qual é a explicação científica para o dia prolongado de josué 10

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Entäo Josué falou ao SENHOR, no dia em que o SENHOR deu os amorreus nas mäos dos filhos de Israel, e disse na presença dos israelitas: Sol, detem-te em Gibeom, e tu, lua, no vale de Ajalom. Jos 10.12 1 TRÊS SISTEMAS DE INTERPRETAÇÃO Certas partes das Escrituras devem ser interpretadas literalmente e outras figuradamente e ainda outras simbolicamente. A. A Interpretação Literal significa dar à passagem em questão uma interpretação comum, de bom senso, em que as palavras são tomadas no sentido usual e costumeiro. É segundo a "letra". Uma ilustração da interpretação literal é a passagem em Lucas 1.31-33 que fala clara e literalmente que Cristo nasceria da Virgem, seria chamado o Filho de Deus e seria o Herdeiro do trono do Seu pai Davi, segundo a carne, e que reinaria nesse trono sobre os descendentes de Jacó. Esta regra de interpretação literal é a regra recomendada na maioria dos casos. Devemos usá-la sempre que for possível. Há passagens que não se podem interpretar literalmente, por seu conteúdo, ou porque outras razões óbvias fazem-nas exigir uma interpretação figurada ou simbólica. Mas sempre que for possível, deve-se empregar o modo literal. Em contraste com isso, temos B. A Interpretação Figurada que se dá às passagens que empregam figuras de linguagem. Por exemplo, em Hebreus 4.7 o apóstolo nos exorta: "... não endureçais os vossos corações". Em João 10.9 Jesus disse: "Eu sou a porta" e em João 6.48 Ele disse: "Eu sou o pão da vida". Naturalmente, tais passagens não significam que os nossos corações sejam fisicamente endurecidos, mas sim que sejam sensíveis ao toque do Espírito de Deus; nem que Cristo é uma porta de madeira, ou do curral, mas sim que Ele é a porta de entrada para a vida eterna. Semelhantemente, Ele não é um pão literal e, sim, como pão que sustenta espiritualmente aquele que dEle se alimenta. 1 Olson, Nels Lawrence, OS Plano divino através dos séculos : estudo das dispensações / N. Lawrence Olson. - 6. ed. Rio de Janeiro : Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 1981.

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Page 1: Qual é a explicação científica para o dia prolongado de Josué 10

Entäo Josué falou ao SENHOR, no dia em que o SENHOR deu os amorreus nas mäos dos filhos de Israel, e disse na presença dos israelitas: Sol, detem-te em Gibeom, e tu, lua, no vale de Ajalom. Jos 10.12

1TRÊS SISTEMAS DE INTERPRETAÇÃOCertas partes das Escrituras devem ser interpretadas

literalmente e outras figuradamente e ainda outras simbolicamente.

A. A Interpretação Literal significa dar à passagem em questão uma interpretação comum, de bom senso, em que as palavras são tomadas no sentido usual e costumeiro. É segundo a "letra". Uma ilustração da interpretação literal é a passagem em Lucas 1.31-33 que fala clara e literalmente que Cristo nasceria da Virgem, seria chamado o Filho de Deus e seria o Herdeiro do trono do Seu pai Davi, segundo a carne, e que reinaria nesse trono sobre os descendentes de Jacó. Esta regra de interpretação literal é a regra recomendada na maioria dos casos. Devemos usá-la sempre que for possível. Há passagens que não se podem interpretar literalmente, por seu conteúdo, ou porque outras razões óbvias fazem-nas exigir uma interpretação figurada ou simbólica. Mas sempre que for possível, deve-se empregar o modo literal. Em contraste com isso, temos

B. A Interpretação Figurada que se dá às passagens que empregam figuras de linguagem. Por exemplo, em Hebreus 4.7 o apóstolo nos exorta: "... não endureçais os vossos corações". Em João 10.9 Jesus disse: "Eu sou a porta" e em João 6.48 Ele disse: "Eu sou o pão da vida". Naturalmente, tais passagens não significam que os nossos corações sejam fisicamente endurecidos, mas sim que sejam sensíveis ao toque do Espírito de Deus; nem que Cristo é uma porta de madeira, ou do curral, mas sim que Ele é a porta de entrada para a vida eterna. Semelhantemente, Ele não é um pão literal e, sim, como pão que sustenta espiritualmente aquele que dEle se alimenta.

C. A Interpretação Simbólica é o que usamos quando se trata de objetos animados ou inanimados, que se usa paralelamente a fim de esclarecer o assunto. Nos capítulos 2 e 7 de Daniel encontramos este tipo de interpretação, usado pelo próprio Espírito Santo. Os reinos gentílicos mundiais desde o babilônio Nabucodonosor até ao tempo do retorno de Cristo são representados pelos vários metais da grande estátua vista pelo monarca e depois pelas várias feras vorazes que o profeta Daniel viu.

Convém lembrar que, mesmo na interpretação figurada ou simbólica, devemos sempre procurar a verdade literal, a mensagem divina, contida na passagem em apreço.

1 Olson, Nels Lawrence, OS Plano divino através dos séculos : estudo das dispensações / N. Lawrence Olson. - 6. ed. Rio de Janeiro : Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 1981.

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2Gabaom era uma das grandes cidades da Palestina. Quando capitulou ao Israel, o rei de Jerusalém se alarmou grandemente. Em resposta a seu chamamento, outros reis amorreus de Hebrom, Jarmute, Laquis e Eglom formaram uma coalizão com ele para atacar a cidade de Gabaom.

Tendo feito uma aliança com Israel, a cidade sitiada mandou imediatamente mensageiros em demanda de socorro para aquele lugar. Mediante a marcha de toda uma noite desde Gilgal, Josué apareceu inesperadamente em Gabaom, onde derrotou e empurrou seu inimigo através do passo de Bete-Horom, também conhecido como vale de Aijalom até Azeca e Maqueda.

A ajuda sobrenatural nesta batalha resultou numa esmagadora vitória para os israelitas.

Além do elemento surpresa e pânico em campo inimigo, as pedras de saraiva provocaram enormes baixas entre os amorreus, mais das que realizaram os combatentes de Israel (Js 10.11). E também aos israelitas foi dado um longo dia para que perseguissem seu inimigo. A ambigüidade da linguagem concernente a este longo dia de Josué tem dado origem a variadas interpretações. Era esta uma linguagem poética? Solicitou Josué uma maior duração da luz do sol ou para descanso do calor do dia? 3 Se for uma linguagem poética, então somente se trata de uma chamada feita por Josué por ajuda e fortaleza 4. Como resultado, os israelitas estiveram tão cheios de fortaleza e vigor que a tarefa de um dia foi executada em só meio dia.

Aceito como uma prolongação da duração da luz, isto foi um milagre no qual o sol ou a lua e a terra ficaram detidos 5. Se o sol e a lua detiveram seus cursos regulares, pôde ter sido um milagre de refração ou uma miragem dada sobrenaturalmente, estendendo a luz do dia de forma tal que o sol e a lua pareceram ficar fora de seus cursos regulares. Isto proporcionou a Israel mais tempo para perseguir a seus inimigos 6. A chamada de Josué em favor da ajuda divina pôde ter sido uma solicitude de alívio para que diminuísse o calor do sol, ordenando que o sol

2 A HISTÓRIA DE ISRAEL NO ANTIGO TESTAMENTO, Samuel J. Schultz.3 Para um resumo de várias opiniões, ver o livro de Bemard Ramm, "The Christian View of Science and Scripture", (Grand Rapids: Eerdmans), 1955, pp. 156-161.4 Para um discussão representativa, ver o artigo intitulado:"Sun in Davis", Dictionary of the Bible. 4.1 rev. ed. (Grand Rapids: Baker Book House, 1954), pp. 748-749.5 Ver R. A. Torrey. "Difficulties in the Bible" (1971, p. 53); Josefo, "Antiquities of the Jews", v. 1:17 e Eccius 46:4.6 Ver A. Rendle Short "Modern Discovery and the Bible" (Londres: Intervarsity Fellowship of Evangelical Unions, 1943), p. 117, y Lowell Butler "Mirages are Light Benders", Jourmal of the American Scientific Affiliation, dezembro 1951.

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permanecesse silencioso ou surdo, quer dizer, que evitasse brilhar tanto. Em resposta, Deus enviou uma tormenta de saraiva que proporcionou tanto o alívio do calor solar como a destruição do inimigo. Os soldados, refrescados, realizaram um dia de marcha em meio dia de duração desde Gabaom até Maqueda, uma distância de uns 48 km 7, e lhes pareceu um dia completo quando em realidade só havia transcorrido meio dia. Embora o relato de Josué não nos proporcione detalhes de como aconteceu aquilo, resulta aparente que Deus interveio em nome de Israel e a liga amorrea foi totalmente derrotada.

8Qual é a explicação científica para o dia prolongado de Josué 10.12-14? [D]

O livro de Josué registra vários milagres. Nenhum deles, contudo, é tão digno de nota nem tão discutido quanto o que se refere a um dia prolongado, com o dobro das 24 horas normais. Foi o da batalha de Gibeom (10.12-14). Tem-se objetado que, se de fato a Terra houvesse parado de girar por 24 horas, uma catástrofe inconcebível teria esmagado o planeta e tudo que estivesse em sua superfície. Os que crêem na onipotência de Deus de modo nenhum concordam com a idéia de que Iavé não teria impedido a tragédia; o Senhor teria suspendido as leis físicas que provocariam o desastre. No entanto, com base no próprio texto hebraico, não nos parece necessário crer que a Terra subitamente tenha parado, deixando de executar o movimento de rotação sobre si mesma. Assim diz o versículo 13: "O sol parou no meio do céu e por quase um dia inteiro não se pôs". A frase "não se apressou" (RA) parece indicar um retardamento do movimento solar (ou seja, da rotação da Terra). Em vez de 24 horas, o dia teria tido quase 48.

Há apoio para essa idéia: pesquisas trouxeram à luz relatos de fontes egípcias, chinesas e hindus a respeito de um dia muito longo. Harry Rimmer relata que alguns cientistas astrônomos chegaram à conclusão de que está faltando um dia inteiro no cálculo astronômico. Declara Rimmer que alguns cientistas do Observatório de Harvard traçaram a origem desse dia que falta aos tempos de Josué. De semelhante modo se pronuncia Totten, de Yale (cf. Bernard Ramm, The Christian view of science and

7 Ver D. Maunder, "The Battle of Beth-Horon" The International Standard Bíble Encyclopedia, I, 446-449. Ver também Roben Dick Wilson "What does the sur stood still mean?" Moody Monthly, 21:67 (octubre, 1920), que interpreta as palavras traduzidas como "o sol se deteve" como significando "escureceu", sobre a base da astronomia babilônica. Hugh J. Blair "Joshua" en The New Bible Commentary, p. 231, sugere que Josué fez tal petição na manhã para que a tormenta de saraiva prolongasse a escuridão.8Archer, Gleason Leonard, Enciclopédia de temas bíblicos : respostas às principais dúvidas, dificuldades e "contradições" da Bíblia / Gleason Leonard Archer ; tradução Oswaldo Ramos. - 2. ed. - São Paulo : Editora Vida, 2001.

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Scripture [Grand Rapids, Eerdmans, 1954] p. 159). Ramm informa, entretanto, que não conseguiu documentar esse relatório, possivelmente porque essas universidades preferiam não manter em arquivo esse tipo de relatório.

Outra possibilidade de interpretação decorre de um entendimento um tanto diferente da palavra dôm (traduzida por KJV por "mantém-te quieto"). É vocábulo que normalmente se traduz por "estar em silêncio", "cessar" ou "partir". E. W. Maunders, de Greenwich e Robert Dick Wilson, de Princeton, interpretaram a oração de Josué como petição no sentido de o Sol cessar de derramar seu calor sobre suas tropas em batalha, de tal modo que pudessem prosseguir lutando sob condições mais favoráveis. A tempestade destruidora, de granizo, que acompanhou a batalha, dá alguma credibilidade a essa opinião, a qual tem sido defendida por homens de inquestionável ortodoxia. No entanto, é preciso que se admita que o versículo 13 parece favorecer o prolongamento do dia: "O sol parou, e a lua se deteve, [...] O sol parou no meio do céu e por quase um dia inteiro não se pôs" (ARA).

Keil e Delitzsch (Joshua, Judges, Ruth, p. 110) sugerem que ocorreu um prolongamento miraculoso do dia, de modo que apenas apareceu a Josué e a todo o Israel que ele se prolongou de fato. O exército conseguiu fazer em um dia o trabalho de dois. Teria sido difícil para eles dizer se a Terra estava girando à velocidade normal se a rotação fosse o único critério para a medida do tempo. Eles acrescentam outra possibilidade: Deus poderia ter produzido um prolongamento da luz solar, tendo prosseguido a visibilidade após a hora normal do crepúsculo, mediante uma refração especial dos raios solares.

Hugh J. Blair ("Joshua", em Guthrie, New Bible commentary, p. 244) sugere que a oração de Josué teria sido pronunciada bem cedo, de manhã, visto que a luz ainda estava no Ocidente, e o Sol, no Oriente. A resposta veio na forma de uma tempestade de granizo que prolongou a escuridão e, dessa forma, facilitou o ataque de surpresa dos israelitas. Daí, na escuridão da tempestade, a derrota do inimigo foi completa. Deveríamos, pois, falar da "longa noite" de Josué, em vez de o "longo dia". Essa é, em essência, a opinião de Maunders e Wilson. Essa interpretação não pressupõe a parada do movimento de rotação da Terra em seu eixo, embora dificilmente se enquadre na declaração de Josué 10.13. Portanto, é uma interpretação de valor dúbio.

9Josué mandou parar o sol. Antigos comentadores referem-se às palavras de Habacuque em apoio deste fato, H c 3. 11, mas a construção gramatical e o contexto, opõem-se a ele. O sol e a lua pararam no seu curso. O temor da

9 Dicionário da Bíblia, John D. Davis.

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presença de Deus domina a natureza inteira e revela-se no abalo das montanhas, no bramido das ondas; o sol e a lua param na sua habitação, retiram-se à luz. das suas frechas, 10 e 11. A primeira referência ao prolongamento do dia em Bete-Horom encontra-se no livro do Eclesiástico, cujo autor, evidentemente, acreditava que o sol e a lua pararam no seu curso. “ N ão é que a sua mão fez voltar atrás o sol? e o dia não se fez igual a dois?” , Ecclus. 46. 4. Assim o entendeu o historiador Josefo, Antig. 5. 1, 17. Não hã dúvida que Deus podia operar tal maravilha com todas as suas conseqüências. As circunstâncias, contudo, apenas oferecem uma ocasião adequada para tão estupendo milagre. Há outra interpretação muito aceitável. Ê certo que os w . 12 e 13 do cap. 10 de Josué são de forma poética. Os vv. 12-15, com toda a probabilidade, formam um parágrafo, cp. a repetição das palavras do v. 15 e do 43, e foram citadas do Livro dos Justos, Livro de Jasar, coleção de poemas, acompanhada de notas em prosa, tanto no princípio como no fim . Vejà Jasar, cp. Jó com o seu prólogo e epílogo em prosa; cp. a posição da cláusula citada em Js 10. 13 com 2 Sm 1. 18. As palavras de Josué são a ordem do dia de um general a seus soldados animando-os à peleja nas vésperas da batalha. Desejando que Israel tivesse bastante tempo para efetuar a derrota do inimigo, dirige-se ao sol e à lua em frases imperiosas: “ Sol, detem-te sobre Gabaom; e tu, Lua, pára sobre o vale de Aijalom .” E Deus fez-lhe a vontade. Antes de findar o dia, o povo havia-se vingado de seus inimigos. Uma tempestade de neve veio em auxílio dos israelitas que foram dando sobre o inimigo até Azeca e Maceda, fazendo neles grande mortandade. Este acontecimento foi poeticamente celebrado no Livro de Jasar, e deve ser interpretado como o interpreta o Salmista quando, falando do maná, diz: “ E mandou às nuvens de cima, e abriu as portas do céu. E lhes choveu o maná abriu as portas do céu, E lhes choveu o maná 24, ou como o entende o poeta sagrado, que, após relatar a passagem do M ar Vermelho è do Jordão, acrescenta: “ Os montes saltaram de prazer como carneiros” , Sl 114. 6; e assim- mesmo as palavras de Habacuque, falando de Deus como guerreiro: “ Tu montarás sobre os teus cavalos, e as tuas carroças são a nossa salvação” , Hc 3. 8.