)

-0,10 (0,343)

-0,06 (0,579)

0,28 (0,005)

0,23 (0,020)

Item 3 -0,04 (0,704)

0,16 (0,122)

-0,06 (0,591)

-0,08 (0,436)

0,06 (0,597)

-0,26 (0,010)

-0,26 (0,010)

Item 4 0,04 (0,708)

-0,06 (0,573)

-0,21 (0,051)

0,01 (0,920)

0,18 (0,094)

0,17 (0,090)

0,087 (0,392)

Antidiabéticos/Insulina e Anti-hipertensivos r r r r r r r

Proporção de Adesão 0,11 (0,261)

0,14 (0,183)

0,37 (0,004)

0,02 (0,812)

-0,02 (0,818)

-0,24 (0,816)

-0,09 (0,361)

r= Coeficiente de correlação de Spearman. HAS= Hipertensão Arterial Sistêmica; DM= Diabetes Mellitus; RD= Retinopatia Diabética.

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Tabela 7 – Análise de regressão logística univariada para avaliação da não-adesão medicamentosa (n=100).

Variáveis Categorias p-valor O.R.* IC 95% O.R.*

Acuidade Visual para Longe

Normal (ref.) Baixa visão moderada

Baixa visão grave ou cegueira

-- 0.195 0.056

1.00 1.82 2.95

-- 0.74 – 4.51 0.97 – 8.94

Acuidade Visual para Perto

Normal (J1, J2, J3) (ref.) Baixa visão (J4, J5, J6)

Cegueira (<J6)

-- 0.802 0.069

1.00 1.16 2.51

-- 0.37 – 3.67 0.93 – 6.78

NEI VFQ-25 (categorizado)

75-100 (ref.) 50-74 0-49

-- 0.269 0.024

1.00 1.74 3.34

-- 0.65 – 4.64 1.17 – 9.50

Escala de Moriky Anti-hipertensivos (categorizada)

Não faz uso (ref.) 4-5 pontos 6-7 pontos ≥8 pontos

-- 0.537 0.465 0.077

1.00 0.69 1.67 4.50

-- 0.21 – 2.25 0.42 – 6.56

0.85 – 23.80

Escala de Morisky Antidiabéticos e/ou Insulina (categorizada)

4 pontos (ref.) 5-6 pontos ≥7 pontos

-- 0.658 0.002

1.00 1.25 6.35

-- 0.47 – 3.29

1.98 – 20.37

* O.R. (Odds Ratio) = Razão de risco para não-adesão medicamentosa (n= 42 Não-aderente e n= 58 Aderente). IC 95% O.R. = Intervalo de 95% de confiança para a razão de risco. Ref.: categoria utilizada como referência para a análise.

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ARTIGO 2

(a ser submetido ao periódico Cadernos de Saúde Pública )

INFLUÊNCIA DA VISÃO E DA QUALIDADE DE VIDA NA ADESÃO MEDICAMENTOSA EM

IDOSOS COM RETINOPATIA DIABÉTICA1

Fernanda Freire Jannuzzi2 Fernanda Aparecida Cintra3

Maria Cecília Bueno Jayme Gallani4

RESUMO

Introdução: A maioria dos casos de cegueira em idosos está relacionada à Retinopatia

Diabética e pode ser evitada pelo emprego de medidas que incluem o diagnóstico precoce e a

intervenção nos estágios iniciais da doença, bem o controle da glicemia e da pressão arterial

sistêmica, com hábitos de vida saudáveis e uso correto das medicações prescritas. Nessa

perspectiva, a identificação dos fatores relacionados à adesão medicamentosa em idosos

portadores desta afecção ocular possibilita o planejamento de estratégias de ação para o

controle da doença, prognóstico visual e prevenção de incapacidades que interferem na

qualidade de vida destes sujeitos.

Objetivo: Analisar a influência da Qualidade de Vida Relacionada à Função Visual (QVRFV) e

da acuidade visual (AV) na adesão medicamentosa em idosos com retinopatia diabética.

Método: Pesquisa transversal, realizada com 100 idosos portadores de retinopatia diabética,

em seguimento ambulatorial, em uso de antidiabéticos orais/insulina e anti-hipertensivos. A

adesão foi avaliada por meio da proporção de adesão e de sua associação com cuidados

para o uso dos medicamentos. Utilizou-se a versão brasileira do National Eye Institute Visual

Function Questionnaire – NEI VFQ-25, para avaliação da QVRS. A influência das variáveis foi

analisada por meio do efeito preditor da QVRFV e do efeito moderador/de interação da AV.

Os dados foram submetidos às análises: descritiva, de comparação e de relação conjunta. O

estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição.

Resultados: A maioria dos idosos (58%) referiu ter utilizado 80% ou mais da dose de

medicamentos prescrita e seguido os cuidados necessários no uso dos medicamentos, sendo

classificados como “Aderentes”. Considerando os níveis de AV, 44% e 63% dos idosos foram

classificados como portadores de visão normal ou próxima do normal para longe e para perto,

1 Artigo extraído da Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da UNICAMP, Campinas, São Paulo. 2 Enfermeira. Pós-graduanda em Enfermagem, nível Mestrado. 3 Enfermeira. Professor Associado, Departamento de Enfermagem, FCM, UNICAMP. 4 Enfermeira. Professor Livre-Docente, Departamento de Enfermagem, FCM, UNICAMP.

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90

respectivamente. A análise revela que os sujeitos com pior QVRFV (escore total 0-49 no NEI

VFQ-25) e aqueles com baixa visão grave ou cegueira para longe têm 3.34 (p=0.024) e 2.95

(p=0.056) mais chance de não-adesão à terapêutica medicamentosa, quando comparados

com os sujeitos com melhor QVRFV (maior pontuação no NEI VFQ-25) e com melhor AV para

longe. Na análise do efeito moderador, entretanto, observou-se que a AV não modera a

relação entre QVRFV e (não)adesão.

Conclusão: A QVRFV é um importante determinante da adesão, ou seja, quanto pior a

percepção de qualidade de vida relacionada à visão, menor a adesão ao uso dos

medicamentos.

INTRODUÇÃO

A queda na acuidade visual (AV) relacionada ao envelhecimento compreende um

processo fisiológico e progressivo que resulta do acúmulo de danos metabólicos e ambientais

às estruturas oculares (1,2). Nesse processo são previstas mudanças relacionadas ao bem-

estar físico, emocional e social, conseqüentes às incapacidades que tendem a se estabelecer

nessa faixa etária (3).

Dentre as alterações oftalmológicas comumente manifestas no envelhecimento,

algumas afecções oculares destacam-se pela evolução progressiva, cronicidade e,

especialmente, pela queda da visão, muitas vezes irreversível. A retinopatia diabética (RD)

constitui uma das mais prevalentes e incapacitantes complicações microangiopáticas que,

com freqüência, acomete os pacientes com Diabetes Mellitus (DM) (4-6).

Os seguintes fatores de risco são apontados para a RD: tipo do DM, tempo de

manifestação e controle metabólico da doença, níveis de hematócrito e hemoglobina,

hemoglobina glicosilada, colesterol total, proteinúria e Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)

(5,7-10). A HAS, além de ser uma comorbidade comum do DM, representa fator de risco

importante para as complicações macro e microvasculares (11).

A maioria dos casos de cegueira em indivíduos adultos e idosos está relacionada à RD

e pode ser evitada pelo emprego de medidas que inclui o diagnóstico precoce e a

possibilidade de intervenção nos estágios iniciais da doença, bem o controle da glicemia e da

pressão arterial sistêmica, com hábitos de vida saudáveis e uso correto das medicações

prescritas. Essas medidas retardam a progressão das alterações retinianas, sem reverter,

contudo, os danos já instalados (12).

Nessa perspectiva, a identificação dos fatores relacionados à adesão medicamentosa

em idosos portadores de RD possibilita o planejamento de estratégias de ação para o controle

da doença, prognóstico visual e, por conseguinte, prevenção de incapacidades que interferem

na qualidade de vida destes sujeitos.

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91

A expressão qualidade de vida (QV) já era utilizada desde o fim da década de 1950 e,

atualmente, recebe diversos significados quando é analisada nas dimensões médica, política,

sociológica, econômica e psicológica (13).

O termo qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) foi criado para identificar uma

forma mais focalizada da QV, que abrange os aspectos diretamente associados às

enfermidades ou às intervenções em saúde (14). Segundo Mangione et al. (15), esse

constructo mede o funcionamento e o bem-estar nos domínios físico, mental e social,

refletindo a influência de uma ampla extensão de condições de saúde simultaneamente.

Trata-se de um conceito importante, uma vez que pode ser influenciado pela assistência à

saúde, como alívio da dor e do mal-estar, pela atuação sobre os agravos que podem gerar

dependências e desconfortos (16).

Ciconelli (17) relata que as formas mais empregadas de avaliação dos indicadores de

QVRS são os questionários, “que têm por finalidade transformar medidas subjetivas em dados

objetivos que possam ser quantificados e analisados de forma global ou específica”.

Na área oftalmológica, o “National Eye Institute Visual Function Questionnaire” (NEI

VFQ-25) apresenta grande aplicabilidade e relevância na prática clínica, além de demonstrar

parâmetros psicométricos aceitáveis em estudos internacionais e nacionais (18,19).

O NEI VFQ-25 é um instrumento originalmente elaborado na língua inglesa, cuja

finalidade consiste em medir a influência da visão nas múltiplas dimensões da QVRS, bem

como o bem-estar emocional e o funcionamento social. Consiste em um questionário

específico para ser aplicado em diversas condições oculares crônicas (15). A adaptação

cultural no Brasil foi realizada por Fonseca (19).

Tendo em vista a disponibilidade e a aplicabilidade desse instrumento na população

idosa (19), no presente estudo ele será utilizado para avaliar a qualidade de vida relacionada

à função visual (QVRFV) em idosos com RD, considerando que a queda da AV manifestada

pela retinopatia afeta a QVRS, que por sua vez influencia a adesão à terapêutica

medicamentosa.

O conceito de adesão varia entre diversos autores, entretanto, de modo geral, pode

ser compreendido como “a utilização dos medicamentos prescritos ou outros procedimentos

em pelo menos 80% do seu total, observando horários, doses, tempo de tratamento”, e

representa, assim, a etapa final do que se sugere como uso racional de medicamentos (20).

Tsai (21) define adesão como o grau de concordância entre a terapêutica medicamentosa

prescrita e o uso atual de medicamentos pelo paciente.

Para os idosos, que comumente apresentam associação de comorbidades e são

sujeitos ao “multiuso” de fármacos, a não-adesão à terapêutica medicamentosa pode

representar risco para a saúde, pelo controle inadequado das doenças. Numa perspectiva

econômica, a não-adesão também pode implicar em maior utilização dos serviços de saúde,

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92

gastos adicionais em hospitalização e uso de uma terapia medicamentosa ainda mais extensa

(22,23).

O uso de medicamentos pelos idosos sofre influência de fatores relacionados à idade,

como visão, audição e memória, e outros que incluem suporte ambiental, social e financeiro,

além de necessidades percebidas (24).

Apesar dos estudos indicarem relação entre visão e uso de medicamentos, não há

evidências sobre a associação, ou o efeito, da AV e da QVRFV na adesão medicamentosa

em idosos com retinopatia.

Baron e Kenny (25) apresentam um modelo de efeito moderador entre variáveis de

interesse, no qual definem variável moderadora como aquela que “afeta a direção e/ou a força

da relação entre a variável preditora ou independente e a variável critério ou dependente”.

Com base nesse modelo, assume-se o pressuposto de a QVRFV é preditora da

adesão medicamentosa, cuja associação é moderada pela AV (Figura1).

Figura 1 – Modelo hipotético de relação entre as variáveis.

QVRFV: Qualidade de Vida Relacionada à Função Visual; AV: Acuidade Visual

a: efeito preditor; b: efeito moderator/de interação

Assim, o presente estudo teve como objetivo analisar a influência da QVRFV e da AV

na adesão medicamentosa em idosos com retinopatia diabética. Esta influência foi analisada

por meio do efeito preditor da QVRFV e do efeito moderador/de interação da AV.

MÉTODO

Pesquisa transversal descritiva/exploratória, do tipo correlacional (26), realizada no

Ambulatório de Oftalmologia de um hospital universitário no interior do Estado de São Paulo.

A amostra foi constituída por 100 idosos com diagnóstico médico de RD

acompanhados no ambulatório selecionado. Os idosos foram incluídos consecutivamente no

estudo desde que atendessem aos seguintes critérios: 1. demonstrar capacidade de

compreensão e de comunicação verbal; e, 2. fazer uso contínuo de medicamentos anti-

hipertensivos e/ou antidiabéticos orais/insulina. Foram excluídos os sujeitos que

apresentassem: 1. apresentar outra afecção ocular responsável pela baixa visão, como

glaucoma, doenças oculares congênitas, opacidade de meios determinante da baixa visão; e,

a

QVRFV Adesão medicamentosa

AV

b

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93

2. cirurgias oculares no período inferior a 30 dias da coleta de dados. A exclusão dos sujeitos

no período pós-operatório mediato relaciona-se à possível motivação destes para o uso

correto das medicações prescritas, visando à recuperação cirúrgica (27).

O tamanho da amostra foi estimado considerando-se a natureza da pesquisa e a

extensão dos instrumentos de coleta de dados. A partir das variáveis preditoras (acuidade

visual para perto, para longe, a associação das duas distâncias e qualidade de vida

relacionada à função visual), determinou-se o valor de oito sujeitos por variável com

acréscimo de 50 sujeitos a esse valor (28).

Coleta de Dados

A coleta de dados foi realizada no período entre fevereiro e dezembro de 2008, por

uma das pesquisadoras. Previamente ao atendimento oftalmológico dos pacientes era

realizada entrevista individual estruturada, utilizando-se os seguintes instrumentos: 1.

Caracterização dos Sujeitos; 2. National Eye Institute Visual Function Questionnaire – NEI

VFQ-25; e, 3. Identificação da Adesão Medicamentosa.

A aplicação do NEI VFQ-25 e da Identificação da Adesão Medicamentosa foi efetuada

de forma alternada para evitar possível influência das respostas de um instrumento no

subseqüente.

Na véspera do atendimento oftalmológico, e da coleta de dados, era solicitado por

contato telefônico aos pacientes, potencialmente elegíveis para a pesquisa, que trouxessem

as receitas médicas dos medicamentos em uso contínuo, acompanhadas dos frascos ou

cartelas das respectivas drágeas/comprimidos. Esta medida visava garantir a identificação de

todos os medicamentos prescritos, bem como a forma indicada no receituário para a sua

utilização (29-31).

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição. Todos os

sujeitos arrolados assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, após

esclarecimento sobre a garantia do anonimato e a liberdade para desistência em qualquer

momento.

Instrumentos

Caracterização dos Sujeitos, composto por quatro partes: I. Identificação; II. Perfil

sociodemográfico: (idade, gênero, escolaridade e renda familiar); III. Caracterização clínica

auto-relatada; IV. Medida da Acuidade Visual (AV): para longe (Tabela Optométrica de

Snellen) e para perto (Tabela de Jaeger), com correção óptica se os pacientes fizessem uso.

Os valores desta medida foram obtidos dos registros nos prontuários dos pacientes, após a

avaliação oftalmológica realizada na data da entrevista.

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Os idosos foram agrupados conforme a AV para longe (Grupos I, II, III e IV), segundo a

Organização Mundial da Saúde (32). Na classificação da AV para perto foram criados os

grupos A, B e C (33,34). Estas classificações sofreram pequenas adaptações para esta

pesquisa. Além destes agrupamentos, criou-se outros dois grupos (1 e 2) com a combinação

de ambas as distâncias para longe e para perto (Quadro 1).

Quadro 1 – Estratificação dos níveis de acuidade visual para longe e para perto e classificação da visão.

Estratificação da AV Grupo Avaliação da AV * Classificação da visão

Para longe

I AV ≥ 20/60 Visão Normal ou Próxima do Normal

II 20/60 > AV > 20/200 Baixa Visão Moderada

III AV entre 20/200 (inclusive) e CD** na

distância entre 3 metros e 1 metro Baixa Visão Grave / Profunda

IV CD na distância < 1 metro até SPL*** Visão Próxima à Cegueira ou Cegueira

Para perto A AV ≥ J3 Visão Normal ou Próxima do Normal

B J3 > AV ≥ J6 Baixa Visão C AV < J6 Cegueira

Para longe e para perto 1 AV ≥ 20/60 e ≥ J3 Visão Normal ou Próxima do Normal

2 AV< 20/60 e/ou < J3 Baixa Visão

* AV: Acuidade visual para longe. Variação entre 20/20 (melhor visão) e 20/200 (pior visão). * AV: Acuidade visual para perto. Variação entre J1 (melhor visão) e <J6 (pior visão). ** CD: Conta Dedos. A visão é tão ruim que não permite identificar optotipos de maior tamanho (20/200) na Tabela de Snellen. O paciente consegue, entretanto, contar dedos do examinador em distâncias variadas. *** SPL: Sem Percepção Luminosa. O paciente não percebe nenhum estímulo luminoso em qualquer distância.

National Eye Institute Vision Function Questionnair e (NEI VFQ-25), composto por

25 itens reunidos em 12 domínios ou subescalas: Saúde Geral; Visão Geral; Visão de Perto;

Visão de Longe; Dirigir Automóvel; Visão Periférica; Visão de Cores; Dor Ocular; Aspectos

Sociais; Dependência; Saúde Mental; e, Limitações na Vida Diária. O escore total e de cada

domínio do instrumento varia numa escala de zero a 100, sendo zero a pior e 100 a melhor

qualidade de vida (15).

Medida da Adesão Medicamentosa , avaliada segundo dois critérios: proporção de

adesão e avaliação global da adesão.

Proporção de adesão: avaliada por meio de instrumento composto por quatro quadros que

compreendem: 1. Descrição do nome, dosagem e posologia de todos os fármacos prescritos;

2. Descrição da forma de utilização de cada fármaco prescrito, segundo dose e posologia, nas

24 horas anteriores à entrevista; 3. Descrição da utilização dos mesmos na semana anterior à

entrevista; e, 4. Descrição da utilização no mês anterior. Os quadros 2 e 3, referentes ao uso

dos fármacos na véspera e semana anterior, respectivamente, visam obter respostas mais

acuradas por meio da minimização do viés da memória (35). A adesão é calculada a partir das

doses omitidas no mês anterior, declaradas pelo próprio paciente, mediante o seguinte

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cálculo: [(doses prescritas – doses perdidas) x 100 / doses prescritas] (36). Para efeito de

cálculo, os sujeitos que faziam uso da dose superior à prescrita tiveram seus valores de

adesão convertidos para os índices correspondentes, inferiores a 100%. Dessa forma, um

idoso com 120% de adesão, na medida em que ultrapassou em 20% a completa adesão,

corresponderia a um valor de 80% de adesão (embora as crenças e atitudes que explicariam

uma adesão de 120% ao tratamento possam não ser as mesmas que explicariam 80%. Além

disso, o uso da medicação além do prescrito implica em não-adesão) (37). Para os sujeitos

que faziam uso de mais de um medicamento, a proporção final da adesão foi calculada pela

média das porcentagens de adesão de cada fármaco. A proporção de adesão foi tratada

como variável contínua (considerando-se a média da proporção do uso de todos os

medicamentos prescritos), e como variável categórica: dose adequada (quando a dose

utilizada era igual ou superior a 80% da dosagem prescrita) e dose insuficiente (quando a

dose utilizada não atingia 80% da dosagem prescrita).

Avaliação global da adesão: além da proporção do uso dos medicamentos também foi

avaliada a sua posologia, ou seja, o número de medicamentos ingeridos e sua associação

com marcadores temporais: jejum, café da manhã, almoço e jantar. Assim, para avaliação

global da adesão, os pacientes foram classificados em quatro grupos (I, II, III e IV) (Quadro 2).

Quadro 2 – Classificação dos idosos conforme a avaliação global da adesão medicamentosa, considerando a proporção de doses tomadas e a adequação dos cuidados necessários ao uso dos medicamentos.

Grupo I Grupo II Grupo III Grupo IV

Dose e cuidados adequados à prescrição

Dose adequada e cuidados inadequados

Dose insuficiente e cuidados adequados

Dose e cuidados inadequados

Análise Estatística

Os dados foram inicialmente inseridos em uma planilha do Excel for Windows (versão

2000) e posteriormente transferidos para o programa SPSS (versão 15.0 for Windows).

Após a análise descritiva, verificou-se que as variáveis de interesse apresentavam

distribuição não-normal. Assim, análises inferenciais foram realizadas empregando-se os

seguintes métodos não-paramétricos: análise de comparação (teste Qui-Quadrado ou Exato

de Fisher, Mann-Whitney, Kruskal-Wallis e coeficiente de correlação de Spearman) e de

relação conjunta (análise de regressão logística e modelo univariado).

O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi 5%.

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RESULTADOS

Dados descritivos

Os sujeitos apresentaram idade média de 69,5 (±7,1) anos; a maioria era formada por

mulheres (62%). A escolaridade foi baixa, com média de 4,0 anos de estudo (±3,0). Todos

tinham diagnóstico médico de Diabetes Mellitus (100%) e 85% de Hipertensão Arterial

Sistêmica. Do total de fármacos em uso contínuo pelos idosos, em média 3,3 (±1,5) eram

destinados ao tratamento de Hipertensão Arterial Sistêmica e/ou Diabetes Mellitus.

Considerando a estratificação dos níveis de AV, 44% e 63% dos idosos foram

classificados como portadores de visão normal ou próxima do normal para longe e para perto,

respectivamente. Entretanto, na associação das duas distâncias para longe e para perto da

AV, a maior porcentagem (62%) concentrou-se no grupo com baixa visão (Tabela 1).

Tabela 1 – Caracterização sociodemográfica e clínica dos 100 idosos estudados.

Variável Média (±dp) Mediana Variação

observada Distribuição em categorias %

Idade

69,5 (±7,1)

69

[60; 86]

60 – 69 70 – 79 ≥ 80

56 36 8

Sexo

--

--

--

Feminino Masculino

62 38

Escolaridade (anos de estudo)

4,0 (±3,0)

4

[0; 17]

0 – 4 ≥ 5

68 32

Renda Familiar Mensal (em US$)

398,3 (±234,5)

342,3

[42,8; 1283,7]

--

--

Número de Comorbidades

3,2 (±1,4)

3

[1; 7]

1 – 2 3 – 4 5 – 7

36 50 14

Número de medicamentos associados

5,2 (±2,3)

5

[1; 12]

1 – 2 3 – 4 5 – 6 7 – 12

13 26 36 25

Número de medicamentos para Hipertensão e/ou Diabetes

3,3 (±1,5)

3

[1; 8]

1 – 2 3 – 4 5 – 8

35 45 20

Estratificação da visão para longe -- -- --

Grupo I – Visão Normal ou Próxima do Normal 44 Grupo II – Baixa Visão Moderada 37 Grupo III – Baixa Visão Grave/Profunda 17 Grupo IV – Visão Próxima à Cegueira/ ou Cegueira

2

Estratificação da visão para perto

--

--

--

Grupo A – Visão Normal ou Próxima do Normal 63 Grupo B – Baixa Visão 15 Grupo C – Cegueira

22

Estratificação da visão para longe e para perto

--

--

--

Grupo 1 – Visão Normal ou Próxima do Normal para longe e perto

38

Grupo 2 – Baixa Visão 62

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Avaliação da Qualidade de Vida Relacionada à Função Visual (NEI VFQ-25)

Na aplicação do NEI VFQ-25, as maiores pontuações foram observadas nos domínios

“Visão de Cores”, “Dirigir Automóvel” e “Função Social”, o que revela uma tendência à melhor

QV. Os escores mais baixos foram obtidos nas subescalas “Saúde Geral” e “Visão Geral”.

Apenas dez sujeitos responderam aos itens incluídos no domínio “Dirigir Automóvel” (Tabela

2).

Tabela 2 – Análise descritiva dos escores dos domínios do instrumento de avaliação da qualidade de vida relacionada à função visual (NEI VFQ-25).

NEI VFQ-25 Média (± dp *) Mínimo Mediana Máximo Missing **

25 itens (escore total) 71,85 (±22,68) 12 77,35 99,38 ---

Saúde Geral 46,50 (±28,21) 0 50 100 ---

Visão Geral 59,75 (±19,95) 20 60 100 ---

Dor Ocular 79,68 (±19,81) 25 87,5 100 ---

Visão de Perto 62,16 (±32,24) 0 66,67 100 ---

Visão de Longe 68,88 (±29,15) 12,5 75 100 ---

Função Social 80,99 (±29,45) 0 100 100 2

Saúde Mental 71,33 (±24,57) 12,5 81,25 100 ---

Limitações na vida diária 67,25 (±29,07) 0 75 100 ---

Dependência 67,50 (±31,26) 0 75 100 ---

Dirigir Automóvel 81,25 (±15,62) 50 83,33 100 90

Visão de Cores 89,61 (±26,33) 0 100 100 11

Visão Periférica 74,50 (±28,64) 0 75 100 ---

*dp = Desvio padrão **Os dados perdidos não foram considerados para o cálculo do escore da escala. As subescalas com, pelo menos, um item pontuado foram usadas para o cálculo do respectivo escore.

A análise de comparação entre a AV (para longe, para perto e ambas) e o escore total

do instrumento NEI VFQ-25 mostrou que os indivíduos com pior visão tiveram escores mais

baixos no instrumento de avaliação da QVRFV.

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Tabela 3 – Análise de comparação entre acuidade visual e o escore total do instrumento de avaliação da qualidade de vida relacionada à função visual (NEI VFQ-25).

Variável Grupos n Média (±dp) Variação p-valor

Visão para longe

I 44 85,0 (11,4) 48,4 – 99,4 < 0,001*

II 37 66,9 (21,8) 21,3 – 88,9 III 17 53,1 (25,6) 12,0 – 88,9 IV 2 33,2 (11,5) 25,0 – 41,3

Visão para perto

A 63 80,2 (15,2) 34,1 – 99,4 < 0,001* B 15 72,6 (20,6) 27,6 – 93,8 C 22 47,3 (24,8) 12,00 – 93,6

Visão para longe e para perto

1 38 84,2 (12,0) 48,4 – 99,4 < 0,001**

2 62 64,3 (24,4) 12,0 – 44,4

* Kruskal-Wallis; ** Mann-Whitney

Medida da Adesão Medicamentosa específica (anti-hip ertensivos e antidiabéticos

orais/insulina)

Dentre os idosos avaliados, 85% utilizavam medicamentos anti-hipertensivos. Todos

faziam uso de antidiabéticos orais/insulina, dos quais 48% eram insulinodependentes.

No mês que antecedeu a entrevista os sujeitos relataram fazer uso de 86,3% (±18,0)

das doses prescritas de medicamentos para hipertensão arterial e/ou diabetes, com variação

entre zero e 100%. Pouco mais da metade do grupo estudado (58%) referiu utilizar 80% ou

mais da dose prescrita e seguir os cuidados necessários na tomada dos medicamentos

(Grupo I). Os demais idosos (Grupos II, III e IV) foram agregados em uma única classe. Dessa

forma, constituíram-se duas classes: “Aderentes” (n=58), formada pelos sujeitos do Grupo I e

“Não-aderentes” (n=42), formada pelos indivíduos dos Grupos II, III e IV (Tabela 4).

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Tabela 4 – Adesão medicamentosa segundo os critérios da proporção da adesão e classificação de acordo com a adequação da dose e cuidados.

Proporção da adesão medicamentosa

Medicamentos Total (n=100)

Indivíduos diabéticos

(n=15)

Indivíduos diabéticos e hipertensos

(n=85)

Antidiabéticos orais/insulina 87,5 (±19,5) 86,7 (±13,3) 87,6 (±20,5) Anti-hipertensivos 86,2 (±21,1) --- 86,2 (±21,1) Antidiabéticos orais/insulina e anti-hipertensivos 86,3 (±18,0) --- 86,3 (±18,7)

Classificação da avaliação global à terapêutica med icamentosa (n=100)

% Aderentes – Doses e cuidados adequados à prescrição 58 Subtotal 58

Não-aderentes – Dose correta e cuidados inadequados 15 – Dose insuficiente e cuidados adequados 11 – Dose e cuidados inadequados 16 Subtotal 42

Análise das correlações/associações entre adesão me dicamentosa e as variáveis AV e

QVRFV

Para identificar a possível associação entre as variáveis independentes (AV e QVRFV)

e não-adesão à terapêutica medicamentosa, foi realizada uma análise exploratória testando a

correlação entre as variáveis (Tabela 5).

Tabela 5 – Análise de regressão logística univariada para a não-adesão medicamentosa (n=100).

Variáveis Categorias p-valor O.R.* IC 95%**

Acuidade Visual para Longe

Normal (ref.) Baixa visão moderada

Baixa visão grave ou cegueira

-- 0.195 0.056

1.00 1.82 2.95

-- 0.74 – 4.51 0.97 – 8.94

Acuidade Visual para Perto

Normal (J1, J2 e J3) (ref.) Baixa Visão (J4, J5 e J6)

Cegueira (<J6)

-- 0.802 0.069

1.00 1.16 2.51

-- 0.37 – 3.67 0.93 – 6.78

Acuidade Visual para Longe e Perto

Normal (ref.) Baixa visão ou cegueira

-- 0.101

1.00 2.03

-- 0.87 – 4.73

NEI VFQ-25 (categorizado)

75-100 (ref.) 50-74 0-49

-- 0.269 0.024

1.00 1.74 3.34

-- 0.65 – 4.64 1.17 – 9.50

* O.R. (Odds Ratio) = Razão de risco para não-adesão medicamentosa (n= 42 Não-aderente e n= 58 Aderente). **IC 95% = Intervalo de 95% de confiança para a razão de risco. Ref.: categoria utilizada como referência para a análise.

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100

A análise aponta que os sujeitos com pior QVRFV (escore total 0-49 no NEI VFQ-25) e

aqueles com baixa visão grave ou cegueira para longe têm 3.34 (p=0.024) e 2.95 (p=0.056)

mais chance de não-adesão à terapêutica medicamentosa, quando comparados com os

sujeitos com melhor QVRFV (maior pontuação no NEI VFQ-25) e com melhor acuidade visual

para longe.

Análise dos efeitos da QVRFV e da AV na adesão medi camentosa

Para estudar o efeito moderador da AV (para longe, para perto e ambas) na relação

entre QVRFV e não-adesão medicamentosa foi empregado o procedimento descrito por

Cohen & Cohen (1983), adicionando o produto (termo de interação) das variáveis

independente e moderadora na equação de regressão. Considerando X (QVRFV) como

variável independente, Z (AV) como variável moderadora e Y (não-adesão) como variável

dependente, foi feita a regressão de Y em X, Z e XZ. O efeito moderador é indicado pelo

efeito significante de XZ, enquanto X e Z são controlados (25). O modelo empregado,

entretanto, não confirmou o efeito moderador da AV na relação entre a QVRFV e a adesão.

Tabela 6 – Análise de regressão logística multivariada para não-adesão medicamentosa com termo de interação para QVRFV (NEI VFQ-25) e AV.

Variáveis Categorias p-valor

NEI VFQ-25 75-100 (ref.)

50-74 0-49

--- n.s. n.s.

AV para perto Normal (J1, J2, J3) (ref.) Baixa visão (J4, J5, J6)

Cegueira (<J6)

--- n.s. n.s.

Interação NEI VFQ-25 vs AV para perto --- n.s.

NEI VFQ-25 75-100 (ref.)

50-74 0-49

--- n.s. n.s.

AV para longe Normal (ref.)

Baixa visão moderada Baixa visão grave ou cegueira

--- n.s. n.s.

Interação NEI VFQ-25 vs AV para longe

--- n.s.

NEI VFQ-25 75-100 (ref.)

50-74 0-49

--- n.s. n.s.

AV para longe e perto Normal (ref.)

Baixa visão ou cegueira ---

n.s.

Interação NEI VFQ-25 vs AV para longe e para perto

---

n.s.

n.s.= não significativo

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101

DISCUSSÃO

Na amostra estudada, a maior parte dos sujeitos concentrou-se no grupo com baixa

visão, na associação das medidas da AV para longe e para perto. A queda da AV observada

nos idosos era decorrente das complicações da RD, e não de outras afecções oculares. A

literatura aponta que em qualquer estágio da RD pode ocorrer diminuição importante da AV,

causada pelo edema macular, embora ela seja mais freqüente nas fases avançadas da

doença (7,38).

Destacam-se, ainda, os escores encontrados no instrumento NEI VFQ-25. As médias

mais elevadas, e que retratam melhor QV, foram obtidas nos domínios: “Função Social”,

“Dirigir Automóvel” e “Visão de Cores”, enquanto as mais baixas estiveram relacionadas à

“Saúde Geral” e “Visão Geral”. Outros estudos também reportam escores mais elevados

destes domínios em pacientes portadores de diferentes afecções oftálmicas (19,39-41) e em

indivíduos saudáveis (42).

No presente estudo, a pior QVRFV no domínio “Saúde Geral”, pode ser atribuída à

condição clínica dos idosos, relacionada às comorbidades, à polifarmácia e outras variáveis

não identificadas na caracterização da amostra. Com respeito à pontuação Na subescala

“Visão Geral”, pode-se associá-la à baixa AV (para longe e/ou para perto) apresentada pela

maioria dos idosos. Por outro lado, a pontuação elevada no domínio “Dirigir Automóvel” deve

ser interpretada com cautela. Considerando o número elevado de missing neste domínio,

pode-se apreender que dentre os 100 idosos entrevistados somente os 10 que responderam

às questões deste grupo dirigiam automóvel e não percebiam dificuldade ou prejuízo na

atividade pela queda da AV.

A análise de regressão univariada apontou as variáveis QVRFV e AV (esta com

significância estatística limítrofe) como preditoras independentes da adesão, ratificando a

suposição central das análises efetuadas neste estudo.

Em relação à QVRFV, possivelmente os sujeitos que avaliaram esse construto de

forma mais positiva tinham a percepção de maior autonomia e auto-eficácia, decorrentes de

um repertório individual mais rico de recursos e habilidades que permitiam maior

independência e segurança no manejo das medicações em uso, o que poderia contribuir para

maior adesão.

De forma semelhante, a AV também se mostrou preditora da adesão. É possível inferir

que a baixa AV interfere de forma negativa na operacionalização do uso dos medicamentos,

implicando em dificuldades diversas que podem estar relacionadas desde o reconhecimento

do rótulo, das cartelas, das cápsulas/comprimidos, até o preparo/estabelecimento da

dosagem adequada, e ainda nas formas de aquisição dos medicamentos.

Considerando que tanto a qualidade de vida como a AV foram preditoras da adesão e

que a avaliação da qualidade de vida estava relacionada às funções visuais, seria possível

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102

supor a AV como variável moderadora da relação entre QVRFV e adesão. Assim, nos sujeitos

com pior AV (e, portanto, com menores recursos individuais para o manejo das medicações)

seria percebida pior QVRFV, a qual mostraria correlação positiva com a não-adesão. O

mesmo não ocorreria para os sujeitos com AV normal.

Para verificar essa suposição, deu-se seqüência à análise do efeito moderador da AV

na relação entre QVRFV e adesão medicamentosa. Segundo Baron e Kenny (25), um

moderador é uma variável qualitativa (como sexo, raça e, neste estudo, a acuidade visual

normal ou rebaixada) ou quantitativa que afeta a direção e/ou a força da relação entre uma

variável independente, ou preditora, e uma variável dependente, ou critério. Do ponto de vista

correlacional, um moderador é uma terceira variável que afeta a correlação de ordem-zero

entre duas outras variáveis, modificando a direção da correlação ou reduzindo

substancialmente a magnitude desta correlação.

Na análise do efeito moderador, entretanto, observou-se que a AV não modera a

relação entre QVRFV e (não)adesão, ratificando que o efeito de ambas sobre a adesão ocorre

de forma independente.

A ausência do efeito moderador da AV significa que independente da relação desta

variável com a QVRFV, esta última é, por si só, um importante determinante da adesão, ou

seja, a percepção sobre o impacto da visão na qualidade de vida interfere diretamente na

adesão ao uso dos medicamentos. Embora a análise comparativa entre a AV e a pontuação

do NEI VFQ-25 tenha mostrado relação positiva entre estas variáveis, entende-se que a

percepção de piora da QVRFV não pode ser atribuída apenas à AV, mas a outros fatores

intrínsecos e extrínsecos, não mensurados neste estudo. Em outras palavras, a relação

entre QVRFV e adesão medicamentosa não é afetada pela AV, mas possivelmente pelo

conjunto de facetas que compõem esse constructo.

A literatura não evidencia estudos que avaliam o efeito moderador de variáveis de

interesse na adesão à terapêutica em idosos com retinopatia diabética. Entretanto, análises

desta natureza são encontradas em pesquisas com populações distintas.

A esse respeito, um dos estudos de interesse compreende o de Littlewood et al. (43)

com indivíduos portadores do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Os autores

investigaram se as características demográficas e clínicas eram moderadoras da associação

entre os benefícios secundários da doença e as variáveis depressão, suporte social, adesão,

nível de atividade, uso de cigarro, álcool e drogas. De forma semelhante, não foi observado

efeito moderador entre as variáveis do estudo e recomendou-se investigações adicionais para

a compreensão do fenômeno.

A associação entre adesão medicamentosa e variáveis sociodemográficas, clínicas e

comportamentais tem sido descrita na literatura (24). O presente estudo, entretanto, é inédito

na indicação de que a QVRFV é um fator preditor da adesão medicamentosa em idosos –

quanto pior a percepção de qualidade de vida relacionada à visão, menor a adesão.

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103

Para os idosos com RD, cujo prognóstico visual nem sempre é favorável à

manutenção da visão normal ou próxima do normal, a QVRFV torna-se relevante nesse

prognóstico, dada a sua relação com a adesão para o controle clínico do DM e da HAS.

Somam-se a isso as limitações comumente manifestas na velhice, que podem contribuir de

forma negativa na QVRFV e, por conseguinte, na adesão ao uso dos medicamentos.

Portanto, para a prática educativa do enfermeiro ressalta-se a importância de

intervenções que visem aperfeiçoar a adesão entre os idosos com baixa AV e entre aqueles

que revelam pior QVRFV, ainda que não apresentem queda acentuada da AV.

Estudos futuros considerando a diversificação das análises, incluindo avaliação do

efeito mediador da AV na relação entre QVRFV e adesão medicamentosa (25), ou ainda com

avaliação do efeito moderador de outras variáveis independentes possivelmente relacionadas

com a adesão medicamentosa em idosos com retinopatia diabética, podem trazer

contribuições substanciais para melhor compreensão do fenômeno da adesão entre idosos,

com vistas a minimizar a problemática da falta de adesão nesta faixa etária e,

conseqüentemente, a prevenir da perda da visão, por meio do controle mais efetivo do DM e

da HAS.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(1) Ribeiro JEC, Freitas MM, Araújo GS, Rocha THR. Associação entre aspectos depressivos e déficit visual causado por catarata em pacientes idosos. Arq Bras Oftalmol 2004; 67(5): 795-9.

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DISCUSSÃO V

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O presente estudo teve como objetivo principal analisar a relação entre qualidade de

vida relacionada à função visual e adesão à terapêutica medicamentosa específica em idosos

com retinopatia diabética.

Os dados obtidos apontam escores relativamente elevados no instrumento de medida

da QVRFV (NEI VFQ-25). As médias mais altas, e que retratam melhor QV, foram obtidas nos

domínios: “Função Social”, “Dirigir Automóvel” e “Visão de Cores”, enquanto as mais baixas

estiveram relacionadas à “Saúde Geral” e “Visão Geral”. Outros trabalhos encontraram

proporções semelhantes para os escores da escala em populações com diferentes afecções

oftálmicas (33,67-69) e em indivíduos saudáveis (70). Conforme era esperado, a análise de

comparação entre o escore total do instrumento NEI VFQ-25 e a medida da AV mostrou que

os indivíduos com pior visão tiveram escores mais baixos no instrumento de avaliação da

QVRFV.

Em relação à adesão medicamentosa, este estudo revelou o uso médio de

medicamentos superior a 80% das doses prescritas para anti-hipertensivos e antidiabéticos,

apontando para a adesão. Contudo, quando a avaliação da posologia (dose e cuidados

relativos à prescrição) foi associada a esta proporção, aproximadamente metade dos idosos

(42%) mostrou não-aderência à terapêutica. Apesar da avaliação da adesão ter sido a auto-

relatada e, portanto, sujeita aos efeitos da desejabilidade social e do esquecimento, essa

discrepância indica que a associação das medidas empregadas nesta investigação permitiu

detectar com maior sensibilidade o problema da não-adesão entre os idosos arrolados.

O uso incorreto dos medicamentos pelos sujeitos, sem respeitar os cuidados

necessários para a tomada dos fármacos, pode evidenciar a dificuldade de compreensão da

prescrição e do esquema terapêutico proposto. Assim, faz-se necessário a atuação efetiva do

enfermeiro na educação do paciente, cuidador e familiares em relação às ações dos

medicamentos e a forma correta de utilização.

Entre os pacientes que utilizavam antidiabéticos orais e/ou insulina, observou-se

relação significativa entre a proporção de uso dos medicamentos e a renda familiar mensal.

Este resultado corrobora com outros achados da literatura (71,72) e revela a importância de

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serem considerados o apoio social e as necessidades básicas da população idosa no

planejamento de intervenções direcionadas ao incremento da adesão à terapêutica.

O item 4 da Escala de Morisky, que se refere à interrupção da medicação por sentir-se

pior ao tomá-la, explicou efetivamente a variabilidade da proporção da adesão para as duas

classes de medicamentos. De modo semelhante, este dado pode indicar a necessidade de

revisão do esquema terapêutico proposto ao indivíduo e implementação de intervenções que

permitam melhorar a auto-eficácia do paciente no manejo correto da terapêutica

recomendada.

Observou-se também a associação entre o número total de medicamentos utilizados e

a pontuação na Escala de Morisky, ou seja, os idosos que faziam uso de maior número de

medicamentos para o tratamento de HAS e DM tendiam a relatar maior descuido na tomada

dos medicamentos e a interromper o uso de uma ou outra medicação quando se sentiam

melhor.

Na análise de regressão univariada entre as variáveis de interesse e a adesão,

constatou-se que a percepção de pior QVRFV foi associada à chance 3.34 vezes de não-

adesão à terapêutica medicamentosa. A baixa visão grave ou cegueira para longe e para

perto (embora com significância estatística limítrofe) foi associada respectivamente a 2.95 e

2.65 de chance para a não-adesão. Assim, as variáveis QVRFV e AV foram consideradas

preditoras independentes da adesão.

Na análise do efeito moderador, entretanto, observou-se que a AV não modera a

relação entre QVRFV e (não)adesão, ratificando que o efeito de ambas sobre a adesão ocorre

de forma independente. Este achado indica que, independente da relação entre AV e QVRFV,

esta última é, por si só, um importante determinante da adesão, ou seja, a percepção sobre o

impacto da visão na qualidade de vida interfere diretamente na adesão ao uso dos

medicamentos. Desse modo, na busca para identificar idosos com maior risco de não-adesão

dentre aqueles com queda da AV, a equipe de saúde deve considerar não apenas a medida

da AV mas a percepção da piora da QV decorrente à baixa visão.

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A associação encontrada entre adesão medicamentosa e qualidade de vida corrobora

com outras investigações encontradas na literatura (72,73). Para Holzemer et al. (73), os

sujeitos que relataram ter uma vida significativa, sentirem-se confortáveis e bem cuidados,

utilizar o seu tempo sabiamente e dedicá-lo para coisas importantes, apresentavam melhor

adesão aos medicamentos e ao tratamento proposto. Em outros estudos envolvendo estes

dois constructos, no entanto, a correlação entre adesão medicamentosa e QV não foi

evidenciada (74).

Este achado aponta para a complexidade da avaliação e a compreensão da adesão

medicamentosa, e permite observar que o cumprimento do esquema terapêutico para o

tratamento de doenças crônicas é multifatorial e está relacionado às características da

doença, do tratamento, dos profissionais e do perfil psicocultural dos pacientes (75). Da

mesma forma, ações direcionadas para a educação de pacientes em relação ao uso

adequado dos medicamentos deveriam incluir medidas de melhoria da qualidade de vida.

Diante desta evidência, admite-se que estratégias relacionadas a coping podem ser

efetivas na promoção da adesão neste subgrupo específico de pacientes. Estudo com idosos

portadores de glaucoma mostrou que o medo da cegueira, gerado pelo conhecimento da

doença e do seu prognóstico, configurava potência de ação para a adesão ao tratamento,

prevenção da cegueira e manutenção da QV (76).

Portanto, para a prática educativa do enfermeiro ressalta-se a importância de

intervenções que visem aperfeiçoar a adesão entre os idosos com baixa AV e entre aqueles

que revelam pior QVRFV, ainda que não apresentem queda acentuada da AV.

Os achados do presente estudo mostram-se relevantes por tratar de um tema pouco

explorado na literatura nacional e internacional, além de fornecer contribuições para a

assistência à população idosa.

Num olhar mais amplo, e ainda que não tenha sido objeto de investigação nesta

pesquisa, é possível que o arranjo familiar tenha influenciado a avaliação da QVRFV, e

consequentemente a adesão aos medicamentos. Na amostra estudada 16% dos sujeitos

relataram viver só, o que chama a atenção uma vez que compreendem idosos portadores de

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afecção ocular e que, possivelmente, não contam com a presença de outras pessoas para as

atividades diárias. Pesquisa realizada com portadores de Oclusão Venosa da Retina mostrou

que os pacientes que moravam sozinhos (29%) tiveram menor pontuação no domínio

Dependência do instrumento NEI VFQ-25 e reportaram dificuldades em manter a

independência em diversos aspectos da vida diária (77). Outros autores observaram que 54%

dos sujeitos portadores de baixa visão viviam sozinhos, e que grande parcela relatava solidão

e isolamento devido ao déficit visual. Entretanto, na aplicação de outro instrumento de

avaliação da QVRFV não houve diferença estatisticamente significativa entre os escores da

QV dos pacientes que moravam só em relação aos que viviam com familiares (78).

No Ambulatório de Oftalmologia, no qual foi realizada a coleta de dados, os pacientes

atendidos apresentavam, em sua maioria, múltiplas afecções oculares responsáveis pela

queda acentuada da acuidade visual. Trata-se de um hospital universitário, de atendimento

terciário, com gerenciamento de casos de alta complexidade e seguimento prolongado dos

pacientes. A instituição é referência para diversas cidades do Estado e do país no diagnóstico,

tratamento e acompanhamento de indivíduos com déficits visuais. Este dado esclarece o fato

de que aproximadamente metade dos sujeitos desta pesquisa apresentava RDP, a forma

mais avançada da afecção, bem como o grande número de idosos com baixa visão para perto

e para longe.

Uma das limitações do estudo esteve relacionada à impossibilidade de grande parcela

dos idosos atendidos no ambulatório participar da amostra. Dada as características desse

serviço oftalmológico, um número elevado de sujeitos foram excluídos da pesquisa, por

apresentar afecções oftálmicas concomitantes e/ou ter sido submetido a intervenções

terapêuticas com laser e cirurgias recentes.

A despeito de suas limitações, os resultados obtidos fornecem embasamento para

direcionar as intervenções de enfermagem relacionadas ao incentivo e manutenção da

adesão à terapêutica medicamentosa pelo paciente portador de retinopatia diabética. Trata-se

de uma importante lacuna na assistência de enfermagem, podendo ser considerada ponto de

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partida para novas investigações que visem detalhar e complementar o entendimento da

relação entre visão, qualidade de vida e adesão medicamentosa na população idosa.

Futuros estudos poderão ampliar os achados desta pesquisa, contribuindo para a

compreensão da problemática do uso de medicamentos pela população idosa com RD, com

vistas a apontar subsídios para ações que contribuam para a efetivação da adesão, com

atenção especial às individualidades e às características intrínsecas do envelhecimento.

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CONCLUSÃO VI

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Os dados obtidos no presente estudo permitem as seguintes conclusões:

1. Quanto à avaliação da qualidade de vida relacionada à função visual dos idosos:

• Os escores encontrados no instrumento NEI VFQ-25 foram relativamente elevados,

com médias mais altas nos domínios: “Função Social”, “Dirigir Automóvel” e “Visão de

Cores”, enquanto as mais baixas estiveram relacionadas à “Saúde Geral” e “Visão

Geral”;

• Houve significância estatística na comparação entre o escore total do instrumento NEI

VFQ-25 e a medida da AV (para longe, para perto e ambas), mostrando que os

indivíduos com pior visão tiveram pontuação mais baixa no instrumento de avaliação

da QVRFV, a qual corresponde à pior qualidade de vida.

2. Quanto à adesão à terapêutica medicamentosa específica dos idosos:

• A proporção de uso médio de medicamentos relatado foi superior a 80% das doses

prescritas para as duas classes de fármacos, apontando para a adesão. Entretanto, na

avaliação conjunta com a posologia (dose e cuidados relativos à prescrição),

aproximadamente metade dos idosos (42%) revelou não-aderência à terapêutica,

caracterizada pelas associações: uso adequado da dose e cuidados inadequados,

dose insuficiente e cuidados adequados, dose e cuidados inadequados.

3. Quanto aos fatores relacionados à adesão à terapêutica medicamentosa:

• A renda familiar mensal mostrou correlação significativa com a proporção de adesão

aos antidiabéticos orais/insulina;

• O número total de medicamentos em uso evidenciou associação com os itens 2 e 3 da

Escala de Morisky, indicando que utilização de uma quantidade superior de fármacos

está associada ao relato de descuido na tomada dos medicamentos e interrupção do

uso de uma ou outra medicação pela sensação de melhora;

• O item 4 da Escala de Morisky, pertinente à interrupção da medicação por sentir-se

pior ao usá-la, explicou a variabilidade da proporção de adesão para os medicamentos

anti-hipertensivos e para os antidiabéticos (12,8% e 13,5%, respectivamente);

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• Os idosos com pior pontuação no instrumento NEI VFQ-25 (escore total entre 0 e 49)

têm 3.34 mais chance de não-adesão à terapêutica medicamentosa, revelando a

QVRFV como um preditor da adesão;

• Tanto a baixa AV para longe como para perto apontaram para a maior chance de não-

adesão (O.R.=2.95 e 2.51, respectivamente), embora com significância estatística

limítrofe.

4. Quanto à avaliação do efeito moderador das variáveis:

• Foi constatado que a AV (para longe, para perto e ambas) não foi moderadora na

relação entre QVRFV e adesão medicamentosa, confirmando que o efeito de ambas

sobre a adesão ocorre de forma independente.

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APÊNDICES

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Apêndice 1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde)

Projeto: Qualidade de Vida Relacionada à Função Visual e Adesão Medicamentosa em Idosos com Retinopatia Diabética Pesquisadora: Fernanda Freire Jannuzzi Orientadora: Profª Drª Fernanda Aparecida Cintra Co-Orientadora: Profª Drª Maria Cecília Bueno Jayme Gallani

Eu, ________________________________________________________________, _________ anos, (nome) (idade)

_____________________, residente à ___________________________________________________, (RG) (endereço)

_______________________________, __________________________, concordo em participar da (cidade) (Estado)

pesquisa intitulada “Qualidade de Vida Relacionada à Função Visual e Adesão Medicamentosa em

Idosos com Retinopatia Diabética”, de responsabilidade da Enfermeira Fernanda Freire Jannuzzi, que

tem por principal objetivo analisar a relação entre qualidade de vida relacionada à visão e adesão aos

medicamentos em idosos com retinopatia diabética, em tratamento ambulatorial.

Este trabalho será importante para a assistência prestada aos pacientes, em relação à qualidade de

vida dos idosos.

Estou ciente de que:

- serei submetido a uma entrevista oral, que será anotada pela pesquisadora e terá duração de

aproximadamente 30 minutos;

- receberei resposta a qualquer pergunta, ou esclarecimento a qualquer dúvida sobre os assuntos

relacionados com a pesquisa;

- caso não concorde em participar da pesquisa ou decida retirar meu consentimento em qualquer fase

da mesma, não terei prejuízo no atendimento recebido;

- tenho garantia do sigilo e do caráter confidencial das informações que prestarei à pesquisadora;

- a minha participação neste estudo não trará qualquer risco ou transtorno para a minha saúde e nem

para o meu tratamento no ambulatório;

- dentre os benefícios da pesquisa destaca-se a melhoria da qualidade de vida em idosos;

- o presente estudo não acarretará em gastos adicionais para a minha pessoa;

- na impossibilidade de preencher este documento autorizo minha testemunha para preencher e assinar

esta folha, mediante minha autorização verbal.

Campinas, ________ de ______________________ de 2008.

___________________________________________, _______________________________________ (Nome do paciente ou testemunha) (Assinatura do paciente ou testemunha)

Fernanda Freire Jannuzzi, _____________________________________ (Assinatura da pesquisadora)

Dúvidas poderão ser esclarecidas no Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas

da Unicamp, pelo telefone (19) 3521-8936 e/ou com a pesquisadora responsável, pelo telefone (19)

3238-6936 e/ou com a orientadora, pelo telefone (19) 3521-8820.

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Apêndice 2

CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS

No da entrevista: ______ Data: ___ / ___ / ______

I. IDENTIFICAÇÃO Nome: ________________________________________________________ HC: ____________ Data de Nascimento: ___ / ___ / ______ II. PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO

1. Gênero: (1) Masculino (2) Feminino

2. Estado Civil: (1) Casado (2) Solteiro (3) Viúvo (4) Separado (5) Em união consensual

3. Escolaridade: ______ anos de estudo

4. Situação de Trabalho: (1) Empregado (2) Desempregado (3) Auxílio-Doença (4) Aposentado por invalidez (5) Aposentado Compulsoriamente (6) Aposentado e trabalha (7) Do lar (8) Aposentado por tempo de trabalho

5. Arranjo Familiar: (1) Mora acompanhado: (1.1) Familiar (2) Mora Sozinho

(1.2) Não-familiar

6. Acompanhado: (1) Familiar (2) Não-familiar (3) Sozinho

7. Renda familiar (mensal): R$ _________. Conversão para salário mínimo: _____SM. Conversão para dólar: U$ _______.

8. O idoso é a principal renda da família? (1) Sim (2) Não

III. CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA AUTO-RELATADA

1. Condições Clínicas Associadas: (1) Diabetes Mellitus (8) Insuficiência Renal Crônica (2) Hipertensão Arterial Sistêmica (9) Obesidade (3) Doença Vascular Encefálica (10) Tabagismo (4) Afecções Cardiovasculares (11) Etilismo (5) Neoplasia (12) Déficit de Deambulação (6) Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (13) Déficit Auditivo (7) Afecções Reumáticas (14) Outras: ______________________________

IV. AVALIAÇÃO OFTALMOLÓGICA

1. Classificação da Retinopatia: (1) RDNP (Retinopatia Diabética Não-Proliferativa)

(2) RDP (Retinopatia Diabética Proliferativa)

2. Tempo de diagnóstico da Retinopatia Diabética: _______ meses

3. Acuidade Visual para Longe (Tabela Optométrica de Snellen) (1) Com correção – CC (2) Sem correção – SC 4. Acuidade Visual para Perto (Carta de Jaeger) (1) Com correção – CC (2) Sem correção – SC

OD

OE

OD

OE

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ANEXOS

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Anexo 1

National Eye Institute

Questionário da Função Visual – 25

Versão 2000

(Formato de entrevista aplicada)

INSTRUÇÕES:

Eu vou ler para você algumas questões sobre problemas que envolvem sua visão ou sentimentos que você tem sobre sua condição visual. Após cada pergunta, eu apresentarei uma lista de possíveis respostas. Você deverá escolher a que melhor descreve a sua situação.

Responda a todas as perguntas como se você estivesse usando seus óculos ou lentes de contato (se usar).

Por favor, use o tempo que for necessário para responder a cada pergunta. Todas as suas respostas são confidenciais. Para que este estudo aprimore nosso conhecimento sobre problemas visuais e como

eles afetam sua qualidade de vida, suas respostas precisam ser as mais exatas possíveis. Lembre-se, se você usar óculos ou lentes de contato para uma atividade específica, por favor, responda às questões que se seguem, como se você os estivesse usando. PARTE 1 – SAÚDE GERAL E VISÃO 1- Em geral, como você diria que está sua saúde?1

Excelente.......................... 1 Muito boa.......................... 2 Boa.................................... 3 Regular............................. 4 Ruim.................................. 5

2- No momento, como você diria que está sua visão (com óculos ou lentes de contato se você os usa)?

Excelente........................... 1 Boa.................................... 2 Regular.............................. 3 Ruim.................................. 4 Muito ruim.......................... 5 Completamente cego....... 6

3- Com que freqüência você se preocupa com sua visão?

Nunca............................... 1 Poucas vezes................... 2 Algumas vezes................. 3 A maior parte do tempo.... 4 O tempo todo ................... 5

4- Você tem sentido dor ou desconforto (por exemplo, ardência, coceira), dentro ou ao redor dos seus olhos? 1 Pular a Questão 1 quando o VFQ-25 estiver sendo administrado ao mesmo tempo que o SF-36 ou RAND 36-Item Health Survey 1.0

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Nenhuma ......................... 1 Leve................................... 2 Moderada.......................... 3 Severa............................... 4 Muito severa...................... 5

PARTE 2 – DIFICULDADES COM ATIVIDADES As próximas questões referem-se a quanta dificuldade você tem, se tiver, fazendo certas atividades usando seus óculos ou lentes de contato - se você os usar para essas atividades. 5- Você tem dificuldade para ler jornal, livros ou revistas?

Nenhuma dificuldade............................................................. 1 Pouca dificuldade.................................................................. 2 Dificuldade moderada........................................................... 3 Muita dificuldade.................................................................... 4 Parou de fazer isso por causa da visão.............................. 5 Não faz isso por outras razões ou por desinteresse.......... 6

6- Você tem dificuldade em atividades que requeiram que você veja de perto, como, usar ferramentas, costurar, ou realizar outros trabalhos manuais?

Nenhuma dificuldade............................................................. 1 Pouca dificuldade.................................................................. 2 Dificuldade moderada........................................................... 3 Muita dificuldade.................................................................... 4 Parou de fazer isso por causa da visão............................... 5 Não faz isso por outras razões ou por desinteresse........... 6

7- Por causa de sua visão, você tem dificuldade para achar coisas dentro de um armário cheio?

Nenhuma dificuldade............................................................ 1 Pouca dificuldade................................................................. 2 Dificuldade moderada........................................................... 3 Muita dificuldade.................................................................... 4 Parou de fazer isso por causa da visão............................... 5 Não faz isso por outras razões ou por desinteresse.......... 6

8- Você tem dificuldade para ler placas de ruas, nomes de lojas, letreiros de ônibus?

Nenhuma dificuldade........................................................... 1 Pouca dificuldade.................................................................. 2 Dificuldade moderada........................................................... 3 Muita dificuldade................................................................... 4 Parou de fazer isso por causa da visão............................... 5 Não faz isso por outras razões ou por desinteresse.......... 6

9- Por causa da sua visão, você tem dificuldade para descer degraus, escadas, ou sarjetas em locais mau iluminados ou à noite?

Nenhuma dificuldade............................................................. 1 Pouca dificuldade................................................................. 2 Dificuldade moderada........................................................... 3 Muita dificuldade.................................................................... 4 Parou de fazer isso por causa da visão.............................. 5 Não faz isso por outras razões ou por desinteresse.......... 6

10- Você tem dificuldade, por causa da sua visão, para perceber coisas ou pessoas ao seu redor enquanto você está andando?

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Nenhuma dificuldade........................................................... 1 Pouca dificuldade................................................................. 2 Dificuldade moderada........................................................... 3 Muita dificuldade.................................................................... 4 Parou de fazer isso por causa da visão.............................. 5 Não faz isso por outras razões ou por desinteresse.......... 6

11- Você tem dificuldade, por causa da sua visão, para perceber a reação das pessoas ao que você diz, durante uma conversa?

Nenhuma dificuldade............................................................. 1 Pouca dificuldade.................................................................. 2 Dificuldade moderada.......................................................... 3 Muita dificuldade................................................................... 4 Parou de fazer isso por causa da visão............................. 5 Não faz isso por outras razões ou por desinteresse.......... 6

12- Por causa da sua visão, você tem dificuldade para escolher e combinar suas próprias roupas?

Nenhuma dificuldade............................................................. 1 Pouca dificuldade.................................................................. 2 Dificuldade moderada............................................................ 3 Muita dificuldade.................................................................... 4 Parou de fazer isso por causa da visão.............................. 5 Não faz isso por outras razões ou por desinteresse........... 6

13- Você tem dificuldade, por causa da sua visão para reunir-se com as pessoas em suas casas, nas festas, restaurantes ou outros locais?

Nenhuma dificuldade............................................................ 1 Pouca dificuldade................................................................. 2 Dificuldade moderada........................................................... 3 Muita dificuldade.................................................................... 4 Parou de fazer isso por causa da visão............................. 5 Não faz isso por outras razões ou por desinteresse.......... 6

14- Você tem dificuldade, por causa da sua visão, para ir ao cinema, teatro ou eventos esportivos?

Nenhuma dificuldade............................................................ 1 Pouca dificuldade.................................................................. 2 Dificuldade moderada........................................................... 3 Muita dificuldade.................................................................... 4 Parou de fazer isso por causa da visão.............................. 5 Não faz isso por outras razões ou por desinteresse............. 6

15- Agora, gostaria de perguntar sobre dirigir automóvel. Atualmente, você tem dirigido pelo menos de vez em quando?

Sim.................................................. 1 Passe para a questão 15c Não.................................................. 2

15 a. Você nunca dirigiu um carro ou desistiu de dirigir?

Nunca dirigiu................................... 1 Passe para a parte 3, questão 17 Desistiu............................................ 2

15 b. Você desistiu de dirigir principalmente por causa da sua visão, principalmente por alguma outra razão, ou pelos dois motivos juntos?

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Principalmente por causa da visão................... 1 Passe para a parte 3, Questão 17 Principalmente por outra razão......................... 2 Passe para a parte 3, Questão 17 Os dois motivos juntos ...................................... 3 Passe para a parte 3, Questão 17 15c. Você tem dificuldade para dirigir em locais conhecidos durante o dia?

Nenhuma dificuldade............................................................ 1 Pouca dificuldade................................................................. 2 Dificuldade moderada............................................................ 3 Muita dificuldade.................................................................... 4

16- Você tem dificuldade para dirigir à noite?

Nenhuma dificuldade............................................................ 1 Pouca dificuldade.................................................................. 2 Dificuldade moderada........................................................... 3 Muita dificuldade.................................................................... 4 Parou de fazer isso por causa da visão.............................. 5

Não faz isso por outras razões ou por desinteresse............ 6 16a. Você tem dificuldade para dirigir em situações difíceis, como mau tempo, horário de muito movimento, ou na estrada?

Nenhuma dificuldade............................................................ 1 Pouca dificuldade.................................................................. 2 Dificuldade moderada............................................................ 3 Muita dificuldade................................................................... 4 Parou de fazer isso por causa da visão.............................. 5 Não faz isso por outras razões ou por desinteresse.......... 6

PARTE 3: RESPOSTAS A PROBLEMAS VISUAIS As próximas questões referem-se a como as coisas que você faz podem ser afetadas pela sua visão. 17 - Você deixa de fazer coisas que gostaria de fazer, por causa da sua visão?

O tempo todo ........................................ 1 A maior parte do tempo......................... 2 Algumas vezes ..................................... 3 Poucas vezes ....................................... 4 Nunca ................................................... 5 18- Por causa da sua visão, você se sente limitado quanto ao tempo que consegue trabalhar ou realizar outras atividades?

O tempo todo.......................................... 1 A maior parte do tempo.......................... 2 Algumas vezes ...................................... 3 Poucas vezes ........................................ 4 Nunca ...................................................... 5

19- A dor ou desconforto (por exemplo, ardência, coceira) dentro ou ao redor dos seus olhos, o impede de fazer as coisas que você gostaria de fazer?

O tempo todo........................................... 1 A maior parte do tempo........................... 2 Algumas vezes ........................................ 3 Poucas vezes .......................................... 4 Nunca ...................................................... 5

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20- Você fica muito tempo em casa por causa da sua visão?

O tempo todo........................................... 1 A maior parte do tempo........................... 2 Algumas vezes ....................................... 3 Poucas vezes .......................................... 4 Nunca ..................................................... 5

21- Você se sente frustrado por causa da sua visão?

O tempo todo.......................................... 1 A maior parte do tempo......................... 2 Algumas vezes ...................................... 3 Poucas vezes ......................................... 4 Nunca ...................................................... 5

22- Por causa da sua visão, você se sente inseguro nas coisas que faz?

O tempo todo......................................... 1 A maior parte do tempo........................... 2 Algumas vezes ....................................... 3 Poucas vezes .......................................... 4 Nunca ..................................................... 5

23- Por causa da sua visão, você depende muito de informações das outras pessoas?

O tempo todo......................................... 1 A maior parte do tempo.......................... 2 Algumas vezes ....................................... 3 Poucas vezes .......................................... 4 Nunca ...................................................... 5

24- Você precisa da ajuda dos outros por causa da sua visão?

O tempo todo......................................... 1 A maior parte do tempo........................... 2 Algumas vezes ....................................... 3 Poucas vezes ......................................... 4 Nunca ...................................................... 5

25- Por causa da sua visão, você se preocupa em fazer coisas que possam lhe envergonhar ou aos outros? (por exemplo, não responder a um cumprimento, não reconhecer um amigo)

O tempo todo........................................... 1 A maior parte do tempo.......................... 2 Algumas vezes ...................................... 3 Poucas vezes ......................................... 4 Nunca ..................................................... 5

Chegamos ao final da entrevista. Muito obrigado por seu tempo e sua colaboração.

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Anexo 2

Versão adaptada da Escala de Adesão de Morisky para a Língua Portuguesa do Brasil

(Curcio et al., 2007)

ANTI-HIPERTENSIVOS

Considerando os medicamentos que você toma para o tratamento da pressão alta:

1. Você se esquece de tomar seu (s) remédio (s)?

(1) Nunca (2) Algumas vezes no mês (3) 1 a 2 vezes na semana

(4) 3 ou mais vezes na semana (5) Diariamente

2. Você é descuidado no que se refere a tomar seu ( s) remédio (s)?

(1) Nunca (2) Raramente (3) Algumas vezes no mês

(4) Algumas vezes na semana (5) Sempre

3. Quando você se sente melhor, você pára de tomar seus (s) remédio (s)?

(1) Nunca (2) Raramente (3) Algumas vezes (4) Sempre

4. Quando você se sente pior ao tomar algum remédio, você para de tomá -lo?

(1) Nunca (2) Raramente (3) Algumas vezes (4) Sempre

Escore total = ______

HIPOGLICEMIANTES ORAIS / INSULINA

Considerando os medicamentos que você toma para o tratamento do diabetes:

1. Você se esquece de tomar seu (s) remédio (s)?

(1) Nunca (2) Algumas vezes no mês (3) 1 a 2 vezes na semana

(4) 3 ou mais vezes na semana (5) Diariamente

2. Você é descuidado no que se refere a tomar seu (s) remédio (s)?

(1) Nunca (2) Raramente (3) Algumas vezes no mês

(4) Algumas vezes na semana (5) Sempre

3. Quando você se sente melhor, você pára de tomar seus (s) remédio (s)?

(1) Nunca (2) Raramente (3) Algumas vezes (4) Sempre

4. Quando você se sente pior ao tomar algum remédio , você para de tomá -lo?

(1) Nunca (2) Raramente (3) Algumas vezes (4) Sempre

Escore total = ______

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Anexo 3

IDENTIFICAÇÃO DA ADESÃO MEDICAMENTOSA (Curcio et al., 2007)

1. Descrição de todas as medicações em uso contínuo conforme a prescrição médica:

Medicação PRESCRITO

Dose (mg/dia)

Posologia (freqüência/dia) Modo de usar

1 2 3 4 5

Total de medicamentos/dia: ____________________

ANTI-HIPERTENSIVOS E/OU HIPOGLICEMIANTES ORAIS / INSULINA

2. Considerando o dia de ontem, como o(a) senhor(a) tomou a medicação número 1? Qual horário? Quantos miligramas ou quantos comprimidos em cada tomada? (as perguntas serão reforçadas para cada medicamento acima identificado e específico para o tratamento da hipertensão e do diabetes)

Medicação PRESCRITO

Dose (mg/dia)

Posologia (freqüência/dia) Modo de usar

1 2 3 4 5

3. Na última semana, o(a) senhor(a) tomou todos os comprimidos como costuma fazer ou houve alguma alteração? Se Sim, qual alteração?

Medicação PRESCRITO

Dose (mg/dia) Posologia Modo de usar

1 2 3 4 5

4. Considerando o último mês, o(a) senhor(a) tomou todos os comprimidos como costuma fazer ou houve alguma alteração? Se Sim, qual alteração?

Medicação PRESCRITO

Dose (mg/dia)

Posologia Modo de usar

1 2 3 4 5

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ANEXO 4

Recodificação dos itens do instrumento NEI VFQ-25 para a pontuação dos escores

(Fonseca, 2006)

Itens Valores originais (a) Valores recodificados

1, 3, 4, 15c (b)

1 100 2 75 3 50 4 25 5 0

2

1 100 2 80 3 60 4 40 5 20 6 0

5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 16, 16ª

1 100 2 75 3 50 4 25 5 0 6 *

17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25

1 0 2 25 3 50 4 75 5 100

(a) Valores das opções de respostas do questionário. (b) O item 15c tem quatro níveis de resposta, mas pode ser expandido para cinco caso seja respondida a questão 15b. Assim, se 15b = 1, 15c será recodificado para “0”; se 15b = 2 ou 3, 15c será considerado “missing”.

* A resposta 6 não se refere a limitação visual. Quando esta escolha for feita, o item é considerado “missing”.

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ANEXO 5

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