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AN02FREV001/ REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação

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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação

CURSO DE

PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

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CURSO DE

PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA

MÓDULO I

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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SUMÁRIO

MÓDULO I

1 FUNDAMENTOS DA PSICOPEDAGOGIA

1.1 UM OLHAR SOBRE A PSICOPEDAGOGIA – BREVE HISTÓRICO

2 ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES

3 O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO

4 LEIS, CÓDIGOS E DIRETRIZES DA PSICOPEDAGOGIA

4.1 CÓDIGO DE ÉTICA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA

(ABPp)

4.2 OUTROS DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA PARA O PSICOPEDAGOGO

MÓDULO II

5 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM E AS PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO

ESCOLAR

5.1 COMO ESTUDAR MELHOR – ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

5.1.1 Atenção

5.1.2 Memória

5.1.3 Associação de ideias

5.2 ORIENTAÇÕES AOS ALUNOS

5.2.1 Na sala de aula

5.2.2 O estudo em casa

5.2.2.1 Local de estudo

5.2.2.2 Tempo

5.2.2.3 Material

5.2.2.4 Cuidados com o corpo

5.2.2.5 Concentração

5.2.2.6 Estudo em grupo

5.2.2.7 Provas

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5.2.3 A leitura

MÓDULO III

6 DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO

6.1 PRIMEIRO CONTATO (AGENDAMENTO)

6.2 QUEIXA

6.3 ANAMNESE

6.4 CONTRATO E SESSÕES DE AVALIAÇÃO

6.5 DEVOLUTIVA E ENCAMINHAMENTO

6.6 INFORME PSICOPEDAGÓGICO

MÓDULO IV

7 AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA DA CRIANÇA DE 6 A 11 ANOS E DO

ADOLESCENTE

7.1 PROVAS DO DIAGNÓSTICO OPERATÓRIO

7.1.1 Conservação de pequenos conjuntos discretos de elementos

7.1.2 Conservação das quantidades de líquidos

7.1.3 Conservação da quantidade de matéria (quantidade contínua)

7.1.4 Conservação do comprimento

7.1.5 Conservação de peso

7.1.6 Conservação do volume

7.1.7 Classes – mudança de critério (dicotomia)

7.1.8 Quantificação da inclusão de classes

7.1.9 Intersecção de classes

7.1.10 Seriação de bastonetes

7.1.11 Combinação de fichas duplas para pensamento formal

7.1.12 Permutações com um conjunto determinado de fichas

7.2 TRANSTORNO, DISTÚRBIO, DIFICULDADE OU DOENÇA?

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MÓDULO V

8 RECURSOS PSICOPEDAGÓGICOS E AMBIENTE DE TRABALHO

8.1 OBSERVAÇÃO E AVALIAÇÃO DE ATIVIDADES LÚDICAS

GLOSSÁRIO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MÓDULO I

1 FUNDAMENTOS DA PSICOPEDAGOGIA

1.1 UM OLHAR SOBRE A PSICOPEDAGOGIA – BREVE HISTÓRICO

FIGURA 1 - PSICOPEDAGOGA E ALUNO

FONTE: Portal Educação.

Quando se fala em Psicopedagogia, atualmente, é possível perceber duas

posições: a credibilidade cega no profissional, capaz de desvendar todos os

problemas; ou a descrença, pairando a dúvida sobre o quê realmente esse

profissional é capaz. Isto se deve às muitas significações que o termo

psicopedagogia traz. Mas, afinal, o que é Psicopedagogia?

Ao ter o primeiro contato com a palavra, logo se remete à ideia de Psicologia

e Pedagogia, unidas para entender os problemas de aprendizagem. Isso realmente

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aconteceu no início da história da Psicopedagogia, quando os primeiros Centros

Psicopedagógicos foram fundados na Europa, em 1946, por J. Boutonier e George

Mauco, com direção médica e pedagógica. Esses centros tentavam readaptar

crianças com comportamentos socialmente inadequados na escola e em casa, bem

como atendiam crianças com dificuldade de aprendizagem apesar de serem

inteligentes (MERY apud BOSSA, 2000, p. 39), mas comprovou-se, por meio da

prática, que não seriam suficientes para compreender os problemas existentes.

Era preciso ter alguma noção também de Neurologia, Sociologia, Psicologia

Genética e Social. Enfim, os conhecimentos da Psicopedagogia não se baseiam

somente nas áreas que o nome nos faz lembrar, pois no momento em que a

Psicologia entrou na educação (anos 60 e 70), muitos erros foram cometidos, por

meio do Behaviorismo, que via a criança como um ser passivo no processo de

aprendizagem que lhe era imposto; e também do Movimento Humanista, que via o

aluno separado da realidade. Ainda na década de 60, houve também a

medicalização dos problemas de aprendizagem, quando os professores fechavam

diagnósticos de disfunções psiconeurológicas, mentais e/ou psicológicas. Dentre os

diagnósticos mais comuns estavam a Disfunção Cerebral Mínima e os Distúrbios de

Aprendizagem: afasias, disgrafias, discalculias e dislexias, que eram reforçados por

médicos e recorriam à linha medicamentosa de tratamento.

Na década de 80, por meio de um movimento apoiado pelo Materialismo

Dialético, o social passa a ter um peso maior sobre a aprendizagem. Porém, na

tentativa de combater o radicalismo das duas teorias psicológicas (Behaviorismo e

Humanismo), foi tão radical quanto, deixando de lado a complexidade do ser humano.

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FIGURA 2 –Complexidade do Ser Humano

FONTE: Portal Educação.

Ainda hoje vemos o reflexo desse histórico, quando os pais, diante da

dificuldade escolar do filho, leva-o ao médico da família e, se este não indicar um

profissional especializado, os pais, por si só, não o fazem. Isto porque, se o médico

não resolver, sinal de que não é físico, é psicológico e, apesar da mídia ter um

enfoque na desmistificação da área psicológica/psicopedagógica, ainda há um

preconceito grande em relação a esses profissionais, que fazem surgir nos pais uma

sensação de fracasso no processo de geração e/ou criação dos filhos.

A Psicopedagogia teve na Argentina um dos grandes palcos para seu

desenvolvimento. Lá, o enfoque do profissional psicopedagogo é diferente, pois o

curso se dá em nível de graduação, e não de pós-graduação, como aqui no Brasil.

Segundo a psicopedagoga Alícia Fernández, um dos nomes de destaque da

psicopedagogia argentina, foi na década de 70 que surgiram, em Buenos Aires, os

Centros de Saúde Mental, onde equipes de psicopedagogos atuavam fazendo

diagnósticos e tratamentos. Diante da observação de que os pacientes resolviam

seus problemas de aprendizagem, mas desenvolviam problemas psicológicos,

resolveram incluir o olhar e a escuta psicanalíticos, perfil atual do psicopedagogo

argentino (apud BOSSA, 2000, p.41).

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Como a literatura argentina tem grande influência na área psicopedagógica no

Brasil, cabe ao profissional brasileiro pesquisar quais instrumentos lhe são permitidos

na utilização em consultório e quais são de uso exclusivo do psicólogo, bem como

realizar encaminhamentos quando perceber que há questões além da aprendizagem

a serem trabalhadas e que estão fora do seu objetivo e preparo profissional.

Outros nomes de destaque na psicopedagogia argentina são Sara Paín,

Jacob Feldmann, Ana Maria Muniz, Jorge Visca, dentre outros. De acordo com

SAMPAIO (2004):

Temos o professor argentino Jorge Visca como um dos maiores contribuintes da difusão psicopedagógica no Brasil. Foi o criador da Epistemologia Convergente, linha teórica que propõe um trabalho com a aprendizagem utilizando-se da integração de três linhas da Psicologia: Escola de Genebra – Psicogenética de Jean Piaget (já que ninguém pode aprender além do que sua estrutura cognitiva permite) –, Escola Psicanalítica – Freud (já que dois sujeitos com igual nível cognitivo e distintos investimentos afetivos em relação a um objeto aprenderão de forma diferente) – e a Escola de Psicologia Social de Enrique Pichon Rivière (pois se ocorresse uma paridade do cognitivo e afetivo em dois sujeitos de distinta cultura, também suas aprendizagens em relação a um mesmo objeto seriam diferentes, devido às influências que sofreram por seus meios socioculturais). (VISCA, 1991, p. 66).

Hoje, é possível, ao psicopedagogo, atuar em diversas áreas, porém,

muitas delas são pouco conhecidas, como a atuação em hospitais psiquiátricos e

de atendimento psicológico, ou mesmo em hospitais gerais, onde as crianças

permanecem muito tempo hospitalizadas, passando por um acompanhamento

psicopedagógico para que sua aprendizagem não seja prejudicada; e também a

atuação em empresas, onde o objetivo seria a aprendizagem do sujeito para uma

nova função, auxiliando-o para o desenvolvimento mais efetivo de suas atividades,

além das áreas já conhecidas, como escolas, instituições assistenciais,

consultórios particulares.

O trabalho do psicopedagogo pode ser clínico, quando cuida de um

problema já instalado, e preventivo, quando previne que o problema se instale.

Porém, esta definição não é fechada, pois o preventivo também pode ser clínico

quando cuida de problemas já instalados, prevenindo que surjam novos problemas

e, portanto, pode ser realizado numa escola, quando esta se responsabiliza pelo

acompanhamento, e não somente no consultório.

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No Brasil, segundo Lino de Macedo (1994), o psicopedagogo se ocupa das

seguintes atividades: orientação de estudos; apropriação de conteúdos escolares

que o aluno apresenta maior dificuldade, desenvolvimento de raciocínio,

principalmente por meio de jogos; e atendimento a crianças com comprometimentos

orgânicos mais graves. Sendo que estas atividades não são excludentes entre si.

A Psicopedagogia como uma prática compõe técnicas de intervenção que

tratam dos problemas de aprendizagem, trabalhando as possíveis raízes do

problema e resgatando os elementos essenciais à aprendizagem de qualquer

conteúdo específico, diferenciando-se da prática pedagógica, que se ocupa,

especificamente, do conteúdo a ser aprendido.

A Psicopedagogia como um campo de investigação descarta qualquer recorte

da realidade que impeça uma visão mais completa do fenômeno pesquisado; tem

como objetivo de estudo o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta as

realidades interna e externa da aprendizagem, procurando estudar a construção do

conhecimento em toda a sua complexidade. Já como um saber científico, não tem um

corpo de conhecimentos estruturalmente organizado, apesar da prática eficiente.

Em sua atuação, é preciso que o psicopedagogo tenha respeito pela escola

tal como ela é, apesar de suas imperfeições, pois é por meio dela que o aluno se

situará em relação a seus semelhantes, optará por uma profissão e participará da

construção coletiva da sociedade à qual pertence. Este fato não impedirá que o

profissional colabore para a melhoria das condições de trabalho numa determinada

escola ou na conquista de seus objetivos.

A aprendizagem é responsável pela inserção da pessoa no mundo da

cultura. O psicopedagogo ensina como aprender e, para isso, necessita apreender o

aprender e a aprendizagem. Enfim, a Psicopedagogia contribui para a percepção

global do fato educativo e para a compreensão satisfatória dos objetivos da

educação e da finalidade da escola, possibilitando, assim, uma ação transformadora.

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2 ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES

Quando adentramos o universo da psicopedagogia, é comum depararmos

com alguns termos nos momentos da avaliação psicopedagógica, ou que se referem

a distúrbios e/ou dificuldades de aprendizagem, ou ainda dificuldades físicas e/ou

psicológicas que podem ocasionar essas dificuldades na aprendizagem. Seguem os

conceitos mais comuns.

Aprendizagem: é o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo

já maduro, que se expressa diante de uma situação-problema, sob a forma de uma

mudança de comportamento em função da experiência.

Agnosia: etimologicamente, a falta de conhecimento. Impossibilidade de

obter informações por meio dos canais de recepção dos sentidos embora o órgão do

sentido não esteja afetado.

Afasia: perda da capacidade de usar ou compreender a linguagem oral. Está

usualmente associada com o traumatismo ou anormalidade do sistema nervoso

central. Utilizam-se várias classificações, tais como afasia expressiva e receptiva,

congênita e adquirida.

Agrafia: impossibilidade de escrever e reproduzir os seus pensamentos por

escrito.

Anamnese: levantamento dos antecedentes de uma doença ou de um

paciente, incluindo seu passado desde o parto, nascimento, primeira infância, bem

como antecedentes hereditários.

Anomia: impossibilidade de designar ou lembrar-se de palavras ou nome dos

objetos.

Autismo: distúrbio emocional da criança caracterizado por

incomunicabilidade. A criança fecha-se sobre si mesma e desliga-se do real,

impedindo de relacionar-se normalmente com as pessoas. Em um diagnóstico

incorreto pode ser confundido com retardo mental, surdo-mudez, afasia e outras

síndromes. Existe uma variante do autismo denominada Síndrome de Asperger.

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FIGURA 3 – A Criança e seu Mundo.

FONTE: Disponível em: <http://www.flickr.com/photos/miriampoppe>. Acesso em: 27 ago. 2010.

Cinestesia: impressão geral resultante de um conjunto de sensações

internas caracterizado essencialmente por bem-estar ou mal-estar.

Consciência fonológica: denomina-se consciência fonológica a habilidade

metalinguística de tomada de consciência das características formais da linguagem.

Esta habilidade compreende dois níveis:

1. a consciência de que a língua falada pode ser segmentada em unidades

distintas, ou seja, a frase pode ser segmentada em palavras, as palavras em

sílabas e as sílabas em fonemas;

2. a consciência de que essas mesmas unidades repetem-se em diferentes

palavras faladas (rima, por exemplo).

Coordenação viso-motora: é a integração entre os movimentos do corpo

(globais e específicos) e a visão.

Desorientação visoespacial: consiste na perda da habilidade de execução de

tarefas visualmente guiadas, na perda da capacidade de interpretação de mapas e

de localização na vizinhança ou mesmo dentro de casa. Os aspectos de

neuroimagem podem revelar áreas isquêmicas ou de hipoperfusão nas regiões

têmporo-occipitais de predomínio à direita.

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Disartria: dificuldade na articulação de palavras devido a disfunções

cerebrais.

Discalculia: dificuldade para a realização de operações matemáticas

usualmente ligadas a uma disfunção neurológica, lesão cerebral, deficiência de

estruturação espaço-temporal.

Disgrafia: escrita manual extremamente pobre ou dificuldade de realização

dos movimentos motores necessários à escrita. Esta disfunção está muitas vezes

ligada a disfunções neurológicas.

Dislalia: é a omissão, substituição, distorção ou acréscimo de sons na

palavra falada.

Dislexia: dificuldade na aprendizagem da leitura, devido a uma

imaturidade nos processos auditivos, visuais e tatilcinestésicos responsáveis pela

apropriação da linguagem escrita.

Disortografia: dificuldade na expressão da linguagem escrita, revelada por

fraseologia incorretamente construída, normalmente associada a atrasos na

compreensão e na expressão da linguagem escrita.

Disgnosia: perturbação cerebral comportando uma má percepção visual.

FIGURA 4 – Aprendizagem.

FONTE: Disponível em: < http://www.flickr.com/photos/patriciaoliveira/>. Acesso em: 25 ago. 2010.

Ecolalia: imitação de palavras ou frases ditas por outra pessoa, sem a

compreensão do significado da palavra.

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Enurese: emissão involuntária de urina.

Esfíncter: músculo que rodeia um orifício natural. Em psicanálise, na fase

anal está ligado ao controle dos esfíncteres.

Espaço-temporal: orientar-se no espaço é ver-se e ver as coisas no

espaço em relação a si próprio, é dirigir-se, é avaliar os movimentos e adaptá-los

no espaço. É a consciência da relação do corpo com o meio.

Etiologia: estudo das causas ou origens de uma condição ou doença.

Gagueira ou tartamudez: distúrbio do fluxo e do ritmo normal da fala que

envolve bloqueios, hesitações, prolongamentos e repetições de sons, sílabas,

palavras ou frases. É acompanhada rapidamente por tensão muscular, rápido

piscar de olhos, irregularidades respiratórias e caretas. Atinge mais homens que

mulheres.

Hipercinesia: movimento e atividade motora constante e excessiva.

Também designada por hiperatividade.

Hipocinesia: ausência de uma quantidade normal de movimentos.

Quietude extrema.

Impulsividade: comportamento caracterizado pela ação de acordo com o

impulso, sem medir as consequências da ação.

Lateralidade: bem estabelecida, implica conhecimento dos dois lados do

corpo e a capacidade de identificá-los como direita e esquerda.

FIGURA 5 – Brincandeiras.

FONTE: Disponível em: < http://www.flickr.com/photos/santarosa/>. Acesso em: 25 ago. 2010.

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Linguagem interior: o processo de interiorizar e organizar as experiências

sem ser necessário o uso de símbolos linguísticos. Por exemplo, o processo que

caracteriza o analfabeto que fala, mas não lê nem escreve.

Linguagem tatibitate: é um distúrbio (e também de fonação) em que se

conserva voluntariamente a linguagem infantil. Geralmente tem causa emocional e

pode resultar em problemas psicológicos para a criança.

Maturação: é o desenvolvimento das estruturas corporais, neurológicas e

orgânicas. Abrange padrões de comportamento resultantes da atuação de algum

mecanismo interno.

Memória: capacidade de reter ou armazenar experiências anteriores.

Também designada como "imagem" ou "lembrança".

Memória cinestésica: é a capacidade de a criança reter os movimentos

motores necessários à realização gráfica. À medida que a criança entra em

contato com o universo simbólico (leitura e escrita) vão ficando retidos em sua

memória os diferentes movimentos necessários para o traçado gráfico das letras.

Mudez: é a incapacidade de articular palavras, geralmente decorrente de

transtornos do sistema nervoso central, atingindo a formulação e a coordenação

das ideias e impedindo a sua transmissão em forma de comunicação verbal. Em

boa parte dos casos, o mutismo decorre de problemas na audição. Os fatores

emocionais e psicológicos também estão presentes em algumas formas de

mudez. Na mudez eletiva a criança fica muda com determinadas pessoas ou em

determinadas situações e em outras não.

FIGURA 6 – Comunicação.

FONTE: Portal Educação.

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Percepção: processo de organização e interpretação dos dados que são

obtidos por meio dos sentidos.

a) percepção da posição – do tamanho e do movimento de um objeto em

relação ao observador;

b) percepção das relações espaciais – das posições a dois ou mais

objetos;

c) consistência perceptiva – capacidade de precisão perceptiva das

propriedades invariantes dos objetos como, por exemplo, forma, posição,

tamanho etc.;

d) desordem perceptiva – distúrbio na conscientização dos objetos, suas

relações ou qualidade envolvendo a interpretação da estimulação

sensorial;

e) deficiência perceptiva – distúrbio na aprendizagem, devido a um

distúrbio na percepção dos estímulos sensoriais;

f) perceptivo-motor – interação dos vários canais da percepção como da

atividade motora. Os canais perceptivos incluem o visual, o auditivo, o

olfativo e o cinestésico;

g) percepção visual – identificação, organização e interpretação dos dados

sensoriais captados pela visão;

h) percepção social – capacidade de interpretação de estímulos do

envolvimento social e de relacionar tais interpretações com a situação social.

Problemas de aprendizagem: são situações difíceis enfrentadas pela

criança com um desvio do quadro normal, mas com expectativa de aprendizagem

a longo prazo (alunos multirrepetentes).

Praxia: movimento intencional, organizado, tendo em vista a obtenção de

um fim ou de um resultado determinado.

Rinolalia: caracteriza-se por uma ressonância nasal maior ou menor que a

do padrão correto da fala. Pode ser causada por problemas nas vias nasais,

vegetação adenoide, lábio leporino ou fissura palatina.

Ritmo: habilidade importante, pois dá à criança a noção de duração e

sucessão, no que diz respeito à percepção dos sons no tempo. A falta de

habilidade rítmica pode causar uma leitura lenta, silabada, com pontuação e

entonação inadequadas.

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FIGURA 7 -

FONTE: Portal Educação.

Sinergia: atuação coordenada ou harmoniosa de sistemas ou de

estruturas neurológicas de comportamento.

Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): pode vir

combinado (ambos os presentes) ou isolado (diagnóstico somente de déficit de

atenção ou somente de hiperatividade).

Como podemos perceber, os conceitos mais comuns em psicopedagogia

abrangem diversas áreas do conhecimento.

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3 O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO

A Psicopedagogia trata de uma complexidade de fatores, juntamente com

uma variedade de atuações e funções; para isso é necessário um profissional

responsável e, sobretudo, apaixonado pelo que faz, divulgando seu trabalho,

esclarecendo as dúvidas de pessoas leigas. Esse será o caminho do psicopedagogo

de sucesso, pois existe uma enorme diferença entre ter um diploma de

Psicopedagogia e ser um Psicopedagogo.

Ser um psicopedagogo é muito mais do que dominar técnicas de psicologia

e/ou pedagogia. É sempre estar se atualizando nos assuntos que permitem

compreender a criança na maioria de suas manifestações, tanto psíquicas, quanto

motoras, sociais, biológicas. Ser psicopedagogo é estar apto a trabalhar de forma

clínica e/ou institucional, visando à prevenção como sua filosofia maior; e também

estar apto às diversas áreas nas quais se pode trabalhar: clínicas, escolas,

instituições, hospitais, empresas. Ser psicopedagogo não é apropriar-se de

conhecimentos e sim difundi-los; não é criar dependência e sim emancipar; não é

rotular e sim socializar.

O objetivo de um psicopedagogo não deve ser o problema da aprendizagem

e, sim, ela própria, sem deixar que os problemas se instalem para que seja possível

atuar. Deve ser facilitador de uma aprendizagem prazerosa, na qual o aluno

consegue expor toda a sua potencialidade; deve também orientar o educando a

como estudar, verificando se há apropriação dos conteúdos escolares, facilitando o

desenvolvimento do raciocínio.

A prática psicopedagógica, sobretudo na área clínica, tem sua metodologia

de trabalho, ou seja, a abordagem e tratamento, se tecendo em cada caso, na

medida em que a problemática aparece. Cada situação é única e requer do

profissional, atitudes específicas em relação àquela situação. Essa forma de atuação

também pode se caracterizar dentro das instituições.

Como psicopedagogo, precisamos estar atentos à cultura, à história, enfim,

ao contexto social das escolas e famílias, para orientá-las de forma a conseguirem

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um resultado mais efetivo; diagnosticar a escola e também a família, pois muitas

vezes, são ambas ou uma delas que estão prejudicando a aprendizagem da criança.

Enfim, o psicopedagogo pode desenvolver “n” atividades no contexto escolar

ou fora dele; cabe ao profissional que se digne a assim ser chamado, ser capacitado

e responsável, além de incitar a confiança por meio de comportamentos éticos, a

todos os quais se dirige, para que seu trabalho tenha pleno sucesso e eficácia,

amenizando o sentimento de exclusão que uma criança que não aprende sofre.

FIGURA 8 – Escola.

FONTE: Disponível em: < http://www.flickr.com/photos/marcelovalle/>. Acesso em: 25 ago. 2010.

Muitos cursos de psicopedagogia têm surgido e a demanda pelos cursos

também, pois cada vez mais educadores, psicólogos e pais têm sentido a

necessidade de conhecer o processo de ensino-aprendizagem e tudo o que envolve

esses conceitos. Afinal, na atualidade, estamos em constante metamorfose entre

educandos e educadores, pois ora somos alunos e ora professores. Diante desse

aumento de cursos e profissionais, precisamos recorrer ao órgão competente para

regulamentação da profissão que, aqui no Brasil, é a Associação Brasileira de

Psicopedagogia (ABPp), responsável pela organização de eventos, publicação de

temas relacionados à psicopedagogia, cadastro de profissionais, entre outras

atividades, atuando há mais de 13 anos.

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4 LEIS, CÓDIGOS E DIRETRIZES DA PSICOPEDAGOGIA

4.1 CÓDIGO DE ÉTICA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA

(ABPp)

Reformulado pelo Conselho Nacional e nato do biênio 95/96.

CAPÍTULO I

DOS PRINCÍPIOS

Artigo 1º

A psicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida

com o processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológicos,

considerando a influência do meio – família, escola e sociedade – no seu

desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da psicopedagogia.

Parágrafo único

A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento

relacionado com o processo de aprendizagem.

Artigo 2º

A Psicopedagogia é de natureza interdisciplinar. Utiliza recursos das várias

áreas do conhecimento humano para a compreensão do ato de aprender, no sentido

ontogenético e filogenético, valendo-se de métodos e técnicas próprios.

Artigo 3º

O trabalho psicopedagógico é de natureza clínica e institucional, de caráter

preventivo e/ou remediativo.

Artigo 4º

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Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os profissionais

graduados em 3º grau, portadores de certificados de curso de Pós-Graduação de

Psicopedagogia, ministrado em estabelecimento de ensino oficial e/ou reconhecido,

ou mediante direitos adquiridos, sendo indispensável submeter-se à supervisão e

aconselhável trabalho de formação pessoal.

Artigo 5º

O trabalho psicopedagógico tem como objetivo: (I) promover a

aprendizagem, garantindo o bem-estar das pessoas em atendimento profissional,

devendo valer-se dos recursos disponíveis, incluindo a relação interprofissional; (II)

realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia.

CAPÍTULO II

DAS RESPONSABILIDADES DOS PSICOPEDAGOGOS

Artigo 6º

São deveres fundamentais dos psicopedagogos:

A) Manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos

que tratem o fenômeno da aprendizagem humana;

B) Zelar pelo bom relacionamento com especialistas de outras áreas,

mantendo uma atitude crítica, de abertura e respeito em relação às

diferentes visões do mundo;

C) Assumir somente as responsabilidades para as quais esteja preparado

dentro dos limites da competência psicopedagógica;

D) Colaborar com o progresso da Psicopedagogia;

E) Difundir seus conhecimentos e prestar serviços nas agremiações de

classe sempre que possível;

F) Responsabilizar-se pelas avaliações feitas fornecendo ao cliente uma

definição clara do seu diagnóstico;

G) Preservar a identidade, parecer e/ou diagnóstico do cliente nos relatos e

discussões feitos a título de exemplos e estudos de casos;

H) Responsabilizar-se por crítica feita a colegas na ausência destes;

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I) Manter atitude de colaboração e solidariedade com colegas sem ser

conivente ou acumpliciar-se, de qualquer forma, com o ato ilícito ou calúnia.

O respeito e a dignidade na relação profissional são deveres fundamentais

do psicopedagogo para a harmonia da classe e manutenção do conceito

público.

CAPÍTULO III

DAS RELAÇÕES COM OUTRAS PROFISSÕES

Artigo 7º

O psicopedagogo procurará manter e desenvolver boas relações com os

componentes das diferentes categorias profissionais, observando, para este fim, o

seguinte:

A) Trabalhar nos estritos limites das atividades que lhes são reservadas;

B) Reconhecer os casos pertencentes aos demais campos de

especialização; encaminhando-os a profissionais habilitados e qualificados

para o atendimento.

CAPÍTULO IV

DO SIGILO

Artigo 8º

O psicopedagogo está obrigado a guardar segredo sobre fatos de que tenha

conhecimento em decorrência do exercício de sua atividade.

Parágrafo Único

Não se entende como quebra de sigilo, informar sobre cliente a especialistas

comprometidos com o atendimento.

Artigo 9º

O psicopedagogo não revelará, como testemunha, fatos de que tenha

conhecimento no exercício de seu trabalho, a menos que seja intimado a depor

perante autoridade competente.

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Artigo 10

Os resultados de avaliações só serão fornecidos a terceiros interessados,

mediante concordância do próprio avaliado ou do seu representante legal.

Artigo 11

Os prontuários psicopedagógicos são documentos sigilosos e a eles não

será franqueado o acesso a pessoas estranhas ao caso.

CAPÍTULO V

DAS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS

Artigo 12

Na publicação de trabalhos científicos, deverão ser observadas as seguintes

normas:

a) A discordância ou críticas deverão ser dirigidas à matéria e não ao autor;

b) Em pesquisa ou trabalho em colaboração, deverá ser dada igual ênfase

aos autores, sendo de boa norma dar prioridade na enumeração dos

colaboradores àquele que mais contribuir para a realização do trabalho;

c) Em nenhum caso, o psicopedagogo se prevalecerá da posição de

hierarquia para fazer publicar em seu nome exclusivo, trabalhos executados

sob sua orientação;

d) Em todo trabalho científico deve ser indicada a fonte bibliográfica

utilizada, bem como esclarecidas as ideias descobertas e ilustrações

extraídas de cada autor.

CAPÍTULO VI

DA PUBLICIDADE PROFISSIONAL

Artigo 13

O psicopedagogo, ao promover publicamente a divulgação de seus serviços,

deverá fazê-lo com exatidão e honestidade.

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Artigo 14º

O psicopedagogo poderá atuar como consultor científico em organizações

que visem o lucro com venda de produtos, desde que busque sempre a qualidade

dos mesmos.

CAPÍTULO VII

DOS HONORÁRIOS

Artigo 15

Os honorários deverão ser fixados com cuidado, a fim de que representem

justa retribuição aos serviços prestados e devem ser contratados previamente.

CAPÍTULO VIII

DAS RELAÇÕES COM SAÚDE E EDUCAÇÃO

Artigo 16

O psicopedagogo deve participar e refletir com as autoridades competentes

sobre a organização, implantação e execução de projetos de Educação e Saúde

Pública relativo às questões psicopedagógicas.

CAPÍTULO IX

DA OBSERVÂNCIA E CUMPRIMENTO DO CÓDIGO DE ÉTICA

Artigo 17

Cabe ao psicopedagogo, por direito, e não por obrigação, seguir este código.

Artigo 18

Cabe ao Conselho Nacional da ABPp orientar e zelar pela fiel observância

dos princípios éticos da classe.

Artigo 19

O presente código só poderá ser alterado por proposta do Conselho da

ABPp e aprovado em Assembleia Geral.

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CAPÍTULO X

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Artigo 20

O presente código de ética entrou em vigor após sua aprovação em

Assembleia Geral, realizada no V Encontro e II Congresso de Psicopedagogia da

ABPp em 12/07/1992, e sofreu a 1ª alteração proposta pelo Congresso Nacional e

Nato no biênio 95/96, sendo aprovado em 19/07/1996, na Assembleia Geral do III

Congresso Brasileiro de Psicopedagogia da ABPp, da qual resultou a presente

solução.

4.2 OUTROS DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA PARA O PSICOPEDAGOGO

Como podemos perceber, o Código de Ética do Profissional Psicopedagogo

é bem claro quando às suas designações. Outros documentos de referência

importantes para o psicopedagogo são estes:

Projeto de Lei 3.124 - A de 1997 – de Barbosa Neto. Dispõe sobre a

regulamentação da profissão de psicopedagogo, cria o Conselho Federal e os

Conselhos Regionais de Psicopedagogia e determina outras providências;

Projeto de Lei 128/00 – do deputado Claury Alves da Silva. Autoriza o

Poder Executivo a implantar assistência psicológica e psicopedagógica em

todos os estabelecimentos de ensino básico público, com o objetivo de

diagnosticar e prevenir problemas de aprendizagem;

Código de Ética. Aprovado em Assembleia Geral em julho de 2000;

Sugestão de Ementa e Bibliografia para prova em Psicopedagogia. Elaborada

pela Comissão de Cursos e ABPp Nacional, em 5 de dezembro de 2002;

Documentos disponíveis no site da ABPp (www.abpp.com.br).

No anexo 1, projeto de lei nº 3512 de 2008 – da deputada Professora Raquel

Teixeira – Emendas.

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FIM DO MÓDULO I