PUBLICA-SE

AOS DOMINGOS

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ORQÃO DA LIGA DÓ BOM JESUS

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ÍS.\0 XXIX Redacção *— Seminário Cuiabá/26 do Fevereiro de 1939 Gerente—Benedicto A. London M. 1.377

O CULTO DA AUTORIDADE

CARTA PASTORAL

(Continuação) •.

D. Francisco de Aquino Corrêa S. S.

por mercê de Deus e da Santa Só Apostolicn« ARCEBISPO DE CUIABÁ

Ao Veneravel Clero e Fiéis da nossa Archi-diocese saúde, paz e benção em Chrísto Se-nhor Nosso/

A AUTORIDADE ESPIRITUAL

Irmãos e Filhos dilectissimos:

PIO X I I visita pastoral7

A S. ANTONIO

Luiz Follppe Pereira Leite „ J. . .Conforme já demos sciencia -

0 mundo, emocionado, vol- desse diplomata' admirável '

figura maStral'delate!>^ston!lTtapoTtante ire™?

tmvttítst stüBffi

Não vos temos falado até

aqui, senão da autoridade

em geral; entretanto, co-

mo é sabido, duas especies

ha de autoridade, a tem-

poral e a espiritual, quese originam ambas de

Deus, comquanto a primei-ra venha de Deus como

autor da natureza, e ase-

gunda, de Deus como au-

tor da graça.E nada mais estupendo

na historia da humanidá-

de, do que esse, poderespiritual, que estabeleci-

do ha 20 séculos, sobre

a terra,dura ainda em nos-'

vendo elle sido e morrido

Bispo- de Roma, foi esta

por isso mesmo instituída

em sede da sua monarçhià,

espiritual, onde lhe succe-

dem os Romanos Pontifi-

ces, que ,são os Papas.Nenhuma,'dynastia ha,

que possa - ostentar esta

geriealogia directa de Deus,

o qual, ao contrario do

que iaz na sociedade ci-

ta-se para a velha Roma dosPapas, a Cidade Eterna e que-da-se ante o corpo inanimadodaquela figura de santo que,durante 1? anos, governou osdestinos da Igreja.

Morreu como santo o queviveu como herói, dizem to-dos os corações a uma voz:crentes òu não, fiéis ou iníiéis.

Ainda ontem, o tínhamos en-tre nós; hoje, lamentamos pro-funda e sinceramente a doloro-sa perda desse vulto inconiun-divel, dessa personalidade ú-nica, desse estadista de incom-paravel percepção das cousas,

sos dias, e ha de durar

e perdurar para sempre,

até a consummação dos

séculos.E note-se que se não

trata aqui de nenhum po-der invisível, ou circums-

cripto a fronteiras de na-

ções ou de raças; mas

levantado no centro das

maiores civilizações, como

a cidadela, de que fala o

Evangelho, situada sobre

o monte, a dominar uni-

versalmente as conscien-

cias. Contra elle se têm

armado todas as poten-cias humanas, mas eis queelle sempre resistiu, não

sejgdeixando nunca subor-

dínar ainjuncçoès de outros

quaesquer poderes. Quan-to mais inerme, tanto; mais

prestigiado e obedecido.

E' que este poder, como

nenhum outro,procede im-

mediatamente de Deus,

que disse ao que primei-ro foi delle revestido, Pe-

dro Àpostolo: «Tu és Pe-dro, é sobre esta pedra é-dificarei minha Egreja, eas portas do inferno não

prevalecerão contra ella».Tu es Peirus, et superhanc petram aedificaboEcclesiam meam, et por-tae inferi non prevale-bunt adversns eam (Mat.XVI, 18).

Evidente é que Pedrodevia ter successores no

throno desse poder, e ha-

vil, quiz que, na socied^;de perfeita da sua Egrejafosse immediata á commu-nicação da autoridade di-vina, .como também quizdeterminar o indivíduo, quedelia se deve investir, e aforma de governo, cm quedeve sêr ella exercida.

Jesus-Christo, o Filhode Deus feito homem, de-

pois de fundar a sua E-

greja, subiu aos céus, on-de está sentado á mão di-reita de Deus,Padre Todo-Poderoso. E' o Chefe invi-

sivel dá Egreja, a qual, en-tretantp, visível como é,

deve ser governada tam-bem por chefes visíveis,

que são exactamente ossuccessores de Pedro.

Todas as autoridades re-

preséntanjl a Deus, mas nç-ntíuma assim como o Pá-

pa, porque a nenhuma, se-não a este, disse o Homem-Deus:; «Apascenta os meüscordeiros... apascenta asminhas ovelhas»,' Pasceagnos meos.. .pasce ovesmeas (Jo. XXI, 16-17). Sóo Papa, èm toda á verda-de, é Vigário de Christo.Temos assim,; duas mara-vilhosas e- rinòomparaveis

presenças de Deus sobrea terra: a sua preséhçá;i;ê-al no mysterio dá Eucha-ristia e a sua presença mo-ral na pessoa do Papa.

E' este, em summa, omonarcha supremo do po-der espiritual no mundo,e todo poder deste genero,que legitimamente existaonde quer que seja, maisnão é do que uma parti-çipação da autoridade des-

sé plenipotenciario do Al-tissimo.

. Não é nosso intento dis-correr, comvosco, irmãose; filhos dilectissimos, so-bre a autoridade do Papa-do, tendo-o já feito em nos-sa Carta Pastoral sób otitulo: «Quem é o Papa?».

Queremos apenas fazer-vos: observar que sendo ta-•mánho esse poder, tantomaiores também hão desêr para com elle os de-veres de respeito, obedi-encia e oração, que nosobrigam, como vimos, emrelação a, toda e qualquerlegitima autoridade.

Tanto mais que este cul-to da autoridade espiritualé profundamente educati-vo, por isso que. não dis-

pónao élla da força, nemde outros recursos materiaes, só a consciência pO'de a isso obrigar-nos. As-sim, pois, cultuar a auto-ridáde espiritual, é favore-cer e acrisolar 6 culto a to-das as autoridades^

Além de que Deus, as-sim como não pode aben-coar uma; sociedade, ondesão niériosprèzados osseus representantes maisdirectos; assim . tambémnão deixa de proteger es-

pecialrherite1 o povo. quçsabe tributar as devidashonras aos seus mais sa-

grados ministros.Considerando tudo isto,

foi que tornamos a resolu-

ção, de dar um caractermais pratico aò culto daautoridade espiritual emnossa Archidiocese. As-sim, pois, determinamos

que em todas as Parochias

vou para a mansão eterna dosjustos.

E' incalculável a tristeza domundo católico, no meio doqual se destacava, nimbadade santidade, de popularidadee de prestígio, nunca dèsmen-tidos, a individualidade empol-gante de S. S., e^a imprensa,que muito bem rraduz os sen-timentos dos povos, unanime-mente expressa o pezar, nãosó da cristandade, mas de to-do o mundo, uma vez que PioXI, nas horas sombrias da his-toria que atravessamos, sou-be se colocar em um plano su-perior, de onde pudesse obser-var, com serenidade e amor,as angustias da humanidade,senti-las com todo o ardor desua alma de santo e de após-tojo, levando a essa mesmahumanidade, uma palavra defé e de conforto, palavra dePai e de Pastor Supremo, quese sente conduzido pela pro-pria mão de Deus.

xo), aonde chegou ás 10 horasde 11 do corrente. '"A

Lá se achava desde o dia 4, ipreparando a Visita, o Rvmo.Padre Luíz Sutera, Vigário Ge-ral do Árcebispado, auxiliado :f

pelas Revdas. Irmãs Regina ;:de Aquino Corrêa e JudithBandera, ambas do benemeri-to Instituto das Filhas de Ma»na Auxiliadora, bem como pe-Ias zelosas catechistas Profes-soras Aureolina Ribeiro e Ma- ;ria Catharina de Figueiredo, :Erytia Paes, Laura da Silva eMathilde dos Anjos.

S. Excia. Revma.. que se fezacompanhar do Rcvttío. PadreJosé Xhardy e do catechistasalesiano. Francisco Arese, foirecebido festivamente em fren-te á Matriz, pelo povo é pelasautoridades, por entre alas decreanças do Catecismo, quetraziam nas mãos ramilhetesde flôres.

Ahi o joven e esforçado Pre-feito do Município, Snr. Au-

Longa, por demais, seria Rn?«ro-Filho, dirigiu aoenumeração das obras que i hLU|,

V1?ltante as saudações

emoreendeu e realirím 1 de boas-vmdas, em nome deempreendeu^ e realizou com o todo 0 povo, pronunciando poressa occasião, um ponderado

(Condue ns 4* págira).

sobre o Papa, nem a ora-çaiO collectiva pela sua con-servação, e nem a collec-ta do «Obolo de S. Pedro»,

que embora renda pouco,

caridade filial do povochristão para com a pes-sôa augusta do SummoPontífice.

E pois que o representan-te do,Papa na Archidio-cese é o Arcébispo, não

podemos deixar de appro-var à festa, com que jácóstumaes honral-o no an-niversario, ora do nasci-mento, ora da sagração e-piscopal. Entretanto, afimde que seja ella mais im-pessoal, uniforme e fixa,desejamos que a «Festado Arcebispo», esteja estepresente, oumão, sè reali-ze annualmente na segun-da Dominga depois daPaschoa, chamada do Bom

Pelo Papa:Versiculus: Oremuspro

Pontífice nostro Pio. Res-ponsorium: Dominus con-servet Eum, et vvoificet

e sempre um symbolo da Eum, et beatum faciatnarinanp filml Hn x*. j. -j ../ ,Eum. in terra, et non tra-dat Eum in animam ini-micorum Ejus.

Traducção:Versículo: Oremos pelo

nosso Papa Pio XI. Res-ponsorío: O Senhor o guar-de, e lhe dê vida, e o façabemaventurado na terra, enão o entregue ao poderdos seus inimigos.

Peio Arcebispo:Versiculus: Oremus et

pro Antistite nostroFran-cisco. Responsorium: Stetet pascat in fortitudinetua, Domine, in sublimi-iate notninis tui.

Traducção:Versículo: Oremos tam-

bem . pelo nosso Arcebis-Pastor, por causa do E-ipo D. Francisco. Respon-™^o.,.que-nella^ se lê,! sorio: Esteja firme, e apass-

Capellanias, no dia 29de Junho, consagrado pe^la liturgia universal ao pri-meiro rapa S. Pedro, ce-lebre-se cada anno a «Fes-ta do Papa», que será, na-turalmente, mais ou menossolenne, conforme as cir-cumstancias, não devendo,todavia, faltar a pregação

e é uma- lição muito op-portuna, tanto para os quepromovem a festa, quantopara quem a recebe.

Em segundo logar re-commendamos que, aomenos em todas as Ben-çãos .do Santíssimo, antesdo Tantum-ergo, se can-tem em latim, os versicu-

cente o seu rebanho navossa fortaleza, Senhor,na sublimidade do vosso r

nome. ^

Ambos os responsoriosssão tirados da Bíblia, sendoque o do Papa eorrespon-de exactamente ao 3.o ver-siculo do 1 'salmo

40, e o. ,v Arcebispo é uma ao-

e responsorios liturgi- ^ plicação do texto de Mi-cos pelo Papa e pelo Ar-jchéas, capitulo V.vérsicu-

cebispo, que damos aqui ¦ lo 4,o, em que se refereem seguida com as res-

j o propheta ao Messias

pectivas traducçoes. (CoatitS)

•t

c bello discurso, que muito a-gradou.

Em seguida a mimosa me-nina Altair de Figueiredo re-presentando a juventude dasescolas, saudou também a S.Excia. Revma., a quem ergueuum viva enthusiastica mentecorrespondido.

Respondeu S. Excia. Rvma.agradecendo a todos e maní-testando a grande satisfaçãocom que fazia aquela Visita,que esperava cm Deus fosserica de fruetos espirituaes pa-r;i o bom povo de S. Antonio.Concluiu levantando viva a N.Senhora de Lourdes, cuja fes-ta se celebrava naqueile dia,.ao glorioso padroeiro da Pa-rochia S. Antonio e a toda apopulação santantoniense.

Em acto continuo, dando en-trada na egreja, ao som de a-legres cânticos sagrados, re-zou S. Excia. Revma. as ora-ções costumadas, annunciouo programma da Visita, convi-dando todos a tomarem partenos respectivos actos, e porfim, lançou a benção pastoralsobre a assistência.

Acompanhado ainda pelopo-vo, dirigiu-se então para o 110-vo prédio do Grupo Escolar,onde ficou hospedado.

Durante a Visita, o Snr. Ar-cebispo pregou diariamente, áhora da Missa, pela manhã, eá hora da Reza á noite, alémdas instrucções ás creanças,após cada uma das duas au-Ias de catecísmo. üffíciou tain-bem pessoalmente S. Excia.em vários dos 25 casamentosentão santiíicados e seguidosda celebração da S. Missa, ten-do feito, outrosim, a enthroni-zaçâu da Imagem do Coraçãode Jesus em algumas das 22famílias, que por occasião daVisita, se consagraram assima esse Divino Coração.

No dia 16 foi rezada, peloRevrno. Vigário Geral, Missade 7° dia em suffragio da almado Santo Padre Pio XI, e ãtarde, se realizou a piedosacommemoração dos mortos daparochia, tendo o Snr. Arce-bispo acompanhado a procis-são de preces au Cemiterio,onde após as orações liturgi-cas, pronunciou uma fervoro-sa e edificante allocução so-bre as vaidades do mundo eos dogmas soleunes da eterni-dade.

Em a noite de 17, um grupode gentilissimas moças e cie-anças, tendo á frente as pren-dadas senhoritas Odette Gue-des e Estella de Oliveira, pro-moveram um lindo festival emhomenagem ao venerando,an-tistite, que foi cumprimentadopor esta ultima, num formosodiscurso. Todas as partes detheatro, musica e declamaçãoioram muito applaudidas. S.Excia. Revma. encerrou a ses-são festiva com palavras deprofundo agradecimento e vi-vas congratulações, tanto maisque a festa fôra também or-ganizada em benefício das o-bras de reparos da Matriz.

A manhã de 18 foi abrilhan-tada pela angélica festa dasPrimeiras Communhões, emque 69 corações, quasi todosde creanças, receberam pelaprimeira vez a Hóstia Santa,que é Jesus Sacramentado. Osfelizes neo-commungantes, can-tando os hymnos da 1a Com-munhão, se dirigiram proces-sionalmente á egreja, onde oSnr. Arcebispo celebrou o San-to Sacrifício e lhes distribuiuo Pão dos Anjos, depois delhes haver dirigido ferventese paternaes palavras de ex-Üortação a bem celebrarem a-

quelle acto. que devia marcar-lhes o dia mais bello da vida.

Terminada a Santa Missa, afamília Bernardo de Oliveiraoffereceu, em sua residencia, atodos os neo-commungantes,uma lauta mesa de ceft com

lote o bolos, que foi uma ale-gria p.ira a creançada.

Em seguida, o Snr. Arcebis-po lhes distribuiu os diplomase lembranças da 1» Commu-nhào.

A' tarde desse dia, S. Excia.Revma. administrou a S. Chris-ma, e em acto continuo, sahiuuma concorrida e bellissimaProcissão, que levou em tri-umpho, pelas ruas da cidade,entre cânticos e preces, a ve-nerada Imagem do Thauma-turgo S. Antonio, titular da Pa-rochia.

Ao recolher-se o religiosoprestito. o Snr. Arcebispo pro-feriu o seu sermão de despe-dida, deixando aos fieis os seusúltimos conselhos, e recom-mendando-lhes também as o-bras da Motriz e a assignatu-ra d'"A Cruz", o jornal catho-lico da Archidíocese.

Seguiu-se a Benção do San-tissímo, após a qual S. Excia.Revma. distribuiu a todos u-ma medalha de S. Antonio,como lembrança da Visita Pas-toral.

A' noite se realizou uma pe-quena JCermesse para occor-rer ás despesas com a VisitaPastoral, e no dia seguinte,Domingo, 19, S. Excia. Rvma.pregou ainda nas duas Missas,e á tarde, com toda a sua co-mitiva, regressou a esta Capi-tal, acompanhado até certoponto, {jela jardíneira do Snr.Nagib Saad, com um grupo dedistinetas pessoas, tendo áfrente o Snr. Prefeito e variasautoridades.

O Snr. Arcebispo e todosos seus auxiliares voltaramencantados com o povo de S.Antonio, e especialmente comas. famílias Augusto Ribeiro,Bernardo de Oliveira, EutalioBicudo, Neco de Figueiredo,Nicacio M. de 9ouza e Sylviode Carvalho, que os cercaramde muitas amabilidades e ob-sequios.

Praza aos céus que a Visi-ta Pastoral geja fecunda emfruetos de paz e prosperidadepara toda a hospitaleira e bôagente de S. Antonio.

Devaneio

E' terça-feira, dia consagra-do ao Taumaturgo S. Benedi-to. Uma chuvasinha fina nãoimpede que, desde muito ce-do, os devotos do milagrosoSanto acedam ap convite fes-tivo rio sino, pára em roma-ria irem assistir á S. Missa,na modesta capelinha do ex-tremo da Rua Bandeirantes,ponto da fundação desta anti-ga

"cidade verde".Sinto-me entristecida, con-

trariada talvez, pelos contínuosrevezes da sorte que, para unsé tão propícia, tão risonha, epara outros... coitados! tão du-ra, obrigando-os a conduzirema sua pesada cruz, com paci-encia, até ao dia em que, pordesignação de Deus, irão apre-sentar-se ao justo Juiz.

Consola-nos a idéa de queestes, certamente, terão na e-ternidade a sua recompensa,ma? a verdade é que, nãodeixa de ser bem triste con-duzi-la neste vale de prantos,principalmente quando a pes-sôa è humilde, tímida mesmo,a ponto de não saber expan-dir-se.

Anima-nos também, em me-io aos nossos dissabores, em-contrarmos pessôas que, porserem estremamente bôas, compalavras meigas e doces, semse aperceberem, nos fazemtão grande bem.

Foi o que hoje me aconte-ceu. Pensando em muitas coi-sinhas da vida, depois de as-sistir, da minha janela, á pas-sagem dos fieis, que desciamda capelinha de S. Benedito,sai á procura da diretora da

A CRDZ

Uma visita ao inferno

Continuação

Pae satanaz espumava e ti-nha uma tal expressão deodio que me gelava até aosossos I .. .

Proseguiu o rei das trevas:—Façamos a chamada dos

embaixadores das nações chris-tãs.

O diabo notario, assistentedo throno, gritou logo em pri-meiro logar:

—Diabolus brasiliensis!—Adsumf Aqui estou, pae

satanaz, senhor das trevas.- Que conta me dà de sua

embaixada no Brasil?—Tenho bôas e tristes no-

ticias a dar a vossa majestade.—Comece pelas bôas.—A primeira é que eu ain-

continuo a sustentar no Brasilaquelle catholicismo de aguade flor de laranjeira, comoo denominou aquella Peste doRio de Janeiro... Tenho ca-tholicos de tradições, de senti-mentalismos, de festas, de fo-guetorio, de Irmandades ma-çonizadas, catholicos-espiritas,catholicos que não acreditamno inferno, catholicos revolto-sos contra o bispo, que cen-suram o papa e dizem cobrase lagartos do vigário da paro-chia. Tenho supprimido muitoos mandamentos da que elleschamam a santa madre Igreja!

Pae satanaz enrolou todo orabo nos braços e sorriu:

—Bravo 1 Isto é devéras umaarte difficil e uma conquista!Todavia, têm-me impressiona-do as continuas manifestaçõesde fé que se realizam no Bra-sil e cujos écos tanto aqui nosatormentam.

—Ora, pae satanaz, ficaetranquilio, os brasileiros sãocamaradas. Gente calma IE de-mais, que valem taes manifes-tações, si a nossa victoria seaccentua cada vez mais emdois campos optimos?...

—Em quaes?—Nos que vossa majestade

mais nos recommenda que tra-balhemos no Brasil — no daimprensa e das vocações sa-cerdotaes.

—Que tem conseguido vocêentão ?

—Muito, muitíssimo... Oscatholicos brasileiros até hojenão se resolveram a nos com-bater decididamente pela im-prensa. A nossa imprensa, is-to é, a que se diz neutra, epor isto mesmo tanto é do nos-so agrado, a nossa imprensatriumpha em toda a linha. Nãoha no Brasil um diário catho-lico que nos affronte ou quese compare com um dos nos-sos... Os brasileiros já contamcom uma bôa literatura russae pornographica. E por maisque as casas editoras de al-guns frades e catholicos infa-mes nos tenham hostilizado,nem síquer neutralizam os ma-les que fazemos pelos nossoslivros. As livrarias estão peja-

"A Violeta1' para entregar-lhea colaboração de uma colega.Encontrei-a na Repartição dosCorreios e Telegrafos. Ali, emcurta palestra, que não chegoutalvez a dez minutos, animou-me tanto aquela senhora, dis-se-me palavras tão suaves,tão repassadas de bondade,que si não rne curou de vez aalma, pelo menos suavizou-aconsideravelmente.

E' por isto que, tomando dapena, aqui deixo transparecernestas desajeitadas linhas, omodesto, ainda que indele-vel, sinal de reconhecimentoá m. d. diretora da "Violeta,

que, sem conhecer o meu mal,e talvez mesmo sem o perce-ber, fez-me tão grande bem.

PRIZIDIfl DE ÇERQUEIRR.

das de obras subversivas eimmoraes. Tenho feito umapropaganda do pudismo e doneo-malthusianismo como nun-cal E tudo em côres sedueto-ras, bem brasileiras, bem api-mentndas como um vatapá...Neste campo sou senhor. Te-nho perdido muita innocencia!E os brasileiros são camara-das! Imagine, tenho filhas d'Ella que leem romances por-nograçhicos... Tenho famíliascatholicas com assiçnaturasde maus jornaes e revistas im-moraes e bibliothecas de umrealismo cru! Como disse, emmatéria de imprensa os brasi-'leiros são camaradas.Gentebôal Neste ponto o infernoque durma tranquilio!

Os catholicos brasileiros tãocedo não hão de acordar. Sãouns bananas!

Tenho conseguido lançarconfusão na imprensa delles...

Má vontade, incompetênciana direcção de alguns jorna-lecos do interior, desuníões,falta de pagamento das assíg-naturas; collaborações falhas.Má redacção, susceptibilidadesridículas, etc., etc. Emfim, quan-do vejo uma imprensa catho-lica, bato com o rabo e chifrepela redacção até arranjar al-guma coisa!

E no campo das voca-ções?

Ah! pae satanaz, nestecampo, tenho perdido algumacoisa, mas ainda estou satis-feito...

Por que?Porque no Brasil ainda ha

sómente 4.000 sacerdotes paramais de quarenta milhões dealmas. Porque os semináriosestão numa crise, numa crisetamanha neste momento, quejá vi muita batina roxa der-ramar lagrimas e fechar o seuseminariozinho querido.

Com a crise financeira e acrise de costumes, arranjeinestes últimos dois annos u-ma tal crise de vocações, que,si não houver uma reacçãodos batinas roxas... dentro depoucos annos... temos con-quistas grandiosas no Brasil.

Como disse, pae satanaz, v.majestade deve se empenharmuito, muitíssimo, para perdero Brasil por estes dois meios:Pela má imprensa e pela cri-se de vocações.

O mais, tudo o mais nãotem importancia.

E, felizmente, nestes campostemos que nos gloriar — osbrasileiros ainda não acorda-ram bem. Estão agora comoquem esfrega os olhos, a seespreguiçar na cama... Ape-nas despertaram.

Mas... hei de fazê-los dormirde novo..

São preguiçosos...Pae satanaz sorriu, sorriu.

Basta, meu diabo do Bra-sil, estou contente. Bravo! Queboas novas! E's um heróe.Vou dar-te uma quadrilha dediabos para a luta e vou man-dar para o Brasil um pó queserá atirado aos olhos de to-dos os catholicos, para quecontinuem cada vez mais ce-gos, para que não vejam queelles precisam de uma bôa im-

prensa á altura da imprensainimiga ou neutra, para quenão vejam que o problema detodos o mais grave e de sériasconseqüências é o problemadás vocações sacerdotaes. Em-quanto estiverem cegos nisto...o resto... meu diabo do Bra-sil, o resto... que importa!

Um diabo me descobriu numcanto. Estava gelado, pallido,suspenso dos lábios de sata-naz.

Sae daqui, intruso! —

gritou um diabo desconhecido.Virgem Maria! — gritei

instinetivamente.Houve um estouro no infer-

ao e tomei na cabeça uma

26-2-19S9

Egreja dos Passos

Durante a Quaresma, have-rá todos os Domingos, ás 8horas, na Egreja do Senhordos Passos, uma Missa paracommodidade dos fieis.

9. A Commissão encarregadada mesma Egreja, avisa Iam-bem os devotos do Senhor dosPassos e N. Senhora Appare-cida, de que, em breve, deve-verá levar a effeito grandesmelhoramentos no referido tem-pio, e para isso recorre ao seuespirito de devoção e genero-sidade, na certeza de mereceralguma esmola e auxilio paraas projectadas obras.

RADIO JORNAL

DIA 22.O governo soviético assig-

nou decreto estabelecendo con-dições de trabalho do operari-ado, na Rússia.

— Chegou aoRio ura possante avião Mar-chetti. — O ministro da Viaçãodesignou uma eommissão paraelaborar o projecto da novaorganização do trafego aéreo.—Os nacionalistas estão ata-cando as posições inimigas. —EmLondres foram apresentadasnovas armas de guerra.—Em1o de Março terá logar, em Ro-ma, o oonclave dos Oardeaes.—Consta que os Estados Uni-dos vão reconhecer o governode Burgos—Foi reorganizadoo gabinete belga. — Mussolinidisse que não retirará tropasda Hespanha—O dr. OswaldoAranha tem conferenciado comfirmas automobilieticas dos Es-tados Unidos para um accôrdocommercial. — Foi encerrado,no Vaticano, o lueto officialpela morte do Papa,—O gover-no da Turquia reconheceu ogoverno do general Franco.—O governo de Madrid mobili-zou todos os homens validospara defesa do governo cen-trai.—A França reconhecerãogoverno do general Franco.

DIA 23.O governo allemão ordenou

a compra de ouro, pérolas, etc.de todos os judeus da Allema-nha.—O governo japonez deuexplicação á Inglaterra sobreo bombardeio de Hong-Kong.— Em Àpparecida do Norterompeu uma represa, invadia*do as aguas as ruas. Houvevictimas.—O Convênio Cafeei*ro vae se reunir,- Regressoua Minas o governador VaJlada-res.—O general Góes Monteiroentrou em goso de férias. —Vae ser dissolvida a Camarados Deputados da Italia.—Du-rante a demonstração nazista,em LosÀngeles, deram-s ?ran-des distúrbios.—No México, 3generaes se candidataram ápresidencia da Republica. — ALibra foi cotada a 80$800 e oDollar a 17$500. Ouro 23$300 agramma. — Consta qué firmasamericanas vão emprestar aoBrasil uma grande somma. —Regressou, de Roma a Paris, oEmbaixador Souza Dantas, quefoi representar o Brasil no se-pultamento do Papa. — Todosos 62 Cardeaes deverão estar,no dia Io de Março, na Oapel-la Sixtina, para o grande con-clave que escolherá o novoPapa.—O Japão enviou decla-rações ao governo britannicosobre a ilha Chun-Chun.— Fa-lou, hoje, na Camara dos Com-muns o ministro Lord Halilaxsobre amizades da Inglaterracom a França. — Regressou a

cutílada de um cacete de fer-ro...

Acordei. Tinha caído da ca-ma e dado com a cabeça nocriado mudo !

Um pesadelo !

Pe. ABCANIO BliAN

36—2—1939 A CRÜZ 3

flREIDBS HLI1KIEIITD8

Hetn leite não ha alimentação com•

pleta, porque o solo brasileiro é, infeliz-

mente, pobre de cálcio e de fosfatos e tudo o

que ele prodús sofre da mtsraa falta. O leite

supre essa deficiencia.

-Sem o leiteaereança não cresce qttan-to devia crescer enilo adquire dentes

fortes, porque ha de faltar-lhe cálcio e as

combinações fosfatadas que o leite contem.

- Sem o uso constante do leite o traba-

Uio cerebral causa nearasthnia, por-

que o cerebro e o sistema nervoso exigem

suprimento de fosfatos na alimentação diaria.

—A carie dentaria não se evita- sotnen-

te com a limpes» dos dentes, porqueela é moléstia ae carência, isto é, demons-

tra que o organismo não recebe o cálcio de

que necessita. Economizar no leite é gastarno dentista.

Os organismos mal nutridos não »'<?¦

agem contra as doenças. E' fáto que se

observa diariamente. Economizar no leite

é gastar com o medico e com a farmacia.

Do Sindicato dos Leiteadores.

Londres o emigsario inglez quese achavn em Burgos em con-ferencia cora o general Franco.—A ílollanda reconheceu o go-vernu rio general Franco.—Asdelegações arabe e judaica naPalestina se reuniram, hoje,com a presença cio represen-tanto inglez.—A Syria tem no-vo governo.—No município deGuaratinguetá oahiu grandetromba dagua, causando gran-des prejuízos.—0 ministro Ara-nha deu entrevista á impren-sã americana. -0 general Fran-co está movimentando as suastropa» para ura ataque a Ma-drid.—O ministério francez foiconvocado afiufde reconhecero governo do Burgos. -O go-vorao hollandez eneommeiidou2 navios de guerra.—O CondeCiano partiu para Varsovia.—O governo turco mandou pin-tar as casas de Stambul, decinzento. — Toi nomeado oTribunal que julgará oa revo-lucionarios do movimento su-bversivo do dia 19 do passadoem Lima.

Comrhunicação

Do Sr. Marçal dn Silva recebemosa attenciosa coinmunicaçào de haverassumido, a 23 de Janeiro findo, oexercício do cargo de Secretario doCoaseiho Estadual de AdministraçãoMunicipal, para o qualfôra nomeadopelo Exwo. Sr. Intervontor Federal.

Grato», fazemos votos de felicida-

SOCIAES

Viajantes

Ur. Epaminondas

Acaba do regressar do Rio, a com-panliado da sua Eximi. Esposa, o il*lustre clinico, nosso distincto amigo,Dr. Antonio M. do P. Epaminondas,a quem visitamos, apresentando nos-sas saudações do bôas vindas.

Cont. Luiz Stelling

Da oidatlo d© Campo Grande, ondefora ao oncontro de sua Exma. farni-

lia, chegou o nosso prezado assíg'nante, e amigo sr. Luiz Nery Stel-lfng, competente e aotivo contadordo escriptorio da firma Coimbra Bu-ano & Cia. Ltd.

Nosaas bôas vindas.

Irmã Magdalena ttfigliarini

Procedente do Corumbá, chegou aesta capital a Revma. Irmã Magdale-na Migliarini, que veio assumir aDirectoria da Santa Caaa de Misori-oordia, em substituição á Rovdma.Irmã Regina Arsego.

Nossos votos do boas-vindas.

Irmã Regina Arsego

Seguiu para Campo Grande, acom-pauhada da Srta. Marta dn Concei-ção Figueiredo, ondo vao dosempe-abar o cargo d^ Dlreotora do Hos-pitai daquella florescente cidade su-lina, a Revma. Irmã Regina Arsego,a quem desejamos prospera viogom.

Falecimento

Após uma pertinaz doença, queresistiu a todos os recursos e cuida-dos, veio a fnllecer, nesta capital, na3emana transacta, a senborioha pi-merinda Calhau, a cuja enluotadaFa-milia enviamos as nossas condolen-cias, rogando a Deus o eterno rapou-so para a alma da extinctn.

Na cidade de Livramento, falleceu,a 14 do corrente, o nosso estimadoamigo Snr. Paulo Alves Freire, lion-rndo chefe de numerosa família eque exorceu, nuquella localidade, va-rios cargos políticos de destaque.

Ros seus desolados parentes nossassentidas condolências.

O Armazém J. Cabral

, DEJoão Batista da Silva Btienosito á Travessa 21 da Abril

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cholearBaldes reforçados p. pedreirosPrégos desde 4x4Facas carniceiras de todos os

tamanhòsRaios para exgotosSifões para exgotosBacias higiênicas com ou sem

caixa de descargaParafusos desde 2 até 30 cms.Chapas de ferro c/ 3 e 4 furosPás c/ e s/ caboCorrentes para carroçaArgolas de metal para rédeasLona de todas as côres para

chinelosCouro de porco de todas as

côresOleado para enfeitar chinelosFoices e enxadas «2 caraâ»Ourinois louçado azul e hrancoTijelas louçadas, azul e brancaBacias louçadasMarmitas de aluminium e lou-

çadaPratos de louçaRebites de cobreCobre em chapas para lundos

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CONVITE

João Licio Borralho convida os pa-rentes e amigos para a missa de 7odia do fallecimcnto de sua saudosairmã Abigail Borralho de Azevedo,que será rezada na Egreja do BomDespacho, no dia Io de Março, ás 6horas.

Cuiabá, 23 de Fevereiro de 1939.

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1939 Gerencia—/?. 13 de Junho

As esmolas não

desfalcam a riqueza,

antes a promovem e

santificam.

Marquez ds Maricá.

P I O XI

(Conclusão da 1* pagina).

seu gênio indomável de sábioe de observador minucioso,que podia sentir-se orgulhosoem str testemunha e, de al-gum modo, ator no grandedrama da vida, que lhe foi da-do viver, pois, como já disse,um- livro não bastaria paraconsignar todas as iniciativasmissionárias de Pio XI: por-que elas foram, verdadeira-mente, a alma do seu pontifi-cado.

_0 Papa das Missões, da A-çào Católica, da conciliação,das canonizações, da Paz, emsuma, o Papa dos grandes ti-tulos, foi um dos maiores daHistória e o seu nome deixaum clarão de luz no seio au-gusto da Igreja Católica. Ho-mem, na acepção do termo,guardava, em si, todas as gran-des qualidades que dele faziam,realmente, um Homem. Evan-gelizador,apóstolo, missionário, jsociólogo, político e diploma-ta, dizem seus biógrafos, PioXI reunia as virtudes pessoais,que caracterizaram seus trêsantecessores mais imediatos:a sabedoria de Leão XIII, apiedade de Pio X e o senti-mento caridoso e humanitáriode Bento XV.

Homem de seu tempo, vi-véu para advertir, esclarecere ensinar o seu tempo. Suavida, foi uma constante prega-ção, mn modelo vivo de he-roismo e santidade. Jamais co-nheceu hiatos em sua vida,porque soube sempre venceros perigos que se lhe antepu-nharn, que procuravam desviá-lo do rumo, que firmementetraçara. Homem das alturas,como foi muito bem cognomi-nado, tanto era o 1» a galgaro Monte Rosa, em suas ex-cursões prediletas — alpinistade renome que era, como o 1oa erguer a voz contra todo equalquer ato de deshumanida-de ou de injustiça, praticadona pessôa de quem quer quefosse, embora ferisse, igual-mente, quem quer que fosse.Era, .de fato, "a sentineJa in-dormida dos interesses moraisda humanidade", como nos dis-se o nosso Cardeal D. Leme.

Um homem que tão estoi-camente galgara os mais al-tos massíços, poderia tentar,com ^segurança, uma outra as-censão: a Colina do Vaticano,disse Monsenhor Fontenelle, oseu mais autorizado biografo,em "Sa Sainteté Pie XI. Re-almente, eleito Papa, seu pri-meiro gesto é romper com atradição, até então mantidapelos seus antecessores. Vaiá janela de S. Pedro e lançaa sua primeira benção, nãosómente a Roma, mas á Ita-lia, mas a ioda a Igreja e ao

mundo inteiro, fato que se nãoverificava desde 1870, dando,assim, a mais linda prova dodesejo que o inspirava de tra-balhar pela obra de pacifica-ção mundial, obra ingente pa-ra um liomem que tomava,naquele instante, para si, osmais penosos trabalhos e omais solene compromisso.

Seu pontificado foi iniciado[com um gesto de paz e com

a afirmação de um propósitoJ de paz — a Paz de Cristo noI reino de Cristo, e, milagrosa-|mente, ao cerrar os olhos, pa-|ra sempre, esses olhos cansa-[dos de chorar, sua derradeirapalavra foi essa — paz.

Sereno, inperturbavel, quan-do núncio apostólico em Var-sóvia. assistiu a angustia dapopulação da Polonia que setransformaria em deserto, pelaaproximação das tropas rus-sas, permanecendo, 110 entan-to, em seu posto — o único, a-liás, dos embaixadores ali cre-denciados, que assim proce-I deu.

Quando em Roma, já parao conclave que devia escolhero successor de Bento XV, vi-sitando a Casa do Cenáculo,como que antevendo os acon-tecimentos, dizia aos religio-sos, ali reunidos."Rezai, en-tão, para que Deus preenchaprontamente, magnificameute.divinamente,-como Eie só sa-be fazê-lo, este vácuo imenso,pondo fim á viuvez de sua I-greja. Rezai para o Pontíficedefunto, e rezai, também pormim, que de,, todo o coraçãopeço sobre vós as bênçãos di-vinas". Acaso, não foi êle a-tendido?Não preencheu o gran-de Pio XI, o vácuo imenso a-berto com a merte de BentoXV ? Hoje, igual apelo faze-,mos; igual prece repetimos.

Elevado ao Sólio Pontifícioem hora difícil, não só para aIgreja, como também para omundo que se debatia, ainda,na crise ocasionada pela gran-de guerra, soube Pio XI, sero timoneiro seguro, conduzin-do com firmeza e serenidadeos destinos da Igreja, ínprimin-

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do-lhe um prestigio e uma for-ça, que dificilmente atingiraem outras épocas, mesmo nasde maior esplendor, fazendoouvir sua palavra de ChefeSupremo da Cristandade, oraem memoráveis .enciclicas, oraem exortações oportunas e i-nesqueciveisy documentos quea própria história já transcre-veu em seus anais, quer pelovigor da doutrina pura e cris-tâ, de que estão embebidos,quer pela sabedoria previle-giada de quem os ditou.

Nascido de condição humil-de, o filho de Francisco Rattie Thereza Galli veiu ao mun-do em Désio, rústico burgodos arredores de Milão, aos 31de Maio de 1857 e, a 3 de Ou-tu.bro de 1867 era admitido noPequeno Seminário de S. Pe-dro Mártir, em sua terra na-tal, onde fez os seus primeirosestudos e, sempre o primeiroaluno, entre os primeiros dasua turma. Aos 22 anos che-ga a Roma, onde obtém o dou-torado em direito canônico naUniversidade Gregoriana e emteologia. Em Filosofia., cursofeito na Academia S. Tomaz.obtém o 1o lugar. Prefeito daBiblioteca Ambrosiana, foi a-qui que, durante longos anos.se preparou, cuidadosamente,'para os altos cargos que pe-sariam, num futuro não muitolongínquo, sobre os seus om-'bros. Prefeito da BibliotecaVaticana, Núncio Apostólicoem Varsóvia, Arcebispo de Mi-lão e, finalmente, Papa, íorarresses os últimos postos queatingiu em a sua carreirade vertiginosa ascensão. Emtodos os postos pelos quaispassou, deixou o seu nome ligado ás obras que levou a e-leito com tenacidade e cons-tancia de quem posstie um nor-te a orienta-lo dia e noite, semcessar, e guarda, comsigo, aconvicção do que quer empre-ender e executar com ferreavontade, sem se dobrar ás iu-junções que o assaltarem.

Sua vida foi, em outras pa-lavras, um exemplo e um mi-lagre, um milagre vivo e vivi-do aos olhos mesmo dos maisincrédulos: milagre de sofri-mento. milagre de luta contraa morte que de ha muito o e=-preitava e contra a qual luta-va com denodo. Vitorioso sa-jhiu em muitas delas, porquesua missão não fora aindacumprida de todo. Era mistersofrer mais e dar mais exem-

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mo e santidade á pobre gentehumana, até que, ao amanhe-cer do dia de ontem, enquan-to no horizonte surgiam osprimeiros aibores, anunciandoa chegada de mais um dia deglória para o grande Papo, en-carando a morte com sereni-dade, Pio XI exhalava o ulti-timo suspiro.

Ele, que tanto lutara em vi-da, ele que tudo fizera pelacausa de Deus e da Sua Igre-ja, éle, que por amor a Ele,galgara os mais altos cimosda santidade e da sabedoria,ao despedir-se da terra, daqual foi o farol e o guia, co-mo se compreendesse não es-tar finda a missão que lhe fô-ra confiada, como se julgassenada, tudo o que fizera, numsupremo eslorço de batalhadorque luta até o ultimo instan-te, sem recuar, poude excla-mar: "Ainda

temos tantas cou-sas para fazer".

Perdeu a Igreja um dos mai-ores papas da História e omundo uma das figuras maislúcidas, mais brilhantes e maisinconfundíveis. Morre Pio XI,convicto de que a historia queêle definiu como sendo o teci-do vivo dos feitos, tecido noqual o pensamento e as açõesdos homens e de Deus se u-nem, entrecruzam-se, mistu-ram-se, fundem-se volta a vol-ta, tendo sempre como resul-

tante compor este plano provídencial, onde domina plenamente a soberania divina e semanifesta em toda a evidenciao amor de Deus para com oshomens, a historia, repetimos,já lhe fez justiça e já o colo-cou entre os maiores homense o século, póde-se dizer, jálhe tomou o nome.

Que «•sombra de Pio XI, a-gora morto, guie e inspire oshomens sobre a terra, para quea humanidade possa ter diasde paz e de tranqüilidade, queêle tanto almejou e pelas quaistanto se bateu, exortando ápaz, no derradeiro alento, co-mo última prece, os homensde bôa vontade. Que Deus otenha em sua santa Paz e queno azul etéreo, de onde noscontempla, possa gozar, enfim,aquela paz, que tanto deseja-ra sobre a terra.

Rio, 11 de Fevereiro de 1939.

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