público x privado: diferenças e semelhanças na relação professor/aluno
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Trabalho escrito de uma observação pedagógica para a disciplina de Psicologia da Educação ITRANSCRIPT
Universidade Federal de Goiás
Instituto de Ciências Biológicas
Licenciatura em Ciências Biológicas
Psicologia da Educação I
Prof: Gisele Toassa
Graduandos: Guilherme Moura e Mariana Guimarães. 5° período
PÚBLICO X PRIVADO
Diferenças e semelhanças na relação professor/aluno
Goiânia, junho de 2011
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Introdução
Desde o início da Educação no Brasil, tem-se notado um grande distanciamento entre os colégios da rede pública e da rede privada. Muito se debate a respeito da eficiência de cada uma (DEMO, 2007). Mas, será que essas diferenças realmente existem na prática e se existem, são perceptíveis a qualquer um?
O objetivo deste trabalho é tentar esclarecer algumas dessas inquietações e dúvidas que permeiam estas realidades tão distintas entre si. Foram analisadas duas escolas, relativamente próximas, da cidade de Goiânia para verificarmos as semelhanças e as diferenças existentes na relação professor/aluno.
Para garantir uma maior credibilidade à pesquisa, observamos duas escolas que possuem um professor em comum, para avaliarmos se as relações entre o mesmo com os alunos das escolas particular e pública são semelhantes ou diferentes. Para tal, foi escolhido o professor de educação física, Marcus Vinícius Coimbra1, que leciona em três colégios nesta Capital, sendo dois da rede pública e um da rede privada. Visitamos o Colégio Kerygma e o Colégio Estadual Aécio Oliveira de Andrade.
Por se tratar da disciplina de educação física, assistimos duas aulas em cada colégio. Uma destas para analisar a quadra, que ao nosso ponto de vista exerce uma determinada influência na aprendizagem dos alunos, e a outra para observar a relação professor/aluno.
1 Graduado em Educação Física pela Universidade Estadual de Goiás (ESEFFEGO/UEG) em 2009/1
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Observação Colégio Kerygma
O Colégio Kerygma2 é uma instituição evangélica vinculada à Igreja Luz para
os Povos e fica localizado no setor Marechal Rondon (Fama). Fundado em 1991 abrange desde a Educação Infantil até o Ensino Médio (maternal ao 3° ano). É pioneiro em um novo método em que tem mostrado total eficiência, que é a Educação por Princípios, onde o colégio lista uma série de princípios básicos nos quais qualquer cidadão deve ser formado.
Vários colégios no Brasil têm adotado esse método. O Kerygma considera sete princípios na formação do cidadão: Caráter; Mordomia; Autogoverno; Plantar e Colher; Soberania; Individualidade e União. Na Educação por Princípios esses sete métodos devem ser trabalhados em todas as disciplinas e em todas as séries. Essa nova forma de pensar a educação, que não visa apenas à transmissão de conceitos, mas também a formação do cidadão, rendeu ao Kerygma, por três vezes consecutivas, o Prêmio Nacional de Excelência em Qualidade de Ensino do MEC.
O colégio possui uma única quadra poliesportiva que se localiza fora da área da escola (no mesmo quarteirão, mas não na mesma rua) onde os alunos são acompanhados no percurso até o local. A quadra é divida em dois ambientes: uma ante-sala e a quadra propriamente dita, sendo separadas por uma grade com fechadura.
O exterior da quadra não possui identificação e possui algumas pichações, sendo o portão da quadra é fechado e na ante-sala encontramos uma bancada com pia; bebedouros; banheiros (masculino e feminino) limpos com papel e lixeira; almoxarifado; armários p/ guardar os objetos; extintores de incêndio; um depósito de coisas velhas em um espaço pequeno e reservado e lixeira.
Já a quadra propriamente dita é coberta e quente, mesmo com a presença de exaustores de ar. A mesma possui um quadro negro, com giz e apagador; dois gols com rede, rede de vôlei inteira e uma tabela de basquete, mas sem rede; uma tela recobrindo toda a quadra; refletores de luz potentes; cones de sinalização; muitas tomadas (19); tintura é nova; uma placa de “proibido fumar” e tela recobrindo toda a quadra.
Foi observada a aula da turma do 1° ano do Ensino Médio onde os alunos tiveram uma breve aula teórica no início e depois a aula prática. Como estava próximo aos Jogos Internos do Colégio Kerygma (JICK) os alunos utilizaram as aulas de Educação Física para treinos e a aula em questão se tratava de um jogo-treino de vôlei.
2 http://www.colegiokerygma.com.br/
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A turma era pequena, possuía 32 alunos (a média do colégio é de 25 alunos por turma) e era organizada. Os alunos possuíam um grande respeito pelo professor e o obedeciam sempre. Alguns poucos alunos reclamaram que pelo fato da aula ser de vôlei, mas não os impediu de participarem ativamente.
A grande maioria dos alunos já chegou se alongando sem o pedido do professor. A aula teórica foi bastante tranqüila e organizada tirando apenas dois momentos em que a aula teve de ser interrompida. No primeiro momento, um aluno se desconcentrou brincando com algo enquanto o professor dava os avisos. O professor o mandou jogar o objeto no lixo, porém o aluno se recusou e a turma se conturbou até o aluno se desfazer do objeto.
No segundo, uma menina saiu do lugar onde estava sentada e foi brincar com outra, atrapalhando o andamento da aula. O professor pediu para que ela explicasse a matéria e a menina não sabendo explicar levou o professor a dizer o porquê ele estava chamando a atenção dela e pediu que ela parasse. Reparamos que ele sempre chamava a atenção dos alunos pelo nome.
Em todos os momentos o professor procurou interagir com os alunos e vice versa sempre contextualizando a matéria. Os alunos interagiam com o professor mesmo sem serem questionados e os poucos que se dispersavam, continuavam em silêncio e quietos. Após a aula teórica, o professor organizou um mini-torneio a fim de proporcionar uma aula prática do assunto e treiná-los para o JICK.
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Observação Colégio Aécio
Fundado em 1980, o Colégio Estadual Aécio Oliveira de Andrade se localiza no Setor Urias Magalhães. Recebeu este nome em homenagem a um político do bairro que fundou várias escolas, entre elas o Aécio. O colégio possui cerca de 1400 alunos divididos em três turnos regulares e abrange a 2° fase do Ensino Fundamental e Ensino Médio (do 6° ao 3° ano).
Desenvolve um grande trabalho social numa parceria do Governo do Estado de Goiás com a Prefeitura Municipal de Goiânia. A instituição acolhe educandos de um bairro carente e muito afastado da Capital, um residencial criado pela prefeitura para abrigar famílias retiradas de áreas de risco. A Prefeitura patrocina um ônibus que leva e busca os estudantes até a escola.
A quadra do colégio é única e poliesportiva sendo totalmente descoberta e fica dentro das dependências da escola. Ela é antiga e sem proteção possui apenas uma muretinha para delimitação, a qual se encontra bastante gasta e pichada. Há apenas dois gols com rede estragada e buracos para a rede de vôlei.
A quadra estava muito suja e possuía buracos no chão e estava bem deteriorada. Em seu derredor foi encontrada muita sujeira, carrapichos, lixo e terra vermelha e possuía apenas duas muretas (bancos) para os alunos ficarem enquanto não estão participando das aulas.
Durante o período de observação estavam ocorrendo os ensaios da Quadrilha para a Festa Junina do Colégio. Devido a esse motivo se encontravam muitas turmas juntas na quadra, o que resultou em uma desordem, balburdia, por parte dos alunos. Estes eram bastante bagunceiros e dispersos, o professor teve que chamar a atenção várias vezes e toda hora para tentar prender a atenção dos alunos.
Encontramos muitos casais e os alunos eram muito “tarados” e se provocavam muito entre si com obscenidade, palavrões e agressões físicas. Os alunos se vestiam de maneira muito inconveniente, muitas alunas, mesmo sendo novas, usavam roupas curtas, vulgares e apresentavam piercings no umbigo.
Verificamos que alguns alunos jogavam lixo no chão da quadra, enquanto uma grande parte deles fugia pulando os muros da escola. O colégio era muito desorganizado e isso foi um dos motivos que possibilitou a fuga dos alunos. Um exemplo dessa desorganização foi que muitas turmas foram liberadas para casa por engano e alguns professores tiveram que correr atrás dos alunos pelas ruas do setor.
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Devido à grande quantidade dos alunos, os ensaios eram coordenados por vários professores e mesmo com ajudantes tiveram que chamar muito a atenção dos alunos. Os alunos chegaram a soltar duas bombas no colégio um dos professores xingou os alunos enquanto o Marcus foi verificar o acontecido com calma. Percebemos que alguns professores eram desaforados com os alunos e os xigavam e falavam palavras obscenas.
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Considerações Finais
Após observarmos atentamente as duas instituições de ensino, concluímos que existem sim muitas diferenças entre colégios públicos e privados. Percebemos que embora o professor tenha tratado os alunos da mesma forma, estes o trataram de formas diferentes.
Enquanto os alunos da rede privada possuíam um respeito absoluto pelo professor, os alunos da rede pública eram desrespeitosos e desaforados. Essa diferença se dá graças à estrutura apresentada pela escola e à formação familiar e social de cada aluno. Os alunos, por possuírem círculos sociais completamente distintos entre si, apresentam comportamentos e atitudes divergentes.
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Referências Bibliográficas
DEMO, Pedro. Escola pública e escola particular: semelhanças de dois imbróglios educacionais. 183. Ensaio: Avaliação de Políticas Públicas Educacionais, Rio de Janeiro, v.15, n.55, p. 181-206, abr./jun. 2007
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