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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PSICOMOTRICIDADE NA TERCEIRA IDADE ATRAVÉS DA DINÂMICA DE GRUPO Por: Marcos Cesar Alves carrilho Teixeira Orientador Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho Prof. Ms. Dina Lúcia Chaves Rocha(Co-Orientadora) Rio de Janeiro 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PSICOMOTRICIDADE NA TERCEIRA IDADE ATRAVÉS DA

DINÂMICA DE GRUPO

Por: Marcos Cesar Alves carrilho Teixeira

Orientador

Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

Prof. Ms. Dina Lúcia Chaves Rocha(Co-Orientadora)

Rio de Janeiro

2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PSICOMOTRICIDADE NA TERCEIRA IDADE ATRAVÉS DA

DINÂMICA DE GRUPO

Objetivo Geral: Refletir sobre o papel da

Psicomotricidade na terceira idade utilizando a

dinâmica de grupo.

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Agradecimento

A Deus pelo dom da vida

A minha família

Aos meus colegas de turma, em especial:

Profª Dina Lúcia, Roberta M. D. Flach, Elton

Flach, Amanda, Vanessa, Rosângela pela

colaboração e amizade durante todo o curso.

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Epígrafe

“Com os idosos está a sabedoria e na

abundância de dias o entendimento”

(Jô: 12.12).

5

Dedicatória

Dedico aos meus pais Mário Cesar Pinheiro

Teixeira e Norma Alves Carrilho Teixeira, a

Sônia Maria, a meu irmão Luís Claudio Carrilho

Teixeira (in memória) e a meu sobrinho

Matheus Luís e meus avós por terem

incentivado e compartilhado pela conclusão

deste trabalho.

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Resumo

Com o aumento do número de idosos de acordo com as projeções demográficas no ano de 2030 o Brasil será a sexta população mundial em idosos. Este trabalho vem mostrar tanto a psicomotricidade como a dinâmica caminham lado a lado, ajudando o idoso a construir a sua auto-estima e mostrando transformações em seu corpo desde o nascimento á sua morte, dinamizando compartilhamento com grupos de pessoas perante a socialização. Trabalhos têm sido desenvolvido por profissionais da área de atividades físicas, medicina, fisioterapia, psicologia e outros. Há publicações específicas, discussões em congressos e seminários. Em sua função social a educação física deve procurar formar os profissionais como cidadãos conscientes da realidade da sociedade em que vive e da importância da participação dos mesmos nos programas de pesquisa e extensão. Não tem valor o conhecimento adquirido se não for aplicado. Em programas sociais, em pesquisas da área da saúde, medicamentos tem sido descobertos e novos conhecimentos sobre doenças, que tem aumentado a perspectiva de vida nestes trabalhos. Concluiu que alterações impostas pela rotina da vida moderna provocam desequilíbrio do organismo ao longo dos anos, fazendo com que o avanço da vida apresente sinais de debilidade com propensão a várias doenças. O desligamento do trabalho e a natural separação dos entes familiares, levam-nos a uma vida solitária com o aumento da tristeza e perda da auto-estima. O hábito da prática da atividade física regular, permite uma vida melhor e mais saudável e o papel do profissional é muito importante contribuindo para a sua integração social e o aumento da sua auto-estima.

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Metodologia

Este trabalho foi realizado através de referência bibliográfica com base em livros e

revistas falando sobre a Terceira Idade. Dentre os autores citados merecem destaque

Monteiro, Pedro Paulo. Envelhecer. Ed. Autêntica, 2003; Castilho, Áurea. Dinâmica do

trabalho de grupo. Qualimark, 1998; Jornal o Globo. O que fazer com os nossos velhos. Ano

1, nº 26, jan 2005, falando das alterações corporais no envelhecimento, como trabalhar em

grupo e por fim o aumento do número de idosos que vem crescendo assustadoramente daqui

a alguns anos com base nos dados do IBGE.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I: SOBRE O ENVELHECIMENTO 12

1.1 Processo de envelhecimento 14

1.2 Sentir e a interação social 15

1.3 Emoção e expressão 16

1.4 Identidade: semelhança e diferença 17

1.5 General – idade e singular – idade 18

1.6 Dinâmica da vida 19

CAPÍTULO II: CORPO, SAÚDE E DOENÇA NO ENVELHECIMENTO 21

2.1 Corpo e crença 22

CAPÍTULO III: ALERAÇÕES CORPORAIS NO ENVELHECIMENTO 27

3.1 Dependência afetiva 34

CAPÍTULO IV: QUE FAZER COM NOSSOS VELHOS? 40

4.1 Envelhecimento e sedentarismo 42

CAPÍTULO V: SURGIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE 46

5.1 Educação psicomotora 46

5.2 Real e imaginário 47

5.3 Reeducação diretiva 48

5.4 Reeducação não diretiva 48

5.5 Terapia psicomotora 50

CAPÍTULO VI: SURGIMENTO DA DINÂMICA DE GRUPO 51

6.1 Tarefas desenvolvimentistas para o desenvolvimento sem obstáculos 54

6.2 Desenvolvimento psicossocial em adultos 56

6.3 A dinâmica das imagens 59

CONCLUSÃO 61

BIBLIOGRAFIA 62

9

Introdução

O processo de envelhecimento provoca mudanças na morfologia e funcionamento dos

sistemas do organismo. Nas mulheres a menopausa provoca disfunções específicas do sexo e,

todas estas mudanças fazem com que, ao chegar a uma idade avançada muitas pessoas se

encontrem com problemas de saúde e incapacitadas para desempenhar uma série de tarefas

que foram rotineiras, junto aos familiares e à sociedade.

Tal situação leva os idosos a se tornarem tristes e se afastarem das outras pessoas,

alterando seu estado emocional e trazendo como conseqüência uma piora em sua qualidade de

vida, já comprometida. A marginalização da vida desta classe tem despertado a atenção de

todos os seguimentos da sociedade, preocupada com a discriminação e o abandono pelas

quais têm passado.

Com o aumento na expectativa de vida e do número de idosos, o homem reconhece que a

melhoria das condições na vida dos idosos trará benefícios a todos. Permitirá que os mesmos

prestem serviços á comunidade, poderá colher os frutos de seus ensinamentos e o mais

importante permitirá que eles tenham uma vida digna.

A psicomotricidade vem nos ajudar nos processos mentais fisiológicas, neurológicas ou

mesmo afetivas e tem objetivo, o estudo do homem através do seu corpo em movimento, nas

relações do seu mundo interno e externo. A dinâmica de grupo provoca no idoso

comportamentos novos nas suas inter-relações com os indivíduos, grupos novos se interessam

pelo comportamento humano e pelas relações sociais. É importante que o professor possa

atuar como um orientador para a melhoria da saúde, mas também como fator de integração

social e aumento de sua auto-estima.

Trabalhos têm sido desenvolvidos por profissionais da área de atividade física, medicina,

fisioterapia, psicologia e outros.Há publicações específicas, discussões em congressos e

seminários.Em sua função social a educação física deve procurar formar os profissionais

como cidadãos conscientes da realidade da sociedade em que vive e da importância da

participação dos mesmos nos programas de pesquisa e extensão. Medicamentos têm sido

descobertos e novos conhecimentos sobre doenças, que têm aumentado a perspectiva da vida.

Além disso, é necessária a compreensão que a prática, embora não pode estar dissociada de

outros aspectos da vida.Uma alimentação adequada e de qualidade e bons hábitos de vida e

higiene, abstinência de fumo, álcool e outros vícios, além de uma vida sem stress excessivo,

procedimentos importantes para um desenvolvimento mais harmonioso e saudável. A

população mundial tem aumentado e a longevidade também. É louvável a iniciativa de

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dedicar aos idosos a atenção e respeito que eles merecem, porém mais importante é a

participação no desenvolvimento social desde a mais tenra idade. A engenharia participa

revendo padrões estabelecidos para os idosos, tais como: altura de cama, de degraus,

corrimões, apoio em interiores de banheiros, de forma que os idosos tenham mais

desenvolvimento e segurança. Diversas áreas têm contribuído com trabalhos importantes, mas

é necessário que estes tenham continuidade, pois esta classe de idosos é que apresenta maior

índice de crescimento níveis nas próximas duas décadas.Um estudo sobre modificações nas

diferentes estruturas do organismo humano como conseqüência do envelhecimento, bem

como as alterações em seu funcionamento, permitirão que se observe como indivíduos nesta

faixa de idade precisa de um trabalho específico pra eles.O conhecimento destes processos é

importante para que o professor possa atuar como um orientador capaz de usar as atividades

físicas não só como fim para a melhoria da saúde, mas também pela socialização que o

mesmo proporciona. Os indivíduos desta faixa de idade soam por natureza alegres e

descontraídos, cabe o profissional exteriorizar a sua alegria com amor ao trabalho e aos

idosos, de forma que os mesmos se sintam confiantes para o cumprimento das tarefas. Os

idosos são sensíveis e embora nem sempre demonstrem, não gostam de certas atitudes, como

ser chamado de apelidos ou terem associada a sua pessoa a um fato ou alguém por causa de

suas características físicas ou morais.

Os idosos gostam de um tratamento simples e respeitoso sem formalidades fúteis, com

expressões de elogios reconhecimentos sinceros do potencial que cada um apresenta. A

atividade física é parte de uma série de variáveis do indivíduo. Traz plenos benefícios,

associada a mudanças em outras rotinas de vida.

Segundo Sobral, o homem é originariamente um ser social. Desde o seu nascimento entra

em funcionamento uma complexa estrutura que através de vários processos de socialização,

adquire condutas rígidas conforme as normas e valores da sociedade.

O homem reduz sua participação social à medida que avança na idade, levando ao

afastamento do convívio com seus semelhantes. A necessidade desta participação social é

benéfica não só ao idoso, mas também ao conjunto da sociedade. (Salgado op cit). É

importante a prática de atividades físicas para o idoso, uma vez que eleva a auto-estima e a

socialização perante a sociedade.

Veremos nesse trabalho que no capítulo I “O Envelhecimento e Seus Processos”, no

capítulo II “Corpo, Saúde e Doença no Envelhecimento”, no capítulo III sobre as “Alterações

Corporais no Envelhecimento”, no capítulo IV, saberemos mais sobre “O Que Fazer Com

11

Nossos Velhos?” e por fim, nos capítulos V e VI sobre o “Surgimento da Psicomotricidade e

da Dinâmica de Grupo”.

12

CAPÍTULO I

SOBRE O ENVELHECIMENTO

O destino dos seres humanos é o envelhecimento. Este processo considerado biológico

em alguns reinos, no homem torna-se uma dimensão particular pelas implicações psicológicas

e sociais que o mesmo traz consigo. A informação histórica sobre a vida dos idosos, desde as

eras mais remotas, retrata muitas dúvidas sobre a longevidade do homem. As formas de

contagem do tempo fazem parte desta discussão.

MACHADO(1999) apresenta que “as expectativas de vida no Brasil, segundo boletim

informativo GTI (Gabinete de Trabalho Interativo, 1996) vem aumentando, em 1900 a

expectativa de vida era de 33,7 anos, em 1950 passou a ser de 44,3 anos, aumentando em

1980 para 63,25 anos. Projetava-se para 2000 a idade de 68,6 anos e projeta-se para 2025, que

a média de idade seja de 73,5 anos. (Machado apud Souza, 1999)

Além desta expectativa de vida ser maior, outro fato importante é que o número de

pessoas idosas tende a aumentar em relação aos não idosos, em função da diminuição de

pessoas nascidas. O controle de natalidade tem sido utilizado a partir de estímulos de

governos ou de opção pessoal dos pais, tendo em vista a dificuldade para a criação dos filhos.

Projeções do IBGE para 2030 apontam que o Brasil poderá ser a sexta população

mundial em números de idosos. PAPALEO (1999) reforça que estudos sobre as projeções

demográficas demonstram que no Brasil, entre 1950 e 2025 a população total crescerá 5

vezes, enquanto a população com idade superior a 60 anos aumentará 15 vezes, passando para

um contingente de 31,8 milhões de pessoas. (Papaleo apud Souza, 1999)

Com o passar dos anos envelhecemos, somos tomados pelo tempo, processo contínuo

de transformação do humano como ser único em seu tempo vivido. É através do tempo que

nutre o fruto da experiência de toda uma vida usufruindo nossas escolhas para que possamos

contribuir na orientação dos mais novos, criando dessa forma comunidades sustentáveis

somente através do envelhecimento, conseguimos compreender o quanto a vida nos

possibilita perplexidade e ansiedade, como também fascinação e deslumbramento frente ao

desconhecido, ao estranho, à incerteza. Acontece a todo o momento um equívoco assim

pensar, se pudesse fazer tudo de novo, agora faria de maneira correta. Sempre temos chances

e opções de escolha do caminho pelo qual devemos trilhar. É neste sentido que o

envelhecimento é uma oportunidade que possuímos para mudar. Estamos envelhecendo a

todo o momento de nossas vidas. Da concepção à morte, nunca deixamos de envelhecer é

sinônimo de viver. A sociedade, com sua cultura de exclusão contribui com o isolamento e

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reduz a capacidade em adquirir sensações novas e variadas, propiciando a acomodação dos

sentidos, deixando esses indivíduos entregues á privação sensorial e á fome afetiva.

Infelizmente a velhice é vista como algo triste, são tratados pela sociedade como

parias, sendo considerados como espécie estranha que não possui necessidades e sentimentos

que as pessoas mais jovens. A eles, muitas vezes só é dado o básico par a sua sobrevivência,

não mais que isso, ou seja, uma alimentação sem sabor, roupas antigas porque o corpo não

oferece nenhum tipo de sedução, um lugar para o seu descanso com espaço reduzido porque

não há mais necessidade de expandir seus desejos, mesmo porque o desejo é exclusivamente

dos jovens.

Assim o isolamento protetor imposto aos velhos é uma conduta cruel que diminui suas

oportunidades de aprender, com conseqüências marcantes em seu processo de viver. Com

isso, a sociedade, com sua cultura de exclusão e afastamento, minimiza suas chances de

relacionamento com seu ambiente e com outras pessoas, a fim de adquirirem o conhecimento

tão essencial á sua sobrevivência.

A ciência não conhece hoje uma “fonte de juventude eterna”, mas o homem busca

continuamente a melhoria de suas condições de vida. Entre grandes filósofos do passado,

posição ambígua e controvertida era dada à velhice. Enquanto Sócrates, embora tendo um

espírito jovem, temia chegar à velhice para que não tivesse que conviver com as mudanças

que esta pudesse lhe trazer...”Ser cego, com dificuldade de aprender e falta de memória...”

Platão fez grandes elogios à velhice que segundo ele, conduz uma melhor harmonia, e em seu

livro “A República” decide que “os mais idosos devem mandar e os mais jovens

obedecer”.(LORDA,1995) e (MEIRELLES,1999) associava a velhice a sabedoria. “O velho,

embora não tenha mais a vigor físico tem a experiência e o dom da palavra”. Aristóteles por

sua vez tinha um pensamento muito negativo a respeito da velhice, enquanto elogiava a

juventude. Em sua obra “A retórica” ele diz:

“Porque viveram inúmeros anos, porque muitas vezes foram enganados, porque cometeram erros, porque as coisas humanas são, quase sempre más,os velhos não têm segurança em nada, e seu desempenho em tudo está manifestamente aquém do que seria necessário. Eles são reticentes, hesitantes e temerosos, por outro lado têm mau gênio, pois no fundo ter mau gênio é supor que tudo está pior. Estão sempre supondo o mau em virtude de sua desconfiança e desconfiam de tudo por causa de sua experiência da vida “São mornos,tanto nos amores como nos ódios. São mesquinhos porque foram humilhados pela vida. Falta-lhe generosidade. São egoístas, pusilânimes, frios. São imprudentes; desprezam a opinião. Vivem mais de lembrança do que esperança. Tagarelam, repisam o passado. Seus arrebatamentos são vivos, mas sem forças. Parecem moderados porque não têm desejos, mas apenas interesses. É para os interesses que vivem, e não para a beleza. Estão abertos à piedade, não por grandeza de alma, mas por fraqueza. Lamentam-se e não sabe mais rir.” (MEIRELLES, 1999, p.16-17).

14

Aristóteles via a decadência na velhice, enquanto Platão via no apogeu da vida do

homem. Esta controvérsia sempre existiu, pouco tendo mudado nos dias atuais. Se o

envelhecimento é analisado do ponto de vista do corpo, é um processo de decadência e

degeneração, por outro lado, se a visão for do espírito, há uma constante evolução. Na

atualidade é grande o valor dado ao materialismo, o culto ao corpo e a beleza aparente são

valorizados e explorados pela mídia e pelo comércio, num apelo que principalmente os jovens

atendem. Enquanto isto, não se dá importância ao crescimento do ser humano em sua real

expressão, num equilíbrio de sabedoria e saúde.

1.1 Processo de envelhecimento

O processo de envelhecimento traz consigo uma série de modificações biopsicossociais,

inevitáveis ao homem. Do ponto de vista físico, ocorre a degeneração e perda de eficiência

dos diversos aparelhos com diminuição da massa muscular em torno de 25% a 30%, aumento

de tecido gorduroso; perda de flexibilidade; diminuição de células ativas; diminuição de

glóbulos vermelhos e brancos; diminuição da mobilidade articular; perda de

cálcio(osteoporose); ressecamento da pele; acentuação das proeminências dos ossos; descair

das faces e pálpebras; pelos finos e ralos, exceto na face; exceto na face; perda de cabelos,

calvície ou cabelos brancos e espessamento da unhas. (BERGER e MAILLOUX-POIRIER in

SOUZA, 1999; MEIRELLES, 1999).

Em relação às alterações funcionais pode-se citar: aumento de tensão arterial em repouso

(sistólica e diastólica); perda de elasticidade dos vasos e acumulação de depósitos de gordura

nas paredes; perda da capacidade de expansão pulmonar; capacidade vital diminuída; atrofia e

rigidez pulmonar; modificações nos tecidos dentários; aumento do tecido conjuntivo no

organismo; perda gradual das propriedades elásticas dos tecidos conjuntivos; decréscimo no

número e tamanho das fibras musculares; perda do tônus muscular; diminuição da força

muscular; baixa do sentido do paladar; perturbações e ligeira baixa da absorção intestinal;

diminuição do número de unidades do cérebro; perda de massa cerebral (5%a10%); declínio

gradual da condução nervosa (10%a15%) e demora no tempo de reação; perda da motricidade

fina; diminuição da capacidade mnemônica em curto prazo; diminuição auditiva; redução de

acuidade visual e da visão periférica; baixa do metabolismo basal; diminuição hormonais

(excreção das glândulas sexuais supra-renais) com modificação do libido; modificações nas

fases do sono.(SOUZA, 1999; MEIRELLES, 1999).

Alterações psicológicas na velhice têm sido relacionadas com a diminuição do

conhecimento. Hoje se sabe que a saúde mental pode ser conservada até o fim da vida, porém

15

é normal a diminuição de certas funções cognitivas relacionadas com o aspecto biológico do

cérebro. No entanto os reais problemas e alterações psicológicas normais ocorrem muitas

vezes pela mudança emocional em virtude da perda progressiva da saúde, da beleza da

carreira, da segurança financeira e do status. Os idosos estabelecem algumas atitudes, que se

tornam comum entre eles como: constante acumulação de objetos ou de lembranças, distração

e esquecimento, acusações e censuras, confusões e equívocos, regressão emocional e física,

situações de doença e fixação na idéia de morte.

Outro aspecto do envelhecimento é o social. Neste enfoque o envelhecimento não

significa necessariamente um aspecto temporal, mas está relacionado a atividade sócio-

econômica, modos diferentes de vida, características pessoais objetivos e conflitos de natureza

variável, sentimentos positivos e negativos, os quais se refletem em isolamento social;

situação econômica crítica; insegurança social; estado de saúde insatisfatório; ruptura com a

vida social; falta de opção para poder escolher o lazer; falta de opção para poder optar por

uma aposentadoria ativa ou passiva.(MEIRELLES,1999).

Embora não se possa evitar tais processos é possível atuar de forma a permitir aos idosos

uma vida melhor. De acordo com a Organização Mundial de Saúde(OMS), a saúde consiste

em “um bem estar físico; mental e social, e não meramente a ausência de doenças

enfermidades”.(CAPRA apud LOPES e ALTERTHUM, 1999; p.861). Desta forma, o homem

deve procurar durante toda a vida a prática de ações que equilibrem seu organismo,

minimizando os efeitos negativos que as necessidades da vida moderna, competitiva e

violenta, lhes impõem.. Sabe-se que o envelhecimento opera da mesma maneira que a

inatividade. Os efeitos, que são produzidos ao longo dos anos são similares aos que o

sedentarismo ocasiona.(RIOS et al; 2000).

É importante trabalhar com idosos de forma a tentar desenvolver ou melhorar sua auto-

estima. É necessário valorizar sua experiência. A sabedoria que eles adquirem, ao longo de

suas vidas, tem sido desconsiderada por uma sociedade onde a produção é a meta.

1.2 Sentir e a interação social

Através da linguagem que as pessoas interagem de modo coordenado, recebendo e

expressando símbolos que se transformam em ação dentro do contexto social. O processo de

sentir é essencial a nossa comunicação com o mundo, pois é através da combinação das

diversas modalidades sensórias que passamos a formar conceitos a respeito das diversas

modalidades sensoriais.

16

Desse modo, podemos dizer que a relação humana está baseada nas significações que

surgem a partir da experiência de cada um, em busca dos laços familiares visando construir o

próprio mundo. As relações humanas e os processos biológicos são condições inexplicáveis

para a vida, porque a dinâmica dos organismos depende dos laços de relação social. O amor é

um processo recíproco e espontâneo de aceitação. A aceitação do outro como legítimo outro

na convivência define a dinâmica social. A corporeidade deve ser vivida no respeito por si

mesmo e, conseqüentemente, no respeito pelo outro, fundamentado na confiança sincera

mútua.

Através na interação social de cada ação possibilitará construir novos laços de relação,

novas formas de compartilhar o aprendizado com outros indivíduos. Dependemos de nosso

corpo para viver, existimos a partir dele. Portanto, é através do corpo e das relações que

estabelecemos com os outros e com nós mesmos que determinamos nosso modo de ser e de

viver. Os velhos em nossa sociedade rendem-se á opinião dos outros. A visão de um corpo

que se apresenta com mudanças na aparência - rugas e cabelos brancos anunciam a identidade

- o corpo degradante que aprendemos a repudiar.

É importante que o velho permita sentir o próprio corpo, pois é através das sensações que

as ações nascem e o corpo se prepara para expressar, pela motricidade, todos os significados

do seu mundo interno. É a partir dos movimentos que o corpo poderá ser percebido,

proporcionando ao velho a consciência de que ele está agindo naquele espaço e momento

específicos. Passado e presente se complementam em um só movimento que propicia ao

indivíduo reconstruir sua história perceptiva.

Sendo assim, o viver humano constitui-se em possibilidade de construção, desconstrução e

reconstrução de configurações totalmente diferenciadas a cada instante em suas experiências,

formando o seu sentido histórico através do espaço relacional com o mundo e com os outros.

1.3 Emoção e expressão

A palavra emoção denota um sentido de movimento (noção), ou seja, um movimento da

mente ou da alma que se dirige para fora em busca de comunicação. É uma expressão que

procura o seu reconhecimento através da ação.

A emoção define quem somos tanto para nós mesmos quanto para os outros com quem

relacionamos. A partir da emoção, o corpo adquire forma configurando a situação vivida,

constrói a relação social pela ação e pela linguagem, possibilita sentir esse corpo pela

experiência adquirida, formando a história do sujeito com suas rejeições e aceitações. As

emoções constituem o espaço de ação, o modo de viver de cada um de nós, possibilitando a

17

conexão com o mundo (o medo, ansiedade, impotência, tristeza, defesa e o vazio) e expansão

(amor, alegria, satisfação, prazer, plenitude, liberação) transformando o corpo por completo, a

cada situação. Todas as tarefas habituais realizadas pelo ser humano se dão na linguagem, ao

mesmo tempo em que essas tarefas são feitas a partir de uma emoção.

É neste sentido que a maior parte de nossos sofrimentos se encontram, ou seja, em

domínios contraditórios de ação, que não permitem o processo de compreensão.O exemplo

que os espaços de convivência constituídos por sistemas de poder como freqüentemente

verificamos na relação de alguns velhos com suas famílias, ou mesmo dentro de espaços

terapêuticos. Se pensarmos em um novo modo de ver a situação dos velhos em nossa

sociedade, freqüentemente, considerados como incapazes e limitados, devemos compreender

que toda relação esta fundamentada na reciprocidade é um caminho de mão dupla.

Desse modo, somente através da aceitação de que os velhos possuem formas diferenciadas

de viver, assim como as crianças em suas fases de gracejo, os adolescentes em fase de

rebeldia, os próprios adultos em sua fase de obrigação produtiva, é que haverá transformação

das interações e dos comportamentos que estas interações desencadeiam. Se o entendimento

for atingido com sucesso, os velhos poderão, através de sua própria transformação, criar

novos comportamentos e conseqüentemente, novos acordos, reencontrando o espaço familiar

e social perdidos.

1.4 Identidade: semelhança e diferença

O termo era utilizado pelos gregos com referência a sinais corporais com os quais se

procurava evidenciar alguma coisa de mal sobre o status moral de quem os apresentava.

Os velhos em nossa sociedade são estigmatizados porque apresentam uma identidade com

vários atributos negativos conhecidos como: declínio, fraqueza, dependência, deficiência,

impossibilidade e assim por diante. Essa identidade é formulada levando-se em conta

principalmente as características biológicas e físicas - cabelos brancos, rugas, calvície,

diminuição dos movimentos corporais etc.

O humano é subjetivo, indeterminado, e não um objeto que possa ser classificado em

série. Portanto, a velhice não pode ser vista exclusivamente por uma perspectiva biológicas,

porque o humano não é somente uma identidade biológica. É também um ser social, cultural,

psicológico e espiritual. A própria linguagem reserva para a palavra velho tudo aquilo que

concebemos como negativo, mesmo que alguns contextos não o sejam. A sociedade

corresponde também a princípios de semelhança e diferença, que podem ser entendidos como

opostos lógicos, porém encontram-se ligados entre si.

18

Logo, compreender semelhança depende da compreensão de sua relação com a diferença.

Do mesmo modo, a sociedade funda-se também na diferença. Se todas as pessoas fossem

exatamente idênticas, suas relações sociais seriam limitadas, havendo pouco ou nenhuma

concessão.

Portanto, a partir do princípio da diferença, cada indivíduo busca tanto receber como dar

alguma coisa para constituir-se como indivíduo social. Se não fosse a semelhança,

perderíamos a noção de que somos seres interdependentes e interligados e conseqüentemente,

solidário em nossa práxis do viver.

1.5 General – idade e singular – idade

A individualidade é indivisa e irredutível. Envelhecer é um processo do sujeito que vive o

seu próprio tempo, ou seja, é um processo particular e peculiar a cada um. Os sujeitos são

seres individuais que nascem, envelhecem, evoluem, morrem. Esse é o sentido do caminho

que trilham. Morin escreve:

O indivíduo surge no mundo (nascimento) e desaparece dele para sempre(morte).

Acedendo à existência, emerge do nada ao todo, uma vez que se torna unidade e totalidade.

Perdendo a individualidade, passa do todo ao nada.

O processo dinâmico da vida caracteriza-se por continuidades nas quais todos os

indivíduos oscilam entre o surgir e o desaparecer, o todo e o nada, a vida e a morte. Cada

indivíduo é um ser único em seu dinamismo biológico, apresentando diferentes ritmos de

envelhecimento. O envelhecimento de um sempre será diferente do envelhecimento do outro.

Cada indivíduo possui ritmos próprios de mudanças.

Contudo, o envelhecimento biológico desafia quaisquer medições simples. Cada indivíduo

ao nascer, já apresenta uma enorme gama de diferenças. Portanto, entender o envelhecimento

biológico pele viés da generalidade, não respeitando as particularidades, é reforçar o estigma

simplista da perda, do declínio da degradação que caminha em direção á morte.

Indubitavelmente, um organismo, com a passagem do tempo, vai se tornando mais vulnerável

à doença que conseguiria eliminar com mais facilidade quando mais jovem.

Sabemos que cada um de nós envelhece a seu próprio tempo, de modo particular, e que

duas pessoas nunca serão semelhantes, mesmo se dispuséssemos de um genótipo idêntico.

Cada indivíduo detém, com traço que o constitui, uma irrefutável diferença que o torna

original dentre outros indivíduos. Contudo, cada um é singular em seu temperamento,

dinâmica biológica, comportamento e em sua morfologia que determina a sua história. O

tempo é um problema que enfrentamos em nossa vida moderna e, pelo fato de ainda termos

19

uma percepção limitada, baseada em pares de opostos que nos obriga a fracionar a unidade,

acreditamos na linearidade do tempo, assinalando um ¨ antes¨ e um ¨ depois¨ em todos os

acontecimentos que vivenciamos.

O tempo é uma abstração, ele só existe em nossa consciência. Portanto, temos todos os

tempos. Infelizmente, na caminhada pela vida, somos forçados a fazer algumas escalas, em

estações determinadas pelo modelo social. A sociedade força-nos a pertencer a grupos de

idade específica, impondo normas a serem cumpridas e estabelecendo o que deve ou não ser

feito. Se os velhos não cumprem com as normas precisas, são descritos como ridículos,

repugnantes, inconvenientes. As regras sociais são impostas de modo preciso, rígido do que

deve ser para o velho, para a criança e para o adulto.

1.6 Dinâmica da vida

A cada movimento é produzido um padrão específico de organização que passará a

determinar a história estrutural de cada ser humano. Todos os pensamentos, sensação,

sentimentos, emoções são organizados de tal modo que fornecem a cada indivíduo uma

identidade-corpo que passa a representar sua própria história. Isso quer dizer que em cada

corpo pode ser evidenciada sua história. Uma luta e desistência, de amor e ódio, de silêncio e

expressão, de dor e prazer. Aspectos estes compostos pelo modo que cada um enfrenta,

compreende e interpreta o fluxo de sua vida.

Somente podemos viver porque temos uma dinâmica de fluxo incessante em nosso

organismo. Nos sistemas vivos, há um fluxo dinâmico de energia que se espalha por todo o

sistema, não havendo hierarquia, níveis estratificados ou hegemonias, nos quais uma parte

seja mais que outras. É no fluxo contínuo de auto-renovação, aspecto essencial dos sistemas

auto-organizados, formados por elos consubstancias entre declínio e crescimento, que os

organismos vivos produzem a si mesmo. Esses fenômenos dinâmicos são aspectos

fundamentais para a auto-organização dos sistemas vivos, e é nesse sentido que passamos a

compreender que os organismos vivos não podem ser considerados como máquinas

produzidas em série.

Enquanto os organismos vivos possuem um alto grau de flexibilidade e plasticidade para

se transformar e evoluir, já que são guiados por padrões cíclicos de laços, de retroalimentação

que mantêm sua auto-regulamentação. As máquinas, por outro lado, são constituídas a partir

de um projeto determinado e previsível, funcionando de acordo com cadeias lineares de causa

e efeito. Todos os seres vivos estão fundamentados em um padrão de rede habilitado á

mudança estrutural contínua que leve a auto-organização, preservando a homeostasia.

20

Os sistemas vivos passam por instabilidades contínuas, geradas pelas flutuações

dinâmicas, o que impele o sistema a modificar sua estrutura, sempre em direção a uma

estrutura totalmente nova, sempre pronta a transformar-se. Dentro dessa perspectiva, o passar

de uma etapa á outra faz o sistema envelhecer, e a especializar-se. Essa especialização é

importante para que um organismo cresça e se desenvolva rumo á evolução. Enquanto existir

vida em um organismo, ele estará em busca do novo, formando cada vez mais redes de

complexidade, pois a criatividade da natureza dos organismos é limitada. Todo o processo de

vida é também um processo de morte, no qual as células e tecidos passam por mudanças

cíclicas contínuas, caracterizando-se por um ritmo de degeneração e morte, recomposição e

vida.

Esse processo de vida é natural. A mudança é necessária para que haja a possibilidade da

recriação constante. Caso contrário, perderíamos a fé e a esperança em mudar o rumo de

nossa história, em descobrir outras formas de compreensão de nossa jornada pelo mundo, em

buscar novos arranjos para compor a melodia de nossas vidas. A velhice é um prolongamento

de um processo que se perfaz na temporalidade, através de mudanças cíclicas biológicas,

oscilando entre declínio e renovação continua, sempre em busca de novas estruturas. Em cada

nova estrutura, uma nova possibilidade de descoberta.

Nesse sentido, descobrir, conhecer, aprender só é possível através do envelhecer. O sujeito

é mais que uma simples forma. Ele é uma qualidade de ser, que emerge de sua auto-

organização. Desse modo, o sujeito transcende as suas modificações fisiológicas e

morfológicas que sobrevêm do nascimento à morte, degenerando e regenerando-se

permanente.

21

CAPÍTULO II

CORPO, SAÚDE E DOENÇA NO ENVELHECIMENTO

Definição de saúde como sendo simplesmente a ausência de doença torna-se imprecisa e

limitada quando nos reportamos á questão da qualidade de vida. Ter qualidade de vida é ser

saudável, ao contrário do que muitos pensam quando consideram a saúde em termos

numéricos. Uma visão tradicional da saúde em termos numéricos.Uma visão tradicional da

saúde é que tanto a saúde como a doença estão localizadas no corpo de pessoas específicas e

isoladas, tratando-se de um processo individual que na é partilhado com outros, ou

seja,pertencendo exclusivamente a cada pessoa, separada.

Desse modo, a terapêutica deve ser localizada e sempre objetiva, orientada para os

problemas específicos. Os distúrbios físicos requerem, portanto, intervenções físicas, porque

todo o processo patológico é um fenômeno biopsicossocial. Os fenômenos psicossociais só

causam problemas no processo, denotando sempre fraqueza mental, incompetência do

indivíduo em se estabelecer socialmente, dificultando-o na dominação de seus impulsos

emocionais para que as coisas possam voltar a funcionar novamente para restabelecer sua

convivência saudável. Precisamos compreender que a saúde se refere ao humano, porque se

fundamenta numa concepção do ser humano como único.

Assim, tanto a doença como a saúde soa palavras que só podem ser utilizadas no singular,

porque se referem ao estado do ser humano como único na expressão de sua vida. Como

descreve Leornado Boff (1999):

“A doença significa um dano à totalidade da existência. Não é o joelho que dói. Sou eu, em minha totalidade existencial, que sofro. Portanto, não é uma parte que está doente, mas é a vida que adoece em suas várias dimensões: em relação a si mesma (experimenta os limites da vida mortal), em relação com a sociedade (se isola, deixa de trabalhar e tem que se tratar num centro de saúde), em relação com o sentido global da vida (crise na confiança fundamental da vida que se pergunta por que exatamente eu fiquei doente?)”. (Boff 1999, p.22-23)

Muitos velhos acreditam na doença com sendo algo normal. Nessa fase da vida,

acomodam-se no modelo social que vê a doença e a velhice como sinônimos, não acreditando

que haja lago a ser feito, só restando a lamentação por serem velhos. Os velhos reclamam que

são vistos, muitas vezes, pela família e por outros como velhos-problemas porque estão

insatisfeitos com a situação na qual se encontram, porque velho é mesmo desagradável. Eles

são forçados a todo custo a aceitar o seu estado sem que interfiram na dinâmica familiar, pois

essa dinâmica deve permanecer fundada na ilusória concepção de família feliz.

22

Os velhos afastados e isolados nutrem-se de um sentimento de desesperança, insegurança,

desproteção que causa sofrimento devido à falta de sentido na vida. Somos seres autônomos,

porém dependentes. Essa dependência não nos tira o amor próprio, não nos torna inferiores.

Essa ilusão de que somos seres independentes, prepotentes em encarar e conquistar todas as

coisas que desejamos vem de nossa cultura individualista, que só reforça nossa solidão.

O ser humano é maior do a soma de suas partes e não blocos de ossos e músculos

empilhados ou, ainda, um modelo de máquina cartesiana com peças separadas. O ser humano

é multidimensional, vivendo numa complexa rede de relações com tudo e com todos. O

envelhecimento do ser humano não pode se resumir a um sentido único de declínio, mas deve

ser visto como um processo contínuo de transformação, que supõe os fenômenos físicos,

biológicos, psicológicos, sociais e culturais interdependentes. O sofrimento humano é

multifatorial e, portanto, se quisermos atuar de maneiras mais eficiente no cuidado aos velhos

doentes, teremos que compreender as suas necessidades enquanto seres humanos, como

também a natureza de suas próprias vidas, e não simplesmente saber as causas de suas

doenças.

Respeitar suas queixas, sem desconsiderar absolutamente nada. Estar doente é estar

vulneráveis, inseguros, confusos e, por isso, necessitamos do outro para que norteie

temporariamente nossa caminhada, auxiliando-nos na busca de compreensão do novo rumo a

ser tomado.

Nesse sentido, tanto a participação do doente como a do terapeuta é de extrema relevância

no restabelecimento da saúde. A saúde do velho possui relação direta com a nossa própria

saúde, com os quais compactuamos, poderão ser a nossa própria sentença quando estivermos

velhos.

2.1 Corpo e Crença

Geralmente, o conceito que temos a respeito de nosso corpo desenvolve-se a partir das

avaliações que os outros fazem de nós. Freqüentemente, as pessoas a avaliam não somente o

que dizemos e realizamos, mas principalmente, como se mostra nossa aparência física. É fato

que a aparência física constitui um importante determinador de nossa auto-estima. Don E.

Hamachek (1994) escreve:

“Uma razão possível para esta relação entre auto-aceitação e aceitação do corpo

pode residir no fato de que o ‘self’ ideal inclui atitudes relacionadas com a

aparência do corpo, o chamado ideal do corpo. Cada um de nós tem uma idéia mais

23

ou menos clara de como de como gostaria de parecer. Se as nossas verdadeiras

proporções do corpo se aproximam das dimensões e da aparência da nossa imagem

corporal, provavelmente pensaremos de forma melhor a respeito do nosso ‘self’

tanto físico como não físico. Se, por outro lado, o nosso corpo se desvia demais do

nosso ideal corporal,tenderemos a ter uma auto-estima mais baixa.” (Hamacheck

1994, p.87)

Mesmo que a pessoa não sinta mudanças em seu corpo, ela passa a se sentir velha através

dos outros, fazendo-a a entrar em uma crise de identidade. A velhice não se apresenta para o

sujeito, mas fica clara para os outros. O indivíduo que envelhece não percebe as mudanças

corporais da mesma maneira que os outros a percebem.

Reconhecer as transformações nos outros é sempre mais simples do que em nós mesmos,

porque as mudanças ocorrem lentamente e o nosso organismo com sua capacidade plástica

propicia a assimilação das mudanças de maneira gradual.Infelizmente a velhice ainda é vista

como sinônimo de doença e, assim sendo, quando o velho possui alguma limitação corporal,

ele se enquadra no modelo social pré-estabelecido que não reserva possibilidades. Esquecem

que o envelhecemos porque vivemos, ou seja, envelhecemos ou morremos. Não há

alternativa.

Portanto podem pensar que de qualquer forma, seremos sempre o velho de alguém. O ser

humano é um ser gregário e, portanto necessita de aceitação e reconhecimento. Queremos

estar assegurados de que ocupamos um lugar no mundo. A angústia de ser velho está

associada ao medo da segregação e do isolamento; pois, frente à menor possibilidade de estar

sozinho e isolado, cria-se uma crise existencial que acarreta transtornos depressivos que

podem terminar por roubar a própria vida.

O corpo é o resultado daquilo que interpretamos a partir de nosso aprendizado, pois toda

experiência que vivenciamos é sempre incorporada, formando-se em história e possibilitando

uma transformação corporal futura. A crença é partilhada e reforçada pela convivência.

Assim, acreditar que a velhice é um momento de dependência, inutilidade e de outros

atributos negativos, simplesmente porque estamos habituados evidenciar tal fato no cotidiano,

é criar condições biológicas que justifiquem estas crenças. Ser o velho de alguém é estar ao

lado, é a proximidade que aquece não apenas o corpo, mas também os sentimentos e,

conseqüentemente, a própria existência. Criamos novas histórias que irão compor as histórias

antigas, ocupando espaço em nossa vivência atual. As histórias antigas não são destruídas pela

recomposição do presente, mas se transformam agora, como uma nova configuração, um novo

significado, com som de eternidade. O humano é sempre um enigma aos nossos olhos. Ele é o

indeterminado, o estranho, o diferente.

24

Portanto, os significados dos acontecimentos farão apenas parte de fragmentos que irão

compor o imaginário de cada leitor, dependendo da história perceptiva de cada um. O

importante para cada indivíduo é reencontrar suas potencialidades para se livrar da

dependência, fator este que causa muita angústia, gerando perda de motivação para ir em

busca daquilo que ainda falta para o seu desenvolvimento. Não dar atenção á incapacidade é

retirar qualquer possibilidade do velho continuar adquirindo experiência em sua vida.

Outro fator importante que podemos verificar o quanto o desequilíbrio postural está

também relacionado com a dificuldade do reconhecimento próprio do corpo, impedindo o

contato com a realidade física, aspecto importante para a manutenção da integridade dos

processos cognitivos, ou seja, da aquisição do conhecimento. O declínio cognitivo entre os

velhos pode ser compensado pela ilusão, que acarreta insegurança para se lançar em maiores

desafios, provocando limitações corporais, corrompendo sua independência.

Desse modo o corpo se deteriora, não com o passar dos dias, mas com o decorrer dos

minutos, isso mostra, mais uma vez, que a diminuição da força muscular e a amplitude dos

movimentos não estão circunscrita exclusivamente ao envelhecimento biológico.

O movimento nasce do desejo e, portanto, não devemos perder a oportunidade de

incentivar a busca de novos objetivos, mesmo que esses possam parecer pequenos aos nossos

olhos. Parece que alguns velhos com deficiências físicas vêem a velhice como algo estático,

porque não lhes são oferecidas oportunidades de verem que a vida ainda chama por continuar

seu dinamismo. Se começarmos a oferecer esta oportunidade ao outro, descobriremos que

nossa própria vida tem um sentido muito mais dinâmico que podíamos supor. Veremos que a

estabilidade almejada por nós não passa de uma grande ilusão e a resistência aos encontros

que estamos habituados a praticar, com medo do envolvimento, não passa de invenções que

minimizam as chances de novas descobertas para as ambas as pessoas que trafegam na

relação às possibilidades e anseios de vida deles. Mostrando que o movimento somente

realizar-se quando há um objetivo e, portanto, é necessária a compreensão de que cada um

possui sua participação no processo.

O afastamento dos membros da família, como no caso do velho com seus filhos, está

muitas vezes, relacionado a uma dificuldade na relação em tempos remotos, e só agora sendo

deflagrado através de sentimento de mágoa, ressentimento, raiva. Quando a família não mais

acreditar na autonomia do velho, isolando e segurando-o do convívio social, a resignação

passa a assinalar a velhice.

25

Desse modo, o corpo passa a revelar a atitude da pessoa com relação à vida, através de seu

comportamento, postura e movimentos. A privação do toque observada freqüentemente entre

os velhos possui repercussões dramáticas em seu comportamento.

Quando são crianças, os traumas, muitas vezes, são resolvidos através da carícia da mãe,

mas, quando velhos, não raro, possuem o desejo da carícia essencial, porém sem a

oportunidade de obterem logo, não resta saída a não ser enrijecer o corpo como forma de

proteção. O tato é um importante meio de materialização da solidariedade, mas não basta

simplesmente utilizar o toque como uma técnica terapêutica aprendida e sim sentir o corpo do

outro como senti a si mesmo. Desse modo o contato poderá ser estabelecido e o fluir da

relação alcançado.

A vida é formada de ciclos, com o sol que vejo através da janela. Ela já não é o mesmo,

está perdendo sua intensidade de calor, despedindo-se do verão para abrir passagem ao sol da

nova estação, a fim de celebrar a vida do mesmo modo, ás células que constituem o corpo

humano morrem, enquanto outras nascem.

Logo, um novo corpo é constituído, moldado pelo processo de viver. Tanto o sol quanto

corpo são os mesmos, porém em estações e circunstâncias diferentes. Este é o princípio da

vida, um movimento que não cessa. Os corpos humanos são plásticos porque vivem e,

portanto, mudam constantemente, sempre em busca de uma nova estrutura, de novas

descobertas e possibilidades, obedecendo a lei da vida que é transformar-se, inovar, evoluir.

Dessa forma o ser humano envelhece e especializa-se, não sendo nunca o mesmo. Devido

a esse ritmo contínuo, ele é capaz de construir sua história no fluxo do tempo, no próprio

tempo, no seu tempo vivido.

Enquanto o corpo viver, independente de sua idade cronológica, existirá dentro dele a

potencialidade, a certeza da mudança. Mesmo no tempo de trevas, haverá sempre a

possibilidade do nascimento da luz. Uma luz que nos oriente ao encontro do retorno para

dentro de nós mesmos, a fim de libertarmos. A liberdade somente pode residir em nosso

âmago.

Logo, as amarras impostas por aqueles que praticam o controle e a repressão, colocando-

nos sob grades de classificação, não serão suficientes para impedir que nossos desejos,

anseios e sonhos sejam realizados, a não ser que façam a opção pela desistência da vida,

caindo na armadilha da dominação, que retira a possibilidade de sermos legítimos em nossa

existência.

26

A velhice não é a espera do fim. Ao contrário, ela pode representar o momento do resgate,

da resignificação de uma história e, portanto, exige ação concentrada, reflexão dirigida,

movimento que busque resposta.

Devido ao dinamismo e mudança contínua das imagens corporais, tudo é possibilidade.O

corpo é muito mais que matéria densa pelo qual estamos habituados a conceber. Dentro dessa

perspectiva, se acreditamos no humano, na força que o mobiliza, poderemos também acreditar

na magia, no milagre da vida. A relação terapêutica fundada no princípio sujeito-sujeito

mostra-nos que, quando respeitamos o outro como a nós mesmos, não ficamos preocupados

em tentar nivelar as diferenças, pelo contrário, buscamos fomentar o crescimento dessas

diferenças, a fim de obtermos formas variadas de aprendizado que possibilitem a

diversificação na vida.

A relação sujeito-sujeito também propicia a compreensão de que a força propulsora da

transformação corporal nasce do compartilhar com outro alimento afetivo, de trazer para

perto, aqueles que se encontram distantes, não encontrando o caminho de volta. Por isso, o

tato é o início do processo, é o caminho para atingirmos o contato, a profundidade do resgate,

o restabelecimento da forma. Depois de estabelecido o contato, nunca seremos mais os

mesmos, teremos outras formas, outros caminhos. Quando encontrarmos os fragmentos

perdidos de nossa história, preenchemos as lacunas de nossa imagem corporal, nos tornados

mais íntegros.

27

CAPÍTULO III

ALTERAÇÕES CORPORAIS NO ENVELHECIMENTO

A partir de 40 anos a estatura começa a diminuir perdendo cerca de 1cm por década. Esta

diminuição está associada a diminuição dos arcos dos pés, aumento das curvaturas da coluna e

também pelo encurtamento da coluna vertebral, devido as alterações que ocorram nos discos

intervertebrais. Há o aumento do diâmetro da caixa torácica e do crânio. O crescimento

progressivo do nariz e dos pavilhões auditivos contribuem para uma formação típica facial da

pessoa idosa.

A perda de água intracelular, faz com que o teor total de água do corpo diminua.Com isto,

ocorre da relação fluído intracelular. O potássio total, que na maior parte é intracelular, irá

diminuir também. A diminuição geral do número de células nos órgãos faz com que haja

perda de água e potássio. Em relação a perda de massas, os órgãos internos que se mostram

mais afetados são os rins e o fígado, sendo os músculos que mais sofrem danos ponderal com

o passar dos anos.

PELE

Com o processo de envelhecimento, as fibras irão se alterar ficando a elastina “porosa”

perdendo então a elasticidade. As rugas se dão através do somatório das alterações através da

diminuição da espessura da pele e do subcutâneo.

A pele se torna seca e áspera, sujeita a infecções e mais sensíveis ás variações de

temperatura, devido as glândulas sudoríparas e sebáceas diminuírem sua atividade. Por volta

dos 40 e 50 anos, a pálpebra inferior poderá apresentar edema por herniação de gordura que

está associada a uma pequena retenção de líquido.

Certas regiões como a face e o dorso da mão são regiões em que os melanócitos podem

sofrer alterações no seu funcionamento levando a formação de manchas hipergimentadas ,

marrons, lisas e achatadas. Manchas escuras ou marrons salientes são comuns e conhecidas

em conjunto com queratose seborréica.

PELOS E CABELOS

Ocorre uma diminuição de pêlos por todo o corpo, fazendo-se exceção as sobrancelhas, a

orelha e as narinas. No sexo feminino há o crescimento no lábio superior devido o aumento de

hormônios andrógenos e diminuição dos estrógenos. A cor dos cabelos é dada por células

pigmentares do córtex.

28

Quando ocorre o processo de envelhecimento, a medula se de ar e as células do córtex

perdem pigmento, ficando o cabelo branco.

Outro fato após algum tempo de crescimento ocorre a queda de cabelo pela inatividade ou

morte das células do bulbo capilar. A calvície surge não somente com o envelhecimento, mas

também por outros fatores ocorrendo a diminuição do número de bulbos ativo.

SISTEMA ÓSSEO

Dois aspectos devem ser considerados no osso: O compacto e o esponjoso, pois ambos se

alteram no envelhecimento.

O osso esponjoso na pessoa idosa irá apresentar diminuição na espessura do componente

compacto que diminui pela reabsorção interna óssea. No esponjoso ocorre perda de lâminas

ósseas em relação ao jovem, formando-se cavidades maiores entre as trabéculas ósseas.

No homem a perda do tecido ósseo de outra maneira. Na mulher, não há perda óssea

significante antes da menopausa, porém após este fenômeno, se procede de forma intensa em

relação ao sexo oposto. Estes dados são observados, quando se analisa a densidade óssea tanto

no tecido esponjoso quanto no tecido compacto.

SISTEMA ARTICULAR

Com o envelhecimento as suturas do crânio que são unidas por tecido fibroso, vão sendo

substituídas por osso, processo ao qual começa por volta dos 30 anos, que irá desaparecer por

completo em épocas diferentes em cada sutura. Os discos inter-vertebrais são constituídos por

um núcleo pulposo e um anel fibroso. No idoso, o núcleo pulposo perde água e

proteoglicanas, e as fibras irão aumentar em número e espessura.

No anel fibroso ocorrerá o contrário, pois as fibras colágenas ficam mais delgadas. Isto

contribui para que a espessura do disco diminua, acentuando-se a curvatura da coluna

especialmente a torácica, o que desenvolverá cifose que é um desvio postural comum nos

idosos.

Na fase de envelhecimento, tais alterações ocorreram especialmente nas camadas

superficiais, onde o número de células, a água e as proteoglicanas diminuem, enquanto as

fibras colágenas aumentam em número e espessura. Em conseqüência destes fatores, a

cartilagem fica mais delgada e surgem rachaduras e fendas na superfície. As alterações como

estas apresentam aumento da freqüência com a evolução da idade.

29

SISTEMA MUSCULAR

A perda de massa magra é verificada quando o peso do músculo diminui, o mesmo

ocorrendo com sua área de secção.

A musculatura do idoso apresenta fibras em degeneração de ambos os tipos, fibras

hipertrofiadas (talvez compensatória).

No sexo masculino, as fibras brancas diminuem de volume pelo fato de as fibras

musculares irem desaparecendo e sendo substituídas por tecido conjuntivo. No idoso,

apresentam aumento do número de pregas e a fenda sináptica se torna mais ampla e assim, a

área de contato entre o axônio e a membrana da célula diminui.

SISTEMA NERVOSO

Através da tomografia computadorizada verificou- se, de acordo com a idade, que o peso

do cérebro diminuem. Ocorre também o aumento voluntário dos ventrículos encefálicos. Com

o processo de envelhecimento, inúmeras células desta, apresentam alterações dos vários tipos

como, por exemplo, dendritos inchados na base, desaparecimento de dendrito ou número

reduzido de espinhas em várias áreas do córtex. Alterações desse tipo podem progredir até a

célula morrer completamente.

Verificou-se que nem todas as células piramidais desenvolvem alterações como estas,

pode ocorrer um aumento de números de dendritos e espinhas com o processo de

envelhecimento, sendo estas desigualdades de alterações desconhecidas.

VASOS SANGUÍNEOS

Aorta com o envelhecimento, a aorta se dilata resultando no aumento do diâmetro interno.

A aorta é caracterizada histologicamente em possuir grandes fibras elásticas na sua parede.

Com o processo de envelhecimento, as fibras elásticas vão diminuindo em número enquanto

que o colágeno vai aumentando no idoso.

As fibras mostram protuberâncias na superfície da elastina. As fibras tratadas com elastase

serão digeridas e irão aparecer as saliências como massas eletrodensas com saliências

pontiagudas que são identificadas como sendo cristais de cálcio.

OUTRAS ARTÉRIAS

As artérias menores e as arteríolas sofrem transformações idênticas às da aorta, são

atingidas também pelos processos arterioscleróticos. Constituem-se em carótidas, arteríolas

renais, arteríolas do labirinto e as arteríolas e os capilares dos órgãos de corte. O aumento de

30

deposição de tecido fibroso com a idade é uma razão para justificar o porquê do espassamento

dessas artérias.

CORAÇÃO

Ocorrem alterações mais importantes no miocárdio, nodo sinoatrial e valvas cardíacas, de

acordo com o processo de envelhecimento.

a) Miocárdio

O peso do coração vai aumentando com a idade e ocorre também um aumento da espessura da

parede do ventrículo esquerdo. A idade contribui para o aumento do depósito de lipofuscina

nas células cardíacas. Ocorre normalmente a formação de uma rede em torno das células

musculares as quais são nutridas pelos capilares.

b) Nodo Sinatrial

Na pessoa idosa, ocorrem infiltrações de gordura, aumento do conjuntivo e diminuição das

células musculares.

c) Aparelho Valvar

Na pessoa idosa mostra-se placas arterioscleróticas e as cordas tendíneas se espessam

tornando-se mais fibrosas, sendo freqüente a calcificação da cúspide. Com o processo do

envelhecimento, as bases vão se espessando, ficando opacas e os nódulos ficam proeminentes.

O grau de esclerose também aumenta.

SISTEMA RESPIRATÓRIO

a) Caixa Torácica

Com o processo de envelhecimento, as articulações sinoviais, desaparecem, fundem-se os

elementos ósseos e cartilaginosos. Há degeneração de grande quantidade de condrócitos, as

fibras colágenas se espessam, aumentando o depósito de cálcio, ficando a cartilagem mais

rígida.

b) Pulmão

Há uma discreta diminuição da superfície total dos alvéolos, com a idade. Em estudos

verificaram-se freqüente presença de alvéolos dilatados em meio a outros normais, bem como

31

a fusão de alvéolos formando cristais, dando-se a ruptura dos septos interalveolares. O

conteúdo de elastina no pulmão aumenta com a idade.

SISTEMA DIGESTIVO

a) Tubo Digestivo

Às vezes, com a idade, o epitélio escamoso estratificado na parte distal do esôfago, é

substituído por epitélio colunar. Este processo pode ocorrer como resultado de repetidas

desnudações epiteliais pelo refluxo de ácido gástrico. Comparando uma pessoa idosa com

uma pessoa jovem, constatou-se que a área de superfície do jejuno da pessoa idosa humana é

menor do que na pessoa jovem. Na pessoa idosa, a túnica muscular do colo se mostra espessa.

A irrigação sanguínea irá alterar, pois os vasos tornam-se mais tortuosos, o que pode levar a

isquemia. De acordo com alguns autores, a musculatura da parede intestinal parece degenerar

no idoso.

b) Fígado

Através de pesquisas verificou-se que em seres humanos, o peso absoluto do fígado vai

diminuindo após os 65 anos, e o mesmo ocorre com o número de células. Existe o decréscimo

da quantidade de mitocôndrias nos hepatócitos, mas isto não compromete a capacidade

respiratória das células.

SISTEMA URINÁRIO

No rim da pessoa idosa mostra-se assídua presença de arteríolas aferentes estreitadas, sem

conexão com qualquer glomério. O fato que coloca em evidência no processo de

envelhecimento anatômico do rim dá pela diminuição do número de glomério com o aumento

do tecido fibroso que o substitui.

SISTEMA REPRODUTOR

Com o processo de envelhecimento, os órgãos diminuem em peso e se atrofiam. Entre 40

e 50 anos ocorre a menopausa. Aos 50 anos, o útero apresenta pesando a metade do que aos

30 anos e com isso a sua elasticidade vai diminuindo à medida em que o tecido elástico é

substituído por feixes de tecido colágeno fibroso. Os ligamentos que suportam as mamas

tornam-se pendentes e flácidas. Quantidade de pêlos púbicos, quanto à quantidade de tecidos

adiposos irá diminuir gradualmente.

32

No sexo masculino, as alterações orgânicas serão menos evidentes. Necessariamente, o

tamanho e o peso dos testículos não diminuem com a idade. As glândulas, vesículas seminais

e próstata podem atrofiar, e a secreção de testosterona diminui, sem ultrapassar os padrões da

normalidade.

SISTEMA ENDÓCRINO

Segundo Monteiro (2003) é possível obter as seguintes impressões sobre o sistema

endócrino: em cerca de 4% a 6% da população acima de 50 anos, ao serem examinados,

nódulos palpáveis são encontrados na tireóide. A incidência de microadenomas na hipófise,

aumentados com a idade, foram mostrados através de trabalhos em que se relatou sua

ocorrência em cerca de 10% a 15% dos casos. Nas supra-renais, a incidência de nódulos

corticais aumenta com a idade sendo o mais importante o tamanho do nódulo e não a idade.

Nos seres humanos o desenvolvimento orgânico alcança a plenitude, em média, no final

da segunda década de vida segundo-se uma relativa estabilidade e modificações são

detectadas ao fim da terceira década da vida. Concluiu-se que idades diferentes encontram

indivíduos saudáveis, diferentes potenciais de adaptação, e estes podem, nos mais longivos,

ser insuficientes para garantir o equilíbrio do meio interno.

O processo natural de envelhecimento se acompanha de alterações no número e

sensibilidade dos sensores, no limiar de excitabilidade dos centros reguladores e na eficiência

dos efetores.

A quantidade de água corpória total declina (15% a 20%) com o avanço da idade,

proporcionando maior susceptibilidade a sérias complicações associadas a perdas líquidas e

maior dificuldade à rápida reposição do volume perdido. O metabolismo basal regride cerca

de 10% a 20% com o avanço da idade, e isto deve ser considerado quando se calcula as

necessidades calóricas diárias da pessoa idosa.

Com o processo de envelhecimento, o débito cardíaco sofre progressiva redução, porém as

alterações de fluxo sanguíneo não são homogêneas para todos os sistemas. O fluxo plasmático

renal , reduz-se em 50% aos 70 anos de idade, enquanto que o fluxo cerebral declina apenas

20%. A insuficiência cardíaca pode ser desenvolvida devido a reserva funcional ter sido

superada, perante uma sobrecarga hemodinâmica.

Várias alterações funcionais ocorrem no aparelho respiratório, com o envelhecimento a

maioria está relacionada com a diminuição da elasticidade pulmonar. A capacidade vital sofre

o conseqüente prejuízo do aumento do volume residual, enquanto a capacidade pulmonar total

pouco se altera com o progresso da idade.

33

Esses fatores irão resultar na alteração da relação ventilação – perfusão, que é a

responsável pela progressiva diminuição da pressão parcial de oxigênio arterial. As

modificações músculo esquelética do arcabouço torácico estão relacionadas as alterações

parenquimatosas.

A pressão parcial do dióxido de carbono arterial não sofre qualquer alteração com a idade.

Sabe - se que a reserva funcional declina em aproximadamente 50% dos 30 aos 70 anos de

idade. O rim do idoso apresenta diminuição da capacidade de concentração e diluição

urinária, de absorção de sódio e da excreção de radicais ácidos.

Conclui-se que a insuficiência renal não limita apenas à senescência, porém esta cria

condições para que agressões pouco importantes para jovens sejam responsáveis para as

graves disfunções em idosos. Os seres humanos foram criados para viverem em um ambiente

natural, onde dependiam da força física e das reações rápidas.

A Revolução Industrial, os progressos tecnológicos reduziram essas necessidades. O

crescimento das indústrias de serviço e a revolução de informações levaram a adoção de

hábitos sedentários, os quais acarretam grandes riscos para o organismo, em conseqüência da

falta de atividade física. Foi observado em idosos toda e qualquer condição patológica,

modificações tanto de ordem fisiológica, como de ordem psicológica como: redução da

capacidade aeróbica, redução da capacidade anaeróbica, redução do vigor muscular, redução

da eficiência motora, redução de rendimento mecânico e perda dos reflexos posturais.

CAPACIDADE AERÓBICA

A redução da capacidade aeróbica com a idade está documentada por numerosos estudos

longitudinais e transversais. A redução do O2 máximo da pessoa idosa afeta sua capacidade

máxima de trabalho, também limita o desempenho nos exercícios de longa duração.

CAPACIDADE ANAERÓBICA

Os dados relativos ao desempenho de pessoas idosas e em provas supra-máximas que

solicitam a capacidade anaeróbica são limitados.

FORÇA MUSCULAR

É comprovado que há modificações da força muscular que acompanham o

envelhecimento. Após um ponto máximo alcançado entre 20 e 30 anos, a força dos grupos

musculares estudados vai diminuindo moderadamente 10% a 20%. Ela acontece lentamente

34

até os 50 anos, acelerando-se em seguida. Entretanto após tal idade, a inatividade física

freqüentemente vem se somar a senescência.

RESISTÊNCIA MUSCULAR

Fato que pessoas idosas apresentam queda no desempenho em provas utilizadas para

avaliar a resistência muscular indica que ela diminui com a idade.

FLEXIBILIDADE

A amplitude de movimentos dos segmentos em torno das articulações diminui

consideravelmente com a idade. Essa alteração da flexibilidade que limita todos os gestos da

pessoa idosa provavelmente é encarada como característica essencial do envelhecimento,

muito mais evidente que as alterações dos outros fatores do desempenho físico, que o

indivíduo sedentário tem poucas oportunidades de utilizar.

Segundo estudos, consideram apenas a amplitude de movimento do tronco e das

articulações distais (joelho, tornozelos, cotovelos, punhos e dedos) assume grande

importância para a pessoa idosa porque compromete as reações de equilíbrio e a realização de

movimentos finos de manipulação.

HABILIDADES MOTORAS

Na medida em que o indivíduo envelhece, a execução da maioria dos gestos exigem um

desenvolvimento preciso no tempo e no espaço torna – se cada vez menos segura.

Nas atividades cotidianas, a queda de habilidades motora transparece no desajeitamento,

menor harmonia das posições e movimentos, cujo controle, menos preciso e mais hesitante,

exige muita atenção na maioria das vezes, grande parte das modificações funcionais, é

associada, nas pessoas com idade superior a 65 anos, ao processo de envelhecimento.

3.1 Dependência afetiva

Algumas queixas freqüentes dos pacientes são: sentimento de desafeto, comportamento de

descompensação e Estado de desmentalização. O coração mata mais da metade dos brasileiros

com menos de 55 anos. Má alimentação, sedentarismo e stress provocam lesões nas artérias,

diminuindo o fluxo sanguíneo. A idade não causa impotência, mas diminui o apetite sexual. O

homem passa a ter ereções menos vigorosas. A mulher sofre com ressecamento vaginal. Os

cabelos nascem menos fios e eles demoram mais para crescer. Os dentes os esmaltes tende a

amarelar e os ossos que sustentam os dentes enfraquecem.

35

Pesquisas mostram que idosos até 75 anos mostram que 27% dos homens e 45% das

mulheres vivem pelo menos um episódio de depressão. O distúrbio precisa ser tratado com

remédios e acompanhamento psicológico. A atividade física atua como poderoso remédio. Ela

aumenta a produção de endorfina no cérebro, responsável pela sensação de bem-estar, e

retarda problemas cognitivos associados ao envelhecimento. Exercícios físicos que estimulam

a circulação sanguínea como os aeróbios e o Tai Chi Chuan amenizam os efeitos devastadores

da hipertensão, colesterol e obesidade, vilões que provocam derrame cerebral, a segunda

causa é a demência. A pela aparecem caroços e manchas que podem virar um tumor, muitos

tomam remédios para dormir e o cérebro diminui com a capacidade de atenção e de realizar

várias atividades ao mesmo tempo.

O aumento da longevidade se dever as várias razões nos países como a França, o fato

deve-se a melhoria das condições de vida e de trabalho, ao pronto atendimento médio de boa

qualidade, a escolaridade e ao nível educacional. No Brasil na década de 50 em diante houve

real aumento de longevidade. E infelizmente, não devido a progressos sociais ocorreu a

melhoria dos cuidados médicos, a introdução de vacinas anti-infecciosas para os idosos e

medicamentos como os antibióticos permitiram a redução dos casos de morte por infecção.

Como falar do lúdico sem falar do homem? O homem moderno, evidentemente refiro-me

também à terceira idade, encontra-se hoje multifacetado e, principalmente, dividido, a

Educação Física foi em parte, responsável por isso, pois sempre alimentou uma concepção

mecanicista do ser humano, embasada no cogito cartesiano e na sua conseqüente dualidade.

Com os avanços da medicina e o aumento da expectativa de vida, as mulheres de hoje

vivem um terço de suas vidas no período pós-menopausa. Os ossos não são tão sólidos apesar

da aparência de “rochas”, eles são tecidos vivos, que se renovam continuamente. O seu

organismo está sempre substituindo células ósseas antigas por outras novas, mantendo os

ossos saudáveis e resistentes. Mas com o passar dos anos – e, principalmente, depois da

menopausa – esse processo se desequilibra. Os ossos vão se tornando cada vez mais finos,

frágeis e quebradiços. Isso é osteoporose.

A osteoporose não é um sintoma da menopausa e sim uma doença. E esse processo que

você precisa controlar desde já. A osteartrose é um distúrbio não inflamatório das articulações

caracterizado por deterioração da cartilagem, emburnação do osso e também por formação de

proeminências ósseas denominadas osteófitos. Constitui a forma mais comum de

acometimento articular do idoso. A osteartrose foi encontrada em cerca de 50% das pessoas

com idade média de 50 anos e em 78% daqueles com idade média de 70 anos. Abaixo de 45

anos, a prevalência dessa doença, entre homens é maiôs e, acima dos 55 anos, a prevalência é

36

maior em mulheres. O principal sintoma é a dor, que aparece em decorrência da

movimentação e quando a articulação suporte grande peso, melhorando com o repouso. A

manutenção da função articular e o alívio da dor são os principais objetivos a alcançar no

tratamento da osteoartrose.

A associação da dor com o envelhecimento é comum, sendo a doença – e especificamente

a dor – uma forma de comunicação do idoso que, por sua vez, o torna mis estigmatizados por

“só falar nas suas dores”. A manutenção da sua auto – estima é uma tarefa importante na

velhice.

Outro ponto a salientar é a necessidade de o professor traçar objetivos compatíveis com o

grupo, ou seja, dar boa orientação para que os exercícios sejam executados de forma natural, o

que facilitaria o processo de assimilação. Perdendo o diálogo harmonioso com seu corpo,

apresentam problemas de postura, rigidez, coordenação motora comprometida e medo de

caminhar, aumentando dessa forma, as tensões psíquicas. Por não manterem uma relação de

movimentos corporais, se voltam para dentro. A atividade física atua de forma benéfico nessa

fase, contribuindo para a liberação das tensões e estados de insegurança através da aquisição

de novos valores. A partir da quarta década de vida, o peso do esqueleto diminui com a

osteoporose nos ossos do tronco e dos segmentos, e se manifesta por diminuição de sua

espessura. As atividades físicas vêm contribuir através de exercícios que facilitam a

funcionalidade dos órgãos abdominais assim como a circulação porta, responsável pela

metabolizações dos alimentos.

O envelhecimento leva a uma diminuição da absorção intestinal acompanhada da redução

da excreção dos catabólicos. Não permitir que o idoso pratique uma atividade se estiver em

jejum ou que ocasione desconforto.

Etapas do Envelhecimento

Idade do meio ou crítica

Senescência gradual

Velhice

Longevo

Fatores a serem trabalhar na Atividade Física na Terceira Idade

Reeducação postural

Força muscular

Mobilidade articular

37

Equilíbrio

Coordenação

Capacidade aeróbica

Respiração

Relaxamento

Em um programa de Atividade Física par a terceira Idade, deve-se dar ênfase ao esquema

corporal. O importante é a reeducação das funções diárias; subir e descer escadas segurar-se

em um ônibus, colocar os sapatos, pentear os cabelos, vestir o casaco. Recomenda-se que o

programa seja realizado no período da manhã devido á não-predisposição de estresses

psicológicos e físico. O idoso predisposto às agressões do meio torna-se improdutivo, não se

beneficiando internamente com a atividade. A duração da aula varia em torno de 60 minutos,

mais 15 ou 20 minutos de interação social, palestra, debate ou outra atividade escolhida pelo

próprio grupo.

O idoso tem dificuldade em verificar sua própria freqüência cardíaca devido á falta de tato

e á interferência dos movimentos respiratórios. O aconselhável seria o controle individual

pelo professor, o que se torna difícil execução quando o objetivo é determinar a freqüência

cardíaca num determinado momento do trabalho e sua recuperação. Todo e qualquer jogo

recreativo pode ser adaptado ao idoso, pois este molda-se quanto á cultura e tradições dos

grupos. O grau de instrução influencia na dificuldade e compreensão dos jogos quando esse se

utilizam da leitura ou da escrita.

Nos jogos de movimentos e atividades recreativas, observar mudanças de direção bruscas

podem ocasionar mal – estar, podendo levar o indivíduo a uma queda. As pausas devem ser

respeitadas; quando o grupo demonstrar cansaço é necessário alterar o ritmo da aula ou

executar uma pausa para recuperação fisiológica.

Quando o grupo de idosos possui indivíduos com pontecialidades muito diferentes uma

das medidas que o professor pode assumir é de colocar uma dificuldade a ser cumprida, no

decorrer do jogo. Um importante método a ser utilizado é a volta calma porque a atividade

imposta naquele dia e a sua associação ás atividades do dia a dia, além de exercícios de

relaxamento parcial e total, automassagem e expressão corporal.

Os movimentos respiratórios devem ser evitados devido ás diferenças patológicas dos

indivíduos ou pelo próprio processo de envelhecimento ser diferente entre as pessoas do

grupo. As longas caminhadas fazem bem ao idoso, desde que o idoso possua um bom

esquema corporal e que suas passadas sejam fluentes e ritmadas. Seu calçado deve ser

38

flexível, com sola anti-derrapante e de uma espessura suficiente que proteja os pés das

irregularidades do solo, suas roupas devem ser confortáveis e absorventes. O andar de

bicicletas, para aqueles que adquiriram o hábito do percurso de sua vida, devem ser

incentivado orientando apenas o local que deve possuir pista própria para bicicleta, pois os

reflexos se tornam mais lentos, assim como os sentidos, evitando dessa forma uma possível

acidente.

A natação contribui de várias maneiras para o bem - estar do idoso. Para aquele que

domina os movimentos na água é uma das melhores formas de aumentar a capacidade

cárdiorrespiratória. O idoso, por mais apto que esteja para executar uma atividade física

sozinho (andar, correr, nadar, etc) deve sempre fazê-lo em grupo.

Um dos objetivos da atividade física para a terceira idade é a sociabilização, participação,

reintegração no processo da vida. O idoso deve cultivar outras formas de lazer além da

atividade física. Conservar hábitos tradicionais e regionais, como canções, jogos, festas e

repassar para gerações futuras. Sempre orgulhar – se de suas capacidades de aprender coisas

novas e continuar construindo em um mundo novo.

Nós professores, não devemos esquecer que o idoso possui a ensinar do que aprender,

nunca devemos considera suas queixas, orientar é o papel do professor, respeitar suas

limitações orgânicas, saber ouvir mais e falar com respeito e analisar a estrutura orgânica do

idoso em todos os seus aspectos sociológico, psicológico e biológico. Não se pode evitar o

envelhecimento. No entanto pode-se exercer influência sobre a maneira de como envelhecer.

Envelhecer significa enriquecimento espiritual e uma vida aprazível. Pode-se prever que as

pesquisas das décadas futuras fornecerão critérios mais objetivos e uma visão mais

esclarecedora quanto á conduta dos diferentes profissionais em relação ao idoso.

Diante da realidade notada nos dias de hoje, onde a terceira idade evidencia uma etapa

ocupada por uma grande parte de nossa sociedade. O ser humano é imprevisível. No século

XXI, a juventude deverá começar lá pelos 40 anos e a velhice a partir dos 80 anos.Não sei se

isso vai ser bom ou ruim.Vai ser um outro tempo. Viver é um eterno mistério. Acredito que o

corpo é o caminho real para se chegar à alma. A velhice está associada à sabedoria. A velhice

é sempre o momento do cristão convicto se preparar a abandonar e cuidar de sua salvação no

outro mundo. Afinal, mesmo jovem, o corpo era um farrapo humano. O que interessava era a

salvação. No século XIX que vão começar a ser constituir as duas ciências, cristalizadas no

século XX: A gerontologia (que estuda o processo fisiológico do envelhecimento) e a geriatria

(que trabalha das enfermidades da velhice).

39

A indústria da beleza vende a eterna juventude e nega a velhice, vende a aparência e nega

o interior; vende o corpo e camufla a alma. A sociedade só se preocupa com o indivíduo na

medida em que este rende. Quando compreendemos o que é a condição dos velhos, não

podemos contentar-nos em reivindicar uma “política da velhice” mais generosa, uma elevação

das pensões, habitações sadias, lazeres organizados.

A velhice nasce com o homem e é resultado de sua infância, de sua juventude, de sua

maturidade, enfim, de toda a sua trajetória biológica e espiritual neste planeta. É urgente

começar a viver a vida que desejamos, sonhamos e merecemos realizar do corpo inteiro e a

alma eternamente livre e atividade física na terceira idade.

De acordo com os gerontologistas, o processo de envelhecimento começa desde o

momento da concepção, sendo então a velhice definida como um processo dinâmico e

progressivo onde há modificações tanto morfológicas como funcionais, bioquímica e

psicológicas que determinam a progressiva perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao

meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos

patológicos que culminam por levá-los à morte.

O processo de envelhecimento não é um processo unilateral, mas a soma de vários

processos entre si, os quais envolvem os aspectos biopsissociais. O processo biológico é

caracterizado por transformações progressivas e irreversíveis em função do tempo.

O aspecto psicológico é evidenciado por um processo dinâmico e extraordinariamente

complexo muito influenciado por fatores individuais que se iniciam com um declínio lento e

depois acentuado das habilidades que o indivíduo desenvolva anteriormente.

Sociologicamente, a idade não significa apenas um espaço de tempo, mas uma categoria, uma

atividade sócio-econômica, modo diferente de vida, características pessoais, objetivos e

conflitos de natureza variável, sentimentos positivos e negativos. O organismo declina quando

suas chances de subsistir se reduzem. Em todos os tempos, os homens tornaram consciência

da fatalidade dessas alterações.

40

CAPÍTULO IV

QUE FAZER COM NOSSOS VELHOS?

Segundo Revista do Jornal o Globo (2005), os idosos no Brasil são 16 milhões - em 2020

serão 31,8 milhões. A expectativa de vida é de 67,2 anos para homens e 70,9 para mulheres

(em 1950 era de 50 anos). Para Ursula Karsch, pesquisadora da Puc/SP, 40% dos que tem 65

anos ou mais precisam de ajuda para tarefas como fazer compras, cuidar de finanças, cozinhar

e limpar a casa e 10% necessitam de auxílio para coisas mais simples, como tomar banho e ir

ao banheiro.

O cuidado familiar é importante, mas há velhos que não tem família, outros são pobres e

os parentes precisam trabalhar. Idosos estão cuidando de idosos! E os cuidadores estão

doentes diz Ursula, lembrando que os entrevistados 40,7% tinham dor lombar, 39% depressão

e 37% hipertensão. Em 1980, segundo o IBGE, existiam 16 idosos para cada cem crianças,

em 2000 essa relação dobrou.Em muitos lares a renda dos velhos é essencial para o sustento

da família. De acordo com o censo 2000 o rendimento médio mensal dos idosos cresceu 63%,

passando de R$403 para R$657. São nesses casos que o idoso se torna mais valioso para a

família - diz Ursula.

Pesquisas mostram que os homens acima de 60 anos, que vivem no Rio, são vulneráveis a

acidentes de trânsito, aos homicídios e cometem mais suicídios. Já as mulheres estão mais

propensas a quedas. São consideradas pessoas na terceira idade aquele segmento da sociedade

referenciado principalmente na chamada política Nacional do Idoso definido pela Lei Federal

nº 8842, de 4 de Janeiro de 1994,que em seu artigo 2° reza “Considera-se o idoso, para os

efeitos desta lei, a pessoa maior de sessenta anos de idade” trabalhamos com esta

classificação, embora a ONU considere idosos as pessoas a partir de 65 anos.

O crescimento demográfico da população idosa tem sido divulgado por vários meios e, se

não for corretamente interpretado, poderá proporcionar ainda mais problemas sociais nas

próximas décadas. Em 1980, 48% da população idosa do planeta estavam nos chamados

países em desenvolvimento, América Central e do Sul, África e Ásia, atingindo algo em torno

de 300 milhões de pessoas. A previsão para 2025 é assustadora, pois 72% da população idosa

estarão nos países em desenvolvimento, atingindo a cifra de 1 bilhão e 120 milhões de

pessoas. Um dado assustador em termos de realidade social brasileira. A palavra lúdica no

nosso dicionário escolar da Língua Portuguesa quer dizer relativo a brinquedos, jogos, sem

mira de resultados materiais. O lúdico seria fundamentalmente experienciável, vivido,

depende de como cada indivíduo o experimenta para ser isso ou aquilo. Este é um objetivo

41

possível do trabalho com a terceira idade: aumentar a autonomia dos idosos através do

trabalho com o movimento humano enfocado a partir da perspectiva lúdica.

A grande discussão para nós professores, é a meu ver a descoberta que não existem

brinquedos ou atividades que “magicamente” carregam consigo uma ludicidade embutida.

Existe sim atitudes brincalhonas, fundamentalmente porque o lúdico se dá em cima de valores

que são construídos por quem livremente adere às propostas.

O idoso encontra-se numa situação inédita: ele dispõe para si de um tempo inesgotável,

que pode ser desfrutado da maneira que quiser. Nossos velhos, ao contrário, possuem um

grande potencial a ser desenvolvido, seja pela falta de experiência pregressas que não lhe

foram ofertadas, seja pela possível timidez a ser combatida.

Outra questão importante na terceira idade é “resgatar” a ludicidade dessas pessoas.

Nossos velhos perderam a capacidade de criar, transformar as situações em momentos de

prazer, alegria, exatamente por sua construção vida afora; tudo enraizado num processo de

endoculturação, legitimado por uma pressão de ordem social muito grande e intensamente

maior do que o indivíduo.

A sociedade vê o idoso como aquela pessoa quando possível fazendo função decorativa

dentro de alguma casa, cuidando dos netos ou fazendo tricô. Hoje vemos nossos velhos

fazendo coisas imagináveis que antes não podiam fazer.Indo a bailes, participando de

movimentos, casando-se novamente etc...

Este trabalho nos leva repensar nossas próprias vidas, pois percebemos cotidianamente o

quão efêmera é nossa passagem. E no final das contas, ricos ou pobres, sábios ou ignorantes,

todos envelhecemos. Resta-nos a opção de definir como.

Dados do IBGE apontam que 20% dos lares brasileiros são chefiados por idosos. Uma

grande dificuldade que os idosos encontram é relação as calçadas que são muito alta para eles,

toda calçada deve ter no mínimo 1,20 metros de faixa livre. Nenhuma cidade cumpre isso. Os

semáforos são programados para uma travessia de 1,2 metro por segundo. O grande desejo da

maioria dos idosos é preservar a autonomia e qualidade de vida. A qualidade de vida dos

idosos está relacionada com a sua integração na sociedade. Não ficar sentado no sofá o dia

inteiro vale também para melhorar a qualidade de vida dos idosos que têm casa própria e

vivem com a família. Manter a mente ocupada é uma das receitas de longevidade eficiente.

Um outro acontecimento importante que acomete a mulher madura é o climatério, com a

ocorrência de menopausa e o encerramento do ciclo reprodutivo. O início do climatério ocorre

por volta dos 35 anos, momento de involução de alguns hormônios, e a menopausa se dá na

42

ocorrência da última menstruação. Tal acontecimento envolve um processo biológico que

induz a mulher, e também o homem, a uma nova realidade: o início do envelhecimento.

4.1 Envelhecimento e sedentarismo

A inatividade física mostra que um número sempre crescente de idosos estão vivendo

abaixo dos limites da capacidade física bastando qualquer doença intercorrente para se

tornarem dependentes. O estilo de vida sedentário na terceira idade pode induzir a maiores

desgastes no organismo do que o estilo de vida fisicamente ativo.

O treinamento físico pode imediatamente produzir uma profunda melhora das funções

essências para aptidão física do idoso.

A adaptabilidade à atividade física regular colabora para que haja menor destruição da

célula, acarretando a diminuição da fadiga e promovendo um aumento da performance e a

conseqüente economia de perda energética, durante o exercício.

É possível afirmar em relação à denominação do “envelhecimento fisiológico” que, suas

características são de pendentes de fatores relacionados ao histórico da vida da pessoa, que

englobam hábitos adquiridos durante a vida. Tais fatores demonstram que não que não se

observa o mesmo desempenho físico na pessoa ativa e na pessoa sedentária. Faz-se notório

que maus-hábitos adquiridos durante o processo de vida, podem alterar a saúde levando-nos a

confundir muitas das vezes os sintomas com o processo do envelhecimento.

Destaca como objetivo principal da atividade física na terceira idade é o retardamento do

processo inevitável do envelhecimento, através da manutenção de um estado suficientemente

saudável, senão perfeitamente equilibrado, que possibilite a normalização da vida do idoso e

afaste os fatores de riscos comum na terceira idade.

Enfim, à medida que os benefícios da atividade física estão relacionados com uma

alimentação adequada e balanceada, controle do consumo de bebidas alcoólicas, isenção de

hábitos de tabagismo, hora de sono adequada, práticas apropriadas podem vislumbrar um

grande número de idosos saudáveis.

A atividade física para a terceira idade é importante, pois cria um clima descontraído,

desmobiliza as articulações e aumenta o tônus muscular, proporcionado maior disposição para

o dia-a-dia. Observações demonstram que os idosos se mostram angustiado por problemas

que envolvem a saúde. A partir do momento em que esta é atingida, nasce a preocupação de

tornar-se incapacitado, transformando-o num indivíduo desmotivado e sem interesses,

atingindo-o psicofisicamente.

43

É importante considerar que havendo a pratica de atividades físicas respeitando a

individualidade biológica favorece o prolongamento da vida. Tudo na velhice envolve

amizades, visitas a amigos, parentes, passeios, eventos, viagens, excursões, encontros, enfim

atividades que englobem uma forma de relacionar-se com outras pessoas.

Em certas situações, as esperanças e expectativas, de agradáveis se tornam inúteis se o

corpo condutor fracassar. A atividade física direcionada para a terceira idade, é um exemplo

que irá contribuir para o prolongamento do tempo de vida fazendo com que o idoso não

permaneça sedentário, mas sim uma pessoa ativa, em progresso.

O idoso precisa de motivação e faz com que desenvolva a satisfação, a criatividade, o

ânimo, o bem-estar espiritual e a integração do aluno com as inovações. Promover a parte

social é muito importante após uma atividade física, pois sempre todos os alunos demonstram

interesses na importância da atividade funcional, havendo a fase social contribuirá para que os

alunos permaneçam sempre integrados, participantes e motivados em todos os

acontecimentos. Saber motivá-los nos momentos em que o idoso, ou grupo de idosos sugerem

a atividade proporciona alegria, aproximação pessoal.

É importante que o idoso seja visto como uma pessoa adulta, pois as pessoas idosas

gostam de ser levadas a sério, e serem respeitadas como adultos. Quando o idoso se torna

participante de uma atividade física, ele não busca somente a saúde, mas também a

sociabilização. O idoso deve ser chamado sempre pelo seu nome verdadeiro, e não por

apelidos como vovô, vovó, etc. Motivar o idoso é fazê-lo participante e atuante, através das

distrações e alegrias, levando-o a esquecer as preocupações, a sentir-se seguro e importante.

É indubitável, desde a gênese do homem até o seu presente momento histórico, a

preocupação com o envelhecimento está presente no pensamento de teólogos, filósofos,

cientistas, homens e mulheres comuns, enfim, em todos os que vivem e morrem neste planeta,

buscando através de gerações sucessivas, um sentido para a vida e uma explicação para a

morte.

Atualmente, a velhice é um desafio para todos os governos e para todos os seres que

sofrem, no corpo, a passagem inexorável do tempo. Estamos ficando velhos, mas nem os

governos, nem as famílias ainda estão preparados para enfrentar o envelhecimento. Nem

mesmo os velhos estão prontos para enfrentar os desafios da velhice.

Nesse sentido a Educação Física está chamada para a linha de frente desta batalha do

homem contra o tempo e para a sua harmonização biopsicossocial. Veremos a seguir algumas

sugestões de atividades de Dinâmica de Grupo.

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a) Passeando em Grupo:

Objetivo: Estimular a descontração entre os membros do grupo. Diagnosticar o nível de

confiança entre os participantes.

Etapas:

A) O facilitador sugere aos participantes um passeio pela sala, em dupla;

B) Forma-se os 2 subgrupos- o A e o B;

C) Sugere-se aos componentes do subgrupo A a utilização de vendas;

D) Solicita-se também que os guias descrevam o ambiente aos seus pares;

E) Inicia-se a caminhada; o grupo B atuando como guias durante dez minutos;

F) Terminada a caminhada, invertem-se os papéis, os componentes do grupo A passam a

atuar como guias;

G) Exploram-se os sentimentos e emoções vivenciadas.

b) Cumprimentando com o Corpo:

Objetivo: Promover o relaxamento e descontração dos componentes do Grupo.

Etapas:

A) O facilitador solicita que os participantes fiquem deitados e de costas;

B) Solicita-se que fechem os olhos e visualizem o movimento das ondas do mar;

C) Vejam-se flutuando nesse mar;

D) Pede-se que sintam o movimento interno do próprio corpo e que inspirem e expirem;

E) Solicita-se que cada um cumprimente os demais através de alguma parte do corpo.

c) Buscando o meu Lugar:

Objetivo: Propiciar condições para o desenvolvimento da auto e heteropercepção.

Etapas:

A) O facilitador estimula os participantes a caminharem pela sala, observando todos os

objetos e detalhes do ambiente;

B) Solicita-se que cada um escolha:

a) Um local da sala para se sentarem, e

b) Um objeto que mais lhe chamou a atenção.

C) Estimula-se o grupo a refletir individualmente, silenciosamente o porquê dessas

escolhas;

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D) Sugere-se a externalização das reflexões;

E) Pede-se que cada um crie uma história sobre o objeto e local escolhido;

F) Divide-se o grupo em duplas para o relato das histórias criadas.

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CAPÍTULO V

SURGIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE

A origem da psicomotricidade remota a antiguidade, confunde-se com a história da

Educação Física. Surgiu na França no ano de 1950. Segundo Morizot (1982) aborda o que

pode ser considerado o primeiro momento da Psicomotricidade, refere-se à idéia de

Aristóteles (384 a.c), sobre dualismo corpo-alma.

O foco deste tipo de atividades são pessoas que, devido a alguma intercorrência, acabam

se colocando à margem das normas mentais, fisiológicas, neurológicas ou mesmo afetiva.

Segundo Werneck emprega pela primeira vez o termo composto psicomotricidade e,

posteriormente, inúmeros outros pesquisadores realizaram importante estudos, aos quais se

recorre até os momentos atuais. São eles: Gesell, Wallon, Piaget, Ajuriaguerra e Schilder.

Psicomotricidade é uma ciência que tem por objetivo o estudo do homem, através do seu

corpo em movimento nas relações com o seu mundo interno e externo.

Segundo A Juriaguerra, psicomotricidade é “a realização do pensamento através do ato

motor preciso, econômico e harmonioso”. Segundo Vítor da Fonseca “a psicomotricidade é

um meio inesgotável de afinamento perceptivo-motor que põe em jogo a complexidade dos

processos mentais, fundamentos para a polivalência preventiva e terapêutica das dificuldades

da aprendizagem”.

Cabe destacar que todos os estudos já realizados, os educadores e profissionais de

educação Física, dentre outros, tem a possibilidade de ver o indivíduo com algo indivisível,

integrado e inteiro. Wallon dá muita importância a relações afetivas do eu com o mundo

exterior, Piaget estuda de forma lógica a formação e a evolução da inteligência da criança,

Gesell utiliza um método descritivo para apreciar os diferentes estágios da evolução da

criança e sua inserção com o mundo. Podemos ratificar que somos seres em pleno

desenvolvimento e grande parte deste desenvolvimento é de nossa responsabilidade.

5.1 Educação psicomotora

A educação Psicomotora é indispensável nas aprendizagens. Para tal é necessário levar em

consideração que ela acontece desde o nascimento do indivíduo e perdura por todos os

momentos da vida do idoso.

A educação psicomotora é uma atividade pedagógica preventiva que propicia o

desenvolvimento da aprendizagem. A estrutura psíquica de um sujeito abrange, segundo

47

estudiosos com Freud e Lacan, o consciente e o inconsciente. Para Lacan é o imaginário,

gerador dos conflitos das pulsões e da realidade, onde acontecem os processos primários –

prazer e desprazer.

5.2 Real e imaginário

Na educação psicomotora que lida com o real, as características são objetivas, racionais:

dizem respeito a forma, ao peso, a cor.

Já a educação psicomotora que lida com o imaginário, as características são subjetivas,

dependentes da problemática de cada indivíduo.

Na prática psicomotora esses comportamentos podem ser observados, interpretados e

analisados.

O corpo no real é cobrado em nível de organização, postura, esquema corporal e no

inconsciente ele pode ser o EU, ou NÃO-EU, ele tem ou assume uma identidade. O ser único

é integral, com suas vivências no real e no imaginário, percebê-lo apenas por uma ótica, e está

observando apenas parte desse sujeito.

O educador deve esgotar as observações, verificar se há permanência ou não das atitudes

suspeitas, investigar a história acadêmica e familiar desse sujeito (anamnese), promover

encontros de observação com a família, dentre outros. Dessa forma, o educador conhecerá as

etapas de desenvolvimento em que os idosos se encontram.

O indivíduo parte dos exercícios mais fáceis para os mais delicados, repetindo sempre que

se fizer necessário. Existem exercícios de educação psicomotora que são classificados em

etapas de aquisições, segundo a idade ou nível do idoso.

A educação psicomotora tem como objetivo ajudar o idoso a perceber melhor o seu corpo,

dominar seus movimentos para uma melhor expressão corporal, orientar seu corpo no tempo e

no espaço. A variedade de jogos ou exercícios é muito importante, pois fazem com que os

idosos manipulem materiais de todas as espécies e vivam diferentes experiências.

A terapia psicomotora irá aperfeiçoar as possibilidades percepto-motoras e a correção de

suas alterações. O aperfeiçoamento terapêutico irá auxiliar ao indivíduo a ser o que ele é

capaz de ser, considerando sua unidade como pessoa. A intervenção psicomotora situará ao

nível global na tentativa de modificar toda uma “atitude” em relação ao seu corpo

(respeitando as diferenças individuais baseadas no desenvolvimento psicossocial).

A abordagem psicomotora objetiva a tomada de consciência corporal, uma vez que toda

relação corporal implica numa relação psicológica e o movimento não é um processo isolado,

estando em estreita relação com a conduta e a personalidade.

48

A utilização do corpo, com seus movimentos e sua expressividade, através de uma

linguagem pré-verbal, mostram os conflitos e as dificuldades na relação EU-OUTRO-

OBJETO, a serem resolvidas ou minimizadas.

A ação de diagnosticar leva atrasos psicomotores ou características da personalidade,

através do corpo e de seus movimentos. O idoso vive situações afetivas e emocionais, o

terapeuta não tratará do sintoma diretamente, através de jogos regressivos e dos jogos

simbólicos, ele trabalhará o contexto relacional, afetivo-verbal e corporal-verbal, vivenciando

e estabelecido.

Outras técnicas usadas nas atividades terapêuticas são o relaxamento as atividades livres,

lúdicas e ordenadas. Dentro da própria terapia existem ainda linhas diferentes de atuação, no

qual uns trabalham com a transferência e contra – transferência e outros não.

Na reeducação psicomotora a atuação do reeducador privilegia as expressões livres,

harmônicas e econômicas do corpo. Se utiliza do exame psicomotor onde a atitude do

examinador é mais importante do que o método em si. A metodologia se apóia na

sistematização, no nível de idade e nos riscos – reforço do problema. O resultado do exame

dependerá dos sintomas apresentados e da qualidade da relação estabelecida.

Algumas práticas reeducativas são: técnicas específicas, exercícios psicomotores e jogos e

o trabalho direto com o sintoma observado no exame psicomotor e pelas falhas.

5.3 Reeducação diretiva

O reeducador tem uma posição de decidir sobre a estratégia e o método a adotar. Ele

necessita ter grande capacidade de escuta e compreensão do idoso. Segundo Fontaine(1980)

diz “ A reeducação embasa sua eficácia no fato de que remonta ás origens, aos mecanismos de

base que estão na origem de vida mental, controle gestual e do pensamento, controle das

reações tônico-emocionais, equilíbrio, fixação na atenção, justa preensão do tempo e do

espaço”.

5.4 Reeducação não diretiva

O idoso, no caminho terapêutico, é que escolhe o caminho adequado, através de materiais.

Abaixo veremos algumas áreas e funções psicomotoras:

1. Esquema corporal: É uma intuição de conjunto ou um conhecimento imediato que

temos do nosso corpo em posição estática ou em movimento, na relação das suas

diferentes partes entre si e, sobretudo nas relações com o espaço e os objetos que nos

circundam.

49

2. Tônus: É uma tensão dos músculos, pela qual as posições relativas das diversas partes

do corpo são corretamente mantidas e que se opõe as modificações passivas dessas

posições. É uma atividade primitiva e permanente do músculo. O estado tônico é uma

forma de relação com o meio que depende de cada situação e de cada indivíduo. O

tônus pode se encontrar ligado às funções de equilibração e com as regulações mais

complexas do ato motor assegura a repartição harmônica das influências facilitadoras

ou inibidoras do movimento.

3. Dissociação de movimentos: É a capacidade de individualizar os segmentos corporais

que tomam parte na execução de um gesto intencional.

4. Coordenação global: É a colocação em ação simultânea de grupos musculares

diferentes, com vistas a execução de movimentos amplos e voluntários, envolvendo

principalmente o trabalho de membros inferiores e do tronco.

5. Motricidade fina: É o trabalho de forma ordenada dos pequenos músculos. Englobam

principalmente a atividade manual e digital, ocular, labial e lingual.

6. Organização Espacial e Temporal: É a capacidade de orientar-se em espaço físico e de

perceber a relação de proximidade de coisas entre si. Refere-se as relações de perto,

longe, em cima, embaixo, dentro e fora. Temporal: É a capacidade de relacionar ações

de a uma determinada dimensão de tempo, no qual sucessões de acontecimentos e de

intervalo de tempo são fundamentais. A psicomotricidade solicita a associação de

espaço e tempo conjuntamente, no desenvolvimento de ações num determinado espaço

físico e numa seqüência temporal.

7. Ritmo: É a organização específica, característica e temporal de um ato motor.

8. Lateralidade: É a capacidade de se vivenciar as noções de direita e esquerda sobre o

mundo exterior, independente da sua própria situação física.

9. Dominação Lateral: É o predomínio ocular, auditivo e sensório-motor de um dos

membros superiores e inferiores, que deve ocorrer em todas as pessoas, e é

determinada por uma carga inata e por influências de ordem social.

10. Equilíbrio: É a capacidade de manter sobre uma base reduzida de sustentação do

corpo, através de uma combinação adequada de ações musculares e sob influências de

forças externas.

11. Relaxamento: Fenômeno neuromuscular resultante de uma redução de tensão

muscular. Diferencial: Descontração de grupos musculares que não são necessários a

execução determinado do ato motor específico. Segmentar: Designa o relaxamento

alcançado em partes do corpo.

50

5.5 Terapia Psicomotora

A diferença entre o reeducador e o terapeuta está no foco do problema. O terapeuta da

psicomotricidade exerce sua prática numa estrutura em que o contato terapêutico com o

paciente está claro, como em centros médicos psicopedagógicos, em hospitais psiquiátricos ou

estabelecimentos especializados em psicomotricidade.

A prática psicomotora possui atualmente seus próprios fundamentos teóricos: é uma

disciplina educativa, reeducativa e terapêutica totalmente independente. Ramos (apud

Navarro,1978) comenta que “a reeducação psicomotora leva associada a noção de terapia

psicomotora, mas a segunada se estabelece mais em problemas lingüísticos que objetivos”.

51

CAPÍTULO VI

SURGIMENTO DA DINÂMICA DE GRUPO

Apareceu pela primeira vez nos Estados Unidos. Em 1944-1945 Kurt Lewin consagra

oficialmente o termo Dinâmica de Grupo, surgindo assim uma nova ciência de Integração

humana. A dinâmica de grupo, centrada nas variáveis psicológicas e sociológicas, trouxe uma

nova amplitude para o conceito do homem para uma visão psiossociológica . O simples

encontro de pessoas para buscar qualquer objeto grupal é uma dinâmica de grupo. A seguir

alguns objetivos de trabalho com grupos:

Aumentar a coesão do grupo;

Aumentar as transformações no grupo, fazendo-o crescer em igualdade harmônica

de relacionamento interpessoal;

Desinibir a capacidade criadora dos participantes, levando-os a se tornarem

bastante desenvoltos.

A sociologia é criada oficialmente por Augusto Comte no final do século XIX. Segundo a

tória de Lewin contribuiu para reviver o conceito do homem como um complexo campo de

energia, motivado por forças fisiológicas e conduzindo de maneira seletiva e criadora.

Segundo Moreno para se conhecer a dinâmica de um grupo, é importante determinar antes

a sociometria desse grupo. Por volta de 1912, Jacob Levy Moreno, um jovem estudante de

medicina acabava de opor-se a Sigmund Freud começou a combater a psicanálise. Moreno

volta-se para os problemas das relações profundas, verdadeiras, significativas entre os seres

humanos, enfatizando a relação afetiva, viva de compreensão e comunicação completas, nos

dois sentidos, baseada na empatia entre o EU e o OUTRO. Foi Carl Rogers foi quem primeiro

realizou atividades com grupos, através do processo terapêutico denominado “cliente-

centered-therapy”.

Segundo o dicionário de saccconi é “um conjunto de forças sociais, intelectuais e morais

que produzem atividades e mudança numa esfera específica”. Para existir um grupo deve

primeiro definir-se como grupo. O grupo é formado por procedimento específico que define a

inclusão grupal ou social. Para se ter um grupo é importante criar vínculos afetivos entre seus

membros.

Os sentimentos que as pessoas tem uma pela outra são importantes e merecem uma

atenção especial. Os grupos afetivos da família e sociais caracterizam os padrões de afeto. É

52

importante o idoso ser uma pessoa distinta, ter uma identidade constitui-se aspecto essencial

da necessidade de inclusão.

Outro importante fato de uma inclusão dentro de um grupo é o afeto que ocorre somente

em pares e não entre uma pessoa e o grupo, como acontece na inclusão. O grupo enquanto

organismo vivo necessita de fatores motivacionais e interpessoais para manutenção do

equilíbrio e processo de crescimento de cada um.

No desenvolvimento de um grupo, precisam ser considerados os aspectos de

personalidade de seus membros com relação das dimensões de dependência (autoridade) e

interdependência (intimidade), como objetivos do grupo, contexto físico-social. Cada grupo é

regido com o tempo. A seguir algumas dinâmicas de grupo:

Dinâmicas de Apresentação;

Dinâmica de Integração e Conhecimento;

Dinâmicas de sensibilização;

Dinâmicas de Reflexão e Aprofundamento;

Dinâmica de Aquecimento e Recreação;

Dinâmica de Aprendizagem;

Dinâmica de Desafios;

Dinâmica de Avaliação

Estórias & Fábulas

Dinâmica de Relaxamento.

As mudanças de um grupo podem abranger diferentes níveis:

O cognitivo (informações, conhecimentos);

O emocional (emoções, sentimentos e gostos);

O atitudinal (percepções, conhecimentos, emoções e predisposição para a ação

integrada);

O comportamental (atuação e competência).

O idoso dentro de uma dinâmica de grupo precisa de toque e afeto. Abraçar é... Segurar,

envolver alguém com os braços, especialmente de modo afetuoso, manter próximo. É uma

forma de carinho, de apoio e compreensão.

53

Os profissionais tentaram codificar processos e descobrir princípios gerais para lidar com

grupos e escreveram alguns dos primeiros e mais significantes trabalhos sobre o assunto.

Segundo Kurt Lewin usou a expressão Dinâmica e começou a pesquisar grupos, seu objetivo

era ensinar às pessoas comportamentos novos, através de dinâmica de grupo, há uma

substituição do método tradicional, no qual havia uma transmissão sistemática de

conhecimentos pela dinâmica de grupo.

Na dinâmica de grupo o comportamento e as atitudes individuais serão mudados num

trabalho de grupo, isto porque, os participantes se sentirão profundamente sensibilizados pelo

que lhes será apresentado, por sentirem e observarem processos que eles aprenderão a

conceituar.

No campo da pesquisa obterão conhecimento a respeito da natureza dos grupos, das leis

de seu desenvolvimento e de suas inter-relações com os indivíduos, outros grupos e

instituições mais amplas, e sobre as forças psicológicas e sociais a eles associadas ao ramo do

conhecimento ou uma especialização intelectual.

A psicologia se interessa pelo comportamento humano e pelas relações sócias e

desempenho de papéis, jogos, discussões, observações e feedback de processos coletivos

muito usados em programas de educação, treinamento, sensibilização, a fim de desenvolver

habilidades em relações humanas e facilitar o aprendizado.

É relevante destacar que atualmente existem diverso tipos de dinâmica de grupo, porém

esta tese se reterá em dez tipos de dinâmica existente e suas características mais marcantes.

São elas:

• A dinâmica de Apresentação são apropriadas com fins de desinibir os participantes

visando facilitar o entrosamento. Devem ser utilizadas prioritariamente no início da

atividade.

• A dinâmica de Integração e Conhecimento são voltadas para grupos que já iniciaram as

atividades, a fim de aprofundar o entrosamento do grupo. Esse tipo de dinâmica contribui

para a diminuição das tensões e facilitam na mudança de uma determinada atividade à

outra.

• A dinâmica de Sensibilização são utilizadas quando o que se está querendo priorizar são

momentos para reflexão, visando a atenção de todos para um mesmo enfoque.

• A dinâmica de Reflexão e Aprofundamento são utilizadas com finalidade de expressar

ou refletir sobre um determinado tema ou problema relacionado com o encontro.

• A dinâmica de Aquecimento e Recreação tem por objetivo animar e aquecer os

participantes do grupo.

54

• A dinâmica de Aprendizagem visa estimular o raciocínio e exercitar a percepção.

• A dinâmica de Desafios tem por fim aguçar a imaginação, a criatividade, testar os limites

e estimular a quebra de possíveis barreiras.

• A dinâmica de Avaliação buscam aferir o processo e o resultado do grupo. Podem ser

realizadas durante a realização do grupo ou ao seu término.

• Nas Estórias & Fábulas o objetivo principal é o de enriquecer algum tema que está sendo

abordado seja na abertura ou no encerramento de eventos como, reuniões, palestras,

cursos e congressos.

• A dinâmica de Relaxamento tem por fim relaxar e descontrair o grupo. Podem ser

utilizadas todas as vezes que o dinamizador perceber que o grupo está cansado, disperso,

mesmo que está constatação ocorra em meio a uma discussão ou plenária.

Diante disso, é possível afirmar que dinâmica de grupo atua como desinibidor da

capacidade criativa dos participantes, levando-os se tornarem mais desenvolvidos,

aumentando a coesão e transformando o pontecial do grupo, fazendo com que haja um

crescimento harmônico do relacionamento inter-pessoal.

Cabe ressaltar ainda que, dentro de um grupo sempre haverá um líder chamado facilitador,

no qual a partir da escolha do grupo, terá que compreender os problemas, as atitudes e

principalmente ouvir atentamente se preciso cada integrante, isto é, saber entender as

necessidades e obrigatoriedades do grupo e tentar apaziguar os momentos de tensões, caso

haja atitudes agressivas e ou xingamentos, da melhor maneira possível sem deixar que o stress

afete ao grupo inteiro.

6.1 Tarefas desenvolvimentistas para o desenvolvimento sem

obstáculos

A teoria de Havighurst tem implicações para todas as faixas etárias. Sua teoria é de

particular importância para educadores porque descreve momentos favoráveis ao ensino, nos

quais o corpo e a mente da pessoa estão prontos para realizar certa tarefa.

Segundo Havighurst sugeriu seis períodos de desenvolvimento:

• Período neonatal e Primeira infância (nascimento até os 5 anos),

• Média infância (dos 6 aos 12 anos);

• Adolescência (dos 13 aos 18 anos);

• Início da Idade Média (dos 30 aos 60 anos);

• Maturidade Posterior (mais de 60 anos)

55

Na maturidade posterior ajusta-se ao declínio da força e da saúde, à aposentadoria e á

redução de renda, a morte do cônjuge, estabelecer relações com seu próprio grupo etário,

satisfazer obrigações cívicas e sociais e estabelecer condições satisfatória.

O processo de desenvolvimento é comumente considerado como hierárquico, isto é, o

indivíduo passa do geral ao específico e do simples ao complexo na obtenção do domínio e de

controle sobre o seu meio ambiente. A teoria de fase de estágio de Erik Erikson, a tória de

marco desenvolvimentista de Jean Piaget é a teoria de tarefa desenvolvimentista de Robert

Havighurst tornam explícito que o organismo humano em todos os aspectos de seu

desenvolvimento está sempre em movimento de formas de existência comparativamente

simples para níveis de desenvolvimento mais complexos e mais sofisticados.

Os primeiros cinco estágios da teoria de Erikson dizem respeito ao período da pré-infância

até a adolescência. Os últimos três estágios enfocam as fases do início, metade e final da

idade adulta.

A teoria de Levinson incorpora quatro “eras” ou estações da vida de um indivíduo.

Estruturas de tempo sobrepostas entre as eras são denominadas “períodos de transição”. As

quatros eras desenvolvimentistas são a infância e adolescência (do nascimento até aos 22 anos

de idade), início da idade adulta (de 17 aos 45 anos de idade), meia- idade (de 40 aos 60 anos

de idade), e velhice (60 anos e acima disso).

No período inicial de transição adulta, o relacionamento entre membros da família e

amigos altera-se quanto ao desejo de a pessoa obter maior individualismo e à sua necessidade

de encontrar uma posição no mundo adulto. Ao entrar na idade adulta, o indivíduo começa a

estabelecer e a criar sua família, a escolher uma ocupação relacionada aos seus potenciais e a

perseguir ambições que tenham sido cultivadas ao longo dos anos. Ao atingir a transição da

meia-idade, os adultos começam a enfrentar algumas questões difíceis do passado, do

presente e do futuro. Preocupações sobre o lento progresso em direção ao alcance dos

objetivos originais podem surgir e dúvidas sobre as oportunidades futuras podem

desenvolver-se. Sinais físicos de envelhecimento começam a aparecer. Desenvolvem-se

alterações na visão e os níveis de aptidão física declinam e começam a limitar a quantidade de

atividade na qual os indivíduos estejam envolvidos. Na transição da meia-idade, Levinson

observa que os adultos redefiniram seus objetivos baseados em situações anuais ou começam

a experimentar a estagnação.

56

6.2 Desenvolvimento psicossocial em adultos

Vários aspectos da área motora influenciam o estado psicológico e as características

sociais de um adulto:

• Declínio progressivo no desempenho motor;

• Decréscimo na força muscular;

• Inabilidade em desempenhar tarefas caseiras representam condições da área motora que

podem influenciar negativamente as perspectiva psicológicas e interações sociais do

adulto.

Em numerosas situações, a área motora interage com a área psicossocial. Quando o

indivíduo eleva a sua auto-estima e sua imagem corporal ou quando adultos reúnem-se, muito

cedo, para caminhadas no estacionamento de um shopping center, vemos as influências

positivas do desempenho motor no comportamento psicossocial.

Quando indivíduos com funções motoras danificadas têm de ser admitidos em instituições

de cuidados para idosos e ficam deprimidos ou inseguros, vemos as influências negativas. O

desenvolvimento a manutenção e a perda de relacionamentos, o conceito da aposentadoria e o

envelhecimento são experiências de socialização freqüentemente enfrentadas pelos adultos à

medida que envelhecem.

Cientistas sociais concentraram-se em duas abordagens: a teoria da atividade e a teoria da

independência, para ajudar a descrever o processo ideal de envelhecimento e as relações com

outras pessoas (Dacey e Travers, 1991).

Outro aspecto a ser comentado é a aposentadoria que algumas pessoas saboreiam, outras

toleram e, ainda outras ressentem-se dele. Assim que chega a aposentadoria é denominado a

fase da lua-de-mel. Nesse período o aposentado obtém grande sentimento de gratificação pelo

seu tempo livre adquirido. Recém-aposentados podem inclinar-se a compensar

excessivamente as oportunidades que não puderam aproveitar anteriormente em suas vidas.

O pico eufórico experimentado na fase de lua-de-mel é seguido por um período de

desânimo chamado fase de desencantamento. O aposentado pode achar necessário depender

de outras pessoas, por causa do declínio da saúde, habilidades físicas, ou finanças. Neste

último caso, pode ser necessário retornar ao trabalho, que determina o término do período da

aposentadoria.

Outro fenômeno social que os adultos enfrentam à medida que avançam em anos é a

noção preconceituosa de envelhecimento, que envolve estereótipos (negativos ou positivos),

ou discriminação contra adultos mais velhos com base em preconceitos (Rybeah e

colaboradores, 1991).

57

A noção preconceituosa do envelhecimento representa, em seu melhor aspecto, a um nível

de ignorância sobre o valor individual de cada pessoa de idade avançada, em seu pior aspecto,

um instrumento destrutivo que pode prejudicar as oportunidades e até as vidas de adultos mais

velhos. Tem sido proposto que o conceito de envelhecimento bem sucedido requer os

componentes de sobrevivência (longevidade), saúde (ausência de incapacidade), e satisfação

com a vida (felicidade) (Palmore,1979).

Os indicadores significativos de envelhecimento bem sucedido, tanto para homens quanto

para mulheres, incluíam as características da área motora de funcionamento físico e o número

de atividades físicas. Tanto Erik Erikson quanto Daniel Levinson projetaram estruturas

teóricas para a conceituação de desenvolvimento adulto psicossocial.

Fatores como um sentimento de bem-estar, imagem corporal, posição de controle e

depressão podem ser influenciados pelo envolvimento de um adulto em atividade física. A

manutenção de um estilo de vida fisicamente ativo pode também provar ser benéfica no

alcance de um sentimento de integridade nos últimos estágios do desenvolvimento

psicossocial.

O estado de saúde, os níveis de atividade física são também reconhecidos como

indicadores de longevidade e envelhecimento bem sucedido. O conflito psicossocial básico da

velhice é a integridade do ego (estrutura da personalidade) e o desespero. É importante que

não só o idoso, como também a sociedade, passem a ver a terceira idade não como doença,

mas como um período em que diminuem somente as suas potencialidades.

A reeducação corporal é fator fundamental para o bem-estar desse idoso, a fim de que o

indivíduo envelheça de maneira que suas articulações estejam suficientemente bem

trabalhadas, sua mente bem equilibrada, sua sensibilidade bem aflorada, para que este possa

aproveitar esse momento de vida tão especial, em que o ser humano deveria ser sempre

premiado com o lazer e sabedoria, já que trabalhou sua vida inteira para conquista de um

espaço melhor no final de sua vida.

A morte é o fecho de um ciclo que começa com a separação do indivíduo do mundo intra-

uterino pelo nascimento e que termina com o retorno simbólico a um estado de paz e silêncio.

Analisando a situação social do idoso no Brasil, percebe-se a escassez de assistência e

respeito ao indivíduo da terceira idade que, ao contrário de senil, deveria ser considerado

sábio, tanto por parte do governo como das próprias famílias. Atualmente de forma geral, a

sociedade brasileira marginaliza as duas extremidades da vida: a infância e a velhice.

Em nossa visão profissional, ousamos em falar que na psicomotricidade e na educação

física atuais, é necessário termos em foco sempre os conceitos relacionais, saindo de

58

reducionismo da lógica formal para um enfoque holístico, mais sistêmico, em que os corpos

são vistos em interação com o meio, com o espaço, com os objetos e consigo mesmo.

Conforme Capra “precisamos, pois de um novo paradigma”, uma nova visão da realidade,

uma mudança fundamental em nossos pensamentos, percepções e valores. Segundo

Aucouturier & Lapierre (1986) que na prática psicomotora passamos por diferentes etapas da

comunicação, mas o essencial nesses modos de comunicação é a carga afetiva que se encontra

em baixo deles.

Na abordagem psicomotora que acreditamos, aplicamos e vivenciamos, damos a

importância significativa para a linguagem não-verbal. Vayer & Toulouse (1985) colocam

que “as comunicações não-verbais, linguagem do corpo e da ação, são as únicas que permitem

verdadeiramente restabelecer o diálogo com idosos quando eles se encontram em dificuldades

consigo mesmos”.

Segundo Wallon (1995) á afetividade é um valor funcional. Para ele, a afetividade “é o

resultado de sensações agradáveis e desagradáveis de sentimento de amor e ódio, que

determinam a conduta postural e dão ao corpo sua expressão”.

A afetividade é o elemento primordial da relação do indivíduo com o educador,

reeducador ou terapeuta, relação na qual esse indivíduo deve descobrir o valor de seu corpo,

suas possibilidades e limites dentro de um clima emocional favorável.

Outro fator contrário que encontramos é a agressividade na qual Ajuriaguerra (1980)

comenta que a agressividade faz parte do componente afetivo do homem. É nossa afirmação

no desejo de existir, nossa pulsão de vida. Toda vida é necessária agressiva na medida em que

se opõe a outras vidas, junto ás quais deve disputar seu espaço e seus meios de existência.

Os obstáculos surgem a cada momento e pela sua experiência vivida o idoso aprende a

superá-los ou suportá-los. O papel da psicomotricidade é dar condições que no futuro o idoso,

exerça livremente seu poder de agir sobre o meio, conservando a autonomia própria e

respeitando a do outro.

A corporeidade exerce papel importante no idoso que é a vivência do corpo, na relação

com o outro e com o mundo, condição básica para a qualidade de vida do indivíduo. Na

prática da psicomotricidade relacional é chamada de unidade corporal(Franch,1990). Santini

(1992) afirma: “A corporeidade humana deve ir mais além, precisa considerar a sensibilidade

afetiva, as emoções, os sentimentos, os impulsos sensíveis, o senso estético etc.

Num trabalho psicomotor no meio líquido com idosos, a proposta a ser apresentada deve

evoluir com a demanda do grupo. Segundo Berger(1988): “Nada está separado do nada, e o

59

que não compreenderes em teu corpo não compreenderás em nenhuma outra parte”. Vamos

respeitar os idosos como eles são, porque um dia seremos mais um.

6.3 A dinâmica das imagens

A consciência, segundo Damásio, pode ser entendida como uma entidade privada, um

fenômeno da primeira pessoa -“eu”- . Ela surge como um sentimento, um tipo especial de

sentimento. Isso quer dizer que a consciência não é um padrão visual, auditivo ou tato, nem

mesmo um padrão gustativo ou olfato.

A consciência não vê, não ouve ou cheira. Ela parece ser formada por algum tipo de

padrão de vários sinais não verbais dos estados do corpo. A partir da ação do corpo,

desencadeada pelas próprias imagens mentais, o ser humano transpõe sua solidão individual,

escolhendo a direção a ser seguida para tecer, justamente com o outro, os conceitos que tem

do mundo.

Desse modo, cada indivíduo preenche os seus vazios com novos conhecimentos

partilhados. Os velhos, por exemplo, podem optar por desistir definitivamente de fazer algo

porque não conseguem realizar tal atividade sozinhos ou aceitar a ajuda do outro que, algumas

vezes, se coloca disponível para auxiliá-los.

Quando a aparência física denúncia aos outros aspectos referentes à velhice, como cabelos

brancos, rugas, atitudes corporais, associada aos conhecidos atributos negativos, o velho sente

a força do conflito. Há um descompasso entre sua imagem do corpo - aquilo que acredita ser

ele mesmo - e o seu corpo físico - aquele que os outros vêem como sendo um corpo velho.

Por outro lado, a velhice também pode desvelar um outro pólo, dependente da perspectiva

do sujeito. Um pólo no qual pode mostrar que o envelhecimento é um processo, que fornece a

oportunidade de experimentar; de descobrir que a aparência física é apenas parte de um

aspecto, mas não a totalidade do ser; de descobrir que ser velho não é ser menos, e sim uma

outra forma de ser que completa a existência humana; de descobrir que mesmo que o sujeito

não venha a existir mais algum dia, poderá deixar marcas na história de outros que o sucede.

Em suma, para que seja possível o restabelecimento da autonomia corporal, é necessário

que haja uma redescoberta do corpo, conseguida através da reeducação dos sentidos que surge

a partir de novas experimentações. Somente quando o corpo é convidado ao agir é que poderá

haver mudanças de sua representação.

O movimento é essencial à unificação dos diferentes segmentos do corpo através dele nos

relacionamos com o mundo externo, o que nos torna capazes de sintetizar as diversas

sensações relativas ao nosso corpo. A motivação é a principal chave para o movimento

60

expressivo do corpo, realimentando a possibilidade de novas descobertas que dêem um

sentido pleno à vida.

O velho precisa manter o seu senso de pertinência para ter a certeza de estar sempre

conectado com o mundo. O desejo de morte entre alguns velhos está associado também aos

sentimentos de desesperança, desespero, e ao fato de acharem que são um peso para a família,

culpando a velhice e, principalmente, o corpo que não responde as suas necessidades. A morte

somente destrói o corpo físico, mas a imagem corporal permanece.

A imagem corporal introjetada mantém-se viva através de uma representação eterna.

Portanto, as imagens de outros corpos estarão registradas para sempre em nossa imagem

corporal. Assim sendo, mantemos a nossa história viva mesmo depois de sairmos de cena do

palco do mundo. É esse entendimento que dá a imagem corporal um ar de eternidade, que

transcende próprio espaço e tempo conhecidos por nós.

61

CONCLUSÃO

A atividade física praticada com regularidade proporciona aos idosos benefícios em suas

vidas. Outro aspecto importante é a constatação dos valores que estão sendo passados á

juventude. Eles crescem num mundo onde a competitividade evolui constantemente no qual é

necessário vencer a qualquer custo, e onde os que são mais produtivos são extirpados do

convívio social. Esquecem-se, entretanto que os idosos são fonte de sabedoria acumulada

durante suas vidas, além de serem pacientes, ternos e amorosos. Necessitam, porém de

atenção e carinho, pois sentem abandonados e improdutivos.

As famílias devem incentivar e apoiar a iniciativa dos mesmos em praticar algumas

atividades que praticada com regularidade proporciona aos idosos benefícios em suas vidas,

além de serem pacientes, ternos e amorosos necessitam, porém de atenção e carinho, pois se

sentem abandonados e improdutivos. Os proveitos da atividade manifesta redução do cansaço

e aumento da disposição para o trabalho tornam os indivíduos felizes. O idoso não deve ser

usado pela família para tomar conta de crianças por causa da falta de planejamentos dos pais.

É preciso dar aos mais velhos o direito de viverem etapas em suas vidas com liberdade.

Nessa idade a responsabilidade de criar os netos é um peso excessivo que acabam assumindo

por amor aos filhos e netos, mas com um desgaste acentuado pra eles. Expressões como

alegrias, tristezas, anseios e realizações são expostos e compartilhados pelo grupo e desta

forma se estabelece uma relação fraterna de grande valor para os mesmos nesta etapa da vida.

Cuidados com os idosos desenvolvem uma saúde melhor, eles sentem-se mais felizes e

dispostos para a vida, sua auto-estima aumenta, estabelece uma relação familiar e social mais

ampla e também mais profunda, tendo com isto uma melhor qualidade de vida. Com o

compromisso de atendimento aos anseios da população, as mudanças necessárias para uma

melhoria da qualidade de vida, que não é uma tarefa fácil.

A verdadeira educação física é de educar para a prática de atividades físicas regulares e

observância dos hábitos de higiene e alimentares durante toda a vida; o que gerará indivíduos

equilibrados e saudáveis para o convívio familiar e social. Com saúde e felizes, podem

desempenhar suas funções sociais como trabalhadores produtivos e cidadãos comprometidos

com o desenvolvimento da humanidade.

62

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