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U8.G YVA£>«J üOAJ EXPERIÊNCIAS, OPINIÕES E PROPOSTAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR PUBLICAÇÃO DA FASE-SP, CPV, SOF e POLIS - N 0 4-NOVEMBRO/1990 Central de Movimentos Populares A proposta de criação de uma Central de Movimentos Popu- lares teve sua origem na ANAM- POS e é uma iniciativa que tem muitos méritos e coloca enormes desafios. O principal mérito é estimu- lar o debate sobre os caminhos dos movimentos populares. O que são movimentos populares hoje? Épossível unificá-los? Quais são os elementos que permitem essa unificação? Unificarpara quê? É um balanço da situação dos movimentos populares no Brasil que aponta a necessidade da criação uma proposta defendida, muitos política que entende como essencial sociais? Por Um Amplo Debate Nacional Estado, junto à sociedade, junto aos meios de comuni- cação de massa, na relação com o Exterior? Ou orisco da Central tentar substituir os movimentos, falar por eles, retirar-lhes a iniciativa do con- fronto direto com o Estado? A Centralserá uma federação? Como sua organização chegará até os bairros, os municípios, os Estados? EAgora?procurou ouvir várias das mais importantes federações estaduais de movimentos populares, tais da Central? Ou esta é como a FRACAB e a FAMERJ, sobre a criação da Central anos, por uma visão Nacional de Movimentos Populares e verificou que, até o à unificação das lutas momento presente, não discussão acumulada sobre esta questão. O principal desafio é assumir um debate que anda con- gelado muito tempo. Os movimentos populares transfor- maram a sociedade, as relações de poder? Como? Ecologia, educação, saúde, feminismo, homossexuais, de- ficientes, transporte, é possível reunir toda esta diversidade e articular estas lutas a partir de uma Central? É preciso uma instância que articule, que denuncie, que reivindique, que represente os movimentos populares junto ao A proposta da criação da Central tem sido discutida prin- cipalmente nos seus aspectos organizativos e com base numa idéia difusa da necessidade de unificação das lutas populares. Ainda não se aprofundou o debate sobre os movimentos populares, suas propostas, suas possibilidades de articular lutas sociais, mobilizações. Como uma contribuição para estimular este debate tão necessário,£ylgora?reuniu neste número depoimentos que levantam questões da maior importância. Vamos a eles. «A discussão da Central ainda está se dando muito a nível de lideranças e de assessorías» Pág.2 «Muitos movimentos e organizações populares podem representar interesses e propostas conservadoras autoritárias» Pág. 4 «Pode ser um grande salto na organização do movimento de massas no Brasil depois da fundação da CUT» Pág. 3

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U8.G YVA£>«J üOAJ

EXPERIÊNCIAS, OPINIÕES E PROPOSTAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR

PUBLICAÇÃO DA FASE-SP, CPV, SOF e POLIS - N0 4-NOVEMBRO/1990

Central de Movimentos Populares

A proposta de criação de uma Central de Movimentos Popu- lares teve sua origem na ANAM- POS e é uma iniciativa que tem muitos méritos e coloca enormes desafios.

O principal mérito é estimu- lar o debate sobre os caminhos dos movimentos populares. O que são movimentos populares hoje? Épossível unificá-los? Quais são os elementos que permitem essa unificação? Unificar para quê?

É um balanço da situação dos movimentos populares no Brasil que aponta a necessidade da criação uma proposta defendida, há muitos política que entende como essencial sociais?

Por Um Amplo Debate

Nacional

Estado, junto à sociedade, junto aos meios de comuni- cação de massa, na relação com o Exterior? Ou há orisco da Central tentar substituir os movimentos, falar por eles, retirar-lhes a iniciativa do con- fronto direto com o Estado? A Centralserá uma federação? Como sua organização chegará até os bairros, os municípios, os Estados?

EAgora?procurou ouvir várias das mais importantes federações estaduais de movimentos populares, tais

da Central? Ou esta é como a FRACAB e a FAMERJ, sobre a criação da Central anos, por uma visão Nacional de Movimentos Populares e verificou que, até o

à unificação das lutas momento presente, não há discussão acumulada sobre esta questão.

O principal desafio é assumir um debate que anda con- gelado há muito tempo. Os movimentos populares transfor- maram a sociedade, as relações de poder? Como?

Ecologia, educação, saúde, feminismo, homossexuais, de- ficientes, transporte, é possível reunir toda esta diversidade e articular estas lutas a partir de uma Central?

É preciso uma instância que articule, que denuncie, que reivindique, que represente os movimentos populares junto ao

A proposta da criação da Central tem sido discutida prin- cipalmente nos seus aspectos organizativos e com base numa idéia difusa da necessidade de unificação das lutas populares. Ainda não se aprofundou o debate sobre os movimentos populares, suas propostas, suas possibilidades de articular lutas sociais, mobilizações.

Como uma contribuição para estimular este debate tão necessário,£ylgora?reuniu neste número depoimentos que levantam questões da maior importância. Vamos a eles.

«A discussão da Central ainda está se dando muito a nível de lideranças e de

assessorías» Pág.2

«Muitos movimentos e organizações populares podem

representar interesses e propostas conservadoras

autoritárias» Pág. 4

«Pode ser um grande salto na organização do movimento de massas no Brasil depois da

fundação da CUT» Pág. 3

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Construindo a Central

Pedro Pontual

assessor da Comissão Pró-Central de Movimentos Popuiares

Podemos afirmar hoje que cresceu, no último período, em amplos setores do movimento popular de todo país, a compreensão da necessidade de cons- trução de um instrumento de articu- lação das lutas do movimento popular a nível nacional. Essa visão se apro- funda ainda mais diante do projeto neo-liberal que se expressa através do governo Collor e que, já nos seus pri- meiros meses, mostra que mais uma vez serão os trabalhadores que "pa- garão o pato" da crise econômica.

Para viabilizar essa política, o governo Collor promove forte inves- tida contra os setores organizados do movimento popular e da sociedade civil, combinada com projetos de cunho assistencialista e clientelista, voltados para os setores desorganizados da população.

Este quadro coloca a urgência ainda maior de se avançar na construção de uma Central de Movimentos Popu- lares que possa servir como pólo de intercâmbio e aglutinação de diversos movimentos; que contribua para tor- nar mais fortes e unitárias as diferentes reivindicações e manifestações desses movimentos; que possa atuar com força e representatividade suficientes como interlocutora junto ao Estado e a nível nacional dos interesses relativos ao conjunto dos movimentos.

Esta urgência não pode nos levar, no entanto, a cometer equívocos ou precipitar o amadurecimento de questões e desafios que estão coloca- dos para a construção de uma Central de Movimentos Populares combativa, representativa de massas, independente e democrática.

Vejamos alguns desses desafios:

1. Até aqui, a discussão da Central ainda está se dando muito a nível de lideranças dos movimentos e entidades e de assessorias orgânicas aos movimen- tos. Uma Central de Movimentos Populares passa a existir quando ela reunir, de fato, o maior número de entidades representativas dos movimen- tos populares.

2. Uma Central de Movimentos de caráter amplo e massivo só se cria no bojo de um processo de articulação e unificação de lutas a nível nacional. Isso coloca para as entidades e movimen- tos o desafio de definirem algumas lutas em campanhas prioritárias e unitárias para o próximo período, capazes de mobilizar e organizar a população.

3. Ela traz à tona o desafio de discu- tirmos a questão da composição da Central: como garantir a composição mais ampla possível? Como reunir e priorizar ao mesmo tempo pautas de reivindicações tão diversificadas dos movimentos populares de luta pela qualidade de vida e contra as diversas discriminações?

4. Outro desafio que estamos por enfrentar é a questão de como se re- presentarão, a nível da Central, os movimentos e entidades populares que a nível nacional têm formas bastante diferenciadas de organização e consti- tuição.

5. Por fim, trata-se de definir com bastante clareza o papel específico de uma Central de Movimentos Popu- lares com outras entidades da sociedade civil, no sentido de garantir, por um lado, sua articulação com outras enti- dades associativas e representativas dos oprimidos, comprometidas com a trans- formação da sociedade brasileira e com a constituição de um sujeito político democrático e popular.

Diz o ditado popular: "A pressa é a inimiga da perfeição". Por isso, acredi- tamos que é necessário termos a sabedoria de combinar a firmeza do propósito de criar uma Central de Movimentos Populares com a clareza de que se trata de uma proposta em construção e que, portanto, requer passos cuidadosos e debate mais am- plo e aberto sobre os desafios acima levantados e outros para que a Central dos Movimentos Populares possa ser um instrumento unitário, amplo, plu- ralista e sobretudo com força de repre- sentação dos movimentos populares diante do conjunto da sociedade brasi- leira.

EXPEDIENTE E AGORA? — Boletim trimestral editado pela FASE -SP - Federação de 'Órgãos para a Assistência Social e Educacional; SOF - Serviço

de Orientação Familiar; CPV - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro; POLIS - Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais.

Secretaria de Redação: Rua Loefgren, 1651, Casa 6 - CEP 04040 - Vila Clementino - Tel.: (011) 549-3888. Produção gráfica: Grafik, 853-7684. - Tiragem: 5.000 exemplares. Circulação interna.

£XGOÍM?-N»4 NOVEMBRO/90

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Os Principais

Pontos Para Discutir ay

Central A proposta de construção de uma

Central dos Movimentos Populares, para ser materializada, deve passar por um processo de amadurecimento de discussão que envolva: a) o conjunto dos principais MPs do país; b) a Central Única dos Trabalhadores (CUT); c) os partidos políticos com bases populares.

Levando em consideração os prin- cipais MPs existentes no Brasil, a preo- cupação tem sido mais a de buscar ar- ticular e unificar os movimentos por lutas setoriais. Será esta uma tendência a se consolidar? Será esta uma etapa or- ganizativa que tende a avançar com o surgimento da proposta da Central? Será que a proposta de Central poderia significar uma camisa de força para os MPs? E preciso amadurecer estas questões junto aos movimentos.

Outra consideração é sobre a re- lação dos MPs com o movimento sindi- cal No meu entender, embora sendo movimentos com motivações diferen- ciadas, a experiência de construção da CUT contou com uma participação importante dos MPs. E agora que setores dos MPs lançam a proposta de Central, como a CUT se posiciona? Qual o grau de engajamento e de ade- são da CUT na constnição da Central? A experiência de construção da CUT nos mostrou o quanto é fundamental a solidariedade de todas as forças sociais quando se busca uma articulação nacional.

Por fim, a proposta de articular os diferentes MPs e de unificar as suas lutas está ligada a uma visão estratégica do caráter de como se dará o processo de transformações do regime social brasileiro. Esta questão nos remete para a discussão da relação entre partidos políticos e MPs. Os MPs não são neu- tros aos projetos políticos que estão em disputa no interior da sociedade. O conceito de autonomia não significa o isolamento dos MPs das lutas políticas. E é neste ponto que vejo um grande atraso de discussão. A proposta da Central tem se restringido somente ao círculo de algumas lideranças dos MPs e não tem quase que nenhuma pene- tração nos partidos políticos ligados às classes populares.

Moisés Basílío Leal

Militante de Movimentos Populares da Zona Leste da cidade de São Paulo e

membro da executiva do PTDM-SP.

Democracia e Unificação das Lutas, Já!

Bernardo Cerdeira

Membro do Diretório Regional do PT de Minas Gerais e da Convergência Socialista, corrente Interna do PT.

A proposta de criação de uma Central dos Movimentos Populares nos parece extremamente positiva. É uma possibilidade real de conseguir a unifi- cação nacional das lutas e de diversas organizações do movimento popular e pode ser um grande salto na organi- zação do movimento de massas no Brasil depois da fundação da CUT.

O movimento popular tem um histórico importantíssimo de partici- pação, a partir de suas lutas concretas (como o movimento contra a carestia, a luta das associações de bairros, etc), na resistência à ditadura militar, na luta contra a Nova República e agora contra o plano de arrocho e recessão do governo Collor.

Suas lutas enfrentam diretamente o Estado diante das tentativas dos governantes de jogar a crise do capita- lismo nas costas do povo. Por outro lado, o movimento popular atrai e organiza todos aqueles que não têm como participar do movimento sindi- cal (as donas de casa por exemplo), e uma Central pode unificar todos esses setores e produzir um salto em sua organização.

Nossa opinião é que a construção da Central deve partir de algumas premissas básicas sobre as quais pode se erguer uma estrutura sólida que responda às necessidades do movimento popular a nível nacional.

A primeira destas condições ou premissas é que o processo de cons- trução da Central deve se dar a partir das lutas concretas como ocorreu com a CUT, isto significa que, desde já, a Comissão Pró-Central deve impulsionar a unificação das lutas do movimento popular a partir dos fóruns por questões específicas que aglutinem movimen- tos como habitação, saúde, etc. É ur- gente a construção do Fórum que uni- fique já a luta por habitação em função

EAG0RA?-NoA NOVEMBRO/90

do processo de lutas que se verifica em todos os cantos do país.

Conseqüentemente, o processo de construção da Central deve ser o mais unitário possível, procurando atrair todas as entidades que trabalham no movimento popular sem discriminação de caráter político e/ou partidário. Desta maneira, é possível unir entidades que vêm de experiências diferentes como a CONAM, a FAMERJ e outras e tor- nar a proposta uma realidade.

A segunda condição é que a cons- trução da Central esteja baseada nos princípios da democracia operária que nortearam a construção da CUT, como por exemplo: congressos regulares com eleição de delegados em assembléias de base, direções eleitas proporcional- mente, etc. É fundamental que este princípio vigore desde o processo de fundação da Central. Por exemplo, é nossa opinião que os delegados para a próxima Plenária Nacional para o Congresso de fundação sejam eleitos em assembléias e movimentos vincula- dos à CPC, acompanhadas por um de seus membros e com critério da pro- porcionalidade no número de votos alcançados pelas teses apresentadas nestas assembléias. Assim também a eleição da direção da Central deve se guiar pelo critério da proporcionali- dade qualificada.

Outra premissa a ser observada é que a Central tenha um perfil clara- mente classista, estreitamente vincu- lada aos organismos dos trabalhadores como a CUT, o Movimento dos Sem- Terra e outros, bem como ao apoio e ao encaminhamento conjunto das lu- tas destes setores. Este perfil classista implica em uma independência total do Estado e dos partidos políticos patro- nais e na definição de uma perspectiva socialista para o movimento popular.

Por último, e desde já, é nossa opini- ão que a CPC deve incentivar e enca- minhar uma verdadeira campanha pela construção dos Conselhos Populares em todo o país, colada à unificação das lutas do movimento, a partir dos Fóruns, em particular o de moradia que deve ser criado já.

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ACONSTRUÇÂO DA SOCIEDADE DEMOCRÁTICA

«O movimento popular é o campo do plural,

do diverso e a condição democrática de

seu desenvolvimento é a autonomia»

O que se segue são indagações sobre a conveniência ou não de se criar uma Central de Movimentos Populares no Brasil. A referência básica de minha reflexão é o processo democrático. A questão, portanto, é se a criação de uma central serve ou não ao desenvolvimento de uma sociedade democrática em nosso país.

Uma sociedade é democrática na medida em que realiza em todos os níveis, e de forma simultânea, os princípios fun- damentais da igualdade, diversidade, participação, liber- dade e solidariedade.

Nesta sociedade, a representação política institucionali- zada admite e postula diferentes formas de expressão dos movimentos sociais organizados e da cidadania, mas todas elas acabam por serem canalizadas a nível do Estado através dos partidos e em suas instituições públicas estatais (execu- tivo, legislativo, judiciário).

Uma sociedade democrática é aquela onde o Estado está submetido à sociedade civil em toda a sua variedade, diver- sidade e é dirigido fundamentalmente pela representação política organizada nos partidos políticos e se submete ao império da lei construída com a participação de todos, a Constituição.

Na experiência brasileira, caracterizada pelo autorita- rismo, não somente se inverteu a relação Estado x So- ciedade, como muitas vezes os partidos políticos também submetidos pelo Estado, perderam sua capacidade de re- presentação de interesses para se transformarem em simples instrumento reprodutores de relações de poder que se ar- maram e se definiram em torno do poder estatal, obvia- mente, de setores hegemônicos das classes dominantes. Nesse processo coube, muitas vezes, aos movimentos popu- lares, ou a alguns desses movimentos ou outras instituições da sociedade civil, cumprirem o papel político dos partidos políticos, representando interesses, manifestando a von- tade política das classes ou setores de classe frente ao poder do Estado. A forma dominante dessa expressão foi de oposição ao Estado e não de direção do Estado. No período da ditadura, enquanto os partidos formais seguiam sua triste história de legitimar a ordem autoritária, os partidos reais emergiam sob formas diversas, tomando emprestado os corpos de outras instituições (igrejas, centrais sindicais, jornais, líderes de massa) para expressar sua alma "parti- dária".

Com o processo de liberalização do Estado e de de- mocratização da sociedade, foi se dando, e está se dando, uma redefinição de papéis, cabendo cada vez mais aos partidos a função de representação e expressão de interesses na direção do Estado e cada vez menos aos movimentos populares ou instituições da sociedade civil o papel de representação política, ou seu papel de partidos políticos de fato.

Pode-se dizer que o fim real da ditadura militar no Brasil, do ponto de vista político, se deu no momento em que o processo de constituição do poder do Estado passou a se dar através da eleição direta de representantes escolhidos pelos partidos e eleitos pela sociedade.

O desenvolvimento da democracia produz a institucio- nalização do processo democrático e a redefinição dos papéis dos diferentes atores sociais e das instituições políticas. Mesmo numa sociedade autoritária como a brasileira foi possível a um partido como o PT chegar à direção da mais importante cidade do país, São Paulo, e competir com chance de ganhar na última eleição presidencial, com Lula. Essa competição se deu através de partidos que souberam expressar e representar os interesses, aspirações, (e sonhos)

E AGORA?-N"* NOVEMBRO/90

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Sem o norte de uma sociedade igualitária, libertária e democrática,

todo caminho é sem rumo.

de um amplo movimento social, que a nível da sociedade civil se organiza e se expressa através de milhares de organi- zações que genericamente chamamos de populares.

Assim como é próprio dos partidos a representação específica, singular, de projetos de sociedade e programas de governo, é próprio das organizações da sociedade civil, dos movimentos populares, serem a expressão diversa, plu- ral, diferenciada das, aspirações e interesses de uma imensa multiplicidade de grupos, movimen- tos, tendências, forças sociais, que buscam não universalizar os seus projetos em uma sociedade mas in- dividualizar seus projetos dentro de uma sociedade diversa.

A especificidade dos movimen- tos populares está, portanto, na sua diversidade e na sua autonomia em relação aos partidos e ao Estado. O movimento popular é o campo do plural, do diverso e a condição democrática de seu desenvolvimento é a autonomia.

«l/ma sociedade é democrática na medida em que realiza em

todos os níveis e de forma simultânea, os princípios

fundamentais da igualdade, diversidade, participação, liberdade e solidariedade»

questiona é a unicidade e nisso poderíamos até encontrar analogia na discussão da pluralidade e unicidade sindicais.

Com base nessas questões, creio ser legítimo nos pergun- tar se a criação de uma Central de articulação de movimen- tos populares não vai na contramão do processo de for- talecimento dos partidos políticos e da institucionalização da democracia em nosso país, que poderá representar um retrocesso num processo que pede mais autonomia dos

movimentos sociais, mais desen- volvimento da sociedade civil, maior articulação dos partidos com os movimentos sociais, maior subor- dinação do Estado aos partidos e a sociedade civil, maior desen- volvimento de uma cultura de- mocrática que cultive o diverso e desconfie da unanimidade e da cen- tralidade.

Nesses sentido pode-se perguntar se a criação de uma central de movimentos populares não terá como conseqüência prática a negação daquilo que constitui exatamente a ri- queza e a condição de existência dos movimentos da so- ciedade civil, não tanto pelo fato de se querer articular movimentos, mas de pretender ter uma articulação central (que tenderá a se propor também única) que tenderá a ho- mogeneizar e a universalizar o diverso em nome da unidade , o plural em nome do único. É de se perguntar também se uma articulação central de movimentos não se transformará também, naturalmente, em uma função própria de um par- tido político. Parece ser impossível em um país como o Brasil, onde os partidos ainda não se ligaram efetivamente aos movimentos da sociedade civil, reunir centenas de milha- res de organizações populares sem expressar politicamente essa reunião.

Parece ser impossível articular esses mesmos movimen- tos sem expressar politicamente essa articulação e a expres- são política de um conjunto de movimentos populares acabará por se transformar na representação política daquilo que se estará pretendendo "apenas" articular. O que começa como articulação e em nome da necessidade de articular poderá se transformar em um partido da articulação, em nome dessa articulação. Não se pretende com esse argumento negar a necessidade da articulação dos movimentos populares, ela vem se dando e continuará o seu caminho. O que se questiona e discute é a sua forma central, única. O que se

Os movimentos populares sabem encontrar e têm encontrado mil for-

^H^^mmm mas de se articularem a nível local, regional e nacional, mantendo sua

autonomia e rejeitando todo tipo de instrumentalização partidária que se faz ou se tenta fazer em seu nome. Consti- tuir uma Central pode ser constituir um partido não pelo fato de pretender articular o diverso mas pelo fato de, sendo uma Central, ver-se automaticamente tentada a constituir- se em sua única representação, unificando para esse efeito o que de fato é diverso, eliminando a autonomia do que existe e se desenvolve exatamente através dela.

Finalmente, cabe lembrar que o adjetivo popular não expressa necessária e automaticamente o substantivo de- mocracia. Muitos movimentos e organizações populares podem representar interesses e propostas conservadoras e autoritárias. O Brasil está cheio desses exemplos. O movimento popular também é atravessado pelas contradições de classe de projetos de sociedade que disputam hegemonia em nosso mundo e país. Por isso mesmo, a questão da democracia é a referencia fundamental tanto para se discutir a relação Movimentos e Partidos, como para se pensar a própria existência e articulação desses movimentos. Sem o norte de uma sociedade igualitária, libertária, democrática todo caminho é sem rumo.

Herbert de Souza

Sociólogo, secretário executivo do IBASE

EAaORA?-N°4 NOVEMBRO/90

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A construção de uma Central de Movimentos Populares, no Brasil, requer certos passos ou iniciativas, sem os quais a proposta - em si positiva e necessária -- poderá resultar em fra- casso. A saber:

1. Num país de dimensões conti- nentais como o nosso, a necessidade de uma Central de Movimentos Popu- lares impõe-se por razões óbvias. Devido ao caráter atomístico dos movimentos populares - que brotam com a mesma rapidez com que desaparecem - é preciso de um pólo de referência que assegure condições de subsistência dos movimentos populares. Sem uma Central que sirva de pólo de referen- cia, muitos movimentos naufragam nas dificuldades conjunturais, ou são coop- tados pelo poder público, ou perdem- se em seu isolamento político e geo- gráfico. Ora, a existência de uma Cen- tral permitirá iniciativas como:

a) cadastramento não governamen- tal de todos os movimentos populares brasileiros; b) criação de canais de inter- relação - intercâmbio de materiais de eventos e de militantes ~ entre os vários movimentos; c) divulgação das inicia- tivas e do material produzido pelos movimentos; d) informação a todos os movimentos de um calendário nacional contendo toda a programação prevista, durante o ano, por cada um dos movimentos; e) unificação de lutas específicas; f) mobilizações de solida- riedade e apoio; g) aval às fontes finan- ciadoras. E muitas outra iniciativas, estabelecendo, por exemplo, vínculos entre uma associação de moradores de Santa Catarina com outra do Ceará, ou entre as lavadeiras de Goiás com os movimentos de mulheres do Paraná.

Algumas dessas tarefas já devem ser assumidas pela Comissão Pró- Central.

2. Não se trata de criar uma Central que queira monopolizar a representa- tividade de todos os movimentos popu- lares do Brasil. É da maior importância que cada movimento filiado à Central não se sinta ameaçado em sua autono- mia e especificidade. A Central visa congregar os diversos movimentos, sem pretender, por exemplo, impor que todos os movimentos de mulheres se fundam num único ou que todos os movimentos negros tenham uma única

Por Uma Central de Movimentos Populares

proposta política. Cabe à Central - e, desde já, à Pró-Central - favorecer o entrosamento entre a pluralidade de movimentos congêneres, encarando essa pluralidade como uma riqueza à mobilização da sociedade civil.

3. Não será uma Central de pes- soas, mas de movimentos populares idoneamente organizados e filiados a ela, dentro dos critérios que evitem os movimentos-fantasmas; os movimen- tos-biombos de propostas governamen- tais, confessionais ou partidárias; os movimentos-ideológicos, criados no seio de alguma tendência política para servirem de ponta-de-lança junto às classes populares.

É preciso um pólo de referência que assegure

condições de subsistência aos movimentos

populares

4. Não se deve ter pressa de fundar a Central. Isso deve resultar de um paciente e vigoroso trabalho a nível nacional, restaurando movimentos que se encontram em precária situação, fortalecendo os já existentes, dando a eles condições de redobrar sua ca- pacidade de trabalho. É preciso que a proposta da Central esteja primeiro consolidada a níveis municipal e esta- dual para, só então, se estabelecer o calendário de fundação da Central de Movimentos Populares.

5. Deve-se preservar, a qualquer custo, o caráter suprapartidário da Central, bem como sua independência em relação ao poder público e às insti- tuições confessionais. A Central deve excluir a filiação de movimentos con-

fessionais, governamentais, partidários ou mantidos por empresas privadas.

6. Para seu êxito, a Central deve comportar todas as bandeiras de luta suscetíveis de favorecer a mobilização popular e gerar movimentos populares, ainda que não tenham caráter ideológico definido, tais como: ecologia, lixo atômico, homossexuais, alfabetização, aidéticos, deficientes, prostitutas, menores, etc.

7. Ainda que certos movimentos não queiram filiar-se à Central, é pre- ciso convencê-los a permanecerem como observadores, vinculados à rede nacio-nais de informações da Central, através dos serviços de telex, fax, etc. Esta rede deve, desde já, ser montada pela Comissão Pró-Central, valendo- se de equipamentos existentes em ins- tituições dispostas a colaborar com a Comissão, como a CUT, IBASE, etc.

A Comissão Pró-Central deve pro- curar contato imediato com tais insti- tuições, estabelecendo vínculos de colaboração recíproca.

8. A Comissão Central deverá pro- mover, ao longo do processo de cons- trução da Central, encontros entre re- presentantes de movimentos específicos, como: negros, moradores, mutuários, mutirões de casas populares, aidéti- cos, etc. A níveis municipal, estadual, regional e nacional.

9. Em 1992, o Brasil sediará a 2a

Conferência da ONU sobre Meio Ambiente. 190 chefes de Estado virão ao país, acompanhados de 2.700 cien- tistas. A Rede Globo, antecipando-se, já firmou contrato com a ONU para assegurar ao evento todo o sistema de comunicação, e o Governo Collor as-

EAGORA?-N°4 NOVEMBRO/90

Frei Betto

Assessor da Comissão Pró-Central de Movimentos Populares -

sumiu a organização. O encontro dar- se-á simultaneamente em Brasflia, Rio, São Paulo, Curitiba e Manaus.

Parece-me que é tarefa da Central ou da Comissão propor, desde já, um evento alternativo ao da ONU, con- gregando todas as ONGs existentes no país, bem como movimentos interes- sados na questão do Meio Ambiente,

para tratar o tema sob ótica - e com a participação - dos setores oprimidos: índios, seringueiros, lavradores, garim- peiros e outros que vivem e trabalham em contato direto com a natureza viva. Por outro lado, através de contatos internacionais, a Comissão deverá trazer ao Brasil, para este evento alternativo, cientistas, pensadores e ecologistas de esquerda, identificados com a concepção

encarnada por Chico Mendes - que, proponho, deverá dar nome ao evento alternativo.

10. A Comissão Pró-Central deve contar, desde já com uma assessoria de imprensa e comunicação qualificada, para que todas as suas iniciativas e projetos cheguem à mídia e à opinião pública, dentro e fora do Brasil.

PLENÁRIA NACIONAL EM BRASÍLIA Nos dias 24, 25 e 26 de agosto, em Brasília, no

anfiteatro da UNB, foi realizada a Plenária Nacional de Movimentos Populares. Organizada pela Coorde- nação Nacional da Comissão Pró-Central de Movimen- tos Populares, o encontro contou com a participação de 272 delegados, 31 observadores e 38 convidados. Compareceram ao evento companheiros dos Esta- dos do Espírito Santo (20 delegados). Rio de Janeiro (2 delegados), Paraíba (1), Paraná (15), Santa Catari- na (22), Mato Groso do Sul (19), São Paulo (67), Rio Grande do Sul (30), Minas Gerais (42), Mato Grosso (3), Rondônia (5), Goiás (11), Ceará (6), Piauí (16), Distrito Federal (8), Sergipe (5), Amazonas e Mara- nhão.

Durante o encontro foram debatidas a conjun- tura nacional, as concepções de movimento popular, os eixos de luta que a futura Central deve adotar, a composição, estrutura e funcionamento da entidade, seu processo de construção.

Foi eleita uma nova Coordenação Nacional e uma nova Coordenação Executiva Nacional. A Coorde- nação Nacional será composta por todos os 18 Esta- dos presentes no encontro e que realizarem plenárias até 31 de dezembro deste ano, cabendo a cada Estado um representante. Desde já, a CN está composta pelos Estados do RS (Marcos), SC (Gilbert), SP (Zé Albino), MS (Cida), PI (Trindade), PR (André), MG (Antônia), DF (Marcos) e GO (Rony), pois estes

realizaram suas plenárias. Na CEN da Comissão Pró- Central de Movimentos Populares, ficaram os Esta- dos de RS (Marcos), SC (Gilberto), SP (Zé Albino), MS (Cida), PI (Trindade), ficando o Estado de Goiás (Rony) como suplente.

Na reunião plenária do encontro foram debatidos alguns pontos considerados polêmicos pelos grupos de trabalho. São eles: filiação ou não à futura Central dos movimentos confessionais e das articulações de movimentos populares; de como deve ser encarado o movimento estudantil (a maioria dos presentes na plenária definiu-se pela filiação do movimento es- tudantil); se a Central deve ser composta por depar- tamentos ou por fóruns específicos de movimentos, ou pelas duas formas. Nesta última questão, ficou definido que os Estados, de acordo com sua reali- dade, estabeleceriam a melhor maneira de seu fun- cionamento.

As propostas aprovadas - todas indicativas - serão levadas aos Estados para serem debatidas nas futuras plenárias estaduais. A opinião unânime é de que a construção da Central de Movimentos Popu- lares deve ser respaldada pelo debate nas bases dos movimentos em todo o país. Esta se constitui numa das principais tarefas da nova CN da CPC. A próxima plenária está marcada para outubro de 1991 e o Congresso de fundação da Central ficou para julho de 1992.

EAGOFIA?-N°4 NOVEMBRO/90

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39 Caravana da para Brasília Nos dias 24 e 28 de agosto de 1990,

foi realizada a 3a Caravana da Moradia para Brasília, com a presença de 3.000 pessoas. Movimentos de favelas, cor- tiços, aluguel, sem terra, associações comunitárias e mutirões de vários Estados se organizaram para reivin- dicar do governo Federal o direito à terra e moradia através da concreti- zação de uma política habitacional que atenda à necessidade dos trabalhadores.

Os movimentos chegaram a Brasília no dia 27, pela manhã, e logo começaram a cumprir uma exaustiva programação. Às 9:00 horas estava marcada uma audiência com o presidente da CEF, Lafaiete Coutinho, o qual recebeu uma comissão e deixou claro que o papel da Caixa é receber os projetos e executá- los. Já às 10 horas, os movimentos que estão com o dinheiro preso pelo plano Collor foram a uma audiência com o presidente do Banco Central e solici- taram a liberação destes recursos, deixando com o presidente o número da conta das Associações.

No período da tarde estava prevista uma audiência com a ministra da Ação Social, a ministra da Economia e o ministro do Trabalho e o secretário nacional de Habitação. Entretanto, só este último compareceu e recebeu os movimentos num pequeno auditório; estes apresentaram e entregaram um documento com as reivindicações. Três questões foram tema da pauta:

1) a continuidade do PROHAP- Comunidade, programa deautogestão (construção pela própria população). Este programa financiou 760 VRF para a construção de casas na Grande São Paulo e foi interrompido no início do governo Collor, quando foi lançado o PAI - Plano de Ação Imediata.

2) A questão da necessidade de dotação orçamentária específica pra subsidiar a moradia popular.

3) A importância do Conselho Curador do FGTS ter o poder de disci- plinar a aplicação dos recursos, garan- tir a representação popular e a trans- parência pública dos boletins financeiros de gestão do FGTS.

De concreto, o movimento obteve o compromisso de que fosse agendada uma reunião em cada Estado com o Secretário de Habitação e a Caixa Econômica Estadual, onde se discu- tirá as questões específicas de cada Estado. Houve também a promessa de, a partir de outubro, com o término da auditoria, retomar o programa PROHAP-Comunidade e construir 200 mil unidades através do Programa PAI até o final do ano de 1990.

No dia 28, estava programada uma concentração no Palácio da Alvorada, na subida da rampa do Presidente. Os movimentos foram recebidos por um forte aparato policial, com tropas de choque, cães, helicópteros, mas resis- tiram e, no momento que Collor subiu a rampa, manifestaram-se através de faixas, cartazes, cantos e muitas vaias. Às 9;30 horas, os movimentos concen- traram -se no Congresso Nacional e realizaram uma grande manifestação.

CARTA DE BRASÍLIA DOS MOVIMENTOS DE MORADIA

«Exigimos garantias de recursos orçamentários da União, Estados e Municípios para Moradia Popular, inclusive a fundo perdido para a faixa de até 5 PNS (Piso Nacional de Salários):

a) Tendo como gestor o Município, em respeito à sua autonomia. b) Repasse direto para as Associações de Moradores, Associação Comunitária,

Cooperativas Habitacionais Populares, independentemente da questão fundiária. c) Para renda acima de 5 até 10 PNS, o retorno será feito da seguinte forma:

* acima de 5 até 7 PNS: 5% da renda familiar; * acima de 7 até 8,5 PNS: 10% da renda familiar: * acima de 8,5 até 10 PNS: 15% da renda familiar.

d) FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. * descentralização da gestão do FGTS.

e) Taxação das concessionárias de serviços públicos para gerar recursos para habi- tação popular.

f) Mudar a legislação do SHF (Sistema Habitacional Financeiro), eliminando o URF e a Tabela Price, bem como revogar o Decreto Lei 70 /66 e a Lei 5741/71 que tratam da execução extrajudicial e da execução especial, respectivamente.

g) Participação de entidades do movimento popular em todos os órgãos de discussão sobre política habitacional.

h) Publicação de um boletim mensal sobre capacitação e aplicação do FGTS e das dotações do Orçamento federal.

i) Imediata suspesão dos despejos, desapropriações e adjudicações de imóveis de posseiros e mutuários.

j) Apuração, punição para os responsáveis por prisão ilegal, repressão e assassinato contra os que lutam pelo direito à cidadania.

I) Reforma agrária combinada com reforma urbana. m) Participação de membro do Movimento de Lutas de Moradira no conselho curador

do FGTS.» Goiânia, 12 de agosto de 1990.

E AGORA? - N" A NOVEMBRO/90