psicomotricidade na terceira idade atravÉs da dinÂmica de ... cesar alves carrilho...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PSICOMOTRICIDADE NA TERCEIRA IDADE ATRAVÉS DA
DINÂMICA DE GRUPO
Por: Marcos Cesar Alves carrilho Teixeira
Orientador
Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho
Prof. Ms. Dina Lúcia Chaves Rocha(Co-Orientadora)
Rio de Janeiro
2007
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PSICOMOTRICIDADE NA TERCEIRA IDADE ATRAVÉS DA
DINÂMICA DE GRUPO
Objetivo Geral: Refletir sobre o papel da
Psicomotricidade na terceira idade utilizando a
dinâmica de grupo.
3
Agradecimento
A Deus pelo dom da vida
A minha família
Aos meus colegas de turma, em especial:
Profª Dina Lúcia, Roberta M. D. Flach, Elton
Flach, Amanda, Vanessa, Rosângela pela
colaboração e amizade durante todo o curso.
5
Dedicatória
Dedico aos meus pais Mário Cesar Pinheiro
Teixeira e Norma Alves Carrilho Teixeira, a
Sônia Maria, a meu irmão Luís Claudio Carrilho
Teixeira (in memória) e a meu sobrinho
Matheus Luís e meus avós por terem
incentivado e compartilhado pela conclusão
deste trabalho.
6
Resumo
Com o aumento do número de idosos de acordo com as projeções demográficas no ano de 2030 o Brasil será a sexta população mundial em idosos. Este trabalho vem mostrar tanto a psicomotricidade como a dinâmica caminham lado a lado, ajudando o idoso a construir a sua auto-estima e mostrando transformações em seu corpo desde o nascimento á sua morte, dinamizando compartilhamento com grupos de pessoas perante a socialização. Trabalhos têm sido desenvolvido por profissionais da área de atividades físicas, medicina, fisioterapia, psicologia e outros. Há publicações específicas, discussões em congressos e seminários. Em sua função social a educação física deve procurar formar os profissionais como cidadãos conscientes da realidade da sociedade em que vive e da importância da participação dos mesmos nos programas de pesquisa e extensão. Não tem valor o conhecimento adquirido se não for aplicado. Em programas sociais, em pesquisas da área da saúde, medicamentos tem sido descobertos e novos conhecimentos sobre doenças, que tem aumentado a perspectiva de vida nestes trabalhos. Concluiu que alterações impostas pela rotina da vida moderna provocam desequilíbrio do organismo ao longo dos anos, fazendo com que o avanço da vida apresente sinais de debilidade com propensão a várias doenças. O desligamento do trabalho e a natural separação dos entes familiares, levam-nos a uma vida solitária com o aumento da tristeza e perda da auto-estima. O hábito da prática da atividade física regular, permite uma vida melhor e mais saudável e o papel do profissional é muito importante contribuindo para a sua integração social e o aumento da sua auto-estima.
7
Metodologia
Este trabalho foi realizado através de referência bibliográfica com base em livros e
revistas falando sobre a Terceira Idade. Dentre os autores citados merecem destaque
Monteiro, Pedro Paulo. Envelhecer. Ed. Autêntica, 2003; Castilho, Áurea. Dinâmica do
trabalho de grupo. Qualimark, 1998; Jornal o Globo. O que fazer com os nossos velhos. Ano
1, nº 26, jan 2005, falando das alterações corporais no envelhecimento, como trabalhar em
grupo e por fim o aumento do número de idosos que vem crescendo assustadoramente daqui
a alguns anos com base nos dados do IBGE.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I: SOBRE O ENVELHECIMENTO 12
1.1 Processo de envelhecimento 14
1.2 Sentir e a interação social 15
1.3 Emoção e expressão 16
1.4 Identidade: semelhança e diferença 17
1.5 General – idade e singular – idade 18
1.6 Dinâmica da vida 19
CAPÍTULO II: CORPO, SAÚDE E DOENÇA NO ENVELHECIMENTO 21
2.1 Corpo e crença 22
CAPÍTULO III: ALERAÇÕES CORPORAIS NO ENVELHECIMENTO 27
3.1 Dependência afetiva 34
CAPÍTULO IV: QUE FAZER COM NOSSOS VELHOS? 40
4.1 Envelhecimento e sedentarismo 42
CAPÍTULO V: SURGIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE 46
5.1 Educação psicomotora 46
5.2 Real e imaginário 47
5.3 Reeducação diretiva 48
5.4 Reeducação não diretiva 48
5.5 Terapia psicomotora 50
CAPÍTULO VI: SURGIMENTO DA DINÂMICA DE GRUPO 51
6.1 Tarefas desenvolvimentistas para o desenvolvimento sem obstáculos 54
6.2 Desenvolvimento psicossocial em adultos 56
6.3 A dinâmica das imagens 59
CONCLUSÃO 61
BIBLIOGRAFIA 62
9
Introdução
O processo de envelhecimento provoca mudanças na morfologia e funcionamento dos
sistemas do organismo. Nas mulheres a menopausa provoca disfunções específicas do sexo e,
todas estas mudanças fazem com que, ao chegar a uma idade avançada muitas pessoas se
encontrem com problemas de saúde e incapacitadas para desempenhar uma série de tarefas
que foram rotineiras, junto aos familiares e à sociedade.
Tal situação leva os idosos a se tornarem tristes e se afastarem das outras pessoas,
alterando seu estado emocional e trazendo como conseqüência uma piora em sua qualidade de
vida, já comprometida. A marginalização da vida desta classe tem despertado a atenção de
todos os seguimentos da sociedade, preocupada com a discriminação e o abandono pelas
quais têm passado.
Com o aumento na expectativa de vida e do número de idosos, o homem reconhece que a
melhoria das condições na vida dos idosos trará benefícios a todos. Permitirá que os mesmos
prestem serviços á comunidade, poderá colher os frutos de seus ensinamentos e o mais
importante permitirá que eles tenham uma vida digna.
A psicomotricidade vem nos ajudar nos processos mentais fisiológicas, neurológicas ou
mesmo afetivas e tem objetivo, o estudo do homem através do seu corpo em movimento, nas
relações do seu mundo interno e externo. A dinâmica de grupo provoca no idoso
comportamentos novos nas suas inter-relações com os indivíduos, grupos novos se interessam
pelo comportamento humano e pelas relações sociais. É importante que o professor possa
atuar como um orientador para a melhoria da saúde, mas também como fator de integração
social e aumento de sua auto-estima.
Trabalhos têm sido desenvolvidos por profissionais da área de atividade física, medicina,
fisioterapia, psicologia e outros.Há publicações específicas, discussões em congressos e
seminários.Em sua função social a educação física deve procurar formar os profissionais
como cidadãos conscientes da realidade da sociedade em que vive e da importância da
participação dos mesmos nos programas de pesquisa e extensão. Medicamentos têm sido
descobertos e novos conhecimentos sobre doenças, que têm aumentado a perspectiva da vida.
Além disso, é necessária a compreensão que a prática, embora não pode estar dissociada de
outros aspectos da vida.Uma alimentação adequada e de qualidade e bons hábitos de vida e
higiene, abstinência de fumo, álcool e outros vícios, além de uma vida sem stress excessivo,
procedimentos importantes para um desenvolvimento mais harmonioso e saudável. A
população mundial tem aumentado e a longevidade também. É louvável a iniciativa de
10
dedicar aos idosos a atenção e respeito que eles merecem, porém mais importante é a
participação no desenvolvimento social desde a mais tenra idade. A engenharia participa
revendo padrões estabelecidos para os idosos, tais como: altura de cama, de degraus,
corrimões, apoio em interiores de banheiros, de forma que os idosos tenham mais
desenvolvimento e segurança. Diversas áreas têm contribuído com trabalhos importantes, mas
é necessário que estes tenham continuidade, pois esta classe de idosos é que apresenta maior
índice de crescimento níveis nas próximas duas décadas.Um estudo sobre modificações nas
diferentes estruturas do organismo humano como conseqüência do envelhecimento, bem
como as alterações em seu funcionamento, permitirão que se observe como indivíduos nesta
faixa de idade precisa de um trabalho específico pra eles.O conhecimento destes processos é
importante para que o professor possa atuar como um orientador capaz de usar as atividades
físicas não só como fim para a melhoria da saúde, mas também pela socialização que o
mesmo proporciona. Os indivíduos desta faixa de idade soam por natureza alegres e
descontraídos, cabe o profissional exteriorizar a sua alegria com amor ao trabalho e aos
idosos, de forma que os mesmos se sintam confiantes para o cumprimento das tarefas. Os
idosos são sensíveis e embora nem sempre demonstrem, não gostam de certas atitudes, como
ser chamado de apelidos ou terem associada a sua pessoa a um fato ou alguém por causa de
suas características físicas ou morais.
Os idosos gostam de um tratamento simples e respeitoso sem formalidades fúteis, com
expressões de elogios reconhecimentos sinceros do potencial que cada um apresenta. A
atividade física é parte de uma série de variáveis do indivíduo. Traz plenos benefícios,
associada a mudanças em outras rotinas de vida.
Segundo Sobral, o homem é originariamente um ser social. Desde o seu nascimento entra
em funcionamento uma complexa estrutura que através de vários processos de socialização,
adquire condutas rígidas conforme as normas e valores da sociedade.
O homem reduz sua participação social à medida que avança na idade, levando ao
afastamento do convívio com seus semelhantes. A necessidade desta participação social é
benéfica não só ao idoso, mas também ao conjunto da sociedade. (Salgado op cit). É
importante a prática de atividades físicas para o idoso, uma vez que eleva a auto-estima e a
socialização perante a sociedade.
Veremos nesse trabalho que no capítulo I “O Envelhecimento e Seus Processos”, no
capítulo II “Corpo, Saúde e Doença no Envelhecimento”, no capítulo III sobre as “Alterações
Corporais no Envelhecimento”, no capítulo IV, saberemos mais sobre “O Que Fazer Com
11
Nossos Velhos?” e por fim, nos capítulos V e VI sobre o “Surgimento da Psicomotricidade e
da Dinâmica de Grupo”.
12
CAPÍTULO I
SOBRE O ENVELHECIMENTO
O destino dos seres humanos é o envelhecimento. Este processo considerado biológico
em alguns reinos, no homem torna-se uma dimensão particular pelas implicações psicológicas
e sociais que o mesmo traz consigo. A informação histórica sobre a vida dos idosos, desde as
eras mais remotas, retrata muitas dúvidas sobre a longevidade do homem. As formas de
contagem do tempo fazem parte desta discussão.
MACHADO(1999) apresenta que “as expectativas de vida no Brasil, segundo boletim
informativo GTI (Gabinete de Trabalho Interativo, 1996) vem aumentando, em 1900 a
expectativa de vida era de 33,7 anos, em 1950 passou a ser de 44,3 anos, aumentando em
1980 para 63,25 anos. Projetava-se para 2000 a idade de 68,6 anos e projeta-se para 2025, que
a média de idade seja de 73,5 anos. (Machado apud Souza, 1999)
Além desta expectativa de vida ser maior, outro fato importante é que o número de
pessoas idosas tende a aumentar em relação aos não idosos, em função da diminuição de
pessoas nascidas. O controle de natalidade tem sido utilizado a partir de estímulos de
governos ou de opção pessoal dos pais, tendo em vista a dificuldade para a criação dos filhos.
Projeções do IBGE para 2030 apontam que o Brasil poderá ser a sexta população
mundial em números de idosos. PAPALEO (1999) reforça que estudos sobre as projeções
demográficas demonstram que no Brasil, entre 1950 e 2025 a população total crescerá 5
vezes, enquanto a população com idade superior a 60 anos aumentará 15 vezes, passando para
um contingente de 31,8 milhões de pessoas. (Papaleo apud Souza, 1999)
Com o passar dos anos envelhecemos, somos tomados pelo tempo, processo contínuo
de transformação do humano como ser único em seu tempo vivido. É através do tempo que
nutre o fruto da experiência de toda uma vida usufruindo nossas escolhas para que possamos
contribuir na orientação dos mais novos, criando dessa forma comunidades sustentáveis
somente através do envelhecimento, conseguimos compreender o quanto a vida nos
possibilita perplexidade e ansiedade, como também fascinação e deslumbramento frente ao
desconhecido, ao estranho, à incerteza. Acontece a todo o momento um equívoco assim
pensar, se pudesse fazer tudo de novo, agora faria de maneira correta. Sempre temos chances
e opções de escolha do caminho pelo qual devemos trilhar. É neste sentido que o
envelhecimento é uma oportunidade que possuímos para mudar. Estamos envelhecendo a
todo o momento de nossas vidas. Da concepção à morte, nunca deixamos de envelhecer é
sinônimo de viver. A sociedade, com sua cultura de exclusão contribui com o isolamento e
13
reduz a capacidade em adquirir sensações novas e variadas, propiciando a acomodação dos
sentidos, deixando esses indivíduos entregues á privação sensorial e á fome afetiva.
Infelizmente a velhice é vista como algo triste, são tratados pela sociedade como
parias, sendo considerados como espécie estranha que não possui necessidades e sentimentos
que as pessoas mais jovens. A eles, muitas vezes só é dado o básico par a sua sobrevivência,
não mais que isso, ou seja, uma alimentação sem sabor, roupas antigas porque o corpo não
oferece nenhum tipo de sedução, um lugar para o seu descanso com espaço reduzido porque
não há mais necessidade de expandir seus desejos, mesmo porque o desejo é exclusivamente
dos jovens.
Assim o isolamento protetor imposto aos velhos é uma conduta cruel que diminui suas
oportunidades de aprender, com conseqüências marcantes em seu processo de viver. Com
isso, a sociedade, com sua cultura de exclusão e afastamento, minimiza suas chances de
relacionamento com seu ambiente e com outras pessoas, a fim de adquirirem o conhecimento
tão essencial á sua sobrevivência.
A ciência não conhece hoje uma “fonte de juventude eterna”, mas o homem busca
continuamente a melhoria de suas condições de vida. Entre grandes filósofos do passado,
posição ambígua e controvertida era dada à velhice. Enquanto Sócrates, embora tendo um
espírito jovem, temia chegar à velhice para que não tivesse que conviver com as mudanças
que esta pudesse lhe trazer...”Ser cego, com dificuldade de aprender e falta de memória...”
Platão fez grandes elogios à velhice que segundo ele, conduz uma melhor harmonia, e em seu
livro “A República” decide que “os mais idosos devem mandar e os mais jovens
obedecer”.(LORDA,1995) e (MEIRELLES,1999) associava a velhice a sabedoria. “O velho,
embora não tenha mais a vigor físico tem a experiência e o dom da palavra”. Aristóteles por
sua vez tinha um pensamento muito negativo a respeito da velhice, enquanto elogiava a
juventude. Em sua obra “A retórica” ele diz:
“Porque viveram inúmeros anos, porque muitas vezes foram enganados, porque cometeram erros, porque as coisas humanas são, quase sempre más,os velhos não têm segurança em nada, e seu desempenho em tudo está manifestamente aquém do que seria necessário. Eles são reticentes, hesitantes e temerosos, por outro lado têm mau gênio, pois no fundo ter mau gênio é supor que tudo está pior. Estão sempre supondo o mau em virtude de sua desconfiança e desconfiam de tudo por causa de sua experiência da vida “São mornos,tanto nos amores como nos ódios. São mesquinhos porque foram humilhados pela vida. Falta-lhe generosidade. São egoístas, pusilânimes, frios. São imprudentes; desprezam a opinião. Vivem mais de lembrança do que esperança. Tagarelam, repisam o passado. Seus arrebatamentos são vivos, mas sem forças. Parecem moderados porque não têm desejos, mas apenas interesses. É para os interesses que vivem, e não para a beleza. Estão abertos à piedade, não por grandeza de alma, mas por fraqueza. Lamentam-se e não sabe mais rir.” (MEIRELLES, 1999, p.16-17).
14
Aristóteles via a decadência na velhice, enquanto Platão via no apogeu da vida do
homem. Esta controvérsia sempre existiu, pouco tendo mudado nos dias atuais. Se o
envelhecimento é analisado do ponto de vista do corpo, é um processo de decadência e
degeneração, por outro lado, se a visão for do espírito, há uma constante evolução. Na
atualidade é grande o valor dado ao materialismo, o culto ao corpo e a beleza aparente são
valorizados e explorados pela mídia e pelo comércio, num apelo que principalmente os jovens
atendem. Enquanto isto, não se dá importância ao crescimento do ser humano em sua real
expressão, num equilíbrio de sabedoria e saúde.
1.1 Processo de envelhecimento
O processo de envelhecimento traz consigo uma série de modificações biopsicossociais,
inevitáveis ao homem. Do ponto de vista físico, ocorre a degeneração e perda de eficiência
dos diversos aparelhos com diminuição da massa muscular em torno de 25% a 30%, aumento
de tecido gorduroso; perda de flexibilidade; diminuição de células ativas; diminuição de
glóbulos vermelhos e brancos; diminuição da mobilidade articular; perda de
cálcio(osteoporose); ressecamento da pele; acentuação das proeminências dos ossos; descair
das faces e pálpebras; pelos finos e ralos, exceto na face; exceto na face; perda de cabelos,
calvície ou cabelos brancos e espessamento da unhas. (BERGER e MAILLOUX-POIRIER in
SOUZA, 1999; MEIRELLES, 1999).
Em relação às alterações funcionais pode-se citar: aumento de tensão arterial em repouso
(sistólica e diastólica); perda de elasticidade dos vasos e acumulação de depósitos de gordura
nas paredes; perda da capacidade de expansão pulmonar; capacidade vital diminuída; atrofia e
rigidez pulmonar; modificações nos tecidos dentários; aumento do tecido conjuntivo no
organismo; perda gradual das propriedades elásticas dos tecidos conjuntivos; decréscimo no
número e tamanho das fibras musculares; perda do tônus muscular; diminuição da força
muscular; baixa do sentido do paladar; perturbações e ligeira baixa da absorção intestinal;
diminuição do número de unidades do cérebro; perda de massa cerebral (5%a10%); declínio
gradual da condução nervosa (10%a15%) e demora no tempo de reação; perda da motricidade
fina; diminuição da capacidade mnemônica em curto prazo; diminuição auditiva; redução de
acuidade visual e da visão periférica; baixa do metabolismo basal; diminuição hormonais
(excreção das glândulas sexuais supra-renais) com modificação do libido; modificações nas
fases do sono.(SOUZA, 1999; MEIRELLES, 1999).
Alterações psicológicas na velhice têm sido relacionadas com a diminuição do
conhecimento. Hoje se sabe que a saúde mental pode ser conservada até o fim da vida, porém
15
é normal a diminuição de certas funções cognitivas relacionadas com o aspecto biológico do
cérebro. No entanto os reais problemas e alterações psicológicas normais ocorrem muitas
vezes pela mudança emocional em virtude da perda progressiva da saúde, da beleza da
carreira, da segurança financeira e do status. Os idosos estabelecem algumas atitudes, que se
tornam comum entre eles como: constante acumulação de objetos ou de lembranças, distração
e esquecimento, acusações e censuras, confusões e equívocos, regressão emocional e física,
situações de doença e fixação na idéia de morte.
Outro aspecto do envelhecimento é o social. Neste enfoque o envelhecimento não
significa necessariamente um aspecto temporal, mas está relacionado a atividade sócio-
econômica, modos diferentes de vida, características pessoais objetivos e conflitos de natureza
variável, sentimentos positivos e negativos, os quais se refletem em isolamento social;
situação econômica crítica; insegurança social; estado de saúde insatisfatório; ruptura com a
vida social; falta de opção para poder escolher o lazer; falta de opção para poder optar por
uma aposentadoria ativa ou passiva.(MEIRELLES,1999).
Embora não se possa evitar tais processos é possível atuar de forma a permitir aos idosos
uma vida melhor. De acordo com a Organização Mundial de Saúde(OMS), a saúde consiste
em “um bem estar físico; mental e social, e não meramente a ausência de doenças
enfermidades”.(CAPRA apud LOPES e ALTERTHUM, 1999; p.861). Desta forma, o homem
deve procurar durante toda a vida a prática de ações que equilibrem seu organismo,
minimizando os efeitos negativos que as necessidades da vida moderna, competitiva e
violenta, lhes impõem.. Sabe-se que o envelhecimento opera da mesma maneira que a
inatividade. Os efeitos, que são produzidos ao longo dos anos são similares aos que o
sedentarismo ocasiona.(RIOS et al; 2000).
É importante trabalhar com idosos de forma a tentar desenvolver ou melhorar sua auto-
estima. É necessário valorizar sua experiência. A sabedoria que eles adquirem, ao longo de
suas vidas, tem sido desconsiderada por uma sociedade onde a produção é a meta.
1.2 Sentir e a interação social
Através da linguagem que as pessoas interagem de modo coordenado, recebendo e
expressando símbolos que se transformam em ação dentro do contexto social. O processo de
sentir é essencial a nossa comunicação com o mundo, pois é através da combinação das
diversas modalidades sensórias que passamos a formar conceitos a respeito das diversas
modalidades sensoriais.
16
Desse modo, podemos dizer que a relação humana está baseada nas significações que
surgem a partir da experiência de cada um, em busca dos laços familiares visando construir o
próprio mundo. As relações humanas e os processos biológicos são condições inexplicáveis
para a vida, porque a dinâmica dos organismos depende dos laços de relação social. O amor é
um processo recíproco e espontâneo de aceitação. A aceitação do outro como legítimo outro
na convivência define a dinâmica social. A corporeidade deve ser vivida no respeito por si
mesmo e, conseqüentemente, no respeito pelo outro, fundamentado na confiança sincera
mútua.
Através na interação social de cada ação possibilitará construir novos laços de relação,
novas formas de compartilhar o aprendizado com outros indivíduos. Dependemos de nosso
corpo para viver, existimos a partir dele. Portanto, é através do corpo e das relações que
estabelecemos com os outros e com nós mesmos que determinamos nosso modo de ser e de
viver. Os velhos em nossa sociedade rendem-se á opinião dos outros. A visão de um corpo
que se apresenta com mudanças na aparência - rugas e cabelos brancos anunciam a identidade
- o corpo degradante que aprendemos a repudiar.
É importante que o velho permita sentir o próprio corpo, pois é através das sensações que
as ações nascem e o corpo se prepara para expressar, pela motricidade, todos os significados
do seu mundo interno. É a partir dos movimentos que o corpo poderá ser percebido,
proporcionando ao velho a consciência de que ele está agindo naquele espaço e momento
específicos. Passado e presente se complementam em um só movimento que propicia ao
indivíduo reconstruir sua história perceptiva.
Sendo assim, o viver humano constitui-se em possibilidade de construção, desconstrução e
reconstrução de configurações totalmente diferenciadas a cada instante em suas experiências,
formando o seu sentido histórico através do espaço relacional com o mundo e com os outros.
1.3 Emoção e expressão
A palavra emoção denota um sentido de movimento (noção), ou seja, um movimento da
mente ou da alma que se dirige para fora em busca de comunicação. É uma expressão que
procura o seu reconhecimento através da ação.
A emoção define quem somos tanto para nós mesmos quanto para os outros com quem
relacionamos. A partir da emoção, o corpo adquire forma configurando a situação vivida,
constrói a relação social pela ação e pela linguagem, possibilita sentir esse corpo pela
experiência adquirida, formando a história do sujeito com suas rejeições e aceitações. As
emoções constituem o espaço de ação, o modo de viver de cada um de nós, possibilitando a
17
conexão com o mundo (o medo, ansiedade, impotência, tristeza, defesa e o vazio) e expansão
(amor, alegria, satisfação, prazer, plenitude, liberação) transformando o corpo por completo, a
cada situação. Todas as tarefas habituais realizadas pelo ser humano se dão na linguagem, ao
mesmo tempo em que essas tarefas são feitas a partir de uma emoção.
É neste sentido que a maior parte de nossos sofrimentos se encontram, ou seja, em
domínios contraditórios de ação, que não permitem o processo de compreensão.O exemplo
que os espaços de convivência constituídos por sistemas de poder como freqüentemente
verificamos na relação de alguns velhos com suas famílias, ou mesmo dentro de espaços
terapêuticos. Se pensarmos em um novo modo de ver a situação dos velhos em nossa
sociedade, freqüentemente, considerados como incapazes e limitados, devemos compreender
que toda relação esta fundamentada na reciprocidade é um caminho de mão dupla.
Desse modo, somente através da aceitação de que os velhos possuem formas diferenciadas
de viver, assim como as crianças em suas fases de gracejo, os adolescentes em fase de
rebeldia, os próprios adultos em sua fase de obrigação produtiva, é que haverá transformação
das interações e dos comportamentos que estas interações desencadeiam. Se o entendimento
for atingido com sucesso, os velhos poderão, através de sua própria transformação, criar
novos comportamentos e conseqüentemente, novos acordos, reencontrando o espaço familiar
e social perdidos.
1.4 Identidade: semelhança e diferença
O termo era utilizado pelos gregos com referência a sinais corporais com os quais se
procurava evidenciar alguma coisa de mal sobre o status moral de quem os apresentava.
Os velhos em nossa sociedade são estigmatizados porque apresentam uma identidade com
vários atributos negativos conhecidos como: declínio, fraqueza, dependência, deficiência,
impossibilidade e assim por diante. Essa identidade é formulada levando-se em conta
principalmente as características biológicas e físicas - cabelos brancos, rugas, calvície,
diminuição dos movimentos corporais etc.
O humano é subjetivo, indeterminado, e não um objeto que possa ser classificado em
série. Portanto, a velhice não pode ser vista exclusivamente por uma perspectiva biológicas,
porque o humano não é somente uma identidade biológica. É também um ser social, cultural,
psicológico e espiritual. A própria linguagem reserva para a palavra velho tudo aquilo que
concebemos como negativo, mesmo que alguns contextos não o sejam. A sociedade
corresponde também a princípios de semelhança e diferença, que podem ser entendidos como
opostos lógicos, porém encontram-se ligados entre si.
18
Logo, compreender semelhança depende da compreensão de sua relação com a diferença.
Do mesmo modo, a sociedade funda-se também na diferença. Se todas as pessoas fossem
exatamente idênticas, suas relações sociais seriam limitadas, havendo pouco ou nenhuma
concessão.
Portanto, a partir do princípio da diferença, cada indivíduo busca tanto receber como dar
alguma coisa para constituir-se como indivíduo social. Se não fosse a semelhança,
perderíamos a noção de que somos seres interdependentes e interligados e conseqüentemente,
solidário em nossa práxis do viver.
1.5 General – idade e singular – idade
A individualidade é indivisa e irredutível. Envelhecer é um processo do sujeito que vive o
seu próprio tempo, ou seja, é um processo particular e peculiar a cada um. Os sujeitos são
seres individuais que nascem, envelhecem, evoluem, morrem. Esse é o sentido do caminho
que trilham. Morin escreve:
O indivíduo surge no mundo (nascimento) e desaparece dele para sempre(morte).
Acedendo à existência, emerge do nada ao todo, uma vez que se torna unidade e totalidade.
Perdendo a individualidade, passa do todo ao nada.
O processo dinâmico da vida caracteriza-se por continuidades nas quais todos os
indivíduos oscilam entre o surgir e o desaparecer, o todo e o nada, a vida e a morte. Cada
indivíduo é um ser único em seu dinamismo biológico, apresentando diferentes ritmos de
envelhecimento. O envelhecimento de um sempre será diferente do envelhecimento do outro.
Cada indivíduo possui ritmos próprios de mudanças.
Contudo, o envelhecimento biológico desafia quaisquer medições simples. Cada indivíduo
ao nascer, já apresenta uma enorme gama de diferenças. Portanto, entender o envelhecimento
biológico pele viés da generalidade, não respeitando as particularidades, é reforçar o estigma
simplista da perda, do declínio da degradação que caminha em direção á morte.
Indubitavelmente, um organismo, com a passagem do tempo, vai se tornando mais vulnerável
à doença que conseguiria eliminar com mais facilidade quando mais jovem.
Sabemos que cada um de nós envelhece a seu próprio tempo, de modo particular, e que
duas pessoas nunca serão semelhantes, mesmo se dispuséssemos de um genótipo idêntico.
Cada indivíduo detém, com traço que o constitui, uma irrefutável diferença que o torna
original dentre outros indivíduos. Contudo, cada um é singular em seu temperamento,
dinâmica biológica, comportamento e em sua morfologia que determina a sua história. O
tempo é um problema que enfrentamos em nossa vida moderna e, pelo fato de ainda termos
19
uma percepção limitada, baseada em pares de opostos que nos obriga a fracionar a unidade,
acreditamos na linearidade do tempo, assinalando um ¨ antes¨ e um ¨ depois¨ em todos os
acontecimentos que vivenciamos.
O tempo é uma abstração, ele só existe em nossa consciência. Portanto, temos todos os
tempos. Infelizmente, na caminhada pela vida, somos forçados a fazer algumas escalas, em
estações determinadas pelo modelo social. A sociedade força-nos a pertencer a grupos de
idade específica, impondo normas a serem cumpridas e estabelecendo o que deve ou não ser
feito. Se os velhos não cumprem com as normas precisas, são descritos como ridículos,
repugnantes, inconvenientes. As regras sociais são impostas de modo preciso, rígido do que
deve ser para o velho, para a criança e para o adulto.
1.6 Dinâmica da vida
A cada movimento é produzido um padrão específico de organização que passará a
determinar a história estrutural de cada ser humano. Todos os pensamentos, sensação,
sentimentos, emoções são organizados de tal modo que fornecem a cada indivíduo uma
identidade-corpo que passa a representar sua própria história. Isso quer dizer que em cada
corpo pode ser evidenciada sua história. Uma luta e desistência, de amor e ódio, de silêncio e
expressão, de dor e prazer. Aspectos estes compostos pelo modo que cada um enfrenta,
compreende e interpreta o fluxo de sua vida.
Somente podemos viver porque temos uma dinâmica de fluxo incessante em nosso
organismo. Nos sistemas vivos, há um fluxo dinâmico de energia que se espalha por todo o
sistema, não havendo hierarquia, níveis estratificados ou hegemonias, nos quais uma parte
seja mais que outras. É no fluxo contínuo de auto-renovação, aspecto essencial dos sistemas
auto-organizados, formados por elos consubstancias entre declínio e crescimento, que os
organismos vivos produzem a si mesmo. Esses fenômenos dinâmicos são aspectos
fundamentais para a auto-organização dos sistemas vivos, e é nesse sentido que passamos a
compreender que os organismos vivos não podem ser considerados como máquinas
produzidas em série.
Enquanto os organismos vivos possuem um alto grau de flexibilidade e plasticidade para
se transformar e evoluir, já que são guiados por padrões cíclicos de laços, de retroalimentação
que mantêm sua auto-regulamentação. As máquinas, por outro lado, são constituídas a partir
de um projeto determinado e previsível, funcionando de acordo com cadeias lineares de causa
e efeito. Todos os seres vivos estão fundamentados em um padrão de rede habilitado á
mudança estrutural contínua que leve a auto-organização, preservando a homeostasia.
20
Os sistemas vivos passam por instabilidades contínuas, geradas pelas flutuações
dinâmicas, o que impele o sistema a modificar sua estrutura, sempre em direção a uma
estrutura totalmente nova, sempre pronta a transformar-se. Dentro dessa perspectiva, o passar
de uma etapa á outra faz o sistema envelhecer, e a especializar-se. Essa especialização é
importante para que um organismo cresça e se desenvolva rumo á evolução. Enquanto existir
vida em um organismo, ele estará em busca do novo, formando cada vez mais redes de
complexidade, pois a criatividade da natureza dos organismos é limitada. Todo o processo de
vida é também um processo de morte, no qual as células e tecidos passam por mudanças
cíclicas contínuas, caracterizando-se por um ritmo de degeneração e morte, recomposição e
vida.
Esse processo de vida é natural. A mudança é necessária para que haja a possibilidade da
recriação constante. Caso contrário, perderíamos a fé e a esperança em mudar o rumo de
nossa história, em descobrir outras formas de compreensão de nossa jornada pelo mundo, em
buscar novos arranjos para compor a melodia de nossas vidas. A velhice é um prolongamento
de um processo que se perfaz na temporalidade, através de mudanças cíclicas biológicas,
oscilando entre declínio e renovação continua, sempre em busca de novas estruturas. Em cada
nova estrutura, uma nova possibilidade de descoberta.
Nesse sentido, descobrir, conhecer, aprender só é possível através do envelhecer. O sujeito
é mais que uma simples forma. Ele é uma qualidade de ser, que emerge de sua auto-
organização. Desse modo, o sujeito transcende as suas modificações fisiológicas e
morfológicas que sobrevêm do nascimento à morte, degenerando e regenerando-se
permanente.
21
CAPÍTULO II
CORPO, SAÚDE E DOENÇA NO ENVELHECIMENTO
Definição de saúde como sendo simplesmente a ausência de doença torna-se imprecisa e
limitada quando nos reportamos á questão da qualidade de vida. Ter qualidade de vida é ser
saudável, ao contrário do que muitos pensam quando consideram a saúde em termos
numéricos. Uma visão tradicional da saúde em termos numéricos.Uma visão tradicional da
saúde é que tanto a saúde como a doença estão localizadas no corpo de pessoas específicas e
isoladas, tratando-se de um processo individual que na é partilhado com outros, ou
seja,pertencendo exclusivamente a cada pessoa, separada.
Desse modo, a terapêutica deve ser localizada e sempre objetiva, orientada para os
problemas específicos. Os distúrbios físicos requerem, portanto, intervenções físicas, porque
todo o processo patológico é um fenômeno biopsicossocial. Os fenômenos psicossociais só
causam problemas no processo, denotando sempre fraqueza mental, incompetência do
indivíduo em se estabelecer socialmente, dificultando-o na dominação de seus impulsos
emocionais para que as coisas possam voltar a funcionar novamente para restabelecer sua
convivência saudável. Precisamos compreender que a saúde se refere ao humano, porque se
fundamenta numa concepção do ser humano como único.
Assim, tanto a doença como a saúde soa palavras que só podem ser utilizadas no singular,
porque se referem ao estado do ser humano como único na expressão de sua vida. Como
descreve Leornado Boff (1999):
“A doença significa um dano à totalidade da existência. Não é o joelho que dói. Sou eu, em minha totalidade existencial, que sofro. Portanto, não é uma parte que está doente, mas é a vida que adoece em suas várias dimensões: em relação a si mesma (experimenta os limites da vida mortal), em relação com a sociedade (se isola, deixa de trabalhar e tem que se tratar num centro de saúde), em relação com o sentido global da vida (crise na confiança fundamental da vida que se pergunta por que exatamente eu fiquei doente?)”. (Boff 1999, p.22-23)
Muitos velhos acreditam na doença com sendo algo normal. Nessa fase da vida,
acomodam-se no modelo social que vê a doença e a velhice como sinônimos, não acreditando
que haja lago a ser feito, só restando a lamentação por serem velhos. Os velhos reclamam que
são vistos, muitas vezes, pela família e por outros como velhos-problemas porque estão
insatisfeitos com a situação na qual se encontram, porque velho é mesmo desagradável. Eles
são forçados a todo custo a aceitar o seu estado sem que interfiram na dinâmica familiar, pois
essa dinâmica deve permanecer fundada na ilusória concepção de família feliz.
22
Os velhos afastados e isolados nutrem-se de um sentimento de desesperança, insegurança,
desproteção que causa sofrimento devido à falta de sentido na vida. Somos seres autônomos,
porém dependentes. Essa dependência não nos tira o amor próprio, não nos torna inferiores.
Essa ilusão de que somos seres independentes, prepotentes em encarar e conquistar todas as
coisas que desejamos vem de nossa cultura individualista, que só reforça nossa solidão.
O ser humano é maior do a soma de suas partes e não blocos de ossos e músculos
empilhados ou, ainda, um modelo de máquina cartesiana com peças separadas. O ser humano
é multidimensional, vivendo numa complexa rede de relações com tudo e com todos. O
envelhecimento do ser humano não pode se resumir a um sentido único de declínio, mas deve
ser visto como um processo contínuo de transformação, que supõe os fenômenos físicos,
biológicos, psicológicos, sociais e culturais interdependentes. O sofrimento humano é
multifatorial e, portanto, se quisermos atuar de maneiras mais eficiente no cuidado aos velhos
doentes, teremos que compreender as suas necessidades enquanto seres humanos, como
também a natureza de suas próprias vidas, e não simplesmente saber as causas de suas
doenças.
Respeitar suas queixas, sem desconsiderar absolutamente nada. Estar doente é estar
vulneráveis, inseguros, confusos e, por isso, necessitamos do outro para que norteie
temporariamente nossa caminhada, auxiliando-nos na busca de compreensão do novo rumo a
ser tomado.
Nesse sentido, tanto a participação do doente como a do terapeuta é de extrema relevância
no restabelecimento da saúde. A saúde do velho possui relação direta com a nossa própria
saúde, com os quais compactuamos, poderão ser a nossa própria sentença quando estivermos
velhos.
2.1 Corpo e Crença
Geralmente, o conceito que temos a respeito de nosso corpo desenvolve-se a partir das
avaliações que os outros fazem de nós. Freqüentemente, as pessoas a avaliam não somente o
que dizemos e realizamos, mas principalmente, como se mostra nossa aparência física. É fato
que a aparência física constitui um importante determinador de nossa auto-estima. Don E.
Hamachek (1994) escreve:
“Uma razão possível para esta relação entre auto-aceitação e aceitação do corpo
pode residir no fato de que o ‘self’ ideal inclui atitudes relacionadas com a
aparência do corpo, o chamado ideal do corpo. Cada um de nós tem uma idéia mais
23
ou menos clara de como de como gostaria de parecer. Se as nossas verdadeiras
proporções do corpo se aproximam das dimensões e da aparência da nossa imagem
corporal, provavelmente pensaremos de forma melhor a respeito do nosso ‘self’
tanto físico como não físico. Se, por outro lado, o nosso corpo se desvia demais do
nosso ideal corporal,tenderemos a ter uma auto-estima mais baixa.” (Hamacheck
1994, p.87)
Mesmo que a pessoa não sinta mudanças em seu corpo, ela passa a se sentir velha através
dos outros, fazendo-a a entrar em uma crise de identidade. A velhice não se apresenta para o
sujeito, mas fica clara para os outros. O indivíduo que envelhece não percebe as mudanças
corporais da mesma maneira que os outros a percebem.
Reconhecer as transformações nos outros é sempre mais simples do que em nós mesmos,
porque as mudanças ocorrem lentamente e o nosso organismo com sua capacidade plástica
propicia a assimilação das mudanças de maneira gradual.Infelizmente a velhice ainda é vista
como sinônimo de doença e, assim sendo, quando o velho possui alguma limitação corporal,
ele se enquadra no modelo social pré-estabelecido que não reserva possibilidades. Esquecem
que o envelhecemos porque vivemos, ou seja, envelhecemos ou morremos. Não há
alternativa.
Portanto podem pensar que de qualquer forma, seremos sempre o velho de alguém. O ser
humano é um ser gregário e, portanto necessita de aceitação e reconhecimento. Queremos
estar assegurados de que ocupamos um lugar no mundo. A angústia de ser velho está
associada ao medo da segregação e do isolamento; pois, frente à menor possibilidade de estar
sozinho e isolado, cria-se uma crise existencial que acarreta transtornos depressivos que
podem terminar por roubar a própria vida.
O corpo é o resultado daquilo que interpretamos a partir de nosso aprendizado, pois toda
experiência que vivenciamos é sempre incorporada, formando-se em história e possibilitando
uma transformação corporal futura. A crença é partilhada e reforçada pela convivência.
Assim, acreditar que a velhice é um momento de dependência, inutilidade e de outros
atributos negativos, simplesmente porque estamos habituados evidenciar tal fato no cotidiano,
é criar condições biológicas que justifiquem estas crenças. Ser o velho de alguém é estar ao
lado, é a proximidade que aquece não apenas o corpo, mas também os sentimentos e,
conseqüentemente, a própria existência. Criamos novas histórias que irão compor as histórias
antigas, ocupando espaço em nossa vivência atual. As histórias antigas não são destruídas pela
recomposição do presente, mas se transformam agora, como uma nova configuração, um novo
significado, com som de eternidade. O humano é sempre um enigma aos nossos olhos. Ele é o
indeterminado, o estranho, o diferente.
24
Portanto, os significados dos acontecimentos farão apenas parte de fragmentos que irão
compor o imaginário de cada leitor, dependendo da história perceptiva de cada um. O
importante para cada indivíduo é reencontrar suas potencialidades para se livrar da
dependência, fator este que causa muita angústia, gerando perda de motivação para ir em
busca daquilo que ainda falta para o seu desenvolvimento. Não dar atenção á incapacidade é
retirar qualquer possibilidade do velho continuar adquirindo experiência em sua vida.
Outro fator importante que podemos verificar o quanto o desequilíbrio postural está
também relacionado com a dificuldade do reconhecimento próprio do corpo, impedindo o
contato com a realidade física, aspecto importante para a manutenção da integridade dos
processos cognitivos, ou seja, da aquisição do conhecimento. O declínio cognitivo entre os
velhos pode ser compensado pela ilusão, que acarreta insegurança para se lançar em maiores
desafios, provocando limitações corporais, corrompendo sua independência.
Desse modo o corpo se deteriora, não com o passar dos dias, mas com o decorrer dos
minutos, isso mostra, mais uma vez, que a diminuição da força muscular e a amplitude dos
movimentos não estão circunscrita exclusivamente ao envelhecimento biológico.
O movimento nasce do desejo e, portanto, não devemos perder a oportunidade de
incentivar a busca de novos objetivos, mesmo que esses possam parecer pequenos aos nossos
olhos. Parece que alguns velhos com deficiências físicas vêem a velhice como algo estático,
porque não lhes são oferecidas oportunidades de verem que a vida ainda chama por continuar
seu dinamismo. Se começarmos a oferecer esta oportunidade ao outro, descobriremos que
nossa própria vida tem um sentido muito mais dinâmico que podíamos supor. Veremos que a
estabilidade almejada por nós não passa de uma grande ilusão e a resistência aos encontros
que estamos habituados a praticar, com medo do envolvimento, não passa de invenções que
minimizam as chances de novas descobertas para as ambas as pessoas que trafegam na
relação às possibilidades e anseios de vida deles. Mostrando que o movimento somente
realizar-se quando há um objetivo e, portanto, é necessária a compreensão de que cada um
possui sua participação no processo.
O afastamento dos membros da família, como no caso do velho com seus filhos, está
muitas vezes, relacionado a uma dificuldade na relação em tempos remotos, e só agora sendo
deflagrado através de sentimento de mágoa, ressentimento, raiva. Quando a família não mais
acreditar na autonomia do velho, isolando e segurando-o do convívio social, a resignação
passa a assinalar a velhice.
25
Desse modo, o corpo passa a revelar a atitude da pessoa com relação à vida, através de seu
comportamento, postura e movimentos. A privação do toque observada freqüentemente entre
os velhos possui repercussões dramáticas em seu comportamento.
Quando são crianças, os traumas, muitas vezes, são resolvidos através da carícia da mãe,
mas, quando velhos, não raro, possuem o desejo da carícia essencial, porém sem a
oportunidade de obterem logo, não resta saída a não ser enrijecer o corpo como forma de
proteção. O tato é um importante meio de materialização da solidariedade, mas não basta
simplesmente utilizar o toque como uma técnica terapêutica aprendida e sim sentir o corpo do
outro como senti a si mesmo. Desse modo o contato poderá ser estabelecido e o fluir da
relação alcançado.
A vida é formada de ciclos, com o sol que vejo através da janela. Ela já não é o mesmo,
está perdendo sua intensidade de calor, despedindo-se do verão para abrir passagem ao sol da
nova estação, a fim de celebrar a vida do mesmo modo, ás células que constituem o corpo
humano morrem, enquanto outras nascem.
Logo, um novo corpo é constituído, moldado pelo processo de viver. Tanto o sol quanto
corpo são os mesmos, porém em estações e circunstâncias diferentes. Este é o princípio da
vida, um movimento que não cessa. Os corpos humanos são plásticos porque vivem e,
portanto, mudam constantemente, sempre em busca de uma nova estrutura, de novas
descobertas e possibilidades, obedecendo a lei da vida que é transformar-se, inovar, evoluir.
Dessa forma o ser humano envelhece e especializa-se, não sendo nunca o mesmo. Devido
a esse ritmo contínuo, ele é capaz de construir sua história no fluxo do tempo, no próprio
tempo, no seu tempo vivido.
Enquanto o corpo viver, independente de sua idade cronológica, existirá dentro dele a
potencialidade, a certeza da mudança. Mesmo no tempo de trevas, haverá sempre a
possibilidade do nascimento da luz. Uma luz que nos oriente ao encontro do retorno para
dentro de nós mesmos, a fim de libertarmos. A liberdade somente pode residir em nosso
âmago.
Logo, as amarras impostas por aqueles que praticam o controle e a repressão, colocando-
nos sob grades de classificação, não serão suficientes para impedir que nossos desejos,
anseios e sonhos sejam realizados, a não ser que façam a opção pela desistência da vida,
caindo na armadilha da dominação, que retira a possibilidade de sermos legítimos em nossa
existência.
26
A velhice não é a espera do fim. Ao contrário, ela pode representar o momento do resgate,
da resignificação de uma história e, portanto, exige ação concentrada, reflexão dirigida,
movimento que busque resposta.
Devido ao dinamismo e mudança contínua das imagens corporais, tudo é possibilidade.O
corpo é muito mais que matéria densa pelo qual estamos habituados a conceber. Dentro dessa
perspectiva, se acreditamos no humano, na força que o mobiliza, poderemos também acreditar
na magia, no milagre da vida. A relação terapêutica fundada no princípio sujeito-sujeito
mostra-nos que, quando respeitamos o outro como a nós mesmos, não ficamos preocupados
em tentar nivelar as diferenças, pelo contrário, buscamos fomentar o crescimento dessas
diferenças, a fim de obtermos formas variadas de aprendizado que possibilitem a
diversificação na vida.
A relação sujeito-sujeito também propicia a compreensão de que a força propulsora da
transformação corporal nasce do compartilhar com outro alimento afetivo, de trazer para
perto, aqueles que se encontram distantes, não encontrando o caminho de volta. Por isso, o
tato é o início do processo, é o caminho para atingirmos o contato, a profundidade do resgate,
o restabelecimento da forma. Depois de estabelecido o contato, nunca seremos mais os
mesmos, teremos outras formas, outros caminhos. Quando encontrarmos os fragmentos
perdidos de nossa história, preenchemos as lacunas de nossa imagem corporal, nos tornados
mais íntegros.
27
CAPÍTULO III
ALTERAÇÕES CORPORAIS NO ENVELHECIMENTO
A partir de 40 anos a estatura começa a diminuir perdendo cerca de 1cm por década. Esta
diminuição está associada a diminuição dos arcos dos pés, aumento das curvaturas da coluna e
também pelo encurtamento da coluna vertebral, devido as alterações que ocorram nos discos
intervertebrais. Há o aumento do diâmetro da caixa torácica e do crânio. O crescimento
progressivo do nariz e dos pavilhões auditivos contribuem para uma formação típica facial da
pessoa idosa.
A perda de água intracelular, faz com que o teor total de água do corpo diminua.Com isto,
ocorre da relação fluído intracelular. O potássio total, que na maior parte é intracelular, irá
diminuir também. A diminuição geral do número de células nos órgãos faz com que haja
perda de água e potássio. Em relação a perda de massas, os órgãos internos que se mostram
mais afetados são os rins e o fígado, sendo os músculos que mais sofrem danos ponderal com
o passar dos anos.
PELE
Com o processo de envelhecimento, as fibras irão se alterar ficando a elastina “porosa”
perdendo então a elasticidade. As rugas se dão através do somatório das alterações através da
diminuição da espessura da pele e do subcutâneo.
A pele se torna seca e áspera, sujeita a infecções e mais sensíveis ás variações de
temperatura, devido as glândulas sudoríparas e sebáceas diminuírem sua atividade. Por volta
dos 40 e 50 anos, a pálpebra inferior poderá apresentar edema por herniação de gordura que
está associada a uma pequena retenção de líquido.
Certas regiões como a face e o dorso da mão são regiões em que os melanócitos podem
sofrer alterações no seu funcionamento levando a formação de manchas hipergimentadas ,
marrons, lisas e achatadas. Manchas escuras ou marrons salientes são comuns e conhecidas
em conjunto com queratose seborréica.
PELOS E CABELOS
Ocorre uma diminuição de pêlos por todo o corpo, fazendo-se exceção as sobrancelhas, a
orelha e as narinas. No sexo feminino há o crescimento no lábio superior devido o aumento de
hormônios andrógenos e diminuição dos estrógenos. A cor dos cabelos é dada por células
pigmentares do córtex.
28
Quando ocorre o processo de envelhecimento, a medula se de ar e as células do córtex
perdem pigmento, ficando o cabelo branco.
Outro fato após algum tempo de crescimento ocorre a queda de cabelo pela inatividade ou
morte das células do bulbo capilar. A calvície surge não somente com o envelhecimento, mas
também por outros fatores ocorrendo a diminuição do número de bulbos ativo.
SISTEMA ÓSSEO
Dois aspectos devem ser considerados no osso: O compacto e o esponjoso, pois ambos se
alteram no envelhecimento.
O osso esponjoso na pessoa idosa irá apresentar diminuição na espessura do componente
compacto que diminui pela reabsorção interna óssea. No esponjoso ocorre perda de lâminas
ósseas em relação ao jovem, formando-se cavidades maiores entre as trabéculas ósseas.
No homem a perda do tecido ósseo de outra maneira. Na mulher, não há perda óssea
significante antes da menopausa, porém após este fenômeno, se procede de forma intensa em
relação ao sexo oposto. Estes dados são observados, quando se analisa a densidade óssea tanto
no tecido esponjoso quanto no tecido compacto.
SISTEMA ARTICULAR
Com o envelhecimento as suturas do crânio que são unidas por tecido fibroso, vão sendo
substituídas por osso, processo ao qual começa por volta dos 30 anos, que irá desaparecer por
completo em épocas diferentes em cada sutura. Os discos inter-vertebrais são constituídos por
um núcleo pulposo e um anel fibroso. No idoso, o núcleo pulposo perde água e
proteoglicanas, e as fibras irão aumentar em número e espessura.
No anel fibroso ocorrerá o contrário, pois as fibras colágenas ficam mais delgadas. Isto
contribui para que a espessura do disco diminua, acentuando-se a curvatura da coluna
especialmente a torácica, o que desenvolverá cifose que é um desvio postural comum nos
idosos.
Na fase de envelhecimento, tais alterações ocorreram especialmente nas camadas
superficiais, onde o número de células, a água e as proteoglicanas diminuem, enquanto as
fibras colágenas aumentam em número e espessura. Em conseqüência destes fatores, a
cartilagem fica mais delgada e surgem rachaduras e fendas na superfície. As alterações como
estas apresentam aumento da freqüência com a evolução da idade.
29
SISTEMA MUSCULAR
A perda de massa magra é verificada quando o peso do músculo diminui, o mesmo
ocorrendo com sua área de secção.
A musculatura do idoso apresenta fibras em degeneração de ambos os tipos, fibras
hipertrofiadas (talvez compensatória).
No sexo masculino, as fibras brancas diminuem de volume pelo fato de as fibras
musculares irem desaparecendo e sendo substituídas por tecido conjuntivo. No idoso,
apresentam aumento do número de pregas e a fenda sináptica se torna mais ampla e assim, a
área de contato entre o axônio e a membrana da célula diminui.
SISTEMA NERVOSO
Através da tomografia computadorizada verificou- se, de acordo com a idade, que o peso
do cérebro diminuem. Ocorre também o aumento voluntário dos ventrículos encefálicos. Com
o processo de envelhecimento, inúmeras células desta, apresentam alterações dos vários tipos
como, por exemplo, dendritos inchados na base, desaparecimento de dendrito ou número
reduzido de espinhas em várias áreas do córtex. Alterações desse tipo podem progredir até a
célula morrer completamente.
Verificou-se que nem todas as células piramidais desenvolvem alterações como estas,
pode ocorrer um aumento de números de dendritos e espinhas com o processo de
envelhecimento, sendo estas desigualdades de alterações desconhecidas.
VASOS SANGUÍNEOS
Aorta com o envelhecimento, a aorta se dilata resultando no aumento do diâmetro interno.
A aorta é caracterizada histologicamente em possuir grandes fibras elásticas na sua parede.
Com o processo de envelhecimento, as fibras elásticas vão diminuindo em número enquanto
que o colágeno vai aumentando no idoso.
As fibras mostram protuberâncias na superfície da elastina. As fibras tratadas com elastase
serão digeridas e irão aparecer as saliências como massas eletrodensas com saliências
pontiagudas que são identificadas como sendo cristais de cálcio.
OUTRAS ARTÉRIAS
As artérias menores e as arteríolas sofrem transformações idênticas às da aorta, são
atingidas também pelos processos arterioscleróticos. Constituem-se em carótidas, arteríolas
renais, arteríolas do labirinto e as arteríolas e os capilares dos órgãos de corte. O aumento de
30
deposição de tecido fibroso com a idade é uma razão para justificar o porquê do espassamento
dessas artérias.
CORAÇÃO
Ocorrem alterações mais importantes no miocárdio, nodo sinoatrial e valvas cardíacas, de
acordo com o processo de envelhecimento.
a) Miocárdio
O peso do coração vai aumentando com a idade e ocorre também um aumento da espessura da
parede do ventrículo esquerdo. A idade contribui para o aumento do depósito de lipofuscina
nas células cardíacas. Ocorre normalmente a formação de uma rede em torno das células
musculares as quais são nutridas pelos capilares.
b) Nodo Sinatrial
Na pessoa idosa, ocorrem infiltrações de gordura, aumento do conjuntivo e diminuição das
células musculares.
c) Aparelho Valvar
Na pessoa idosa mostra-se placas arterioscleróticas e as cordas tendíneas se espessam
tornando-se mais fibrosas, sendo freqüente a calcificação da cúspide. Com o processo do
envelhecimento, as bases vão se espessando, ficando opacas e os nódulos ficam proeminentes.
O grau de esclerose também aumenta.
SISTEMA RESPIRATÓRIO
a) Caixa Torácica
Com o processo de envelhecimento, as articulações sinoviais, desaparecem, fundem-se os
elementos ósseos e cartilaginosos. Há degeneração de grande quantidade de condrócitos, as
fibras colágenas se espessam, aumentando o depósito de cálcio, ficando a cartilagem mais
rígida.
b) Pulmão
Há uma discreta diminuição da superfície total dos alvéolos, com a idade. Em estudos
verificaram-se freqüente presença de alvéolos dilatados em meio a outros normais, bem como
31
a fusão de alvéolos formando cristais, dando-se a ruptura dos septos interalveolares. O
conteúdo de elastina no pulmão aumenta com a idade.
SISTEMA DIGESTIVO
a) Tubo Digestivo
Às vezes, com a idade, o epitélio escamoso estratificado na parte distal do esôfago, é
substituído por epitélio colunar. Este processo pode ocorrer como resultado de repetidas
desnudações epiteliais pelo refluxo de ácido gástrico. Comparando uma pessoa idosa com
uma pessoa jovem, constatou-se que a área de superfície do jejuno da pessoa idosa humana é
menor do que na pessoa jovem. Na pessoa idosa, a túnica muscular do colo se mostra espessa.
A irrigação sanguínea irá alterar, pois os vasos tornam-se mais tortuosos, o que pode levar a
isquemia. De acordo com alguns autores, a musculatura da parede intestinal parece degenerar
no idoso.
b) Fígado
Através de pesquisas verificou-se que em seres humanos, o peso absoluto do fígado vai
diminuindo após os 65 anos, e o mesmo ocorre com o número de células. Existe o decréscimo
da quantidade de mitocôndrias nos hepatócitos, mas isto não compromete a capacidade
respiratória das células.
SISTEMA URINÁRIO
No rim da pessoa idosa mostra-se assídua presença de arteríolas aferentes estreitadas, sem
conexão com qualquer glomério. O fato que coloca em evidência no processo de
envelhecimento anatômico do rim dá pela diminuição do número de glomério com o aumento
do tecido fibroso que o substitui.
SISTEMA REPRODUTOR
Com o processo de envelhecimento, os órgãos diminuem em peso e se atrofiam. Entre 40
e 50 anos ocorre a menopausa. Aos 50 anos, o útero apresenta pesando a metade do que aos
30 anos e com isso a sua elasticidade vai diminuindo à medida em que o tecido elástico é
substituído por feixes de tecido colágeno fibroso. Os ligamentos que suportam as mamas
tornam-se pendentes e flácidas. Quantidade de pêlos púbicos, quanto à quantidade de tecidos
adiposos irá diminuir gradualmente.
32
No sexo masculino, as alterações orgânicas serão menos evidentes. Necessariamente, o
tamanho e o peso dos testículos não diminuem com a idade. As glândulas, vesículas seminais
e próstata podem atrofiar, e a secreção de testosterona diminui, sem ultrapassar os padrões da
normalidade.
SISTEMA ENDÓCRINO
Segundo Monteiro (2003) é possível obter as seguintes impressões sobre o sistema
endócrino: em cerca de 4% a 6% da população acima de 50 anos, ao serem examinados,
nódulos palpáveis são encontrados na tireóide. A incidência de microadenomas na hipófise,
aumentados com a idade, foram mostrados através de trabalhos em que se relatou sua
ocorrência em cerca de 10% a 15% dos casos. Nas supra-renais, a incidência de nódulos
corticais aumenta com a idade sendo o mais importante o tamanho do nódulo e não a idade.
Nos seres humanos o desenvolvimento orgânico alcança a plenitude, em média, no final
da segunda década de vida segundo-se uma relativa estabilidade e modificações são
detectadas ao fim da terceira década da vida. Concluiu-se que idades diferentes encontram
indivíduos saudáveis, diferentes potenciais de adaptação, e estes podem, nos mais longivos,
ser insuficientes para garantir o equilíbrio do meio interno.
O processo natural de envelhecimento se acompanha de alterações no número e
sensibilidade dos sensores, no limiar de excitabilidade dos centros reguladores e na eficiência
dos efetores.
A quantidade de água corpória total declina (15% a 20%) com o avanço da idade,
proporcionando maior susceptibilidade a sérias complicações associadas a perdas líquidas e
maior dificuldade à rápida reposição do volume perdido. O metabolismo basal regride cerca
de 10% a 20% com o avanço da idade, e isto deve ser considerado quando se calcula as
necessidades calóricas diárias da pessoa idosa.
Com o processo de envelhecimento, o débito cardíaco sofre progressiva redução, porém as
alterações de fluxo sanguíneo não são homogêneas para todos os sistemas. O fluxo plasmático
renal , reduz-se em 50% aos 70 anos de idade, enquanto que o fluxo cerebral declina apenas
20%. A insuficiência cardíaca pode ser desenvolvida devido a reserva funcional ter sido
superada, perante uma sobrecarga hemodinâmica.
Várias alterações funcionais ocorrem no aparelho respiratório, com o envelhecimento a
maioria está relacionada com a diminuição da elasticidade pulmonar. A capacidade vital sofre
o conseqüente prejuízo do aumento do volume residual, enquanto a capacidade pulmonar total
pouco se altera com o progresso da idade.
33
Esses fatores irão resultar na alteração da relação ventilação – perfusão, que é a
responsável pela progressiva diminuição da pressão parcial de oxigênio arterial. As
modificações músculo esquelética do arcabouço torácico estão relacionadas as alterações
parenquimatosas.
A pressão parcial do dióxido de carbono arterial não sofre qualquer alteração com a idade.
Sabe - se que a reserva funcional declina em aproximadamente 50% dos 30 aos 70 anos de
idade. O rim do idoso apresenta diminuição da capacidade de concentração e diluição
urinária, de absorção de sódio e da excreção de radicais ácidos.
Conclui-se que a insuficiência renal não limita apenas à senescência, porém esta cria
condições para que agressões pouco importantes para jovens sejam responsáveis para as
graves disfunções em idosos. Os seres humanos foram criados para viverem em um ambiente
natural, onde dependiam da força física e das reações rápidas.
A Revolução Industrial, os progressos tecnológicos reduziram essas necessidades. O
crescimento das indústrias de serviço e a revolução de informações levaram a adoção de
hábitos sedentários, os quais acarretam grandes riscos para o organismo, em conseqüência da
falta de atividade física. Foi observado em idosos toda e qualquer condição patológica,
modificações tanto de ordem fisiológica, como de ordem psicológica como: redução da
capacidade aeróbica, redução da capacidade anaeróbica, redução do vigor muscular, redução
da eficiência motora, redução de rendimento mecânico e perda dos reflexos posturais.
CAPACIDADE AERÓBICA
A redução da capacidade aeróbica com a idade está documentada por numerosos estudos
longitudinais e transversais. A redução do O2 máximo da pessoa idosa afeta sua capacidade
máxima de trabalho, também limita o desempenho nos exercícios de longa duração.
CAPACIDADE ANAERÓBICA
Os dados relativos ao desempenho de pessoas idosas e em provas supra-máximas que
solicitam a capacidade anaeróbica são limitados.
FORÇA MUSCULAR
É comprovado que há modificações da força muscular que acompanham o
envelhecimento. Após um ponto máximo alcançado entre 20 e 30 anos, a força dos grupos
musculares estudados vai diminuindo moderadamente 10% a 20%. Ela acontece lentamente
34
até os 50 anos, acelerando-se em seguida. Entretanto após tal idade, a inatividade física
freqüentemente vem se somar a senescência.
RESISTÊNCIA MUSCULAR
Fato que pessoas idosas apresentam queda no desempenho em provas utilizadas para
avaliar a resistência muscular indica que ela diminui com a idade.
FLEXIBILIDADE
A amplitude de movimentos dos segmentos em torno das articulações diminui
consideravelmente com a idade. Essa alteração da flexibilidade que limita todos os gestos da
pessoa idosa provavelmente é encarada como característica essencial do envelhecimento,
muito mais evidente que as alterações dos outros fatores do desempenho físico, que o
indivíduo sedentário tem poucas oportunidades de utilizar.
Segundo estudos, consideram apenas a amplitude de movimento do tronco e das
articulações distais (joelho, tornozelos, cotovelos, punhos e dedos) assume grande
importância para a pessoa idosa porque compromete as reações de equilíbrio e a realização de
movimentos finos de manipulação.
HABILIDADES MOTORAS
Na medida em que o indivíduo envelhece, a execução da maioria dos gestos exigem um
desenvolvimento preciso no tempo e no espaço torna – se cada vez menos segura.
Nas atividades cotidianas, a queda de habilidades motora transparece no desajeitamento,
menor harmonia das posições e movimentos, cujo controle, menos preciso e mais hesitante,
exige muita atenção na maioria das vezes, grande parte das modificações funcionais, é
associada, nas pessoas com idade superior a 65 anos, ao processo de envelhecimento.
3.1 Dependência afetiva
Algumas queixas freqüentes dos pacientes são: sentimento de desafeto, comportamento de
descompensação e Estado de desmentalização. O coração mata mais da metade dos brasileiros
com menos de 55 anos. Má alimentação, sedentarismo e stress provocam lesões nas artérias,
diminuindo o fluxo sanguíneo. A idade não causa impotência, mas diminui o apetite sexual. O
homem passa a ter ereções menos vigorosas. A mulher sofre com ressecamento vaginal. Os
cabelos nascem menos fios e eles demoram mais para crescer. Os dentes os esmaltes tende a
amarelar e os ossos que sustentam os dentes enfraquecem.
35
Pesquisas mostram que idosos até 75 anos mostram que 27% dos homens e 45% das
mulheres vivem pelo menos um episódio de depressão. O distúrbio precisa ser tratado com
remédios e acompanhamento psicológico. A atividade física atua como poderoso remédio. Ela
aumenta a produção de endorfina no cérebro, responsável pela sensação de bem-estar, e
retarda problemas cognitivos associados ao envelhecimento. Exercícios físicos que estimulam
a circulação sanguínea como os aeróbios e o Tai Chi Chuan amenizam os efeitos devastadores
da hipertensão, colesterol e obesidade, vilões que provocam derrame cerebral, a segunda
causa é a demência. A pela aparecem caroços e manchas que podem virar um tumor, muitos
tomam remédios para dormir e o cérebro diminui com a capacidade de atenção e de realizar
várias atividades ao mesmo tempo.
O aumento da longevidade se dever as várias razões nos países como a França, o fato
deve-se a melhoria das condições de vida e de trabalho, ao pronto atendimento médio de boa
qualidade, a escolaridade e ao nível educacional. No Brasil na década de 50 em diante houve
real aumento de longevidade. E infelizmente, não devido a progressos sociais ocorreu a
melhoria dos cuidados médicos, a introdução de vacinas anti-infecciosas para os idosos e
medicamentos como os antibióticos permitiram a redução dos casos de morte por infecção.
Como falar do lúdico sem falar do homem? O homem moderno, evidentemente refiro-me
também à terceira idade, encontra-se hoje multifacetado e, principalmente, dividido, a
Educação Física foi em parte, responsável por isso, pois sempre alimentou uma concepção
mecanicista do ser humano, embasada no cogito cartesiano e na sua conseqüente dualidade.
Com os avanços da medicina e o aumento da expectativa de vida, as mulheres de hoje
vivem um terço de suas vidas no período pós-menopausa. Os ossos não são tão sólidos apesar
da aparência de “rochas”, eles são tecidos vivos, que se renovam continuamente. O seu
organismo está sempre substituindo células ósseas antigas por outras novas, mantendo os
ossos saudáveis e resistentes. Mas com o passar dos anos – e, principalmente, depois da
menopausa – esse processo se desequilibra. Os ossos vão se tornando cada vez mais finos,
frágeis e quebradiços. Isso é osteoporose.
A osteoporose não é um sintoma da menopausa e sim uma doença. E esse processo que
você precisa controlar desde já. A osteartrose é um distúrbio não inflamatório das articulações
caracterizado por deterioração da cartilagem, emburnação do osso e também por formação de
proeminências ósseas denominadas osteófitos. Constitui a forma mais comum de
acometimento articular do idoso. A osteartrose foi encontrada em cerca de 50% das pessoas
com idade média de 50 anos e em 78% daqueles com idade média de 70 anos. Abaixo de 45
anos, a prevalência dessa doença, entre homens é maiôs e, acima dos 55 anos, a prevalência é
36
maior em mulheres. O principal sintoma é a dor, que aparece em decorrência da
movimentação e quando a articulação suporte grande peso, melhorando com o repouso. A
manutenção da função articular e o alívio da dor são os principais objetivos a alcançar no
tratamento da osteoartrose.
A associação da dor com o envelhecimento é comum, sendo a doença – e especificamente
a dor – uma forma de comunicação do idoso que, por sua vez, o torna mis estigmatizados por
“só falar nas suas dores”. A manutenção da sua auto – estima é uma tarefa importante na
velhice.
Outro ponto a salientar é a necessidade de o professor traçar objetivos compatíveis com o
grupo, ou seja, dar boa orientação para que os exercícios sejam executados de forma natural, o
que facilitaria o processo de assimilação. Perdendo o diálogo harmonioso com seu corpo,
apresentam problemas de postura, rigidez, coordenação motora comprometida e medo de
caminhar, aumentando dessa forma, as tensões psíquicas. Por não manterem uma relação de
movimentos corporais, se voltam para dentro. A atividade física atua de forma benéfico nessa
fase, contribuindo para a liberação das tensões e estados de insegurança através da aquisição
de novos valores. A partir da quarta década de vida, o peso do esqueleto diminui com a
osteoporose nos ossos do tronco e dos segmentos, e se manifesta por diminuição de sua
espessura. As atividades físicas vêm contribuir através de exercícios que facilitam a
funcionalidade dos órgãos abdominais assim como a circulação porta, responsável pela
metabolizações dos alimentos.
O envelhecimento leva a uma diminuição da absorção intestinal acompanhada da redução
da excreção dos catabólicos. Não permitir que o idoso pratique uma atividade se estiver em
jejum ou que ocasione desconforto.
Etapas do Envelhecimento
Idade do meio ou crítica
Senescência gradual
Velhice
Longevo
Fatores a serem trabalhar na Atividade Física na Terceira Idade
Reeducação postural
Força muscular
Mobilidade articular
37
Equilíbrio
Coordenação
Capacidade aeróbica
Respiração
Relaxamento
Em um programa de Atividade Física par a terceira Idade, deve-se dar ênfase ao esquema
corporal. O importante é a reeducação das funções diárias; subir e descer escadas segurar-se
em um ônibus, colocar os sapatos, pentear os cabelos, vestir o casaco. Recomenda-se que o
programa seja realizado no período da manhã devido á não-predisposição de estresses
psicológicos e físico. O idoso predisposto às agressões do meio torna-se improdutivo, não se
beneficiando internamente com a atividade. A duração da aula varia em torno de 60 minutos,
mais 15 ou 20 minutos de interação social, palestra, debate ou outra atividade escolhida pelo
próprio grupo.
O idoso tem dificuldade em verificar sua própria freqüência cardíaca devido á falta de tato
e á interferência dos movimentos respiratórios. O aconselhável seria o controle individual
pelo professor, o que se torna difícil execução quando o objetivo é determinar a freqüência
cardíaca num determinado momento do trabalho e sua recuperação. Todo e qualquer jogo
recreativo pode ser adaptado ao idoso, pois este molda-se quanto á cultura e tradições dos
grupos. O grau de instrução influencia na dificuldade e compreensão dos jogos quando esse se
utilizam da leitura ou da escrita.
Nos jogos de movimentos e atividades recreativas, observar mudanças de direção bruscas
podem ocasionar mal – estar, podendo levar o indivíduo a uma queda. As pausas devem ser
respeitadas; quando o grupo demonstrar cansaço é necessário alterar o ritmo da aula ou
executar uma pausa para recuperação fisiológica.
Quando o grupo de idosos possui indivíduos com pontecialidades muito diferentes uma
das medidas que o professor pode assumir é de colocar uma dificuldade a ser cumprida, no
decorrer do jogo. Um importante método a ser utilizado é a volta calma porque a atividade
imposta naquele dia e a sua associação ás atividades do dia a dia, além de exercícios de
relaxamento parcial e total, automassagem e expressão corporal.
Os movimentos respiratórios devem ser evitados devido ás diferenças patológicas dos
indivíduos ou pelo próprio processo de envelhecimento ser diferente entre as pessoas do
grupo. As longas caminhadas fazem bem ao idoso, desde que o idoso possua um bom
esquema corporal e que suas passadas sejam fluentes e ritmadas. Seu calçado deve ser
38
flexível, com sola anti-derrapante e de uma espessura suficiente que proteja os pés das
irregularidades do solo, suas roupas devem ser confortáveis e absorventes. O andar de
bicicletas, para aqueles que adquiriram o hábito do percurso de sua vida, devem ser
incentivado orientando apenas o local que deve possuir pista própria para bicicleta, pois os
reflexos se tornam mais lentos, assim como os sentidos, evitando dessa forma uma possível
acidente.
A natação contribui de várias maneiras para o bem - estar do idoso. Para aquele que
domina os movimentos na água é uma das melhores formas de aumentar a capacidade
cárdiorrespiratória. O idoso, por mais apto que esteja para executar uma atividade física
sozinho (andar, correr, nadar, etc) deve sempre fazê-lo em grupo.
Um dos objetivos da atividade física para a terceira idade é a sociabilização, participação,
reintegração no processo da vida. O idoso deve cultivar outras formas de lazer além da
atividade física. Conservar hábitos tradicionais e regionais, como canções, jogos, festas e
repassar para gerações futuras. Sempre orgulhar – se de suas capacidades de aprender coisas
novas e continuar construindo em um mundo novo.
Nós professores, não devemos esquecer que o idoso possui a ensinar do que aprender,
nunca devemos considera suas queixas, orientar é o papel do professor, respeitar suas
limitações orgânicas, saber ouvir mais e falar com respeito e analisar a estrutura orgânica do
idoso em todos os seus aspectos sociológico, psicológico e biológico. Não se pode evitar o
envelhecimento. No entanto pode-se exercer influência sobre a maneira de como envelhecer.
Envelhecer significa enriquecimento espiritual e uma vida aprazível. Pode-se prever que as
pesquisas das décadas futuras fornecerão critérios mais objetivos e uma visão mais
esclarecedora quanto á conduta dos diferentes profissionais em relação ao idoso.
Diante da realidade notada nos dias de hoje, onde a terceira idade evidencia uma etapa
ocupada por uma grande parte de nossa sociedade. O ser humano é imprevisível. No século
XXI, a juventude deverá começar lá pelos 40 anos e a velhice a partir dos 80 anos.Não sei se
isso vai ser bom ou ruim.Vai ser um outro tempo. Viver é um eterno mistério. Acredito que o
corpo é o caminho real para se chegar à alma. A velhice está associada à sabedoria. A velhice
é sempre o momento do cristão convicto se preparar a abandonar e cuidar de sua salvação no
outro mundo. Afinal, mesmo jovem, o corpo era um farrapo humano. O que interessava era a
salvação. No século XIX que vão começar a ser constituir as duas ciências, cristalizadas no
século XX: A gerontologia (que estuda o processo fisiológico do envelhecimento) e a geriatria
(que trabalha das enfermidades da velhice).
39
A indústria da beleza vende a eterna juventude e nega a velhice, vende a aparência e nega
o interior; vende o corpo e camufla a alma. A sociedade só se preocupa com o indivíduo na
medida em que este rende. Quando compreendemos o que é a condição dos velhos, não
podemos contentar-nos em reivindicar uma “política da velhice” mais generosa, uma elevação
das pensões, habitações sadias, lazeres organizados.
A velhice nasce com o homem e é resultado de sua infância, de sua juventude, de sua
maturidade, enfim, de toda a sua trajetória biológica e espiritual neste planeta. É urgente
começar a viver a vida que desejamos, sonhamos e merecemos realizar do corpo inteiro e a
alma eternamente livre e atividade física na terceira idade.
De acordo com os gerontologistas, o processo de envelhecimento começa desde o
momento da concepção, sendo então a velhice definida como um processo dinâmico e
progressivo onde há modificações tanto morfológicas como funcionais, bioquímica e
psicológicas que determinam a progressiva perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao
meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos
patológicos que culminam por levá-los à morte.
O processo de envelhecimento não é um processo unilateral, mas a soma de vários
processos entre si, os quais envolvem os aspectos biopsissociais. O processo biológico é
caracterizado por transformações progressivas e irreversíveis em função do tempo.
O aspecto psicológico é evidenciado por um processo dinâmico e extraordinariamente
complexo muito influenciado por fatores individuais que se iniciam com um declínio lento e
depois acentuado das habilidades que o indivíduo desenvolva anteriormente.
Sociologicamente, a idade não significa apenas um espaço de tempo, mas uma categoria, uma
atividade sócio-econômica, modo diferente de vida, características pessoais, objetivos e
conflitos de natureza variável, sentimentos positivos e negativos. O organismo declina quando
suas chances de subsistir se reduzem. Em todos os tempos, os homens tornaram consciência
da fatalidade dessas alterações.
40
CAPÍTULO IV
QUE FAZER COM NOSSOS VELHOS?
Segundo Revista do Jornal o Globo (2005), os idosos no Brasil são 16 milhões - em 2020
serão 31,8 milhões. A expectativa de vida é de 67,2 anos para homens e 70,9 para mulheres
(em 1950 era de 50 anos). Para Ursula Karsch, pesquisadora da Puc/SP, 40% dos que tem 65
anos ou mais precisam de ajuda para tarefas como fazer compras, cuidar de finanças, cozinhar
e limpar a casa e 10% necessitam de auxílio para coisas mais simples, como tomar banho e ir
ao banheiro.
O cuidado familiar é importante, mas há velhos que não tem família, outros são pobres e
os parentes precisam trabalhar. Idosos estão cuidando de idosos! E os cuidadores estão
doentes diz Ursula, lembrando que os entrevistados 40,7% tinham dor lombar, 39% depressão
e 37% hipertensão. Em 1980, segundo o IBGE, existiam 16 idosos para cada cem crianças,
em 2000 essa relação dobrou.Em muitos lares a renda dos velhos é essencial para o sustento
da família. De acordo com o censo 2000 o rendimento médio mensal dos idosos cresceu 63%,
passando de R$403 para R$657. São nesses casos que o idoso se torna mais valioso para a
família - diz Ursula.
Pesquisas mostram que os homens acima de 60 anos, que vivem no Rio, são vulneráveis a
acidentes de trânsito, aos homicídios e cometem mais suicídios. Já as mulheres estão mais
propensas a quedas. São consideradas pessoas na terceira idade aquele segmento da sociedade
referenciado principalmente na chamada política Nacional do Idoso definido pela Lei Federal
nº 8842, de 4 de Janeiro de 1994,que em seu artigo 2° reza “Considera-se o idoso, para os
efeitos desta lei, a pessoa maior de sessenta anos de idade” trabalhamos com esta
classificação, embora a ONU considere idosos as pessoas a partir de 65 anos.
O crescimento demográfico da população idosa tem sido divulgado por vários meios e, se
não for corretamente interpretado, poderá proporcionar ainda mais problemas sociais nas
próximas décadas. Em 1980, 48% da população idosa do planeta estavam nos chamados
países em desenvolvimento, América Central e do Sul, África e Ásia, atingindo algo em torno
de 300 milhões de pessoas. A previsão para 2025 é assustadora, pois 72% da população idosa
estarão nos países em desenvolvimento, atingindo a cifra de 1 bilhão e 120 milhões de
pessoas. Um dado assustador em termos de realidade social brasileira. A palavra lúdica no
nosso dicionário escolar da Língua Portuguesa quer dizer relativo a brinquedos, jogos, sem
mira de resultados materiais. O lúdico seria fundamentalmente experienciável, vivido,
depende de como cada indivíduo o experimenta para ser isso ou aquilo. Este é um objetivo
41
possível do trabalho com a terceira idade: aumentar a autonomia dos idosos através do
trabalho com o movimento humano enfocado a partir da perspectiva lúdica.
A grande discussão para nós professores, é a meu ver a descoberta que não existem
brinquedos ou atividades que “magicamente” carregam consigo uma ludicidade embutida.
Existe sim atitudes brincalhonas, fundamentalmente porque o lúdico se dá em cima de valores
que são construídos por quem livremente adere às propostas.
O idoso encontra-se numa situação inédita: ele dispõe para si de um tempo inesgotável,
que pode ser desfrutado da maneira que quiser. Nossos velhos, ao contrário, possuem um
grande potencial a ser desenvolvido, seja pela falta de experiência pregressas que não lhe
foram ofertadas, seja pela possível timidez a ser combatida.
Outra questão importante na terceira idade é “resgatar” a ludicidade dessas pessoas.
Nossos velhos perderam a capacidade de criar, transformar as situações em momentos de
prazer, alegria, exatamente por sua construção vida afora; tudo enraizado num processo de
endoculturação, legitimado por uma pressão de ordem social muito grande e intensamente
maior do que o indivíduo.
A sociedade vê o idoso como aquela pessoa quando possível fazendo função decorativa
dentro de alguma casa, cuidando dos netos ou fazendo tricô. Hoje vemos nossos velhos
fazendo coisas imagináveis que antes não podiam fazer.Indo a bailes, participando de
movimentos, casando-se novamente etc...
Este trabalho nos leva repensar nossas próprias vidas, pois percebemos cotidianamente o
quão efêmera é nossa passagem. E no final das contas, ricos ou pobres, sábios ou ignorantes,
todos envelhecemos. Resta-nos a opção de definir como.
Dados do IBGE apontam que 20% dos lares brasileiros são chefiados por idosos. Uma
grande dificuldade que os idosos encontram é relação as calçadas que são muito alta para eles,
toda calçada deve ter no mínimo 1,20 metros de faixa livre. Nenhuma cidade cumpre isso. Os
semáforos são programados para uma travessia de 1,2 metro por segundo. O grande desejo da
maioria dos idosos é preservar a autonomia e qualidade de vida. A qualidade de vida dos
idosos está relacionada com a sua integração na sociedade. Não ficar sentado no sofá o dia
inteiro vale também para melhorar a qualidade de vida dos idosos que têm casa própria e
vivem com a família. Manter a mente ocupada é uma das receitas de longevidade eficiente.
Um outro acontecimento importante que acomete a mulher madura é o climatério, com a
ocorrência de menopausa e o encerramento do ciclo reprodutivo. O início do climatério ocorre
por volta dos 35 anos, momento de involução de alguns hormônios, e a menopausa se dá na
42
ocorrência da última menstruação. Tal acontecimento envolve um processo biológico que
induz a mulher, e também o homem, a uma nova realidade: o início do envelhecimento.
4.1 Envelhecimento e sedentarismo
A inatividade física mostra que um número sempre crescente de idosos estão vivendo
abaixo dos limites da capacidade física bastando qualquer doença intercorrente para se
tornarem dependentes. O estilo de vida sedentário na terceira idade pode induzir a maiores
desgastes no organismo do que o estilo de vida fisicamente ativo.
O treinamento físico pode imediatamente produzir uma profunda melhora das funções
essências para aptidão física do idoso.
A adaptabilidade à atividade física regular colabora para que haja menor destruição da
célula, acarretando a diminuição da fadiga e promovendo um aumento da performance e a
conseqüente economia de perda energética, durante o exercício.
É possível afirmar em relação à denominação do “envelhecimento fisiológico” que, suas
características são de pendentes de fatores relacionados ao histórico da vida da pessoa, que
englobam hábitos adquiridos durante a vida. Tais fatores demonstram que não que não se
observa o mesmo desempenho físico na pessoa ativa e na pessoa sedentária. Faz-se notório
que maus-hábitos adquiridos durante o processo de vida, podem alterar a saúde levando-nos a
confundir muitas das vezes os sintomas com o processo do envelhecimento.
Destaca como objetivo principal da atividade física na terceira idade é o retardamento do
processo inevitável do envelhecimento, através da manutenção de um estado suficientemente
saudável, senão perfeitamente equilibrado, que possibilite a normalização da vida do idoso e
afaste os fatores de riscos comum na terceira idade.
Enfim, à medida que os benefícios da atividade física estão relacionados com uma
alimentação adequada e balanceada, controle do consumo de bebidas alcoólicas, isenção de
hábitos de tabagismo, hora de sono adequada, práticas apropriadas podem vislumbrar um
grande número de idosos saudáveis.
A atividade física para a terceira idade é importante, pois cria um clima descontraído,
desmobiliza as articulações e aumenta o tônus muscular, proporcionado maior disposição para
o dia-a-dia. Observações demonstram que os idosos se mostram angustiado por problemas
que envolvem a saúde. A partir do momento em que esta é atingida, nasce a preocupação de
tornar-se incapacitado, transformando-o num indivíduo desmotivado e sem interesses,
atingindo-o psicofisicamente.
43
É importante considerar que havendo a pratica de atividades físicas respeitando a
individualidade biológica favorece o prolongamento da vida. Tudo na velhice envolve
amizades, visitas a amigos, parentes, passeios, eventos, viagens, excursões, encontros, enfim
atividades que englobem uma forma de relacionar-se com outras pessoas.
Em certas situações, as esperanças e expectativas, de agradáveis se tornam inúteis se o
corpo condutor fracassar. A atividade física direcionada para a terceira idade, é um exemplo
que irá contribuir para o prolongamento do tempo de vida fazendo com que o idoso não
permaneça sedentário, mas sim uma pessoa ativa, em progresso.
O idoso precisa de motivação e faz com que desenvolva a satisfação, a criatividade, o
ânimo, o bem-estar espiritual e a integração do aluno com as inovações. Promover a parte
social é muito importante após uma atividade física, pois sempre todos os alunos demonstram
interesses na importância da atividade funcional, havendo a fase social contribuirá para que os
alunos permaneçam sempre integrados, participantes e motivados em todos os
acontecimentos. Saber motivá-los nos momentos em que o idoso, ou grupo de idosos sugerem
a atividade proporciona alegria, aproximação pessoal.
É importante que o idoso seja visto como uma pessoa adulta, pois as pessoas idosas
gostam de ser levadas a sério, e serem respeitadas como adultos. Quando o idoso se torna
participante de uma atividade física, ele não busca somente a saúde, mas também a
sociabilização. O idoso deve ser chamado sempre pelo seu nome verdadeiro, e não por
apelidos como vovô, vovó, etc. Motivar o idoso é fazê-lo participante e atuante, através das
distrações e alegrias, levando-o a esquecer as preocupações, a sentir-se seguro e importante.
É indubitável, desde a gênese do homem até o seu presente momento histórico, a
preocupação com o envelhecimento está presente no pensamento de teólogos, filósofos,
cientistas, homens e mulheres comuns, enfim, em todos os que vivem e morrem neste planeta,
buscando através de gerações sucessivas, um sentido para a vida e uma explicação para a
morte.
Atualmente, a velhice é um desafio para todos os governos e para todos os seres que
sofrem, no corpo, a passagem inexorável do tempo. Estamos ficando velhos, mas nem os
governos, nem as famílias ainda estão preparados para enfrentar o envelhecimento. Nem
mesmo os velhos estão prontos para enfrentar os desafios da velhice.
Nesse sentido a Educação Física está chamada para a linha de frente desta batalha do
homem contra o tempo e para a sua harmonização biopsicossocial. Veremos a seguir algumas
sugestões de atividades de Dinâmica de Grupo.
44
a) Passeando em Grupo:
Objetivo: Estimular a descontração entre os membros do grupo. Diagnosticar o nível de
confiança entre os participantes.
Etapas:
A) O facilitador sugere aos participantes um passeio pela sala, em dupla;
B) Forma-se os 2 subgrupos- o A e o B;
C) Sugere-se aos componentes do subgrupo A a utilização de vendas;
D) Solicita-se também que os guias descrevam o ambiente aos seus pares;
E) Inicia-se a caminhada; o grupo B atuando como guias durante dez minutos;
F) Terminada a caminhada, invertem-se os papéis, os componentes do grupo A passam a
atuar como guias;
G) Exploram-se os sentimentos e emoções vivenciadas.
b) Cumprimentando com o Corpo:
Objetivo: Promover o relaxamento e descontração dos componentes do Grupo.
Etapas:
A) O facilitador solicita que os participantes fiquem deitados e de costas;
B) Solicita-se que fechem os olhos e visualizem o movimento das ondas do mar;
C) Vejam-se flutuando nesse mar;
D) Pede-se que sintam o movimento interno do próprio corpo e que inspirem e expirem;
E) Solicita-se que cada um cumprimente os demais através de alguma parte do corpo.
c) Buscando o meu Lugar:
Objetivo: Propiciar condições para o desenvolvimento da auto e heteropercepção.
Etapas:
A) O facilitador estimula os participantes a caminharem pela sala, observando todos os
objetos e detalhes do ambiente;
B) Solicita-se que cada um escolha:
a) Um local da sala para se sentarem, e
b) Um objeto que mais lhe chamou a atenção.
C) Estimula-se o grupo a refletir individualmente, silenciosamente o porquê dessas
escolhas;
45
D) Sugere-se a externalização das reflexões;
E) Pede-se que cada um crie uma história sobre o objeto e local escolhido;
F) Divide-se o grupo em duplas para o relato das histórias criadas.
46
CAPÍTULO V
SURGIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE
A origem da psicomotricidade remota a antiguidade, confunde-se com a história da
Educação Física. Surgiu na França no ano de 1950. Segundo Morizot (1982) aborda o que
pode ser considerado o primeiro momento da Psicomotricidade, refere-se à idéia de
Aristóteles (384 a.c), sobre dualismo corpo-alma.
O foco deste tipo de atividades são pessoas que, devido a alguma intercorrência, acabam
se colocando à margem das normas mentais, fisiológicas, neurológicas ou mesmo afetiva.
Segundo Werneck emprega pela primeira vez o termo composto psicomotricidade e,
posteriormente, inúmeros outros pesquisadores realizaram importante estudos, aos quais se
recorre até os momentos atuais. São eles: Gesell, Wallon, Piaget, Ajuriaguerra e Schilder.
Psicomotricidade é uma ciência que tem por objetivo o estudo do homem, através do seu
corpo em movimento nas relações com o seu mundo interno e externo.
Segundo A Juriaguerra, psicomotricidade é “a realização do pensamento através do ato
motor preciso, econômico e harmonioso”. Segundo Vítor da Fonseca “a psicomotricidade é
um meio inesgotável de afinamento perceptivo-motor que põe em jogo a complexidade dos
processos mentais, fundamentos para a polivalência preventiva e terapêutica das dificuldades
da aprendizagem”.
Cabe destacar que todos os estudos já realizados, os educadores e profissionais de
educação Física, dentre outros, tem a possibilidade de ver o indivíduo com algo indivisível,
integrado e inteiro. Wallon dá muita importância a relações afetivas do eu com o mundo
exterior, Piaget estuda de forma lógica a formação e a evolução da inteligência da criança,
Gesell utiliza um método descritivo para apreciar os diferentes estágios da evolução da
criança e sua inserção com o mundo. Podemos ratificar que somos seres em pleno
desenvolvimento e grande parte deste desenvolvimento é de nossa responsabilidade.
5.1 Educação psicomotora
A educação Psicomotora é indispensável nas aprendizagens. Para tal é necessário levar em
consideração que ela acontece desde o nascimento do indivíduo e perdura por todos os
momentos da vida do idoso.
A educação psicomotora é uma atividade pedagógica preventiva que propicia o
desenvolvimento da aprendizagem. A estrutura psíquica de um sujeito abrange, segundo
47
estudiosos com Freud e Lacan, o consciente e o inconsciente. Para Lacan é o imaginário,
gerador dos conflitos das pulsões e da realidade, onde acontecem os processos primários –
prazer e desprazer.
5.2 Real e imaginário
Na educação psicomotora que lida com o real, as características são objetivas, racionais:
dizem respeito a forma, ao peso, a cor.
Já a educação psicomotora que lida com o imaginário, as características são subjetivas,
dependentes da problemática de cada indivíduo.
Na prática psicomotora esses comportamentos podem ser observados, interpretados e
analisados.
O corpo no real é cobrado em nível de organização, postura, esquema corporal e no
inconsciente ele pode ser o EU, ou NÃO-EU, ele tem ou assume uma identidade. O ser único
é integral, com suas vivências no real e no imaginário, percebê-lo apenas por uma ótica, e está
observando apenas parte desse sujeito.
O educador deve esgotar as observações, verificar se há permanência ou não das atitudes
suspeitas, investigar a história acadêmica e familiar desse sujeito (anamnese), promover
encontros de observação com a família, dentre outros. Dessa forma, o educador conhecerá as
etapas de desenvolvimento em que os idosos se encontram.
O indivíduo parte dos exercícios mais fáceis para os mais delicados, repetindo sempre que
se fizer necessário. Existem exercícios de educação psicomotora que são classificados em
etapas de aquisições, segundo a idade ou nível do idoso.
A educação psicomotora tem como objetivo ajudar o idoso a perceber melhor o seu corpo,
dominar seus movimentos para uma melhor expressão corporal, orientar seu corpo no tempo e
no espaço. A variedade de jogos ou exercícios é muito importante, pois fazem com que os
idosos manipulem materiais de todas as espécies e vivam diferentes experiências.
A terapia psicomotora irá aperfeiçoar as possibilidades percepto-motoras e a correção de
suas alterações. O aperfeiçoamento terapêutico irá auxiliar ao indivíduo a ser o que ele é
capaz de ser, considerando sua unidade como pessoa. A intervenção psicomotora situará ao
nível global na tentativa de modificar toda uma “atitude” em relação ao seu corpo
(respeitando as diferenças individuais baseadas no desenvolvimento psicossocial).
A abordagem psicomotora objetiva a tomada de consciência corporal, uma vez que toda
relação corporal implica numa relação psicológica e o movimento não é um processo isolado,
estando em estreita relação com a conduta e a personalidade.
48
A utilização do corpo, com seus movimentos e sua expressividade, através de uma
linguagem pré-verbal, mostram os conflitos e as dificuldades na relação EU-OUTRO-
OBJETO, a serem resolvidas ou minimizadas.
A ação de diagnosticar leva atrasos psicomotores ou características da personalidade,
através do corpo e de seus movimentos. O idoso vive situações afetivas e emocionais, o
terapeuta não tratará do sintoma diretamente, através de jogos regressivos e dos jogos
simbólicos, ele trabalhará o contexto relacional, afetivo-verbal e corporal-verbal, vivenciando
e estabelecido.
Outras técnicas usadas nas atividades terapêuticas são o relaxamento as atividades livres,
lúdicas e ordenadas. Dentro da própria terapia existem ainda linhas diferentes de atuação, no
qual uns trabalham com a transferência e contra – transferência e outros não.
Na reeducação psicomotora a atuação do reeducador privilegia as expressões livres,
harmônicas e econômicas do corpo. Se utiliza do exame psicomotor onde a atitude do
examinador é mais importante do que o método em si. A metodologia se apóia na
sistematização, no nível de idade e nos riscos – reforço do problema. O resultado do exame
dependerá dos sintomas apresentados e da qualidade da relação estabelecida.
Algumas práticas reeducativas são: técnicas específicas, exercícios psicomotores e jogos e
o trabalho direto com o sintoma observado no exame psicomotor e pelas falhas.
5.3 Reeducação diretiva
O reeducador tem uma posição de decidir sobre a estratégia e o método a adotar. Ele
necessita ter grande capacidade de escuta e compreensão do idoso. Segundo Fontaine(1980)
diz “ A reeducação embasa sua eficácia no fato de que remonta ás origens, aos mecanismos de
base que estão na origem de vida mental, controle gestual e do pensamento, controle das
reações tônico-emocionais, equilíbrio, fixação na atenção, justa preensão do tempo e do
espaço”.
5.4 Reeducação não diretiva
O idoso, no caminho terapêutico, é que escolhe o caminho adequado, através de materiais.
Abaixo veremos algumas áreas e funções psicomotoras:
1. Esquema corporal: É uma intuição de conjunto ou um conhecimento imediato que
temos do nosso corpo em posição estática ou em movimento, na relação das suas
diferentes partes entre si e, sobretudo nas relações com o espaço e os objetos que nos
circundam.
49
2. Tônus: É uma tensão dos músculos, pela qual as posições relativas das diversas partes
do corpo são corretamente mantidas e que se opõe as modificações passivas dessas
posições. É uma atividade primitiva e permanente do músculo. O estado tônico é uma
forma de relação com o meio que depende de cada situação e de cada indivíduo. O
tônus pode se encontrar ligado às funções de equilibração e com as regulações mais
complexas do ato motor assegura a repartição harmônica das influências facilitadoras
ou inibidoras do movimento.
3. Dissociação de movimentos: É a capacidade de individualizar os segmentos corporais
que tomam parte na execução de um gesto intencional.
4. Coordenação global: É a colocação em ação simultânea de grupos musculares
diferentes, com vistas a execução de movimentos amplos e voluntários, envolvendo
principalmente o trabalho de membros inferiores e do tronco.
5. Motricidade fina: É o trabalho de forma ordenada dos pequenos músculos. Englobam
principalmente a atividade manual e digital, ocular, labial e lingual.
6. Organização Espacial e Temporal: É a capacidade de orientar-se em espaço físico e de
perceber a relação de proximidade de coisas entre si. Refere-se as relações de perto,
longe, em cima, embaixo, dentro e fora. Temporal: É a capacidade de relacionar ações
de a uma determinada dimensão de tempo, no qual sucessões de acontecimentos e de
intervalo de tempo são fundamentais. A psicomotricidade solicita a associação de
espaço e tempo conjuntamente, no desenvolvimento de ações num determinado espaço
físico e numa seqüência temporal.
7. Ritmo: É a organização específica, característica e temporal de um ato motor.
8. Lateralidade: É a capacidade de se vivenciar as noções de direita e esquerda sobre o
mundo exterior, independente da sua própria situação física.
9. Dominação Lateral: É o predomínio ocular, auditivo e sensório-motor de um dos
membros superiores e inferiores, que deve ocorrer em todas as pessoas, e é
determinada por uma carga inata e por influências de ordem social.
10. Equilíbrio: É a capacidade de manter sobre uma base reduzida de sustentação do
corpo, através de uma combinação adequada de ações musculares e sob influências de
forças externas.
11. Relaxamento: Fenômeno neuromuscular resultante de uma redução de tensão
muscular. Diferencial: Descontração de grupos musculares que não são necessários a
execução determinado do ato motor específico. Segmentar: Designa o relaxamento
alcançado em partes do corpo.
50
5.5 Terapia Psicomotora
A diferença entre o reeducador e o terapeuta está no foco do problema. O terapeuta da
psicomotricidade exerce sua prática numa estrutura em que o contato terapêutico com o
paciente está claro, como em centros médicos psicopedagógicos, em hospitais psiquiátricos ou
estabelecimentos especializados em psicomotricidade.
A prática psicomotora possui atualmente seus próprios fundamentos teóricos: é uma
disciplina educativa, reeducativa e terapêutica totalmente independente. Ramos (apud
Navarro,1978) comenta que “a reeducação psicomotora leva associada a noção de terapia
psicomotora, mas a segunada se estabelece mais em problemas lingüísticos que objetivos”.
51
CAPÍTULO VI
SURGIMENTO DA DINÂMICA DE GRUPO
Apareceu pela primeira vez nos Estados Unidos. Em 1944-1945 Kurt Lewin consagra
oficialmente o termo Dinâmica de Grupo, surgindo assim uma nova ciência de Integração
humana. A dinâmica de grupo, centrada nas variáveis psicológicas e sociológicas, trouxe uma
nova amplitude para o conceito do homem para uma visão psiossociológica . O simples
encontro de pessoas para buscar qualquer objeto grupal é uma dinâmica de grupo. A seguir
alguns objetivos de trabalho com grupos:
Aumentar a coesão do grupo;
Aumentar as transformações no grupo, fazendo-o crescer em igualdade harmônica
de relacionamento interpessoal;
Desinibir a capacidade criadora dos participantes, levando-os a se tornarem
bastante desenvoltos.
A sociologia é criada oficialmente por Augusto Comte no final do século XIX. Segundo a
tória de Lewin contribuiu para reviver o conceito do homem como um complexo campo de
energia, motivado por forças fisiológicas e conduzindo de maneira seletiva e criadora.
Segundo Moreno para se conhecer a dinâmica de um grupo, é importante determinar antes
a sociometria desse grupo. Por volta de 1912, Jacob Levy Moreno, um jovem estudante de
medicina acabava de opor-se a Sigmund Freud começou a combater a psicanálise. Moreno
volta-se para os problemas das relações profundas, verdadeiras, significativas entre os seres
humanos, enfatizando a relação afetiva, viva de compreensão e comunicação completas, nos
dois sentidos, baseada na empatia entre o EU e o OUTRO. Foi Carl Rogers foi quem primeiro
realizou atividades com grupos, através do processo terapêutico denominado “cliente-
centered-therapy”.
Segundo o dicionário de saccconi é “um conjunto de forças sociais, intelectuais e morais
que produzem atividades e mudança numa esfera específica”. Para existir um grupo deve
primeiro definir-se como grupo. O grupo é formado por procedimento específico que define a
inclusão grupal ou social. Para se ter um grupo é importante criar vínculos afetivos entre seus
membros.
Os sentimentos que as pessoas tem uma pela outra são importantes e merecem uma
atenção especial. Os grupos afetivos da família e sociais caracterizam os padrões de afeto. É
52
importante o idoso ser uma pessoa distinta, ter uma identidade constitui-se aspecto essencial
da necessidade de inclusão.
Outro importante fato de uma inclusão dentro de um grupo é o afeto que ocorre somente
em pares e não entre uma pessoa e o grupo, como acontece na inclusão. O grupo enquanto
organismo vivo necessita de fatores motivacionais e interpessoais para manutenção do
equilíbrio e processo de crescimento de cada um.
No desenvolvimento de um grupo, precisam ser considerados os aspectos de
personalidade de seus membros com relação das dimensões de dependência (autoridade) e
interdependência (intimidade), como objetivos do grupo, contexto físico-social. Cada grupo é
regido com o tempo. A seguir algumas dinâmicas de grupo:
Dinâmicas de Apresentação;
Dinâmica de Integração e Conhecimento;
Dinâmicas de sensibilização;
Dinâmicas de Reflexão e Aprofundamento;
Dinâmica de Aquecimento e Recreação;
Dinâmica de Aprendizagem;
Dinâmica de Desafios;
Dinâmica de Avaliação
Estórias & Fábulas
Dinâmica de Relaxamento.
As mudanças de um grupo podem abranger diferentes níveis:
O cognitivo (informações, conhecimentos);
O emocional (emoções, sentimentos e gostos);
O atitudinal (percepções, conhecimentos, emoções e predisposição para a ação
integrada);
O comportamental (atuação e competência).
O idoso dentro de uma dinâmica de grupo precisa de toque e afeto. Abraçar é... Segurar,
envolver alguém com os braços, especialmente de modo afetuoso, manter próximo. É uma
forma de carinho, de apoio e compreensão.
53
Os profissionais tentaram codificar processos e descobrir princípios gerais para lidar com
grupos e escreveram alguns dos primeiros e mais significantes trabalhos sobre o assunto.
Segundo Kurt Lewin usou a expressão Dinâmica e começou a pesquisar grupos, seu objetivo
era ensinar às pessoas comportamentos novos, através de dinâmica de grupo, há uma
substituição do método tradicional, no qual havia uma transmissão sistemática de
conhecimentos pela dinâmica de grupo.
Na dinâmica de grupo o comportamento e as atitudes individuais serão mudados num
trabalho de grupo, isto porque, os participantes se sentirão profundamente sensibilizados pelo
que lhes será apresentado, por sentirem e observarem processos que eles aprenderão a
conceituar.
No campo da pesquisa obterão conhecimento a respeito da natureza dos grupos, das leis
de seu desenvolvimento e de suas inter-relações com os indivíduos, outros grupos e
instituições mais amplas, e sobre as forças psicológicas e sociais a eles associadas ao ramo do
conhecimento ou uma especialização intelectual.
A psicologia se interessa pelo comportamento humano e pelas relações sócias e
desempenho de papéis, jogos, discussões, observações e feedback de processos coletivos
muito usados em programas de educação, treinamento, sensibilização, a fim de desenvolver
habilidades em relações humanas e facilitar o aprendizado.
É relevante destacar que atualmente existem diverso tipos de dinâmica de grupo, porém
esta tese se reterá em dez tipos de dinâmica existente e suas características mais marcantes.
São elas:
• A dinâmica de Apresentação são apropriadas com fins de desinibir os participantes
visando facilitar o entrosamento. Devem ser utilizadas prioritariamente no início da
atividade.
• A dinâmica de Integração e Conhecimento são voltadas para grupos que já iniciaram as
atividades, a fim de aprofundar o entrosamento do grupo. Esse tipo de dinâmica contribui
para a diminuição das tensões e facilitam na mudança de uma determinada atividade à
outra.
• A dinâmica de Sensibilização são utilizadas quando o que se está querendo priorizar são
momentos para reflexão, visando a atenção de todos para um mesmo enfoque.
• A dinâmica de Reflexão e Aprofundamento são utilizadas com finalidade de expressar
ou refletir sobre um determinado tema ou problema relacionado com o encontro.
• A dinâmica de Aquecimento e Recreação tem por objetivo animar e aquecer os
participantes do grupo.
54
• A dinâmica de Aprendizagem visa estimular o raciocínio e exercitar a percepção.
• A dinâmica de Desafios tem por fim aguçar a imaginação, a criatividade, testar os limites
e estimular a quebra de possíveis barreiras.
• A dinâmica de Avaliação buscam aferir o processo e o resultado do grupo. Podem ser
realizadas durante a realização do grupo ou ao seu término.
• Nas Estórias & Fábulas o objetivo principal é o de enriquecer algum tema que está sendo
abordado seja na abertura ou no encerramento de eventos como, reuniões, palestras,
cursos e congressos.
• A dinâmica de Relaxamento tem por fim relaxar e descontrair o grupo. Podem ser
utilizadas todas as vezes que o dinamizador perceber que o grupo está cansado, disperso,
mesmo que está constatação ocorra em meio a uma discussão ou plenária.
Diante disso, é possível afirmar que dinâmica de grupo atua como desinibidor da
capacidade criativa dos participantes, levando-os se tornarem mais desenvolvidos,
aumentando a coesão e transformando o pontecial do grupo, fazendo com que haja um
crescimento harmônico do relacionamento inter-pessoal.
Cabe ressaltar ainda que, dentro de um grupo sempre haverá um líder chamado facilitador,
no qual a partir da escolha do grupo, terá que compreender os problemas, as atitudes e
principalmente ouvir atentamente se preciso cada integrante, isto é, saber entender as
necessidades e obrigatoriedades do grupo e tentar apaziguar os momentos de tensões, caso
haja atitudes agressivas e ou xingamentos, da melhor maneira possível sem deixar que o stress
afete ao grupo inteiro.
6.1 Tarefas desenvolvimentistas para o desenvolvimento sem
obstáculos
A teoria de Havighurst tem implicações para todas as faixas etárias. Sua teoria é de
particular importância para educadores porque descreve momentos favoráveis ao ensino, nos
quais o corpo e a mente da pessoa estão prontos para realizar certa tarefa.
Segundo Havighurst sugeriu seis períodos de desenvolvimento:
• Período neonatal e Primeira infância (nascimento até os 5 anos),
• Média infância (dos 6 aos 12 anos);
• Adolescência (dos 13 aos 18 anos);
• Início da Idade Média (dos 30 aos 60 anos);
• Maturidade Posterior (mais de 60 anos)
55
Na maturidade posterior ajusta-se ao declínio da força e da saúde, à aposentadoria e á
redução de renda, a morte do cônjuge, estabelecer relações com seu próprio grupo etário,
satisfazer obrigações cívicas e sociais e estabelecer condições satisfatória.
O processo de desenvolvimento é comumente considerado como hierárquico, isto é, o
indivíduo passa do geral ao específico e do simples ao complexo na obtenção do domínio e de
controle sobre o seu meio ambiente. A teoria de fase de estágio de Erik Erikson, a tória de
marco desenvolvimentista de Jean Piaget é a teoria de tarefa desenvolvimentista de Robert
Havighurst tornam explícito que o organismo humano em todos os aspectos de seu
desenvolvimento está sempre em movimento de formas de existência comparativamente
simples para níveis de desenvolvimento mais complexos e mais sofisticados.
Os primeiros cinco estágios da teoria de Erikson dizem respeito ao período da pré-infância
até a adolescência. Os últimos três estágios enfocam as fases do início, metade e final da
idade adulta.
A teoria de Levinson incorpora quatro “eras” ou estações da vida de um indivíduo.
Estruturas de tempo sobrepostas entre as eras são denominadas “períodos de transição”. As
quatros eras desenvolvimentistas são a infância e adolescência (do nascimento até aos 22 anos
de idade), início da idade adulta (de 17 aos 45 anos de idade), meia- idade (de 40 aos 60 anos
de idade), e velhice (60 anos e acima disso).
No período inicial de transição adulta, o relacionamento entre membros da família e
amigos altera-se quanto ao desejo de a pessoa obter maior individualismo e à sua necessidade
de encontrar uma posição no mundo adulto. Ao entrar na idade adulta, o indivíduo começa a
estabelecer e a criar sua família, a escolher uma ocupação relacionada aos seus potenciais e a
perseguir ambições que tenham sido cultivadas ao longo dos anos. Ao atingir a transição da
meia-idade, os adultos começam a enfrentar algumas questões difíceis do passado, do
presente e do futuro. Preocupações sobre o lento progresso em direção ao alcance dos
objetivos originais podem surgir e dúvidas sobre as oportunidades futuras podem
desenvolver-se. Sinais físicos de envelhecimento começam a aparecer. Desenvolvem-se
alterações na visão e os níveis de aptidão física declinam e começam a limitar a quantidade de
atividade na qual os indivíduos estejam envolvidos. Na transição da meia-idade, Levinson
observa que os adultos redefiniram seus objetivos baseados em situações anuais ou começam
a experimentar a estagnação.
56
6.2 Desenvolvimento psicossocial em adultos
Vários aspectos da área motora influenciam o estado psicológico e as características
sociais de um adulto:
• Declínio progressivo no desempenho motor;
• Decréscimo na força muscular;
• Inabilidade em desempenhar tarefas caseiras representam condições da área motora que
podem influenciar negativamente as perspectiva psicológicas e interações sociais do
adulto.
Em numerosas situações, a área motora interage com a área psicossocial. Quando o
indivíduo eleva a sua auto-estima e sua imagem corporal ou quando adultos reúnem-se, muito
cedo, para caminhadas no estacionamento de um shopping center, vemos as influências
positivas do desempenho motor no comportamento psicossocial.
Quando indivíduos com funções motoras danificadas têm de ser admitidos em instituições
de cuidados para idosos e ficam deprimidos ou inseguros, vemos as influências negativas. O
desenvolvimento a manutenção e a perda de relacionamentos, o conceito da aposentadoria e o
envelhecimento são experiências de socialização freqüentemente enfrentadas pelos adultos à
medida que envelhecem.
Cientistas sociais concentraram-se em duas abordagens: a teoria da atividade e a teoria da
independência, para ajudar a descrever o processo ideal de envelhecimento e as relações com
outras pessoas (Dacey e Travers, 1991).
Outro aspecto a ser comentado é a aposentadoria que algumas pessoas saboreiam, outras
toleram e, ainda outras ressentem-se dele. Assim que chega a aposentadoria é denominado a
fase da lua-de-mel. Nesse período o aposentado obtém grande sentimento de gratificação pelo
seu tempo livre adquirido. Recém-aposentados podem inclinar-se a compensar
excessivamente as oportunidades que não puderam aproveitar anteriormente em suas vidas.
O pico eufórico experimentado na fase de lua-de-mel é seguido por um período de
desânimo chamado fase de desencantamento. O aposentado pode achar necessário depender
de outras pessoas, por causa do declínio da saúde, habilidades físicas, ou finanças. Neste
último caso, pode ser necessário retornar ao trabalho, que determina o término do período da
aposentadoria.
Outro fenômeno social que os adultos enfrentam à medida que avançam em anos é a
noção preconceituosa de envelhecimento, que envolve estereótipos (negativos ou positivos),
ou discriminação contra adultos mais velhos com base em preconceitos (Rybeah e
colaboradores, 1991).
57
A noção preconceituosa do envelhecimento representa, em seu melhor aspecto, a um nível
de ignorância sobre o valor individual de cada pessoa de idade avançada, em seu pior aspecto,
um instrumento destrutivo que pode prejudicar as oportunidades e até as vidas de adultos mais
velhos. Tem sido proposto que o conceito de envelhecimento bem sucedido requer os
componentes de sobrevivência (longevidade), saúde (ausência de incapacidade), e satisfação
com a vida (felicidade) (Palmore,1979).
Os indicadores significativos de envelhecimento bem sucedido, tanto para homens quanto
para mulheres, incluíam as características da área motora de funcionamento físico e o número
de atividades físicas. Tanto Erik Erikson quanto Daniel Levinson projetaram estruturas
teóricas para a conceituação de desenvolvimento adulto psicossocial.
Fatores como um sentimento de bem-estar, imagem corporal, posição de controle e
depressão podem ser influenciados pelo envolvimento de um adulto em atividade física. A
manutenção de um estilo de vida fisicamente ativo pode também provar ser benéfica no
alcance de um sentimento de integridade nos últimos estágios do desenvolvimento
psicossocial.
O estado de saúde, os níveis de atividade física são também reconhecidos como
indicadores de longevidade e envelhecimento bem sucedido. O conflito psicossocial básico da
velhice é a integridade do ego (estrutura da personalidade) e o desespero. É importante que
não só o idoso, como também a sociedade, passem a ver a terceira idade não como doença,
mas como um período em que diminuem somente as suas potencialidades.
A reeducação corporal é fator fundamental para o bem-estar desse idoso, a fim de que o
indivíduo envelheça de maneira que suas articulações estejam suficientemente bem
trabalhadas, sua mente bem equilibrada, sua sensibilidade bem aflorada, para que este possa
aproveitar esse momento de vida tão especial, em que o ser humano deveria ser sempre
premiado com o lazer e sabedoria, já que trabalhou sua vida inteira para conquista de um
espaço melhor no final de sua vida.
A morte é o fecho de um ciclo que começa com a separação do indivíduo do mundo intra-
uterino pelo nascimento e que termina com o retorno simbólico a um estado de paz e silêncio.
Analisando a situação social do idoso no Brasil, percebe-se a escassez de assistência e
respeito ao indivíduo da terceira idade que, ao contrário de senil, deveria ser considerado
sábio, tanto por parte do governo como das próprias famílias. Atualmente de forma geral, a
sociedade brasileira marginaliza as duas extremidades da vida: a infância e a velhice.
Em nossa visão profissional, ousamos em falar que na psicomotricidade e na educação
física atuais, é necessário termos em foco sempre os conceitos relacionais, saindo de
58
reducionismo da lógica formal para um enfoque holístico, mais sistêmico, em que os corpos
são vistos em interação com o meio, com o espaço, com os objetos e consigo mesmo.
Conforme Capra “precisamos, pois de um novo paradigma”, uma nova visão da realidade,
uma mudança fundamental em nossos pensamentos, percepções e valores. Segundo
Aucouturier & Lapierre (1986) que na prática psicomotora passamos por diferentes etapas da
comunicação, mas o essencial nesses modos de comunicação é a carga afetiva que se encontra
em baixo deles.
Na abordagem psicomotora que acreditamos, aplicamos e vivenciamos, damos a
importância significativa para a linguagem não-verbal. Vayer & Toulouse (1985) colocam
que “as comunicações não-verbais, linguagem do corpo e da ação, são as únicas que permitem
verdadeiramente restabelecer o diálogo com idosos quando eles se encontram em dificuldades
consigo mesmos”.
Segundo Wallon (1995) á afetividade é um valor funcional. Para ele, a afetividade “é o
resultado de sensações agradáveis e desagradáveis de sentimento de amor e ódio, que
determinam a conduta postural e dão ao corpo sua expressão”.
A afetividade é o elemento primordial da relação do indivíduo com o educador,
reeducador ou terapeuta, relação na qual esse indivíduo deve descobrir o valor de seu corpo,
suas possibilidades e limites dentro de um clima emocional favorável.
Outro fator contrário que encontramos é a agressividade na qual Ajuriaguerra (1980)
comenta que a agressividade faz parte do componente afetivo do homem. É nossa afirmação
no desejo de existir, nossa pulsão de vida. Toda vida é necessária agressiva na medida em que
se opõe a outras vidas, junto ás quais deve disputar seu espaço e seus meios de existência.
Os obstáculos surgem a cada momento e pela sua experiência vivida o idoso aprende a
superá-los ou suportá-los. O papel da psicomotricidade é dar condições que no futuro o idoso,
exerça livremente seu poder de agir sobre o meio, conservando a autonomia própria e
respeitando a do outro.
A corporeidade exerce papel importante no idoso que é a vivência do corpo, na relação
com o outro e com o mundo, condição básica para a qualidade de vida do indivíduo. Na
prática da psicomotricidade relacional é chamada de unidade corporal(Franch,1990). Santini
(1992) afirma: “A corporeidade humana deve ir mais além, precisa considerar a sensibilidade
afetiva, as emoções, os sentimentos, os impulsos sensíveis, o senso estético etc.
Num trabalho psicomotor no meio líquido com idosos, a proposta a ser apresentada deve
evoluir com a demanda do grupo. Segundo Berger(1988): “Nada está separado do nada, e o
59
que não compreenderes em teu corpo não compreenderás em nenhuma outra parte”. Vamos
respeitar os idosos como eles são, porque um dia seremos mais um.
6.3 A dinâmica das imagens
A consciência, segundo Damásio, pode ser entendida como uma entidade privada, um
fenômeno da primeira pessoa -“eu”- . Ela surge como um sentimento, um tipo especial de
sentimento. Isso quer dizer que a consciência não é um padrão visual, auditivo ou tato, nem
mesmo um padrão gustativo ou olfato.
A consciência não vê, não ouve ou cheira. Ela parece ser formada por algum tipo de
padrão de vários sinais não verbais dos estados do corpo. A partir da ação do corpo,
desencadeada pelas próprias imagens mentais, o ser humano transpõe sua solidão individual,
escolhendo a direção a ser seguida para tecer, justamente com o outro, os conceitos que tem
do mundo.
Desse modo, cada indivíduo preenche os seus vazios com novos conhecimentos
partilhados. Os velhos, por exemplo, podem optar por desistir definitivamente de fazer algo
porque não conseguem realizar tal atividade sozinhos ou aceitar a ajuda do outro que, algumas
vezes, se coloca disponível para auxiliá-los.
Quando a aparência física denúncia aos outros aspectos referentes à velhice, como cabelos
brancos, rugas, atitudes corporais, associada aos conhecidos atributos negativos, o velho sente
a força do conflito. Há um descompasso entre sua imagem do corpo - aquilo que acredita ser
ele mesmo - e o seu corpo físico - aquele que os outros vêem como sendo um corpo velho.
Por outro lado, a velhice também pode desvelar um outro pólo, dependente da perspectiva
do sujeito. Um pólo no qual pode mostrar que o envelhecimento é um processo, que fornece a
oportunidade de experimentar; de descobrir que a aparência física é apenas parte de um
aspecto, mas não a totalidade do ser; de descobrir que ser velho não é ser menos, e sim uma
outra forma de ser que completa a existência humana; de descobrir que mesmo que o sujeito
não venha a existir mais algum dia, poderá deixar marcas na história de outros que o sucede.
Em suma, para que seja possível o restabelecimento da autonomia corporal, é necessário
que haja uma redescoberta do corpo, conseguida através da reeducação dos sentidos que surge
a partir de novas experimentações. Somente quando o corpo é convidado ao agir é que poderá
haver mudanças de sua representação.
O movimento é essencial à unificação dos diferentes segmentos do corpo através dele nos
relacionamos com o mundo externo, o que nos torna capazes de sintetizar as diversas
sensações relativas ao nosso corpo. A motivação é a principal chave para o movimento
60
expressivo do corpo, realimentando a possibilidade de novas descobertas que dêem um
sentido pleno à vida.
O velho precisa manter o seu senso de pertinência para ter a certeza de estar sempre
conectado com o mundo. O desejo de morte entre alguns velhos está associado também aos
sentimentos de desesperança, desespero, e ao fato de acharem que são um peso para a família,
culpando a velhice e, principalmente, o corpo que não responde as suas necessidades. A morte
somente destrói o corpo físico, mas a imagem corporal permanece.
A imagem corporal introjetada mantém-se viva através de uma representação eterna.
Portanto, as imagens de outros corpos estarão registradas para sempre em nossa imagem
corporal. Assim sendo, mantemos a nossa história viva mesmo depois de sairmos de cena do
palco do mundo. É esse entendimento que dá a imagem corporal um ar de eternidade, que
transcende próprio espaço e tempo conhecidos por nós.
61
CONCLUSÃO
A atividade física praticada com regularidade proporciona aos idosos benefícios em suas
vidas. Outro aspecto importante é a constatação dos valores que estão sendo passados á
juventude. Eles crescem num mundo onde a competitividade evolui constantemente no qual é
necessário vencer a qualquer custo, e onde os que são mais produtivos são extirpados do
convívio social. Esquecem-se, entretanto que os idosos são fonte de sabedoria acumulada
durante suas vidas, além de serem pacientes, ternos e amorosos. Necessitam, porém de
atenção e carinho, pois sentem abandonados e improdutivos.
As famílias devem incentivar e apoiar a iniciativa dos mesmos em praticar algumas
atividades que praticada com regularidade proporciona aos idosos benefícios em suas vidas,
além de serem pacientes, ternos e amorosos necessitam, porém de atenção e carinho, pois se
sentem abandonados e improdutivos. Os proveitos da atividade manifesta redução do cansaço
e aumento da disposição para o trabalho tornam os indivíduos felizes. O idoso não deve ser
usado pela família para tomar conta de crianças por causa da falta de planejamentos dos pais.
É preciso dar aos mais velhos o direito de viverem etapas em suas vidas com liberdade.
Nessa idade a responsabilidade de criar os netos é um peso excessivo que acabam assumindo
por amor aos filhos e netos, mas com um desgaste acentuado pra eles. Expressões como
alegrias, tristezas, anseios e realizações são expostos e compartilhados pelo grupo e desta
forma se estabelece uma relação fraterna de grande valor para os mesmos nesta etapa da vida.
Cuidados com os idosos desenvolvem uma saúde melhor, eles sentem-se mais felizes e
dispostos para a vida, sua auto-estima aumenta, estabelece uma relação familiar e social mais
ampla e também mais profunda, tendo com isto uma melhor qualidade de vida. Com o
compromisso de atendimento aos anseios da população, as mudanças necessárias para uma
melhoria da qualidade de vida, que não é uma tarefa fácil.
A verdadeira educação física é de educar para a prática de atividades físicas regulares e
observância dos hábitos de higiene e alimentares durante toda a vida; o que gerará indivíduos
equilibrados e saudáveis para o convívio familiar e social. Com saúde e felizes, podem
desempenhar suas funções sociais como trabalhadores produtivos e cidadãos comprometidos
com o desenvolvimento da humanidade.
62
BIBLIOGRAFIA
BERGER, B.G; MACINMAA, A. D. Exercise and the quality of life. In SINGER, R. et al.
Handbook of researsh on sport psycology. New York: Macmillan, 1993. cap.34, p729-760.
CASTILHO, Áurea. Dinâmica do Trabalho de Grupo. Qualimark, 1998.
GALLAHUE, David e OZMUM, John.C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor-bebês,
crianças, adolescentes e adultos. Ed. Phorte, 2001.
LORDA, C.Raul, SANCHES, Carmen Delia. Recreação na terceira idade. Rio de
Janeiro:Sprint,1995.112 p.
MACHADO, Jociais Bueno. Estimulação, Educação e Reeducação Psicomotora como
atividades aquáticas, psicomotricidade-teoria e prática. Ed. Lovise, 1998.
MEIRELLES, Morgana A. E. Atividade física na terceira idade: uma abordagem
metodológica. 3ª ed. Rio de janeiro, 2000.
MEIRELLES, Morgana A. E. Atividade física na terceira idade: uma abordagem
metodológica. 2.ed. Rio de janeiro: Sprint, 1999. 109 p.
MONTEIRO, Pedro Paulo. Envelhecer. Ed. Autêntica, 2003.
MELLO, Alexandre Moraes. Educação Física. Jogos Infantis. Ed. Ibras, 4ª edição.
RAUCHBACH, Rosemary. A atividade Física na Terceira Idade. Analisada e Adaptada. Ed.
Lovise, 1990.
REVISTA DO JORNAL O GLOBO. A Cidade dos Idosos. Ano 1 n° 47, junho 2005.
REVISTA DO JORNAL O GLOBO. O que fazer com os nossos velhos. Ano 1 nº 26,
jan.2005.
63
RIOS, Luis Javier Chirosa, RIOS, Ignácio Jesús Chirosa, PUSCHE, Paulino Padial. La
actividade Física em la tercera Edad. Lestura Educácion Física y Desportes, Buenos Aires,
año 5, n.18, feb. 2000.
SANTOS, Santa M.P. Brinquedoteca – A criança, o adulto e o lúdico. Petrópolis. Ed.
Vozes,2002.
SOUZA, Solange Bertozi de Lazer, terceira idade e sua mútua relação. Conexão educação
esporte e lazer, Campinas, v. 1, n 1, p.38-45, jul.-dez 1998.