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Aumentos de capital por incorporação não alteram mais-valias ANTÓNIO LÚCIO BATISTA CONSIDERA Doença na saúde e na economia é o novo desafio para as empresas Pág. 6 9 720972 000037 01830 PUB 28 a 30 abril Informações: [email protected] | 223 399 427/00 Branqueamento de capitais: o essencial FORMAÇÃO ONLINE Nº 1830 / 24 de abril 2020 / Semanal / Portugal Continental 2,40 J www.vidaeconomica.pt DIRETOR João Peixoto de Sousa ATUALIDADE Procura de escritórios reduz em Lisboa mas aumenta no Porto Pág. 9 FISCALIDADE Senhas de presença e tributação em IRS Pág. 18 Juros da dívida pública continuam a aumentar Pág. 3 SUPLEMENTO METAL Carta aos órgãos de soberania para retoma da atividade económica Pág. II FROTAS Renda mensal de viatura em renting entre 347 e 1582 euros Pág. 3 PUB Pág. 5 Pág. 5 Presidente da AICEP defende que algumas empresas podem aproveitar a crise para se estrearem na exportação ‘E-commerce’ ajuda empresas a manter a atividade e a travar queda das exportações PUB GEORGE Career Change Consultants Campo Grande 30 – 8º B 1700-093 Lisboa, www.george.pt Os aumentos de capital por incorporação de reservas alteram o custo de aquisição das participações sociais? O aumento do valor nominal contribui para a diminuição da mais-valia sujeita a imposto? Como deve ser calculada a mais-valia? O fiscalista Carlos Esteves analisa a incidência dos aumentos de capital sobre o IRS. Pág. 8 CONTRATO Nº 594655 '('&(

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Page 1: PUB ‘E-commerce’ ajuda empresas a manter a atividade ... · ATUALIDADE SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020 3 Contabilistas acusam sociedades de garantia mútua A bastonária da Ordem

Aumentos de capital por incorporação não alteram mais-valias

ANTÓNIO LÚCIO BATISTA CONSIDERA

Doença na saúde e na economia é o novo desafio para as empresas

Pág. 6

9 720972 000037

0 1 8 3 0

PUB

28 a 30abril

Informações: [email protected] | 223 399 427/00

Branqueamento de capitais: o essencial

FORMAÇÃO ONLINE

Nº 1830 / 24 de abril 2020 / Semanal / Portugal Continental 2,40 J

www.vidaeconomica.pt

DIRETORJoão Peixoto de Sousa

ATUALIDADEProcura de escritórios

reduz em Lisboa

mas aumenta no Porto Pág. 9

FISCALIDADESenhas de presença

e tributação em IRSPág. 18

Juros da dívida

pública continuam

a aumentarPág. 3

SUPLEMENTO METALCarta aos órgãos

de soberania para

retoma da atividade

económica Pág. II

FROTASRenda mensal

de viatura em renting

entre 347 e 1582 eurosPág. 3

PUB

Pág. 5Pág. 5

Presidente da AICEP defende que algumas empresas podem aproveitar a crise para se estrearem na exportação

‘E-commerce’ ajuda empresas a manter a atividade e a travar queda das exportações

PUB

GEORGE Career Change ConsultantsCampo Grande 30 – 8º B

1700-093 Lisboa, www.george.pt

Os aumentos de capital por incorporação de reservas alteram o custo de aquisição das participações sociais? O aumento do valor nominal contribui para a diminuição da mais-valia sujeita a imposto? Como deve ser calculada a mais-valia? O fi scalista Carlos Esteves analisa a incidência dos aumentos de capital sobre o IRS.

Pág. 8

CONTRATO Nº 594655

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Embora o comummente designado “lay-off ” simplificado, a quem a Lei denominou medida excepcional e temporária de protecção dos postos de trabalho, no âmbito da pandemia COVID-19, com a última versão no Decreto-Lei nº 10-G/2020, de 26 de março, tenha menos de um mês de vida, já muito foi escrito e dito sobre o tema e escalpelizadas muitas das suas virtudes e imperfeições.

Ultrapassadas que me parecem todas as dúvidas sobre o trabalhador com contrato suspenso não ter direito ao subsídio de doença, mantendo o direito à compensação retributiva, à forma de pagamento das férias e dos subsídios de férias (pagos integralmente pelo empregador) e de Natal (pago pelo empregador e comparticipado pela SS em 50% da compensação retributiva, proporcional ao tempo de duração do “lay- off ”), cuja duração e valores não serão contundidos pela medida em análise,

alguns trabalhadores e empregadores começam a olhar mais longe e a questionar os efeitos do regime na sua carreira contributiva para com a Segurança Social.

A preocupação tem a ver com os direitos que serão garantidos pela Previdência a nível de subsídio de desemprego, baixa médica, parentalidade e outras prestações sociais que tenham como referência o valor dos descontos para a Segurança Social, depois de terminado o “lay-off ”.

Pois bem, durante o tempo em que o trabalhador esteja incluído no regime, não será penalizado na sua carreira contributiva, uma vez que a lei garante que serão registadas equivalências pelo valor correspondente à sua remuneração normal e a efetivamente paga pelo empregador, a qual engloba a compensação retributiva e a retribuição por trabalho prestado, quando a este houver lugar.

Assim, embora os

empregadores tenham direito à isenção total do pagamento das contribuições devidas à Segurança Social a seu cargo, relativamente aos trabalhadores abrangidos e aos membros dos órgãos estatutários, que não terão, também, qualquer perda no histórico contributivo, durante o “lay-off ” – artº 11º do DL nº 10-G/2020 – os trabalhadores e os MOE manterão o direito às regalias e prestações devidas pela SS, sendo que o cálculo dessas prestações não é alterado por efeito da redução ou suspensão, nos termos do disposto na alínea b) do nº 1 do artº 305º do Código de Trabalho.

O problema é particularmente sensível, pois muitas empresas não sabem quando e se retomarão a sua atividade normal ou se os trabalhadores poderão ter a necessidade de recorrer à proteção no desemprego, que se encontra garantida com base nos níveis salariais

normais antes do “lay-off ”, nomeadamente indexados às remunerações brutas dos primeiros 12 dos 14 últimos meses anteriores – artº 28º do DL 220/2006, de 3 de novembro.

Também, os fundamentais direitos de parentalidade estão garantidos e indexados a 100% das remunerações normais, sem qualquer prejuízo pela quebra de rendimentos originada no “lay-off ”.

A verdade é que os números do dia em que escrevo referem uma adesão à medida de cerca de 40 000 empresas o que corresponde a um universo potencial de mais de 600 000 trabalhadores, sendo que pelas contas do Executivo em breve chegaremos a um milhão de trabalhadores abrangidos e os encargos mensais rondarão os 1000 milhões de euros, pelo que facilmente se profetiza a miríade de questões práticas que surgirão, nos próximos tempos, em volta deste tema.

Humor económico

MARTA TEMIDOA ministra da Saúde tem obtido resultados positivos no combate à pandemia. Gradualmente,

os hospitais vão conseguindo ganhar margem de manobra no sentido de um combate mais eficaz. Sobretudo, ao contrário do que se receava (e que seria uma tragédia), o Serviço Nacional de Saúde não entrou em rutura e até está a responder de forma eficaz à doença e a outras situações. Naturalmente, na base de tudo isto está o empenho dos profissionais de saúde e a vontade da ministra em garantir a coesão do sistema. Por outro lado, a comunicação desenvolvida pelo Ministério da Saúde tem-se mostrado assertiva, mesmo que existam ainda problemas por resolver.

2 SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020

ABERTURA

Top da semana

EXPANSIÓN

Construção cai na Zona Euro

Em fevereiro, um mês antes de os países começarem a aplicar as medidas de confinamento, a produção no setor da construção registou uma quebra de 0,9% na Zona Euro e no conjunto da União Europeia. Relativamente ao mês anterior, as descidas foram de 1,5% e um ponto percentual, respetivamente. Entre os Estados-Membros, as maiores descidas mensais couberam à Roménia, à Holanda, à Bélgica e à Espanha, enquanto as principais subidas respeitaram à Eslovénia, Hungria e Polónia. Já em termos homólogos, face a igual mês do ano passado, as descidas mais acentuadas ocorreram na Suécia, em Espanha e na Bélgica,

INVESTIR

Terceira vaga da pandemia atinge os emergentes

Depois de uma primeira vaga na China e no Leste Asiático e de uma segunda nos Estados Unidos e na Europa, uma terceira vaga da

pandemia atinge os países emergentes, onde poderá causar recessões em série, alerta a Amundi Asset Management.São de prever efeitos económicos significativos nestes países, sendo de destacar os esforços já colocados em prática pelas instituições internacionais, como o Fundo Monetário Internacional. Mas a China tem uma enorme importância neste processo, já que se assume como o maior credor destes países. É essencial avaliar os riscos com que se defrontam os países emergentes, tendo em conta a sua fragilidade orçamental e a sua vulnerabilidade externa.

RAPID

Comissão satisfeita com rápida implementação de medidas

A Comissão Europeia congratulou-se com a votação do Parlamento Europeu, que permite a rápida implementação de uma série de propostas da Comissão para combater a crise da COVID-19. A votação permite um redirecionamento sem precedentes dos fundos da política de coesão para fazer face às consequências da crise de saúde pública.

ImprensaEM REVISTA

Atualidade ................ Pág. 09

Procura de escritórios reduz em Lisboa mas aumenta no Porto

Internacional ............ Pág. 10

Pandemia não trava intenções de aquisição e fusão

Internacional ............. Pág. 10

Desemprego vais agravar-se nos Estados Unidos nos próximos meses

Opinião ...................... Pág. 11

Será o Norte que nos vais salvar… outra vez

Negócios e Empresas Pág. 15

Forall Phones triplica vendas online

Empresas Familiares Pág. 16

As pessoas sabem que compram a empresas familiares

Fiscalidade .................Pág. 17

Prazos nas execuções fiscais suscitam dúvidas aos fiscalistas

Mercados ...................Pág. 20

Infinox entra no Brasil com negócio de divisas

Empresas ...................Pág. 26

Boiron investe e reforça presença no mercado português

Nesta edição

05Atualidade“E-commerce” ajuda

empresas a manter atividade e a travar queda nas exportações

06AtualidadeDoença na saúde e na

economia é novo desafio para as empresas

19MercadosCrise atual é altura “para

recuperar” atraso português no comércio eletrónico

EDITOR E PROPRIETÁRIO Vida Económica Editorial, SA DIRETOR João Peixoto de Sousa COORDENADOR EDIÇÃO João Luís de Sousa REDAÇÃO Adérito Bandeira, Aquiles Pinto, Fernanda Teixeira, Guilherme Osswald, Rute Barreira, Susana Marvão e Teresa Silveira; E-mail [email protected]; PAGINAÇÃO Célia César e Mário Almeida; PUBLICIDADE PORTO Rua Gonçalo Cristóvão, 14, 2º 4000-263 Porto - Tel 223 399 400 • Fax 222 058 098 • E-mail: [email protected]; • ASSINATURAS Tel 223 399 400 • E-mail [email protected]; IMPRESSÃO Naveprinter, SA - Porto DISTRIBUIÇÃO VASP, SA - Cacém E-mail [email protected] • Tel 214 337 000 - Fax 214 326 009

TIRAGEM CONTROLADA PELA:

MEMBRO DA EUROPEAN BUSINESS PRESS

RUI RIODe uma maneira geral, o líder do maior partido da oposição até tem assumido posições corretas e adequadas

relativamente à atual situação. Ainda assim, indiretamente, isto é, não por culpa própria, tem perdido algum capital político, a favor do Primeiro-Ministro e do seu partido. Rui Rio poderia ter uma intervenção mais ativa, não numa perspetiva de crítica pela crítica, mas de algum modo avançar com ideias e possíveis medidas (por exemplo ao nível económico) na luta contra o coronavírus. Trata-se de uma oportunidade, até porque os partidos à esquerda do PS estão a revelar fragilidades e uma oposição pouco consistente e realista. Rio terá de ser mais intuitivo e aperceber-se de como pode ter uma intervenção útil no atual contexto.

ANTÓNIO COSTAO Primeiro-Ministro parece estar em constante renovação de forças. Não perde

a sua vontade de fazer face a este momento tão complicado, o que também lhe está a garantir benefícios em termos políticos. Se antes da pandemia estava numa situação debilitada, agora está na primeira linha, dá a cara e tem intervenções muito válidas. O que terá de mudar no discurso é que os portugueses terão de contar com um período difícil de austeridade. Os cidadãos devem ter noção do que os espera, de modo a que possam reagir. Não se trata de invocar o pessimismo, antes de dar a conhecer a realidade… por muito que tal custe.

A PRESENTE EDIÇÃO TEVE UMA DISTRIBUIÇÃO TOTAL DE 112.630 EXEMPLARES,

INCLUINDO A CIRCULAÇÃO EM PAPEL E DIGITAL

4000 Município (Porto) TAXA PAGA

Registo na D G C S nº 109 477 • Depósito Legal nº 33 445/89 •

ISSN 0871-4320 • Registo do ICS nº 109 477

A segurança social e o “day after” do “lay-off”

VÍTOR PEIXOTOadvogado, Cerejeira Namora, Marinho Falcão

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ATUALIDADE

SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020 3

Contabilistas acusam sociedades de garantia mútuaA bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC), Paula Franco, acusa as socie-dades de garantia mútua, que contam com acionistas públicos, de estarem a ser menos flexí-veis do que a própria banca na concessão às empresas de empréstimos bonificados. A respon-sável da OCC quer uma intervenção do Governo. A posição assumida pelas sociedades de garantia mútua está a penalizar, em particular, as empresas de menores dimensões. Certo é que estas entidades estão a travar o financiamento e mostram-se menos flexíveis do que os bancos, tendo dado os exemplos do EuroBIC e da Caixa de Crédito Agrícola.

AQUILES [email protected]

Os clientes que pediram à Ryanair o

reembolso do valor dos bilhetes de voos cancelados devido à pandemia de Co-vid-19 estão ter uma grande dificulda-de de comunicação com a companhia aérea. A empresa começou, no fim do mês passado, quando o surto do novo coronavírus se tornou exponencial na Europa, levando ao cancelamento da

maioria das ligações aéreas, a enviar e--mails aos clientes, informando que es-tes poderiam obter um vale ou solicitar o reembolso do valor pago. A situação parecia resolvida, mas os clientes que haviam pedido o dinheiro de volta rece-beram, nos últimos dias, e-mails que os confundem. Primeiro, porque a mensa-gem não tem assunto. Segundo, porque volta a dar a opção de obter o reembol-so (que já tinha sido solicitado) através

de uma hiperligação que mais não é do que o da Ryanair (ryanair.com). Aí en-contra-se uma sala de conversações que é um “chatbot” (assistente virtual e não humano) e, a custo, encontra-se uma hiperligação para pedir reembolso (re-fundclaims.ryanair.com). Preenchidos os dados pessoais e do voo, a resposta é que “já foi submetido um pedido para este voo”.

Empresa desaproveita lei portuguesa

Foram vários os relatos da situação que chegaram à “Vida Económica” de clientes e mesmo na nossa redação há exemplos. Tam-bém desde a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO) indicam que há vários casos em Portugal. “A DECO tem conhecimento de situações idênticas”, indicou-nos fonte da associação.

Contactámos o gabinete de imprensa da Ryanair a solicitar um esclarecimen-to e a perguntar se há alguma forma de obter uma resposta mais direta e clara, mas não obtivemos quaisquer resposta.

De notar que a Ryanair até está, em Portugal, protegida pela lei, pelo que mais se estranha a resposta que confun-de os clientes. É que o Governo apro-vou, a 17 de abril, um decreto-lei que, no âmbito do estado de emergência de-vido à pandemia de Covid-19, autoriza que as viagens e reservas de alojamento

que estavam previstas até 30 de setem-bro, e que foram canceladas por causa do surto, poderão realizar-se até 31 de dezembro de 2021 (sendo atribuídos

vouchers). Só a partir dessa data, ouseja, a partir de 1 de janeiro de 2022 é que as viagens não efetuadas pelos clien-tes poderão ser reembolsadas.

Ryanair hesita no reembolso dos voos cancelados

Os clientes que pretendem obter reembolso sentem-se confusos.

A crise da Covid-19 está a agravar os custos com a dívida pública. A subida dos encar-gos é mais acentuada nos países com dívida pública mais elevada, como é o caso da Grécia, Itália e Portugal.

O nosso país emitiu esta sema-na um total de 1016 milhões de euros de dívida a 6 e 10 anos, e em ambos assistimos a uma subi-da das taxas, face aos últimos lei-lões comparáveis. Estas emissões tiveram uma yield de 0,843% e 1,194%, respetivamente, quan-do comparadas com os leilões de fevereiro a 6 anos, a taxa foi de -0,057% e no de março a 10 anos foi de 0,426%. “Todas as dívidas soberanas europeias têm visto os seus prémios de risco a subir, com os países da periferia a serem mais penalizados” – afir-ma Filipe Silva. Para o diretor

de Investimentos do Banco Car-regosa, apesar de haver suportetotal do BCE, acaba por ser nor-mal vermos uma subida das taxaspor força da liquidez de que cada país vai precisar para dar apoio à economia.

O nível de endividamento vaiaumentar e muito. Ainda estasemana, a França anunciou aomercado um aumento significa-tivo do seu plano de financia-mento. “Não sendo atualmente uma preocupação, questionamo--nos como é que a dívida um diamais tarde será paga. Faltará algomais por parte das entidades eu-ropeias do que simplesmente comprar dívida, e este será pro-vavelmente o melhor momentopara a União Europeia deixar deser um projeto e passar efetiva-mente a ser uma União” – referiu Filipe Silva.

AQUILES [email protected]

O BPI e o grupo CaixaBank de-

cidiram suspender a distribuição dos dividendos correspondentes ao exercício de 2019 do banco portu-guês. Com esta suspensão, “o Ban-co BPI reforça a sua capacidade para colocar à disposição da economia, das empresas e das famílias portu-guesas os recursos necessários para responder aos exigentes desafios que se apresentam”.

A expansão da Covid-19, e as medidas adotadas pelas autoridades para travar a sua propagação, terão um impacto na economia global, que se espera de curta duração, mas com efeitos severos. “Neste en-quadramento, a sólida posição de solvência e liquidez do Banco BPI, que dispõe de um rácio de capital CET1 de 13,4% – 3,73 pp acima dos requisitos dos supervisores – de um rácio de capital total de 16,6% e de ativos líquidos superiores a

oito mil milhões de euros, permite enfrentar com confiança o cenário económico negativo que deverá marcar o resto do ano 2020”, indi-ca o banco.

O BPI “quer e pode dar um con-tributo importante para que a recu-peração da economia portuguesa ocorra com a maior celeridade pos-sível, criando as condições para que o crédito chegue onde é necessário, em coordenação com as garantias estatais estabelecidas pelas autori-dades”.

Executivos renunciam a prémios de 2020

O BPI anunciou, entretanto, que

os seus administradores executivos renunciaram aos prémios de desem-penho correspondentes ao exercício de 2020, tendo em consideração a situação de crise criada pela pande-mia Covid-19. “Esta decisão surge em coordenação com uma inicia-tiva similar anunciada pelo Caixa-Bank”, remata o BPI.

TAXA NAS OBRIGAÇÕES DO TESOURO A 10 ANOS TRIPLICA DESDE FEVEREIRO

Juros da dívida pública continuam a aumentar

BPI suspende pagamento dos dividendos

O banco anunciou, também, que os seus executivos prescindem dos prémios deste ano.

Foram vários os relatos que chegaram à “Vida Económica”. A DECO tem conhecimento de situações idênticas

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11 anos de Vigência e 15 alterações: Que Código de Trabalho temos hoje?

PROGRAMA

• Alterações ao Código do Trabalho nos últimos 11 anos• Principais medidas e áreas de alteração• A evolução e as linhas orientadoras do Código do Trabalho• Articulação com outros diplomas legais relevantes como o Código Contributivo da Segurança Social• Direitos e deveres das partes e consequências da sua violação• Da celebração dos contratos: em especial, o regime do contrato a termo• Novos modelos e regimes contratuais• As modalidades de cessação do contrato e seus regimes

- O despedimento coletivo- O despedimento por extinção do posto de trabalho- O despedimento por inadaptação- A caducidade do contrato

• Cálculo das indemnizações e compensações devodas pela cessação do contrato

• O regime do tempo de trabalho e a organização dos horários e as suas consequências remuneratórias• O Banco de Horas e a Adaptabilidade: regime e formalização• As faltas e as suas consequências• Regime das férias: aquisição, consolidação, vencimento e gozo

- Clarificar mitos sobre a marcação das férias• O Estatuto da Parentalidade: direitos e deveres• O Estatuto do Trabalhador Estudante

PREÇOSPúblico em Geral: €200 | Assinantes: €150IVA incluído

Informações/Inscrições Ana Bessa (Dep. Formação) | Vida Económica - Editorial SA.Rua Gonçalo Cristóvão, 14 R/C 4000-263 Porto | 223 399 427/00 | Fax: 222 058 098

Email: [email protected]

FORMADORA Dra. Filipa MagalhãesAssistente convidada no Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da Universidade de Aveiro. Mestre em ciências jurídico-políticas pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, na qual se encontra presentemente a frequentar o Doutoramento.Paralelamente à docência, exerce advocacia na área do Direito do Trabalho e Direito Administrativo, áreas em que é formadora, tendo, neste domínio, colaborado com várias entidades, públicas e privadas, nomeadamente com a Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas, para a qual elaborou os Manuais de Direito do Trabalho, com o Centro de Estudos e Formação Autárquica (CEFA), com a Unave (Unidade de Formação da Universidade de Aveiro) e com a Associação Nacional das Freguesias (ANAFRE) para a qual elaborou o manual de gestão de recursos humanos.

Lei nº 90/2019 de 4.9 e Lei nº 93/2019 de 4.9

29 e 30 abril | 9h30-18h00

FORMAÇÃO ONLINE

Tendo em conta os condicionalismos que resultam da prevenção do contágio do Covid-19, as nossas ações de formação passam a ser feitas on-line, em sala de aula virtual, dando aos formandos a possibilidade de interagir com o formador e os outros participantes. Para frequentar as ações, os formandos deverão dispor de computador com câmara, ou em alternativa, tablet ou smartphone, e acesso à internet.Todas a ações a partir de agora são on line.

Com o desemprego a superar máximos históricos em todo o mundo devido à COVID-19, um grupo de organizações provenien-tes de várias indústrias juntou-se para criar a People + Work Con-nect, uma iniciativa que pretende reunir, numa plataforma gratuita, empresas que tiveram que dispen-sar ou suspender as atividades dos seus colaboradores, com outras en-tidades que precisem urgentemen-te de contratar trabalhadores.

Este projeto foi pensado e de-senvolvido pelos executivos das áreas de Recursos Humanos da Accenture, Lincoln Financial Group, ServiceNow e Verizon, numa plataforma desenvolvida pela Accenture. Da conceção ao lançamento desta plataforma de-correram apenas 14 dias úteis, agregando já uma grande varieda-de de organizações.

A People + Work Connect con-ta com várias empresas líderes no mercado como a ADM, Baxter, Blue Apron, Cargill, Frito-Lay, Lincoln Financial Group, Mar-riott, Mondel z International, Nordstrom, ServiceNow, Walmart

e Zenefi t e espera-se que mais 250 empresas se juntem durante a pró-xima semana. Em breve, a plata-forma integrará também ofertas do setor da Administração Pública.

Esta iniciativa conseguiu escalar rapidamente a participação das empresas devido ao apoio e com-promisso de organizações como a Business Roundtable, o Centro de Estudos Avançados em Recur-sos Humanos da ILR School da Cornell University, o Center for Executive Succession da Darla Moore School of Business, Gallup e CHRO Roundtable, HR Policy Association, Institute for Corpo-rate Productivity, National Acade-my of Human Resources, Society for Human Resource Manage-ment e a World50.

Através desta plataforma, é pos-sível as empresas partilharem rapi-damente a experiência e as com-petências dos colaboradores que foram demitidos ou que tiveram o

seu trabalho suspenso e que as co-muniquem, sem custo acrescido, a empresas que estejam a recrutar. A plataforma é global e transversal a várias indústrias, de forma a ma-ximizar a capacidade de transferir pessoas com competências seme-lhantes de um setor em queda para outros setores e onde estão a ser criadas novas oportunidades de emprego. A plataforma, baseada numa solução de analytics-driven, agrupa por categorias informações não confi denciais dos trabalhado-res, como local de residência ou experiência profi ssional.

Um dos principais objetivos dos executivos de Recursos Humanos que lideram a People + Work Con-nect passa pela criação de uma co-munidade colaborativa e inclusiva que ajude a incorporar rapidamen-te os desempregados existentes no mercado de trabalho, em áreas que representem neste momento novas oportunidades.

“A People + Work Connect foi pensada para diminuir o impacto económico e social deste vírus, ao fornecer visibilidade em tempo real das empresas que precisam de colaboradores, e respetivas po-

sições, ajudando-nos a trabalhar juntos e a fazer a diferença na vida de centenas de milhares de pes-soas”, explica Ellyn Shook, Chief Leadership and Human Resources Offi cer da Accenture.

PLATAFORMA DE ANALYTICS É DESENVOLVIDA PELA ACCENTURE

Iniciativa People + Work Connect envolve empresas na defesa do emprego

Objetivo é colocar pessoas que foram dispensadas ou suspensas na sequência da crise

ATUALIDADE

4 SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020

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ATUALIDADE

SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020 5

A crise económica provocada pela pandemia da COVID-19 vai levar a um inevitável abrandamento das exportações, não só devido ao atual enquadramento a nível de fronteiras, mas também devido a constrangimentos logísticos e de abastecimento. A constatação é do Presidente da AICEP. Em entrevista à “Vida Económica”, Luís Castro Henriques afirma: “A exportação online poderá ser uma forma de algumas empresas permanecerem em atividade e escoarem os seus produtos, inclusive para outros mercados”. Segundo refere, pode haver empresas que aproveitem este momento para se estrearem na exportação.

TERESA [email protected]

Vida Económica - A AICEP acaba de

lançar um novo pacote de serviços de-dicado ao ‘e-commerce’. As empresas portuguesas estão preparadas para o co-mércio online?

Luís Castro Henriques - As empresas portuguesas já começam a olhar com atenção para o ‘e-commerce’, mas há ainda um cami-nho de capacitação a fazer. E é por isso que a AICEP tem apostado, desde há dois anos, no desenvolvimento de uma série de produtos e serviços com foco no e-commerce.

Esta semana lançámos uma ferramenta de diagnóstico para o ‘e-commerce [dis-ponível em https://www.portugalexporta.pt/], que permite a cada empresa perceber qual o seu nível de preparação para iniciar a exportação online e receber um relató-rio com recomendações sobre como se preparar ou como começar a tirar partido da exportação online. Estamos também a promover um conjunto de webinars dedi-cados ao ‘e-commerce’ internacional, que ficarão disponíveis online.

A AICEP volta, ainda, a apostar em cursos ‘e-learning’, como o curso básico de ‘E-commerce’ Internacional e o curso de introdução ao Marketing Digital, que vamos ter disponíveis a partir do dia 28 (no Portugal Exporta). Além disso, conti-nuamos a promover parcerias com ‘marke-tplaces’ para dar às empresas portuguesas a oportunidade de conhecerem o potencial de negócio e o funcionamento destas pla-taformas. Acreditamos que esta oferta será muito útil para as empresas que queiram expandir-se através da exportação online.

VE - Este ‘salto’ para o ‘e-commerce’ é mesmo inevitável? Depois da pandemia da COVID-19, o comércio online tenderá a ser o futuro das exportações?

LCH - O ‘e-commerce’ é uma realida-de a que as empresas portuguesas, espe-cialmente as PME, devem estar atentas. Vantagens como a redução de custos, a diminuição das barreiras à entrada nos di-

ferentes mercados, a possibilidade de um maior conhecimento sobre os clientes e ambiente de negócios tornaram-se dema-siado importantes para serem ignoradas. Além de que posicionam o ‘e-commerce’ já não apenas como uma alternativa ao co-mércio tradicional, mas como uma evolu-ção necessária para as empresas.

VE - E poderá significar uma diminui-ção do ritmo e dos volumes de vendas dos canais “físicos”?

LCH - Não contribui diretamente para que haja uma diminuição do ritmo e dos volumes de vendas através dos canais ‘fí-sicos’. Esta crise provocada pela pande-mia COVID-19 vai levar a um inevitável abrandamento das exportações, não só devido ao atual enquadramento a nível de fronteiras, mas também a constrangimen-tos logísticos e de abastecimento. Para fazer

face a isso, a exportação online poderá ser uma forma de algumas empresas perma-necerem em atividade e escoarem os seus produtos, inclusive para outros mercados.

Acreditamos que pode haver empresas que aproveitem este momento para se es-trearem na exportação, arrancando já atra-vés dos canais online, e empresas que apro-veitem este momento para acelerar a sua diversificação, apostando em novos merca-dos, agora através destes novos canais.

VE - A AICEP fez adiantamentos às empresas e associações empresariais no valor de 40 milhões de euros. Que per-centagem diz respeito a empresas e a associações?

LCH - A grande maioria destes 40 mi-lhões em pagamentos foram feitos a em-presas. A AICEP reforçou a capacidade de resposta da equipa dedicada à verificação

e pagamento de incentivos, no sentido de cumprir as orientações estipuladas pelo Governo, no âmbito do PT2020, como opagamento no prazo mais curto possível, a prorrogação do prazo de reembolso decréditos concedidos no âmbito do QREN ou do PT2020 e a elegibilidade de despe-sas suportadas com eventos internacionaisanulados. Estamos a acelerar o pagamentodestes apoios, oriundos de fundos comu-nitários, com o objetivo de mitigar os pro-blemas de tesouraria das empresas.

VE - A AICEP tem uma vasta rede dedelegações pelo mundo. Que papel po-dem desempenhar a partir de agora? O modelo de funcionamento continuará a ser o mesmo ou há novas funcionalida-des a serem pensadas?

LCH - As delegações da AICEP são, sem dúvida, uma caraterística diferenciadora daAgência. E têm revelado ser ainda mais rele-vantes, a vários níveis, num momento comoo que estamos a atravessar. Aproveito pararealçar o acompanhamento que tem sido dado ao processo de aquisições e doações de equipamento de proteção individual eequipamento médico-hospitalar na China,através das nossas delegações naquele país, em coordenação com a Embaixada em Pe-quim. Já foram realizados transportes aéreosde material que incluíram cobre-botas, fatos completos de proteção, batas, óculos e más-caras, e que abasteceram vários hospitais deNorte a Sul do País.

Além disso, as delegações têm preparado uma série de informação detalhada sobreos mercados internacionais, nomeadamen-te sobre setores com maiores constran-gimentos, principais dificuldades a nível logístico, maiores barreiras à exportação, que é disponibilizada no site da AICEP.Já temos informação disponível sobre 34 mercados, que é atualizada semanalmente.Acreditamos que esta á uma fonte de infor-mação muito útil para as empresas e que, neste momento, as delegações da AICEP podem ser um apoio ainda maior para asempresas com negócios nos mercados in-ternacionais ou que queiram expandir-se.

PRESIDENTE DA AICEP DEFENDE QUE ALGUMAS EMPRESAS PODEM APROVEITAR A CRISE PARA SE ESTREAR NA EXPORTAÇÃO

‘E-commerce’ ajuda empresas a manter a atividade e a travar queda das exportações

“O ‘e-commerce’ é uma realidade a que as empresas portuguesas, especialmente as PME, devem estar atentas”

“A AICEP reforçou a capacidade de resposta da equipa dedicada à verificação e pagamento de incentivos” – refere Luís Castro Henriques, presidente da AICEP.

“Há organizações de feiras que já estão a propor outros formatos”

A vida empresarial mudou com as restrições da COVID-19. Missões empresariais ao estrangeiro com dezenas de empresários e feiras internacionais com centenas de expositores e dezenas de milhares de visitantes, como as conhecemos durante anos, não deverão realizar-se nos próximos meses ou anos. O Presidente da AICEP revela que já estão a ser pensados novos formatos.

VE - Com esta pandemia, o modelo das missões empresariais como as conhecemos está posto em causa, dadas as restrições nas viagens e na aproximação das pessoas, etc. A AICEP equaciona outros formatos para estas missões? LCH - Essa é uma questão complexa para a qual ainda não conseguimos ter uma resposta definitiva. As grandes feiras internacionais, que atraem muitas pessoas de vários países, foram adiadas ou canceladas este ano. As feiras são uma montra para as empresas e, em muitos casos e setores, definem o ciclo de vendas. No entanto, há organizações de feiras que já

estão a propor outros formatos, por exemplo, algumas delas passam a ser realizadas em formato digital ou então são dedicadas apenas para profissionais do setor, mais segmentadas, com menos público, mas mais focado para os objetivos a alcançar.

VE - Com as missões empresariais, feiras e demais eventos reduzidos a zero neste momento, os custos associados também diminuem. Como vão ser reinvestidas as verbas geradas por esta poupança? LCH - Assim que for possível estabilizar a retoma da atividade das associações

empresariais, estão previstas medidas no sentido de aceitar a reprogramação temporal e física da execução dos projetos. De acordo com uma orientação técnica dada pelo Governo, as verbas poderão ser realocadas a novas ações, a definir pelas associações. Já no que toca a despesas comprovadamente suportadas pelos beneficiários em iniciativas ou ações canceladas ou adiadas por razões relacionadas com a COVID-19, previstas em projetos do Portugal 2020, nomeadamente nos incentivos à Internacionalização PME e à formação profissional, serão elegíveis para reembolso.

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ATUALIDADE

EDP assegura CAE solar no MéxicoA EDP assegurou um Contrato de Compra de Energia (“CAE”) para a venda da eletricidade a ser produzida pelo parque solar PV Los Cuervos de 200 MW, no México. O contrato foi estabelecido em dólares americanos e por um período mínimo de 15 anos. As operações vão arrancar no início do próximo ano. A EDP informa que quer continuar a desenvolver uma es-tratégia que garanta a rentabilidade das suas operações, pelo que este é um projeto adequado.

Comissão adota medidas adicionais para a agriculturaA Comissão Europeia adotou duas medidas para ajudar o setor agroalimentar. As medidas au-mentarão o fluxo de tesouraria dos agricultores e reduzirão os encargos administrativos tanto para as autoridades nacionais e regionais como para os agricultores. Para aumentar o fluxo de tesouraria dos agricultores, a Comissão aumentará os adiantamentos dos pagamentos diretos. A segunda medida adotada reduz o número de controlos físicos no local.

6 SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020

“Algumas empresas poderiam iniciar atividade o quanto antes” – afirma António Lúcio Baptista. Em entrevista à “Vida Económica”, o cirurgião destaca o papel do setor privado na saúde. “Por questões ideológicas, não tem estado a ser aproveitado para complementar o SNS no apoio aos cidadãos. Hoje, tem ótimos hospitais e profissionais bem treinados”. António Lúcio Baptista é médico cirurgião cardiotorácico. É consultor em saúde e investigador. Lançou a iniciativa “Corona Free”. É escritor e colaborador periódico do Semanário Vida Económica.

Vida Económica - Como tem vivido a

atual pandemia do coronavírus?António Lúcio Baptista – Estou a viver

esta pandemia por dentro e por fora com grande preocupação. Eu próprio estive de quarentena por possível proximidade com doentes infetados, no entanto, sem sinto-mas e com testes negativos. Todos os dias vamos aprendendo coisas novas sobre o SARS-Cov-2. Quem teve o primeiro con-tacto com este problema tem já experiên-cia no terreno e há já temas bem assentes, todos os dias se tornam científicos. A de-finição da doença provocada pelo novo coronavírus, por ser novo nos humanos, é denominada Co-vid-19, sendo o nome técnico do vírus o SARS-Cov-2.

Todos estes termos que causam confusão nas pessoas referem--se a um vírus que se transmite facilmente através da respiração e tosse e que é bas-tante grave em cerca de 5% das pessoas infetadas.

VE – O que pensa sobre o uso de más-

caras? ALB – O uso de máscaras, a princípio

desincentivado pela DGS, está a revelar-se fundamental, sendo os países que primei-ro tornaram o uso obrigatório a apresentar melhores resultados. Desde a faculdade que sabemos que a tosse projeta partículas a 10 metros de distância, portanto, como não incentivar o uso de máscaras? E os ou-tros sistemas de proteção para o pessoal de

saúde são fundamentais. Assim como tra-tamos e operamos doentes com HIV, tu-berculose ou hepatite, estamos preparados para esta doença desde que com material apropriado.

VE – Criou nas redes sociais a inicia-

tiva “Corona Free”, que está no terreno. Pode explicar melhor em que consiste?

ALB - Todos devemos dar o nosso em-penho para combater esta doença. Esta ini-ciativa simples consiste em apoiar ações de colaboração com a comunidade científica e empresas que desenvolvam medidas in-teligentes para a proteção pessoal dos pro-

fissionais de saúde. A proteção das equipas funciona nos dois sentidos – protege as equipas e protege também os doentes.

A primeira ação consiste em cooperar na distribuição de vi-

seiras fabricadas pelo IPCA – Instituto Po-litécnico do Cávado e do Ave – Departa-mento de Inteligência Artificial Aplicada, em colaboração com empresas parceiras. Foram entregues a equipas de saúde de la-res de terceira idade, hospitais, centros de saúde e até funcionários do SEF, e estão a arrancar outras ações.

VE – Considera que as medidas ado-

tadas são as corretas?ALB – De um modo geral, sim. Algu-

mas foram tomadas tardiamente, como o incentivo ao uso de máscaras. Posso citar Johnson Sirleaf, um experiente militar

que esteve na linha da frente do comba-te ao ébola, na Nigéria. Ele admite que os mesmos princípios devem ser adaptados à Covid-19, a saber, distanciamento so-cial, testes continuados, proteção e treino de profissionais de saúde com máscaras e proteções de vários tipos, inclusão dos mi-litares, como, por exemplo, hospitais de campanha, tratar da saúde mental e iniciar imediatamente o plano para o pós-pande-mia com medidas económicas e sociais, ou seja, tratar do relançamento da economia. Sirleaf refere que a proteção é fundamen-tal, diz ele que uma enfermeira sem másca-ra é como um militar sem colete antibalas.

VE – E quanto aos testes para detetar

anticorpos, chama-dos imunológicos?

ALB – São muito importantes e estão já no terreno. No entanto, parece cien-tificamente que a imunidade não é ime-diata, mas quem tiver adquirido anticorpos pode voltar ao traba-lho.

VE – E quanto à economia? Tem fala-

do numa crise económica e social e de saúde mental...

ALB – Crise vem do grego “krisis”, oportunidade para mudar. Há, e já ha-via, uma crise na saúde e as coisas vão ter de mudar e já estão a mudar. Não posso deixar de repetir as palavras de Churchill: “nunca se deve desperdiçar uma boa crise”.

Pois ele entendia que se deviam aproveitar todos os ensinamentos e experiências para melhorar, mudar e inovar. Por exemplo, sendo Portugal o país da União Europeia com menor número de camas de cuida-dos intensivos (4/100.000 habitantes) e a Alemanha a que tem mais unidades (30/100.000), devemos, obviamente, au-mentar e sofisticar a nossa capacidade.

VE - E o setor privado da saúde? ALB – O setor privado é muito impor-

tante e já está a colaborar. Por questões ideológicas, não tem estado a ser aprovei-tado para complementar o SNS no apoio aos cidadãos. Hoje, tem ótimos hospitais e profissionais bem treinados. Os cidadãos devem exigir repensar esta colaboração para seu bem, porque poderá diminuir muitas listas de espera, por exemplo.

Não é ainda altura para essa discussão. O momento é de solidariedade e colabo-ração.

VE – E a economia? ALB – Se demorarmos a ativar a econo-

mia, vai haver fome e suicídios. Veremos diminuída a nossa capacidade coletiva para recuperar e modernizar o tecido empresa-rial. Temos de conseguir “reindustrializar” Portugal. Que planos se propõem? Vamos ficar de mão estendida à União Europeia? Na minha opinião, basta que o Estado deixe as empresas trabalharem – sempre criou obstáculos, exceto ao pagamento de impostos.

VE – Que setor deveria abrir imedia-

tamente? ALB – Algumas empresas poderiam ini-

ciar atividade o quanto antes. Estou a falar, por exemplo, de cabeleireiros e clínicas de estética. O “cativeiro” leva muitas pessoas de todos os géneros, mas principalmen-

te mulheres, a uma perda de autoestima por detestarem a sua imagem, ao não po-derem ter acesso a es-ses cuidados. Isto leva a autoanularem-se e poderá aumentar por exemplo a violência doméstica. Leva à de-pressão, leva à perda

de alguns sonhos. Desde que esses estabe-lecimentos cumpram as atuais regras das clínicas, não vejo problema. Alguns artigos internacionais, como o do grupo de pen-sadores de Alicia Garcia-Herrera, falam de relocalização da produção para a Europa após a Covid-19. Portugal e Espanha têm muito a lucrar, muitas indústrias podem ser relocalizadas. Que vai haver mais mo-vimento antiglobalização, parece evidente, não percamos a oportunidade.

CIRURGIÃO ANTÓNIO LÚCIO BAPTISTA CONSIDERA

Doença na saúde e na economia é o novo desafio para as empresas

“Se demorarmos a ativar a economia, vai haver fome e suicídios”, afirma António Lúcio Baptista.

Combate à pandemia tem que contar com o empenho de todos.

Cidadãos devem valorizar colaboração entre setor público

e setor privado.

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ATUALIDADE

SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020 7

Facilitada a comercialização de produtos no espaço comunitárioEstão a ser aplicadas em toda a UE novas regras sobre o reconhecimento mútuo de mercado-rias que tornarão mais rápida, mais simples e mais fácil para as empresas, em especial as PME,a comercialização dos seus produtos em toda a Europa. As novas regras visam reforçar o prin-cípio do reconhecimento mútuo da UE, que permite que os produtos circulem livremente no mercado único, se forem legalmente comercializados num país do espaço comunitário.

Banco de Espanha prevê quebra no PIB perto dos 14%A economia espanhola vai registar uma contração sem precedentes na sua história recente. O Banco de Espanha calcula que o PIB poderá registar uma quebra de quase 14%, no final do presente exercício. O défice público poderá situar-se entre os 7% e os 11% do PIB, tendo em conta o período de confinamento, enquanto a dívida pública vai superar os 120%, com a taxa de desemprego a disparar para perto dos 22 pontos percentuais.

O Governo apresentou esta semana sete medidas para que as mais de 2500 startups portuguesas consigam superar as consequências da pandemia COVID-19 e retomar a sua atividade normal após este período excecional. O total dos apoios é superior a 25 milhões de euros e poderá “representar, em média, 10 mil euros de apoio potencial para cada startup”.TERESA [email protected]

Uma das medidas é a ‘StartupRH Co-vid19’, um apoio financeiro através de um incentivo equivalente a um salário mínimo por colaborador (até a um má-ximo de 10 colaboradores por startup).

O Governo aprovou também a pror-rogação do ‘Startup Voucher’ por três meses, ou seja, um prolongamento do benefício da bolsa anterior já atribuída (2.075 euros por posto de trabalho de cada empreendedor).

Foi também lançado o ‘Vale Incuba-ção – COVID19’, um apoio para star-tups com menos de cinco anos, através da contratação de serviços de incubação

com base em incentivo de 1500 euros, não reembolsável.

A par disso, foi lançado o ‘Mezzani-ne funding for Startups’, que é um em-préstimo convertível em capital social (suprimentos), após 12 meses, aplicando uma taxa de desconto que permita evitar a diluição dos promotores. O Governo

fala em “tickets médios de investimento entre 50 mil euros e 100 mil euros por startup”.

‘Covid-19 -Portugal Ventures’ com a IFD e Portugal Ventures

Foi igualmente lançado o instrumento

‘Covid-19 -Portugal Ventures’: um aviso(‘call’) da Portugal Ventures para investi-mentos em startups, com tickets a partirde 50 mil euros. A iniciativa é financiadaatravés da Instituição Financeira de De-senvolvimento (IFD), Portugal Venturese Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

Neste contexto de pandemia, as star-tups podem ainda recorrer a dois apoiosjá em vigor e que foram adaptados paradar respostas mais efetivas.

Um, é um fundo de 200 milhões deeuros para coinvestimento com inves-tidores privados em startups e scaleupsportuguesas, com um mínimo públicode 500 mil euros e máximo de cinco mi-lhões de euros.

O outro é um fundo de coinvestimen-to para a inovação social, envolvendoinvestidores privados em empresas comprojetos inovadores e de impacto social.O mínimo público é de 50 mil euros e omáximo de 2,5 milhões de euros.

Pedro Siza Vieira, Ministro da Economia.

Governo lança apoios de 25 milhões de euros para 2500 startups

AQUILES [email protected]

O Credit Suisse divulgou uma

“equity research” sobre a NOS e as consequências do novo coro-navírus na avaliação da empresa. Na nota, o banco revê em baixa a previsão para o EBITDA deste ano e define ainda um novo pre-ço-alvo para a NOS, que é quase para metade do anterior.

A equipa de “research” do Cre-dit Suisse faz um “downgrade” para Neutro (de Outperform) e diminui o preço-alvo baseado em DCF para 3,6 euros (era de 6,5 euros) da empresa portuguesa de telecomunicações. “Reduzimos o EBITDA de 2020E em 8% após uma mudança no analista primá-rio de Jakob Bluestone e depois de incorporar a atual desacele-

ração macro nas nossas estima-tivas. Também adotamos uma visão um pouco mais cautelosa das perspetivas de crescimento a longo prazo”, refere a instituição suíça.

As ações da NOS têm uma co-tação atual próxima de 3,3 euros, que representa uma queda de 44% desde o início do ano. Com o valor atual em bolsa, o dividend yield ronda os 10%.

A previsão incorpora a desace-leração provocada pela pandemia de Covid-19. A previsão de redu-ção na receita de telecomunica-ções em 2020 baixou em 2% e o EBITDA em 4% para refletir menores conteúdos de roaming e desporto, além de alguma cicli-cidade. O Credit Suisse destaca ainda que a NOS também detém a maior cadeia de cinemas de

Portugal e, com as salas fecha-das durante o confinamento (e provavelmente com menos es-petadores após alívio das regras de isolamento), cortou de forma acentuada as receitas de audiovi-suais e cinema (30% em 2020), o que representa a maior parte do “downgrade” de EBITDA. “A nossa colega dos EUA, Meghan Durkin, fez um ‘downgrade’ à AMC recentemente e prevê um declínio superior a 30% nas re-ceitas de bilheteira nos EUA, com um declínio internacional de cerca de 25%. A longo prazo, acreditamos que a NOS pode retornar a um crescimento de 1-2% da receita e um crescimen-to de 3% no EBITDA. Também acreditamos que a recente venda da torre à Cellnex foi estrategica-mente positiva (reduz a alavanca-

gem)”, anota o banco helvético.

Quarto operador móvel traz risco

O Credit Suisse prevê uma

atualização sobre o impacto do isolamento social devido à pan-demia e consequente desacele-ração económica nos resultados do primeiro trimestre de 2020 que serão divulgados pela NOS a 6 de maio. A análise destaca, do lado dos riscos, a chegada de um quarto operador móvel ao mercado português de teleco-municações. “Na pior das hipó-teses, estimamos que isso possa levar as ações ao nosso cenário de ‘céu cinzento’ de 2,35 euros (era quatro euros). Existem mui-tos fatores atenuantes (Portugal é convergido com preços fixos/

convergentes baixos, caso de ne-gócios para participantes duvi-dosos) e as prioridades políticas/regulatórias podem mudar, dada a crescente importância do setor.Portanto, vemos um participan-te agressivo como um cenário de ‘céu cinzento’, não como umcaso básico. O principal risco as-cendente é o regresso a um cres-cimento constante: se a NOSpuder retomar um crescimento de EBITDA composto estável,veremos um valor de ‘céu azul’ de 6,5 euros (era 9,2 euros)”, indicao Credit Suisse na sua nota.

“A NOS negocia com um ren-dimento ajustado de FCF [taxafixa] de 6,1% em 2020 e 6,9%em 2021. Isso compara-se comum setor em 8,3% em 2020 e9,2% em 2021”, remata a aná-lise.

Credit Suisse reduz preço-alvo de ações NOS para quase metade

A iniciativa é financiada através da Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD), Portugal Ventures e Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

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ATUALIDADE

8 SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020

Em tempos de crise económica e instabilidade, o mercado imobiliário foi sempre severamente afetado ao longo da história. Mas desde a última grande crise que assolou Portugal em 2008 que se tem verificado um paulatino, mas acentuado, crescimento do preço por metro quadrado edificado nos vários centros urbanos, e até em áreas mais rurais. Esta realidade é facilmente comprovada pelos registos de preços por m2, os quais atingiram máximos históricos em março deste ano em diversas regiões do país.

MIGUEL CRUZJOANA GARRIDO AMORIMJOANA FERREIRINHAFEP Junior Consulting

Na Área Metropolitana de Lis-boa, Algarve e Norte verificaram--se variações mensais, trimestrais e anuais com valores tendencial-mente positivos. No último mês, o preço por metro quadrado em Portugal, era, em média, de 2060 J, chegando aos 3007 J na Área Metropolitana de Lisboa. Tudo isto nos mostra que o mercado imo-

biliário tem grande relevância na economia do país, pelo interesse de compra e venda por parte de portu-gueses, mas também por estrangei-ros, com especial predominância de franceses e ingleses, representando uma percentagem significativa do PIB português (cerca de 12% em 2018).

Há que fazer, todavia, a distin-ção entre o setor imobiliário e o setor da construção civil. O setor imobiliário em tempos de crise e instabilidade, como o que se vive atualmente e como seguramente vamos experienciar nos próximos meses, fica tendencialmente com-prometido, com um número de compradores debilitado e hesitante devido à instabilidade do mercado e à expectável descida de preços das habitações, como ocorreu em 2008. Isto leva, naturalmente, a que o trabalho das empresas asso-ciadas ao mercado imobiliário fique muito condicionado e potencial-mente comprometido.

Já o setor da construção civil, por diversos motivos, mantém a sua ati-vidade, ainda que com algumas li-

mitações e algo condicionado, mas não de um modo tão rígido como o do imobiliário. A principal de-pendência do setor da construção é a sua necessidade de aquisição de componentes provenientes de ou-tros países, atrasando assim o nor-mal fluxo do setor.

Vendas de imóveis devem diminuir

Neste panorama, muitas ativi-

dades ficaram e vão continuar nos próximos tempos, em suspenso. E se na hotelaria e restauração o impacto foi desastrosamente ime-diato, no mercado imobiliário as consequências vão começar a surgir agora. Sendo este um negócio que depende muito de contactos pes-soais, é de esperar, nesta situação, uma redução na venda de casas, não só pelo facto de as pessoas esta-rem em isolamento, como também devido à diminuição das visitas pelo medo generalizado de contamina-ção. No mês de fevereiro passado, na China, verificou-se um redução de cerca de um terço nas vendas em

comparação com as efetuadas em fevereiro de 2019. Em Portugal, a Associação dos Profissionais e Em-presas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) veio também declarar que o setor imobiliário está já a sofrer as consequências do surto COVID-19.

Verifica-se, assim, a queda ime-diata na procura por parte de poten-ciais compradores, pelo risco natural inerente à operação (visitas, registos, obras, contratos) da compra de uma casa, a primeira e talvez a mais óbvia consequência da pandemia. Acresce que, com menos turistas, nacionais e estrangeiros, o mercado sofre no imediato pela queda da taxa de ocu-pação de imóveis dedicados ao alo-jamento local, o que provoca uma queda abrupta na rentabilidade do investimento. Além disso, leva a uma estagnação do número de li-cenciamentos e de construções.

É expectável também que, poste-riormente, devido ao impacto desta crise no emprego, comecem a sur-gir dificuldades para pagar as rendas e surjam hipotecas, o que resultará, inevitavelmente, numa diminuição considerável dos preços de merca-do. Tal dever-se-á, por um lado, à menor liquidez existente e ao medo de investir. Por outro lado, os imó-veis dedicados ao alojamento local, que por motivos fiscais já estavam a converter-se ao arrendamento tradicional, irão “inundar” ainda mais o mercado de arrendamento tradicional e o mercado de venda. Finalmente, apesar do atual clima de baixas taxas de juro, esta situa-ção também poderá trazer desequi-líbrios para os balanços dos bancos

que estavam a suportar operações com os preços em alta.

Paulo Portas, num dos seus co-mentários televisivos habituais, referindo-se aos Estados Unidos, disse que “metade das pequenas empresas, que, repito, às vezes são médias, resistem menos de um mês sem apoios de tesouraria”, baseando-se num estudo feito pela JP Morgan Chase. É de notar que, sendo os Estados Unidos da Amé-rica a maior economia do mundo, podemos deduzir que o que acon-tece neste país impactará, inevita-velmente, de forma negativa nas restantes economias.

Crise agrava problemas de liquidez das empresas

Estamos então perante um pro-

blema de liquidez. Em relação ao setor da construção e ao setor imobiliário, é expectável, respetiva-mente, 20 dias e 27 dias de almo-fada de tesouraria. Em Portugal, a situação pode ser ainda pior, uma vez que as empresas portuguesas, em comparação com as suas homó-logas americanas, têm estruturas de capital menos sólidas e dependem mais da Banca. Marcelo Rebelo de Sousa chamou também à atenção para o papel da banca nesta crise de liquidez.

Assim, e para contrariar ao máxi-mo esta situação, é expectável que o Estado atue junto do setor finan-ceiro, para que a Banca tenha um papel ativo de apoio às empresas, e não de aproveitamento perante eventuais situações de incumpri-mento.

CRISE ADIA DECISÃO DE COMPRA DE BENS DURADOUROS

Covid-19 deve inverter tendência positiva no imobiliário e construção civil

Temos sido confrontados com a expectativa (em nosso entender infundada) de que aumentos de capital por incorporação de reservas possam ser tidos em conta na determinação das mais-valias a suportar em sede de IRS, com a alienação de participações sociais.

Segundo as normas legais aplicáveis, as mais-valias (MV) em sede de IRS devem ser determinadas através da aplicação da seguinte fórmula:

• MV = VR (valor de realização) – CA (custo de aquisição) x CDM (coeficiente de desvalorização monetária).

Para efeitos desta fórmula, devemos entender:

1. valor de realização, como o valor da respetiva contraprestação (geralmente, o montante recebido pela venda);

2. custo de aquisição em operações onerosas (ou seja, quando tenha existido contrapartida), como o custo documentalmente provado ou, na sua falta, o respectivo valor nominal;

3. custo de aquisição em operações gratuitas (quando não tenha existido

contrapartida), como o valor que tenha servido (ou que servisse) de base à liquidação de imposto do selo.

De acordo com o CSC, os aumentos de capital por incorporação de reservas podem ser realizados com ou sem emissão de novas participações. Neste último caso o aumento de capital implica, necessariamente, o aumento do valor nominal das participações já existentes.

Conforme vimos, o conceito de custo de aquisição em operações onerosas faz referência, na falta de custo documentalmente provado, ao valor nominal das participações sociais, sendo certo que qualquer uma das modalidades de aumento de capital supra referidas acarreta, efectivamente, o aumento do referido valor detido por um determinado sócio [por adquirir mais participações ou por (re)valorizar as participações que detinha].

Por estes motivos, pode parecer legítimo concluir que os aumentos de capital por incorporação de reservas concorrem para o apuramento das mais-valias, na medida em que contribuem para o aumento do valor nominal.

Sucede, porém, que tais incrementos de valor nominal não resultam de realizações de novas entradas, em dinheiro ou em espécie, por parte dos sócios. Ao invés, estes incrementos ocorrem gratuitamente, i.e., sem contrapartida no património de quem detém as participações.

Ora, se as participações cuja alienação se pretende foram adquiridas a título oneroso, o valor nominal a ter em conta para apuramento do seu custo de aquisição deverá ser o que se verificava antes do aumento de capital por incorporação de reservas, por oposição ao que passou a verificar-se desde então. Este último valor, ao contrário do anterior, diz respeito a uma operação gratuita, motivo pelo qual, salvo melhor opinião, não deve ser utilizado para o cálculo das mais-valias das participações sociais adquiridas onerosamente.

Ao exposto acresce que, de acordo com as normas legais aplicáveis, as participações sociais adquiridas em aumento de capital social por incorporação de reservas consideram-se obtidas à data da aquisição das participações que lhes deram origem (importa recordar que só os sócios podem

participar neste tipo de aumentos de capital). Também por este motivo, o valor nominal anterior ao aumento de capital (valor nominal à data de aquisição originária) será o correcto para efeitos de apuramento do custo de aquisição.

Este entendimento foi já sufragado pela jurisprudência, segundo a qual “… no aumento de capital por incorporação de reservas o valor patrimonial da sociedade (e das participações sociais) mantém-se, não há o incremento patrimonial que se verifica nos aumentos de capital por entradas em dinheiro.” (Ac. TCA Norte, processo 01264/09.0BEVIS, de 28/09/2017). Posição idêntica parece partilhar a Ordem dos Contabilistas Certificados que, em parecer técnico, afirma que “O valor correspondente ao aumento de capital por incorporação de reservas não é considerado no valor de aquisição porque não existe um dispêndio efetivo por parte dos sócios.” (PT21132 - IRS - 01/09/2018).

Aumentos de capital por incorporação de reservas não alteram mais-valias em IRS

CARLOS ALEXANDRE ESTEVES DA SILVA Auditor da JM Ribeiro da Cunha & Associados, SROC, Lda.

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A JLL acaba de divulgar os resultados de março do Office Flashpoint, os primeiros com a atividade a decorrer já no período de restrições da Covid-19.

No mês em análise, o mercado de es-

critórios de Lisboa registou uma ocupa-ção de 9682 m2, numa clara desacele-ração, quer face ao mês anterior (-54%) quer ao homólogo (-65%). Neste mês foram contabilizadas apenas 13 opera-ções, com uma área média de 745 m2, um indicador que também recuou face ao que tem sido a realidade do mercado, com uma área média acima dos 1000 m2. Neste mês, o CBD (zona 2) foi a zona mais ativa, concentrando 64% da ocupação, e as empresas de “Serviços a Empresas” foram as mais dinâmicas, ge-rando metade da atividade.

No Porto, pelo contrário, o mercado apresentou em março um desempenho em expansão, alcançando um take-up até superior ao de Lisboa. Nesse mês, a atividade atingiu 11.140 m2, num cres-cimento bastante expressivo, quer face ao mês anterior quer face ao homólogo, não podendo esquecer-se, contudo, que as bases nesses dois períodos são bastan-te baixas. Contabilizaram-se 9 opera-ções neste mês, destacando-se a tomada de cerca de 5900 m2 pela Concentrix no POP e de 3000 m2 pela Vestas no

Centro Empresarial Lionesa. A área mé-dia por operação aumentou, assim, para 1239 m2. O CBD Boavista (zona 1) foi o eixo mais dinâmico, concentrando 59% da ocupação.

“O mês de março foi atípico, pois conjuga períodos pré e pós-Covid-19, e isso explica a diferença de compor-tamentos entre Lisboa e Porto” – afir-ma Mariana Rosa, Head of Office & Lo-gistics Agency & Transaction Manager da JLL.“Acreditamos que, após ter sido decretado o estado de emergência, os negócios tenham estagnado em ambos os mercados, mas as operações realizadas antes disso tiveram características dife-rentes, o que determinou desempenhos distintos. No Porto, houve menos ope-rações, mas de maior dimensão, o que levou a um crescimento do “take-up”. Em Lisboa, a maioria das operações concretizadas foi de menor dimensão, empurrando, assim, a ocupação para baixo. Só a partir de abril será possível aferir com maior rigor o efeito da pan-demia em ambos os mercados.”

Em termos trimestrais, apesar da que-da de março, Lisboa acumula uma ati-vidade de 44.671 m2, num crescimento de 7% face ao período homólogo. Con-tabiliza 34 operações com uma área mé-dia de 1314 m2 e tem no Corredor Oes-te (zona 6), Parque das Nações (Zona 5) e CBD (zona 2) os principais destinos da procura, com quotas em torno dos 25% cada. As empresas de “Serviços a Empresas” foram as mais dinâmicas no

acumulado do ano, concentrando 48% da atividade ocupacional, seguidas de longe pelas “TMT & Utilities” (peso de 18%) e de “Serviços Financeiros” (16%).

No Porto, o “take-up” trimestral foi de 19.149 m2, quase cinco vezes mais do que a atividade registada em igual perío-

do de 2019. A área média das operações atingiu 1197 m2, contabilizando-se 16 negócios no trimestre. O CBD Boavista (zona 1) atraiu a maior fatia de ocupação (35%), com a zona Outros Porto (zona 5) a apresentar uma quota de 22%, e as zonas Oriental (4) e Matosinhos (6) a constituírem-se também como impor-tantes destinos das empresas. Em ter-mos do perfil da procura, as empresas de “Outros Serviços”, com uma quota de 36%, e “Serviços a Empresas”, com um peso de 32%, foram as mais ativas, destacando-se ainda “as TMT & Utili-ties”, com um peso de 27%.

JLL DIVULGA PRIMEIROS RESULTADOS PÓS-COVID-19

Procura de escritórios reduz em Lisboa mas aumenta no Porto

A melhor forma de comerfruta no escritório

ATUALIDADE

SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020 9

Portugal com forte quebra na atividade em marçoPortugal registou uma forte redução da atividade, em março, segundo dados do INE, em resul-tado da pandemia. A confiança dos consumidores e das empresas sofreu uma descida conside-rável. “O indicador de confiança dos consumidores registou uma redução significativa face ao mês anterior, a maior desde setembro de 2012. Todos os indicadores de confiança das empresas diminuíram em março, particularmente no Comércio e nos Serviços”, conclui o instituto.

Leixões cresce 12,7% no primeiro trimestre O Porto de Leixões movimentou 5,3 milhões de toneladas de carga, no primeiro trimestre, o que correspondeu a um crescimento de 12,7%, face ao total de carga do primeiro trimestre do ano passado. Todos os segmentos de carga evidenciaram crescimento, destacando-se os granéis líquidos (+21,4%), os granéis sólidos (+9,1%) e a carga contentorizada (+7,1%). A carga contentorizada merece especial destaque por ter atingido novos máximos mensais de movimentação.

Quase metade da área disponível nos edifícios POP vai ser utilizada pela Concentrix.

Concentrix vai ocupar 5300 m2 no edifício POP

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A pandemia tem um forte impacto na atividade económica e penaliza a esma-gadora maioria dos setores. Ainda assim, mais de metade dos executivos empresa-riais, em termos globais, mantém as suas previsões de fechar uma operação de fusão ou aquisição nos próximos meses, de acor-do com um estudo da Ernst y Young. Isto porque se pode estar numa altura de reali-zar negócios com ativos de qualidade.

Mais de 54% dos inquiridos acreditam que a recuperação da atividade não vai acontecer antes do próximo ano, no âmbi-to de um estudo que abrangeu um total de 46 países. Acontece que, tal somo sucedeu na passada crise financeira, representa uma oportunidade para adquirir ativos consis-tentes, capazes de impulsionar o cresci-mento dos negócios num mercado em ple-na fase de recuperação. Cerca de 26% dos interessados querem levar a cabo operações para adquirir tecnologia, novas capacida-des de produção ou empresas inovadoras. Seguem-se aqueles que pretendem entrar em novos mercados. Depois surge quem queira investir na concentração, bem como quem considere que é necessária

uma adaptação às alterações regulatórias, tributárias ou de segurança da cadeia de fornecimento.

Para já, as empresas têm de se centrar nas suas operações e na gestão da respetiva tesouraria. No novo contexto, muitas em-presas estão a reestruturar os seus modelos operacionais, com a maioria a querer alte-

rar a cadeia de fornecimento, seguindo-se as mais interessadas em acelerar os investi-mentos em automação. Uma esmagadora maioria está a reavaliar a sua transformação digital e, depois, cerca de um terço está a trabalhar na área da gestão dos recursos hu-manos.

Quanto ao nível de impacto, a EY defen-de que nem todos os setores serão afetados da mesma forma. De acordo com a consul-tora, os comportamentos dos consumido-res, resultantes da pandemia, estão a pena-lizar sobretudo os setores automóvel e dos transportes, a indústria e o consumo. Em contrapartida, os meios de comunicação e lazer, a energia, a construção e o imobiliá-rio serão as áreas menos afetadas.

DE ACORDO COM ESTUDO DA EY

Pandemia não trava intenções de aquisição e fusão

Alemanha espera reduzir dívida em 2023O Governo alemão espera começar a reduzir as dívidas adicionais que está a contrair durante a pandemia em 2023. Considera que tal só será possível com um sistema fiscal transparente e justo, o que significa que caberá àqueles com maiores rendimentos contribuírem para a redu-ção das dívidas. Em contrapartida, haverá um esforço no sentido de descer a tributação sobre os rendimentos mais baixos. Para fazer face às consequências económicas da crise, adianta o Executivo germânico, é importante a forma como evoluem os rendimentos da população.

Investidores procuram eventuais sobreviventesA pandemia obriga os investidores a reverem a sua grelha de leitura, tendo de se concentrar, antes de mais, na pesquisa de empresas suscetíveis de sobreviver, de acordo com a Fidelity International. Com efeito, o atual contexto é brutal e obriga a uma seleção muito cuidada dos ativos. Está-se num mercado de “Stock pickers”, em que se tem de escolher os ativos um a um, setor por setor, tendo como primeiro critério saber quem vai superar esta crise. Muitas empresas estão expostas e correm sérios riscos de entrar em rutura e em falência.

Insolvências empresariais disparam na China

As insolvências empresariais vão aumen-tar cerca de 25%, este ano, com destaque para as PME privadas a operar nos setores com rendimentos mais baixos e acesso limi-tado a financiamentos, admite a Crédito y Caución. A taxa de crescimento económico vai deteriorar-se acentuadamente, podendo chegar à contração.

As empresas altamente endividadas em segmentos com excesso de capacidade – como mineiro, celulose, circuitos impres-sos, têxtil, construção naval, energia solar, aço e metalurgia – são especialmente vulne-ráveis. As empresas que dependem das ex-portações para os Estados Unidos também apresentam sérias dificuldades. A realidade é que a China viu a sua produção industrial paralisada no primeiro trimestre. A retoma será limitada pela persistente debilidade da procura, afetada internamente e pela dete-rioração na Europa e nos Estados Unidos. Entre os fatores de risco para o baixo cres-cimento do país estão uma possível falta de contenção do surto, a evolução da pandemia a nível internacional e o conflito comercial com os Estados Unidos. A administração chinesa enfrenta agora um difícil equilíbrio entre o apoio ao crescimento económico e um processo ordenado de desalavancagem financeira a médio prazo. De notar ainda que a dívida total do país tem quase o triplo da dimensão da economia.

Bruxelas com novas orientações na proteção de dados

A Comissão Europeia publicou as orienta-ções sobre o desenvolvimento de novas apli-cações de apoio à luta contra o coronavírus no que se refere à proteção de dados. O de-senvolvimento dessas aplicações e a sua acei-tação pelos cidadãos podem ter um impacto significativo na erradicação do vírus e desem-penhar um papel importante na estratégia de levantamento das medidas de contenção.

Bruxelas destaca que é essencial garantir que os cidadãos da UE possam confiar ple-namente nessas soluções digitais inovadoras e utilizá-las sem receio. Para explorar todo o potencial das aplicações de rastreio, é necessá-rio que o máximo possível de cidadãos as uti-lize. As regras da UE, nomeadamente o Re-gulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD) e a Diretiva Privacidade Eletrónica, proporcionam as salvaguardas mais rigorosas de fiabilidade (ou seja, abordagem voluntária, minimização dos dados, limitação do perío-do de conservação) para que essas aplicações funcionem de forma abrangente e exata. Es-tas orientações destinam-se a proporcionar o quadro necessário para limitar o caráter in-trusivo dessas aplicações e garantir que estas protegem suficientemente os dados pessoais dos cidadãos. O Comité Europeu para a Pro-teção de Dados foi consultado sobre o projeto de orientações. Respeitando essas normas, é possível garantir a plena eficácia e a confor-midade desses instrumentos.

ATUALIDADE/Internacional

10 SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020

A Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) alerta que o mercado de trabalho vai sofrer as consequências da pandemia durante os próximos meses. Os 12 bancos centrais admitem que o nível de emprego vai continuar a sofrer uma quebra acen-tuada nos tempos mais próximos.

Na sua análise, a Fed admite que a ativi-dade económica registou uma contração rápida e abrupta em todas as regiões dos Estados, em resultado da Covid-19. Até agora, as indústrias mais afetadas, devi-do às medidas de confinamento e fechos obrigatórios, têm sido as ligadas ao ócio, à hotelaria e ao comércio de retalho, sem contar com os bens essenciais. O docu-mento emitido pelo banco central revela sérias preocupações quanto ao que suce-derá nos próximos meses, tendo em conta que os Estados Unidos contam com as maiores taxas de infetados e de mortos, a nível global. A atividade económica está a ser fortemente fustigada pela pandemia.

Os produtores de alimentos e de ma-terial médico anunciaram que têm re-gistado um pico na procura, mas estão a ter problemas para fazer face às medidas de prevenção de contágio e devido às

interrupções nas cadeias de fornecimen-tos. Apesar de tudo, os bancos centrais

assumem que a procura de crédito tem sido elevada, tanto por parte das em-presas para acederem a linhas de crédito como por parte das famílias, neste caso para possibilitar o refinanciamento de hipotecas. Todos os estados apresentam previsões muito incertas, com a maioria a esperar um agravamento das condições nos próximos meses.

RESERVA FEDERAL PESSIMISTA QUANTO AO MERCADO DE TRABALHO

Desemprego vai agravar-se nos Estados Unidos nos próximos meses

São criadas oportunidades no sentido da aquisição de ativos de qualidade

Principais motivações para realizar fusões (em %)Adquirir tecnologia, novas capacidades e empresas inovadoras 26

Entrar em novos mercados 25

Favorecer concentrações 25

Responder a alterações regulatórias, impostos, cadeias de fornecimento 24

Fontes: EY/Expansión

Um dos grandes problemas tem a ver com as dificuldades nas cadeias de fornecimento

As medidas de confinamento estão a ter um forte impacto no crescimento da maior economia mundial.

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A suposta elite lisboeta, intelectual e bem-pensante, que adora tanto as utopias e o folclore da esquerda como o caviar e vinhos caros, de quando em quando, mas sempre que pode, não deixa de humilhar o resto do país, em especial os territórios que se situam acima do Mondego e que denominam, de forma vaga e displicente, como o “Norte”.Para muita gente que vive na suposta “capital do Império”, o “Norte” é uma área longínqua e selvagem, habitada por cavernícolas, que, pela sua rudeza e baixa instrução, também por serem normalmente frontais e laboriosos, pouco mais não servem do que trabalhar até à exaustão, serem mal pagos – claramente menos que em Lisboa – e contribuir com impostos. Impostos estes que, óbvia e justamente, deverão pagar o privilégio de habitar em Lisboa, suportando hordas de gente, com cargos políticos ou públicos, assim como nas empresas e serviços que neles gravitam e deles dependem. Sem pudor, desde que Lisboa é capital e por isso corte!Para um lisboeta deste círculo, ninguém é do Porto, de Monção, Chaves, Viseu,

Vila Real ou Amarante, tão-pouco de Matosinhos ou Aveiro, menos ainda de Bragança ou Freixo de Espada-à-Cinta; qualquer um que daí venha é do nebuloso e indistinto Norte, feio e inculto, que só é suportado porque realiza os trabalhos de serventia, a que o senhor, pela sua condição, jamais se rebaixaria.Tudo isto a propósito da infeliz reportagem da TVI que encontrou a razão de o surto do coronavírus ter mais incidência no Norte do que no resto do país no simples facto de nessas regiões a população ser mais idosa, mais pobre e menos instruída. As desculpas que se seguiram foram ainda mais patéticas, pois justifi caram o critério editorial na falta de pessoal na redação! Aliás, não foi só a TVI a invocar tal razão, pois a reportagem do jornal “Expresso” da semana passada, citando algumas luminárias de ocasião, que de repente se tornaram especialistas em epidemiologia, lá voltou a invocar a razão da pobreza e baixa instrução das gentes do Norte como causa de maior disseminação da pandemia na região em comparação com o resto do país. Se o primeiro era um lapso, este é uma reincidência intencional.Por muito que a hora grave que vivemos e o apelo à identidade nacional, una e antiga, do país nos comova e mobilize, começa a ser difícil continuar a aguentar tanta ofensa, mesmo que dissimulada. Os movimentos nacionalistas e separatistas

germinam com pequenas coisas, que vão crescendo, como uma bola de neve, em que deixa de existir racionalidade ou pulso para o seu controlo. A gente do Norte, aquela que representa a maioria da população do país e aquela que mais contribuiu para a sua magra riqueza, exige respeito, o qual deveria começar por tratar quem é do Porto, de Matosinhos, Braga, Valença, Miranda do Douro, Guarda ou Mangualde, Paços de Ferreira ou Boticas, pelo local de onde provém, sob pena de quem é do Norte começar a invocar, por muitas e sobejas razões, que é mais português do que os demais, pois Portugal é mais autêntico no sítio onde ele nasceu.Estamos no dealbar da pior crise económica que o país alguma vez conheceu, o que vai representar muita perda e sofrimento, especialmente para extensas faixas de população que são mais frágeis e dependentes. O Estado não vai poder atender a tudo e a todos, sob pena de colapsar e não atender a ninguém. Desiludam-se os que se convencem que não haverá austeridade, como se esta fosse uma opção ideológica ou simples atitude

sádica e castigadora de governantes sem coração: o Ministro da Economia já o avisou, de forma lúcida e sem equívocos – a despesa de hoje serão os impostos de amanhã e impostos signifi cam menos rendimento distribuído. E o amanhã vai chegar mais breve do que supomos.Há, contudo, uma coisa que tenho a certeza. Neste futuro sombrio que nos espera, a luz que vai continuar a brilhar e que nos permitirá acalentar a esperança em dias melhores será, uma vez mais, como tantas vezes antes na nossa História, a resiliência do tecido empresarial industrial e exportador, que se situa no Norte do país, feito de pequenas e médias empresas, possuídas e geridas familiarmente, para as quais resistir não é apenas um ato económico, mas um gesto de solidariedade para com os que deles dependem e que com eles contam. É este o reduto da salvação nacional, quando tudo o resto parece colapsar, como já o foi recentemente durante os anos do resgate fi nanceiro da “troika” de credores internacionais, respondendo às difi culdades com mais trabalho, mais dedicação, mais criatividade e mais autoconfi ança. Pena que os que se apressaram a invocar a pobreza e baixa instrução do Norte não tivessem sufi ciente memória para reconhecer esta evidência.Será o Norte, maltratado e ofendido, que, ignorando o desprezo a que é votado, mesmo sem esperar reconhecimento, voltará a resgatar Portugal.

Será o Norte que nos vai salvar... outra vez

PAULO VAZJurista e Gestor

J.Soifer é sueco. Engenheiro, trabalhou para, entre outros, KFC nos EUA, Conselho Económico e Social do Brasil, Banco Interamericano. É especialista em PME. Entre os seus manuais:COMO SAIR DA CRISE, EMPREENDER TURISMO, ONTEM E HOJE NA ECONOMIA e PORTUGAL PÓS-TROIKA.

Questões: [email protected] terá resposta individualizada ou nesta coluna

LINHA DIRETA – PME

Neste caos mundial é preciso muita fi rmeza! Macau é um ótimo exemplo: pouco falou, muito agiu! Medidas muito impopulares, ditatoriais, prisão para quem desobedece à Emergência. Resultou!Aqui a pressão das PPP de autoestrada e pontes, deixou milhares ir ao Algarve já na 4.ª-feira de Páscoa; estavam a nada fazer. Veremos o vírus entre idosos e grupos de risco disparar na próxima semana, pois entre esses turistas há contaminados sem o saber.No Governo Passos Coelho, sob as ordens do maior fundo de investimentos do mundo, as SCUT, construídas com dinheiro público, e muitas outras PPP tiveram contratos

ajustados para garantir aos fundos que as comandam elevados lucros, mesmo que o trânsito caia. Nunca antes ouvi falar de contrato em que o privado tem lucro certo com risco zero.As PPP, assim como hospitais privados, seguradoras que fi zeram contratos de risco com as grandes redes de centros comerciais, operadoras de telecom, terão os seus lucros intactos, apesar da brutal queda de faturação. E será o contribuinte, aquele que hoje perde 30 a 35% do seu rendimento, quem pagará por este lucro. Pois os empréstimos que o Governo hoje toma para compensar a perda de lucros das PPP serão repagos um dia. É claro, com os impostos dos contribuintes, já que os fundos de investimentos donos das PPP estão em paraísos fi scais.Como sempre, apenas três grupos perdem muito nas grandes crises, como as de 2009 e de 1930: cidadãos da classe média, profi ssionais independentes e as PME.As PPP foram inventadas pelos monetaristas de Chicago, também chamados de neoliberais. Para eles, o que vale é só moeda, e não a economia, produtos e serviços que o euro deveria representar. Algumas empresas públicas rendiam pouco, pois eram dirigidas por “amigos da corte”. Em vez de medidas para selecionar diretores independentes e competentes, como os canadianos, nórdicos e checos, optaram pela “livre concorrência” que não existe,

pois as PPP estão sempre em cartel. Desde a crise de 2008 centenas de estudos provaram que esta teoria está errada. A acumulação de poder nos fundos de investimento e a dependência dos políticos de apoios fi nanceiros para as suas campanhas eleitorais tornaram-nos muito mais infl uentes do que as associações civis ou a independência de deputados.O estado de emergência em que se encontra a maioria dos membros da UE comprova que são urgentesmedidas impopulares, limitando os direitos dos cidadãos. Não seria bom também limitar o abuso dessas PPP? Já que estamos obrigados a repensar a forma de trabalhar, em casa, de nos mover,

nos relacionar com outros, não seria hora para rever os contratos impostos por uma teoria que só veio benefi ciar os mais ricos? No regime neoliberal a desigualdade aumenta de forma brutal.Como aqui escrevo há um ano ou mais, tudo indica que em 2020 teremos o início de uma década desastrosa. Tudo comprova que o extremismo que a juventude na UE advoga provavelmente trará populismo, como o que ocorreu nos EUA e no Brasil. Nesta coluna da semana passada relatei estudos científicos que comprovam que os jovens eleitores já não acreditam no sistema chamado democracia representativa. Corremos enorme risco de em 2025 ser liderados por políticos como novos Franco-Mussolini-Hitler.Precisamos urgentemente de governos muito fortes. Eu tive a honra de trabalhar para governos muito fortes no Brasil e nas Filipinas, na década de 70, e Moçambique, no início dos anos 80. E no Brasil, no início de 2000. Alertei para a implosão da bolsa de Lisboa já em 11/11/04 e em abril de 2005 para uma grande crise em Portugal. Há um ano venho alertando para a crise de 2020.Os ciclos económicos repetem-se. A história repete-se. Podemos aprender com eles e reduzir os seus efeitos ou deixar o nosso povo ser mais uma vez massacrado pelas forças do mal.YES, WE CAN! MELHORAR AS PPP!

“As PPP tiveram contratos ajustados para garantir aos fundos que as comandam elevados lucros, mesmo que o trânsito caia. Nunca antes ouvi falar de contratos em que o privado tem lucro certo com risco zero”

MELHORES PRÁTICAS 7:

Melhorar as PPPJack Soifer* [email protected]

Créditos: OJE-Victor Machado

A gente do Norte, aquela que representa a maioria da população do país e aquela que mais contribuiu para a sua magra riqueza, exige respeito

ATUALIDADE/Opinião

SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020 11

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Uma outra e terrível pandemiaVivemos por estes dias uma pandemia que poderá alterar em muitos aspetos o futuro. Um acontecimento que, como raramente, nos torna conscientes de estarmos a trilhar a História. No dia a dia não nos apercebemos disso. Porque o mundo dos Homens é feito, regra geral, de grandes ciclos económicos, grandes tendências políticas e de mentalidades. Extensos períodos que, à escala de um simples mortal, nos parecem quase imutáveis. E por isso não temos, regra geral, essa consciência do discorrer do tempo histórico. A não ser quando acontecem momentos verdadeiramente marcantes, disruptivos, que rompem com o “normal” desenvolvimento dos acontecimentos. É muito provável estarmos, por estes dias, a viver um desses momentos de rutura… Não sabemos ainda quais as mais profundas consequências desta pandemia, e, por outro lado, o distanciamento que a História (ciência) impõe ao objeto e tempo de estudo só mais tarde nos permitirá aquilatar de modo mais claro quais terão sido os seus efeitos. Mas temos já a consciência que

em muitas áreas “as coisas não voltarão a ser como dantes”… E, no entanto, as pestes sempre fizeram parte da História. Para não recuar a períodos mais longínquos, basta recordar aquela que terá sido uma das mais mortíferas pestes que se abateu sobre a Europa: a Peste Negra do século XIV. Mas também diversos outros surtos pestíferos que se fizeram sentir de um modo especialmente letal nos séculos seguintes, nomeadamente no XVI. O século XIX registará avanços notáveis na medicina e nas políticas públicas sanitárias. Mas não evitaram novas e mortíferas epidemias e pandemias, com destaque para a cólera e tifo. E mesmo no final desse século, no Verão de 1899, o Porto conheceu um surto de epidemia bubónica… de novo a Peste Negra! Ainda a memória da peste bubónica de 1899 estava bem viva quando, poucos anos depois, em 1918, rapidamente se disseminou uma terrível pandemia. A mais mortífera, em números absolutos, da História da Humanidade: a “pneumónica”, designada de um modo popular por “gripe espanhola”. O vírus “influenza” afectou 500 milhões de pessoas e causou entre 17

e 50 milhões de mortos. Perante a dificuldade de recensear um número concreto, há investigadores que arriscam a impressionante cifra de 100 milhões de vítimas mortais, o que equivaleria a 5 por cento de toda a população mundial. A sua introdução em Portugal causou perto de 100 mil mortos, numa época em que o país contava com apenas cinco milhões e meio de habitantes. Sim, ao longo da História enfrentámos já outras pestes terríveis. Para as quais pouco mais havia a fazer do que confiar na sorte, nos santos ou nas mezinhas das “mulheres de virtudes” e nos seus pactos com o demo. Hoje, contudo, e desde há algumas décadas, beneficiamos daquele que é o melhor momento na História da Humanidade, graças aos fabulosos progressos assegurados pelo desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da comunicação. E por isso, e apesar destes dias preocupantes, vivemos também dias de esperança, assentes nas nossas atuais capacidades de compreendermos o modo de propagação, mas também de combate ao vírus. São, igualmente, dias em

que nos consciencializarmos de quão importantes são os investimentos (nem sempre devidamente compreendidos) no desenvolvimento do conhecimento e da investigação científica. Dias em que se pede a todos, ainda mais, aquilo que nos diferencia da generalidade das outras espécies do planeta: a nossa inegável capacidade de interajuda e solidariedade. E é nesse profundo espírito de humanidade que teremos, também, que enfrentar um terrível vírus que habitualmente anda associado a estes momentos de peste. Um vírus bem mais mortífero que a Covid-19. Um vírus, infelizmente, de origem bem humana: o da intolerância e da xenofobia. Porque sempre houve nestes cenários de epidemia quem quisesse encontrar e condenar “culpados”. E as acusações e as “teorias da conspiração” já vão circulando por aí, apontando o dedo aos chineses. Como há cem anos se acusavam os espanhóis pela “gripe espanhola”. Se estivéssemos no século XIV ou no XVI, não faltaria até quem, como então se fez com judeus e “cristãos, novos”, os quisesse lançar à fogueira. Mas esse é um vírus que, estou seguro, saberemos também erradicar.

O Decreto-Lei n.º10-I/2020, de 26 de março, implementou as medidas excecionais e temporárias de resposta à pandemia da doença COVID-19 no âmbito cultural e artístico, pretendendo o legislador acautelar a posição dos agentes culturais envolvidos na realização dos espetáculos não realizados em virtude da presente situação. O referido diploma legal estabelece, como regra, que os espetáculos agendados que não se possam realizar, em virtude das medidas de contenção e propagação do coronavírus, devem ser reagendados, sendo a decisão de cancelamento de caráter excecional.Assim, e no que importa ao regime aplicável às entidades públicas promotoras de eventos, determinou o legislador que as mesmas podem, em caso de reagendamento, contratar bens, serviços ou trabalhos complementares e, ainda, aplicar o regime da revisão de preços, tudo isto com base nas disposições legais do Código dos Contratos Públicos. Por sua vez, o n.º 3 do artigo 11.º do referido diploma legal estabelece, de forma inequívoca, que, em caso de cancelamento do espetáculo, as entidades públicas apenas ficam obrigadas a proceder ao pagamento dos serviços efetivamente prestados e comprovados, na respetiva proporção. Será assim de refutar a interpretação desta norma no sentido de as entidades públicas serem obrigadas a proceder ao pagamento integral do preço contratual em caso de cancelamento do espetáculo. Ora, a Lei n.º 7/2020, de 10 de abril, alterou o artigo 11.º do Decreto-Lei 10-I/2020, de 26 de março, aditando, no n.º 5, que “as entidades referidas no n.º 1 devem garantir, nos casos de cancelamento e reagendamentos, a realização dos pagamentos nos prazos contratualmente estipulados ou, o mais tardar, na data em que se encontrava inicialmente agendado o espetáculo, no montante mínimo de 50 % do preço contratual, sem prejuízo de eventual alteração do contrato com vista à nova calendarização do espetáculo e pagamentos subsequentes”.Atendendo à infeliz redação conferida ao nº 5 do artigo 11.º, parece-nos fundamental salientar, em primeiro lugar, que a mesma surge somente com o objetivo de regular os prazos em que as entidades públicas devem realizar os pagamentos anteriormente assumidos com os agentes culturais.Na verdade, uma leitura mais desatenta e desintegrada do n.º 5 do artigo 11.º poderia conduzir à interpretação –

diga-se, errada – de que os valores estipulados num contrato deveriam ser integralmente pagos, o que desde logo chocaria frontalmente com o conceito de “proporção” que o legislador fez expressamente questão de referir no n.º 3 do artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 10-I/2020, de 26 de março. Em segundo lugar, refira-se que o n.º 5 deverá ser interpretado e aplicado conjuntamente com o n.º 2 ou n.º 3 do artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 10-I/2020, de 26 de março, caso estejamos perante, respetivamente, uma situação de reagendamento ou cancelamento. Assim, em caso de reagendamento de espetáculo, as entidades referidas no n.º 1 do artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 10-I/2020, de 26 de Março, devem cumprir financeiramente o contrato tal como estava inicialmente estipulado, não obstante o reagendamento da data do espetáculo ou, em alternativa, proceder ao pagamento do montante mínimo de 50% do preço contratual até à data em que se encontrava inicialmente prevista a celebração do espetáculo, sendo o pagamento dos restantes valores realizados tendo em conta a eventual alteração do contrato, com vista à nova calendarização do espetáculo.Já no caso de cancelamento do espetáculo, as entidades referidas no n.º 1 do artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 10-I/2020, de 26 de março, deverão proceder ao pagamento dos compromissos anteriormente assumidos e efetivamente prestados, na respetiva proporção, nas datas inicialmente estipuladas. Na hipótese de as datas inicialmente contratualizadas já terem sido ultrapassadas aquando da decisão de cancelamento, deverá a entidade pública promotora proceder ao pagamento dos compromissos anteriormente assumidos e efetivamente prestados, na respetiva proporção, aquando da formalização respetiva da extinção do contrato. Por fim, cumpre referir que a hipótese alternativa contida na segunda parte do n.º 5 do artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 10-I/2020, de 26 de março, não possui qualquer tipo de aplicabilidade em caso de cancelamento de espetáculo. Ainda que se reconheça vontade do legislador em acautelar a situação dos agentes culturais envolvidos na realização dos espetáculos não realizados em virtude da pandemia, de forma a garantir a sua sobrevivência, as normas do Decreto-Lei n.º 10-I/2020, de 26 março, alterado pela Lei n.º 7/2020, de 10 de abril, devem ser interpretadas segundo critérios de razoabilidade e ponderação que, mesmo em tempos excecionais, se devem sempre observar.

CATARINA SILVA MARTINSAdvogada Sociedade de Advogados Cerejeira Namora, Marinho Falcão

JOEL CLETOProfessor do ISAG-European Business School ArqueólogoAutor e apresentador do programa “Caminhos da História” do Porto Canal COVID-19 e os espetáculos:

“the show must go on?”

Comissão aprova regime de apoio de 140 milhõesA Comissão Europeia aprovou um regime de auxílio de 140 milhões de euros a Portugal para apoiar o investimento em investigação e desenvolvimento (I&D), realização de testes e produção de produtos relevantes para fazer face ao surto de coronavírus, incluindo vacinas, ventiladores e equipamento de proteção individual. O regime foi aprovado ao abrigo do Qua-dro Temporário relativo aos auxílios estatais adotado pela Comissão em 19 de março de 2020.

Dispositivos e equipamentos médicos com lucros controladosFoi publicado um despacho que impõe um limite máximo de 15% na percentagem de lucro na comercialização de dispositivos médicos e de equipamentos de proteção, bem como do ál-cool etílico e do gel desinfetante cutâneo de base alcoólica. O Governo decretou as medidas de exceção necessárias à contenção e limitação de mercado, incluindo a possibilidade de limitação máxima de margens de lucro na comercialização de certos produtos.

ATUALIDADE/Opinião

12 SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020

O século XIX registará avanços notáveis na medicina e nas políticas públicas sanitárias. Mas não evitaram novas e mortíferas epidemias e pandemias

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O canal temático dedicado aos desportos de ação lança uma campanha que visa apoiar as marcas do setor através da cedência de espaço publicitário. O Projeto nasceu em 2003 está hoje em mais de 100 países e é gerido a partir de Portugal.

Criado nos Estados Unidos da América em 2003, o FUEL TV é o único canal completamente dedicado aos desportos de ação

e toda a cultura que os rodeia. Com foco no Surf, Skate, Snow, BTT, Arte, Música, Moda e Arte, está atualmente disponível em mais de 100 países em todo o mundo e nas mais variadas pla-taformas de cabo, iptv, satélite e OTT. A gestão do canal é inteira-mente portuguesa.

Reconhecendo o impacto em grande escala que a pandemia COVID-19 tem tido no mundo, e mais especificamente na indus-tria dos desportos de ação, este canal lançou o projeto #Unite-dActionSports. O objetivo é apoiar as marcas do mercado dos desportos de ação, através da ce-dência de espaço publicitário no canal, permitindo assim que estas

se mantenham visiveis e relevan-tes durante este período de crise.

“Lançar esta campanha neste momento tão crítico para todos nós, que amamos os desportos de ação em todo do mundo, é uma obrigação que nos deixa particu-larmente realizados”, explica o CEO do FUEL TV, Fernando Fi-gueiredo, acrescentando que exis-te “o objetivo de ajudar as marcas a comunicar com os seus clientes e mostrar-lhes que estão aqui para ficar. Também gostaríamos que este fosse um projeto ‘open--source’ com a esperança de que outros meios de comunicação no mundo dos desportos de acção e não só se juntem a nós”.

A partir de agora, o FUEL TV

irá doar uma percentagem de seu espaço publicitário para ser uti-lizado por marcas que queiram partilhar as suas mensagens, os seus produtos e qualquer outra

partilha de informação com o público numa escala global.

A imagem desta iniciativa foicriada pela agência Jones BrandWorks, de San Diego, EUA.

FUEL TV reage à crise

NEGÓCIOS E EMPRESAS

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Governo compra publicidade antecipadamenteO Governo decidiu comprar antecipadamente espaço de publicidade em órgãos de comu-nicação social, no valor de 15 milhões de euros, para divulgar não só informação oriunda da Direção-Geral da Saúde (DGS) relacionada com a pandemia Covid-19 como, também, relacionada com outros assuntos de carácter social, como a violência doméstica e a literacia mediática. O pacote de publicidade institucional é organizado de forma transversal, de acor-do com o Executivo.

Desemprego dispara em marçoO desemprego registado nos centros de empregos nacionais aumentou 8,9% em mar-ço, para 343 761 inscritos, em consequência da pandemia da Covid-19, de acordo com o Instituto do Emprego e Formação Profissional. Refere em comunicado: “Para o aumento do desemprego registado, face ao mês homólogo de 2019, contribuíram todos os grupos do ficheiro de desempregados, com destaque para os homens, os adultos com idades iguais ou superiores a 25 anos, os inscritos há menos de um ano, os que procuravam novo emprego.”

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Casos da Vida Judiciária

A suspensão das ações de despejo durante o estado de emergência

A Lei n.º 1-A/2020 de 19 de março, recen-temente alterada pela Lei 4-A/2020 de 6 de Abril, procedeu à aprovação de medidas ex-cecionais e temporárias de resposta à situação epidemiológica provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, agente causador da doença COVID-19.Entre as várias medidas transitórias aprova-das, designadamente as medidas destinadas à suspensão de prazos e diligências jurídicas, este diploma legal contemplou no n.º 11 do artigo 7.º, em especial, a suspensão das ações de despejo, dos procedimentos especiais de despejo e dos procedimentos para entrega de coisa imóvel arrendada, quando o arren-datário, por força da decisão judicial final a proferir, possa ser colocado em situação de fragilidade por falta de habitação própria ou por outra razão social imperiosa.Com efeito, a redação desta norma não terá sido a mais feliz, pois a esta solução já se che-garia à luz do n.º 1 do mesmo artigo. É que as ações de despejo e os processos para entrega

de coisa imóvel arrendada sempre estariam suspensos por força do n.º 1 do mesmo artigo que suspende, em geral (com exceção dos pro-cessos urgentes), todos os prazos para a prática de atos processuais e procedimentais que de-vam ser praticados no âmbito dos processos e procedimentos que corram nos tribunais judi-ciais. Será de ressalvar, no entanto, o caso do procedimento especial de despejo do BNA, na medida em que o artigo 15.º, n.º 5 do NRAU (Lei 6/2006 de 27 de fevereiro) tem uma redação que, se não lhe confere natureza urgente, o submete, pelo menos a um regime similar de não suspensão de prazos. Apesar da redação da norma não ser clara, en-tendemos que a melhor interpretação – con-siderando a redação dos números anteriores em que as ações judiciais, em geral, durante a vigência do Estado de Emergência, já estão suspensas à exceção das ações urgentes – é a de que estão suspensos todos os prazos e di-ligências das ações de despejo, incluindo os processos para entrega de coisa imóvel arren-dada, sendo que, no caso específico das ações de despejo, relacionadas com os contratos de

arrendamento para fins habitacionais, enten-de-se que estão também suspensos os próprios atos materiais de execução das sentenças, sem-pre que por força da decisão judicial transita-da em julgado, dela resulte a entrega imediata do imóvel que constitua primeira habitação. E que, por força do estado pandémico, colo-cariam o arrendatário numa situação de fragi-lidade na procura de nova habitação.Relativamente aos processos especiais de des-pejo do Balcão Nacional do Arrendamento (BNA) – considerando que para muitos são entendidos como processos de caracter urgen-te - há que distinguir o arrendamento para fins habitacionais do não habitacional. Relati-vamente aos despejos resultantes do arrenda-mento para fins não habitacionais, estes não se suspendem, já quanto aos arrendamentos habitacionais, as ações podem ser suspensas mas sob a condição da decisão final a proferir colocar o arrendatário em situação de fragili-dade por falta de habitação própria ou outra razão social imperiosa. Tais efeitos paralisan-

tes não se produzem automaticamente, mas, antes, dependem da verificação em concreto da situação de fragilidade (por falta de habi-tação própria ou outra razão social imperiosa) em que a decisão venha a colocar o arrenda-tário. Logicamente, que se excluem as ações cujo imóvel não constitua habitação perma-nente do arrendatário. Este regime excecional de proteção aos arren-datários, que parece estar pensado em especial para os procedimentos especiais de despejo do BNA - que pela sua natureza há quem defenda que assumem caracter urgente - tem um regi-me que se assemelha ao instituto da suspen-são da desocupação do locado (artigo 15.º-M do NRAU) e do diferimento da desocupação de imóvel arrendado para habitação (artigo 15.º -N do NRAU). Em ambos os institutos, é conferida uma espécie de “moratória” para a desocupação do locado em razão da idade, estado de saúde ou situação económica social do arrendatário. E à semelhança do que pug-namos para o regime transitório de proteção dos arrendatários em virtude da pandemia do COVID-19, a aplicação deste instituto não é

automática e carece sempre de um despacho judicial a aferir a verificação das condições. Entende-se que o propósito do legislador tenha o sentido de evitar que os arrendatários se vejam despejados de casa, dado que ficariam sujeitos a procurar uma nova habitação no meio desta pandemia com riscos inerentes para a sua saúde e de terceiros, numa altura em que se impõe o confinamento das pessoas nas suas habitações.Esta preocupação do legislador em preservar as pessoas em casa, e de não criar outras con-dições de instabilidade na vida das famílias, para além das que se vivem neste momento de pandemia, é ainda extensível às execuções hi-potecárias que também estão suspensas, quan-do os imóveis constituam habitação própria e permanente do executado. No passado dia 7 de Abril entrou em vigor a Lei n.º 4–A/2020 que veio introduzir altera-ções e clarificar a aludida Lei n.º 1-A/2020 de 19 de março, mais precisamente no artigo 7.º, quanto às regras transitórias que se en-contravam em vigor para prazos e diligências processuais. Impunha-se ao legislador que, nesta matéria, também alterasse a formulação da norma no sentido de a aclarar, à semelhan-ça do que fez para os números anteriores. Ao invés, veio ainda introduzir um novo conceito indeterminado – a situação de fragilidade do arrendatário por outra razão social imperiosa. Para além das razões de isolamento social im-postas pelas medidas excecionais de resposta à situação epidemiológica, consideramos, que o legislador, ao prever na sua nova redação outra razão social imperiosa para a suspensão dos despejos, teve ainda em mente outras preocu-pações. Referimos por exemplo às razões de saúde, seja de ordem geral ou motivadas por uma doença aguda ou ainda nos casos em que se impõe um isolamento profilático. Por outro lado, numa altura em que se come-çam a sentir os efeitos do isolamento social na economia das empresas e das famílias, enten-demos que, seja também de considerar, como razão social imperiosa para a suspensão dos despejos, a situação de desemprego, de layoff ou de carência económica.Por fim, e apesar de confusa a redação do le-gislador sobre a suspensão das ações de despe-jo, esta legislação teve o intuito de ser o mais abrangente possível, justificado pela situação transitória e excecional que vivemos. À me-dida que o Estado de Emergência do Pais vai sendo sucessivamente prorrogado, temos vindo a assistir a um crescente aumento das preocupações do legislador no sentido de mi-nimizar os impactos do Covid-19 nas famí-lias, sendo que a habitação é o último reduto da dignidade das famílias. Qualquer interpre-tação, que se faça deste quadro normativo, de-verá ter sempre em apreço estas preocupações do legislador, num período tão excecional e incerto como aquele que vivemos.

Mudar de vidaUm dos macro problemas que vamos enfrentar no pós pandemia Covid 19 é o de saber como vamos relançar a nossa economia. Sabemos bem que os desafios que nos esperam são de dimensão nunca antes enfrentada mas, principalmente, nunca antes tipificados.Ou seja, o que está ali ao virar da esquina é algo que não sabemos o que é. Como sempre, a agricultura tem estado na primeira linha do combate a esta crise.A produção dos bens de primeira necessidade que todos os dias temos consumido não parou. A agroindústria não parou. A agricultura não parou.O que parou foram as exportações agroalimentares e ficamos cada vez mais dependentes da produção nacional. Isto significa que um novo mundo para a agricultura vai sair desta crise. Precisamos estar bem preparados.Para conseguirmos dar a volta a esta situação económica, cujos efeitos devastadores só iremos começar a sentir no 3º trimestre deste ano, é necessário que as nossas empresas comecem a gerar valor acrescentado.Este é um objetivo macro para a nossa vida futura. Que só pode ser alcançado se formos capazes de manter o PIB per capita nos próximos dois anos, aumentá-lo em 30% nos três anos seguintes, e obter um incremento de 30% do valor acrescentado bruto nos próximos 5 anos.Tal só será atingido se as empresas e outras organizações tiverem melhor gestão, maior rigor e disciplina na abordagem aos pormenores, compromisso no cumprimento de objetivos e prazos, quer ao nível coletivo, quer ao nível individual, (e.g. o cumprimento dos prazos legais para tramitação dos processos burocráticos, pagamentos nas datas contratualizadas) etc. Além disso, é necessária uma aposta sólida e decisiva na qualificação e incremento das competências da mão de obra e dos empregadores, tirando partido das tecnologias para fazer negócios geradores de riqueza, competitivos no mercado internacional. Se o mundo conforme o conhecemos pode ter acabado, esta crise pode ser um fator de energia nova, que nos obrigue - empresas, famílias, poder político - a mudar de vida. Agora ou nunca!

“Entende-se que o propósito do legislador tenha o sentido de evitar que os arrendatários se vejam despejados de casa, dado que ficariam sujeitos a procurar uma nova habitação no meio desta pandemia com riscos inerentes para a sua saúde e de terceiros, numa altura em que se impõe o confinamento das pessoas nas suas habitações.”

ANA MARGARIDA COSTAAdvogada

JOSÉ MARTINO Blogger e Consultor em Territórios de Baixa Densidade

Lançadas candidaturas para programas de inovaçãoForam lançados novos avisos de candidatura, no âmbito das novas medidas anunciadas pelo Governo, para assegurar o apoio rápido, a fundo perdido, a empresas e entidades para a pro-moção da produção nacional de equipamentos e dispositivos médicos, testes e equipamentos de proteção individual associados ao combate à Covid-19. Os programas Inovação Produti-va Covid-19 e I&D Empresas – Covid-19 estão dotados de um valor de quase 70 milhões de euros e a data limite para apresentação de candidaturas é 30 de maio.

Bruxelas desenvolve plataforma de dados Covid-19A Comissão Europeia, em conjunto com vários parceiros, lançou uma plataforma de dados europeia COVID-19 para permitir a rápida recolha e partilha dos dados de investigação dis-poníveis. “A nova plataforma proporcionará um ambiente europeu e mundial aberto, fiável e modulável, em que os investigadores poderão armazenar e partilhar conjuntos de dados, no-meadamente sequências de ADN, estruturas de proteínas, dados da investigação pré-clínica e de ensaios clínicos e dados epidemiológicos”, refere o Executivo comunitário.

NEGÓCIOS E EMPRESAS

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NEGÓCIOS E EMPRESAS

Lucros da Philips caem 80%A holandesa Philips registou uma quebra de quase 80% nos seus lucros, no primeiro trimes-tre, para 39 milhões de euros, em resultado da pandemia, de acordo com a empresa. Houve apreocupação de cobrir as necessidades críticas dos clientes. Por outro lado, o grupo quer ga-rantir a continuidade do negócio. As vendas até subiram ligeiramente, para 4159 milhões deeuros, mas o EBITDA sofreu uma quebra, de 314 para 127 milhões de euros.

José de Mello Saúde aumenta lucro em 89%A José de Mello Saúde obteve, no ano passado, um resultado líquido de 29 milhões de euros, mais 89% do que no exercício anterior. Verifi cou-se um crescimento da atividade em todas as áreas assistenciais. Os proveitos operacionais atingiram os 701,5 milhões de euros, num acréscimo 2,7%, sendo que o EBITDA aumentou mais de 37%, para quase 98 milhões de euros, refere a empresa em comunicado. O rácio da dívida fi nanceira sofreu uma descida.

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A Forall Phones, empresa de equipamentos recondiciona-dos, tem sido uma das startups portuguesas a destacar-se face ao contexto adverso do surto de COVID-19. Desde o início da pandemia, a empresa portugue-sa tem registado uma procura significativa de equipamentos não só em Portugal, mas em di-versos outros países europeus, nomeadamente para empresas e hospitais. A Forall Phones triplicou as vendas online, em termos homólogos.

Para dar resposta à procura, a Forall Phones tomou a decisão de não recorrer ao “lay-off ” de parte significativa dos seus co-laboradores, mobilizando fun-cionários das lojas físicas para a sede da empresa em Lisboa, onde criou uma “live store on-line”. “A Forall deu assim vida à Live Store que esbateu a barreira entre a compra em Loja e Onli-ne, apostando num tratamento personalizado de cada um dos clientes que os contactam”, de

acordo com José Costa Rodri-gues, fundador da empresa. To-dos os clientes são contactados por videochamada, onde é feita a demonstração, comparação de produtos e esclarecimento de todas as dúvidas.

Vendas online triplicam

Os benefícios desta abor-dagem são confirmados por números de crescimento de vendas online, que triplicaram face ao período homólogo, in-vertendo o comportamento de compra registado até aqui (85% em loja vs 15% online), traduzindo-se numa diferença de 150kJ on-line para cerca de 450kJ online. Consideran-do o mês de abril de 2020 por inteiro, prevê-se um aumento de 200% face ao período ho-mólogo. José Costa Rodrigues, conclui que “a ideia de que o distanciamento social represen-

DEVIDO À PROCURA DE EMPRESAS E HOSPITAIS

Forall Phones triplica vendas online

PUB

ta aproximação digital implica uma maior humanização do ne-gócio”. E acrescenta ainda: “É necessário que exista também capacidade financeira para ad-quirir estes equipamentos. A

missão da Forall é democratizar o acesso à melhor tecnologia, a preços acessíveis. Em tempos de crise, sentimos a nossa respon-sabilidade social de conectar fa-mílias e profissionais.”

A Forall Phones tomou a decisão de não recorrer ao “lay-off” de parte signifi cativa dos seus colaboradores

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NEGÓCIOS E EMPRESAS/Empresas Familiares

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Responsabilidade médica

LEGAL & ILEGAL

A prestação de serviços médicos em clínica privada. A responsabilidade ci-vil e a responsabilidade médica. O con-sentimento informado.

A prestação de serviços médicos em clínica privada tem sido dividida em 3 diferentes tipos: contrato tota, em que o paciente contrata com uma clínica ou hospital de “uma só vez” os serviços do médico, contrata o internamento, a locação e compra e venda de medicamentos e a empreitada para a confeção de alimentos, o contrato total com escolha de médico, que não será mais do que um contrato total que exclui parte dos serviços médicos (necessariamente contratados à parte). E o contrato dividido, no qual a clínica apenas assume as obrigações decorrentes do internamento (hospedagem, cuidados paramédicos, etc.), enquanto o serviço médico é direta e autonomamente prestado e acordado com, e por, um médico.Defi nir e delimitar a relação contratual em causa é fundamental no momento do

apuramento de eventuais responsabilidades contratuais. Sendo que, no primeiro e segundo casos, haverá responsabilidade contratual da clínica, por todos os danos ocorridos, enquanto, no terceiro caso, a clínica não é responsável pelos actos médicos mas apenas pelos atos de internamento, havendo neste caso dois contratos separados, respondendo o médico pelo seu próprio incumprimento.Para tanto, os tribunais têm recorrido ao método indiciário. Recorrem, portanto, a “pistas” e procuram apurar se, por exemplo, há dois recibos separados, um para os cuidados de internamento e outro para tratamento médico, ou pelo menos, um recibo com os honorários discriminados e diferenciados; ou determinar a relação contratual que une o médico à clínica: tratando-se de um contrato de trabalho, ou uma prestação de serviços regular, o médico presume-se um auxiliar da clínica, aplicando-se o regime do contrato total ou total com escolha de médico; já se o médico tem total independência de horários, organização do tempo ao longo do ano, ou se o cliente

procura a clínica a pedido do médico, então estaremos perante um contrato dividido.Determinado e delimitado o contrato que liga o paciente à clínica ou hospital e ao médico e apurada a responsabilidade contratual “geral”, não pode deixar de apurar também a responsabilidade pelo ato médico. Põe-se, então, também a questão de saber se a responsabilidade médica é contratual ou extracontratual. A regra é a da responsabilidade contratual do médico, correspondendo a responsabilidade extracontratual do médico a uma exceção que, em geral, ocorre em situações em que o médico tem de atuar com urgência, em que não foi colhido o acordo ou o consentimento do paciente quanto à sua atuação ou à sua intervenção. Este último não será o caso da prestação de serviços em clínica privada, em que se exigirá sempre o consentimento, pelo menos verbal, do paciente.Apurada então a responsabilidade contratual do médico no caso de se estar perante uma modalidade de dividido, deve proceder-se então à análise do ato em si

mesmo e qualifi car tal acto quanto à (i)licitude. Ora, é condição da licitude de uma ingerência médica na integridade física dos pacientes que estes consintam nessa ingerência e que esse consentimento seja prestado de forma esclarecida. Isto é, que os pacientes estejam cientes dos dados relevantes em função das circunstâncias do caso, entre os quais a informação acerca dos riscos próprios de cada intervenção médica. Assume então particular relevância a forma e conteúdo do consentimento informado prestado pelo paciente. Tal consentimento, ainda que feito, se não for prestado de forma completa pelo médico e dado de forma esclarecida pelo paciente, frequentemente levará à responsabilização do médico. Ou seja, no âmbito de uma intervenção médica, a falta de cumprimento do dever objetivo de diligência ou de cuidado, imposto pelas “leges artis”, e mesmo não se provando a violação desse dever, ainda assim, sempre se terá de averiguar se foi devidamente cumprido o dever de informar o paciente dos riscos inerentes à intervenção médica e o paciente os aceitou de forma esclarecida.

A vivência em sociedade levou à passagem de uma economia de consumo da produção pró-pria (autossufi ciência) para uma economia em cadeia, na qual as pessoas dependem da compra de centenas de produtos ou servi-ços para a sua sobrevivência ou bem-estar.

Este movimento, de quase in-dependência dos núcleos fami-liares para um funcionamento em rede, de grande interligação e dependência apresenta vanta-gens – como a da especialização que potencia mais produtos a menor custo – e desvantagens – sendo a principal a quase impos-sibilidade de sobrevivência autó-noma –, é o modelo sobre o qual estão construídas a maioria das sociedades nos países desenvol-vidos (ou em desenvolvimento).

O estudo “Edelman Trust Ba-rometer 2017. Special Report: Family Business”, desenvolvi-do pela Edelmann, em 2017, perguntou aos participantes se, aquando da aquisição de produ-tos a entidades, reconheciam a sua caraterística de ser uma em-presa familiar.

Dos 12 países participantes,

sobressai que:• As pessoas da Europa são

os que menos reconhe-cem: 40%, com exceção da Itália (56%);

• Os asiáticos são os que mais reconhecem: cerca de dois em cada três;

• Os países da América (em sentido lato): cerca de metade dos clientes.

A expressividade dos núme-ros permite salientar que ser – e dar a conhecer – uma socieda-de controlada por uma família empresária é fator de reconheci-mento, o que se pode transfor-mar numa vantagem compara-tiva. Destaque-se que existem determinadas áreas de negócio, como costuma ser a da alimen-tação, onde esta característica familiar é deveras valorizada.

Estando muito distante de se assumir que basta ser empre-sa familiar para se ter sucesso, pretende-se, no entanto, salien-tar que, se esta singularidade for devidamente comunicada, a mesma pode ser vantajosa para a organização.

Michael Neumann, então acionista e gestor da Neumann Gruppe (Alemanha), convidou as empresas familiares de café Lavazza (Itália), Löfbergs (Sué-cia), Paulig (Finlândia) e Tchibo (Alemanha) para formar uma or-ganização que preencheria uma lacuna na indústria e abordaria as questões que a preocupam. Compartilhando os seus valores fundamentais, estas empresas familiares foram pioneiras num conceito inovador, constituindo uma entidade corporativa de-

mocrática, sem fi ns lucrativos, que, em 2001, foi ofi cialmente estabelecida como ICP - Inter-national Coffee Partners GmbH (sociedade equivalente a uma Lda).

Nos anos seguintes juntaram--se mais três empresas familiares: Joh. Johannson Kaffe (Norue-ga), Franck (Croácia) e Delta Cafés (Portugal).

Aquando desta adesão, a presi-dente da ICP, Kathrine Löfberg, destacou o facto de a Delta ter “um longo historial de apoio ao desenvolvimento da sociedade em Portugal e no estrangeiro” e, Rui Miguel Nabeiro, salientou que “este é um projeto que pos-sui os valores próprios da famí-lia, o cuidado com a sociedade e o cuidado com o café”.

A ICP tem desenvolvido ações relevantes, em especial dedica-das à sustentabilidade do setor:

• abordagem dos desafi os impostos pelas mudan-ças climáticas, levando à criação da iniciativa para coffee & climate;

• contribuindo com meios fi nanceiros e as suas pai-xões para a transformação sustentável do setor ca-feeiro nas regiões e países;

• abordando os problemas enfrentados pelos peque-nos produtores de café em todo o mundo.

O trabalho da ICP desenvol-ve-se em sintonia com 9 dos 17 objetivos de desenvolvimento e sustentabilidade (ODS) das Na-ções Unidas.

40% 40% 46% 46% 48% 50% 51% 52% 56% 56% 63% 69%

0%

20%

40%

60%

80%

Alemanha França Arábia Saudita

Brasil Reino Unido

USA Canadá México Itália China Indonésia Índia

As Pessoas Sabem que Compram a Empresas Familiares

Empresa Familiar

Especialistas na consultoria a Empresas Familiares e elaboração de Protocolos Familiares Santiago – Porto www.efconsulting.es

As pessoas sabem que compram a empresas familiares

ANTÓNIO NOGUEIRA DA COSTAConsultor Empresas Familiareswww.efconsulting.pte [email protected]

REFLEXÕES SOBRE EMPRESAS FAMILIARES

Temas para refl exão:• Em que é que a nossa empresa familiar é diferente das outras

entidades?• De que forma esta diferenciação se refl ete nos nossos produtos

ou nas nossas práticas?• Como podemos comunicar estas singularidades ao mercado?

JOÃO MARQUES VILARSócio na Vilar & Associados – Sociedade de AdvogadosEmail: [email protected]

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INFORMAÇÃO ELABORADA PELA APOTEC - ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE TÉCNICOS DE CONTABILIDADE [email protected]

FISCALIDADE

Criada a Direção de Serviços de Apoio e Defesa do ContribuinteFoi publicada a portaria que cria a Direção de Serviços de Apoio e Defesa do Contribuinte. Preten-de constituir-se como um serviço central, funcionalmente independente. A sua atuação deverá serespecialmente orientada para princípios de celeridade, informalidade e oportunidade, procurandodar resposta aos problemas suscitados pelos contribuintes, com prioridade para aqueles com meno-res recursos ou em que a atuação da AT seja potencialmente mais gravosa ou as suas consequênciasdificilmente reversíveis.

AGENDA FISCAL

ABRIL

Até ao dia 30

• IRS - Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares- Declaração modelo 3 - Durante este mês e até ao dia 30 de Junho, envio ou confirmação, caso esteja abrangido pela declaração automática, por transmissão eletrónica de dados, da declaração de rendimentos modelo 3 de IRS e respetivos anexos.• IRC - Imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas- Declaração modelo 22 - Durante este mês e até ao dia 31 de Maio, envio da Declaração periódica de rendimentos Modelo 22, por transmissão ele-trónica de dados, pelas entidades sujeitas a IRC, cujo período de tributação seja coincidente com o ano civil.• Contribuição Indústria Farmacêutica- Entrega da Declaração Modelo 28 por transmis-são eletrónica de dados, pelas entidades a que alude o artigo 2.º do regime da contribuição ex-traordinária sobre a indústria farmacêutica, e que que não se encontrem isentas da contribuição, ao abrigo do n.º 2 do artigo 5.º do mesmo regime, da contribuição extraordinária sobre a indústria farmacêutica apurada no 1.º trimestre. • IUC - Imposto Único de Circulação- Liquidação e pagamento do Imposto Único de Circulação - IUC, relativo aos veículos cujo aniver-sário da matrícula ocorra no mês de Abril.

MAIO

Até ao dia 10

• IVA - Imposto sobre o valor acrescentado- Periodicidade Mensal – Entrega via Internet da declaração periódica relativa às operações realiza-das no mês de março. • IRS - Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares - Entrega da Declaração Mensal de Remunerações pelas entidades devedoras de rendimentos do tra-balho dependente sujeitos a IRS, ainda que deles isentos, bem como os que se encontrem excluídos de tributação, para comunicação daqueles ren-dimentos e respetivas retenções de imposto, das deduções efetuadas relativamente a contribuições obrigatórias para regimes de proteção social e subsistemas legais de saúde e a quotizações sin-dicais, relativas ao mês anterior.

SERVIÇO DE APOIO E DEFESA DO

CONTRIBUINTE

Foi publicada no dia 20 de abril a Portaria n.º 98/2020, que cria a Direção de Serviços de Apoio e Defesa do Contribuinte alterando a Portaria n.º 320-A/2011, de 30 de dezembro.A Direção de Serviços de Apoio e Defesa do Con-tribuinte constitui um serviço central funcional-mente independente, cujos funcionários poderão exercer funções nas instalações dos serviços cen-trais, regionais ou locais, subordinados exclusiva-mente ao diretor-geral da Autoridade Tributária e Aduaneira e ao subdiretor-geral da área da relação com o contribuinte. A atuação da Direção de Serviços de Apoio e De-fesa do Contribuinte deverá ser especialmente orientada por princípios de celeridade, informali-dade e oportunidade, procurando encaminhar ou dar resposta aos problemas suscitados pelos con-tribuintes com a possível brevidade, sem impor qualquer formalismo aos contribuintes que procu-rem ajuda e dando especial prioridade aos casos relativos a contribuintes com menores recursos, bem como àqueles em que a atuação da Admi-nistração Fiscal seja potencialmente mais gravosa ou as suas consequências dificilmente reversíveis.

Os prazos nos processos de execução fiscal encontram-se suspensos. A parti-cularidade deste regime suspensivo, em face do regime geral, é a de que estes prazos se devem manter suspensos, sempre e pelo menos, até 30 de Junho de 2020, no caso de a situação excep-cional vir a cessar em data anterior. Os fiscalistas da RFF consideram que há as-petos nesta matéria que levantam dúvi-das e que o legislador deveria esclarecer.

Na medida em que, no âmbito do processo de execução fiscal, se inclui a prática de vários tipos de actos admi-nistrativos – uns que se dirigem à efec-tiva cobrança das dívidas em execução e outros de expediente ou meramente adjacentes a esse propósito – ergue-se a dúvida sobre quais os actos que podem, ou não, ser praticados pela Adminis-tração Tributária durante este período. “Com efeito, entender-se que nenhum

acto pode ser praticado pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), no âmbito do processo de execução fiscal, teria um efeito nefasto e uma entropia desfavo-rável aos próprios interesses dos contri-buintes, os quais se visa acautelar com estas medidas”, explica a RFF.

Assim, parece que a Administração Tributária apenas se deverá considerar impedida de praticar os actos estrita-mente conducentes à cobrança coerciva da dívida, como a penhora, a compen-sação de dívidas ou a venda de bens. “De harmonia com este entendimento, a Autoridade Tributária poderá conti-

nuar a apreciar, por exemplo, os proce-dimentos de prestação ou dispensa de garantia e de pagamento prestacional, pesem embora os respectivos prazos para a prestação ou dispensa de garan-tia ou de apresentação de requerimento de pagamento em prestações estejam suspensos. Ao mesmo tempo, admite--se que a AT possa promover a citação dos executados ou proceder à reversão de dívidas, sendo que os executados e os revertidos beneficiam da suspensão do prazo para apresentação da competente oposição.”

Direito de audição prévia

Os fiscalistas chamam ainda a aten-ção para o facto de ficar suspenso, igual-mente, o prazo para arguição de nulida-de da citação no âmbito do processo de execução fiscal e o prazo para exercer o

direito de audição prévia quanto a um projeto de reversão. “No que respeita à contagem dos juros de mora das dívidas em execução, o legislador foi silente, não sendo claro que à sua contagem se possa aplicar a suspensão prevista para o processo de execução fiscal e para os planos de pagamento prestacional, não obstante ser essa uma consequência necessária a ser reconhecida, oficiosa-mente, pela Autoridade Tributária. A questão que se coloca, em face do ex-posto, prende-se com o seu impacto na situação tributária do contribuinte, em concreto se se deve esta considerar re-gularizada - em vir-tude de se encontra-rem suspensos os prazos, por exemplo, para deduzir oposição à execução fiscal e para prestação ou dispensa de garan-tia - para efeitos de emissão da respetiva certidão”, conclui aquela sociedade de advogados.

Prazos nas execuções fiscais suscitam dúvidas aos fiscalistas

Nas aquisições intracomunitárias, onde o adquirente é um sujeito passivo em território nacional, na declaração periódica de IVA (mecanismo “reverse charge”), qual ou quais os quadros e campos a preencher, pela empresa adquirente?

Resposta do Assessor FiscalSão tributáveis as aquisições intracomunitárias de bens quando o lugar de chegada da expedição ou transporte com destino ao adquirente se situe no território nacional. Neste caso, é sujeito

passivo do imposto o adquirente dos bens, a quem compete, por conseguinte, a liquidação do imposto devido (alínea a) do n.º 1 do artigo 23.º do RITI), que deve ser relevada no Quadro 6, item 2, campos 12 e 13 da declaração periódica do IVA.

PRÁTICA FISCAL

IVA COMUNITÁRIO

SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020 17

Medidas deveriam acautelar, em primeira instância, os interesses dos contribuintes

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CONTAS & IMPOSTOS

INFORMAÇÃO ELABORADA PELA ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Moratória para as rendas

Governo promove medida destinada ao IEFPO Governo publicou uma portaria em que suspende a verificação do requisito de não existência de dívidas de entidades candidatas ou promotoras ao Instituto do Emprego e Formação Pro-fissional (IEFP), para a aprovação de candidaturas e realização de pagamentos de apoios finan-ceiros por esta entidade às respetivas entidades, no âmbito das medidas de emprego e formação profissional em vigor. Tendo em conta o referido, não relevam as dívidas constituídas pelas entidades candidatas ou promotoras junto do IEFP, desde 1 de março até ao dia 30 de junho.

OCC promove formação à distânciaA formação à distância sobre o Orçamento do Estado 2020 está disponível na plataforma da Ordem dos Contabilistas Certificados até 31 de maio, independentemente da data em que o formando a tiver iniciado. Entretanto, todos os vídeos desta formação estão alojados no Ca-nal da Ordem no You Tube, podendo, igualmente, ser descarregados através de ferramentas informáticas disponíveis online. A Ordem recorda ainda que o Conselho Diretivo deliberou a devolução do valor das inscrições nas formações com início a partir de 1 de abril.

JOÃO ANTUNESConsultor da Ordem dos Contabilistas [email protected]

Entre as muitas medidas que vão surgindo a cada dia que passa para mitigar a perda de rendimento das famílias no âmbito da pandemia que a todos surpreendeu pela perigosidade sanitária e potencial de dano económico, destaca-se a moratória para o pagamento de rendas habitacionais e não habitacionais.O legislador estabelece um regime excecional para as situações de mora no pagamento da renda devida nos termos de contratos de arrendamento urbano habitacional e não habitacional, no âmbito da pandemia COVID-19.Esta legislação aplica-se quando haja quebra de rendimentos dos arrendatários, mas também dos senhorios habitacionais.No caso de arrendamentos habitacionais, a lei é aplicável quando se verifique:• Uma quebra superior a 20 % dos

rendimentos do agregado familiar do arrendatário face aos rendimentos do mês anterior ou do período homólogo do ano anterior; e

• A taxa de esforço do agregado familiar do arrendatário, calculada como percentagem dos rendimentos de todos os membros daquele agregado destinada ao pagamento da renda, seja ou se torne superior a 35 %; ou

• Uma quebra superior a 20 % dos rendimentos do agregado familiar do senhorio face aos rendimentos do mês anterior ou do período homólogo do ano anterior; e

• Essa percentagem da quebra de rendimentos seja provocada pelo não pagamento de rendas pelos arrendatários ao abrigo do disposto na presente lei.

O senhorio só tem direito à resolução do contrato de arrendamento por falta de pagamento das rendas vencidas nos meses em que vigore o estado de emergência e no primeiro mês subsequente, se o arrendatário não efetuar o seu pagamento, no prazo de 12 meses contados do termo desse período, em prestações mensais não inferiores a um duodécimo do montante total, pagas juntamente com a renda de cada mês.Os arrendatários habitacionais, bem como, no caso dos estudantes que não aufiram rendimentos do trabalho, os respetivos fiadores, que tenham, comprovadamente a quebra, e se vejam incapacitados de pagar a renda das habitações que constituem a sua residência permanente ou, no caso de estudantes, que constituem residência por frequência de estabelecimentos de ensino localizado a uma distância superior a 50 quilómetros da residência permanente do agregado familiar, podem solicitar ao Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, I. P. (IHRU, I. P.) a concessão de um empréstimo sem juros para suportar a diferença entre o valor da renda mensal devida e o valor resultante da aplicação ao rendimento do agregado familiar de uma taxa de esforço máxima de 35 %, de forma a permitir o pagamento da renda devida, não podendo o rendimento disponível restante do agregado ser inferior ao indexante dos apoios sociais (IAS = J 438,81).Mas esta legislação também protege os senhorios. Assim, os senhorios habitacionais

que tenham, comprovadamente, a quebra de rendimentos referida, cujos arrendatários não recorram a empréstimo do IHRU, I. P., podem solicitar a essa entidade estatal a concessão de um empréstimo sem juros para compensar o valor da renda mensal, devida e não paga, sempre que o rendimento disponível restante do agregado desça, por tal razão, abaixo do IAS.Atendendo a que existem muitos senhorios que fizeram grandes investimentos nos imóveis e que muitos vivem exclusivamente dos rendimentos prediais, parece-nos que o limite do rendimento disponível do agregado deveria ser mais generoso.Existe também o dever de informar o senhorio, por escrito, até cinco dias antes do vencimento da primeira renda em que pretendem beneficiar do regime, juntando a documentação comprovativa da situação.Relativamente à quebra de rendimentos dos arrendatários não habitacionais, a medida de apoio aplica-se:• Aos estabelecimentos abertos ao público

destinados a atividades de comércio a retalho e de prestação de serviços encerrados ou que tenham as respetivas atividades suspensas ao abrigo do decreto do governo, ou por determinação legislativa ou administrativa, ou ao abrigo da Lei de Bases da Proteção Civil, da Lei de Bases da Saúde, ou de outras disposições destinadas à execução do estado de emergência, incluindo nos casos em que estes mantenham a prestação de atividades de comércio eletrónico, ou de prestação de serviços à distância ou através de plataforma eletrónica;

• Aos estabelecimentos de restauração e similares, incluindo nos casos em que estes mantenham atividade para efeitos exclusivos de confeção destinada a consumo fora do estabelecimento ou entrega no domicílio, nos termos do decreto do Governo, ou em qualquer outra disposição que o permita.

O arrendatário não comercial pode diferir o pagamento das rendas vencidas nos meses em que vigore o estado de emergência e no primeiro mês subsequente, para os 12 meses posteriores ao término desse período, em prestações mensais não inferiores a um duodécimo do montante total, pagas juntamente com a renda do mês em causa.Por outro lado, a falta de pagamento das rendas que se vençam nos meses em que vigore o estado de emergência e no primeiro mês subsequente não pode ser invocada como fundamento de resolução, denúncia ou outra forma de extinção de contratos, nem como fundamento de obrigação de desocupação de imóveis.Igualmente aos arrendatários não habitacionais não é exigível o pagamento de quaisquer outras penalidades que tenham por base a mora no pagamento de rendas que se vençam.A indemnização prevista no Código Civil, por atraso no pagamento de rendas que se vençam nos meses em que vigore o estado de emergência e no primeiro mês subsequente, não é exigível sempre que se verifiquem os pressupostos explanados.Entretanto, já foi publicada a regulamentação a definir como se demonstra a quebra de rendimentos.

1. A quebra de rendimentos que corresponde à diminuição dos rendimentos em mais de 20 % decorrente de facto relacionado com a situação epidemiológica provocada pela doença COVID-19, demonstrada:

• Pela comparação entre a soma dos rendimentos dos membros do agregado familiar no mês em que ocorre a causa determinante da alteração de rendimentos com os rendimentos auferidos pelos mesmos membros do agregado no mês anterior;

• No caso dos senhorios, pela comparação entre a soma dos rendimentos dos membros do respetivo agregado familiar no mês em que se verifica o não pagamento das rendas devidas pelos seus arrendatários com os rendimentos auferidos pelos mesmos membros do agregado no mês anterior.

No caso de membros do agregado habitacional em que a maior parte dos seus rendimentos derive de trabalho empresarial ou profissional da categoria B do CIRS, quando a faturação do mês anterior à ocorrência da quebra de rendimentos não seja representativa, estes podem optar por efetuar a demonstração da diminuição dos rendimentos com referência aos rendimentos do período homólogo do ano anterior (2019), mantendo-se os pressupostos anteriores para os restantes membros do agregado.Comprovativos:1 - Os rendimentos de trabalho dependente são comprovados pelos correspondentes recibos de vencimento ou por declaração da entidade patronal.2 - Os rendimentos empresariais ou profissionais são comprovados pelos correspondentes recibos, ou, nos casos em que não seja obrigatória a sua emissão, pelas faturas emitidas nos termos legais.3 - Os rendimentos de pensões, prediais, prestações sociais, e outros rendimentos recebidos de forma regular e periódica são comprovados por documentos emitidos pelas entidades pagadoras ou por outros documentos que evidenciem o respetivo recebimento, nomeadamente obtidos dos portais da Autoridade Tributária e da Segurança Social ou ainda pela declaração sob compromisso de honra do beneficiário, quando não seja possível a obtenção daquela declaração, atenta a natureza da prestação.4 - No caso dos senhorios, o não pagamento de rendas ao senhorio em virtude deste regime, é demonstrado por este através da correspondente comunicação do arrendatário.Sempre que não seja possível a obtenção dos comprovativos do valor dos rendimentos, os rendimentos podem ser atestados mediante declaração do próprio, sob compromisso de honra, ou do contabilista certificado no caso de trabalhadores independentes no regime de contabilidade organizada.Estes comprovativos dos rendimentos devem ser entregues no prazo máximo de 30 dias após a data de comunicação ao senhorio ou do requerimento apresentado ao IHRU, I. P., consoante for o caso, salvo se a obtenção do comprovativo ainda depender, à data, de emissão por entidade competente para o efeito, caso em que esse facto deve ser comunicado ao senhorio ou ao IHRU, I. P., consoante for o caso, com indicação da data prevista para a respetiva obtenção.

FISCALIDADE

18 SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020

Senhas de presença e tributação em sede

de IRS

As remunerações auferidas pela presença do executivo que se encontra em regime de não permanência poderão enquadrar-

-se como senhas de presença, sendo consideradas rendimentos do trabalho

dependente. Numa dada freguesia existem dois vogais que recebem remunerações por participarem na gestão diária a meio tempo. As remunerações que recebem estão sujeitas a tributação em sede de IRS e Segurança Social?

O Código do IRS prevê a tributação dos rendimentos obtidos pelas pessoas singulares, independentemente do local, moeda e forma como o mesmo seja obtido. O que importa é que o rendimento obtido se encontre abrangido por norma de qualificação, ou seja, por norma de incidência objetiva em qualquer uma das categorias de rendimento tipificadas no Código do IRS.O art.º 2.º do CIRS trata dos rendimentos da categoria A - Trabalho dependente, determinando que qualquer remuneração paga ou colocada à disposição do trabalhador proveniente da relação laboral existente, independentemente da designação, periodicidade ou frequência e natureza é tributada, sendo aqui incluído o exercício de função, serviço ou cargo públicos, [al. c) do n.º 1 do art.º 2.º do CIRS].Ainda que, não existindo norma que objetivamente se refira a determinada operação em concreto no n.º 3 do art.º 2.º do CIRS, teremos sempre que ter presente o disposto n.º 2 da mesma norma, face à natureza residual e consequentemente abrangente da mesma.O n.º 2 do art.º 2.º do CIRS dispõe que «as remunerações referidas no número anterior compreendem, designadamente, ordenados, salários, vencimentos, gratificações, percentagens, comissões, participações, subsídios ou prémios, senhas de presença, emolumentos, participações em coimas ou multas e outras remunerações acessórias, ainda que periódicas, fixas ou variáveis, de natureza contratual ou não».Assim, as remunerações auferidas pela presença do executivo que se encontra em regime de não permanência poderá enquadrar-se como senhas de presença, sendo considerados rendimentos do trabalho dependente, de acordo com o art.º 2.º do Código do IRS.Deste modo, deverão os montantes pagos a título de senhas de presença, ser indicados na declaração mensal de remunerações (DMR), com o código A, uma vez que se encontram, sujeitos a IRS na esfera da Categoria A, devendo, igualmente, ser entregue ao sujeito passivo, até 20 de janeiro de cada ano, um documento comprovativo das importâncias auferidas no ano anterior, nos termos do artigo 119.º do CIRS.Consequentemente, devem ser declarados, pelo beneficiário do rendimento, os montantes auferidos pelos referidos sujeitos passivos, no quadro 4A do anexo A da declaração modelo 3, juntamente com as restantes remunerações que aufira como trabalhador dependente nesse ano.Em termos de Segurança Social, a remuneração auferida é também considerada na base contributiva, devendo ser incluída nas declarações de remunerações da Segurança Social.

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A forte crise económica provocada pela pandemia de Covid-19 terá de ser aproveitada por Portugal para recuperar o atraso face à média europeia em termos de comércio eletrónico, de acordo com João Barros, CEO da empresa de pagamentos e carregamentos Pagaqui. “Portugal está muito atrasado no que respeita ao e-commerce, que em Portugal representa apenas cerca de 4% do total do comércio, em contraposição aos 14% da média europeia ou mesmo dos cerca de 7% do mercado espanhol. Esta crise é também uma oportunidade para recuperar esse atraso, que não se deve apenas aos consumidores, mas muito também à falta de oferta dos comerciantes”, explica, em entrevista à “Vida Económica”.AQUILES [email protected]

Vida Económica – A Pagaqui está a operar em teletrabalho desde quando?

João Barros – A Pagaqui foi das primei-ras empresas a implementar o sistema de teletrabalho no âmbito desta crise. Num curto espaço de tempo conseguimos passar uma complexa operação de call center de backoffi ce e outra de telemarketing para esta nova realidade, com indiscutível suces-so. Desde o dia 12 de março que a Pagaqui tem conseguido manter a sua atividade em todas as áreas sem qualquer alteração.

VE – Que impacto está a pandemia de Covid-19 no nosso país a ter na opera-ção da Pagaqui?

JB – Registámos, em março, uma redu-ção de cerca de 40% da nossa atividade de pagamentos em pontos de venda físicos,

resultado da limitação de abertura aos co-merciantes e do reduzido número de pes-soas na rua. Em contraciclo, a atividade de aceitação de cartões bancários, nomea-damente as soluções de e-commerce, estão a ter um crescimento extraordinário, re-sultado da necessidade crescente e urgente destas soluções por parte de comerciantes que antes estavam apenas no comércio pre-sencial.

VE – Estão a conseguir responder à diferentes solicitações do mercado?

JB – Sem dúvida, e felizmente! O merca-do tem solicitado soluções rápidas e nós te-mos tido as respostas necessárias. Exemplo disso é a solução Link to Pay, que permite de uma forma extremamente rápida e sim-ples implementar um sistema de cobranças não presencial, para os comerciantes que não disponham ou estejam a desenvolver os seus sites de e-commerce. Vemos todos os dias os negócios a precisarem de se rein-ventar e a oferecerem um serviço de que não dispunham – vendas online, entregas

em casa… O Link to Pay é a solução de pagamento válida para todos e que permite aos cidadãos realizarem os seus pagamen-tos através de mensagem de telemóvel ou email, sem terem de se deslocar a caixas de multibanco e sem terem de utilizar os ter-minais de pagamento quando recebem as suas compras em casa ou realizam os seus pagamentos habituais.

VE – Que impacto terá a pandemia na atividade da empresa em 2020?

JB – No curto prazo terá necessaria-mente um impacto negativo na receita, mas acredito que a médio e longo prazo sairemos muito reforçados desta crise. A Pagaqui esteve nos últimos dois anos a in-vestir no desenvolvimento de soluções de pagamento on-line que agora se mostram uma aposta mais do que correta e certeira, só não tínhamos a perceção que a transfor-mação iria acontecer numa conjuntura tão dramática e de forma tão rápida.

VE – O recurso ao comércio online ou

ao registo de encomendas à distânciae com pagamentos eletrónicos pode,quando aplicável, ser uma boia de sal-vação das empresas nacionais neste pe-ríodo conturbado?

JB – É seguramente a única alternativano curto prazo, uma vez que existe aindamuita incerteza sobre a duração desta crise.Por outro lado, Portugal está muito atrasa-do no que respeita ao e-commerce, que emPortugal representa apenas cerca de 4% dototal do comércio, em contraposição aos14% da média europeia ou mesmo dos cer-ca de 7% do mercado espanhol. Esta criseé também uma oportunidade para recupe-rar esse atraso, que não se deve apenas aosconsumidores, mas muito também à faltade oferta dos comerciantes. Os pequenoscomerciantes não apostam nas vendas on-line, tendo apenas sites institucionais, peloque agora se veem forçados a implementarsoluções que provavelmente não imple-mentariam no médio prazo.

VE – O comportamento de consumi-dores e empresários em relação aos pa-gamentos eletrónicos e à distância mu-dará de forma defi nitiva?

JB – Sem dúvida alguma. Quem aindatinha alguma desconfi ança relativamenteao e-commerce em geral, e em particular àsegurança dos pagamentos eletrónicos, foiagora obrigado a experienciar essa realida-de. Ultrapassada a barreira da desconfi ança,acredito que, se a experiência de entrega forpositiva, difi cilmente muitos consumidoresvoltarão ao comércio tradicional presencial,optando por realizarem as suas compras noconforto da sua casa, sem terem de perdertempo em deslocações e tendo acesso a umnúmero muito maior de opções.

MERCADOS

Dow Jones 22/abr ......23482,05

Var Sem ...............................-3,89% Var 2018 .............................-19,34%

Nasdaq 22/abr ............8463,059

Var Sem ...............................-2,97% Var 2018 ............................... -7,91%

IBEX 35 22/abr ..............6715,60

Var Sem ...............................-1,96% Var 2018 .............................-29,78%

DAX 22/abr .................. 10415,03

Var Sem ................................1,04% Var 2018 .............................-21,60%

CAC40 22/abr .................. 4411,8

Var Sem ................................1,01% Var 2018 .............................-26,43%

-1,83% Var. Semana

COLABORAÇÃO: BANCO SANTANDER

PSI-20 (15.04) 4100,59

-22,09% Var. 2019

3950

4000

4050

4100

4150

4200

16/abr 17/abr 18/abr 19/abr 20/abr 21/abr 22/abr

Ponto

s

JOÃO BARROS, CEO DA PAGAQUI, INDICA

Crise atual é altura “para recuperar” atraso português no comércio eletrónico

João Barros explica o atraso no e-commerce pelo lado dos consumidores, mas também “culpa” os comerciantes.

A Reduniq, marca de aceitação de pagamentos para lojas físicas e online da Unicre, está a implemen-tar um conjunto de medidas de apoio aos negócios durante o perío-do pandémico que visam facilitar o processo de pagamentos entre co-merciantes e clientes, sobretudo nas vendas online, bem como garantir

a continuidade das atividades das empresas.

A principal medida proposta pela empresa passa por agilizar a digitalização dos negócios em Por-tugal através da utilização de uma solução de aceitação de pagamentos por email, que permite a qualquer negócio (loja, restaurante, clínica,

etc.) manter o seu processo de ven-das sem a necessidade de ter uma loja online.

“Reconhecemos que, perante o contexto atual, em que a grande maioria dos negócios tiveram de fechar as portas temporariamente, e no qual o e-commerce registou um aumento exponencial do número

de transações, seria imperativo dar resposta às difi culdades sentidas sobretudo pelos pequenos comer-ciantes, de forma a garantir que es-tes pudessem prosseguir com a sua atividade ao transitar o seu processo de pagamentos físico para o meio online”, explica Tiago Oom, dire-tor da Reduniq.

Segundo dados da empresa, em março, o volume de transações por e-commerce efetuadas por lojas em Portugal teve um aumento de mais de 110% face ao período homó-logo. Já a utilização da tecnologia contactless registou uma subida de mais de 113% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Reduniq facilita aceitação de pagamentos como medida de apoio aos negócios em Portugal

“Quem ainda tinha alguma desconfi ança relativamente ao e-commerce em geral, e em particular à segurança dos pagamentos eletrónicos, foi agora obrigado a experienciar essa realidade”

SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020 19

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MERCADOS

20 SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020

EURIBOR 3M (22.04) -0,1900EURODÓLAR (22.04) 1,0828 PETRÓLEO BRENT (22.04) 20,66

-0,49% Var. Semana 6,05% Var. Semana -36,55% Var. Semana

-3,17% Var. 2019 39,16% Var. 2018 -73,38% Var. 2018

Euro/Libra 22/abr .....0,8782

Var Sem ........................ -1,06% Var 2018 ........................ -3,94%

Euro/Iene 22/abr ...116,7700

Var Sem .........................0,29% Var 2018 .........................4,21%

Euribor 6M 22/abr... -0,1900

Var Abs Sem ..................8,72% Var 2018 .......................45,06%

Euribor 1Y 22/abr.... -0,0530

Var Abs Sem ................25,71% Var 2018 .......................68,68%

Ouro 22/abr .............1710,55

Var Sem ........................ -1,15% Var 2018 ....................... 11,86%

Prata 22/abr ................15,03

Var Sem ........................ -3,58% Var 2018 ...................... -16,48%

COLABORAÇÃO: BANCO SANTANDER

3950

4000

4050

4100

4150

4200

16/abr 17/abr 18/abr 19/abr 20/abr 21/abr 22/abr -0.25

-0.2

-0.15

-0.1

-0.05

0

16/abr 17/abr 18/abr 19/abr 20/abr 21/abr 22/abr

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16/abr 17/abr 18/abr 19/abr 20/abr 21/abr 22/abr

A verdade dos bancosÉ verdade que o país ajudou os bancos na crise de 2008, permitindo a sua sobrevivência. Tal ajuda cifrou-se numa despesa pública, segundo o Tribunal de Contas, de 17,6 mil milhões de euros no período compreendido entre 2008 e 2018, o equivalente a 8,3% do PIB do ano de 2019. Não é menos verdade que esta ajuda destinou-se a evitar o colapso do sistema fi nanceiro e, consequentemente, a salvaguardar o interesse dos depositantes, tendo o Estado recuperado parte desta despesa por parte dos bancos que reembolsaram o erário público das ajudas fi nanceiras obtidas, como foi o caso do BPI ou do Millennium BCP.Mostra-se ser verdade que os bancos assumem publicamente o seu compromisso em ajudar a economia, as empresas e as familias quer através das moratórias do crédito em curso, dos apoios públicos ou de soluções de fi nanciamento próprias, retribuindo assim ao país o apoio recebido. Exemplo disto são as seis linhas de crédito disponibilizadas pelo Estado e já subscritas pelos bancos, a operacionalizar através das Sociedades de Garantia Mútua, destinadas a fi nanciar diversos sectores da economia como o turismo, indústria, restauração, agências de viagens e animação turística,

comércio e serviços. Estes fi nanciamentos podem ser amortizados até 4 anos com períodos de carência até 12 meses e juros indexados à Euribor com “spreads” que não ultrapassam 1,5%. É nas taxas de juro oferecidas pelos bancos que surge a primeira contestação. Se os bancos têm acesso a fundos a uma taxa negativa de -0,75% por parte do BCE, porque é que aplicam aos créditos os “spreads” de 1,5%? Importa não esquecer que os bancos suportam uma estrutura de custos elevada que vão desde as pessoas à tecnologia e têm investimentos avultados a empreender representados por custos de alguns milhões de euros, de modo a estarem habilitados a cumprir com as exigências regulatórias e de supervisão, nacionais e europeias. Aos bancos são exigidos novos instrumentos para operarem e salvaguardarem os interesses da instituição, dos seus colaboradores, dos acionistas e dos clientes. Para além dos investimentos necessários para desenvolver a banca digital de forma segura e efi ciente, existe atualmente um conjunto de obrigações que exigem elevadas doses de capital para dar cumprimento ao tratamento dos dados no âmbito do Regime Geral de Proteção de Dados, para respeito das normas de “Compliance” (normais legais

e regulamentares da atividade bancária) ou para garantir a segurança e fi abilidade da informação. Estas são razões que devem merecer a atenção da sociedade, pois sabemos que os bancos não devem enveredar por negócios que não remunerem o custo do capital, sob pena de degradarem a sua situação fi nanceira e económica… e virem a pesar no Estado.É também verdade que, numa situação de crise económica, as falências das empresas e o incumprimento dos créditos terminará inevitavelmente no balanço dos bancos, pelo que deve ser claro que estes serão os primeiros a desejar uma economia sã, empresas fortes e capazes de solver os seus compromissos. Para tal é necessário que as operações de crédito sejam minimamente seguras e rentáveis, que as garantias recebidas sejam adequadas ao risco que lhes é reconhecido e que sejam contabilizáveis corretamente, não ferindo a realidade dos balanços. Como clientes, acionistas ou cidadãos, devemos exigir aos bancos clareza, verdade e transparência nas suas operações. Por isso, não é recomendável os bancos fi nanciarem a economia à taxa zero, ainda que com garantias a 100% do Estado, já que não se trata de uma questão de risco mas de resultar daqui que a maioria terá prejuízo

nestas operações, uma vez que não terá margem para cobrir os custos destas.Resta, portanto, que tenhamos a noção do que é o negócio bancário, das difi culdades, exigências e desafi os que atravessa, dos cuidados a ter com uma gestão criteriosa da sua atividade em prol da instituição mas também dos clientes, colaboradores e acionistas. O papel dos bancos sempre foi e será indispensável para recuperar e estimular a economia e apoiar as empresas e as famílias, é isso que a sociedade lhes exige e é isso que os bancos sabem ser o seu papel. Por isso é determinante a sua intervenção na economia num momento como o atual e indispensável o seu contributo para recuperar e reforçar as capacidades do tecido empresarial, ajudar as famílias e melhorar a vida em sociedade, sendo certo que esse esforço reverterá a favor do seu próprio negócio e solidez. E é necessário um sinal ético que pode passar pela suspensão dos dividendos.A missão dos bancos é serem o veículo mais adequado para conduzir e gerir os fl uxos fi nanceiros próprios, do Estado, do BCE ou outra instituição europeia para a economia. É chegado o momento da verdade dos bancos: apoiarem a economia, evitando que esta crise económica se transforme numa crise fi nanceira.

A corretora de origem britânica Infi nox entrou no mercado do Bra-sil. A empresa fundada em 2009 foi escolhida pela B3 para dar liquidez às corretoras brasileiras, disponibili-zando a negociação de diversas di-visas internacionais e de obrigações norte-americanas a 10 anos.

A Infi nox irá manter ordens de compra e venda regulares e con-tínuas no mercado, aumentado a liquidez dos ativos e mitigando movimentos artifi ciais nos preços. A corretora fi nanceira vai ainda ga-rantir spreads baixos para os merca-dos brasileiros em todos os produ-

tos de pares de moedas em dólares e futuros em tesouraria, produtos que foram criados para replicar os instrumentos subjacentes no mer-cado internacional, como os con-tratos futuros de FX e Treasuries a 10 anos.

Negociações estavam sujeitas a regulamentação externa

Deste modo, os investidores bra-sileiros vão podem negociar divisas internacionais face ao dólar norte--americano, como a libra, o euro,

o dólar canadiano, entre outros, bem como colocar posições nas obrigações norte-americanas a 10 anos. Estas negociações só podiam ser realizadas fora do Brasil e esta-vam sujeitas à regulamentação do país onde era feita a negociação e, a partir de agora, os investidores brasileiros terão acesso através de qualquer corretora que atue com a B3 e estará menos sujeito aos riscos de fl utuação.

“Os investidores brasileiros pas-sam a poder negociar moedas inter-nacionais face ao dólar americano e colocar posições nas procuradas

Treasuries a 10 anos, sem terem de enviar o dinheiro para fora do país ou estarem sujeitos a regulamen-tação estrangeira. A B3 também é uma contraparte confi ável, forte

para todos os negócios. Faremos o possível para conectar os brasileiros ao mercado mais líquido do mun-do”, afi rma Robert Berkeley, CEO da Infi nox.

Infi nox entra no Brasil com negócio de divisas

MÁRIO DE JESUSEconomistaPRIMAL Advisors

Robert Berkeley, CEO da Infi nox.

O Banco Montepio associou-se à iniciativa SOS Coronavírus, um movimento que envolve empresas e a sociedade civil e é liderado pela Associação Empresarial de Portugal (AEP), em estreita ligação com o Ministério da Saúde e a Ordem dos Médicos. Desta parceria resultou a conta SOS Coronavírus, uma con-

ta solidária que irá recolher fundos para aquisição de equipamentos que os médicos e profi ssionais de saúde usam, todos os dias, no com-bate ao novo coronavírus.

Os interessados em contribuir para esta causa podem usar os canais digitais do Banco Monte-pio – o serviço de homebanking

Net24 em bancomontepio.pt ou a app M24 – e fazer um donativo na conta SOS Coronavírus (PT50 0036 0407 9910 6019 950 33), onde está já depositado o contribu-to do próprio banco, no valor de 50 mil euros. A AEP é a única entida-de que pode movimentar em exclu-sividade o dinheiro, sob coordena-

ção técnica assegurada pela Ordem dos Médicos e pelo Conselheiro Nacional da iniciativa, Adalberto Campos Fernandes. As contas serão auditadas pela KPMG.

“Porque a comunidade médica, o SNS e a Direção-Geral da Saú-de não podem parar, além da an-gariação de verbas para aquisição

de material de proteção hospita-lar, a iniciativa SOS Coronavírus pretende também apoiar a criação de bolsas de voluntários para fazer face às necessidades materiais e hu-manas, e angariar outros produtos e serviços necessários para apoiar as equipas de intervenção”, indica a nota do Montepio.

Montepio associa-se a iniciativa SOS Coronavírus

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MERCADOS

SEXTA-FEIRA,24 DE ABRIL 2020 21

CMVM recomenda a adoção de princípios de sustentabilidade e transparência A CMVM emitiu uma recomendação aos emitentes de valores mobiliários para que nos pro-cedimentos de prestação de contas, bem como na distribuição de dividendos, remunerações e gestão de crise adotem princípios de transparência e sustentabilidade, tendo em conta os interesses de longo prazo de acionistas e restantes partes interessadas.

Bruxelas quer fortalecer resiliência operacional do setor financeiroBruxelas está a preparar uma norma para reforçar os riscos de segurança relacionados com a tecnologia com que se defrontam os bancos, as seguradoras e outros operadores do setor. As entidades visadas veem com bons olhos a intenção do Executivo comunitário e pedem que a nova regulação evite duplicidades com a já existente.

Ouro negro na escuridãoSe o chamado Volmageddon ocorreu em fevereiro de 2018, no qual várias estratégias e produtos relacionados com os derivados dos índices de volatilidade entraram em colapso, abril de 2020 é o mês da queda abrupta do preço do petróleo.O preço do contrato futuro do chamado West Texas Intermediate (WTI) ficou negativo, poucos acreditavam certamente que a partir dos 18,27 dólares do fecho da sessão do dia anterior se iria testemunhar uma queda tão abrupta, primeiro para zero e depois para terreno negativo. A cotação afundou 305,97%, para fechar abaixo de zero pela primeira vez, nos -37,63 dólares.O mercado de petróleo é negociado em dinheiro e também por meio de contratos futuros, em em que a mercadoria (normalmente mil barris por contrato) é entregue fisicamente numa data específica e num dos pontos preestabelecidos pelos mercados.Portanto, se eu comprar por um dólar no futuro o WTI que expira no mês de maio, significa que prometo pagar

ao meu vendedor mil dólares (mil barris x um dólar norte-americano) em maio e esse vendedor entrega a mercadoria no ponto preestabelecido, por exemplo, num ponto de entrega em Chicago, mercadoria essa que eu tenho que levantar sim-ou-sim na hora e no local que foram acordados nos termos desse contrato.O problema surge quando a economia mundial é abalada devido às quarentenas aplicadas para estancar a pandemia do Covid-19, isso significa que as necessidades atuais de petróleo são mínimas. Dito isto, quando a procura por petróleo é baixa e os preços caem acentuadamente, em princípio a solução é muito simples, os operadores especializados compram esse petróleo, no local ou através de contratos futuros com vencimento num prazo especificado e recolhem esses enormes quantidades de petróleo e armazenam-no para vendê-lo mais caro posteriormente.No entanto, o armazenamento deste produto não pode ser feito em qualquer lugar, e por razões óbvias, regulamentares

e comerciais, é necessário armazenar o stock em locais adequados, como tanques de óleo ou até navios petrolíferos.Mas se a procura é praticamente nula devido às circunstâncias excecionais em que vivemos, o que acontece é que a capacidade de armazenamento atinge seu limite e não há mais lugar para armazenar mais uma gota de ouro negro. E o que um operador faz quando compra um contrato para mil barris de petróleo, mas não pode recebê-lo porque não há mais espaço para armazená-lo legalmente? Obviamente vender a qualquer preço. E foi o que aconteceu, a tal ponto que os operadores apanhados nesta situação tiveram de vender, mesmo a preços negativos, para se livrarem dessa obrigação.Nesta queda abrupta, os traders mostraram que não queriam ficar com a batata quente na mão, preferindo pagar a alguém para ficar com os contratos futuros, ao invés de incorrer o custo de os armazenar. Além disso, já olhavam para os de junho com alguma preocupação, pois estes também caíram quase

16% para ligeiramente acima dos 21 dólares por barril. Quando se diz que o preço do petróleo caiu -100% e até entrou negativo, está-se a referir ao contrato futuro de petróleo do WTI de maio. No entanto, o preço spot não reflete essa situação.Normalmente, o preço do petróleo é um indicador da evolução económica global. Aqui não é precisa muita explicação. Em crises como a atual, o preço tende a cair devido a uma queda na procura e, quando a economia se fortalece, o preço tende a valorizar-se. Esse é o princípio geral, porque existem vários fatores que determinam o preço do petróleo.

No entanto, a crise do mercado poderá estender-se muito para alem de junho. O mundo não vai deixar de consumir petróleo quando voltar a sair de casa, mas também não vai voltar aos níveis anteriores. Além do impacto de um regresso apenas gradual à normalidade, irá voltar de forma diferente, com menos atividade e com maior apetência e financiamento para a energia verde. Apesar disto, é pouco provável que um tombo tão estrondoso como este se repita, mas uma coisa é certa, ninguém irá olhar para o mercado petrolífero da mesma maneira depois do dia 20 de abril de 2020.

NUNO CAETANOanalista da corretora Infinox

A Europ Assistance estabeleceu uma parceria com o portal guia do automóvel, que passa a disponibilizar informação so-bre os seguros de extensão de garantia e de proteção mecânica. Estes produtos podem ser adquiridos aquando da aquisição de um carro novo, em alternativa à extensão de garantia do fabricante, ou aquando da compra ou venda de um carro usado entre particulares, com o objetivo de valorizar a

transação, garantindo a proteção do risco de avarias.

O seguro de extensão de garantia da Eu-rop Assistance destina-se a veículos novos ou até 22 meses de matrícula. O comprador do veículo pode contratar adicionalmente aos dois anos a que tem direito, mais 12, 24 ou 36 meses de garantia e até 60 mil, 100 mil, 150 mil km ou quilometragem ilimitada.

O seguro de proteção mecânica da Europ

Assistance garante, segundo a empresa, as avarias mecânicas para automóveis usados, adquiridos numa venda entre particulares, que já não beneficiam da garantia do fabri-cante e constitui uma forma de valorizar, a quem compra ou vende, um automóvel usa-do, protegendo os novos proprietários con-tra eventuais despesas inesperadas.

“O Guia do Automóvel é reconhecido no setor automóvel como a plataforma online

mais completa onde que se podem consul-tar informações técnicas e preços de todos os modelos existentes comercializados em Portugal. A disponibilização da oferta das garantias da Europ Assistance é um reco-nhecimento da qualidade e da relevância dos nossos produtos, o que nos enche de or-gulho”, afirma Mário Solano, Key Account Manager da Europ Assistance Portugal a propósito desta parceria.

Garantias da Europ Assistance no Guia do Automóvel

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VÍTOR [email protected]

O risco é claramente maior: a valorização em termos de capital está dependente do in-dexante que é o índice Euro Stoxx 500. Fa-lamos do “GS Europa Daily Autocall Eur II 2020-2025” produzido pela Goldman Sachs Finance Corp e comercializado pelo BPI. Este produto é um chamado “certificate” emitido nos termos da lei inglesa, sendo que não existe qualquer garantia pública para este produto. A garantia destas obrigações é dada pela The Goldman Sachs Group. Na prática isto significa que o investidor está a assumir o risco de perda de parte ou mesmo da totalida-de do investimento.

Sendo uma aplicação a cinco anos, a matu-ridade pode ser antecipada tendo em conta o ativo subjacente. O chamado autocall, refere a ficha técnica, pode acontecer se “o preço de fecho do ativo subjacente em qualquer data

da observação for igual ou superior a 100% do valor inIcial, o produto terminará na data de pagamento do autocall correspondente”. Refere ainda a ficha técnica que ocorrendo o cancelamento antecipado do produto, o in-vestidor “receberá o pagamento do autocall por cada certificate que detenha”. Cada cer-tificate tem, o valor de mil euros e o produto será cotado na Bolsa do Luxemburgo”.

O interesse desta remuneração é que o pa-gamento do autocall será de 104% mais 4% multiplicado pela parcela do período de cál-culo.

Se não existir autocall e o reembolso acon-tecer no vencimento, ou seja, a 24 de abril de 2025, o investidor terá diversos tipos de remuneração. Se o preço de fecho do ativo subjacente no final do prazo for, pelo menos, igual ao preço de referência inicial, receberá 1.198,58 euros brutos por cada “certificate”. Mas se o preço de fecho do ativo subjacen-

te na mesma data em 2025 for, pelo menos, igual ao preço de barreira mas inferior ao preço de referência inicial, receberá os mil euros que investiu ou então receberá os mes-mos mil euros multiplicados pelo preço de fecho do ativo subjacente em 23 de abril de 2025, e dividido pelo preço de exercício do ativo subjacente. Por outras palavas, o preço do exercício é 100% do preço de referência inicial, e o preço de barreira é 60% do preço de referência inicial.

O emitente deste produto alerta para a complexidade deste tipo de investimento, que obriga a uma compreensão dos riscos, in-cluindo a volatilidade do mercado de capitais. Este é um produto, como refere o emitente, que se dirige a investidores “que procurem crescimento de capital, tenham a expectativa de que o ativo subjacente gerará um retorno favorável, tenham um horizonte de investi-mento do período de detenção recomendado

(de cinco anos) e, compreendem que o pro-duto pode ser cancelado antecipadamente”. O emitente sublinha o risco que pode chegar à perda total do capital e recomenda o acon-selhamento profissional. Numa escala de 1 a 7, o risco é de cinco, tendo em conta a manu-tenção do produto por cinco anos.

Juros sobem

Todas as dívidas soberanas têm visto os pré-mios de risco a subir e Portugal emitiu esta semana dívida a seis e a 10 anos e com taxas a subir. Filipe Silva, do Banco Carregosa, sa-lienta que “apesar de termos o suporte total do BCE, acaba por ser normal vermos uma subida de taxas por força da liquidez que cada país vai precisar para dar apoio à economia”. Adianta que “não sendo atualmente uma preocupação, questionamo-nos como é que a dívida um dia mais tarde será paga”.

A NOSSA ANÁLISE

Como apostar em produtos com potencial de capital e sem juros

“Bulls vs Bears” – há espaço para mais quedas?Depois do crash que assistimos nos passados meses de fevereiro e março, imediatamente a seguir à renovação de máximos históricos por parte dos índices americanos, a pergunta à qual toda a gente procura uma resposta é se atingimos o verdadeiro bottom no que diz respeito ao mercado acionista no passado dia 23 de março ou se existe verdadeiramente a possibilidade de esses mínimos serem testados e até quebrados em baixa, dada a atual frágil e bastante débil situação económica em que nos encontramos. Analisando primeiramente esta, a economia mundial já está atualmente numa recessão económica sem precedentes. No que concerne à economia americana, os dados sobre o mercado laboral que têm vindo a ser divulgados semana após semana, onde mais de 22 milhões de americanos pediram subsídios de apoio face à situação de desemprego, anulando a criação de 22,4 milhões de postos de trabalho desde a crise financeira do subprime, ilustram o colapso económico que os Estados Unidos enfrentam atualmente. Para responder a esta situação inédita, os bancos centrais e juntamente com os governos um pouco por todo o mundo, lançaram de forma célere, programas de estímulos de modo a minimizar os impactos que esta inevitável recessão está a ter na vida das populações, tentando garantir que todos os agentes económicos conseguem ter acesso a liquidez, quer empresas, quer famílias. No entanto, esta resposta não será nem de perto nem de longe suficiente para responder aquele que é o verdadeiro problema neste momento, a quebra da produção e consequentemente quebra de criação de riqueza. Naturalmente que a questão de saúde pública tem de ser prioritária neste contexto de trade-off entre esta e a situação económica, na medida em que para termos uma, temos de sacrificar a outra. Contudo,

quanto maior for a duração do shutdown económico, maior será o dano causado no tecido económico em termos de empresas e postos de trabalho destruídos, o que irá levar também por si só a uma crise social que também trará efeitos nefastos para a sociedade, na medida em que uma série de indivíduos irão enfrentar sérias dificuldades. Obviamente que com todos os estímulos implementados quer a nível fiscal, quer a nível monetário, a economia mundial tem todas as condições para retomar a sua trajetória de crescimento quando a situação relativa à COVID-19 estiver solucionada, todavia quanto mais for a duração do shutdown menor será a probabilidade de uma recuperação em V como se tem vindo a falar nas últimas semanas.

Recuperação dos índices mundiais

Desde o final de março que temos vindo a assistir a uma recuperação significativa dos índices mundiais, com destaque naturalmente para os índices americanos, colocando em cima da mesa a questão se será este o momento de reentrada para aproveitar os preços mais apelativos do mercado no seu todo. Se analisarmos esta subida a que assistimos nas últimas semanas, muitos defensores de que este rali é apenas o início de uma recuperação que irá colmatar em novos máximos históricos, argumentam que o mercado financeiro é forward-looking na medida em que desconta primeiramente uma recessão económica antes de esta se materializar. Alegam também que quando compramos uma ação, compramo-la na base daquele que é o seu valor no médio-longo prazo, e não naquilo que está a acontecer no presente a nível económico. O mercado acionista americano irá, sem qualquer tipo de dúvida, convergir para novos máximos históricos, mais tarde ou mais

cedo. A questão aqui prende-se com o facto de haver uma clara divergência entre o comportamento da economia real, parte macro e o impacto que esta recessão, que será a maior desde a grande depressão de 1929, irá ter nos resultados das empresas e nas suas projeções de crescimento, parte micro. Olhando para o rácio Price/Earnings do S&P 500, é verdade que a a diminuição do numerador demonstra uma maior apetência para acreditar que o mercado em si está mais barato, no entanto temos de ter em conta que o denominador também ele irá diminuir, levando a que o rácio possa atingir níveis superiores aos anteriores ao crash a que assistirmos no início do ano. A atuação da FED através do seu programa de QE “infinity”, injetando liquidez ao ritmo de 1 milhão de dólares por segundo, inclusive em mercados como o obrigacionista de high yield, as chamadas junk bonds, acaba por contribuir para uma distorção dos preços dos ativos face aos seus fundamentais, alimentando a criação de bolhas, onde mais tarde ou mais cedo, esses preços fictícios e inflacionados são corrigidos. O organismo liderado por Jerome Powell, é, sem dúvida, o principal responsável por toda esta recuperação a que temos vindo a assistir, e a sua atuação para fazer face a esta crise deve ser posta em causa, na medida em que todas as suas políticas parecem ter o objetivo de apoiar o sistema financeiro, em vez de amparar o brutal choque económico que os Estados Unidos estão a atravessar. Outro fator que creio também ter contribuído bastante para esta recuperação foi o chamado fator psicológico FOMO – Fear of Missing Out. Depois de assistirmos a crashs bolsistas, existe uma tendência natural para os investidores reentrarem no mercado, procurando o seu bottom. O que acaba por se materializar é que numa fase de quedas sangrentas, são poucos aqueles que acreditam que o mercado irá reverter

a partir desse ponto, o que faz com que grande parte dos investidores chegue tarde à recuperação dos índices acionistas. Vendo algum tipo de recuperação, existe esse “medo” de ficar de fora dessa recuperação, levando a que se reentre no mercado, contribuindo para que as subidas sejam cada vez mais significativas, numa espécie de efeito de bola de neve. Visto que a situação económica mundial se encontra numa fase de deterioração severa, tendo em conta que o ouro continua a percorrer o seu caminho ascendente, procurando os máximos da crise financeira de 08-09, divergindo também com o último rali ascendente a que assistimos nos índices, acredito que possamos ainda ver mais algum tipo de força vendedora nos índices acionistas. A situação inédita que vivemos no mercado petrolífero, onde tivemos o futuro de maio do crude WTI a cotar a preços negativos, acabou por funcionar como uma wake up call para o mercado. A época de resultados que agora se inicia trará mais dados mensuráveis e concisos, que trarão mais clareza relativamente ao violento impacto do lockdown da economia nos resultados das várias empresas. Em termos técnicos, o VIX e os índices também indicam que mais pressão vendedora poderá vir nas próximas semanas. Independentemente do que acontecer nas próximas semanas, o leitor relembre-se que ninguém tem uma bola de cristal, e que o mais importante, acima de tudo, muito mais do que especular nos máximos e mínimos relativos de mercado, que ninguém consegue prever com 100% de certeza, é estar investido de forma constante para aproveitar a sua tendência de crescimento de médio-longo prazo, aproveitando estas correções que vão acontecendo não para vender a desbarato o seu portefólio, mas para aproveitar para reforçar a sua carteira.

FRANCISCO QUADRIO MONTEIROMulti-asset account manager do BiG

MERCADOS

22 SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020

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Eur/Usd consolida acima dos $1,08

PSI-20 - ANÁLISE DE LONGO PRAZO

O PSI-20 vinha a transacionar com uma perspetiva bullish. No entanto, falhou o teste aos 4 300 pontos e acabou por corrigir em baixa. Tendo em conta que os indicadores técnicos, nomeadamente o MACD, continuam a fornecer sinal de compra, e o suporte dos 4 mil pontos, o índice poderá encontrar suporte neste nível e ressaltar, vindo a realizar um novo teste aos 4 300 no curto prazo. Não obstante, se quebrar em baixa os 4 mil pontos, poderá inverter a tendência de alta para o curto-prazo, e recuar até aos 3 500 pontos.

DAX 30 - ANÁLISE DE LONGO PRAZO

Relativamente ao índice germânico, não há muitas novidades a reportar. O DAX lateralizou na última semana acima do suporte dos 10 240 pontos. No entanto, o MACD continua a apresentar sinal de compra o que poderá indicar que o índice poderá ressaltar no referido suporte no curto-prazo, tendo como próxima resistência os 11 mil pontos.

YIELD 10 ANOS PORTUGAL

Eur/UsdApós as perdas das últimas se-

manas, o Eur/Usd apresenta uma perspetiva cada vez mais bearish, à medida que é comprimido den-tro do triângulo descendente. Se a tendência se mantiver, poderá ser esperado um breakout ao suporte dos $1,08 no curtíssimo-prazo.

Eur/JpyO Eur/Jpy deu seguimento às

quedas após ter falhado o teste aos 23,6% de retração de fibonacci. O par começa a apresentar uma perspetiva cada vez mais bearish para o curtíssimo prazo, devendo continuar a recuar de encontro

aos 0% de retração, em torno dos115.8 ienes.

Eur/GbpAs últimas semanas têm sido

relativamente calmas para o Eur/Gbp, com o par a consolidar emtorno dos 38,2% de retração de fi-bonacci (£0,87). Não obstante, nasduas últimas sessões o par registoualgum movimento, subindo até aos50% de retração (£0,88) nível quesegue neste momento a testar. Osindicadores técnicos continuam aapresentar sinais praticamente nu-los, sendo assim que o resultado aoreferido teste deverá ditar o movi-mento do par no curto prazo.

TAXAS EURIBOR E REFI BCE

CONDIÇÕES DOS BANCOS CENTRAIS Euro Refinancing Rate 0,00%BCE Euro Marginal Lending Facility 0,25% Euro Deposit Facility -0,50%

*desde 10 de março 2016

EUA FED Funds 0,25%R.Unido Prime Rate 0,10%Brasil Taxa Selic 3,75%Japão Repo BoJ -0,10%

EUR/USD

RUI COSTA [email protected]

FUTUROS EURIBORData 3 Meses Implícita

maio 20 -0,165%julho 20 -0,220%

dezembro 20 -0,260%setembro 21 -0,305%

março 22 -0,310%setembro 22 -0,300%

Até terça-feira as Euribor até estiveram a recuar muito ligeiramente, contrariando a tendência que se vinha observando nas últimas semanas. No entanto, já se nota novamente a pressão em alta nas taxas de monetário, fazendo com que a Euribor a 1 ano tenha atingido o valor mais alto desde novembro de 2016, à medida que se aproxima dos 0%. As contínuas injeções de liquidez que vão sendo feitas pelo BCE no sistema financeiro estão a ter impacto, mas ainda sem conseguir atenuar os aumentos dos pedidos de empréstimos de curto prazo entre bancos e alguma subida dos níveis de risco do sistema.Na terça-feira, foi apresentado o índice que mede a confiança de investidores e analistas alemães por parte do instituto ZEW. O valor apresentado mostra que, apesar de haver consciência de uma situação atual bem pior que a do mês passado, as expetativas começam agora a surgir um pouco mais otimistas. Com a indústria alemã lentamente a regressar à normalidade e com perspetivas de o confinamento começar gradualmente a ser abandonado, o enorme pessimismo do mês passado parece estar a dissipar. No dia

seguinte, o ministro das finanças alemão anunciou que este ano se prevê um défice orçamental de 7,25%, colocando o rácio de dívida pública sobre o PIB em 75,25%.No que respeita a política europeia, destaque para a nova conferência de líderes que se realizou na passada quinta-feira para determinar formas de auxiliar a economia. Numa declaração a órgão de informação do seu país, a chanceler Angela Merkel mostrou, antes da reunião, alguma abertura para solidariedade com os países europeus mais afetados, afirmando que a Alemanha não se vai opor à utilização de instrumentos de mutualização de dívida (referiu-se a curto prazo), desde que o mesmo não vá contra os tratados europeus. Mostrou também abertura para rever esses tratados, mas afirmou que tal poderá levar anos a concluir. No que respeita às taxas fixas de prazos mais longos, registou-se esta semana um alargamento dos spreads entre países do sul e países do centro, exatamente devido ao facto de esta questão do financiamento de apoio à economia não estar ainda resolvida. As taxas dos países do núcleo, como a Alemanha, voltaram a cair, fruto

de uma maior aversão ao risco, especialmente depois da queda abrupta dos preços do petróleo. A taxa fixa a 10 anos está novamente negativa. Já a dívida dos países do Sul tem vindo a ver a sua remuneração a subir, destacando-se Itália onde os 10 anos pagam já acima de 2%, sendo que também em Portugal essa maturidade já paga acima de 1,20%. Há indicações de que o BCE tem vindo a “intervir” para limitar este alargamento de spread, comprando dívida destes países nas suas compras regulares. Um entendimento na quinta-feira poderia retirar parte da pressão nos mercados de dívida europeia.Portugal colocou pouco mais de J1000 milhões no leilão de quarta-feira, sendo que no prazo de 6 anos a colocação foi de J418 milhões e nos 10 anos foi de J598 milhões. Como seria de esperar e tendo em conta as circunstâncias de mercado, o custo da emissão foi acima do verificado em colocações anteriores. Nos 6 anos a taxa média de 0,84% ficou 78 pontos base acima da última, tal como nos 10 anos, em que a taxa média ficou nos 1,19%. ANÁLISE PRODUZIDA A 22 DE ABRIL DE 2020

MERCADO MONETÁRIOINTERBANCÁRIO

FILIPE GARCIAEconomista da IMF – Informação de Mercados [email protected]

Spreads Norte-Sul voltam a alargar

22/abril/20Var. Semanal

(%)

Var. a 30 dias

(%)

Var. desde

1 jan (%)

EUR/USD 1,0867 -0,88% -1,05% -9,93%

EUR/JPY 117,01 -0,55% -0,42% -13,55%

EUR/GBP 0,8792 0,76% -3,20% -1,16%

EUR/CHF 1,0523 -0,19% -0,36% -10,20%

EUR/NOK 11,6775 3,23% 1,49% 19,47%

EUR/SEK 10,9423 0,24% -0,16% 11,33%

EUR/DKK 7,4589 -0,05% -0,19% 0,20%

EUR/PLN 4,5349 -0,27% 1,62% 8,93%

EUR/AUD 1,7199 0,35% -5,95% 11,59%

EUR/NZD 1,8200 1,07% -1,19% 7,34%

EUR/CAD 1,5375 0,77% -0,88% 1,63%

EUR/ZAR 20,4413 2,08% 12,14% 37,19%

EUR/BRL 5,7866 2,26% 4,68% 46,48%

MERCADOS

SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020 23

EVOLUÇÃO EURIBOR (EM BASIS POINTS)21abril 2020 25.setembro 2019 16.outubro 2019

1M -0,425% -0,453% 0,028 -0,458% 0,033

3M -0,233% -0,410% 0,177 -0,410% 0,177

6M -0,178% -0,375% 0,197 -0,354% 0,176

1Y -0,078% -0,325% 0,247 -0,299% 0,221

EURO FRA’SForward Rate Agreements

Tipo* Bid Ask1X4 -0,140 -0,1203X6 -0,200 -0,1801X7 -0,100 -0,0803X9 -0,140 -0,120

6X12 -0,180 -0,16012X24 -0,140 -0,120

*1x4 – Período termina a 4 meses, com início a 1M

EURO IRSInterestSwapsvs Euribor 6M

Prazo Bid Ask2Y -0,184 -0,1783Y -0,216 -0,1765Y -0,172 -0,1628Y -0,078 -0,06810Y -0,018 0,022

Obrigações 5Y 10Y 0,82 1,29

0,59 1,14-0,21 0,13-0,61 -0,421,54 2,080,18 0,320,37 0,61-0,11 0,00

Fontes: Reuters e IMF

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TítuloÚltima

Cotação

Variação

Semanal

Máximo

52 Sem

Mínimo

52 Sem

EPS

Est Act

EPS Est

Fut

PER Est

Act

PER Est

Fut

Div. Yield

Ind

Div. Yield

EstData Act Hora Act

ALTRI SGPS SA 4,614 4,96% 7,315 2,750 0,382 0,504 12,079 9,155 6,50% 6,03% 22-04-2020 16:35:07

IBERSOL SGPS SA 3,980 -10,56% 9,200 3,950 0,200 -0,130 19,900 - 2,51% 1,26% 22-04-2020 16:29:45

BANCO COMERCIAL

PORTUGUES-R

0,094 -4,96% 0,289 0,089 0,018 0,023 5,217 4,083 - 3,19% 22-04-2020 16:39:09

F. RAMADA INVESTIMENTOS

SGPS SA

2,790 -4,12% 7,780 2,600 0,280 0,320 9,964 8,719 21,43% 5,02% 22-04-2020 15:38:07

CORTICEIRA AMORIM SA 8,690 3,58% 11,780 7,480 0,594 0,683 14,630 12,723 - 3,25% 22-04-2020 16:35:24

CTT-CORREIOS DE

PORTUGAL

2,165 -5,25% 3,408 1,732 0,265 0,317 8,170 6,830 - 7,53% 22-04-2020 16:35:03

EDP-ENERGIAS DE

PORTUGAL SA

3,797 2,90% 4,987 2,994 0,229 0,242 16,581 15,690 5,00% 5,03% 22-04-2020 16:35:27

EDP RENOVAVEIS SA 10,540 0,38% 13,800 8,120 0,368 0,422 28,641 24,976 0,76% 0,89% 22-04-2020 16:35:28

GALP ENERGIA SGPS SA 9,270 -3,90% 15,950 7,738 0,442 0,745 20,973 12,443 7,27% 7,84% 22-04-2020 16:35:05

JERONIMO MARTINS 15,930 0,92% 17,425 12,760 0,701 0,765 22,725 20,824 2,17% 2,39% 22-04-2020 16:37:14

MOTA ENGIL SGPS SA 1,082 -10,87% 2,440 1,007 0,230 0,450 4,704 2,404 6,84% 4,62% 22-04-2020 16:35:19

NAVIGATOR CO SA/THE 2,258 -4,48% 3,864 1,869 0,213 0,248 10,601 9,105 12,38% 10,94% 22-04-2020 16:35:19

NOS SGPS 3,368 -2,43% 6,050 2,680 0,314 0,341 10,726 9,877 8,25% 10,07% 22-04-2020 16:35:17

PHAROL SGPS SA 0,066 -3,49% 0,173 0,050 - - - - - - 22-04-2020 16:29:40

REDES ENERGETICAS

NACIONAIS

2,405 -1,43% 2,820 1,894 0,160 0,166 15,031 14,488 7,11% 7,07% 22-04-2020 16:35:07

SEMAPA-SOCIEDADE DE

INVESTIM

8,760 -0,90% 15,240 6,960 1,430 1,570 6,126 5,580 5,84% 5,51% 22-04-2020 16:35:27

SONAE CAPITAL SGPS SA 0,477 -3,64% 0,924 0,390 0,000 0,025 - 19,080 15,51% 5,45% 22-04-2020 16:29:46

SONAE 0,680 4,45% 1,009 0,500 0,088 0,080 7,727 8,500 6,81% 7,21% 22-04-2020 16:35:23

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PAINEL BANCO SANTANDERTÍTULOS EURONEXT LISBOA

Este relatório foi elaborado pela tesouraria do Banco Santander em Portugal, telf 21 381 65 80, email: [email protected], com base em informação disponível ao público e considerada fidedigna, no entanto, a sua ex-actidão não é totalmente garantida. Este relatório é apenas para informação, não constituindo qualquer proposta de compra ou venda em qualquer dos títulos mencionados.

TítuloÚltima

Cotação

Variação

Semanal

Máximo

52 Sem

Mínimo

52 Sem

EPS Est

Act

EPS

Est Fut

PER Est

Act

PER

Est Fut

Div. Yield

Ind

Div. Yield

EstData Act Hora Act

BANCO SANTANDER SA 1,924 -3,84% 4,610 1,865 0,234 0,356 8,223 5,405 11,95% 4,57% 22-04-2020 16:38:00

INDUSTRIA DE DISENO

TEXTIL24,000 -6,83% 32,280 18,505 0,873 1,190 27,491 20,168 0,92% 3,24% 22-04-2020 16:38:00

REPSOL SA 7,394 -0,56% 15,665 5,920 0,474 1,190 27,491 20,168 0,92% 3,24% 22-04-2020 16:38:00

TELEFONICA SA 4,012 -2,97% 7,592 3,533 0,591 0,625 6,788 6,419 9,97% 9,97% 22-04-2020 16:38:00

SIEMENS AG-REG 79,010 0,57% 119,900 58,770 5,453 6,928 14,522 11,430 4,94% 4,72% 22-04-2020 16:35:16

CARREFOUR SA 13,790 -2,20% 18,150 12,195 1,219 1,326 11,313 10,400 1,67% 3,81% 22-04-2020 16:37:34

BAYER AG-REG 59,600 5,19% 78,340 44,855 6,958 7,909 8,583 7,551 4,70% 4,93% 22-04-2020 16:35:11

DEUTSCHE BANK AG-

REGISTERED5,649 0,30% 10,370 4,449 -0,520 0,149 - 37,966 - 0,21% 22-04-2020 16:35:07

RWE AG 24,390 -1,81% 34,640 20,050 1,612 1,963 15,112 12,410 3,28% 3,60% 22-04-2020 16:35:14

VOLKSWAGEN AG 128,700 -0,23% 185,000 99,160 13,148 22,512 9,743 5,690 5,05% 3,28% 22-04-2020 16:35:09

ING GROEP NV-CVA 4,720 1,04% 12,072 4,226 0,785 0,918 6,012 5,141 - 7,10% 22-04-2020 16:35:53

Galp Gás Distribuição reduz volume de negóciosA Galp Gás Distribuição registou uma quebra de 4,3 milhões de euros no volume de negó-cios, enquanto o EBITDA sofreu uma descida de 1,7 milhões, face ao exercício anterior. Já o resultado líquido da empresa cresceu um milhões de euros, sobretudo devido ao justo valor positivo da reavaliação da participação inicial da Tagusgás, refere a empresa de distribuição em comunicado.

Fundos mobiliários caem mais de 11%O valor sob gestão dos organismos de investimento coletivo em valores mobiliários (OICVM) totalizou 11,455 mil milhões de euros, em março, menos 11,3% do que em fevereiro. Nos organismos de investimento alternativo (OIA), o valor mensal sob gestão desceu 6,7% para 332,5 milhões de euros. O valor das aplicações em ações desceu 22,6% em relação ao mês an-terior nas de emitentes nacionais e 15,7% nas de emitentes estrangeiros.

Depois das taxas de juro negativas, que persistem em muitas geografias e em algumas rentabilidades dos títulos soberanos há cerca de 10 anos, eis que o contrato de maio do West Texas Intermediate (WTI), a referência norte-americana para o petróleo, cujo último dia de negociação foi a última terça-feira (dia 21), cotou na segunda-feira (dia 20) nos -40 dólares/barril, pela primeira vez em território negativo. Este, com certeza, ainda há poucas semanas era um cisne negro. E quantos não existirão ainda por aí perdidos nos mercados financeiros?

O WTI é transacionado na Bolsa de mercadorias de Chicago (CME). O local de entrega é em Cushing, pequena cidade do Oklahoma no interior dos EUA, a cerca de mil km da costa sul dos EUA. A posição estratégica de Cushing e uma rede de oleodutos foram desenhados na década de 60 para abastecimento dos EUA de petróleo. O crude canadiano, através do pipeline de Keystone, e o petróleo do golfo do México, através de Houston, abastecem a cidade de Oklahoma, que também é servida pelas zonas continentais dos EUA, como o Texas. Não há oleodutos no sentido inverso, resolvendo parte do problema, com o envio de muito petróleo de Cushing para Houston, no litoral.

A localização e a oferta serão, provavelmente, os principais fatores que definem a cotação e o diferencial entre o WTI de Nova Iorque, mais barato apesar de ser um “light sweet” de excelente qualidade, e o Brent de Londres, referência para dois terços da produção mundial. O WTI, referência para os EUA, é um “landlocked” – localiza-se no interior - e padece de excesso de oferta. O Brent é um “waterborne” – localiza-se no litoral - e é caracterizado pela escassez de oferta, mas, atualmente, poderá vir a sofrer do mesmo problema do WTI, devido à crescente falta de super-petroleiros para armazenamento de crude…

O corte na produção de petróleo, por parte da OPEP+ e da maior parte dos restantes produtores mundiais, de cerca de 10 milhões de barris diários, entra em vigor a 1 de maio.

No entanto, é insuficiente face à significativa quebra da procura à volta de 30 milhões de barris. Era esperado para este ano que o consumo diário de petróleo ultrapassasse pela primeira vez os 100 milhões de barris. A produção excede em muito a procura e o remanescente tem que ser armazenado.

Investidores, nomeadamente os “traders” de petróleo físico, devido à dificuldade em encontrar local para armazenar o petróleo foram obrigados a alienar a qualquer preço, nos últimos dias de negociação do contrato de maio. Também investidores que compram apenas numa ótica financeira, tiveram que vender, ou adquirir o contrato de junho, a qualquer preço, num fenómeno de “long covering”.

Os stocks não param de aumentar. Não há onde armazenar o petróleo. O melhor local é “armazenado” na mãe natureza, no subsolo. Mas reduções da oferta não são imediatas. Depois de abrir um poço, o petróleo sai com a pressão natural e não é fácil fechar a torneira... Estamos perante um super “contango”, cujo petróleo para entrega imediata é muito mais barato, devido ao excesso de oferta, que os contratos futuros para os meses seguintes e próximos anos. Este fenómeno irá continuar enquanto a oferta exceder a procura. Em virtude do crescimento económico, o normal é a procura superar a oferta, e os contratos mais recentes serem mais caros que os de prazos mais longos, o fenómeno “backwardation”. Os contratos de julho e agosto, que têm mais posições abertas, poderão ser pressionados, enquanto se mantiver a crescente escassez de armazenamento, e poderá reduzir o super contango nos meses mais próximos. O de junho tem muito poucas posições abertas, e tornou-se irrelevante…

Muitos países produtores de petróleo, como Angola, cujos orçamentos estão alicerçados nas receitas cada vez menores do petróleo, devido ao corte da quota de produção e à cotação gradualmente mais baixa, poderão sofrer quebras muito significativas do PIB.

Petróleo, mais um cisne negro!

PAULO ROSAEconomista Sénior do Banco Carregosa

MERCADOS

24 SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020

PAINEL BANCO SANTANDERTÍTULOS MERCADOS EUROPEUS

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eBrokerAs principais bolsas mundiais ao seu alcance.O acesso digital dos mercados

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Page 25: PUB ‘E-commerce’ ajuda empresas a manter a atividade ... · ATUALIDADE SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020 3 Contabilistas acusam sociedades de garantia mútua A bastonária da Ordem

Foi criado no passado dia 18 o Sistema de Incentivos à Inovação Produtiva no contexto da COVID -19, um programa destinado a apoiar o fabrico de bens e serviços relevantes para fazer face à COVID-19, sendo considerados como tal os medicamentos e tratamentos relevantes (incluindo vacinas), seus produtos intermédios, princípios farmacêuticos ativos e matérias-primas, dispositivos médicos e equipamento médico e hospitalar (incluindo ventiladores, vestuário e equipamento de proteção, bem como instrumentos de diagnóstico) e as matérias-primas necessárias, desinfetantes e seus produtos intermédios e substâncias químicas básicas necessárias para a sua produção e ferramentas de recolha e processamento de dados.Podem candidatar-se as PME e Não PME localizadas em Portugal Continental, que estejam legalmente constituídas, que não tenham sido consideradas como empresa em dificuldade em 31/12/2019 e que não sejam empresas sujeitas a uma injunção de recuperação.São condições de acesso dos projetos:• Ter data de início dos trabalhos

a partir de 01/02/2020 – se iniciado antes desta data, apenas são elegíveis os custos adicionais relacionados com os esforços de aceleração dos

trabalhos ou de alargamento do âmbito do projeto;

• Ter duração uma máxima de execução de 6 meses;

• Ter uma pontuação de mérito no critério A - Qualidade do projeto superior a 1;

• Apresentar uma despesa elegível entre 25.000 J e 4.000.000 J.

O apoio é um subsídio a fundo perdido correspondente a 80% das despesas elegíveis, sendo possível obter uma majoração de 15 p.p. (taxa de apoio total de 95%) se o projeto for concluído no prazo de 2 meses a contar da data da notificação da decisão favorável.Caso o prazo máximo de execução de 6 meses não seja cumprido por motivo imputável ao beneficiário, há lugar ao reembolso de 25% do apoio atribuído, por cada mês de atraso para além do prazo máximo de execução, nas seguintes condições: 1. O plano de reembolso tem

início 30 dias após a decisão de encerramento do projeto;

2. Sem pagamento de juros ou outros encargos;

3. As amortizações são efetuadas em prestações anuais, iguais e sucessivas;

4. O prazo de reembolso pode ir até 5 anos.

São elegíveis todos os custos de investimento necessários para a produção de bens e serviços

relevantes para a COVID -19, bem como o custo de novas instalações para ensaios de produção, relacionados com:1. máquinas e equipamentos,

equipamentos informáticos e software;

2. patentes, licenças ou conhecimentos técnicos não protegidos por patente;

3. construção de edifícios, obras de remodelação e outras construções, até ao limite de 50% das despesas elegíveis totais do projeto;

4. intervenção de CC/ROC, na validação da despesa dos pedidos de pagamento, até ao limite de 5000 euros;

5. estudos, diagnósticos, auditorias, consultoria técnico- -científica, planos de marketing e projetos de arquitetura e de engenharia;

6. testes e ensaios laboratoriais e matérias-primas necessárias, certificações e avaliações de conformidade.

A proposta de decisão sobre as candidaturas é proferida em 10 dias úteis após a data da candidatura e é notificada ao beneficiário em 3 dias úteis a contar da sua emissão. As candidaturas encontram-se abertas até 29/05/[email protected] 348 500

CONSULTÓRIO DE FUNDOS COMUNITÁRIOS

SI INOVAÇÃO NO CONTEXTO DO COVID-19

No último fim-de-semana vi uma notícia na televisão sobre um novo programa que permitiria às empresas têxteis portuguesas obter um apoio no redirecionamento da sua produção em torno de equipamentos de proteção contra a COVID-19. De que se trata?

FRANCISCO JAIME QUESADOEconomista e Gestor

[email protected]

Portugal vai ter que apostar mui-to rapidamente na implantação de uma verdadeira economia da competência como resposta à pre-sente crise. Discutir e avaliar hoje a dimensão estrutural da aposta da transformação de Portugal numa verdadeira economia da competência é, de forma clara, antecipar com sentido de realismo um conjunto de compromissos que

teremos que ser capazes de fazer para garantir o papel do nosso país num quadro competitivo complexo mas ao mesmo tempo altamente desafiante. Uma eco-nomia da competência é um dos fatores centrais para dinamizar novas soluções estratégicas para a nossa economia e sociedade, num tempo global complexo e exigente que esta crise veio acelerar.

Economia mais, economia menos

ECONOMIA MAIS

O EXEMPLO DAS CIDADES - O papel das cidades e regiões na dinamização de uma nova base competitiva torna--se cada vez mais importante ao nível da economia global. Vários são os exemplos no nosso país, e também em termos internacionais pela excelente cooperação entre a universida-de, empresas e os municípios, projectando uma ambição de criação de valor com efeitos muito positivos na procura de soluções para a crise.

O PAPEL DA DIPLOMACIA - O papel das novas gerações de talentos portugueses espalhados um pouco por todo o mundo na promoção da imagem de marca do país e na mobilização de uma agenda activa de captação de investimento direto estrangeiro tem sido um marco em termos de nova diplomacia. Neste período de crise, esta diplomacia inteligente terá também um contributo central para a procura de novas soluções de futuro.

RESPOSTAS À CRISE - Muitas têm sido as soluções prota-gonizadas por empresas e centros de competência para ajudar a responder a esta complexa crise epidémica que estamos a viver. Desde a solução de ventiladores do CEIIA, em Matosinhos, a todo o trabalho em rede feito na fileira têxtil, coordenado pelo CITEVE, os exemplos de aposta na excelência colocados por muitos gestores, investigadores e especialistas merecem uma re-ferência muito especial.

ECONOMIA MENOS

ESTABILIZAR O FINANCIAMENTO - O tema do finan-ciamento das empresas continua na ordem do dia neste tempo de crise. Face à necessidade de muitas empresas assegurarem com rapidez a sua sobrevivência, importa que a banca assegure de for-ma operativa a transferência de meios financeiros para as em-presas, para que estas possam dinamizar a sua atividade e desta forma garantir o seu futuro.

CONFIANÇA DOS MERCADOS - A estagnação de alguns mercados europeus centrais – Alemanha, França, Reino Unido e Espanha, que representam um peso decisivo nas exportações portuguesas – agravada pelo complexo momento que vivemos levanta questões estratégicas em relação à diversificação de mer-cados para a nossa economia. Precisamos que o programa de re-cuperação económica tenha uma agenda clara focada na área das exportações.

EMPREGO DE FUTURO - A economia portuguesa tem sido confrontada com um défice crescente de talentos e recursos hu-manos qualificados e algumas áreas críticas como as Tecnologias de Informação e Conhecimento (TIC) começam a demonstrar incapacidade de crescer nas suas diferentes dimensões. Na agen-da de recuperação económica que temos pela frente os talentos vão uma vez mais fazer a diferença.

A EDP Renováveis, através da sua subsidiária em Es-panha, assegurou um Contrato de Compra de Energia (CAE) para a venda de eletricidade a ser produzida por um portfólio de 59 MW de energia renovável. A EDP considera que este é mais um passo importante no re-forço da sua atividade no que respeita à energia verde.

O portfólio em causa compreende um parque eólico e dois parques fotovoltaicos, com a produção da ener-gia verde, evitando a emissão de 45 kt de dióxido de carbono por ano, refere a empresa em comunicado. O projeto eólico de 16 MW e o fotovoltaico de 43 MW têm instalação prevista para 2022/23.Com este novo contrato, a EDPR já garantiu, em Espanha, CAE para projetos no total de 148 MW, a serem instalados de 2020 a 2023.

Atualmente, a EDPR tem assegurado 80% dos ~7,0 GW de capacidade “build-out”eólica e solar prevista para o período de 2019 a 2022, conforme anunciado no Strategic Update de março de 2019. No comuni-cado à CMVM, é referido que “a EDPR continuará a analisar e desenvolver projetos que se enquadrem nos seus critérios internos de risco e rentabilidade”. Sobre-tudo, trata-se de um segmento que ainda está em cres-cimento e que assim se manterá, tendo em conta as

necessidades de garantir um ambiente mais limpo e asimposições impostas ao nível da sustentabilidade porparte da União Europeia.

EDP Renováveis assegura mais um contrato de compra em Espanha

EMPRESAS

SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020 25

Exportações japonesas com forte quebraAs exportações japonesas registam, em março, um valor de 54,3 mil milhões de euros, o que se traduziu numa quebra homóloga de quase 12 pontos percentuais. Foi a consequência da quebra nas vendas para os Estados Unidos, a China e a Europa ocidental. Foi o 16º mês con-secutivo em que o Japão apresentou um decréscimo nas suas vendas para o exterior.

A EDPR está a desenvolver uma estratégia de reforço da sua presença nos mercados internacionais, com especial desta-que para a Espanha.

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O mercado nacional tem mostrado um interesse crescente pela homeopatia. É uma atividade que está em crescimento e a Boiron pretende reforçar a sua presença em Portugal, onde já se posiciona como uma empresa de referência no que toca a este segmento da medicina. Vítor Cataluna, “country manager” da Boiron Portugal, garante que a inovação continua a ser uma das principais preocupações da empresa e que se mantém a estratégia de alargamento do seu portefólio.GUILHERME [email protected]

Vida Económica – Como se posiciona a Boiron no mercado português?

Vítor Catluna - A Boiron po-siciona-se como uma referência na Saúde, com o compromisso de disponibilizar aos doentes uma medicina mais humana, mais res-peitadora e mais sustentável. Em Portugal, podemos afirmar que, fruto de um cada vez maior conhe-cimento em torno da homeopatia, se verifica uma crescente utilização e interesse pelos medicamentos homeopáticos. Os profissionais de saúde, sobretudo os farmacêu-

ticos, muito têm contribuído para a consolidação da homeopatia no nosso país de uma forma rigorosa, mas também muito dinâmica. A Boiron está presente em Portugal há 10 anos com um crescimento sustentado. No ano passado, em relação ao período homólogo, e a título de exemplo, crescemos na ordem dos 6% em valor e de cer-ca de 4% em unidades vendidas. Atualmente, a Boiron está presen-te em cerca de 99% das farmácias em Portugal.

VE - Quais os principais pro-blemas que se colocam à vossa atividade?

VC - Não diria que são proble-mas, mas sim desafios. Nos últimos 10 anos a Boiron desafiou, criou e partilhou momentos de desenvol-vimento para os profissionais de saúde que quiseram desenvolver-se nesta visão mais humana de cuidar

sem dano, respeitando e olhando para o doente como um todo. Va-mos continuar esse caminho, pois acreditamos que o futuro da medi-cina passa pela complementarida-de da abordagem ao doente, bem como no respeito pelo meio que nos rodeia.

VE - Qual a estratégia para o mercado português?

VC - O mercado português é um mercado muito dinâmico do ponto de vista do interesse pela homeopatia. Contribuímos de forma constante para a formação de profissionais de saúde na área e retribuímos a confiança que os próprios e o público depositam na Boiron com o lançamento de pro-dutos cada vez mais inovadores que procuram dar resposta às suas necessidades. A nossa estratégia passa, sobretudo, pela consolida-ção da homeopatia e continuar a

contribuir para preservar a liber-dade e o direito dos profissionais de saúde e doentes de poderem optar pelas várias opções adequadas.

Criação de novas subsidiárias

VE - Que investimentos estão a ser ponderados? A atividade será alargada?

VC - A Boiron tem em mãos nos próximos anos o projeto de desen-volver as suas subsidiárias no mun-do. Desta forma, os profissionais de saúde terão maior conhecimento sobre os nossos medicamentos e a homeopatia e mais doentes virão a beneficiar dos mesmos. Por outro lado, pretendemos estar alinhados com as necessidades do mercado e novas tendências, pelo que iremos alargar o nosso portefólio.

VE - A legislação para o setor, em vigor, é a adequada?

VC - Enquanto laboratório far-macêutico, a Boiron rege-se pela legislação própria da Indústria Farmacêutica, assim como pelos códigos de conduta e boas práticas. No que respeita aos medicamentos homeopáticos produzidos e comer-cializados pela Boiron, cumprem a legislação em vigor e os elevados padrões de qualidade e segurança próprios da Indústria Farmacêu-tica. No caso específico de Portu-gal, os nossos medicamentos estão regulamentados pelo Decreto-Lei 176/2006, onde consta igualmente a transposição das diretivas euro-peias. Os nossos produtos são ven-didos exclusivamente em farmácias e parafarmácias e submetidos à ava-liação, autorização e supervisão do cumprimento da legislação aplicá-vel pelo Infarmed.

VE - O público está mais rece-tivo aos produtos homeopáticos? Quais os seus principais atrati-vos?

VC - A homeopatia é parte inte-grante da Medicina, por isso, tanto os profissionais de saúde como os consumidores ou os doentes sa-bem que podem contar com mais uma opção terapêutica. Os dados de análise de mercado de que dis-pomos revelam-nos um mercado homeopático em crescimento, o que significa que os produtos ho-meopáticos são uma solução te-rapêutica considerada e, por isso, têm vindo a conquistar a confian-ça dos portugueses. Cerca de 400 mil profissionais de saúde em todo o mundo incluem medicamentos homeopáticos na sua prática clí-nica, tanto como terapêutica de primeira escolha, em associação com outros medicamentos ou em complemento de outras terapêuti-cas. A eficácia, a rapidez de ação, a abordagem integrada e a segurança do medicamento homeopático são algumas das suas vantagens que o tornam único.

VE - A concorrência não é já excessiva no setor?

VC - A Boiron é líder no fabrico e comercialização de medicamen-tos homeopáticos, com um vasto portefólio de produtos que podem ser utilizados no tratamento de doenças e sintomas como gripe, constipações, tosse, rinite, enjoos, distúrbios do sono, entre muito outros. Alcançámos uma posição de destaque no mercado, que as-seguramos com responsabilidade e confiança, através do investimento que temos vindo a fazer no merca-do português.

EMPRESA DE HOMEOPATIA

Boiron investe e reforça presença no mercado português

NEGÓCIOS E EMPRESAS

26 SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020

Há uns anos, abri um restaurante num local que arrendei, mas, por cau-sa do estado de emergência, há mais de um mês que tenho o restaurante encerrado. Embora tenha pago a renda de março, não sei se conseguirei pagar as rendas que se seguirem até que me seja permitido reabrir o restaurante.

Entretanto, acabei de ler, nesta co-luna, um artigo sobre a possibilidade de, na presente situação de estado de emergência, os “inquilinos habitacio-nais” poderem deixar de pagar a renda sem qualquer penalização. Será que essa possibilidade também se aplica a arrendamentos que não sejam “habita-cionais” como o meu?

Muito embora a legislação aplicável à

mora no pagamento de rendas continue a determinar que, se o arrendatário não proceder ao seu pagamento, até ao oitavo dia a contar da data em que, segundo o contrato de arrendamento deveria fazê-lo, o senhorio tem o direito de exigir uma indemnização igual a 20% das rendas em dívida, salvo se o contrato for resolvido com base na falta de pagamento, foi publicado e está em vigor um regime excecional de mora no pagamento de rendas.

O referido diploma, efetivamente, é aplicável quer aos arrendamentos habitacionais, conforme exposto no artigo que o leitor refere, quer a determinados contratos de arrendamento não habitacionais.

Concretamente, no que concerne aos arrendamentos não habitacionais, o diploma

só é aplicável aos estabelecimentos de restauração e similares, bem assim como aos estabelecimentos abertos ao público destinados a atividades de comércio a retalho e de prestação de serviços encerrados ou que tenham as suas atividades suspensas ao abrigo do Decreto n.º 2-A/2020, de 20 de março, ou por determinação legislativa ou administrativa, nos termos previstos no Decreto-Lei n.º 10-A/2020, de 13 de março, ou ao abrigo da Lei de Bases da Proteçao Civil, aprovada pela Lei 27/2006, de 3 de julho, da Lei de Bases da Saúde, aprovada pela Lei 95/2019, de 4 de setembro, ou de outras disposições destinadas à execução do estado de emergência.

Pelo exposto e como os estabelecimentos de restauração estão entre os previstos na legislação em questão, o leitor poderá diferir

o pagamento das rendas vencidas nos meses em que vigorar o estado de emergência e no primeiro mês subsequente, para os 12 meses posteriores ao término desse período, em prestações mensais nunca inferiores a um duodécimo do montante em falta, que serão pagas juntamente com cada a renda do mês em causa.

Nos arrendamentos supra mencionados, a falta de pagamento das rendas que se vençam nos meses em que vigorar o estado de emergência e no primeiro mês subsequente, não serão objeto da penalização de 20% supra referida nem poderá ser invocada como fundamento para resolução do arrendamento, denúncia ou outra forma de extinção dos contratos nem como fundamento para a desocupação do imóvel.

ARRENDAMENTO URBANO

Regime excecional de mora no pagamento de rendas não habitacionais

MARIA DOS ANJOS GUERRA [email protected]

Os produtos da Boiron são vendidos em parafarmácias e farmácias, sob au-torização do Infarmed, refere o responsável da empresa para Portugal, Vítor Cataluna.

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O EPIC SANA Marquês é a nova unidade cinco estrelas que está a nascer da reconversão do antigo SANA Lisboa, cujas obras de remodelação e ampliação es-tão a cargo de três empresas do dstgroup. A dst sa, – construto-ra, a dte – instalações especiais – e a bysteel fs, empresa especializada na conceção, engenharia e execu-ção de fachadas e envelopes arqui-tetónicos para edifícios, assumem assim a execução da empreitada, que representa um volume de ne-gócios de 10 milhões de euros, e que permitirá aumentar a capaci-dade de alojamento e a diversifi -cação de serviços prestados.

Assinado pelo NLA nuno leo-nidas arquitecto, o projeto inse-re-se na estratégia de expansão do grupo SANA Hotels para os pró-ximos anos, cujo investimento de mais de 400 milhões de euros em 10 projetos hoteleiros contempla novas aberturas e remodelações.

A intervenção da dst, s.a na ampliação do atual Sana Lisboa

Hotel estende-se a 19 pisos da unidade e inclui demolições, aca-bamentos e instalações especiais.

A Bysteel FS, especializada na execução de soluções construtivas em projetos arrojados e inovado-res, será responsável pelo projeto de caixilharia de alumínio e vi-dros. A dte – instalações especiais tem a seu cargo as empreitadas de instalações eléctricas, teleco-municações, segurança, GTC e AVAC.

Após as obras de benefi ciação, o futuro hotel, que adotará o conceito “EPIC”, fi cará dotado com quase 400 quartos, mais 140 do que possuía anteriormente, dois pisos de salas de conferências e eventos, zonas de lazer, SPA, duas piscinas e dois restaurantes temáticos, um italiano e outro de gastronomia japonesa, elevando assim os níveis de qualidade pelos quais a cadeia é já amplamente reconhecida

A obra de grande dimensão, localizada na Avenida Fontes Pe-reira de Melo, uma das principais artérias de Lisboa, representa uma

obra importante que complemen-ta e reforça o já sólido e reconheci-do portfólio de obras do dstgroup no setor da hotelaria.

Dstgroup amplia hotel EPIC do grupo SANA

Como inovarA minha empresa é o meu primeiro emprego

PORQUE o ato de empreender, de fazer, de criar, de inovar, de procurar soluções que nos melhorem a vida, está patente em todos nós.

PORQUE o empreendedorismo pode e deve ser parte de um pro-cesso formal de aprendizagem em sala de aula, e quanto mais cedo na vida das pessoas, melhor.

PORQUE o espírito empreendedor não é um traço de personalidade mas um comportamento que deriva de duas coisas: os conhecimentos e a atitude.

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EMPRESAS

SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020 27

Agricultura reforça resposta laboratorial à pandemiaO Ministério da Agricultura, através do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veteri-nária (INIAV), e em articulação com o Ministério da Saúde, através do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), vai reforçar a capacidade de resposta laboratorial aocombate à pandemia da Covid-19. Os dois laboratórios de Estado vão cooperar no diagnósti-co de doença. A sua capacidade de resposta deverá ser triplicada já no mês de junho.

Martifer com ganhos de 23,5 milhõesA Martifer obteve, no ano passado, um resultado líquido de 23,5 milhões de euros, potencia-do pelo impacto positivo da alienação de ativos na Renewables. O EBITDA cifrou-se em 28,9 milhões de euros, o que compara com os 15,2 milhões do exercício anterior. Os proveitos ope-racionais atingiram quase 267 milhões de euros, com destaque para a construção metálica. As exportações continuam a aumentar o seu peso nos negócios do grupo.

O futuro hotel, que adotará o conceito “EPIC”, fi cará dotado com quase 400 quartos

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Há cinco anos, a Dynatrace resolveu mudar o seu negócio, passando de uma pura empresa de APM para uma organização focada no software inteligente. John Van Siclen, CEO Dynatrace, contou à “Vida Económica” que forma é que a empresa se tem vindo a distinguir-se no mercado.SUSANA MARVÃO, EM LAS [email protected]

Vida Económica – Há cerca de cin-co anos, resolveu alterar por completo o negócio da Dynatrace, na altura sus-tentado na Gestão de Desempenho de Aplicações (APM). Uma atitude a que os investidores não terão achado particular piada. Como é que, hoje, define empre-sa?

John Van Siclen – Mais do que não acharem piada, os investidores pensavam que estávamos loucos. Mas hoje agrade-cem e concordam que foi a melhor opção. Atualmente, definimo-nos como uma em-presa de software inteligente. Porque a ver-tente de monitorização é muito redutora, é como uma ‘commodity’, é importante mas de relativamente baixo nível de valor. Ao contrário de software inteligente, que as pessoas quando ouvem são quase obriga-das a perguntar o que realmente é.

VE – E o que é?JVS – O software tomou conta do mun-

do e a nuvem, onde está o nosso software, veio potenciar os negócios e a transfor-mação das empresas. Daqui para a frente tudo terá a ver com o software e tudo será mais complexo. Sobretudo a forma como distintas peças vão interagir e trabalhar desde o nível mais baixo de infraestrutura até aos equipamentos finais que os clien-tes e as empresas utilizam para realmente conseguirem fazer negócio. O que acon-tece em todos estes sistemas complexos de software interconectado se não houver inteligência para precisamente os ligar e extrair daí os dados relevantes? O mais importante é recolher a informação apro-priada e entregá-la à pessoa certa dentro da organização. E para isso é necessário soft-ware inteligente.

VE – Mas isso requer realmente uma explicação. Foi fácil os clientes percebe-rem a mensagem da “nova” Dynatrace?

JVS – Quando nos sentamos com um cliente é relativamente fácil de explicar. Normalmente pedem-nos exemplos que-rem saber exatamente de que forma é que isto funciona. Mas em dois minu-tos podemos fazê-lo, até por telefone. O mundo é software, todos precisamos de software para trabalhar e a Dynatrace vai certificar-se que o software vai trabalhar

perfeitamente e cumprir os requisitos para que está desenhado. Simples.

VE – Sentem que esta transição, quando resolveram transformar o próprio negócio, foi um ‘salto de fé’?

JVS – Não, mais do que tudo foi con-fiança. Confiança na equipa e nos dados de mercado que tínhamos ao nosso alcance. Vi-mos a oportunidade e agarrámo-la no timing perfeito. Na altura já adivinhávamos que a cloud iria ser importante mas não sabíamos o ritmo a que iria ser adoptada, mas estava cla-ro que não iria ser uma tendência passageira. Sou um empreendedor por natureza, gosto da mudança e do risco, controlado e susten-tado, que as transformações trazem.

VE – Em agosto de 2019, abriram o capital ao mercado, com as acções da Dynatrace a subirem 49% na sua es-treia. Como tem corrido? Conseguiram a capitalização e flexibilidade financeira que pretendiam?

JVS – Temos vindo a gerar dinheiro há algum tempo por isso temos um cresci-mento em termos de lucro muito equili-brado. Mais do que tudo, a IPO veio trazer força à marca, e para os clientes isso é mui-to importante. Quando eles vão investir num parceiro para aumentar ou melhorar a sua plataforma estão mais confiantes do que nunca em nós e, nesse aspeto, ir para a bolsa foi um passo decisivo. Além de que nos dá mais transparência financeira, es-tamos agora noutro nível, temos acesso a mega corporações, com audiência de nível C. Estar cotado faz a diferença.

VE – Como define a concorrência?JVS – É uma pergunta interessante por-

que a cloud veio trazer aqui um novo di-

namismo. Antes, diria que os nossos con-correntes eram os clássicos player de gestão de desempenho de aplicações, que ainda de alguma forma continuam a ser. Mas es-tamos a distanciar-nos cada vez mais por-que nos reinventamos. Muito deles ainda estão a tentar descobrir qual a sua postura no mercado, como se irão movimentar. Temos agora como concorrentes os players de infraestrutura e, por isso, passamos a ter um mercado de concorrência muito gran-de. Basicamente, passámos de um merca-do de APM que valerá quatro mil milhões de dólares para um mercado de mais de 20 mil milhões. É uma batalha totalmen-te diferente mas que estamos mais do que prontos para enfrentar, vamos ver o que acontece nos próximos tempos. O merca-do é suficientemente grande para ter vários players fortes e nós temos a vantagem de nos diferenciarmos por já estarmos na área do software inteligente.

VE – Conseguem prever o negócio a dois anos?

JVS – Os clientes veem-nos como uma plataforma de automação e inteligência porque sensorizamos tudo e temos a capa-cidade de saber o que é importante e o que é irrelevante. E, sobretudo, temos a capaci-dade de saber como levar essa informação muito precisa a quem interessa, mesmo se estivermos a falar máquina-a-máquina. É basicamente um sistema nervoso e de inteligência. Por isso digo que o sistema de monitorização, per si, está morto. É demasiado simples e redutor e dá muito trabalho. Estes processos têm de ser auto-máticos, têm de ter uma camada de inte-ligência. Espero que os clientes entendam isso porque nós conseguimos realmente tornar os processos mais ágeis e assertivos

e libertar capital para ser investido em ou-tros projetos.

VE – Qual é a geografia mais interes-sante para a Dynatrace fazer negócio?

JVS – A maioria das empresas com as quais lidamos começam nos Estados Uni-dos e depois expandem o seu negócio. Nós acabamos por herdar muitos clientes da Compuware [NR: A Dynatrace nasceu de uma divisão da norte-americana Compu-ware] e por isso tornámo-nos globais mui-to rapidamente. Neste momento, cerca de 55% do negócio é feito nos EUA, apesar de a receita vir 80% desse mercado, e os restantes 45% do resto do mundo. Mas todas as geografias são importantes, sobre-tudo pela escalabilidade e previsibilidade que permitem. Não diria que uns são mais importantes do que outros. Obviamente que há que conquistar a América do Norte para se estar neste mercado e se quisermos ser globais. Se o conseguirmos e mantiver-mos as restantes partes do mundo, temos uma empresa efetivamente resiliente e du-radoura. Acreditamos que é isso que esta-mos a fazer.

VE – Como gostaria que a Dynatrace fosse descrita pelos analistas?

JVS – Como uma empresa cuja trans-formação feita há cinco anos foi melhor e mais rápida do que qualquer outra com-panhia. Como uma empresa que transfor-mou o seu negócio de apenas APM para realmente fazer a cobertura de todas as operações de TI. Como uma empresa cuja capacidade de automação e inteligência embutida na sua plataforma a distancia da concorrência e entrega valor significativo, muito para além da tradicional abordagem de monitorização.

JOHN VAN SICLEN, CEO DA DYNATRACE

“O software tomou conta do mundo”

TECNOLOGIAS

Saphety disponibiliza gratuitamente solução de faturação eletrónica Até 30 de junho, a multinacional tecnológica de origem portuguesa, em conjunto com entidades parceiras, como a Caixa Geral de Depósitos, a AICEP, a CP - Comboios de Portugal, a Câmara Municipal do Porto e a Câmara Municipal de Cascais, faculta sem custos a sua nova plataforma Saphety Invoice Network.

28 SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020

John Van Siclen assumiu o cargo de CEO em Agosto de 2008.

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TECNOLOGIAS

SEXTA-FEIRA, 24 DE ABRIL 2020 29

Em 2019, o número de startups do universo das tecnológicas fi nanceiras quase duplicou, atingindo as 21 700 empresas. Os Estados Unidos lideram a “corrida”.SUSANA MARVÃ[email protected]

Os últimos anos testemunharam um rápido crescimento de toda a indústria das startups fi nanceiras, denominadas fi ntech. Uma evo-lução alavancada pelo crescente uso de aplicações móveis para pa-gamentos digitais e por um cada vez maior interesse em soluções de tecnologia fi nanceira. A forte ten-dência crescente do mercado global de fi ntech foi seguida pelo aumento do número de startups deste novo universo da banca. Segundo dados recolhidos pelo Finanso.se, o nú-mero de fi ntech quase duplicou no ano passado, havendo cerca de 21 700 empresas deste setor em todo o mundo.

Em 2018, o total de startups fi n-tech em todo o mundo era 12 100, segundo os dados do Statista. Nesse mesmo ano, a América do Norte foi a região líder, com quase 5700 star-tups da área fi nanceira. Ou seja, mais de 40% destas empresas, nasceram no mercado norte-americano.

Europa, Médio Oriente e África foram as geografi as que se segui-ram, com quase 3600 empresas e mais de 2800 fi ntech foram criadas na Ásia e na região do Pacífi co. Até ao fi nal de 2018, o número de star-tups da área fi nanceira aumentou ligeiramente para mais de 12 200, continuando a maior parcela a per-tencer aos Estados Unidos.

No entanto, em 2019, o merca-do de fi ntech testemunhou uma verdadeira explosão no número de empresas, crescendo quase 80%. As estatísticas mostram que a América do Norte ainda representa a região líder globalmente. A maioria dos bancos dos EUA, grupos de capital de risco corporativo e outros investi-dores estão a apostar fortemente em fi ntech devido à crescente procura por estas soluções entre os utilizado-res. Nos últimos doze meses, o nú-mero de startups americanas na área fi nanceira aumentou 50%, atingin-do mais de 8700 no início de 2020.

A ascensão das fi ntech europeias

Mas se é verdade que os Estados Unidos são a geografi a que mais fi ntech tem, a Europa, o Médio Oriente e a África testemunharam o crescimento mais signifi cativo no número de startups, subindo mais de 105% e contando com quase 7400 empresas este ano. A região da Ásia e do Pacífi co seguiu-se com quase 4800 startups em 2020.

A estimativa dos analistas é que o

mercado europeu de fi ntech man-tenha a tendência de crescimento nos anos que se avizinham, au-mentando mais de 11% ano-a-ano, até 2025. Essa tendência é impul-sionada pelo ambiente regulatório favorável e estável criado pela dire-tiva de pagamento europeia PSD2, que exige que os bancos sejam mais abertos com os fornecedores de ser-viços de pagamento.

Além disso, os países europeus testemunharam um elevado volu-me de investimento de capital de risco nas empresas de tecnologia de

fi ntech nos últimos anos. Os dados revelam que em 2017, os investi-mentos atingiram o valor de 12,3 mil milhões de dólares ou seja, 11,3 mil milhões de euros. Nos doze me-ses seguintes, esse número cresceu mais de 3,5 vezes, atingindo 43,3 mil milhões (39,9 mil milhões de euros). Em 2019, o total de inves-timento nas empresas europeias de fi ntech ultrapassou os 58 mil mi-lhões de dólares (53,4 mil milhões de euros). Mais de 75% desse valor foi investido durante o terceiro tri-mestre do ano passado.

Número de startups fi ntech quase duplicou

ORADORES*

Sandra Alves AmorimAdvogada RSA-LP

João Luz SoaresAdvogado RSA-LP

Manuel Camarate Campos Advogado RSA-LP

António Raposo Subtil Advogado, Coordenador da RSA-LP

* Autores do “Guia Prático - Restruturação, Revitalização e Recuperação de Empresas”

INTRODUÇÃO DEJoão Luís Peixoto de SousaGrupo Vida Económica

27ABRIL2020das 15hàs 16:30h

PRINCIPAIS TEMAS

Enquadramento geralda recuperaçãode empresas (Noções Gerais)

Reestruturação de créditosbancários (Moratórias)

Regime extrajudicialde recuperaçãode empresas (RERE)

As vantagens do Processode revitalizaçãode empresas (PER)

A responsabilidadesdos dirigentesdas empresas em recuperação

Entrar na conferência Plataforma Zoomhttps://rsa-lp.zoom.us/j/94789342934

ID de acesso 947 8934 2934

Recuperação preventivadas Empresasno pós COVID-19O que as Empresas precisamde conhecer e de fazer

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Blog Instituto Liberdade Económica: www.institutoliberdadeeconomica.blogspot.com

Nº 1830 /24 de abril 2020 Semanal 2,40 J Portugal Continental

NOTA DE FECHO

Silvioooo…!

Portugal, com 0,2% do PIB, foi um dos 16 Estados-Membros que registaram um excedente orçamental, no ano passado. Já a União Europeia e a Zona Euro apresen-taram défi ces de seis décimas nos respeti-vos PIB, adianta o Eurostat.

O nosso país passou de um défi ce de 0,4%, no exercício anterior, para um excedente de 0,2% nas contas públicas, colocando-se entre os 16 países comu-nitários que registaram saldos positivos. O rácio do défi ce público (em relação ao PIB) subiu na Zona Euro de 0,5% para

0,6%, enquanto na União Europeia au-mentou de 0,4% para seis décimas per-centuais. Quanto à dívida pública, Por-tugal assistiu a uma descida da mesma de 122% para 117,7% do PIB. Apesar desta melhoria, a realidade é que se mantém o terceiro país com a maior dívida pública da União Europeia. Neste âmbito, a dí-vida pública da Zona Euro registou um recuo de 85,6% do PIB para 84,1%, no ano passado. Na União Europeia, passou de 79,6% para 77,8%, de acordo com o gabinete estatístico.

O Governo apresentou um total de sete medidas para que “as mais de 2.500 startups portuguesas consigam superar as consequências da pandemia Covid-19 e retomar a sua atividade normal após este período excecional”. As medidas contem-plam um valor global de 25 milhões de euros.

O apoio potencial traduz-se em apoio fi nanceiro através de um incentivo equi-valente a um salário mínimo por colabo-

rador, à prorrogação por três meses do benefício da bolsa anterior e ao apoio para startups com menos de cinco anos, através da contratação de serviços de in-cubação. Respeita ainda a um emprésti-mo convertível em capital social, após 12 meses, aplicando uma taxa de des-conto para evitar a diluição de promo-tores, bem como o lançamento de aviso da Portugal Ventures para investimentos em startups.

Portugal entre os 16 países da UE com excedente orçamental

Governo lança medidas para startups

JORGE A. VASCONCELLOS E SÁ Mestre Drucker School / PhD Columbia UniversityProfessor CatedráticoE-mail: [email protected]: www.vasconcellosesa.comLinkedIn: http://www.linkedin.com/in/vasconcellosesahttp://www.linkedin.com/company/vasconcellos-e-sa-associates/Twitter: https://twitter.com/VasconcelloseSa

Uma edição

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A biografi a de Alan Friedman (jornalista do Financial Times, International Herald Tribune, Wall Street Journal Europe) ba-seada em um mês de entrevistas com Ber-lusconi e acesso total a documentação, retrata um Silvioooo!, como era saudado pelo amigo e ex-chanceler alemão Schroe-der, amigo de Putin, de Bush (fi lho) e onde o duvidoso, o homem e o político(depois de empresário), se cruzam.

Duvidoso. Berlusconi teve dezenas de processos que lhe custaram centenas de milhões (!) de euros para se defender de inimigos (p.e. Carlo de Benedetti da Olivetti) e de magistrados italianos que Berlusconi acusa de não serem mais que travestis: políticos esquerdistas sob a capa de procuradores.

Condenado? Apenas uma vez por evasão fi scal. Aparentemente a lei recaía somente sobre quem assinasse as contas. Quem o fez foi ilibado. Berlusconi não escapou porque “não era crível que não tivesse co-nhecimento”.

Muitas outras condenações em primeira e segunda instância não se tornaram efec-tivas porque prescreveram.

E apesar de várias gravações alegada-mente entre “meninas” e Berlusconi, este insiste que nunca pagou a ninguém para sexo embora reconheça que… não é um santo.

A sua resposta à pergunta se foi fi el às suas duas mulheres, é semelhante à que Bolívar deu à sua amante Manuela Sáenz, quando questionado se tinha sido fi el du-rante uma campanha militar: “às vezes”. Berlusconi é mais íntegro: “frequentemen-te”, responde.

Convém aqui lembrar que o milioná-rio e ex-candidato presidencial americano Ross Perot dizia que nunca contratava um homem infi el, porque “se a mulher não pode confi ar nele, quem pode?”.

O homem. Nas palavras de Friedman “Berlusconi é o arquétipo do italiano, charmeur, sedutor, mulherengo, amante da dolce vita” e consequentemente…

“Querida, não te preocupes” disse Came-ron, ex-primeiro ministro do UK à mulher e diante do seu staff: “vou ter uma reunião com Berlusconi mas saio do jacuzzi antes de chegarem… as meninas… prometo!”

Cameron não se livrou contudo de na primeira reunião, Berlusconi insistir em mostrar-lhe um espelho duplo a toda a pa-rede de um palácio italiano: “no século de-zasseis não havia fi lmes pornográfi cos…”, explica Berlusconi.

Ou deste se voltar para um assisten-te de Cameron e dizer-lhe: “tenho que o apresentar à minha mulher; você é muito parecido com o amante dela” (aqui até Ca-meron admite ter-se rido).

Ou ainda de numa reunião de primei-ros-ministros em Bruxelas, Berlusconi

interrompê-la ligando o microfone e desa-bafar: “isto é tão aborrecido, tão aborreci-do, que sugiro a todos que façam como eu sempre que venham a Bruxelas: arranjem uma amante”.

Merkel (segundo Berlusconi devido a um comentário sexual apócrifo mas que Schroeder elogiava) detestava-o. Sarkozy(que após casar com Carla Bruni lhe terá dito, “Silvio agora sou rico como tu”), também. Christine Lagarde, na altura à frente do FMI praticava o que escreveu a Sarkozy quando era ministra francesa: “estou ao teu lado para te servir… usa-me quando e como quiseres… só necessito do teu apoio e liderança, sem o que sou inefi caz; assinado: com imensa admiração Christine L.”

Amigos do peito? W. Putin; G. Schroe-der; G. W. Bush (nota: todos homens… não Merkel, Carla Bruni mulher de Sarko-zy detesta-o, C. Lagarde…, idem a rainha de Inglaterra, enfi m, um mau exemplo para os maridos).

Amigos de ocasião, no sentido de que intervieram para o ajudar? Obama e Bar-roso.

Outros como Zapatero, tinham empa-tia e até simpatia para com ele, mas não se manifestavam, para passarem despercebi-dos. Debaixo do radar…

O político. Tentou ser o Reagan italia-no mas não conseguiu implementar as re-formas nem obstar a um longo declínio de duas décadas. Teve razão, segundo alguns, ao defender Gadhafi porque a alternativa seria pior.

Geriu bem a crise do Euro, resistindo à pressão para um empréstimo do FMI à Itália, que se veio a revelar desnecessário (e de qualquer modo seria suicídio político). Obama, aqui, começou neutral e acabou apoiando Berlusconi.

Foi (depois de Blair) o melhor amigo dos EUA. No Afeganistão. No Iraque. E ajudou decisivamente a melhorar as rela-ções entre os EUA e a Rússia.

E como empresário, vindo do nada (começou como entertainer em cruzeiros), tornou-se um gigante no imobiliário, dono do maior grupo de media de Itália (revolu-cionando a imprensa e a televisão) e dono do clube de sua paixão: o A.C. Milan, para acabar como o homem mais rico de Itália.

Pelo que, quando Berlusconi morrer passará à História como a personalidade política mais infl uente de Itália após a IIª Guerra Mundial. Para o bem, ou para o mal. É uma questão de opinião.

Mas até lá, quando lhe perguntam quando abandonará a política, responde: quando… tiver mais uma vitória…

E quando a família lhe pede para can-tar no seu palácio Villa San Martino, opta sempre pela sua música preferida: My Way.

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Este suplemento faz parte integrante da Vida Económica nº 1830, de 24 de abril 2020, e não pode ser vendido separadamente

Simulação da LeasePlan para a “Vida Económica” Simulação da LeasePlan para a “Vida Económica”

Renda mensal Renda mensal de viatura de viatura

em renting entre em renting entre 347 e 1582 euros347 e 1582 euros

Pág. 3Pág. 3

António Oliveira Martins, vice-presidente

da ALF, indica

Previsões para 2020 no renting dependentes da duração da

interrupção económicaPág. 2

Pedro Pessoa, diretor comercial da empresa, informa

LeasePlan prolonga contratos para assegurar mobilidade

de clientesPág. 3

João Soromenho, diretor comercial da Arval Portugal, garante

“Estamos apostados em ser um parceiro no apoio às empresas”

Pág. 4

Luís de Carvalho, administrador da Locarent, defende

“Renting será instrumento acelerador da recuperação

económica” Pág. 5

Dias difíceis de mangas arregaçadasEste foi o suplemento de frotas mais difí-

cil que alguma vez publicámos. Desde 2001 que a “Vida Económica” acompanha o setor do renting automóvel, tanto na edição sema-nal como em dois suplementos por ano.

A edição deste especial começou a ser tra-balhada no pico da pandemia de Covid-19 que assola Portugal e o mundo. Dada a

abrupta travagem no investimento publici-tário dos nossos habituais parceiros, chegá-mos a pensar não avançar com o suplemento. Rapidamente, porém, optámos por avançar “sozinhos”.

Apesar da crise provocada pela pandemia de Covid-19, a “Vida Económica” pretende continuar ao lado dos leitores, das empre-

sas e dos empresários, noticiando a ativida-de económica portuguesa. Por esse motivo, decidimos manter a publicação do dossier deste frotas. Os tempos são diferentes e afe-tam muitos setores e a periclitante imprensa de forma especial. A opção foi continuar a disponibilizar informação profi ssional ao mercado, na esperança que, passada a tem-

pestade, a bonança venha em forma de mais vendas e assinaturas, mas também de mais investimento publicitário. Contamos comesse apoio no fi m desta crise.

As vendas de automóveis e a produção dorenting entrou em modo “marcha-atrás”. Os operadores são, porém, resilientes e o merca-do vai, como já fez no passado, dar a volta.

AQUILES PINTOjornalista

EDITORIAL

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2 sexta-feira, 24 de abril 2020

O renting automóvel teve um 2019 de crescimento moderado e os operadores do setor apontavam para um 2020 com um desempenho na mesma linha até a economia sofrer o impacto da pandemia do novo coronavírus. A Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF) não arrisca fazer previsões concretas sem um regresso da atividade económica ao país. Uma coisa é, porém, certa. O desempenho será diferente.“Face ao surto epidémico da Covid-19, as projeções são agora diferentes, sendo que, nas últimas semanas, vivemos uma situação de elevada quebra. Sendo ainda cedo para fazer previsões numéricas, tudo irá depender da duração que esta interrupção extraordinária da atividade económica irá durar”, indica, em entrevista à “Vida Económica”, António Oliveira Martins, vice-presidente para o renting da ALF.

AQUILES [email protected]

Vida Económica – Como estão as associadas da ALF a reagir ao fortíssi-mo impacto da pandemia de Covid-19 na economia?

António Oliveira Martins – Conscientes da importância que as frotas automóveis têm na atividade económica nacional, as nossas associa-das de renting têm estado particularmente ativas a trabalhar na perspetiva de mitigar os impactos negativos da pandemia nas empresas e apoiá--las no que for necessário. Apesar de algumas das empresas nacionais estarem atualmente com a laboração temporariamente encerrada, existem muitas outras que continuam a trabalhar e que continuam a necessitar de frotas automóveis mo-dernas, eficientes e operacionais. Neste sentido, as associadas da ALF têm procurado incrementar métodos alternativos de contacto com os clientes; delinear novas formas de poder ajudar as empresas nacionais, nomeadamente através da flexibilidade e alargamento de prazos de contratos, baseados no diálogo com cada um.

Tem também existido um diálogo entre a ALF e o Governo e organismos públicos, pois existem vários aspetos relacionados com a mobilidade au-tomóvel que necessitaram de ser acautelados, no-meadamente junto do IRN (ao nível dos registos automóveis), da ANSR (devido à suspensão das coimas rodoviárias) e do IMT (atendimento aos balcões); bem como de um diálogo com os par-ceiros do setor, de forma a garantir que o negócio continua a desenrolar-se dentro dos condicionalis-mos existentes. Existe um despacho recente da Se-

cretaria de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor que estamos a tentar clarificar re-lativamente à suspensão do comércio de veículos.

VE – Do ponto de vista operacional, continuam a dar resposta aos clientes que continuam em operação?

AOM – Do ponto de vista operacional, as associadas da ALF têm reforçado a sua capacida-de de atendimento à distância para responder da melhor forma às solicitações dos seus clientes, as-segurando a manutenção da atividade. O foco está na continuidade das operações e na adaptação. O setor é resiliente e vai manter-se ao lado seus clien-tes a apoiá-los, sendo de destacar que, apesar da situação atual, não existiu disrupção na atividade de renting.

VE – Já conseguem fazer uma pre-visão do ano do renting automóvel em termos de faturação e frota?

AOM – Os resultados do setor do renting em

2019, divulgados recentemente pela ALF, foram positivos, quer em valor, quer em número de via-turas, com crescimentos de 4% e 0,7%, respetiva-mente. Neste sentido, o ano 2020 antevia-se como mais um ano crescente, com toda a conjuntura económica, tanto a nível nacional como europeu, a proporcionar às empresas evolução e investimen-to. Porém, face ao surto epidémico da Covid-19, as projeções são agora diferentes, sendo que nas últimas semanas vivemos uma situação de eleva-da quebra. Sendo ainda cedo para fazer previsões numéricas, tudo irá depender da duração que esta interrupção extraordinária da atividade económi-ca irá durar.

VE – Como é que esse número comparará com 2019 e com as ante-riores previsões para 2020?

AOM – Ainda é demasiado cedo para fazer comparações e tudo dependerá da duração do

estado de emergência, porém será certamente de diminuição.

de cobrança devido ao impacto da pandemia nas empresas e famílias clientes?

AOM – É certamente uma possibilidade, mas que no curto prazo não é o enfoque específico. Pe-rante o surto epidémico da Covid-19, as renting estão centradas, enquanto parceiras estratégicas, em identificar oportunidades de redução de custos e na flexibilidade no ajustamento de contratos de aluguer operacional às necessidades dos clientes antes e durante a vigência do contrato, contribuin-do para evitar tais cenários.

VE – Que medidas está o setor a tomar para auxiliar os clientes que

-missos com as empresas?

AOM – As medidas que têm sido tomadas de

forma geral são as já referidas de análise de cus-tos que possam ser reduzidos, prolongamento de durações de contrato e flexibilidade ao nível dos contratos existentes, com enfoque na continuação das operações.

renting – com oferta de renting de usados, prolongamentos de contratos e até complementaridade de oferta com partilhas de veículos na empresa cliente – pode ser uma dessas ferra-mentas de auxílio aos clientes?

AOM – Sem dúvida que a flexibilidade e adaptabilidade do renting trazem claras vantagens competitivas às empresas, nomeadamente para as PME, que podem focar-se nas suas atividades principais, sabendo que têm um parceiro na mo-bilidade automóvel que é especializado em otimi-zar a frota e reduzir custos. Cada cliente é analisa-

do de forma individual, de forma a poder tentar ajustar o que for mais indicado.

VE – A previsibilidade dos valores

AOM – Prever o risco e adequar soluções, oti-mizando a rentabilidade é a premissa subjacente à atividade do renting. Num contexto economica-mente desafiante, a postura é ainda de expetativa, pois tudo irá depender da duração do atual estado de situação. Para os clientes, é benéfico não terem que ter esta preocupação que delegam nas rentings.

VE – No caso dos automóveis em contrato, esse valor residual também é um problema para as associadas da ALF?

AOM – É um risco inerente ao negócio que as rentings assumem em benefício dos seus clientes que não têm assim que se preocupar com even-tuais desvalorizações automóveis. É uma estabi-lidade que o renting permite, muito importante para as empresas em tempos de grandes incertezas.

VE – Depois do pico da crise, o ren-ting automóvel poderá ser um aliado das empresas enquanto melhor op-ção para contratação de frotas auto-móveis?

AOM – O renting tem atraído não só cada vez mais pequenas e médias empresas, mas tam-bém particulares, captando um universo de clien-tes que reconhece já as vantagens deste modelo de mobilidade automóvel em termos de eficiência, flexibilidade e competitividade. Estamos certos de que, perante uma situação de crise, as empresas reconhecem ainda mais as vantagens inerentes ao renting, que lhes permite terem uma frota sempre moderna e atualizada, com um conjunto vasto de serviços associados, que inclui a manutenção pre-ventiva e corretiva, gestão de pneus, gestão de por-tagens, de combustíveis, impostos, multas, sinis-tros, viaturas de substituição, seguros, etc., e um controlo apertados de todos os custos inerentes, o que dificilmente as empresas conseguiriam por si sós. As rentings gerem uma frota ativa de mais de 122 mil viaturas, pelo que através de economias de escala conseguem obter vantagens que são re-passadas para os clientes, para além de toda uma especialização no setor automóvel que é muito útil a todos os níveis, incluindo operacionais e fiscais, constituindo-se assim como importantes parceiros para gerir a frota de forma profissional.

António Oliveira Martins, vice-presidente da ALF, indica

Previsões para 2020 no renting dependentes da duração da interrupção económica

António Oliveira Martins não arrisca fazer previsões concretas sem um regresso da atividade económica ao país.

“ O setor é resiliente e vai manter-se ao lado seus clientes a apoiá-los, sendo de destacar

que apesar da situação atual, não existiu disrupção na atividade de renting”

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sexta-feira, 24 de abril 2020 3

LeasePlan prolonga

contratos para

assegurar mobilidade

de clientes

A LeasePlan Portugal admite proceder à extensão de contratos para asse-gurar a mobilidade dos clientes no presente momento da pandemia de Covid-19. “Dado o atual contexto

nacional de estado de emergência e, apesar de os parques CarNext continuarem abertos, perspeti-vamos dificuldade em conseguir assegurar, con-venientemente, os meios logísticos para a receção dos veículos em final de contrato; a solução en-contrada pela LeasePlan para continuar a garantir a mobilidade dos seus clientes será proceder à ex-tensão dos contratos ou mesmo recorrer ao renting de usados”, explica à “Vida Económica” o diretor comercial da empresa, Pedro Pessoa.

Quanto ao pós-crise e numa perspetiva de re-cuperação progressiva da economia, a procura por soluções de curto e médio prazo e mais flexíveis podem ser importantes para as empresas. “Opções como o renting de usados ou a solução de renting mais flexível o FlexiPlan permitem às empresas escolherem a solução de mobilidade em confor-midade com a duração de que precisam”, refere a nossa fonte. “O FlexiPlan é a solução ideal para projetos pontuais, deslocações temporárias de co-laboradores ou reforços pontuais de equipa. Com uma oferta variada de veículos e total flexibilidade, os clientes podem devolver o automóvel, se os seus planos mudarem, sem pagar mais por isso; esta so-lução inclui um conjunto de serviços que visam facilitar a experiência do cliente LeasePlan, como a manutenção, seguro e assistência em viagem, gestão de sinistros e agendamento de intervenções, veículo de substituição, substituição ilimitada de pneus, entre outros”, acrescenta.

Resposta operacional assegurada

Ainda durante a pandemia do novo corona-vírus, a empresa está a dar resposta em termos operacionais, como explica Pedro Pessoa. “Para garantir a mobilidade dos nossos clientes, a Lease-Plan Portugal implementou um plano de resposta Covid-19 completo, que inclui uma política glo-bal de trabalho remoto, eficaz para todos os cola-boradores. No geral, está a funcionar muito bem, mantendo-nos disponíveis para os nossos clientes e parceiros”, indica.

“Temos trabalhado tanto internamente como com a nossa rede de fornecedores de confiança para garantir que continuaremos a fornecer o me-lhor serviço possível nas próximas semanas. Se os clientes tiverem pedidos urgentes de serviço (ou seja, sinistro ou avaria), é claro que podem entrar em contacto connosco pelos canais habituais (in-cluindo [email protected]) para obter assistência imediata”, acrescenta o diretor comer-cial da empresa de renting.

Quanto a eventuais medidas para auxiliar os clientes que passem por dificuldades no cumpri-mento dos compromissos financeiros com a Lea-sePlan, o entrevistado salienta que a empresa está “a acompanhar de perto a situação e a trabalhar com os clientes para encontrar soluções de com-promisso”.

AP

LeasePlan enviou simulação à “Vida Económica”

Renda mensal de viatura

em renting entre 347 e 1582 euros

Várias opções

Propostas de aluguer operacional de veículos datadas de: 9 de abril de 2020 Prazo do aluguer (meses): 4Quilometragem contratada: 120.000Quilometragem técnica máxima: 200.000

Serviços incluídos: Aluguer/ Imposto Único de Circulação/ Seguro com cobertura de danos próprios (2%)/ Manutenção preventiva e corretiva/ Pneus Ilimitados/ Veículo de substituição

VEÍCULOEMISSÕES DE

CO2 (g/Km)

RENDA

(C/ I.V.A.)Escalão T.A.

LIGEIROS DE PASSAGEIROS

UTILITÁRIOS

CITROEN C3 1.2 PureTech Feel 83 Cv 127 347 10,0% Gasolina

OPEL CORSA F 1.2 Edition 75 Cv 123 376 10,0% Gasolina

NISSAN MICRA 1.0 G Visia 70 Cv 126 387 10,0% Gasolina

RENAULT CLIO V 1.0 TCe Intens 100 Cv 118 424 10,0% Gasolina

SEAT IBIZA 1.0 TGI Reference 90 Cv 105 437 10,0% Gasolina

CITROEN C3 1.5 BlueHDi Feel 102 Cv 115 465 10,0% Diesel

PEQUENOS FAMILIARES

FORD FOCUS STATION 1.0 EcoBoost Active 125 Cv 131 497 10,0% Gasolina

OPEL ASTRA K SPORTS TOURER 1.2 T Business Edition 130 Cv 122 515 10,0% Gasolina

PEUGEOT 308 SW 1.5 BlueHDi Business Line 130 Cv 124 575 10,00 Diesel

SEAT LEON ST 1.6 TDI Style S/S 115 Cv 127 578 10,0% Diesel

RENAULT MEGANE IV SPORT TOURER 1.5 Blue dCi Limited 115 Cv 119 579 10,0% Diesel

FORD FOCUS STATION 1.5 TDCi EcoBlue Active 120 Cv 124 609 10,0% Diesel

FAMILIARES MÉDIOS 1.6

OPEL INSIGNIA SPORTS TOURER 1.6 CDTi Business Edition 110 Cv 133 656 27,5% Diesel

PEUGEOT 508 FASTBACK 1.5 BlueHDi Business Line 130 Cv 121 660 27,5% Diesel

RENAULT TALISMAN ST 1.7 Blue dCi Executive 150 Cv 147 874 35,0% Diesel

FAMILIARES MÉDIOS 2.0

PEUGEOT 508 FASTBACK 2.0 BlueHDi Business Line 163 Cv 144 797 35,0% Diesel

OPEL INSIGNIA SPORTS 2.0 CDTi Business Edition 170 Cv 141 799 27,5% Diesel

KIA OPTIMA SW 2.0 CVVT PHEV 205 Cv 34 865 10,0% Plug-In

VW PASSAT 1.4 TSI GTE Plug-in 218 Cv 28 945 17,5% Plug-In

FAMILIARES MÉDIOS “PREMIUM”

VOLVO V60 2.0 D3 Momentum 2.0 150 Cv 137 799 35,0% Diesel

AUDI A4 AVANT 35 TDI S tronic 2.0 163 Cv 136 830 35,0% Diesel

MERCEDES CLASSE C STATION 200 d 1.6 160 Cv 135 902 35,0% Diesel

VOLVO V60 2.0 T8 AWD TE Inscription 392 Cv 45 905 17,5% Plug-In

BMW SERIE-3 TOURING 318 d Touring 2.0 150 Cv 136 921 35,0% Diesel

FAMILIARES GRANDES “PREMIUM”

VOLVO V90 2.0 D4 Momentum Plus 190 Cv 145 866 35,0% Diesel

MERCEDES CLASSE E STATION 220 d Avantgarde 2.0 194 Cv 150 1087 35,0% Diesel

BMW SERIE-5 TOURING 520 d Auto 2.0 190 Cv 139 1123 35,0% Diesel

AUDI A6 AVANT 40 TDI S tronic 2.0 204 Cv 151 1125 35,0% Diesel

MERCEDES CLASSE E STATION 300 de Avantgarde 2.0 306 Cv 39 1171 17,5% Plug-In

SUV

OPEL CROSSLAND X 1.2 T Innovation 110 Cv 139 446 10,0% Gasolina

SEAT ATECA 1.0 TSI Reference 115 Cv 147 478 10,0% Gasolina

OPEL CROSSLAND X 1.5 CDTi Innovation 102 Cv 124 537 10,0% Diesel

SEAT ATECA 1.6 TDI Ecomotive Reference 115 Cv 140 576 10,0% Diesel

VEÍCULOS ELÉTRICOS

RENAULT ZOE Intens 50 109 Cv 0 671 0,0% Eletrico

OPEL CORSA F e-Edition 136 Cv 0 679 0,0% Eletrico

NISSAN LEAF Acenta 150 Cv 0 738 0,0% Eletrico

VW E-GOLF AC/DC 136 Cv 0 818 0,0% Eletrico

HYUNDAI KAUAI EV 64kwh Premium 204 Cv 0 910 0,0% Eletrico

KIA E-SOUL 64kWh 204 Cv 0 948 0,0% Eletrico

TESLA MODEL 3 Long-Range Dual Motor 351 Cv 0 1222 0,0% Eletrico

JAGUAR I-PACE S AWD Aut. 400 Cv 0 1582 0,0% Eletrico

Ligeiros mercadorias

FURGÕES

PEUGEOT PARTNER 1.5 BlueHDi Pro Standard 76 Cv 112 436 0% Diesel

CITROEN BERLINGO VAN 1.5 BlueHDi M Control 102 Cv 143 436 0% Diesel

OPEL COMBO 1.5 CDTi L1H1 Essentia 76 Cv 110 469 0% Diesel

RENAULT KANGOO EXPRESS 1.5 dCi Business S/S 80 Cv 116 499 0% Diesel

AQUILES PINTO

[email protected]

Os valores das rendas mensais em ren-ting (com IVA) de uma frota de 45 veícu-los variam, de acordo com uma simulação enviada à “Vida Económica” pela LeasePlan Portugal, entre os 347 euros de um Citroën C3 1.2 82 cv e os 1582 euros de um elé-trico Jaguar I-PACE 400 cv. Recorremos à empresa líder do setor em Portuga, para obter uma proposta, mesmo que meramen-te indicativa. Os “nossos” contratos têm 48 meses de duração com uma quilometragem contratada de 120 mil km (30 mil por ano) e incluem, além da manutenção programada e corretiva, a substituição de pneus, viatura de substituição, Imposto Único de Circulação e seguro com danos próprios (com franquia de 2%).

As empresas podem deduzir o IVA in-cluído no preço dos automóveis elétricos (a 100%), híbridos plug-in (a 100%) e movi-dos a gás natural (aqui só 50%) cujo PVP não ultrapasse 50 mil euros.

Entre os automóveis de passageiros si-

mulados estão sete veículos 100% elétricos e quatro opções híbridas plug-in. Recorde--se que os veículos elétricos estão isentos de tributação autónoma de despesas em sede de IRC e as viaturas a híbridas plug-in têm taxa mais baixa daquele imposto.

Além disso, há opções a gasolina e com rendas concorrenciais, dada a tendência do mercado automóvel europeu e português. Há, porém, a ter em atenção, nas viaturas gasolina, que, para as empresas, estase não têm qualquer dedução em sede de IVA, ao contrário do diesel, já que podem deduzir 50% do imposto do gasóleo (benefício tam-bém concedido ao gás natural).

Total de 45 modelos simulados

Começando pelos modelos de passagei-ros, as escolhas de utilitários têm variação entre 347 e 465 euros. Nos pequenos fa-miliares a variação é entre 497 e 609 euros, enquanto nos familiares médios 1.6 base a “baliza” é entre 656 e 874 euros. Já nos fa-miliares médios 2.0 a variação é entre 797 e 945 euros.

Entre as marcas “premium”, no segmen-to dos familiares médios as rendas mensais em aluguer operacional variam entre 799 e 921 euros e na classe dos familiares grandes entre 866 e 1171 euros. Nos SUV, os valores por mês ficam entre 446 e 576 euros.

Já nas viaturas elétricas, as rendas men-sais em renting variam entre 671 e 1582 eu-ros. Por fim, nos furgões, os valores situam--se entre 436 e 499 euros.

Os “nossos” contratos

têm 48 meses de

duração com uma

quilometragem

contratada de 120 mil

km (30 mil por ano)

A LeasePlan Portugal enviou-nos uma simulação de uma frota de 45 viaturas em renting.

Pedro Pessoa salienta que a empresa continua a dar resposta aos clientes.

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4 sexta-feira, 24 de abril 2020

Os tempos são duros e não há empresas que não

muito atenta às situações

AQUILES [email protected]

Vida Económica – Como reagiu a Arval Portugal ao impacto da pan-demia de Covid-19 na economia?

João Soromenho – As nossas equipas estão a monitorizar em tempo real os impactos des-ta situação na nossa atividade, o que permite a tomada de medidas imediatas e necessárias para garantir ao máximo a continuidade da nossa prestação de serviços aos nossos clientes e parceiros. Mais de 99% de nossos colabora-dores estão a trabalhar a partir de casa, graças ao nosso programa de trabalho digital, que per-mite o acesso a uma ampla gama de ferramen-tas on-line com o objetivo de garantir o nível de serviço e a qualidade esperados por nossos clientes. A Arval tem muita sorte em pertencer a um grupo tão sólido como é o BNP Paribas. E esta crise permitirá acelerar em domínios já previstos no nosso plano estratégico, uma vez que as necessidades de mobilidade permanece-rão centrais, mesmo após a crise.

VE – O serviço ao cliente mante-ve-se, portanto.

JS – Nesse contexto especial, todas as nos-sas equipas estão a fazer o possível para man-ter o nível habitual de serviços oferecidos aos nossos clientes, garantindo, ao mesmo tempo, o total respeito pelas restrições impostas pelo Governo. Para além das necessidades pessoais diárias de mobilidade, uma parte dos condu-tores precisa mesmo de estar na estrada, basta pensar em todos os que estão a ajudar a com-

bater esta pandemia no terreno, a distribuir medicamentos, oxigénio, entre outros. Por isso continuamos a trabalhar com os nossos parcei-ros para garantir que estas pessoas não param, sempre respeitando as restrições impostas.

VE – É difícil fazer previsões para 2020 no que se refere à faturação e frota?

JS – Impossível prever nesta fase, mas a Arval possui ativos sólidos para superar a cri-se: faz parte do grupo BNP Paribas e possui um negócio forte e resiliente, com 30 anos de experiência, consolidado em alugueres men-sais, grandes clientes e num risco diversificado graças à sua presença global. Para além disso, o facto de a gestão de risco fazer parte do ADN do grupo e de ter equipas dedicadas aos clien-tes que os ajudarão a recuperar o mais rápido possível.

-cidas de cobrança às empresas e famílias clientes?

JS – Neste momento, não é prudente avan-çar com números. O que podemos afirmar é estamos mobilizados diariamente para apoiar os nossos clientes e para encontrar todas as so-luções mais adequadas às suas necessidades.

VE – Admitem medidas para au-xiliar os clientes que passem por di-

a Arval Portugal? JS – A Arval trabalha com base em alugue-

res mensais que levam em consideração diferen-ças significativas no uso de veículos. Portanto, há diferenças e uma adequação a cada cliente. E, neste período excecional, a Arval está muito atenta às situações individuais e ouvirá os seus clientes para encontrar soluções personalizadas para cada um deles.

VE – O renting automóvel pode-rá ser um aliado das empresas na contratação de frotas automóveis no pós-Covid-19?

JS – Sim. Estamos apostados em ser um parceiro no apoio às empresas e um elemento dinamizador da economia nacional.

João Soromenho, diretor comercial da Arval Portugal, garante

“Estamos apostados em ser um parceiro no apoio às empresas”

João Soromenho acredita que a “Arval tem muita sorte em pertencer a um grupo tão sólido como é o BNP Paribas”.

“Esta crise permitirá acelerar em

domínios já previstos no nosso plano

estratégico, uma vez que as necessidades

de mobilidade permanecerão

centrais, mesmo após a crise”

Salvador Caetano cede autocarro para rastreio móvel à Covid-19

O COBUS opera em Matosinhos.

O grupo Salvador Caetano en-tregou um autocarro COBUS que vai ser unidade de rastreio móvel à Covid-19 em Matosinhos. Esta é uma parceria entre o Grupo Salva-dor Caetano, a Câmara Municipal de Matosinhos e o Hospital Pedro Hispano.

Esta unidade móvel – a funcio-nar num COBUS 2700S, um au-tocarro de aeroporto - vai rastrear pessoas em todo o concelho de Ma-tosinhos e a mobilidade da mesma vai ser assegurada por Telmo Teixei-

ra e Nélson Soares, colaboradores do grupo Salvador Caetano, dadas as especificidades de condução do autocarro. A dimensão do veículo, o facto de ser amplo no seu interior e a facilidade de adaptação motiva-ram a escolha do modelo COBUS para assegurar esta missão. Recor-de-se que o COBUS é o autocar-ro de aeroporto líder de mercado, facto que se traduz na presença de mais de 4000 COBUS em 350 ae-roportos, de mais de 100 países.

“Através das suas empresas, o

grupo Salvador Caetano tem-se empenhado no apoio e combate à pandemia que vivemos: desde a doação de equipamentos de prote-ção individual à cedência de veícu-los aos profissionais de saúde, até à readaptação dos nossos produtos e serviços de mobilidade às novas necessidades do cliente. Acredita-mos que, todos juntos e com em-penho, seremos capazes de mitigar os efeitos do momento que vive-mos”, refere um comunicado da Salvador Caetano.

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sexta-feira, 24 de abril 2020 5

Volkswagen Financial Services implementa medidas de apoio aos clientes

O Volkswagen Financial Services, a exem-plo de outras empresas do universo do finan-ciamento automóvel, implementou várias medidas de apoio aos clientes que passem por dificuldades nos compromissos devido ao im-pacto económico da pandemia de Covid-19. “Para os clientes empresas que tenham pro-dutos financeiros iremos aplicar a moratória definida pelo Governo concedendo uma carên-cia até dia 30 de setembro, estamos também a proporcionar o prolongamento do prazo dos contratos de renting, até três meses, aos clien-tes que o requisitarem e cujos contratos acabam dentro os próximos três meses e para todos os outros clientes analisamos caso a caso as suas necessidades e adaptamos os nossos produtos à gravidade da situação. Como cativa, segura-mente seremos parte da solução, não do pro-blema”, indica Alexandre Vasco, diretor de ma-rketing do Volkswagen Financial Services.

O mesmo responsável acredita que, após o pico da crise, o renting “continuará a ser a me-lhor opção para a contratação de frotas” pelos mesmos motivos de sempre. “A inclusão de vá-rios serviços numa única prestação, o risco do valor residual a cargo da locadora, um conjun-to de serviços (manutenção, pneus, etc.) cen-tralizados num só fornecedor, a possibilidade de renovação da frota sem afetar a tesouraria da empresa, prazos curtos e contratos sem entra-da inicial, e libertação de recursos financeiros (cash flow) essenciais para o negócio, são ape-nas algumas das vantagens da solução renting para empresas”, refere.

Quanto ao momento presente de pande-mia, o Volkswagen Financial Services está, de acordo com Alexandre Vasco, “a reagir com uma grande pro-atividade e já tomámos várias medidas para garantir o normal funcionamen-to do negócio e apoiar clientes, marcas e con-cessionários do grupo Volkswagen”.

Previsões difíceis de fazer

No que se refere a previsões do impacto da crise provocada pelo novo coronavírus, Alexan-dre Vasco que “ainda é prematuro prever o final do ano” em face do cenário que estamos e va-mos atravessar, “no entanto, seguramente terá um impacto relevante” nos resultados do ano.

“Estamos a viver um cenário totalmente imprevisível, onde os prognósticos são meras opiniões, assim temos dificuldade em fazer previsões, no entanto o primeiro trimestre foi bastante positivo e revelou um crescimento da nossa carteira e novos contratos. Prevemos um segundo trimestre abaixo do planeado, mas o nosso objetivo é recuperar em força no se-gundo semestre de 2020, no entanto, estamos muito dependentes dos desenvolvimentos da pandemia em Portugal”, explica o mesmo res-ponsável.

AP

Luís de Carvalho, administrador da Locarent, defende

“Renting será instrumento acelerador da recuperação económica”A forte crise económica resultante do impacto da pandemia de Covid-19 na atividade empresarial vai ter no renting automóvel aliado na recuperação, de acordo com Luís de Carvalho, administrador da Locarent. “O renting, que se foca no uso, em detrimento da posse, vai ser um importante instrumento acelerador da recuperação económica, porque envolve um investimento financeiro muito menor do que a aquisição. Em gestão aprendemos que devemos comprar o que se aprecia (mesmo com recurso ao crédito tradicional) e devemos alugar o que se deprecia. Ora, o automóvel desde que se compra só deprecia, pelo que a melhor solução é alugar, com os serviços flexíveis e integrados que o renting oferece”, indica, em entrevista à “Vida Económica”, o administrador da gestora de frotas detida por Caixa Geral de Depósitos e Novo Banco.

AQUILES PINTO

[email protected]

Vida Económica – A Locarent lo-grou manteve a operacionalidade durante a pandemia de Covid-19?

Luís de Carvalho – A Locarent ativou de imediato o seu plano de contingência, estan-do a operar com mais de 90% dos seus cola-boradores em regime de teletrabalho. Todos os serviços mantêm-se operacionais, ainda que, pontualmente, com tempos de resposta mais alargados (entregas, manutenções, etc.), fruto das limitações à circulação impostas, nomea-damente nos nossos fornecedores e parceiros. Por exemplo, ao nível da devolução de viaturas, substituímos na íntegra a devolução nos nossos centros técnicos pela devolução na morada in-dicada pelo cliente, mitigando, assim, os risco de contágio. Temos todos os nossos serviços operacionais. É também importante referir que estamos também a servir novos clientes, porque há setores de atividade, nomeadamente os di-retamente envolvidos no combate à pandemia e os serviços prioritários definidos pelo Gover-no, que têm nesta fase necessidades acrescidas. A prioridade e a atenção é ainda maior nestes casos.

VE – Já consegue fazer uma pre-visão de 2020?

LC – É ainda prematuro avaliar. Aguarda-mos com expectativa as revisões do crescimento do PIB que deverão ser realizadas nas próximas semanas. Nesta fase, estamos focados em man-ter a companhia operacional, com bons níveis de serviço e de resposta, e em encontrar, para cada cliente, a melhor solução para os proble-mas concretos que atravessam.

acrescidas de cobrança devido ao

impacto da pandemia nas empresas e famílias clientes?

LC – As dificuldades de cobrança, neste contexto, são transversais a toda a economia. Ninguém, por melhores que possam ser as suas ferramentas de aferição de risco, pode fi-car imune a uma crise desta magnitude, que já foi comparada à maior crise do pós-guerra. Caberá a todos contrariar estas previsões mais pessimistas e, da nossa parte, acreditamos que saberemos encontrar as soluções concretas que mitiguem consideravelmente estes impactos para todas as partes. Há, seguramente, um pós--Covid-19 e a prioridade é ajudar as empre-sas a manterem-se vivas durante este período de contração económica, e com o mínimo de impactos no emprego, para que a recuperação possa ser o mais rápida e sustentável possível.

VE – Pode avançar exemplos de medidas que estão a tomar nesse sentido?

LC – Estamos a falar com os nossos clientes para perceber as dificuldades específicas de cada um. Os problemas não são todos iguais por-que os impactos não são uniformes em todos os setores. Há setores que têm a sua ativida-de obrigatoriamente encerrada, outros estão a laborar parcialmente e outros setores, infeliz-mente poucos, estão com maior atividade. A robustez financeira das empresas também não é uniforme, exigindo soluções naturalmente distintas. As medidas já apresentadas pelo Go-verno, nomeadamente o lançamento das linhas Covid-19 e as medidas no domínio laboral e fiscal, apesar de ainda serem insuficiente, são já um auxilio importante para assistir nas necessi-dades imediatas.

VE – Renting de usados, pro-longamentos de contratos e até complementaridade de oferta com partilhas de veículos na empresa cliente. Estes, entre outros, exem-

aluguer operacional serve, tam-bém, de auxílio aos clientes?

LC – Sem dúvida. O renting é, por defini-ção, uma solução flexível, pelo que todas essas

soluções fazem nesta altura ainda mais sentido.

VE – A previsibilidade dos valores

LC – A incerteza é, por definição, um ini-migo da economia e dos negócios. Natural-mente que o momento de incerteza que vive-mos, com impactos globais ainda por antecipar e quantificar, não facilitam previsões. Vamoster de esperar, com atenção, mas também comserenidade, os próximos meses. Acreditamos, contudo, que esta crise vai potenciar a acele-ração da valorização dos valores residuais dos veículos elétricos e plug-in, a nova geração au-tomóvel.

VE – No caso dos automóveis emcontrato, essa questão coloca-se com ainda maior ênfase?

LC – É um desafio.

VE – E o escoamentos dos usa-dos provenientes de contrato, será, de igual modo, alvo de disrupção?

LC – É ainda prematuro antecipar. Depen-de da capacidade de recuperação da economiano pós-crise.

VE – O renting automóvel pode-rá, após o pico da crise, ser um alia-do das empresas para renovação de frotas automóveis?

LC – O renting, que se foca no uso, emdetrimento da posse, vai ser um importante instrumento acelerador da recuperação eco-nómica, porque envolve um investimento fi-nanceiro muito menor do que a aquisição. Emgestão aprendemos que devemos comprar oque se aprecia (mesmo com recurso ao créditotradicional) e devemos alugar o que se depre-cia. Ora, o automóvel, desde que se compra, só deprecia, pelo que a melhor solução é alu-gar, com os serviços flexíveis e integrados que o renting oferece. Temos assim um empenhoe um compromisso redobrado em divulgar eassessorar nas soluções que se adequem a cadanecessidade concreta. Em conjunto, vamos to-dos superar esta crise e por isso dizemos “Avan-çamos Juntos!”.

Luís de Carvalho refere, a propósito da previsão para 2020, ser “ainda prematuro avaliar”.

A empresa diz ser “parte da solução, não do problema”.

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6 sexta-feira, 24 de abril 2020

AQUILES [email protected]

O mercado automóvel será afe-tado em todos os segmentos pelo “terramoto” nas vendas provocada pela pandemia de Covid-19, mas é admissível que as vendas e empre-sas retomem mais rápida do que o negócio de particulares. “Se há algo que temos a certeza é que as conse-quências da crise sanitária que atra-vessamos deixará profundas marcas na economia, que será transversal a empresas e particulares. A dimensão sem precedentes desta crise poderá inclusivamente levar a uma mudan-ça de comportamentos dos indiví-duos mas também das corporações. De qualquer forma, é provável que a recuperação do mercado das em-

presas se possa processar de forma mais rápida que a dos particulares”, referiu à “Vida Económica” o diretor de comunicação da Renault Portugal, Ricardo Oliveira.

Na Renault estão alinhadas com o peso das frotas de empresas no mer-cado. No caso da Dacia, a percenta-gem de vendas a empresas é substan-cialmente inferior. “Pensamos que será relativamente estável mas obvia-mente depende da velocidade a que se fará a recuperação de cada um dos segmentos de mercado”, indica.

No entretanto, a rede oficinal continua operacional. “Conforme ao decreto-lei do estado de emergência, a nossa rede de distribuição mantém--se em funcionamento para a reali-zação das atividades de após-venda”, explica Ricardo Oliveira.

O impacto da pandemia do novo coronavírus será brutal, levando a que a SIVA, importador, entre outras marcas, de Volkswagen, Audi e Sko-da, não faça ainda previsões do que pode ser 2020 em termos de merca-do frotista. “A situação que atraves-samos é de tal forma excecional que qualquer previsão se torna muito falível. Previsivelmente, os particula-res podem recuperar mais depressa, dado que as empresas terão atraves-sado um período de forte redução da sua atividade e a renovação de frotas não será prioridade. Mas, por outro lado, as razões de compra dos parti-culares têm uma “mola” mais emo-cional e psicologicamente poderão adiar mais a compra. Os ensinamen-tos do mercado chinês mostram que a recuperação dos particulares é rela-tivamente rápida”, afirmou à “Vida Económica” o responsável de marke-ting e relações externas da empresa, Ricardo Tomaz.

Com exceção para o rent-a-car, cerca de 45% do total das vendas das marcas da SIVA destinam-se ao canal frotas. Esse rácio “deverá manter-se”

no curto e médio prazo, “apesar de ser difícil prever como vão evoluir os segmentos de mercado no pós-crise”.

Entretanto, a rede de retalho da SIVA continua ao serviço. “A nossa rede de concessionários, apesar de ter fechado os seus showrooms de vendas

(e de estar a vender on-line e a entre-gar carros em casa do cliente), conti-nua com a maioria das oficinas aber-tas para todos os clientes que desejam fazer marcações de manutenção ou reparação”, indica Ricardo Tomaz.

AP

A generalidade das marcas automóveis em Portugal estão a dar o seu contributo na batalha contra a pandemia de Covid-19. Difícil é resumir todos os casos.

A Nissan, por exemplo, iniciou o movimento #EuCedoOMeuCarro apoiando a Cruz Verme-lha Portuguesa com 21 veículos para o combate à pandemia. A frota cedida o LEAF e a e-NV200 100% elétricos, o novo Juke e também o Micra, os crossover Qashqai e X-Trail, bem como o novo furgão compacto Nissan NV250.

Cruz Vermelha apoiada

“No âmbito da visão da Nissan de ‘Melhorar a Vida das Pessoas’, assumimos um compromisso com Portugal para ajudar na descarbonização e defesa do ambiente, contribuindo para um futuro melhor para todos. Agora, é nosso dever contri-buir também para a luta contra a Covid-19, na es-perança de que essa pandemia termine em breve. Temos muito orgulho que essa nossa contribuição seja materializada em parceria com a Cruz Verme-lha Portuguesa, que desempenha diariamente e todos os dias uma missão humanitária chave para melhorar a vida de todos nós”, refere Antonio Me-lica, diretor-geral da Nissan em Portugal.

Segundo Francisco George, Presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, esta parceria é de grande importância para a continuidade da res-posta no quadro do controlo da pandemia. “Os recursos cedidos facilitarão, em muito, o traba-lho dos técnicos, voluntários e colaboradores da Instituição, que neste período crítico continuam a garantir o apoio à população mais vulnerável”, indica a nota de imprensa.

A SIVA, disponibilizou à Cruz Vermelha Por-tuguesa seis furgões Transporter para que a insti-tuição possa alargar o seu apoio logístico e de coor-denação nas operações que decorrem um pouco por todo o país, sobretudo no que diz respeito à distribuição de alimentos e prestação de apoio so-cial, junto dos mais carenciados e dos mais idosos. “Acreditamos que temos um dever de solidarieda-de neste momento difícil e quisemos manifestá-lo facilitando a mobilidade de uma instituição como a Cruz Vermelha, cuja ação tanto valorizamos”,

indica Ricardo Vieira, diretor-geral da Volkswagen Veículos Comerciais.

INEM também recebe frota

A Renault Portugal, por seu turno, cedeu oito viaturas de empréstimo ao INEM e ofereceu 10 mil kits de proteção para equipar as viaturas que compõem a frota do organismo do Estado. Os oito veículos (um Master, um Trafic, um Talisman Sport Tourer, três Captur e dois Clio) serão usados para apoio logístico na luta contra a pandemia de Covid-19.

Com quatro centros logísticos nas cidades de Coimbra, Faro, Lisboa e Vila Nova de Gaia, o INEM reforça assim a capacidade de resposta na entrega e distribuição de materiais e equipa-mentos de combate e proteção à Covid-19, pelos mais variados estabelecimentos de saúde e outras entidades.

Os 10 mil kits de proteção para equipar as viaturas que compõem a frota do INEM são com-postos por capas de volante, capas de manete da caixa de velocidades, capas para bancos e tapetes

descartáveis (em papel) para os pés. Além disso, a Renault Portugal e um conjunto de concessioná-rios estão a oferecer o valor integral da manutenção a todas as viaturas das marcas Renault e Dacia ao serviço de entidades sanitárias, bem como o des-conto de 50% em todas as restantes operações rea-lizadas na rede de concessionários. Ainda no seio do grupo Renault Portugal, referência para o facto de, no âmbito da sua responsabilidade social, tam-bém a fábrica Renault Cacia ter feito um donativo de máscaras e óculos de proteção ao hospital de Aveiro, para ajudar no combate ao Covid-19.

Seniores, hospitais

A Mazda Motor de Portugal e a sua rede de concessionários dirigiu a atenção para apoio à população sénior. Esta ação (#RedeMazdaApoio-Seniores) passa, entre outras, pela cedência de viaturas de demonstração, nomeadamente uma frota composta por SUV CX-3, CX-30 ou CX-5 às juntas de freguesia de cada uma das conces-

sões parceiras da iniciativa. “Tempos excecionais exigem o melhor de todos nós, seja, na vertente industrial, seja na parte comercial onde, neste momento, contamos com vários recursos imobi-lizados, os quais podemos colocar ao serviço da população”, afirma o diretor de vendas e marke-ting da Mazda Motor de Portugal”, Pedro Bote-lho. “São crescentes as necessidades da população mais idosa, em termos do apoio domiciliário, que necessita, nomeadamente ao nível da entrega de bens alimentares e de medicamentos”, acrescenta a mesma fonte.

Já a Hyundai disponibilizou, desde a primeira hora do combate à pandemia do novo coronaví-rus, uma frota de viaturas para apoiar unidades hospitalares de referência nas zonas mais afeta-das. Com esta ação o importador distribuiu, ini-cialmente, uma frota entre os principais centros hospitalares de Lisboa, Porto, Coimbra e Algarve, tendo, entretanto, alargado esse apoio ao Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (Hos-pitais de Vila Real, Lamego e Régua), ao Centro Hospitalar Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho e ao Hospital Garcia de Orta (Al-mada).

Em paralelo realizou também protocolos com as administrações regionais de saúde do Norte e Centro, disponibilizando também viaturas aos agrupamentos de centros de saúde para reforço do acompanhamento domiciliário e apoio mais próximo à comunidade. “Esta ação pretende dar resposta a uma necessidade concreta das unida-des de saúde, pois, com o aumento do número de doentes infetados, necessitam de assegurar rapidamente o apoio domiciliário e o transporte de medicamentos e equipamentos. No contexto atual que vivemos, sentimos que é nossa obrigação moral apoiar os profissionais de saúde, da forma que nos for possível”, explica o CEO da Hyundai Portugal, Sérgio Ribeiro.

Também a Toyota apresentou um plano de atuação e lançou uma ação a nível nacional. De-nominada #ToyotaFicaConsigo, a iniciativa passa pela cedência de viaturas aos profissionais de saú-de, médicos, enfermeiros e farmacêuticos. Sendo assim, basta que os referidos profissionais de saú-de preencham um formulário no site Toyota para agendar a disponibilidade da viatura.

Marcas dizem presente na luta

Várias marcas cederam viaturas e assistência oficinal na ajuda ao combate ao novo coronavírus.

Responsável de comunicação da Renault Portugal considera

Com exceção para o rent-a-car, cerca de 45% do total das vendas das marcas da SIVA destinam-se ao canal frotas.

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Nº 3/4 • março/abril 2020 | Boletim Informativo da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica

Entidades do Universo AIMMAP assumem comportamento exemplar de solidariedade perante a sociedade civil

DESTAQUE P. 2

Carta aos órgãos de soberania para retoma da atividade económica

DESTAQUE P. 3

Estamos todos a viver tempos altamente inquietantes e cujo desenlace não conseguimos

antecipar.Pela presente comunicação que-

ro assegurar aos nossos associados que a AIMMAP manterá sempre, em qualquer circunstância, os seus recursos ao se rviço das empresas.

Os nossos colaboradores dos di-versos departamentos têm estado permanentemente focados no apoio às empresas e a tentar ajudá-las a ul-trapassar esta terrível situação.

Ao mesmo tempo, vamos acom-panhando o dia a dia de muitas empresas, ouvindo-as, acarinhan-do-as e estimulando-as.

São inúmeros os associados que nos contactam. Para se aconselha-

rem – nomeadamente no âmbito jurídico –, para apresentarem pro-postas, para sugerirem iniciativas e medidas, para darem sugestões

ou apenas para desabafarem. Fi-quem cientes de que estamos aqui, na AIMMAP, integralmente dispo-níveis para continuar a acolher-vos.

Posso também dar aqui um tes-temunho de otimismo, visto que, apesar das dificuldades extraordi-nárias com que se confrontam, há

muitas empresas que continuam a trabalhar, a receber matérias-pri-mas e a dar resposta a encomen-das.

Para além do exposto, em simul-tâneo, estamos a identifi car e mobi-lizar empresas associadas que pos-sam ajudar a produzir bens, produtos e equipamentos essenciais nas áreas da saúde, da segurança e da higiene.

Também nesse domínio, o meu tes-temunho é muito positivo, sendo cer-to que há já alguns projetos em mar-cha.

Não sabemos o que irá aconte-cer nos próximos tempos, mas estou convicto de que vamos vencer.

Por isso mesmo, quero exortar to-dos os responsáveis pelas empresas e os seus colaboradores a enfrenta-rem esta situação com coragem e de-terminação.

E contem sempre com a AIM-MAP!

ANÍBAL CAMPOSPresidente da Direção da AIMMAP Resistir

EDITORIAL

AIMMAP P. 2

• AIMMAP promove e fi nancia o PNEUMA, um venti lador criado pelo INESC TEC e pela FEUP

AIMMAP P. 2

• AIMMAP e ANI promovem participação do METAL PORTUGAL em programas europeus de fi nanciamento à I&D+I

ENERGIA P. 3

• Apesar das contrariedades, as iniciativas de compra de energia em grupo promovidas pela AIMMAP continuam a registar grande sucesso

FORMAÇÃO P. 4

• AIMMAP realiza conjunto de webinars gratuitos

ASSUNTOS ATUAIS P. 4

• “Linha de Crédito COVID-19 - Apoio à Atividade Económica” abrange todas

as empresas do setor metalúrgico e metalomecânico

NOTA DE FECHO P. 4

• METAL PORTUGAL ajuda

Os nossos colaboradores dos diversos departamentos têm estado permanentemente focados no apoio às empresas e a tentar ajudá-

-las a ultrapassar esta terrível situação

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2

No último mês, a AIMMAP tem vindo a concentrar os seus es-forços no apoio e esclarecimen-

to às empresas do setor afetadas pe-los impactos da pandemia. No entanto, porque entende que há vida para além da Covid-19 e que é imperioso reto-mar a normal atividade económica no mais curto espaço de tempo possível, a Associação continua a garantir a ati-vidade diária de acompanhamento das empresas e a desenvolver as iniciativas previstas.

Nesse sentido, foi realizada a primei-ra reunião (remota) de operacionaliza-ção da parceria estabelecida entre a AIMMAP e a ANI – Agência Nacional de Inovação, visando a dinamização e apoio à participação de empresas do setor metalúrgico e metalomecâni-co no Programa-Quadro Europeu de apoio ao I&D+I.

Esta iniciativa conjunta da AIMMAP e ANI, em estreita colaboração com ou-tras entidades relevantes de suporte ao setor (CATIM, CENFIM, INEGI, PRO-DUTECH e INESC TEC, entre outras), pretende contribuir para um aumen-to da inovação e competitividade das empresas, através da participação nos programas europeus de financiamento à I&D+I.

Os principais objetivos desta inicia-tiva são o incremento, em quantidade e em relevância, da participação de empresas do setor neste tipo de pro-gramas e iniciativas a eles associadas, aumentar a capacidade de exploração dos resultados dos projetos europeus e o respetivo impacto no setor, bem como contribuir para o aumento da in-ternacionalização das empresas do se-tor, quer na vertente de novos produtos e serviços, quer na sua rede de parce-rias (incluindo os parceiros de I&D+I).

Um total de 167 personalidades da sociedade portuguesa subs-creveu no passado dia 13 de

abril uma carta enviada ao Presiden-te da República, ao Primeiro-Ministro e ao Presidente da Assembleia da Re-pública, na qual pediram que fosse concebida e implementada uma estra-

tégia tendo em vista a retoma da ati-vidade económica, acompanhada de novas medidas de contenção que con-tribuam eficazmente para evitar uma possível segunda vaga de infeções por força do vírus de Covid-19.

Conforme referido na carta, uma nova paragem da economia poderia ser verdadeiramente catastrófica para o país, sendo indispensável adotar preventivamente medidas que per-mitam retomar a atividade económica

com total segurança do ponto de vista da saúde pública.

Nesse sentido, os subscritores da car-ta apresentam várias medidas de con-tenção rigorosas, entre as quais o uso obrigatório de máscaras, o isolamen-to obrigatório de todos os casos con-firmados como positivos, a realização de diagnósticos precoces de Covid-19 testando todos os casos suspeitos num prazo máximo de 24 horas ou a massi-ficação de testes serológicos na popu-lação em geral.

Os subscritores da carta são empre-sários, políticos, profissionais de saú-de, dirigentes associativos, represen-

tantes sindicais, jornalistas e outros profissionais da comunicação social, “chefs” de cozinha e um músico. En-tre tais personalidades, registam-se os nomes do Presidente da CIP e de vá-rios representantes da AIMMAP e do METAL PORTUGAL: Aníbal Campos, Presidente da SILAMPOS e da AIM-MAP, Vítor Neves, CEO da COLEP e Vice-Presidente da AIMMAP, Rafael Campos Pereira, Vice-Presidente Exe-cutivo da AIMMAP, Rui Paulo Rodri-gues, Administrador da SIMOLDES, Alcibíades Paulo Guedes, Presidente do INEGI, e José Manuel Mendonça, Presidente do INESC TEC.

Especialistas do INESC TEC e da FEUP desenvolveram, com o apoio da AIMMAP, um ventila-

dor de baixo custo e fácil montagem para apoiar os hospitais portugue-ses. Este ventilador, intitulado PNEU-MA, visa a libertação dos ventiladores convencionais para casos mais graves de covid-19.

Desenvolvido para oferecer apoio a hospitais de segunda e terceira linha e aos doentes que aguardam trans-ferência para os hospitais centrais, o

PNEUMA pode ser utilizado para ven-tilação invasiva transitória em doen-tes com insuficiência respiratória.

A tecnologia, desenvolvida por uma equipa de engenheiros e médicos, assenta num sistema de compressão e descompressão automática de ba-lão autoinsuflável, que pode ser uti-lizado sem acesso à rede de energia elétrica.

Além do envolvimento direto do INESC TEC, da FEUP e da AIMMAP, este projeto conta ainda com o apoio,

entre outros, do INEGI, da Faculdade de Medicina do Porto, da ARS Norte, dos Hospitais de São João e de Santo António e do ICBAS.

A AIMMAP, com o apoio de mui-tas empresas do METAL PORTUGAL, financiou a primeira série de 6 a 12 ventiladores, estando previsto que os mesmos sejam entregues até ao final do presente mês de abril à ARS Nor-te. Esse importante apoio da AIM-MAP, presente nas mais diversas fases do projeto, foi e está a ser decisivo

para o seu sucesso e traduz, entre muitas outras iniciativas, o extraor-dinário trabalho da associação e das suas empresas em proteção da saúde dos cidadãos.

Na verdade, sem descurar as suas obrigações de defesa intransigente dos legítimos interesses das empre-sas do setor metalúrgico e metalome-cânica, a AIMMAP tem conseguido ser um ator muito relevante no apoio à sociedade civil neste momento mui-to difícil para Portugal.

AIMMAP

Um exemplo de responsabilidade social

AIMMAP promove e financia o PNEUMA, um ventilador criado pelo INESC TEC e pela FEUP

AIMMAP AIMMAP

Apoio ao financiamento à I&D+I AIMMAP e ANI promovem participação do METAL Portugal em programas europeus

Responsáveis da AIMMAP e representantes do METAL PORTUGAL entre as personalidades subscritoras

Carta aos órgãos de soberania para retoma da atividade económica

Os subscritores da carta apre sentam várias medidas de con tençao

rigorosas, entre as quais o uso obrigatório de

máscaras, o isolamento obrigatório de todos os casos confirmados como positivos, a realização de diagnóstico precoces de covid-19 testando todos os casos suspeitos num

prazo máximo de 24 horas ou a massificaçao de testes se rológicos na

populaçao em geral.

FICHA TÉCNICA: PROPRIEDADE AIMMAP: Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal • Rua dos Plátanos, 197 • 4100-414 PORTO • Tel. 351-226 166 860 • Fax: 351-226 107 473 • Diretor: Aníbal Campos • Subdiretor: Rafael Campos Pereira • Coordenação Gráfica: Cristina Veiga • Paginação: Célia César • Periodicidade: Mensal • Propriedade, Edição, Produção e Administração: AIMMAP - Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal, em colaboração com o Jornal Vida Económica • Distribuição gratuita aos associados da AIMMAP - Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal

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BOLETIM INFORMATIVO DA INDÚSTRIA METALÚRGICA E METALOMECÂNICA 3

Há muito que um dos fatores apontados para a conhecida per-formance de sucesso do setor

metalúrgico e metalomecânico por-tuguês é o incomensurável apoio da ação concertada das várias entidades que constituem o Universo AIMMAP – a própria AIMMAP, o CATIM, o CEN-FIM, a CERTIF, o INEGI e a PRODUTE-CH, entre outras.

Com a emergência da atual crise sa-nitária, o conhecimento e experiência acumulados destas entidades ganhou uma enorme relevância e o seu con-tributo extravasou definitivamente do âmbito do METAL PORTUGAL, e assu-miu um impacto de enorme importân-cia nesta luta nacional e na sociedade em geral.

São vários os exemplos das entida-des do Universo AIMMAP que têm dado um contributo inestimável no combate ao Covid-19.

O INEGI está envolvido em projetos como a produção de viseiras de prote-

ção para profissionais de saúde e o de-senvolvimento de equipamentos que podem vir a ser altamente relevantes para o combate ao vírus e recuperação dos infetados.

A CERTIF efetuou uma muito gene-rosa doação em dinheiro destinada às ações de solidariedade que têm vindo a ser desenvolvidas pelo METAL POR-TUGAL no combate a esta pandemia.

O CATIM, para além de apoiar dire-tamente muitas das ações de solidarie-dade que têm sido desenvolvidas pela AIMMAP, preocupou-se desde logo em aplicar esforços no desenvolvimen-to de produtos essenciais no combate à Covid-19, como ventiladores e visei-ras e outros equipamentos de proteção individual.

O CENFIM também desde cedo tem estado ativo nesta luta, e está a dar res-posta a uma das maiores necessidades apontadas pelos profissionais de saúde e outros profissionais de risco, através da produção de estruturas de suporte

para viseiras, utilizando as suas tecno-logias de Impressão 3D. Até agora, os vários centros regionais do CENFIM já ofereceram mais de 1000 destas estru-turas, para hospitais, centros de saú-de e lares das áreas metropolitanas de Aveiro, Lisboa e Porto.

A AIMMAP, por seu turno, confor-me se sublinha com maior destaque na Nota de Fecho desta edição, tem--se desmultiplicado em ações de soli-dariedade, tendo angariado os fundos indispensáveis para inúmeras doações a inúmeras instituições de saúde, la-res de terceira idade, corporações de bombeiros e outras entidades necessi-tadas. De igual modo, está a apoiar o desenvolvimento e a produção de um ventilador concebido pelo INESC TEC e de equipamentos desenvolvidos pelo INEGI.

Para além dos exemplos acima, são inúmeras as empresas associadas da AIMMAP que se têm agregado a este espírito de generosidade, quer através

de donativos importantes para levar a cabo as ações de solidariedade desen-volvidas pela AIMMAP, quer agilizan-do e disponibilizando as suas linhas deprodução para produzir equipamentosessenciais na luta contra o Covid-19,como os produtos já anteriormente re-feridos. Entre muitas outras que a seutempo serão aqui divulgadas, desta-cam-se para já os nomes da SILAM-POS, OPEN PLUS, COLEP, Grupo SI-MOLDES, Grupo EXTRUSAL, POMBO,CEI, TSF, HERDMAR, MEIRELES, FUN-DIVEN, SOPINAL, ENG & STEEL, LA-COVALE, ELÍSIO PAULO & AZEVEDO,NCP, BIG MAQ, FERESPE METALÚR-GICA FALCÃO, PROMECEL, NEWS-TAMP ou Grupo ALSIL.

Perante uma crise sanitária sem pre-cedentes, o Universo AIMMAP dá oexemplo de uma unidade singular na sua força e diversidade, numa altura emque todos somos chamados a ter umpapel ativo neste combate, enquantoindivíduos, empresas e instituições.

UNIVERSO AIMMAP

Entidades do Universo AIMMAP assumem comportamento exemplar de solidariedade perante a sociedade civil

Desde 2011, a AIMMAP organi-za anualmente ações de compra de energia em grupo, no senti-

do de criar condições para que as em-presas do METAL PORTUGAL tenham acesso a energia de qualidade e com preço competitivo. Tais ações eram ini-cialmente focadas apenas na compra de eletricidade, passando desde 2014 a abranger também a compra de gás natural.

Em 2020, apesar do verdadeiro cata-clismo que afetou a generalidade das empresas, ainda assim, a AIMMAP lo-grou concretizar a décima edição de compra de eletricidade e a sétima ação

de compra de gás natural. Não obstan-te, a AIMMAP confrontou-se desta vez com contrariedades acrescidas. Para além das gigantescas dificuldades ge-radas pelo surto de Covid-19, verificou--se que alguns operadores de energia que não haviam ganho os concursos promovidos pela AIMMAP tentaram contactar as empresas aderentes para as desmobilizar das iniciativas, a maio-ria das vezes com propostas contratuais pouco transparentes e suscetíveis de induzirem em erro.

Ainda assim, ambas as ações regis-taram sucesso, tendo sido possível atingir resultados muito positivos tan-

to em termos de preço como no pla-no das adesões. É verdade que, por força dos motivos acima referidos, tais resultados não foram tão bons como nos anos anteriores. De todo o modo, aderiram mais de 200 empresas à ação de compra de eletricidade e cerca de 50 empresas à iniciativa de compra de gás natural.

Como se vê, a maioria das empre-sas não se deixou enganar, muito pro-vavelmente porque os associados da AIMMAP já perceberam que estas ini-ciativas reforçam o poder de negocia-ção do setor na sua globalidade e que é precisamente por tal motivo que al-

guns operadores tudo fazem para astentar destruir.

A AIMMAP espera continuar a pro-mover estas ações durante muitos maisanos, sempre com o único propósitode poder beneficiar os seus associadose sem qualquer proveito direto paraalém do gosto e empenho de pres-tar um serviço às empresas do METALPORTUGAL. Mas é fundamental queos seus associados continuem a apoiarcom crescente assertividade esta inicia-tiva. Tal como a AIMMAP tem sublinha-do frequentemente nas suas comunica-ções, é muito importante que os seusassociados a ajudem a ajudá-los.

Desde o momento inicial da crise empresarial causada pelo surto de Covid-19 a AIMMAP, para além

do apoio incansável nas mais diversas vertentes ao setor que representa e aos seus associados – e que por estes tem sido reiteradamente reconhecido de for-ma que muito tem tocado a Direção e os colaboradores da associação –, tem efe-tuado sucessivos inquéritos às empresas para assim melhor poder aferir a forma com que a crise as tem afetado.

A Direção da AIMMAP agradece a enorme disponibilidade revelada pelas empresas filiadas, as quais, de uma for-ma geral, têm vindo a responder aos in-

quéritos com grande rigor e celeridade.Para além desse agradecimento, fica

o registo de que as respostas aos in-quéritos têm sido decisivas para que a AIMMAP possa monitorizar com maior eficiência o estado do setor e dos res-petivos subsetores em cada momento. Consequentemente, ajudaram de forma relevante a consolidar as propostas de medidas concretas para apoio à econo-mia que a AIMMAP tem feito chegar ao Governo, diretamente ou através da CIP.

Nunca como agora se reforçou tanto a convicção de que a união faz a força. E nisso o METAL PORTUGAL sempre foi um exemplo.

Foi divulgado durante o mês de abril que a ACT e a DGERT teriam emitido um parecer defendendo que os trabalhadores do setor privado, abrangidos pelo Código do Trabalho, teriam direito a auferir o subsídio de alimentação em regime de teletraba-lho.

Com todo o respeito que é devi-do por opiniões contrárias, a ACT e a DGERT não se substituem nem à lei nem aos tribunais, sendo ainda certo

que não têm o poder de efetuar inter-pretações autênticas.

O entendimento da AIMMAP é o deque o subsídio de alimentação não édevido a quem se encontra em regi-me de teletrabalho, apesar de as em-presas serem livres de o pagar se as-sim o entenderem.

No passado dia 7 de abril, a AIM-MAP divulgou o seu parecer sobre amatéria, o qual pode ser lido no siteda associação.

ENERGIA

BREVES

Apesar das contrariedades, as iniciativas de compra de energia em grupo promovidas pela AIMMAP continuam a registar grande sucesso

Inquéritos da AIMMAP aos associados AIMMAP entende que o subsídio de alimentação não é devido aos trabalhadores em regime de teletrabalho

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4

METAL PORTUGAL Ajuda

O METAL PORTUGAL há muito que nos habituou que é um setor preponderante e essencial

no quadro da economia portuguesa e da sociedade nacional.

É o setor que mais exporta em Portugal – em 2019 atingiu o impressionante valor de 19.590 milhões de euros, emprega mais de 250 mil trabalhadores, e em termos de VAB e VN representa cerca de 1/3 da indústria transformadora nacional.

A esta performance, cujos números não deixam dúvidas, junta-se o facto de ser um setor que está cada vez mais na vanguarda da tecnologia e inovação, bem como na liderança de valores de sustentabilidade social e ambiental, que contribuem para a descolagem definitiva do ranking do METAL PORTUGAL nos mercados mais sofisticados a nível mundial.

A crise sanitária provocada pela

Covid-19 reforçou a evidência, de uma forma totalmente espontânea, da relevância do papel que o METAL PORTUGAL assume na sociedade portuguesa.

Para além de inúmeros exemplos de empresas do METAL PORTUGAL que rapidamente fizeram importantes donativos e/ou ajustaram a sua produção para produzirem produtos absolutamente indispensáveis a todos os profissionais que estão na linha da frente do combate à Covid-19, também a AIMMAP desde o início se preocupou em saber em que áreas poderia ser mais útil nesse mesmo combate.

Desde então, a AIMMAP mantém-se ativamente comprometida em ter um papel ativo na resolução desta crise, desde o apoio dado aos associados ao apoio dado ao Hospitais, unidades de saúde, centros de investigação, entre outros.

Essa ajuda tem-se desmultiplicado em diversas frentes e entre várias iniciativas: a AIMMAP já doou máscaras e álcool gel para profissionais de saúde de Oliveira de Azeméis, Ronfe, Valongo, Maia e Porto, entregou a diversas unidades hospitalares cerca de 559 estruturas de suporte para viseiras, ofereceu 30 contentores aos bombeiros e centros de saúde de Oliveira de Azeméis com o apoio da respetiva Câmara Municipal, doou 22 mil máscaras para outros profissionais de risco, ofereceu dezenas de milhares de toucas descartáveis, proteções para sapatos, luvas e outros materiais de proteção individual e disponibilizou uma conta bancária para receber donativos de empresas associadas que queiram juntar-se a esta causa.

Além de tudo isto, e como será referido de forma mais detalhada num outro artigo desta edição, a

AIMMAP está a apoiar diretamente o desenvolvimento e produção de ventiladores, que serão entregues à ARS até ao final do mês de abril.

Obviamente que todo este trabalho tem sido desenvolvido em linha com os valores de união, cooperação e entreajuda que definem os contornos do Universo que une a AIMMAP a empresas associadas, ao CATIM, à CERTIF, ao CENFIM, ao INEGI, entre outros.

Um papel de intervenção ativa da AIMMAP na sociedade que esta associação assume com muita honra e prolongará enquanto a necessidade assim o justificar, numa altura em que não há lugar a individualismos nem contemplações, e onde o tempo é de ação e luta contra uma crise sem precedentes na atualidade, onde se impõem iniciativas de cooperação e junção de esforços.

NOTA DE FECHO

Obrigações ambientais(Alterações de prazos de entrega)

AIMMAP realiza conjunto de webinars gratuitos

“Linha de Crédito COVID-19 – Apoio à Atividade Económica” abrange todas as empresas do setor metalúrgico e metalomecânico

AMBIENTE FORMAÇÃO

ASSUNTOS ATUAIS

Sofia Veloso FerreiraDepartamento de Comunicação da AIMMAP

DESIGNAÇÃO PRAZO PRORROGAÇÃO

MIRR 2019 - Mapa Integrado de Registo de

Resíduos

1 janeiro a 31 de março 2020 15 de abril de 2020

Declaração Anual de Produtores/Embaladores de

Produtos

31 de março de 2020 30 de abril de 2020

Comunicação dados relativos à utilização de

gases fluorados

1 de janeiro a 31 de março de 2020 30 de junho de 2020

RAA Relatório Ambiental Anual 2019

1 de maio e 30 de junho de 2020 30 de outubro de 2020

Entrega do Relatório Único referente a 2019

16 de Março a 15 de Abril de 2020

A data final de entrega do RU está

a ser ponderada e será reajustada oportunamente

Em mais uma iniciativa de apoio às empresas e em resposta à crise provocada pela pandemia de Co-

vid-19, a AIMMAP deu início no mês de abril à realização de um conjunto de we-binars gratuitos sobre os mais variados temas de gestão. Este programa de for-mação encontra-se disponível para to-das as empresas interessadas que po-derão inscrever-se a partir do site da AIMMAP e foi divulgado ao universo do METAL PORTUGAL durante o presente mês de abril.

As ações concretas que a AIMMAP está a realizar neste âmbito encontram--se identificadas no site da associação e abrangem um vasto conjunto de maté-rias.

O intuito da AIMMAP com a imple-mentação desta iniciativa visa correspon-der às necessidades de desenvolvimen-to de competências dos empresários e

suas equipas, os quais, de outro modo, teriam esse objetivo comprometido.

O sucesso do programa está a superar todas as expectativas. Em poucos dias esgotaram as inscrições em vários des-ses seminários, pelo que foram de ime-diato marcadas novas edições, por for-ma a corresponder à forte procura.

Considerando o interesse das maté-rias tratadas nos webinars e tendo em conta que, atualmente, esta é a melhor via para se poder promover a formação de que os colaboradores das empre-sas necessitam, a AIMMAP incentiva os seus associados a aderirem à iniciativa. Acrescenta-se que a AIMMAP emitirá os respetivos certificados de formação a to-dos os que frequentarem as ações.

Mais esclarecimentos sobre o assunto poderão ser obtidos através de contacto para [email protected] ou 969 843 522

No âmbito da decisão da Comissão Europeia de 4 de abril que autorizou o Governo a alargar o montante das li-nhas de crédito com garantia de esta-do até 13 mil milhões de euros, assim como os setores abrangidos, no pas-sado dia 13 de abril, foi alterada a até então designada “Linha de Crédito - Apoio empresas da Indústria”.

A referida linha de crédito passou agora a denominar-se “Linha de Cré-dito COVID-19 – Apoio à Atividade Económica” e pretende assegurar que o conjunto dos instrumentos de crédito de apoio à tesouraria abranja a globalidade do tecido empresarial português, nomeadamente as empre-

sas do setor metalúrgico e metalome-cânico.

Logo no suprarreferido dia 13 de abril, a AIMMAP informou os seus as-sociados da reformulação desta impor-tante medida de apoio às empresas portuguesas. De todo o modo, aqui se sublinham uma vez mais as característi-cas principais da linha em apreço:1. O plafond global passa de 1300 MJ

para 4500 MJ (mais 3200 MJ face à anterior Linha Específica para a In-dústria);

2. A abrangência de CAE é alargada no âmbito da nova Linha Específica «Apoio à Atividade Económica» para a generalidade dos CAE;

3. O prazo máximo das operações pas-sa para até 6 anos (antes 4 anos);

4. O prazo de carência das operações passa para até 18 meses (antes 12 meses);

5. A exigência de Situação Líquida Po-sitiva não se aplica a empresas com menos de 24 meses de atividade ou a ENI sem contabilidade organizada;

6. O montante máximo por operação para “Small Mid Caps” ou “Mid Caps” passa para 2 MJ;

7. Não será exigido ao cliente, nem pelo Banco nem pela SGM, qualquer tipo de aval ou garantia complemen-tar (pessoal ou patrimonial)É em qualquer caso absolutamente

conveniente que os interessados em recorrer a este apoio e precisem de es-clarecimentos prévios, contactem dire-tamente os serviços da AIMMAP.

Recorda-se, por outro lado, que a AIMMAP, desde o início da crise que está a afetar a economia portuguesa em consequência da pandemia de Co-vid-19, tem estado em contacto per-manente com o Ministério da Econo-mia e com o secretário de Estado da Economia, João Neves, muito em par-ticular. O tema da linha de crédito e do seu alargamento às empresas do se-tor metalúrgico e metalomecânico foi sempre um dos que de forma prioritá-ria estiveram em cima da mesa.