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MANUELLA PRATA BIANCHINI PULPOTOMIA EM DENTES DECÍDUOS REVISÃO DE LITERATURA Londrina 2016

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MANUELLA PRATA BIANCHINI

PULPOTOMIA EM DENTES DECÍDUOS

REVISÃO DE LITERATURA

Londrina

2016

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MANUELLA PRATA BIANCHINI

PULPOTOMIA EM DENTES DECÍDUOS

REVISÃO DE LITERATURA

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Departamento de Medicina

Oral e Odontologia Infantil da Universidade

Estadual de Londrina.

Orientador: Profa. Ms. Marília Franco

Punhagui

Londrina

2016

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MANUELLA PRATA BIANCHINI

PULPOTOMIA EM DENTES DECÍDUOS

REVISÃO DE LITERATURA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Medicina Oral e Odontologia Infantil da Universidade Estadual de Londrina.

COMISSÃO EXAMINADORA

______________________________________

Profa. Ms. Marília Franco Punhagui

Universidade Estadual de Londrina

______________________________________

Profa. Farli Aparecida Carrilho Boer

Universidade Estadual de Londrina

Londrina, 9 de novembro de 2016.

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À minha falecida avó Sheila, que por toda

sua vida foi exemplo de força e

perseverança para mim. Sei que, de onde

quer que esteja, me deu apoio e está

comemorando mais essa conquista comigo.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus que me deu minha família, meus amigos, meu

namorado e a oportunidade de estar finalizando mais uma etapa da minha vida.

Aos meus pais, por todas as vezes que, mesmo sendo difícil, me apoiaram,

me deram amor e carinho, tiveram compreensão nos momentos de tensão,

confiaram em mim e, dessa forma, foram parte essencial para que esse trabalho

pudesse ser concluído.

A minha irmã Gabriella que é minha grande companheira da vida, por todas

as vezes que, com um abraço, ou um sorriso, me deu força para continuar, por mais

difícil que fosse.

As minhas amigas, que compreenderam todas as vezes que precisei deixar

de vê-las para que pudesse me dedicar à esse trabalho e, mais que isso, me

apoiaram sempre.

Ao meu namorado Gregorio, que está sempre ao meu lado, me fazendo

enxergar o lado bom das coisas e que, com seu amor e companheirismo, me faz

acreditar que eu sou capaz.

Aos amigos que a odontologia me deu, em especial a Mariana, a Julia, o

Eduardo, a Letícia e o Matheus, que estiveram comigo quase todos os dias desses 5

anos de faculdade, me motivando e acreditando no meu potencial.

A minha professora orientadora Marília por todo conhecimento compartilhado

comigo e por ter me auxiliado em todas as etapas do trabalho.

E a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, foram responsáveis por

essa vitória, muitas pelo simples fato de torcerem por mim.

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“A felicidade se encontra nas coisas mais simples da terra, às vezes a paz de

um sorriso pode desarmar uma guerra.”

Armandinho

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BIANCHINI, Manuella Prata. Pulpotomia em dentes decíduos – revisão de literaura. 2016. 28 p. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Odontologia. Departamento de Medicina Oral e Odontologia Infantil. Universidade Estadual de Londrina, 2016.

RESUMO

A pulpotomia em dentes decíduos é uma técnica conservadora de terapia pulpar amplamente utilizada na odontopediatria, que consiste na remoção da polpa dental coronária infectada e conservação da porção pulpar radicular, sendo de fundamental importância para evitar a perda precoce desses dentes, seja devido a cárie ou a traumatismo dentário. Apesar de ser uma técnica utilizada há muitos anos, causa muitas controvérsias em relação ao medicamento a ser utilizado e pelas dificuldades e falhas no diagnóstico da condição pulpar. O objetivo desse trabalho foi realizar uma revisão de literatura a cerca da pulpotomia em dentes decíduos com foco nos medicamentos utilizados. Embora existam diversos medicamentos disponíveis, o mais importante é o diagnóstico correto da condição pulpar e desta forma selecionar o medicamento adequado para cada caso, individualmente.

Palavras-chave: Pulpotomia, dente decíduo, polpa dentária, materiais biocompatíveis.

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BIANCHINI, Manuella Prata. Pulpotomy in deciduous teeth - literature review. 2016. 28 p. Monograph for the dentistry. Department of Oral Medicine and Dentistry Children. Londrina State University, 2016.

ABSTRACT

Pulpotomy in deciduous teeth is a conservative technique of pulpal therapy widely used in pediatric dentistry, which consists of the removal of infected dental pulp and preservation of the root pulp portion, being of fundamental importance to avoid the early loss of these teeth, whether due to caries or to dental trauma. Despite being a technique used for many years, it causes many controversies regarding the medicine to be used and for the difficulties and failures in the diagnosis of the pulp condition. The objective of this study was to carry out a literature review about the pulpotomy in deciduous teeth with a focus on the drugs used. Although there are several medications available, the most important is the correct diagnosis of the pulpal condition and in this way select the appropriate medicine for each case individually.

Key Words: Pulpotomy, deciduous tooth, dental pulp, biocompatible materials.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Medicamentos utilizados no capeamento pulpar indireto de dentes

decíduos ............................................................................................ 14

Quadro 2 – Medicamentos utilizados na pulpotomia de molares decíduos com

função de fixação ............................................................................... 22

Quadro 3 – Medicamentos utilizados na pulpotomia de molares decíduos com

função de preservação ....................................................................... 23

Quadro 4 – Medicamentos utilizados na pulpotomia de molares decíduos com

função de regeneração. ..................................................................... 23

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LISTA DE ABREVIATUAS E SIGLAS

CPI Capeamento Pulpar Indireto

MTA Mineral Trióxido Agregado

CP Cimento Portland

HC Hidróxido de Cálcio

CIV Cimento de Ionômero de Vidro

OZE Óxido de Zinco e Eugenol

CPD Capeamento Pulpar Direto

LBI Laser de Baixa Intensidade

SF Sulfato de Ferro

FDA American Food and Drug Administration

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO E OBJETIVO ......................................................................... 11

2 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 13

3 CONCLUSÃO ................................................................................................. 25

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 26

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1 INTRODUÇÃO E OBJETIVO

Cárie dentária, lesões traumáticas e procedimentos restauradores podem

levar a polpa dental a sofrer danos irreversíveis que podem, consequentemente,

levar à perda prematura de um dente decíduo. Um dos principais objetivos da

odontologia pediátrica nos dias de hoje é manter a dentição primária intacta até o

seu período natural de esfoliação, já que os mesmos são importantes para o bom

desempenho nas funções mastigatórias, articulação, fonação e oclusão. Além de

participar dos períodos de crescimento de desenvolvimento da altura dos arcos

dentários, dos maxilares e dos músculos da face, bem como na respiração e na

harmonia estética da criança (FUKS 2002)

A pulpotomia é um tratamento realizado a fim de manter os molares decíduos

com lesão pulpar que, de outra forma, seriam extraídos. Nesta técnica a parte

coronária da polpa é removida e o tecido pulpar remanescente é coberto com um

medicamento, com objetivo de manter a vitalidade da polpa radicular. Baseia-se no

raciocínio de que o tecido da polpa radicular está saudável ou é passível de

cicatrização após a amputação da porção pulpar coronária infectada. (CAMP, FUKS

2006 apud OLATOSI, SOTE, ORENUGA 2015).

Os progressos recentes no campo da biologia celular e molecular, assim

como o melhor conhecimento acerca do desenvolvimento dentário, contribuíram

para o surgimento de uma ampla gama de novos materiais, mais biocompatíveis,

indicados para pulpotomia de dentes decíduos. (SAKAI et al, 2009 apud

LOURENÇO NETO et al, 2013.)

Atualmente, a busca por substâncias mais biocompatíveis e seguras para a

pulpotomia em dentes decíduos tem ganhado destaque nas pesquisas,

influenciando diretamente na prática clínica. Hoje, abre-se espaço para materiais

capazes de promover preservação e regeneração pulpar, diferentemente do que

preconizava-se no passado com o uso de materiais que promoviam a fixação dos

tecidos da polpa dentária. Essa mudança na prática clínica, tem incluído a

investigação de agentes, como sulfato férrico, hidróxido de cálcio, Agregado Trióxido

Mineral (MTA), técnicas eletrocirúrgicas e, mais recentemente, o uso do Laser de

Baixa Intensidade.

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Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi realizar uma revisão

bibliográfica acerca da pulpotomia em dentes decíduos com ênfase nos

medicamentos disponíveis.

.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Segundo Parisay, Ghoddusi e Forghani, 2015 e Hilton, 2009, a perda precoce

dos dentes decíduos pode acarretar vários problemas, dentre eles a má oclusão

devido a perda de espaço, problemas funcionais e, também, estéticos. Portanto,

manter esses dentes em posição e função corretas, até seu período de esfoliação

fisiológica, é de extrema importância. Os dentes possuem em seu interior um tecido

vascularizado denominado polpa, que pode ser afetado por cárie, trauma ou até

mesmo um processo restaurador. Dependendo da gravidade da lesão, a reação da

polpa é diferente. A terapia pulpar na dentição decídua inclui algumas opções de

tratamento dependendo do grau de saúde pulpar e seu estágio de inflamação, sendo

esta a situação que determinará a escolha do tratamento pulpar mais adequado

(Stona, Poletto e Weber, 2009). Os dentes decíduos podem ser tratados por dois

tipos diferentes de terapias endodônticas: a terapia vital da polpa (manutenção da

vitalidade e função da polpa) e o tratamento do canal radicular. A terapia vital da

polpa engloba três procedimentos diferentes: capeamento pulpar indireto,

capeamento pulpar direto e pulpotomia.

Al-Zayer et al, 2013 e Parisay, Ghoddusi e Forghani, 2012 enfatizam que o

capeamento pulpar indireto (CPI), defendido há mais de 200 anos, é indicado para

dentes com lesões de cárie profundas próximas a polpa, mas que não apresentam

sinais ou sintomas de exposição e/ou degeneração do tecido pulpar. O principal

objetivo deste tratamento é manter a vitalidade da polpa. A Academia Americana de

Odontopediatria define o capeamento pulpar indireto como a remoção incompleta da

dentina cariada com o intuito de evitar a exposição do tecido pulpar

concomitantemente ao tratamento do tecido cariado com o material biocompatível.

Fauchard, 1746 apud Pires, 2006, preconiza o tratamento conservador de dentes

cariados, extensivamente, onde não seria necessário remover todo o tecido cariado,

já que a remoção total da cárie poderia resultar na exposição do tecido pulpar, o que

requer tratamentos mais invasivos.

Segundo Araujo et al 2009, CPI deve ser realizado sob anestesia local e com

isolamento absoluto. Primeiramente deve ser feita a remoção do tecido cariado

amolecido e irreversivelmente lesado, com instrumentos rotatórios e, posteriormente,

com colher de dentina, mantendo o tecido parcialmente desmineralizado localizado

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próximo à polpa, para evitar exposição pulpar. Em seguida, faz-se a limpeza da

cavidade com soro fisiológico, aplica-se base protetora com material biocompativel e

restaura-se a cavidade com material permanente devidamente escolhido, de acordo

com o grau de acometimento do dente. O tratamento é dado como definitivo, não

necessitando de segunda sessão para reabertura e reavaliação da dentina no

assoalho da cavidade. Reavaliações clínicas e radiográficas deverão ser realizadas

por, no mínimo, dois anos. Nesse método, os microorganismos remanescentes do

tecido cariado tornam-se inviáveis devido ao isolamento da cavidade. Portanto o

tratamento pulpar indireto deve ser realizado em dentes com potencial de

recuperação da injúria provocada pela lesão de cárie. (FALSTER ET AL, 2002;

FAROOQ ET AL, 2000).

Araújo et al, 2009, relata que apesar de existirem várias evidências de que

não seja necessário remover totalmente a dentina cariada, muitos profissionais

ainda seguem os princípios básicos de Black, 1908, que preconiza “melhor expor

uma polpa de um dente do que deixá-la coberta apenas por dentina contaminada”.

Vários medicamentos são defendidos para o campeamento pulpar indireto

como o mineral trióxido agregado (MTA), o cimento Portland (CP), o hidróxido de

cálcio (HC), o cimento de ionômero de vidro (CIV), óxido de zinco e eugenol (OZE),

adesivos dentinários e moléculas bioativas, tais como a proteína da matriz do

esmalte (EMDOGAIN) ou membros da proteína morfogenica do osso (BMP), tais

como fator de crescimento do tecido-β (TGF-β). Taxas de sucesso variáveis foram

obtidas com diferentes materiais para capeamento pulpar indireto, por diferentes

autores, e podem ser vistas no quadro adaptado segundo Parisay, Ghoddusi e

Forghani, 2012; Mohammed et al, 2003 e Farooq et al., 2000.

Quadro 1 – Medicamentos utilizados no capeamento pulpar indireto de dentes

decíduos

Autor Ano Medicamento % de

sucesso Acompanhamento

em meses

Rosenberg et al 2013 Clorexidina e Ionomero de vidro modificado por resina

97 12

Petrou et al 2013 MTA Cimento Portland Hidróxido de cálcio

90.3 90.3 90.3

6.3

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Trairatvorakul and Sastararuji

2013 Hidróxido de cálcio CTZ

94 78

12 - 29

Arizos and Kotsanos

2011 Ionômero de vidro modificado por resina

96.5 31

Gruythuysen et al 2010 Ionômero de vidro modificado por resina

96 36

Casagrande et al 2009 Hidróxido de cálcio Total etch adhesive

93 80

60

Franzon et al 2007 Hidróxido de cálcio Guta percha

73.3 85.7

36

Marchi et al 2006 Hidróxido de cálcio Ionômero de vidro modificado por resina

88.3 93.3

48

Vij et al 2004 Ionômero de vidro 94 40

Al-Zayer et al 2003 Hidróxido de cálcio 95 14

Falster 2002 Hidroxido de cálcio 90 24

Farooq 2000 Ionomero de vidro modificado por resina

93 24-84

Nirschl and Avery 1983 Hidróxido de cálcio 94 6

Sawusch 1982 Hidróxido de cálcio 96 12-24

Kerkhove 1967 Hidróxido de cálcio Óxido de zinco e eugenol

89 12

Fonte: o próprio autor

De acordo com Ghajari et al, 2013, quando uma polpa saudável é

acidental/mecanicamente exposta durante procedimentos ou trauma, indica-se o

capeamento pulpar direto (CPD). Nestes casos, o dente lesionado deve ser

assintomático e o local de exposição deve ser de pequeno diâmetro e livre de

contaminantes orais. O CPD em dentes permanentes é um protocolo de tratamento

aceito universalmente, enquanto nos dentes decíduos, atualmente, é controverso,

pois são muito raros relatos de resposta pulpar favorável em molares decíduos após

capeamento pulpar direto.

Dentes decíduos com exposição pulpar ou patologia sempre devem ser

tratados, seja por tratamento endodôntico ou por extração. Já que a manutenção do

comprimento do arco é importante para uma boa função mastigatória e a futura

erupção dos dentes permanente, na busca da melhor oclusão, prioriza-se, sempre

que possível, manter o dente decíduo no arco, tratando-o endodonticamente

(CARROTE, 2005).

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A pulpotomia preconiza a remoção da polpa coronária inflamada e a aplicação

de um penso de algodão com medicamento sobre a polpa radicular, numa tentativa

de preservar a vitalidade do tecido pulpar radicular. O tecido pulpar remanescente

deve ser protegido com um material capeador que preserve sua vitalidade

estimulando o processo de reparo e a formação de tecido mineralizado sobre o

mesmo, mantendo o tecido pulpar radicular com estrutura e funções normais

(ASSED ET AL, 2005).

Face às dificuldades envolvidas no diagnóstico da condição histológica do

tecido pulpar antes do início do tratamento, uma avaliação cuidadosa deve ser feita

em cada fase do processo da pulpotomia. Sempre que a hemorragia dos cotos da

polpa radicular for intensa e descontrolada, é provável que o processo inflamatório

se estendeu para o tecido radicular, e a terapia é modificada (CARROTTE, 2005).

Balaprasanna, 2011 apud Parisay, Ghoddusi e Forghani, 2015, classifica a

pulpotomia de acordo com os seguintes objetivos de tratamento: desvitalização

(mumificação, cauterização), preservação (desvitalização mínima, não indutivo) ou

regeneração (indutivo, reparadora).

Desvitalização

Na pulpotomia de dentes decíduos com a técnica de desvitalização, o tecido

pulpar vital é destruído e ela pode ser feita com formocresol, gluteralteido e

eletrocirurgia (PARISAY, GHODDUSI E FORGHANI, 2015).

Formocresol

Segundo Yoon et al, 2008 apud Stona, Poletto, Weber, 2009, a utilização do

formocresol foi preconizada por Buckley, em 1904. Desde então, é o medicamento

mais utilizado nas pulpotomias de dentes decíduos. A fórmula original de Buckley

requeria partes iguais de formaldeído e cresol. Atualmente, o formocresol diluído, na

proporção 1:5, tem sido o mais utilizado.

A grande vantagem do formocresol diluído seria a manutenção da vitalidade

do remanescente pulpar, permitindo que os processos biológicos do dente ocorram

normalmente, sem alteração das propriedades clínicas e sendo menos irritante aos

tecidos pulpares e periapicais (STONA, POLETTO E WEBER, 2009).

Questionamentos quanto a sua utilização devido a uma possível distribuição

sistêmica, com provável potencial citotóxico, mutagênico e carcinogênico surgiram.

Porém, estudos recentes não correlacionam reações adversas com o uso clínico do

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formocresol, bem como relatam a improbabilidade da ocorrência dos efeitos acima

citados utilizando-se as doses preconizadas na técnica da pulpotomia.

A técnica preconizada por Fuks em 1996 para pulpotomia com formocresol

consta de: anestesia, isolamento absoluto do campo operatório, remoção da dentina

cariada e do teto da câmara pulpar, remoção da polpa coronária com escavadores

de dentina até o nível da entrada de canais radiculares, irrigação com água destilada

ou soro fisiológico, secagem com bolinhas de algodão ou papel absorvente até se

obter hemostasia, colocação de uma bolinha de algodão embebida no formocresol

(diluído 1/5) na câmara pulpar por 5 minutos, sem excesso, colocação de pasta com

óxido de zinco e eugenol sobre o remanescente pulpar e o assoalho da câmara

pulpar, restauração provisória ou definitiva do dente.

Gluteraldeído

Dummett e Kopel, 2002, demonstraram que o gluteraldeído é um reagente

quimicamente bifuncional, o qual forma ligações de proteína intra e intermoleculares

fortes, levando a fixação superficial por meio de ligação cruzada. Segundo Guedes

Pinto, 2010, na odontologia, é utilizado glutaraldeído 2%, que atua como fixador do

tecido pulpar e causa pouca injúria ao tecido, preservando-o. Possui a capacidade

de fixar os tecidos superficialmente, com uma penetração limitada e mantendo a

vitalidade do tecido pulpar, porém aumenta sua dureza.

Em comparação ao formocresol, o gluteraldeído apresenta menor índice de

reações pulpares indesejáveis (Maia et al., 2005). Além de ser menos necrótico,

distrófico, citotóxico e antigênico, é um bactericida melhor e fixa o tecido

instantaneamente (DUMMETT E KOPEL, 2002).

Para Guedes Pinto, 2010 a técnica de pulpotomia com gulataldeído consiste

de: anestesia, isolamento absoluto, remoção do tecido cariado com brocas e

também do teto da câmara pulpar, em seguida removemos a polpa com curetas,

seguida de hemostasia e colocação do glutaraldeido no penso de algodão por 5

minutos sobre o remanescente pulpar. A seguir, remove-se o penso, sela-se o dente

com óxido de zinco e eugenol e restaura-o, temporaria ou definitivamente.

Eletrocirurgia

Segundo Parisy, Ghoddusi e Forghani, 2015 eletrocirurgia é uma técnica não-

farmacológica que tem sido sugerido para a pulpotomia. Baseia-se no corte e

coagulação de tecidos moles por meio de corrente eléctrica de alta frequência que

passam através das células do tecido . Esta técnica carboniza e desnatura a polpa,

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produzindo uma capa de necrose coagulativa, que atua como uma barreira entre o

material base de revestimento e o tecido radicular sadio (SRINIVASAN, PATCHETT

E WATERHOUSE, 2006).

A eletrocirurgia apresenta vantagens, entre elas: a penetração pulpar auto-

limitante à apenas algumas camadas de células em profundidade, permite uma boa

visualização e homeostase sem coagulação química ou envolvimento sistêmico,

além de despender menos tempo operatório em relação à técnica do formocresol.

Os passos para a pulpotomia através da eletrocirurgia são os mesmos

utilizados na técnica do formocresol, até que se consiga hemostasia, em seguida é

ajustada uma potencia de 40% (a 2W) no Hyfrecator Plus 7-797 e utiliza-se um

eletrodo dental 705ª para fechar o arco elétrico. Então, são removidas rapidamente

as bolas de algodão e um eletrodo de 1-2 mm é colocado sobre os remanescentes

radiculares da polpa durante 1 segundo. Deste modo minimiza-se a transferencia de

calor e eletricidade, mantendo o eletrodo o mais longe possível da estrutura dental e

do remanescente radicular pulpar, mas, permitindo que o arco elétrico atue. Se

necessário, este procedimento pode ser repetido até três vezes. Ao final o

remanescente radicular pulpar terá uma aparência seca e escura. A cavidade da

polpa é então selada por colocação direta de óxido de zinco e eugenol (COHEN E

BURNS, 2004).

Preservação

No método de preservação, o tecido pulpar é minimamente insultado. Esse

método é exemplificado pelo sulfato de ferro e o laser. Permite a retenção máxima

do tecido vital e a conservação da polpa radicular sem indução de dentina

reparadora.

Laser

Desde o início da década de 1960, lasers foram introduzidos na medicina e na

odontologia. Os lasers podem ser classificados em 3 categorias de acordo com a

interação e o tecido alvo: laser de diagnóstico, laser de baixa intensidade e laser de

alta potência. No laser de diagnóstico o nível de energia é tão baixo, que não ocorre

o estímulo de organelas ou membranas celulares, assim sua finalidade clínica é para

o diagnóstico de cáries e células tumorais, entre outras lesões. O laser de baixa

intensidade (LBI) oferece uma densidade de energia baixa para que a célula alvo a

utilize de maneira a estimular membranas ou organelas, induzindo biomodulação, ou

seja, a célula procurará reestabelecer o estado de normalidade da região afetada. O

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laser de alta intensidade ultrapassa o limite de sobrevivência da célula, levando-a a

uma lise ou morte celular, tendo finalidade clínica cirúrgica para incisões, excisões e

vaporizações (OLIVI ET AL, 2009).

O LBI foi desenvolvido na busca por procedimento que pudessem diminuir a

dor, estimular reparação, cicatrização e regressão do edema, com consequente

ação antiinflamatória e bioestimulação celular (Kimura et al., 2003; Stabholz et al.,

2004). Na odontopediatria, o LBI pode ser indicado nos casos de pulpotomias devido

à ação antiinflamatória e também evitando necrose pulpar, com penetração auto-

limitante e redução ou ausência de sangramento (KIMURA ET AL., 2000; KOTLOW

2008; CANNON ET AL., 2011).

As vantagens do laser em comparação com a pulpotomia convencional,

dentre outras, são: hemostasia, preservação de tecidos vitais perto do ápice dos

dentes, ausência de vibrações e ausência de odor. Sua principal vantagem e talvez

mais importante é a sua segurança em comparação com outros métodos

convencionais e seus possíveis efeitos colaterais, especialmente em relação

formocresol. Nd: YAG com potência de saída de 2W e frequência de 20Hz Erbium

laser de potência de 0,5 W e frequência de 20Hz podem ser utilizados para este fim.

(GHADIMI ET AL., 2012).

Sulfato de ferro

O sulfato de ferro (SF) é um agente hemostático e coagulativo, que é usado

para pulpotomias de dentes decíduos. Segundo Cohen e Hargreaves 2007, o sulfato

férrico é mais indicado para tratamentos de dentes que deverão permanecer por

mais de 36 meses na cavidade bucal.

Ainda que seu mecanismo de ação não seja totalmente conhecido, acredita-

se que o sulfato férrico em contato com o tecido pulpar, forma um complexo de íon

proteína-ferro e a membrana desse complexo sela os vasos cortados,

mecanicamente, produzindo hemostasia. Devido a aglutinação de proteínas do

sangue como um resultado da reação do sangue com íons de sulfato de ferro e

também pelo pH da solução ácida, são formados tampões que fecham os orifícios

capilares, produzindo hemostasia (SOLÍS, 2011).

A vantagem do sulfato férrico é sua alta taxa de sobrevivência pulpar, ou seja,

tem a propriedade de preservar o tecido pulpar e é muito eficaz no controle imediato

da hemorragia (Cohen e Hargreaves, 2007). Sua desvantagem está relacionada

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com a porcentagem mais elevada de reabsorção interna, relatada por

Papagiannoulis, 2002.

Um estudo realizado por Gisoure 2011, obteve uma taxa de sucesso clínico e

radiográfico de 96,4% e 85,7% respectivamente.

A técnica de pulpotomia com sulfato férrico preconiza: anestesia, isolamento

absoluto, remoção do tecido cariado, e, também, do teto da câmara pulpar, corte da

porção pulpar coronária, seguida de hemostasia com penso de algodão. Uma vez

conseguida a hemostasia, se aplica durante 15 segundos uma bolinha de algodão

impregnada com sulfato férrico à 15,5%. Posteriormente, se irriga suavemente com

soro fisiológico e realiza a secagem com bolinhas de algodão, sem pressionar, sobre

a polpa. Se não houver mais sangramento, se aplica a base de óxido de zinco e

eugenol e, posteriormente, o material restaurador.

Regeneração

O método de regeneração induz formação de dentina reparadora e

preservação da porção pulpar saudável. Essa abordagem é feita através do

hidróxido de cálcio e do MTA.

Hidróxido de cálcio

O hidróxido de cálcio possui propriedades antibacterianas e é indicado

quando o objetivo é a regeneração pulpar. No tecido pulpar tem a capacidade de

reduzir o processo inflamatório por atuar como vasoconstritor capilar e também atua

como indutor do processo de mineralização (GUEDES-PINTO, 2010; KAISER ET

AL. 2011).

Foi o primeiro agente usado para mostrar a capacidade de induzir a

regeneração da dentina. Apresenta-se como um pó branco, cristalino, altamente

alcalino, e ligeiramente solúvel em água e nesta, dissocia-se em íons cálcio e

hidroxila. Os íons de cálcio reagem com o dióxido de carbono nos tecidos

produzindo granulações de cálcio. Este processo conduz a uma acumulação de

fibronectina, que permite a adesão celular e diferenciação, o que resulta na

formação de ponte de dentina. Para que ocorra esta mineralização, o hidróxido de

cálcio tem que estar em contato direto com o tecido. Inicialmente, uma área

necrótica é formada e ,em seguida, uma barreira dentinária é formada diretamente

sobre a área de necrose. Em alguns casos, a área necrótica é reabsorvida e

substituída por uma ponte de dentina (HUTH ET AL., 2005).

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Apesar de sua ampla aplicação, baixas taxas de sucesso em capeamento

pulpar e pulpotomias tem limitado a utilização do hidróxido de cálcio na dentição

decídua. A principal desvantagem deste material é a reabsorção interna, que é

produzida por um coágulo de sangue que intervém entre o material e o tecido pulpar

(SRINIVASAN, PATCHETT E WATERHOUSE 2006; CASTILLO ET AL., 2010).

A técnica para pulpotomia com hidróxido de cálcio segue os mesmos passos

que a pulpotomia com formocresol, até obter-se a hemostasia. Em seguida deve-se

aplicar um penso de algodão impregnado com hidróxido de cálcio e aguardar que o

medicamento aja sobre os remanescentes radiculares pulpar. Posteriormente,

coloca-se uma capa de hidróxido de cálcio, aguarda-se a secagem e, então, é

colocado um cimento a base de óxido de zinco e eugenol.

Agregado Trióxido Mineral (MTA)

O agregado trióxido mineral foi descrito pela primeira vez em 1993 por Lee e

Torabinejad Monsef, sendo pesquisado e utilizado diversas intervenções cirúrgicas e

não-cirúrgicas na área odontológica. O MTA foi usado experimentalmente por muitos

anos e teve sua aprovação para uso em seres humanos, como um material

terapeutico endodontico, pela American Food and Drug Administration (FDA) em

1998 (SOLÍS, 2011).

O MTA foi introduzido como uma alternativa de curativo para pulpotomia de

molares decíduos com características de estimular a liberação de citocinas, induzir a

formação de tecidos, ter efeito dentinogenico sobre a polpa, possuir propriedades

antimicrobianas e capacidade de manter a integridade da polpa após proteção

pulpar direta e/ou pulpotomia, sem efeito citotóxico. (OLATOSI, 2015).

O MTA tem sido muito estudado atualmente e demonstra ser um ótimo

selador endodôntico. É composto por um pó de partículas hidrofílicas, 20% de óxido

de bismuto, sulfato de cálcio di-hidratado, sílica cristalina e uma quantidade muito

pequena de resíduos insolúveis (Leonardo e Leonardo, 2009; Holland et al., 2011).

Quando hidratado, com água destilada, esse pó transforma-se em um gel coloidal,

que demora até quatro horas para solidificar-se (SOLÍS, 2011).

Quando o MTA foi comercializado pela primeira vez, era de coloração cinza,

mas em 2002 uma nova fórmula foi desenvolvida, o MTA branco, afim de diminuir a

alteração de cor do dente exibida pelo MTA cinza.

Estudos mostram que o MTA induz melhor formação de barreira dentinária

tubular do que o hidróxido de cálcio. Ou seja, possui o potencial de induzir os

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odontoblastos a formar barreira dentinária. Como vantagem o MTA não necessita de

um campo totalmente seco, pode ser utilizado em locais com relativa umidade. E

como desvantagens ele apresenta tempo de presa muito longo e difícil manipulação,

devido a consistência arenosa, dificultando a inserção e condensação no local

desejado. (LEONARDO E LEONARDO, 2009 E HOLLAND ET AL., 2011).

A técnica da pulpotomia com MTA consiste de: anestesia, isolamento

absoluto, remoção da cárie e do teto da câmara pulpar, corte da polpa coronária,

irrigação com soro fisiológico e hemostasia com uma bolinha de algodão

ligeiramente umedecida com soro. Então, deve-se realizar a manipulação do MTA,

de acordo com o fabricante, sendo 3 porções de pó para uma porção de líquido.

Quando a pasta estiver na consistência correta deve-se aplicar, com o auxilio de

porta-amalgama. Posteriormente coloca-se o material restaurador temporário e

restaura-o com uma coroa de aço inoxidável (CONTRERAS, SÁEZ E BELLET,

2007).

Taxas de sucesso variáveis foram obtidas com diferentes materiais para

pulpotomia em molares decíduos, por diversos autores e podem ser vistas nos

quadros a seguir, baseadas nos artigos de: Fuks, 2008; Lourenço Neto et al. 2013 e

Parisay, Godhusi e Forgany, 2015.

Quadro 2 – Medicamentos utilizados na pulpotomia de molares decíduos com

função de desvitalização.

AUTOR ANO MEDICAMENTO AMOSTRA TAXA DE SUCESSO CLÍNICO

TAXA DE SUCESSO

RADIO-GRÁFICO

ACOMPANHA-MENTO EM

MESES

Garcia Godoy 1983 GLUTARALDEIDO

55 molares 96,4% 96,4% 18 meses

Garcia Godoy 1986 49 molares 98% 98% 4 meses

Fei et al. 1991

FORMOCRESOL

27 molares 96% 81% 12

Fuks et al. 1997 37 molares 84% 73% 35

Aktoren and Geincay

2000 24 molares 88% 80% 24

Waterhouse et al.

2000 44 molares 84% 84% Até a

exfoliação

Eidelman et al. 2001 15 molares 6-30

Cuisia et al. 2001 30 molares 93% 77% 6

Papagiannoulis 2002 60 molares 97% 78% 36

Ibrisevic and Al-Jame

2003 80 molares 97% 94% 42-48

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Rivera et al. 2003 FORMOCRESOL ELETROCIRURGIA

40 molares 40 molares

92,5% 92,5%

92,5% 92,5%

6 6

Agamy et al. 2004

FORMOCRESOL

20 molares 90% 90% 12

Jabbarifar et al 2004 32 molares 91% 91% 12

Huth et al. 2005 48 molares 96% 90% 24

Farsi et al. 2005 36 molares 97% 86% 24

Holan et al. 2005 29 molares 83% 83% 74

Naik and Hegde 2005 23 molares 100% 100% 6

Markovic et al. 2005 33 molares 91% 85% 18

Liu JF 2006 69 molares 85% 78% 6-64

Aeinehchi et al. 2007 50 molares 100% 100% 3-6

Moretti et al. 2008 15 molares 100% 100% 24

Subramaniam et al.

2009 20 molares 100% 100% 24

Zealand et al 2010 126 molares 100% 100% 6

Fonte: o próprio autor

Quadro 3 – Medicamentos utilizados na pulpotomia de molares decíduos com

função de preservação

AUTOR ANO MEDICAMENTO AMOSTRA TAXA DE SUCESSO CLÍNICO

TAXA DE SUCESSO

RADIO-GRÁFICO

ACOMPANHA-MENTO EM

MESES

Fei et al. 1991

SULFATO FÉRRICO

29 molares 100% 97% 12

Fuks et al. 1997 55 molares 93% 93% 35

Aktroen and Geincay

2000 24 molares 88% 84% 24

Papagiannoulis 2002 73 molares 90% 74% 36

Ibrisevic and Al-Jame

2003 84 molares 96% 92% 42-48

Huth et al 2005 49 molares 100% 86% 24

Markovic et al 2005 LASER 37 molares 89% 81% 18

Liu JF 2006 LASER 68 molares 97% 94% 6-64

Fonte: o próprio autor

Quadro 4 – Medicamentos utilizados na pulpotomia de molares decíduos com

função de regeneração.

AUTOR ANO MEDICAMENTO AMOSTRA TAXA DE SUCESSO CLÍNICO

TAXA DE SUCESSO

RADIO-GRÁFICO

ACOMPANHA-MENTO EM

MESES

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Waterhouse et al

2000 HIDRÓXIDO DE CALCIO

35 molares 77% 77% To exfoliation

Cuisia et al 2001

MTA

30 molares 97% 93% 6

Agamy et al 2004 19 molares 100% 100% 12

Jabbarifar et al 2004 32 molares 94% 94% 12

Huth et al. 2005 HIDRÓXIDO DE CÁLCIO

38 molares 87% 66% 24

Markovic et al. 2005 34 molares 82% 78% 18

Farsi et al. 2005

MTA

38 molares 100% 100% 24

Holan et al. 2005 33 molares 97% 97% 74

Naik and Hegde 2005 24 molares 100% 100% 6

Perinoto et al. 2006

MTA

HIDRÓXIDO DE CÁLCIO

45 molares

45 molares

95,5 %

88,8%

95,5%

88,8%

12

Aeinehchi et al.

2007 MTA 50 molares 100% 100% 6

Moretti et al. 2008

MTA

HIDRÓXIDO DE CÁLCIO

15 molares

15 molares

100%

36%

100%

36%

24

24

Zealand et al. 2010 MTA 126 molares 100% 100% 6

Fonte: o próprio autor

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3 CONCLUSÃO

Diante do presente trabalho foi possível concluir que, nos casos de

pulpotomia em dentes decíduos, embora existam diversas técnicas e, para cada

técnica, vários medicamentos disponíveis, o mais importante é realizar o diagnóstico

correto da condição pulpar e desta forma selecionar a técnica adequada para cada

caso, individualmente.

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REFERÊNCIAS

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