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PTERIDÓFITAS DO PARQUE ESTADUAL DE PORTO FERREIRA (SP), BRASIL I RESUMO Neste trabalho foi realizado um levantamento de pteridófitas no Parque Estadual de Porto Ferreira. As coletas foram realizadas em cinco pontos, .denominados Trilha de Pesquisa, Trilha das Arvores Gigantes, Area da Lagoa, Area do Rio e Cachoeira. Foram reconhecidas 48 espécies de pteridófítas pertencentes a 10 famílias: Aspleniaceae, Blechnaceae, Cyatheaceae, Dryopteridaceae, Polypodiaceae, Pteridaceae, Schizaeaceae, Tectariaceae, Thelypteridaceae e Woodsiaceae. Destas, as mais representativas foram Pteridaceae com 10 espécies, distribuídas em seis gêneros >"'e Polypodiaceae e Thelypteridaceae que apresentaram 9 espécies cada, distribuídas em Cjuatro e um gêneros, respectivamente. Das 48 espécies registradas 16 apresentam distribuição .bastante restrita, ocorrendo apenas na Trilha das Arvores Gigantes e Campyloneurum /'epens C. Presl., Adiantum diogoatiunt Glaziou ex Baker, Blechnum glandulosum Linlc e B. lanceola Sw são as espécies de ocorrência mais ampla. Em todos os pontos de coletas pteridófitas, sendo que a. Trilha das Arvores Gigantes é a mais rica e a Area da Lagoa a mais pobre em número de espécies. As pteridófitas ocorrem nos ambientes de matas estacionais semideciduais, matas ciliares, brejos e no cerradão. A maior diversidade de espécies foi encontrada na mata estacional sernidecidual. Palavras-chave: Pteridophyta; Parque Estadual ele Porto Ferreira; nora; São Paulo. INTRODUÇÃO Segundo Tryon (1986) a regiao Sudeste do Brasil apresenta cerca de 600 espécies de pteridófitas. No Estaelo de São Paulo ocorrem cerca ele 500 espécies, distribuídas em 25 famílias e aproximadamente 50 gêneros. A grande maioria das Áurea Maria Therezinha COLLl 2 Sonia Aparecida de SOUZA 1 Rogéria Toler da SILV A 4 ABSTRACT This work presents a pteridophytic survey carried out at the Porto Ferreira State Park. Collections were accomplished at .five places named "Trilha da Pesquisa, Trilha das Arvores Gigantes, Area da Lagoa, Area do Rio, and Cachoeira". Forty-eight species of pteridophytes pertaining to 10 families were recognized: Aspleniaceae, Blechnaceae, Cyatheaceae, Dryopteridaceae, Po Iypod iaceae, Pteri daceae, Sc h izaeaceae, Tectariaceae, Thelypteridaceae, and Woodsiaceae. Among thern, the most representative ones were Pteridaceae with 10 species distributed arnong six genera. also Polypodiaceae and Thelypteridaceae that presented 9 species each distributed in four and one genera, respectively. Frorn 48 species registered, 16 present a very restricted distribution only occurring 111 the "Trilha das Arvores Gi~antes" and Campyloneurum /'epcns C. Presl., Adiantum diogoanuni Glaziou ex Baker, Blechnum glandulosunt Link. and B. lanceola Sw are the most abundant species. There are pteridophytes at ali places of the collection. "Trilha, das Arvores Gigantes" is the richest one and the Area ela Lagoa is the poorest in nurnber of species. Pteridophytes occur at sernideciduous forest, gallery forest, swarnps and "cerradão". The largest species diversity was found in the semideciduous forest. Key worels: Pteridophytes; Porto Ferreira State Park: nora; São Paulo. espécies ele pteridófitas ocorre na Mata Atlântica ao longo da Serra do Mar, nas matas ela Serra da Mantiqueira e nas do Vale elo Ribeira. As matas mesófilas semideciduais de planalto e de encosta e as existentes ao longo de cursos d'água do interior do Estado apresentam diversidade menor elo que as acima citadas (Salino, 1993). (1) Trabalho apresentado no II Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação. realizado em Campo Grande-Mê, no periodo de 05 a 09 de novembro de 2000 e aceito para publicação em abril de 2003. (2) FAFIBE, Rua Prol. Orlando França de Carvalho, 325, 14.700·000, Bebedouro, SP, Brasil. FFCLSJRP, Av. Deputado Eduardo Vicente Nasser, 1020, 13'120·000, São José do Rio Pardo, SP, Brasil. E·mail: [email protected] (3) Instituto Florestal, Rua do Horto, 931, Caixa Postal 1322, 010507·970, São Paulo, SP, Brasil. (4) UNICAPITAL, Rua Ibitetuba, 42/130, 03127·180, São Paulo, SP, Brasil. Rev. Inst. Flor .. São Paulo. v. 15.11. I. p. 29·35. jUI1. 2003.

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  • PTERIDÓFITAS DO PARQUE ESTADUAL DE PORTO FERREIRA (SP), BRASILI

    RESUMO

    Neste trabalho foi realizado umlevantamento de pteridófitas no Parque Estadualde Porto Ferreira. As coletas foram realizadas emcinco pontos, .denominados Trilha de Pesquisa,Trilha das Arvores Gigantes, Area da Lagoa,Area do Rio e Cachoeira. Foram reconhecidas48 espécies de pteridófítas pertencentes a 10famílias: Aspleniaceae, Blechnaceae, Cyatheaceae,Dryopteridaceae, Polypodiaceae, Pteridaceae, Schizaeaceae,Tectariaceae, Thelypteridaceae e Woodsiaceae.Destas, as mais representativas foram Pteridaceaecom 10 espécies, distribuídas em seis gêneros

    >"'e Polypodiaceae e Thelypteridaceae que apresentaram9 espécies cada, distribuídas em Cjuatro e umgêneros, respectivamente. Das 48 espécies registradas16 apresentam distribuição .bastante restrita,ocorrendo apenas na Trilha das Arvores Gigantes eCampyloneurum /'epens C. Presl., Adiantumdiogoatiunt Glaziou ex Baker, Blechnum glandulosumLinlc e B. lanceola Sw são as espécies de ocorrênciamais ampla. Em todos os pontos de coletas hápteridófitas, sendo que a. Trilha das ArvoresGigantes é a mais rica e a Area da Lagoa a maispobre em número de espécies. As pteridófitasocorrem nos ambientes de matas estacionaissemideciduais, matas ciliares, brejos e no cerradão.A maior diversidade de espécies foi encontrada namata estacional sernidecidual.

    Palavras-chave: Pteridophyta; Parque Estadual elePorto Ferreira; nora; São Paulo.

    INTRODUÇÃO

    Segundo Tryon (1986) a regiao Sudestedo Brasil apresenta cerca de 600 espécies depteridófitas. No Estaelo de São Paulo ocorremcerca ele 500 espécies, distribuídas em 25 famílias eaproximadamente 50 gêneros. A grande maioria das

    Áurea Maria Therezinha COLLl2

    Sonia Aparecida de SOUZA1

    Rogéria Toler da SILV A 4

    ABSTRACT

    This work presents a pteridophyticsurvey carried out at the Porto Ferreira State Park.Collections were accomplished at .five places named"Trilha da Pesquisa, Trilha das Arvores Gigantes,Area da Lagoa, Area do Rio, and Cachoeira".Forty-eight species of pteridophytes pertaining to10 families were recognized: Aspleniaceae,Blechnaceae, Cyatheaceae, Dryopteridaceae,Po Iypod iaceae, Pteri daceae, Sc h izaeaceae,Tectariaceae, Thelypteridaceae, and Woodsiaceae.Among thern, the most representative ones werePteridaceae with 10 species distributed arnong sixgenera. also Polypodiaceae and Thelypteridaceaethat presented 9 species each distributed in fourand one genera, respectively. Frorn 48 speciesregistered, 16 present a very restricted distributiononly occurring 111 the "Trilha das Arvores Gi~antes"and Campyloneurum /'epcns C. Presl., Adiantumdiogoanuni Glaziou ex Baker, Blechnumglandulosunt Link. and B. lanceola Sw are themost abundant species. There are pteridophytes atali places of the collection. "Trilha, das ArvoresGigantes" is the richest one and the Area ela Lagoais the poorest in nurnber of species. Pteridophytesoccur at sernideciduous forest, gallery forest,swarnps and "cerradão". The largest speciesdiversity was found in the semideciduous forest.

    Key worels: Pteridophytes; Porto Ferreira StatePark: nora; São Paulo.

    espécies ele pteridófitas ocorre na Mata Atlânticaao longo da Serra do Mar, nas matas ela Serra daMantiqueira e nas do Vale elo Ribeira. As matasmesófilas semideciduais de planalto e de encosta eas existentes ao longo de cursos d'água do interiordo Estado apresentam diversidade menor elo que asacima citadas (Salino, 1993).

    (1) Trabalho apresentado no II Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação. realizado em Campo Grande-Mê, no periodo de 05 a 09 de novembrode 2000 e aceito para publicação em abril de 2003.

    (2) FAFIBE, Rua Prol. Orlando França de Carvalho, 325, 14.700·000, Bebedouro, SP, Brasil. FFCLSJRP, Av. Deputado Eduardo Vicente Nasser, 1020,13'120·000, São José do Rio Pardo, SP, Brasil. E·mail: [email protected]

    (3) Instituto Florestal, Rua do Horto, 931, Caixa Postal 1322, 010507·970, São Paulo, SP, Brasil.(4) UNICAPITAL, Rua Ibitetuba, 42/130, 03127·180, São Paulo, SP, Brasil.

    Rev. Inst. Flor .. São Paulo. v. 15.11. I. p. 29·35. jUI1. 2003.

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    COLU, A. M. T.: SOUZA, S. A. de; SILVA, R. T. da. Pteridófitas do Parque Estadual de Porto Ferreira (SP), Brasil.

    Apesar da baixa diversidade de espéciesde pteridófitas existentes no interior do Estado deSão Paulo, poucos estudos têm sido realizadossobre a flora pteridofítica, destacando-se os deBrade (1937, 1951), Prado (1998), Pereira-Noronha (1989), Esteves & Melhem (1992),Windisch (1992), Simabukuro et al. (1994), Salino(1996), Siqueira & Windisch (1998), Hirai &Prado (2000) e Prado & Labiak (2001).

    O Parque Estadual de Porto Ferreirarecebe visitas monitoradas de estudantes e dapopulação em geral e vários projetos de pesquisatêm sido desenvolvidos nesta área. No entanto, nãofoi realizado até o momento nenhum levantamentodas espécies de pteridófítas ocorrentes. Destaforma o presente estudo é uma contribuição aoconhecimento da flora pteridofítica das formaçõesvegetais dessa área.

    2 MATERIAL E MÉTODOS

    O Parque Estadual de Porto Ferreira éuma das Unidades de Conservação administradapelo Instituto Florestal, localizado no município dePorto Ferreira, SP, 21°50' a 21°52' Sul e 47°24' a47°28' Oeste. Possui uma área de 611,55 hectarescom vegetação natural que apresenta ecossistemasde Floresta Estacional Semidecidual (MataAtlântica de interior), Cerradão e 5 km de MataCiliar' com predomínio de Floresta EstacionalSemidecidual; no Cerradão encontram-se áreaspermanentemente inundadas que neste trabalhoforam denominadas brejos. Limita-se ao sul com orio Moji-Guaçu, à leste com o Ribeirão dos Patos,a oeste com o Córrego da Água Parada e ao Nortecom a rodovia SP-215.

    O clima da região é do tipo Cwa,temperado rnacrotérmico de inverno seco não-rigoroso. A temperatura média anual varia entre13°C e 30°C e a pluviosidade média é de 1400 mm.Os solos encontrados nessa região são PodzólicoVermelho Amarelo e Latossolo Vermelho Escuro-01'10 (Bertoni, 1984).

    Foram realizadas 15 excursões noperíodo de janeiro de 1998 a março de 2000 paracoletas de material botânico dos representantes da

    Rev. Inst. Flor., São Paulo, v. 15, n. I, p. 29-35, jun. 2003.

    divisão Pteridophyta em cinco pontos do Parque:Trilha de Pesquisa, Trilha das Árvores Gigantes,Área da Lagoa (incluindo as proximidades doCerradão), Área do Rio e Cachoeira. Nas trilhasas coletas foram realizadas às suas margense em alguns pontos houve o adentramentode 5 m.

    As Trilhas das Árvores Gigantes e dePesquisa percolam Cerradão e Floresta Estacional .Semidecidual. A Cachoeira possui FlorestaEstacional Semidecidual. A Área do Rio 'é umatrilha paralela ao rio Mogi-Guaçu que possui mataciliar com domínio de Floresta EstacionalSemidecidual e a Área da Lagoa está localizadano Cerradão.

    As matas encontradas ao longo dastrilhas estão no estágio secundário de sucessão eneste artigo são tratadas como matas estacionaissemideciduais. A mata existente nas trilhasparalelas ao rio Mogi-Guaçu é tratada como mataciliar. Na Área da Lagoa foram coletadas espéciessomente na área alagada.

    Todo o material botânico coletado foiprensado no campo, herborizado segundo astécnicas usuais e incluído no acervo do Herbáriodo Instituto Florestal (SPSF). Algumas espécies depteridófitas foram identifícadas por JeffersonPrado, Alexandre Salino e Vinícius A. de O.Dittrich; outras espécies foram identificadas porcomparação com espécimes do Herbário doDepartamento de Botânica, da UniversidadeFederal de São Carlos e do Herbário daUniversidade Estadual de Campinas.

    3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

    No levantamento das pteridófítas doParque Estadual de Porto Ferreira, foramencontradas 10 famílias, 22 gêneros e 48 espécies(TABELA 1). Com relação às famílias, tem-se quedo total de espécies encontradas 10 espéciespertencem à Pteridaceae, 9 pertencem àsPolypodiaceae e Thelypteridaceae, 6 àDryopteridaceae, 5 à Aspleniaceae, 3 àTectariaceae, 2 às Blechnaceae e Schizaeaceae e Iàs famílias Cyatheaceae e Woodsiaceae(FIGURA 1).

  • COLI.I. A. !\tl. T.: SOUZA. S. A. de: SILVA. R. T. da. Ptcridófitas do Parque Estadual de Porto Fcrrcira (SP). Brasil.

    31e

    TABELA I - Distribuição de espécies de pteridófitas no Parque Estadual de Porto Ferreira, SP. A indicaçãodos hábitos e dos ambientes de ocorrência é codificada pela legenda que se segue. Hábitos:AB = arborescente, TE = terrestre, RU = rupicola, EP = epifita. Ambientes: CE = cerradão,MC = mata ciliar. MES = mata estacional semidecidual, BR = brejo. Pontos de coleta:TAG = trilhadas árvores gigantes, CA = cachoeira, TP = trilha de pesquisa, AL = área da lagoa, AR = área do rio.

    FamíliaEspécie

    Pontos de ColetaHábito Ambiente

    ASPLENIACEAEAsplenium auriculaunu Sw.Asplenitun clansenii H ieron.Asplen iutnfonnosum W iIld.Asplenium ineqnil aterol c Willd.Aspleniuni otites Link.

    BLECI-INACEAEBlechuum glandulosinn Link.Blechnutn lanceola S\\!.

    CYATI-IEACEAECvathea dclgadi! Sternb.

    '", DRYOPTERIDACEAEBolbitis sermtifolia (Mart.) SchottElaphoglossum sp.Lastreopsis e[lilsu (Sw.) TindalePoli 'bot r \'O sp.Polvstichum platvphvlliun (Willd.) C. Presl.Tectaria incisa Cavo

    POL YPODIACEAECampvlonenrum acrocarpou FéeCatnpvloncunun repens C. Presl.Microgranuna lindbergii (Mett.) ele Ia SotaMicrogranuna persicariifolia (Schrad.) C. Presl.Microgranuua squmnulosa Kaulf. De Ia SotaPlcopeltis angusta Willel.Polvpodhun catluuinac Langsd. & Fisch.Polvpodini latipes Langsd. & Fisch.Polvpodiunt polvpodioidcs (L.) Watt.

    PTERIDACEAEAdiantopsis radiata (L.) Fée.idiannnn diogoannm Glaziou ex BakerAdiannun c 1". obliquum Willd..'Idil/IIIJI/II raddianum C. Presl.Chcilantes cottcotor Langsd. & Fisch.l lcniioniris tonientosa (Larn.) Raddil'tcti« denticulata Sw. var. denticulataPtcris plunut!« Desv.Ptcris vittam L.Ptcris sp.

    Rl'L l nst , lIur .. '

  • 32

    COLl.1. A. M. 1".:SOUZA. S. A. de: SI!.V 1\. I{. T. da. Ptcridófitas do Parque Estadual de Porto Fcrrcira (SI'). Brasil.

    continuação - TABELA I

    Família Hábito Ambiente Pontos de ColetaEspécieSCHIZAEACEAEAnemia phyllitidis (L.) S",. TE MES, CE TAG, CAAnemia villosa Willd. TE MES, CE TAG. CA

    TECTARIACEAECtenitis submarginalis (Langsd. & Fisch.) Ching TE MES TAGCtenitis eriocaulis (Fée) Alston TE MC TPCtenitis crfa/cicu/ara (Raddi ) Ching TE MC TP

    TI-IEL YPTERIDACEAETliclvpteris dentata (Forssk) E. St. John TE MES, CE TP, TAGThelvptcris dutrai (C. Chr. Ex Outra) Ponce TE MES. MC TP, CAThclvpteris intcrrupta (Willd.) lwatsuk i TE BR ALTlielvpteris (Goniopteris) TE MES TAGThelvptcris grandis A. R. Sm TE MES TAGTlielvpteris hispidula (Decne) C. F. Reed TE MES TP, TAGThclvpteris lugubris (Kunze ex. Mett.) R. M. Tryon & A. F. Tryon TE MES TAG

    '" Tliclvpteris patens (S",.) Small TE MES, BR TAGThclvptcris schwackeana (Christ) A. Salino TE MES TAG

    WOOOSIACEAEDiplazium cristattun (Oesv.) Alston TE MES TP

    Ptcridaccac

    Thcl yptcridaccac

    Polypodiaceae~~

    Dryopt cri elaccac~~~~~~~~

    Asplcniaccac~~~~

    Tccrariaccac

    Schizaeaceae

    Blcchnaccae

    Cynthcccc

    W oods iacalC

    o 2 4 6 8 10Número ele Espéci cs

    FIGURA I - Número de espécies de pteridófitas do Parque Estadual de Porto Ferreira, SP.

    Rev. Inst. Flor .. SJo Paulo. \.15.11. I. p. 2()-~5 . jun. 2003.

  • COLU. A. M. T.: SOUZA. S. A. de: SI LVA. R. T. da. Ptcridófitas do Parque Estadual de Porto Fcrreira (SP). Brasil.

    Apesar da diversidade de formações vegetaisexistentes, as famílias que são mais representativasno Parque Estadual de Porto Ferreira tambémforam encontradas em outras áreas. Esse fato foiregistrado na Serra da Juréia por Prado & Labiak(2001). A família de pteridófitas epífitas maisrepresentativa na Reserva Volta Velha (SC) foiPolypodiaceae (Labiak & Prado, 1998). No Morrodo Cuscuzeiro localizado em Analândia (SP), asfamílias mais representativas foram Pteridaceae,Polypodiaceae e Thelypteridaceae (Salino, 1996).No Parque Estadual do Rio Doce (MG) as famíliasPteridaceae e Thelypteridaceae foram as maisrepresentativas (Graçano e! al., 1998). Já, naReserva Ecológica de Jangadinha (PE) a famíliaPteridaceae foi a mais representativa (Ambrósio &Barros, 1997). Na região Norte, nos Estados doAmazonas e Pará e nos territórios do Acre eRondônia, foi observado um grande número deespécies pertencentes à famíl ia Thelypteridaceae(Tryon & Conant, 1975).

    >,~ Apesar da existência de diferentesformações vegetais, os gêneros mais representativos noParque Estadual de Porto Ferreira e no Morro doCuscuzeiro, Analândia (SP) foram Thelypteris eAsplenium (Salino, 1996).

    A família Polypodiaceae ocorreu emtodos os pontos de coletas nos ambientes de MataEstacional Semidecidual, Mata Ciliar e Cerradão,as famílias Pteridaceae e Thelypteridaceae ocorreramem quatro dos cinco pontos nos ambientes de MataEstacional Sernidecidual, Mata Ciliar, Brejo eCerradão. As famílias Aspleniaceae, Blechnaceae eDryopteridaceae ocorreram em três dos cinco pontosnos ambientes de Mata Estacional Semidecidual e MataCi Iiar. Schizaeaceae e Tectariaceae estão restritas adois pontos nos ambientes de Mata EstacionalSernidecidual, Mata Ciliar e Cerradão eWoodsiaceae ocorreu em um ponto no ambiente deMata Estacional Semidecidual (TABELA I).

    Canipyloneurum repens, Adiantumdiogoanum, Blechnum glandulosum e B. lanceo/aforam as espécies que ocorreram em maior númerode pontos nos ambientes de Mata EstacionalSernidecidual e Mata Ciliar. Das 48 espéciesregistradas 16 apresentam distribuição bastanterestrita, ocorrendo apenas na Trilha das ÁrvoresGigantes (TABELA I).

    Com relação à diversidade específica dogrupo, sabe-se que as famílias Pteridaceae eThelypteridaceae são de grande importância e

    Rev, Inst. Flor .. São Paulo. v. 15.11. I. p. 29-35.jUI1. 2003.

    representatividade nos trópicos (Tryon & Tryon,1982), e' no Parque Estadual de Porto Ferreira,foram as melhores representadas.

    Na região central do Estado de São Paulo,onde está localizado o município de Porto Ferreira,as pteridófitas ocorrem nas regiões serranas, nasmatas galerias, remanescentes de matas mesófilas ede matas semidecíduas e nas regiões de cerrado(Prado, 1998). E este fato foi observado no ParqueEstadual de Porto Ferreira (TABELA I).

    A maioria das espécies de pteridófitas (44)ocorreu em locais úmidos no interior das matas ou nosbarrancos sombreados, das quais trinta e duas sãoterrestres, três rupícolas, cinco epífitas, duas são tantotelTestres como rupícolas, uma é tanto epífita comorupícola e uma arbórea. Ranal (1995) verificou que asespécies de pteridófitas terrestres, Adiantopsis radiata,Polypodium latipes e Pteris denticu/ata, ocorrem emsolos que retêm maior quantidade de água, mantendo seusrizomas e raízes na camada superficial do substrato, ondehá maior umidade em relação às palies mais profundas.

    Nas áreas de cerradão do Parque Estadualde Porto Ferreira foram encontradas 8 espécies depteridófitas. Destas Cheilantes concolor, Polypodiumpolypodioides e P latipes foram registradas por Esteves& Melhern (1992) nos cerrados de São Paulo; já asespécies Polypodium latipes, Pleopeltis angusta,Microgramma squamulosa e Anemia phyllitidis foramregistradas por Salino (\ 996) nos cerrados localizadosna Serra do Cuscuzeiro em Analândia, SP.

    Nos brejos do Parque Estadual foramregistradas duas espécies, Thelypteris interrupta eThe/ypteris patens, que ocorreram também nos brejosda SeITa do Cuscuzeiro (Salino, 1996). Já Prado &Labiak (200 I) registraram a presença da espécieBlechnum brasiliense nos brejos da Serra da Juréia,

    A maioria das espécies de hábito epi fitico(Pleopeltis angusta, Polypodium catharinae,Campyloneurum repens, Microgramma lindbergii,M. squamulosa, M. persicariijolia) foramencontradas na Trilha das Árvores Gigantes noambiente de Floresta Estacional Semidecidual.Observou-se a presença de escassos números depteridófitas com hábito epifitico no Parque.Segundo Fontoura et al. (1997) citados porGraçano et al. (1998), áreas de mata secundáriaapresentam um reduzido número de epífitas emrelação às áreas de mata primária. Neste caso, aescassez de espécies epífitas pode ser umindicativo do caráter secundário das matas doParque Estadual de Porto Ferreira.

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    COLLI. A. M. 1".:SOLZA. S. 1\. de: SI LV A. R. T. da. Ptcridófitas do Parque Estadual de Porto Ferrcira (SP). Brasil.

    Das 44 espécies da região que ocorremnos ambientes de matas ou associadas a elas 26também foram registradas por Salino (1993) queencontrou 91 espécies em 3 remanescentes florestaisde bacia do rio Jacaré-Pepira nos municípios deItirapina e Brotas. Prado & Labiak (200 I) encontraram7 espécies ocorrentes na região nos ambientes defloresta pluvial tropical da Serra da Juréia.

    4 AGRADECIMENTOS

    As autoras agradecem ao Instituto Florestalpelo fornecimento das condições necessárias paraa realização deste trabalho, aos Drs. JeffersonPrado c Alexandre Salino e ao Mestre ViníciusA. de O. Dittrich pela identi ficação das espéciesde pteridó fitas.

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